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METODOLOGIA
A abordagem utilizada foi à qualitativa, sendo que, de acordo com Demo (2005, p.146), “Fenômenos
qualitativos caracterizam-se por marcas como profundidade, plenitude, realização”. Além disso,
caracteriza-se como bibliográfica, de modo que, para a coleta de informações utilizou-se um referencial
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teórico elaborado, a partir dos conceitos e posicionamentos emitidos pelos autores que abordam a
temática proposta. Segundo Carvalho (1987, p.110): “A pesquisa bibliográfica é a atividade de localização
e consulta de fontes diversas de informações escritas, para coletar dados gerais e específicos a respeito
de determinado tema”.
Para Schmidt (2002) podemos perceber que a sexualidade ainda é um terreno muitas vezes desconhecido
e tortuoso de ser percorrido, seja no que tange às questões de como a educação sexual vem sendo
tratada no decorrer dos anos da escola, através das tentativas de sua inserção na prática, seja quanto aos
fundamentos teóricos que constam nos currículos ou nos materiais que se propõem a fundamentar de
forma científica e teórica este tema.
A sexualidade infantil
De acordo com Britzman (apud CRAIDY; RAERCHER, 2001) o paradigma da sexualidade como gerador de
discussões em torno da construção de uma metodologia voltada à educação sexual desde a infância,
baseia-se nas idéias de que o sexo é um assunto pertinente em nossas vidas mesmo a partir da mais tenra
idade.
A sexualidade está presente e faz parte de nossa vida, podendo ser vista como a base da curiosidade, a
força que nos permite elaborar e ter idéias, bem como o desejo de ser amado e valorizado à medida que
aprendemos a amar e valorizar o outro (p.62).
Assim, podemos avaliar que o momento atual da sexualidade como sendo a hora exata em que confluem
idéias, por vezes opostas sobre o sexo na infância, de um lado a problemática do assunto exposto de
forma insistentemente nos meios de comunicações, por outro lado, a educação sexual é um tema nos
debates educacionais.
Entretanto, segundo Britzman (apud CRAIDY; RAERCHER, 2001), apesar de toda a informação disponível à
criança de hoje, muitos se negam a discutir como ela questões ligadas a sexo e sexualidade, com receio
de que isto vá despertar um comportamento precoce. Muitas vezes, na tentativa de preservar a
“inocência infantil”, os pais e os professores recorrem a explicações mágicas para esclarecer questões
ligadas a sexualidade, confundindo ainda mais a criança. No entanto, a criança elabora suas próprias
teorias a respeito da sexualidade sem a autorização dos adultos e apesar dos empecilhos colocados.
Para Lobos (1995) os estágios pelo qual a criança passa nesta caminhada pela sexualidade deve ser
considerada, na necessária transmissão de informações que venham a desvendar nas curiosidades e trazer
respostas à medida que se interessam por determinados aspectos desse assunto de forma mais rápida
possível, de imaginário e do sentimento infantil, para o qual a libido presta-se muito bem, guiando os
pequenos para o (re)conhecimento de seu ambiente, dos outros e de si mesmo.
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Gostam de fazer perguntas antes de dormir e gostam de dormir com luz apagada. Crianças de oito anos
estão interessadas nas relações entre meninos e meninas. O romantismo começa a florescer. Meninos
reconhecem meninas bonitas e elas correm atrás dos simpáticos. As meninas são mais sensíveis, carecem
mais vigilância, pois elas participam quase sempre de grupos de crianças mais velhas.
f) 9 anos
As crianças de nove anos manifestam menor interesse pelas questões relativas a reprodução. Algumas
crianças pensam que os bebês nascem somente de cesariano, mas uma boa parte delas, por conta dos
animais que conhece, aceitam com naturalidade o processo de nascimento. É neste estágio que o
emprego dos palavrões começa a se desviar para a visão sexual. Nesta etapa é bem acentuada a
separação entre meninos e meninas nas suas brincadeiras.
g) 10 anos
A criança desenvolve os prazeres da vida e do mundo e também de regras para viver com a turma. E uma
das primeiras regras que ela aprende é que meninas brincam com meninas e meninos com meninos. Surge
então a divisão inevitável. Cada sexo refugia-se ente seus pares em busca de uma identidade para assumir
seu lugar na sociedade. Esta identidade é afirmada pela oposição ao outro sexo, dando origem a uma
rivalidade que se manifesta por provocações, rixas e intrigas.
h) 11 e 12 anos incompletos
Eles não são crianças, nem adolescentes. Na verdade, estão no meio do caminho. As meninas despontam
os seios, surgem curvas insinuantes. Nos meninos aparecem pêlos, a voz se altera. Estão distantes da
naturalidade, mas os pré-adolescentes despertam para o sexo e vivem uma fase de devaneios românticos
e sonhos inocentes e eróticos.
Os pré-adolescentes experimentam então uma corrente de sensações novas. Nunca se sentiram tão
interessados na iniciação sexual. É na puberdade que existe uma certa tendência de viver uma situação
permanente de tudo ou nada, pois o adolescente perde a cômoda neutralidade da infância e a
naturalidade adulta ainda está longe.
A sexualidade do adolescente
Segundo Magalhães (2001) na adolescência o amor é mais tênue altruísta que nas fases anteriores. Inclui
paixões intensas e rejeições igualmente intensas. Assim, o problema do adolescente é o de conciliação
entre um conjunto de exigências culturais em relação a ele e os padrões de ajustamento de relações
interpessoais que surgiram na família anteriormente.
Millot (1999) lembra Freud que já advertia que a sexualidade deve ser tratada no mesmo plano que as
outras matérias, de maneira que a criança não tenha o sentimento de que se dá em um lugar diferente a
essas questões. Mas é preferível que seja a escola a assumir a tarefa de ensinar educação sexual, e isso se
deve em grande parte, à imperícia que os pais geralmente demonstram na formação sexual de seus filhos.
Os adolescentes descobrem a sexualidade, e as diferenças em controlar os seus impulsos sexuais, em
muitos casos acabam levando-os à prática da masturbação e às primeiras experiências de relações
sexuais.
Se a criança ultrapassa razoavelmente as diferentes fases do desenvolvimento – e isto supõe uma boa base
afetiva e bons modelos familiares – deverá trafegar na adolescência sem grandes tumultos.
Para Souza (1987) a sexualidade desempenha um papel importante na determinação da auto-estima dos
adolescentes.
A partir da adolescência, fica difícil ignorar os desejos sexuais, que aparecem, a um só tempo, estranhos
e atraentes. Não bastando a confusão hormonal, alguns adolescentes são perturbados por dúvidas
angustiantes sobre a sexualidade.
Para superá-los, nada melhor que o diálogo franco e aberto sobre os termos para que o adolescente possa
compreender a sua sexualidade conscientemente, sem “grilos”.
Por serem questões sociais, os temas transversais tem natureza diferente das áreas convencionais. Tratam
de processo que estão sendo intensamente vividos pela sociedade, pelas comunidades, pelas famílias,
pelos alunos e educadores em seu cotidiano. São debatidos em diferentes espaços sociais, em busca de
soluções e alternativas, confrontando posicionamentos diversos [...] já questões urgentes que interrogam
sobre a vida humana, sobre a realidade que está sendo construída e que demandam transformações
macro-sociais e também de atitudes pessoais, exigindo, portanto, ensino e aprendizagem de conteúdos
relativos a essas dimensões (BRASIL/PCNS, 1999, p.26).
De acordo com Schmidt (2002) os PCNs não dividem estes assuntos por área ou disciplinas, pelo contrário,
espera que estes possam estar integrados em todas as áreas convencionais.
[...] não trata de que os professores de diferentes áreas devam ‘parar’ sua programação para trabalhar os
temas, mas sim de que explicitem as relações entre ambos e as incluam como conteúdos de sua área,
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articulando a finalidade do estudo escolar com as questões sociais, possibilitando aos alunos o uso dos
conhecimentos escolares em sua vida extra-escolar (BRASIL/PCNS, 1999, p.27).
Dentro dos temas transversais existe aquele que fala sobre a orientação da sexualidade no meio escolar.
Neste documento, a sexualidade é compreendida como:
[...] inerente à vida e a saúde, que se expressa no ser humano, do nascimento à morte. Relaciona-se com
o direito do prazer e ao exercício da sexualidade com responsabilidade. Englobar as relações de gênero, o
respeito a si mesmo e ao outro e à diversidade de crenças, valores e expressões culturais existentes numa
sociedade democrática e pluralista [...] (BRASIL/PCNS, 1999, p.287).
Sua inserção no meio escolar aumentou no momento em que educadores passaram a preocupar-se com o
grande crescimento da incidência da gravidez indesejada entre adolescentes e o surgimento do risco de
contágio pelo vírus HIV entre jovens (SCHMIDT, 2002).
Os PCNs esperam que o assunto da sexualidade possa ser não somente com os professores de biologia, que
muitas vezes limitam as informações sobre a reprodução, anatomia e fisiologia do corpo humano. Mas sim
que todos profissionais possam abarcar as ansiedades e curiosidades referentes à sexualidade. Este
assunto deve ser tratado de forma clara, simples e direta (SCHMIDT, 2002).
A sexualidade é algo que aflora de forma muito rápida em adolescentes. Esta explosão assusta, muitas
vezes, percebe-se que é impossível virar as costas para este assunto, já que a sexualidade não é algo que
possa ser deixado pelo lado de fora dos muros da escola (SCHMIDT, 2002).
[...] a escola é o espaço também de crítica sobre a sexualidade estabelecida e o laboratório das novas
significações e vivências. Não de uma maneira superficial como vem sendo feita, empirista, biologista,
informativa e outra vez diretiva (NUNES, 1987, p.17).
As escolas não deveriam limitar-se a um amontoado de informações de biologia, já que isso se mostra
insuficiente para dar conta da amplitude das questões sexuais (SCHMIDT, 2002).
A escola tem como parte ativa no processo de educação para a sexualidade no momento em que deve
organizar as informações, corrigi-las, enriquecê-las, questioná-las e abrir espaço para a discussão, para a
pluralidade de idéias e de modelos (CHAGAS, 1998, p.14).
Assim, segundo Schmidt (2002), poder-se-ia ter a chance de sistematizar algum trabalho sobre
sexualidade frente àquilo que muitas vezes o aluno já trás de casa.
Desde que nascemos, já recebemos uma educação informal. São os pais, em primeira instância, que nos
ensinam como agir em determinadas situações na sociedade em que estamos. Todos somos submetidos a
este processo contínuo, a partir dele, criaremos nossos hábitos, opiniões e pensamentos (SCHMIDT, 2002).
A educação sexual encontra-se dentro de um processo cultural que vem de muito tempo, e que de sua
forma direcionará o indivíduo para diferentes atitudes e comportamento ligados à manifestação de sua
sexualidade. Isso acontece o tempo todo, dentro ou fora de casa, através da família ou dos amigos, pelos
jornais ou televisão (SCHMIDT, 2002).
É a própria evolução da sociedade que determina os padrões sexuais de cada época e, conseqüentemente
a educação sexual que será levada ao indivíduo (RIBEIRO, 1990, p.9).
Já a orientação sexual é a educação sistemática daqueles indivíduos que vem com uma bagagem,
transmitida informalmente, de valores e normas sobre a sexualidade. É o processo formalizado por uma
instituição, que ocorre por um certo período de tempo e que é feito por profissionais que atuam na área
(SCHMIDT, 2002).
[...] a orientação sexual é uma intervenção pedagógica e como tal deve favorecer a reflexão de temas
que permitem liberdade de expressão num ambiente acolhedor, onde vínculos significativos possam
originar efeitos muito mais expressivos de que a simples aquisição de informações (PINTO, 1998, p.55).
Suplicy (1993) aponta que a orientação sexual não somente pode preencher as lacunas de informações
com que o jovem chega na escola, mas que, a partir disso, possa ser mexido nos preconceitos, tabus e
conflitos, proporcionando aos adolescentes escolhas mais maduras, livres de vergonha e culpa,
propiciando, assim, uma visão mais ampla sobre a sexualidade.
Os pais transmitem seus valores educacionais aos filhos. Cabe à escola ampliar estes conceitos,
demonstrando a diversidade de valores que uma sociedade possui. Com isso, o aluno estará mais apto
para refletir, discutir e opinar sobre tudo o que lhe foi mostrado, podendo, por fim, eleger seus próprios
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valores.
É importante que a escola mantenha-se em parceria com os pais. Deve-se compreender que cada família
possui um sistema de valores próprios que já vem sendo transmitido por gerações. A escola deve suportar
as angústias trazidas por estes pais ao falarem de seus filhos, desta forma, em sintonia, os
esclarecimentos sobre a sexualidade podem ser vistos de forma mais tranqüila, sem abalar os alicerces
familiares (Schmidt, 2002).
O papel do professor de Educação Física como educador e orientador sexual
O papel do professor de Educação Física, assim como dos demais professores, deve ir ao encontro de uma
prática educativa que articule os conhecimentos específicos da sua área com outros temas tão
importantes de serem discutidos e compreendidos, como o caso da sexualidade. Nesse sentido, um fator
positivo para que ocorra esse diálogo nas aulas de Educação Física, refere-se a boa relação geralmente
existente entre os professores de Educação Física e seus alunos, no sentido de que esses profissionais
conseguem ter uma maior afinidade com os alunos do que os professores de outras disciplinas (SILVA,1992
apud BETTI; MIZUKAMI, 1997).
Além disso, na escola, ao mesmo tempo em que uma orientação sexual está ocorrendo, uma educação
sexual também é, inevitavelmente, transmitida. Em sua organização, pela distribuição nas salas ou pelos
professores que estão presentes, oferecendo-se como modelos humanos. Em tudo a escola estará
influindo sobre o aluno, mesmo que oficialmente negue este processo (SCHMIDT, 2002).
Mello (2000) preocupa-se com o caráter repressor que os professores podem transmitir aos seus alunos as
questões da sexualidade por uma falta de preparo para falar sobre este assunto. Muito mais do que pelas
palavras, os atos podem reprimir ou liberar. Mesmo que o professor nunca fale sobre sexualidade ou que
finja não perceber determinadas atitudes, ainda assim estará educando e influindo de alguma forma
sobre seus alunos e alunas. Assim é que, segundo a autora, todas as percepções que se tenha sobre a
sexualidade, independentes da forma como sejam externadas em sala de aula pelo professor,
influenciarão na aquisição de comportamentos pelos estudantes.
Com isso, podemos pensar na importância da formação daqueles profissionais que se dedicam a esta área
de orientação, bem como na sua capacidade de lidar com os conflitos, ansiedades e angústias inerentes à
sexualidade.
Quando um professor está em sala de aula, diante de seus alunos, representando uma função, um papel,
encontra-se inteiro, como uma pessoa que entre outras coisas apresenta sua própria sexualidade
estampada. É muito importante que este educador possa pensar neste espaço que representa para seus
alunos, para assim, poder ajudá-los nas dúvidas e conflitos que surgirão (SCHMIDT, 2002).
O professor não deve dizer o que é certo ou o que é errado; ele deve ser um ouvinte que demonstre
respeito pelo que o aluno pensa. Deve tentar também possibilitar ao aluno a crítica e o questionamento,
manifestando uma postura sincera e não fingindo uma neutralidade impossível (FERNANDES, 1995).
Ribeiro (1990) destaca que, sobre a formação dos profissionais, devem eles debater suas dúvidas e
angústias, refletir sobre valores e conflitos, questionar os tabus e preconceitos antes de chegarem a seus
alunos. O orientador sexual deve, em primeiro lugar, acreditar na necessidade de levar para dentro de
uma sala de aula os questionamentos sobre a sexualidade.
Quanto às características deste educador, o mesmo autor ressalta a necessidade de ser coerente,
analisando com os alunos as diferentes visões que existem sobre o tema. Deve ter conhecimento sobre o
assunto sem ser onipotente, e sensível para perceber as necessidades de seus alunos. O processo deve ser
de troca, buscando guiar a desmistificação dos estereótipos sexuais e, por fim, criar um equilíbrio entre
as posições radicais de extrema moralidade ou vulgaridade.
A tarefa de educador seria mostrar diferentes pontos de vista sobre as várias questões relativas ao sexo,
ajudando os jovens a construir valores que orientem seu modo de vida e padrões por meio dos quais
decidam sua conduta sexual. Construir um sistema de valores é especialmente difícil porque enquanto
alguns deles são inquestionáveis, outros são bastante polêmicos. Princípios como liberdade e integridade
pessoal, consideração pelos outros e igualdade entre homens e mulheres, por exemplo, devem ser
enfatizados e constantemente lembrados (ROSEMBERG, 1985, p.17).
Normalmente atribui-se ao professor de biologia a função de orientador sexual. Porém, acreditamos que
se o professor tem disponibilidade e desejo de realizar este trabalho, sua área específica pouco imposta.
Contudo, devemos ressaltar que o investimento feito nos professores quanto à sua preparação para
trabalhar na área de orientação sexual ainda aparece de maneira muito necessária. Uma pesquisa feita
demonstra que o apoio que os professores de magistério recebem em sua formação para trabalhar a
sexualidade é muito pequeno, e que o sentimento com que saem de seu curso é o de não saberem como
lidar ou trabalhar com as questões da própria sexualidade, e, muito menos, com a sexualidade de seus
alunos. O que a pesquisa por fim constata é que as escolas de magistério possuem uma expressiva
preocupação com os conteúdos funcionais em detrimento dos conteúdos afetivos, desconsiderando assim,
a educação para a sexualidade (CORREIA, 1994).
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Considerações finais
Na escola, falar sobre sexualidade parece se restringir no conhecimento do aparelho reprodutor e a
prevenção de doenças e gravidez, onde o aluno nem sempre é percebido como pertencente a um
determinado contexto social. Talvez tratar a sexualidade atrelada somente ao biológico possa ser uma
forma de se proteger, exatamente, dos perigos que uma sexualidade “prazerosa” possa causar.
Existe um receio que ao falar de sexualidade fora dos moldes já conhecidos e esperados, o do biológico,
possa despertar nos alunos algo da ordem do pulsional, desta energia fundamental a existência do sujeito
e necessária a seu funcionamento, e que está alem da simples satisfação instintual.
Como forma de controlar estas manifestações sexuais os professores passam a adquirir um
comportamento de vigilância constante sobre seus alunos e quem sabe punição se algo for realmente
constatado. Assim, enquanto a sexualidade se manifesta dentro do esperado pelos professores ela passa a
ser vista como positiva, a complicação surge exatamente no momento em que esta sexualidade extrapola
estes limites esperados, e para trabalhar com isso poucos professores sentem-se preparados.
Ao se depararem com essa situação, que vai além dos conteúdos propostos no currículo, a sexualidade
que se expressa através das ironias, brincadeiras e agressividades, o professor sente dificuldade em
responder e o retorno que acaba oferecendo aos seus alunos se baseia a partir de suas percepções e
valores pessoais.
O aluno coloca o professor em uma posição e dele espera uma resposta, por sentirem-se despreparados,
os professores acreditam que uma pessoa externa ao ambiente escolar possa responder melhor a estes
questionamentos, neste momento surge a figura do especialista, que é uma terceira pessoa que ocupa o
lugar que até então era de professor. O que podemos ver é que mesmo com a presença de um
especialista, parte neste lugar de maior saber, o professor acaba intermediando este contato, já que se
torna a pessoa mais indicada para conversar com os alunos devido a sua proximidade e conseqüentemente
maior conhecimento da história de cada um.
A escola acaba reforçando a insegurança dos professores em trabalhar a sexualidade com seus alunos no
instante em que não propicia um espaço onde este preparo realmente se efetiva. Desta forma, se
fortalecem as conversas que giram apenas sobre as questões biológicas e os métodos preventivos,
deixando-se de lado as angústias, conflitos e desejos inerentes à sexualidade.
Além disso, os professores acreditam que para ocorrer um bom trabalho de orientação sexual a família
deveria estar mais vinculada neste processo, porém, o que podemos ver é que a escola parece abrir este
espaço para os pais somente para tratar daqueles casos já considerados problemas. Assim, por mais que a
escola se esforce em ajudar no esclarecimento sexual de seus alunos ela jamais conseguirá abarcar esta
função em sua integra. Primeiro, porque estamos nos referindo a sexualidade que é algo que foge as
amarras de qualquer estrutura, e segundo, na parte prática, lhe escapará o suporte devido ao despreparo
dos professores.
Enfim, podemos ver que a sexualidade manifestada fora da ordem do biológico acaba sendo vista como
perigosa. Os professores ao sentirem-se despreparados para tratar deste assunto acabam tentando
controlar estas manifestações sexuais como forma de diminuir o mal-estar e o perigo que a sexualidade,
para eles, possa causar.
A partir disto, podemos ressaltar a importância, de existir um trabalho dirigido à preparação dos
professores para atuarem dentro da área de orientação sexual. Porém, cabe salientar que um trabalho
desta ordem, para possuir maior aprofundamento e aproveitamento, necessita ir além das informações
sobre biologia e prevenção, e sim, deve propiciar um espaço que possam ser tratadas as questões de
sexualidade baseadas sobre as próprias experiências de vida dos professores. Desta forma, esta temática,
será discutida com uma maior aproximação do cotidiano de cada docente e como conseqüência facilitará
a aquisição de respostas que dêem suporte as angústias e curiosidades inerentes à sexualidade.
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Franciele Roos da Silva Ilha e Hugo Norberto Krug - Franciele Roos da Silva Ilha: Licenciada em Educação
Física (UFSM); Especialista em Educação Física Escolar (UFSM); Especialista em Gestão Educacional
(UFSM); Mestranda em Educação (UFSM); Coordenadora da Linha de Estudos e Pesquisas Gestão
Educacional e os Professores de Educação Física (GEPEF/UFSM) franciele.ilha@yahoo.com.br
Hugo Norberto Krug: Doutor em Educação (UNICAMP/UFSM); Doutor em Ciência do Movimento Humano
(UFSM); Professor Adjunto do Departamento de Metodologia do Ensino (CE/UFSM); Professor do Programa
de Pós-Graduação em Educação (PPGE/UFSM); Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Física
(GEPEF/UFSM)
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