Você está na página 1de 62

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA


INSTITUTO DE QUÍMICA

Anne Natalia Almeida de Oliveira

Estudo químico/farmacológico de Bredemeyera Floribunda

NATAL,RN
2015
Anne Natalia Almeida de Oliveira

Estudo químico/farmacológico de Bredemeyera floribunda

Monografia apresentada ao Instituto de Química da Universidade


Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em Química.

Orientadora: Profª. Drª. Renata Mendonça Araújo

NATAL,RN
2015
Divisão de Serviços Técnicos

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN


Biblioteca Setorial do Instituto de Química

Oliveira, Anne Natália Almeida de.

Estudo químico/farmacológico de Bredemeyera floribunda/ Anne Natália Almeida de


Oliveira. – Natal, RN, 2015.
62 f. : il.

Orientadora: Renata Mendonça Araújo.

Monografia (Graduação em Química) - Universidade Federal do Rio Grande do


Norte. Centro de Ciências Exatas e da Terra.

1. Bredemeyera floribunda – Monografia. 2. Polygalaceae – Monografia. 3. Raiz-


de-cobra – Monografia. I. Araújo, Renata Mendonça. II. Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. III. Título.

RN/UFRN/BSE- Instituto de Química CDU 54:615 (02)


Anne Natalia Almeida de Oliveira

Estudo químico/farmacológico de Bredemeyera floribunda

Monografia apresentada ao Instituto de Química, da Universidade


Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para obtenção do
título de Bacharel em Química, na área de concentração em Química
Orgânica.

Aprovada em : ___/___/___

_________________________________________________________

Profa. Dra. Renata Mendonça de Araujo (Orientadora)

_________________________________________________________

Prof. Dr. Fabricio Gava Menezes

_________________________________________________________

Ms. Daniele Silva dos Santos


Tu, Senhor, guardarás em perfeita paz
aquele cujo propósito está firme, porque em ti confia.
Isaías 26:3
AGRADECIMENTOS
Quero primeiramente agradecer a Deus por toda a força e capacitação para
realização deste trabalho, sem Ele, nada disso estaria acontecendo.
Quero também agradecer ao meu pai Paulo Roberto, que mesmo não
estando presente fisicamente, me deu as forças necessárias para que eu pudesse
seguir em frente.
Agradeço a minha mãe Kilza, que sempre enfrentou as dificuldades que a
vida lhe impôs, em busca do melhor para todos os seus filhos. Obrigada por não me
deixar desistir, obrigada por cada injeção de ânimo. Eu amo a senhora.
Á meu padrasto Maciel que me deu todo o suporte necessário para realização
deste sonho. Obrigada por me escolher e me acolher como sua filha, a você o meu
eterno agradecimento. Te amo.
À os meus irmãos, que direta ou indiretamente contribuíram para a realização
deste sonho. Eu amo vocês.
À os meus padrinhos Manoel Fontes e Nudia Fontes, por toda a ajuda, os
senhores contribuíram muito para a realização deste sonho. Amo vocês.
À Deusiely Avelar, por sempre estar pronta para me ajudar, por ouvir as
minhas reclamações, não me deixar desistir e acreditar no meu potencial. Muito
obrigada
À Sheeza Duarte, que está comigo desde o primeiro semestre, me ajudando
em tudo, me aconselhando e o mais importante, acreditando no meu potencial
quando eu não acreditava mais. Muito obrigada.
Aos grandes e inesquecíveis amigos: Jéssica Santana, Ângela Luciana e
Taiannie Soriano que nas horas de sufoco, estiveram ali dizendo que no final tudo
daria certo.
À minha orientadora Renata Mendonça, pela a força, pela a amizade e pela
orientação nesses 4 anos, que certamente contribuíram para o meu crescimento
como profissional. Obrigada por sempre acreditar no meu potencial.
Aos companheiros de laboratório desde os antigos até os mais recentes, em
especial aos meus colegas de área: Gizely, Marcela, Rusceli, Vanessa, Kleiton,
Nara, Daniele e Fatima. Também aos meus vizinhos de pesquisa, os alunos da
síntese: Erivaldo Paulino, Edson Lima, Jannielly, Lilian e Djalan.
À CNPq e UFRN.
RESUMO

Certas espécies de plantas são utilizadas popularmente para tratar


acidentes com animais peçonhentos, e seus estudos se mostram interessantes do
ponto de vista fitoquímico, muitas vezes contribuindo para o isolamento e
identificação de compostos biologicamente ativos. A espécie Bredemeyera
floribunda Willd, pertencente à família Polygalaceae, é uma destas espécies
conhecida popularmente como “raiz de cobra” devido ao seu uso como antiofídico.
Além de suas propriedades antiofídicas, também é conhecida por suas propriedades
expectorante, diurética e hipotensiva. O estudo cromatográfico desta planta resultou
no isolamento de dois metabolitos secundário, a primeira um flavonoide rutina e a
segunda uma xantona, denominada 1,7-dihidroxi-3,4,8-trimetoxixantona. Indicou
também a presença de açúcares, além de uma fração contendo uma mistura de
duas saponinas. Essas com um estimado valor biológico, devido às várias atividades
desenvolvidas por elas e por isso incentivam a continuação desse trabalho. A
determinação estrutural dos metabólitos secundários isolados foi realizada através
das técnicas: Ressonância Magnética Nuclear de 1H e 13C, uni e bidimensionais e
comparação com dados de RMN da literatura. O estudo anti-hemorrágico mostrou
atividade para o extrato da planta, mas não para o constituinte majoritário, o
flavonóide rutina.
Palavras-chave: Bredemeyera floribunda. Polygalaceae. “raiz-de-cobra”.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Bredemeyera floribunda Willd........................................................... 17

Figura 2 - Fotografia de Bothrops jararacussu.................................................. 18

Figura 3 - Esqueleto base da xantona............................................................... 19

Figura 4 - Estrutura básica da saponina característica da família 25


Polygalaceae.....................................................................................

Figura 5 - Bredemeyerosídeo C da espécie B. 26


Floribunda..........................................................................................

Figura 6 - Bredemeyerosídeo D da espécie B. Floribunda................................ 26

Figura 7 - Esqueleto básico do núcleo xantona................................................. 27

Figura 8 - Espectro de RMN 1H (MeOD, 400 MHz) de B1.................................. 42

Figura 9 - Expansão do espectro RMN 1H (MeOD, 400 MHz) entre δ 6,19 e 43


7,67 da B1.........................................................................................
Figura 10- Espectro de RMN 13C (MeOD, 100 MHz) de B1................................ 44

Figura 11- Espectro de HSQC (C5D5N, 500 MHz) de B1.................................... 45

Figura 12- Estrutura do flavonóide Rutina (B1) .................................................. 46

Figura 13- Espectro de RMN 13C (D2O, 125 MHz) de B2................................... 48

Figura 14- Espectro RMN 1H (D2O, 500 MHz) de B2.......................................... 49

Figura 15- Espectro de RMN 1H (DMSO, 300 MHz) de B3................................. 51

Figura 16- Espectro de RMN 13C (DMSO, 75 MHz) de B3............................................ 52

Figura 17- Espectro de HSQC (DMSO, 500 MHz) de B3.................................... 53

Figura 18- Estrutura da 1,7-dihidroxi-3,4,8-trimetoxixantona.............................. 54


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Dados da obtenção dos extratos de B. floribunda............................. 32

Tabela 2 - Dados da obtenção dos extratos após a partição de B. floribunda... 33

Tabela 3 - Dados finais da B1............................................................................. 34

Tabela 4 - Dados finais de B2............................................................................. 36

Tabela 5 - Dados finais de B3............................................................................. 38

Tabela 6 - Dados de RMN 1H (MeOD, 400 MHz) e 13C (MeOD, 100 MHz) de 48
B1 e dados da literatura de MOURA et al., 2011..............................
Tabela 7 - Dados de RMN 1H e 13C da 1,7-dihidroxi-3,4,8-trimetoxixantona 54
(SILVEIRA et al., 1995)......................................................................
LISTA DE ABREVIATURAS

BFRE - Extrato etanólico da raiz de Bredemeyera floribunda

BFRMA - Extrato da raíz de Bredemeyera floribunda em metanol/água


(70:30)

BFTE - Extrato etanolico do talo de Bredemeyera floribunda

CCD - Cromatografia de Camada Delgada

CENAUREMN- Centro Nordestino de Aplicação e Uso da Ressonância


UFC - Magnética Nuclear da Universidade Federal do Ceará

CLAE - Cromatografia Líquida de Alta Eficiência

DMSO - Dimetilssulfóxido

HMBC - Heteronuclear Multiple Bond Correlation

HSQC - Heteronuclear Single Quantum Correlation

MS Ministério da Saúde

PBS - Veneno de B. jararacussu em solução salina

RMN - Ressonância Magnética Nuclear

SAB - Soro antibotrópico

SINAN- Sistema de Informação de Agravos de Notificação

SUS- Sistema Único de Saúde

VBju - Veneno de Bothrops jararacussu


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................... 13

1.1 PLANTAS MEDICINAIS ....................................................................... 13

1.2 ACIDENTES OFÍDICOS ...................................................................... 14

2 OBJETIVOS......................................................................................... 16

2.1 Objetivo geral........................................................................................ 16

2.2 Objetivos específicos............................................................................ 16

3 CONSIDERAÇÕES.............................................................................. 17

3.1 SOBRE FAMÍLIA POLYGALACEAE.................................................... 17

3.2 SOBRE BREDEMEYERA FLORIBUNDA WILLD................................. 17

4 BOTHROPS JARARACUSSU............................................................. 18

5 PRINCIPAIS METABÓLITOS SECUNDÁRIOS ISOLADOS DO 20


GÊNERO BREDEMEYERA.................................................................

5.1 XANTONAS........................................................................................... 20

5.2 SAPONINAS.......................................................................................... 25

5.3 FLAVONOIDE........................................................................................ 28

6 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL.................................................... 30

6.1 MÉTODOS CROMATOGRÁFICOS...................................................... 30

6.2 METODOS ESPECTROSCOPICOS..................................................... 31

6.2.1 Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear de 31


Hidrogênio (RMN 1H) e de carbono-13 (RMN 13C)............................

6.3 MATERIAL VEGETAL........................................................................... 32

6.4 OBTENÇÃO DOS EXTRATOS............................................................. 32

6.5 PARTIÇÃO LIQUIDO/LIQUIDO............................................................. 33

7 ESTUDO FITOQUIMICO DE BREDEMEYERA FLORIBUNDA........... 34


7.1 FRACIONAMENTO CROMOTOGRÁFICO DO EXTRATO BFRE........ 34

7.2 FRACIONAMENTO CROMATOGRÁFICO DO EXTRATO BFRMA/C.. 36

7.3 FRACIONAMENTO CROMATOGRÁFICO DO EXTRATO BFTE......... 38

8 TESTES BIOLÓGICOS......................................................................... 40

8.1 ENSAIOS IN VIVO PARA ATIVIDADE HEMORRÁGICA...................... 40

9 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................ 41

9.1 CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DA B1.................................................. 45

9.2 CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DA B2.................................................. 48

9.3 CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DA B3.................................................. 51

10 ATIVIDADES BIOLOGICAS................................................................. 55

10.1 ATIVIDADE HEMORRÁGICA................................................................ 55

11 CONCLUSÃO........................................................................................ 56

REFERÊNCIAS..................................................................................... 57
13

1 INTRODUÇÃO

1.1 PLANTAS MEDICINAIS

A utilização de plantas como medicamento é tão antiga quanto a própria


existência do homem. Há relatos da utilização de plantas medicinais na terapêutica
por várias civilizações antigas, como chinesas, assírias e egípcias. Os egípcios, em
seus papiros de 2.300 a.C. já mencionavam vários nomes de substâncias, ou nomes
de preparações como: mirra, ópio, aloe, cássia, dentre outras, que eram utilizadas
em atividades, como o embalsamamento de múmias (VOEKS, 2004).
No Brasil, o uso de plantas medicinais e a automedicação, práticas
comuns que se inserem nas circunstâncias analisadas anteriormente, podem
incluir fatores como crenças, carência econômica, dificuldade de acesso à
assistência médica ou ainda por influência da mídia, que promove os produtos
que contém em suas formulações diversos componentes naturais (ARRAIS et
al.,1997; LOYOLA-FILHO et al., 2002; SCHENKEL et al., 2004).
O governo brasileiro aprovou em 2006 duas políticas públicas que
inserem no Sistema Único de Saúde (SUS) a utilização das plantas medicinais
e dos fitoterápicos. A Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos
têm como objetivo geral a garantia de acesso seguro e racional de plantas
medicinais e fitoterápicos, promoção do uso sustentável da biodiversidade e
desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria nacional (BRASIL, 2006a)
Até metade do século XX, antes do crescimento da síntese química, as
plantas medicinais representavam a base da terapia medicamentosa. Ainda hoje,
medicamentos obtidos a base de plantas são amplamente utilizados na terapêutica.
Podemos citar como um exemplo clássico a Papaver somniferum L.
(Papaveraceae), popularmente conhecida como papoula, usada para produção do
ópio, que tem como principal componente a morfina, substância há muito tempo
empregada para combater a dor (FOGLIO et al., 2006).
Algumas plantas medicinais representam uma importante fonte de
compostos bioativos com capacidade de auxiliar diretamente no tratamento de
envenenamentos ofídicos, ou complementar a utilização da soroterapia tradicional.
Sendo assim, pessoas do mundo todo se utilizam de plantas para tratar
acidentes ofídicos, principalmente indígenas e residentes de zonas rurais. (MORS et
al., 2000; SOARES et al., 2009).
14

O emprego de plantas no tratamento de acidentes peçonhentos é uma prática


comum em vários povos do mundo, principalmente em regiões de difícil acesso ao
soro anti-ofídico. Extratos de plantas têm recebido considerável atenção como
antídotos alternativos, tendo algumas plantas sua atividade antiofídica relatada,
como Curcuma longa (FERREIRA et al, 1992), Casearia sylvestris (BORGES et al,
2001) e Bauhinia forficata (OLIVEIRA et al, 2005).

1.2 ACIDENTES OFÍDICOS

O emprego de plantas medicinais para o tratamento em casos de acidentes


ofídicos se dá há vários séculos. Curandeiros em todo o mundo relatam que extratos
aquosos ou etanólicos de plantas medicinais, tem capacidade de aliviar o edema e a
hemorragia (OTERO et al., 2000). A aplicação tópica da planta na área da picada,
mastigar as folhas ou cascas, ou ainda ingerir os extratos ou decocções são alguns
procedimentos realizados com o intuito de neutralizar a atividade do veneno (MEBS,
2000).
Acidentes com serpentes peçonhentas podem ser considerados preocupantes
para a saúde pública, principalmente em regiões tropicais e subtropicais tais como,
África, Ásia, Oceania e América Latina, por ocorrerem com maior frequência,
causando considerável morbi-mortalidade (PINHO et al., 2004; CRUZ et al., 2009).
Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação
(SINAN) do Ministério da Saúde (MS), foram registrados entre os anos de 2000 a
2013, um total de 360.506 casos de acidentes envolvendo serpentes peçonhentas,
com uma média de 14,0 casos a cada 100.000 habitantes, resultando em 1.487
óbitos (BRASIL, 2015). Em torno de 90% desses acidentes são causados por
serpentes do gênero Bothrops, com nomes populares tais como: jararaca,
jararacussu, urutu, caiçaca e comboia (SANTORO et al., 2008).
Oficialmente, os acidentes ofídicos são tratados exclusivamente por
soroterapia, que consiste na administração de anticorpos que auxiliam a neutralizar
as toxinas da peçonha. Um dos fatores limitantes desse tratamento é que em alguns
casos, as pessoas que são mordidas residem em local afastado do lugar onde
ocorre a administração do soro antiofídico. E consequentemente, a ação do soro se
torna limitada, pois devido ao extenso tempo transcorrido até o atendimento, a
peçonha já destruiu grande parte dos tecidos (CARDOSO et al., 2003).
15

A soroterapia, mesmo administrada em tempo hábil, é eficaz na neutralização


de efeitos sistêmicos, mas tem limitações quanto a neutralização de danos teciduais
locais (MELO et al., 2007). Pesquisas têm sido realizadas com o intuito de encontrar
tratamentos alternativos para casos de pacientes que sofreram acidentes ofídicos,
tais como: o uso de plantas medicinais, terapia com irradiação a laser e, ainda, de
terapias baseadas no emprego de anticorpos recombinantes humanos, visando o
tratamento de danos locais e promovendo efeitos anti-inflamatórios, alívio da dor e
aumento da regeneração do tecido danificado (BARBOSA et al., 2008).
São produzidos os seguintes soros antibotrópicos: antibotrópico
pentavalente, produzido a partir dos venenos de Bothrops jararaca (50%), Bothrops
jararacussu, Bothrops alternatus, Bothrops moojeni e Bothrops neuwedii (12,5%
cada); antibotrópico-crotálico, acrescentando-se soro anticrotálico (Crotalus durissus
terrificus) ao soro antibotrópico pentavalente; antibotrópico-laquético (Lachesis muta)
e antibotrópico-laquético-crotálico (ARAÚJO et al., 2008).
As raízes de B. floribunda são utilizadas amplamente no Brasil,
especialmente no Nordeste, sob a forma de infusões, chás e outras preparações
para o tratamento de diversas enfermidades, principalmente em acidentes ofídicos,
cálculo renal e hipertensão, infecções da pele, disenteria amebiana, reumatismo e
manifestações sifílicas (BEVEVINO et al., 1994).
Os estudos fitoquímicos realizados com esta espécie constataram que seus
principais constituintes são saponinas, xantonas e flavonóides. Desses, as
saponinas constituem a classe de substâncias mais interessantes, (exemplificadas
pelos Bredemeyerosídeos B, C e D, substâncias que apresentaram forte atividade
antiofídica (SILVEIRA et al., 1995; PEREIRA et al., 1996; DAROS et al., 1996).
16

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL


Contribuir para o conhecimento químico e farmacológico da espécie
Bredemeyera floribunda Willd e testar a atividade hemorrágica do extrato e
substâncias isoladas.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


 Preparar extratos orgânicos e aquosos das raízes de Bredemeyera floribunda;

 Particionar os extratos orgânicos obtidos por meio de partição líquido/líquido


e/ou cromatografia em gel de sílica;

 Isolar os metabólitos secundários através de métodos apropriados, como


técnicas de cromatografia em coluna (adsorção e/ou exclusão molecular)

 Identificar os metabólitos secundários presentes nas frações;

 Elucidar estruturalmente os compostos isolados por meio de técnicas


espectroscópicas como RMN 1H e 13C uni e bidimensionais e comparação
com a literatura.

 Testar a atividade hemorrágica do extrato, frações e substâncias isoladas


17

3 CONSIDERAÇÕES

3.1. SOBRE A FAMÍLIA POLYGALACEAE.

A família Polygalaceae engloba alguns gêneros, dentre eles o Bredemeyera,


com espécies encontradas nas Américas Central e do Sul e nas Índias Ocidentais.
No Brasil, este gênero é representado por 14 espécies que estão espalhadas desde
a região Nordeste até o estado do Paraná, com a maioria ocorrendo entre os
estados do Amazonas e Minas Gerais. Entretanto, consta na literatura estudos
incluindo a planta em listagens também da região Sul (LUDTKE et al., 2008).
Espécies desta família são conhecidas por conter compostos químicos que
exibem atividades analgésica, expectorante, sedativa, antifúngica, entre outras. A
família também tem sido alvo de estudos fitoquímicos, nos quais já foram descritos
saponinas, xantonas, derivados de pironas, cumarinas, ácidos graxos, fenóis e
alcaloides.
Duas espécies deste gênero são encontradas no Ceará, sendo as duas
denominadas pelo mesmo nome popular, Bredemeyera floribunda Willd., encontrada
na serra de Ibiapaba, e Bredemeyera brevifolia Klotzsch., encontrada na chapada do
Araripe (MATOS, 2007).

3.2 SOBRE A ESPÉCIE BREDEMEYERA FLORIBUNDA WILLD.

Conhecida popularmente por pacari, botica-inteira, marfim-de-rama, pau-


rendoso, pau-caixão, pau-gemada, laça-vaqueiro, raiz-de-cobra e raiz-de-joão-da-
costa. Duas espécies deste gênero são encontradas no Ceará, sendo as duas
denominadas pelo mesmo nome popular, Bredemeyera floribunda Willd., encontrada
na serra de Ibiapaba, e Bredemeyera brevifolia Klotzsch., encontrada na chapada do
Araripe (MATOS, 2007).
Bredemeyera floribunda Willd Figura 1 é uma trepadeira lenhosa e pertence à
família Polygalaceae. Possui folhas simples e glabras de 7-10 centímetros de
comprimento. Suas flores, reunidas em vistosas inflorescências, são alvacentas com
as asas amarelas ou vermelhas e perfumadas. As raízes têm casca espessa quase
esponjosa, amarga e espumígea quando agitadas com água (MATOS, 2007).
18

O estudo da espécie é bastante extenso, portanto várias classes de


substâncias já foram identificadas e isoladas das suas raízes, como xantonas,
saponinas e flavonoides.
Figura 1 - Bredemeyera Floribunda Willd.

Fonte: Profº Francisco José de Abreu Matos, Horto de Plantas Medicinais, Campus do Pici, UFC.

4 BOTHROPS JARARACUSSU
A Bothrops Jararacussu é responsável por mais de 80% dos acidentes
peçonhentos no Brasil (BRASIL, 2015).
No território brasileiro, o gênero Bothrops (família Viperidae, subfamília
Crotalinae) possui 20 espécies já classificadas. São consideradas solenóglifas, pois
os dentes inoculadores de veneno situam-se na parte anterior do maxilar. Dentro
desse gênero, as serpentes da espécie B. jararacussu podem alcançar maior
comprimento (até 1,8 m) e produzem maior quantidade de veneno, predominando
nas regiões Sul e Sudeste do país (ZENI et al., 2007; BRASIL, 2015). Esta espécie
representada na Figura 2 é conhecida popularmente como urutu dourado ou
surucucu tapete e pode atingir até 22 centímetros de diâmetro.
É encontrada em florestas tropicais, pântanos e margens de rios do Brasil,
em várias ilhas na região sul do Rio Grande do Sul, nordeste da Argentina e sul da
Bolívia e do Paraguai (MILANI et al., 1997).
19

Figura 2 - Fotografia de Bothrops jararacussu.

Fonte: http://www.panoramio.com/photo/9179345.

A produção de veneno dessa espécie é a maior do gênero, podendo atingir 1


g de peso seco (MILANI et al., 1997).
20

5 PRINCIPAIS METABÓLITOS SECUNDÁRIOS ISOLADOS DO GÊNERO


BREDEMEYERA

5.1 XANTONAS
A palavra xantona é derivada do grego e significa amarelo, cor apresentada
pela grande maioria desses constituintes químicos (ROBERTS, 1961). A xantona,
ou quimicamente 9H-xanten-9-ona, é estruturalmente formada por dois anéis
benzênicos (A e B) e uma γ-pirona central (C), conferindo um arranjo simétrico a
esse tipo de esqueleto. A classe das xantonas abrange uma importante série de
heterociclos oxigenados bastante estudados quimicamente (SULTANBAWA, 1980).

Neste desenho esquemático Figura 3, as posições numeradas de 1-4 e de


5-8 correspondem aos carbonos c o m h i d r o g ê n i o s substituíveis, resultando em
uma variedade de derivados xantônicos, que podem ser obtidos por meios naturais
(ROBERTS 1961; VIEIRA et al., 2005) ou por rotas sintéticas (SOUSA et al.,
2005). As demais posições não estão susceptíveis a introdução de nenhum
grupamento químico, pois já são completamente substituídas.

Figura 3 - Esqueleto básico do núcleo xantona

O
8 1
8a 8b
7 2
B A
6 3
4b 4a
O
5 4

Fonte: Autor, 2015


21

As xantonas possuem várias atividades biológicas e medicinais, como por


exemplo bactericida, antiviral, antioxidativa, anti-inflamatória, anti-hipertensiva,
antitrombótica, anticâncer, citotóxica, coagulante, antifúngica, entre outras (PERES
et al., 1997).
As plantas produzem esses metabólitos aparentemente para o controle do
estresse oxidativo, causado pela incidência da luz solar e oxigênio. Assim, esses
metabólitos representam uma interessante fonte de novos compostos com
atividade antioxidante, e muitos estudos estão sendo realizados com o objetivo
de identificar novas substâncias antioxidantes com baixa toxicidade
(SCARTEZZINI et al., 2000).
Geralmente, a alta atividade antioxidante de derivados fenólicos, como
hidroxixantonas, é atribuída aos substituintes OH que atuam como poderosos
doadores de próton. Isso ocorre devido à deslocalização de elétrons ao longo da
molécula estabilizando os radicais fenoxi R–O.
A presença de hidroxilas no núcleo xantona, além de contribuir para o
aumento da atividade antioxidante, promove também a captura de radicais
livres, e atuação como quelante de metais, bem como no impedimento da
oxidação lipídica. (SATO et al., 1992). Essa propriedade tem implicado na
melhora de sua ação hepatoprogressiva (FERNANDES et al., 1995; MARTINEZ et
al., 2001) e quimiopreventiva ao câncer (MACKEEN et al., 2000; PAULETTI et
al., 2003), além de antiinflamatória (MADAN et al., 2002; JIANG et al., 2004).
Para ilustrar alguns integrantes deste grupo, no Quadro 1 estão
representados seis substâncias conhecidas e bastante estudadas
biologicamente. As xantonas e seus respectivos grupos são: fusarindina
(simples), mangiferina (glicosilada), mangostina (prenilada), kielcorina
(xantonolignóide), Globulixantona E (bis-xantona) e xantofulvina (miscelânea).
22

Quadro 1: Alguns representantes de cada classe das xantonas.

CH3 O OH
8 1
7 2

6 3 Fusarindina (simples)
HO O OH
5 4

OH

OH
O OH O
Mangiferina (glicosilada)
HO
OH
OH
HO O OH

H3C CH3

O OH CH3

H3CO
CH3 Mangostina (prenilada)

HO O OH

O
OCH 3

O O
O Kielcorina (xantonolignóide)

HO OH
OCH 3
23

OH O OH
OH

O OCH 3 Globulixantona E (bis-xantona)

O
H3C O
H3C

CH3

H3C

O COOH
MeOC OH
COOH O Xantofulvina (miscelânea)

HO
O OH

HO O H3C O

Fonte: Autor, 2015

Do gênero Bredemeyera, foram isoladas 5 xantonas, duas das quais foram


isoladas de Bredemeyera brevifolia e três isoladas de Bredemeyera floribunda. No
Quadro 2 abaixo estão apresentadas as xantonas isoladas para este gênero.
(OLIVEIRA, 2000; SILVEIRA et al, 1995).
24

Quadro 2 : Xantonas isoladas do gênero Bredemeyera

O O OCH 3 OCH 3 O OH

O O HO

O O O OCH 3
OCH 3
1-metoxi-2,3,7,8-dimetilenodioxixantona 1,7-dihidroxi-3,4,8-trimetoxixantona
B. brevifolia B. brevifolia

O OH OCH 3 O OH

H3CO OCH 3 HO

HO O OH O OH
1,3,6-trihidroxi-2,7-dimetoxixantona 1,3,7-trihidroxi-4,8-dimetoxixantonaOCH 3
B. floribunda B. floribunda

OCH 3 CH3 OCH 3


H3CO O

O O
1,7,8-trimetoxi-2,3-metilenodioxixantona
B. floribunda

Fonte: Autor, 2015


25

5.2 SAPONINAS

As saponinas constituem uma classe química bastante heterogênea, cujo


nome deriva de sua propriedade de formação de espuma em solução aquosa
(MILGATE et al., 1995). Estão amplamente distribuídas em diversas espécies
vegetais abrangendo aproximadamente 100 famílias (OLESZEK, 2002) e alguns
gêneros de esponjas marinhas. Quimicamente são constituídas por uma porção
hidrofóbica triterpênica ou esteróide ligada a uma ou mais cadeias de açúcares, em
geral, glicose, galactose, ácido glicurônico, xilose ou metilpentose (FRANCIS et al.,
2002) cuja massa molecular pode variar entre 600 e 2000 Da, aproximadamente
(OLESZEK, 2002; SCHENKEL et al, 2003).
Saponinas são subdivididas em duas classes, triterpênicas e esteroidais,
ambas derivadas do óxido de esqualeno, com 30 átomos de carbono (C30). A
diferença entre estas duas classes é que as saponinas esteroidais têm 3 grupos
metila a menos (C27), enquanto as saponinas triterpênicas se mantêm com 30
átomos de carbono. (RIBEIRO, 2012)
As saponinas mais comumente encontradas na natureza são as triterpênicas
com agliconas de 30 átomos de carbono. Nesta classe, 50% apresentam o
núcleo hidrofóbico do tipo oleano (HILLER, 1987).
As saponinas podem ser subdivididas também em função do número de
cadeias de açúcares ligados. As que apresentam uma única cadeia de açúcar
ligado à aglicona, via ligação éter na posição C3, são as monodesmosídicas.
Quando apresentam duas ou três cadeias de açúcares são classificadas como
bidesmosídicas ou tridesmosídicas, respectivamente (HILLER, 1987; SCHENKEL
et al., 2003).
Embora as saponinas tenham sido utilizadas por séculos como detergente
doméstico (SPARG et al., 2004), devido a sua característica lipofílica com a
presença de uma aglicona sóluvel em lipídeo e das unidades solúveis em água nas
cadeias laterais (GÜÇLÜ-ÜNTÜNDAĞ et al., 2007), as novas descobertas acerca
das propriedades anticâncer das saponinas de origem vegetal tem itensificado as
produções científicas na área. Além disso, as saponinas também são bastante
conhecidas por possuírem complexos metálicos de ferro, zinco e cálcio (MILGATE et
al., 1995).
26

Do mesmo modo que as indústrias farmacêutica, alimentícia e cosmética


vêm utilizando as saponinas, outros tipos de indústrias também exploram o potencial
desse metabólito. Elas o fazem através de subprodutos ricos em saponinas
(derivados da produção do petróleo), utilizando-os como vermífogo botânico e
gerindo seletivamente minhocas lançadas em campos de golfe e outros esportes
(AUGUSTIN et al., 2011).
A maior parte das saponinas da família Polygalaceae foi isolada do extrato
bruto das raízes das plantas obtido a partir de etanol/água 70%. As saponinas desta
família possuem uma estrutura bem característica e intimamente relacionada,
constituindo triterpenóides pentacíclicos oxigenados, como mostra a Figura 4. Além
disso, a maior parte é composta por glicosídeos bidesmosídicos baseadas em
agliconas com uma ou duas glicoses em C3 e de um a seis açúcares em C28, sendo
acilados pelos ácidos para, di ou trimetoxicinâmico e/ou ácido acético (LACAILLE-
DUBOIS et al., 2005).

Figura 4 - Estrutura básica da saponina característica da família Polygalaceae

29 30
H3C CH3

19 20 21
H
12 18 22
17
11
26 13 28 O
25
1 CH3 CH3 14
9
R1 2
16

10 8 15 OH
5
R3
7 27
3 4
HO 6
R
23 2 CH3
24

Fonte: Autor, 2015

Três saponinas já foram isoladas da espécie Bredemeyera floribunda, sendo


conhecidos como Bredemeyerosídeos B, C Figura 5 e D Figura 6. Destes, não foi
encontrada a estrutura do Bredemeyerosídeo B. (PEREIRA et al., 1996).
27

Figura 5 - Bredemeyerosídeo C da espécie B. Floribunda

Fonte: Autor, 2015

Figura 6 - Bredemeyerosídeo D da espécie B. Floribunda

Fonte: CAVALCANTE, 2015.


28

5.3 FLAVONOIDES

Os flavonoides fazem parte de uma subclasse de polifenóis, caracterizados


por possuir quinze átomos carbonos no seu esqueleto básico. A sua estrutura geral
é formada por dois anéis aromáticos (anel A e anel B), com mais três átomos de
carbono que unem os dois anéis e formam um terceiro oxigenado entre eles (anel
C). Compostos que possuem como esqueleto básico a estrutura apresentada na
Figura 7 são denominados flavonoides. Quando apresentam uma unidade
glicosídica ou O-glicosídica ligadas a algum átomo de carbono da cadeia, são
classificados como flavonoides glicosilados. Esses compostos agem como
antioxidantes, não apenas pelo seu poder doador de hidrogênio ou elétrons, mas
também devido a seus radicais intermediários estáveis, que impedem a oxidação de
vários ingredientes de alimentos, por exemplo. (BRAND-WILLIAMS, 1995)

Figura 7 - Esqueleto base de um flavonoide

2' 4'

8
B
O 1' 5'
7
2
A C
6 3
5 4

Fonte: Autor, 2015

Os flavonoides podem ainda ser divididos entre diferentes classes, o quadro


3 exemplifica as principais subclasses reportadas na literatura e suas respectivas
estruturas moleculares.
29

Quadro 3 : Subclasses dos flavonoides

O
Flavanona

O Flavonol

OH
O

O Flavanol

OH

O
Flavona

+
O

Antocianina
OH

O
Isoflavona

Fonte: Autor, 2015


30

6 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
6.1 MÉTODOS CROMATOGRAFICOS

Nas cromatografias de adsorção foram utilizadas gel de sílica 60 Ø 63-200 μm


e de sílica 60 para coluna cromatográfica flash (Ø 400 - 200 μm) da marca Ultra
Chem. O comprimento e o diâmetro das colunas variaram de acordo com as
alíquotas das amostras e as quantidades de gel de sílica utilizadas. As colunas
utilizadas na cromatografia de adsorção sob pressão média (cromatografia flash)
foram de vidro resistente à pressão e continham bulbos no ápice, para
armazenamento do solvente.
Na Cromatografia de Exclusão Molecular, os fracionamentos foram
efetuados em gel de dextrana Sephadex LH-20 da Pharmacia Fine Chemicals,
utilizando-se como eluente metanol.
Para cromatografia de camada delgada (CCD) utilizou-se cromatoplacas de
gel de sílica 60 (Ø 2-25 μm) sobre poliéster e/ou alumínio T-6145 da marca Sigma
Chemical CO.
Os eluentes utilizados foram: hexano, clorofórmio, diclorometano, acetato de
etila, e metanol, puros ou combinados em proporções crescentes de polaridade.
A revelação das substâncias nas cromatoplacas analíticas foi realizada por
imersão em solução de vanilina (C8H8O3) e ácido perclórico (HClO4) em etanol
(C2H6O), seguido de aquecimento em chapa a 100 0C por aproximadamente 5
minutos, ou ainda por exposição a vapores de iodo e observação sob luz UV.
31

6.2 MÉTODOS ESPECTROSCÓPICOS

6.2.1 Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio (RMN


1H) e de carbono-13 (RMN 13C)

Os espectros de Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio (RMN 1H) e


Carbono-13 (RMN 13C), uni e bidimensionais, foram obtidos em espectrômetros
Bruker, modelo Avance DRX-500 e processados no programa Bruker TopSpin
versão 3.0, em computador com windows 7.0, pertencentes ao Centro Nordestino de
Aplicação e Uso da Ressonância Magnética Nuclear da Universidade Federal do
Ceará (CENAUREMN-UFC).
Os experimentos foram realizados no aparelho Bruker Avance DRX-500 e
DPX-300. O tipo de sonda variou conforme o tipo de técnica: sonda dual de 5 mm
com detecção direta (experimentos unidimensionais) e sonda multinuclear de 5 mm
com detecção inversa (experimentos bidimensionais). As amostras foram dissolvidas
em alíquotas de 0,6 mL de solvente deuterado: clorofórmio (CDCl 3), água (D2O) e
metanol (CD3OD), Tedia Brazil. Os deslocamentos químicos (δ) foram expressos em
partes por milhão (ppm) e referenciados, no caso dos espectros de Hidrogênio,
pelos picos dos hidrogênios pertencentes às moléculas residuais não-deuteradas
dos solventes deuterados utilizados: clorofórmio (δ 7,27), metanol (δ 3,31), água (δ
4,80), piridina (δ 8,73, 7,59 e 7,22) e DMSO (δ 2,71). Nos espectros de 13C, os
deslocamentos químicos foram referenciados pelos picos centrais dos carbonos-13
dos solventes: clorofórmio (δ 77,23), metanol (δ 49,15), piridina (δ 150,2 ) e DMSO (δ
40,1).
As multiplicidades dos sinais de hidrogênio nos espectros de RMN 1H foram
indicadas segundo a convenção: s (singleto), d (dupleto), dd (duplo dupleto), t
(tripleto), q (quarteto), m (multipleto).
Os microprogramas utilizados para a aquisição dos dados foram: 1H (zg),
13C-DEPT o
13C-CPD (zgpg), 135 (dept135), gs-COSY (cosygp), gs-HSQC
(hsqcgpph), gs-HMBC (hmbclpndqf).
A técnica DEPT (Distortionless Enhancement by Polarization Transfer), com
ângulos de nutação de 135 o, CH e CH2 com amplitudes em oposição aos CH2, e 90
o
, somente CH, foi utilizada na determinação do padrão de hidrogenação dos
carbonos em RMN 13C, descrito segundo a convenção: C (carbono não-
32

hidrogenado), CH (carbono metínico), CH2 (carbono metilênico ou metilidênico) e


CH3 (carbono metílico). Os carbonos não-hidrogenados foram caracterizados pela
subtração do espectro DEPT 135 do espectro BB.
Os experimentos bidimensionais de correlação heteronuclear (HSQC e
HMBC), realizados no aparelho Bruker Avance DRX-500, foram efetuados em sonda
multinuclear de 5 mm, com detecção inversa, empregando-se gradiente de campo,
posicionado no eixo z e magnitude de 10 A. Os valores de J utilizados para os
experimentos pertinentes foram 1JH,C = 145, nJH,C = 7, onde n ≥ 2.

6.3 MATERIAL VEGETAL

As raízes e talos de Bredemeyera floribunda Willd utilizadas no estudo foram


coletadas na chapada Araripe, Ceará, em março de 2013. A planta foi identificada
por comparação com um espécime de B. floribunda, coletado em Julho de 2001 em
Macaíbas, região do Crato, no Ceará, e depositado no Herbário Prisco Bezerra, da
Universidade Federal do Ceará, com Nº de exsicata 30844.

6.4 OBTENÇÃO DOS EXTRATOS

Após a coleta das raízes de Bredemeyera floribunda e do talo, estas foram


trituradas e colocadas em mariote contendo etanol e um outro contendo
metanol/água. Posteriormente o resíduo da planta foi filtrado com algodão, para
remoção de partículas maiores, e o solvente evaporado à pressão reduzida, dando
origem ao extrato etanólico das raízes de B. Floribunda, denominado BFRE, ao
extrato etanólico do talo chamado de BFTE e ao extrato hidroalcoólico denominado
BFRMA. Os extratos estão descriminados na Tabela 01.

Tabela 01 - Dados da obtenção dos extratos de B. floribunda

Extratos Massa(g)
BFRE 20
BFTE 26,4
BFRMA 3,58

Fonte: Autor, 2015


33

6.5 PARTIÇÃO LÍQUIDO/LÍQUIDO

O extrato bruto BFRMA (3,5817g) foi submetido à extração líquido-líquido,


utilizando como solventes hexano (C6H14), clorofórmio (CHCl3) e acetato de etila
(C4H8O2). Foram adicionados 80,0 mL de água e 30,0 mL de MeOH, e então esta foi
colocada em funil de separação, juntamente com 100,0 mL de hexano (4 x 25,0 mL)
então separou-se a solução hexânica (BFRMA/H). Em seguida, adicionou-se à fase
hidro-alcoólica 100,0 mL de clorofórmio (4 x 25,0 mL), e separou-se a solução
clorofórmica (BFRMA/C) para cada extrato bruto. Removida esta fração, adicionou-
se ao funil 40,0 mL de acetato de etila, separando então a solução (BFRMA/AC).
Logo após estes procedimentos, os resíduos hidro-alcoólicos foram reunidos. As
extrações com solventes foram concentradas em evaporador rotativo de baixa
pressão, originando seus respectivos extratos, como descriminados na Tabela 02.

Tabela 02 - Dados da obtenção dos extratos após a partição de B. floribunda

Extratos Massa (g)


BFRMA/H 0,28
BFRMA/C 1,53
BFRMA/AC 0,58

Fonte: Autor, 2015


34

7 ESTUDO FITOQUIMICO DE BREDEMEYERA FLORIBUNDA

7.1 FRACIONAMENTO DO EXTRATO BFRE

O extrato BFRE foi submetido a um processo de liofilização, resultando em


14g de pó amarelo, o qual foi submetido à cromatografia do tipo em gel de dextrana
Sephadex LH-20 da Pharmacia Fine Chemicals, utilizando-se metanol puro. Este
procedimento foi realizado quatro vezes, todas utilizando apenas metanol como fase
móvel. Para a primeira coluna utilizou-se uma massa de amostra de 3,3031g,
obtendo 17 frações; a segunda com massa 3,7477g, resultando em 14 frações; a
terceira com massa 3,4170g, obtendo 16 frações; por fim, a quarta com 3,5333g,
rendendo 13 frações. As frações obtidas foram analisadas por CCD e reunidas de
acordo com a sua semelhança, resultando em 5 frações denominadas A, B, C, D e
E, como apresentadas na Tabela 03 e no Fluxograma 1, abaixo. Estas frações
foram analisadas por RMN 1H para caracterização química inicial do extrato, depois
também por RMN 13C, quando constatou-se que a fração BFRE-D se tratava de um
flavonoide rutina, denominada B1.

Tabela 03 - Dados finais da B1

Frações Finais Massa(g)

A 6,1 g

B 0,5g

C 0,9g

D 2,6g

E 3,2g

Fonte: Autor, 2015


35

FLUXOGRAMA 1 : Procedimento experimental da B1

RAIZ
1) Maceração
2) Liofilização

Extrato
Liofilizado
3) Sephadex LH-20

4) CCD

A B C D E
5) RMN 5) RMN 5) RMN 5) RMN 5) RMN

Saponina e Sacarose Sacarose e B1 Flavonoide e


Sacarose Rutina
Rutina

E E
E E
E

Fonte: Autor, 2015


36

7.2 FRACIONAMENTO CROMATOGRÁFICO DO EXTRATO BFRMA/C

O extrato BFRMA/C (1,5361g) foi submetido à cromatografia de exclusão


molecular em gel de dextrana Sephadex LH-20 da Pharmacia Fine Chemicals,
utilizando-se metanol puro. Este procedimento foi realizado cinco vezes, todas
utilizando apenas metanol como fase móvel. Para a primeira coluna utilizou-se uma
massa de 0,3031g, obtendo 11 frações; a segunda com massa 0,2477g, resultando
em 09 frações; a terceira com massa 0,3170g, obtendo 10 frações, a quarta com
0,331g, rendendo 10 frações, por fim a quinta com 0,313g. As frações obtidas foram
analisadas por CCD e reunidas de acordo com a sua semelhança, resultando em 3
frações denominadas A, B, C e D, como apresentadas na Tabela 04 e no
Fluxograma 3, abaixo. Após análise dos espectros de RMN 1H e 13C, constatou-se
que a fração B é uma saponina, ainda não totalmente identificada, denominada B2.

Tabela 04 - Dados finais da B2

Frações Finais Massa(g)

A 0,2453g

B 0,3057g

C 0,2958g

D 0,3145g

Fonte: Autor, 2015


37

FLUXOGRAMA 02: Procedimento experimental da B2

TALO

1) Maceração

Extrato
hidroalcolico

2) Partição
liquido/liquido

BFRMA/H BFRMA/C BFRMA/Ac


3) Sephadex LH-20

4) CCD

A B C
5) RMN

B2

Fonte: Autor, 2015


38

7.3 FRACIONAMENTO CROMATOGRÁFICO DO EXTRATO BFTE

O extrato BFTE (26,4g) foi submetido a cromatografia de adsorção (coluna do


tipo filtrante), utilizando eluição gradiente com misturas binárias dos solventes
hexano, clorofórmio, acetato de etila e metanol. Foram obtidas 20 frações, que foram
analisadas por CCD e reunidas de acordo com a sua semelhança. A fração 7
(0,8857g) apresentou-se promissora, sendo então submetida à cromatografia de
adsorção sob pressão média (coluna “flash”). Após este procedimento, a fração 08
foi analisada por CCD, como apresentadas no Fluxograma 3 e na Tabela 05
abaixo, posteriormente encaminhada para o RMN. Após análise dos espectros de
RMN 1H e 13C, constatou-se que a fração 08 tratava-se da 1,7-dihidroxi-3,4,8-
trimetoxixantona, denominada B3.

TABELA 05 - Dados finais da B3

Frações Finais Massa(g)

01-02 0,2811g

03-04 0,0457g

05-07 0,0797g

08 0,0992g

09-10 0,0867g

11-14 0,0371g

15-16 0,129g

17-18 0,0237g

19-20 0,0025g

Fonte: Autor, 2015


39

FLUXOGRAMA 03: Procedimento experimental da B3

Extrato
TALO etanólico
1) Maceração

2) Coluna filtrante
20 frações

3) CCD

07
4) Coluna “flash”

01-02 03-04 05-07 08 09-10 11-14 15-16 17-18 19-20


5) RMN

Fonte: Autor, 2015


B3
40

8 TESTES BIOLÓGICOS

Os testes biológicos do extrato das raízes de Bredemeyera floribunda,


frações e substâncias isoladas foram realizados no Laboratório de Farmacologia de
Venenos e Toxinas (LAFAVET) da UFC, pela mestranda Natacha Queiroz e por
Rafael Ximenez, sob a orientação da professora Helena Serra Azul Monteiro.

8.1 ENSAIOS IN VIVO PARA ATIVIDADE HEMORRAGICA

a) Grupos experimentais

I. Grupo veneno: animais tratados com 50 μg/animal de veneno de Bothrops


jararacussu (vBju) dissolvidos em 50μL de solução de NaCl 0,9%.
II - Grupo pré-tratado i.p.: animais tratados com o extrato de B. floribunda (BFRE;
150mg/kg, i.p.) 30 minutos antes da administração do veneno (50 μg/animal).
III – Grupo pré-tratado v.o.: animais tratados com o extrato de B. floribunda (BFRE;
150mg/kg, v.o.) 30 minutos antes da administração do veneno (50 μg/animal).
IV- Grupo pós-tratado i.p.: animais tratados com BFRE (150mg/kg, i.p.) 30 minutos
após a administração do vBju (50 μg/animal).
V - Grupo pós-tratado v.o.: animais tratados com BFRE (150mg/kg, v.o.) 30 minutos
após a administração do vBju (50 μg/animal).
VI - Grupo pré-incubado: animais tratados com BFRE (150mg/kg) e vBju (50
μg/animal), (1:3, p/p) pré-incubados por 15 minutos a temperatura de 37º C.
VII - Grupo controle com soro antibotrópico (SAB): animais tratados com SAB i.p.
(quantidade suficiente para neutralizar 500 μg de veneno) 30 minutos antes da
administração do vBju (50 μg/animal).
41

b) Procedimento Experimental

Camundongos machos Swiss, foram anestesiados com pentobarbital sódico


(50mg/kg i.p.) para posteriormente ter o dorso tricotomizado onde foi injetado por via
intradérmica 50 μL de uma solução contendo 50 μg de vBju. Os tratamentos foram
realizados conforme os grupos experimentais discriminados anteriormente.
Decorridas 2 horas para cada grupo, os animais foram sacrificados e a pele do dorso
foi removida. A superfície interna da pele foi examinada e fotografada. O tamanho da
área hemorrágica foi medido com o programa Image®, um software desenvolvido
por Wayne Rasband do Research Services Branch, National Institute of Mental
Health, Bethesda, Maryland. A área dos halos é contornada por meio de ferramentas
do programa e o resultado é transformado de pixels para mm². O tecido do dorso foi
coletado para análise histológica (ESMERALDINO et al., 2005).
42

9 RESULTADOS E DISCUSSÃO

9.1 CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DA B1

Após os procedimentos cromatográficos realizados com o extrato etanólico


das raízes de B. floribunda, obteve-se 5,3 g de uma substância denominada B1, que
apresentou-se como um sólido alaranjado e solúvel em metanol.
O espectro de RMN 1H (MeOD, 500 MHz, Figura 8) apresentou absorções
características de hidrogênios de ligações glicosídicas entre δ 3,26 e 3,81 ppm. E
ainda, absorções características de hidrogênios aromáticos com deslocamento entre
δ 6,19 e 7,67 ppm.

Figura 8 - Espectro de RMN 1H (MeOD, 400 MHz) de B1

Fonte: Autoria própria, 2015

OH
3' OH
2' 4'

HO 8 O 5'
9 2 1' OH
7 6'
3 2''' OH 4'''
6 5 10 4
O
1'''
O 3''' OH
1" 6'''
OH O O 5'''
HO O
2" 5"
6"
4"
3" O
OH
H
43

Figura 9 - Expansão do espectro RMN 1H (MeOD, 400 MHz) entre δ 6,19 e 7,67 da B1

Analisando a região compreendida entre δ 6,19 e 7,67 (Figura 9), foi


possível identificar δ 6,19 (H6, d, J = 1,8 Hz) e δ 6,38 (H8) o qual não foi possível
calcular a constante de acoplamento, devido o sinal não apresentar multiplicidade.
Contudo a constante de acoplamento para o H6, além de outros sinais espectrais
como 13C, apontam para um acoplamento meta entre si. Foi possível também
visualizar os acoplamentos dos hidrogênios 5´ e 6´ localizados no anel B, com
deslocamentos δ 6,87 (H5’, d, J =6,7 Hz) e δ 7,62 (H6’, dd, J = 1,4 Hz e 6,7 Hz) ppm,
com acoplamento orto e meta. E neste mesmo anel temos o hidrogênio em δ 7,67
(H2’, d, J = 1,36 Hz), em um acoplamento meta com o hidrogênio 6’.
44

O espectro de RMN 13C (100MHz, MEOD, Figura 10) apresentou um sinal


em δ 18,0 ppm, característico de carbono metílico. Na região compreendida entre δ
68,6 e 104,8 ppm, há presença de carbonos com hibridização sp3 oxigenados,
característicos de carbonos de unidades glicosídicas, além de duas absorções
características de carbonos anoméricos em δ 102,5 (C-1’’’) e 104,8 (C-1’’). No
intervalo entre δ 105,7 até 166,0 ppm, foi observado absorções características de
carbonos sp2 pertencentes à anéis aromáticos. Além destes o espectro também
mostrou uma absorção característica de carbonila de cetona alfa-beta-insaturada em
δ 179,4 ppm.

Figura 10 - Espectro de RMN 13C (MeOD, 100 MHz) de B1

Fonte: Autoria própria, 2015


OH
3' OH
2' 4'

HO 8 O 2 5'
9 1' OH
7 6'
3 2''' OH 4'''
6 5 10 4
O 3''' OH
1'''
O
1" 6'''
OH O O 5'''
HO O
2" 5"
6"
4"
3" O
OH
H
45

A análise do espectro de RMN bidimensional de correlação heteronuclear a


uma ligação (1H, 13C – HSQC) (Figura 11) corroborou com o padrão de
hidrogenação proposto para cada carbono (Tabela 5).

Figura 11 - Espectro de HSQC (C5D5N, 500 MHz) de B1


46

Todos esses dados indicados nos espectros de Ressonância Magnética


Nuclear, além da comparação com dados disponíveis na literatura (Tabela 5),
comprovam que o metabólito secundário denominado B1 se trata do flavonoide
rutina, (Figura 13) já descrito anteriormente (MOURA et al., 2011).

Figura 12 - Estrutura do flavonóide Rutina (B1)

OH
3' OH
2' 4'

HO 8 O 5'
9 2 1' OH
7 6'
3 2''' OH 4'''
6 5 10 4
O
1'''
O 3''' OH
1" 6'''
OH O O 5'''
HO O
2" 5"
6"
4"
3" O
OH
H

Fonte: Autor, 2015


47

Tabela 06 - Dados de RMN 1H (MeOD, 400 MHz) e 13C (MeOD, 100 MHz) de B1 e dados da literatura
de MOURA et al., 2011.

C RMN 13C RMN 13C RMN 1H RMN 1H


MOURA et al., (int.,mult., JH,H) (int.,mult., JH,H)
2011 MOURA et al., 2011
2 159,4 156,5
3 145,9 133,2
4 179,4 177,3
5 163,0 161,2
6 100,0 98,7 6,19 (1 H, d, J=1,4 6,20 (1 H, d, J=2,1
Hz) Hz)
7 166,0 164,5
8 95,0 93,6 6,38 (1 H, d, J=1,4 6,40 (1 H, d, J=2,1
Hz) Hz)
9 158,5 156,4
10 105,7 103,7
1’ 135,7 121,5
2’ 123,4 116,2 7,67 (1 H, d, 1,4 Hz) 7,53 (1 H, d, J=2,0
Hz)
3’ 117,8 115,2
4’ 149,8 148,5
5’ 116,1 115,2 6,87 (1 H, d, J=6,7 6,83 (1 H, d, J=9,0
Hz) Hz)
6’ 123,2 121,0 7,62 (1 H, dd, J=1,4 7,75 (1 H, dd, J=2,4
Hz e J=6,7 Hz) Hz e J=7,8 Hz)
1’’ 104,8 101,2
2’’ 77,2 75,8
3’’ 75,8 74,0
4’’ 71,4 69,9
5’’ 78,2 76,4
6’’ 68,6 66,9
1’’’ 102,5 100,7
2’’’ 72,3 70,5
3’’’ 72,1 70,3
4’’’ 74,0 71,8
5’’’ 68,9 68,2
6’’’ 18,0 17,6

Fonte: Autor, 2015


48

9.2 CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DA B2

Após os procedimentos cromatográficos realizados com o extrato aquoso


das raízes de B. floribunda, obteve-se também 0,300g de uma amostra denominada
B2, que apresentou-se como um cristal esbranquiçado e solúvel em metanol.
Esta fração foi submetida à análise por RMN 13C e o espectro (D2O, 500
MHz, Figura 13) obtido revelou tratar-se de uma mistura de saponinas.

Figura 13 - Espectro de RMN 13C (D2O, 100 MHz) de B2.

Fonte: Autoria própria, 2015


49

Embora o espectro seja claro em relação à presença de saponina


triterpênica glicosilada através de absorções características de carbonos sp 3 entre δ
13,1 e 51,1. Além disso, os sinais dos carbonos sp2 em δ 125,5 (C-12) e 138,7 (C-
13) são característicos de aglicona do tipo presenegenina, já descritas na literatura
para esta espécie (VASCONCELOS, 2015). Os carboidratos foram observados na
região do espectro entre δ 60,7 e 83,7 e os carbonos anoméricos foram observados
entre δ 92,9 e 109,6. Do mesmo modo, o espectro ainda revelou a presença de 4
carbonilas em δ 175,6, 170,4, 170,3 e 169,57 que demonstraram mais uma vez que
esta fração se tratava de uma mistura de duas saponinas, já que as saponinas
relatadas na literatura possuem apenas duas carbonilas em seu esqueleto.

Figura 14 - Espectro RMN 1H (D2O, 500 MHz) de B2.

Fonte: Autoria própria, 2015


50

A análise desta fração permitiu a identificação de uma classe de substâncias


anteriormente isolada dessa espécie, as saponinas. Elas têm estimado valor
biológico, devido às várias atividades desenvolvidas por elas e por isso incentivam a
continuação desse trabalho.

9.3 CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DA B3

A amostra B3 apresentou-se como um sólido amarelo, solúvel em clorofórmio,


que foi analisado por ressonância magnética nuclear de hidrogênio e carbono
(RMN1H e RMN13C).

Figura 15 - Espectro de RMN 1H (DMSO, 300 MHz) de B3

Fonte: Autoria própria, 2015


OCH3 O OH
8 1
HO 8a 8b
7 2

6 3
4b 4a
O OCH3
5 4
OCH3
51

O espectro de RMN1H (300 MHz, DMSO, Figura 15) revelou um sinal de


hidrogênio em região de campo baixo (δ 13,14 ppm), indicando presença de uma
hidroxila quelada, devido ao alto deslocamento observado no valor do sinal do
próton. Além destes sinais, havia também dois pares de dubletos centrados em δ
7,38 (1 H, J = 9,0 Hz) e δ 7,28 ppm (1 H, J = 9,0 Hz), indicando a presença de
hidrogênios aromáticos vizinhos, com acoplamento orto.

Também foi identificado um sinal singleto em δ 6,51, referente a hidrogênio


ligado a anel aromático protegido por efeitos ressonantes provenientes da hidroxila
ligada ao C-1 e C-2, o espectro evidenciou picos para absorções grupos metoxi, com
deslocamentos em δ 3,91, 3,80, 3,76 ppm. Após a verificação de todos os sinais dos
espectros, foi possível concluir que a substância em questão era uma xantona
trimetoxilada.

Figura 16 - Espectro de RMN 13C (DMSO 75 MHz) de B3

OCH3 O OH
8 1
HO 8a 8b
7 2

6 3
4b 4a
O OCH3
5 4
OCH3
52

O espectro de 13C (75 MHz, DMSO, Figura 16) nos possibilitou identificar
treze carbonos com hidribização sp2, sendo três deles hidrogenados em δ 94,6,
113,3 e 124,4 e nove não hidrogenados em δ159,2, 114,6, 146,9, 114,7, 102,6,
145,5, 127,5, 146,9 e 149,3 como também uma absorção característica de carbonila
em δ 180,9. Indicou também a presença de três grupos metoxi, mostrando duas
absorções em δ 60,8 e δ 60,9, referente ao impedimento estérico que ambos os
grupos estão sofrendo. Por último, temos um sinal para um grupo metoxila
desimpedido em δ 56,4.

Através da análise do Espectro de RMN bidimensional de correlação


heteronuclear (HSQC) Figura 17, foi possível correlacionar os hidrogênios
pertencentes a cada anel aromático aos seus respectivos carbonos.

Figura 17 - Espectro de HSQC (DMSO 125 MHz) de B3


53

Todas essas absorções mostradas nos espectros de Ressonância


Magnética Nuclear, comprovam que o metabólito secundário denominado B3 se
trata da 1,7-dihidroxi-3,4,8-trimetoxixantona (Figura 18), já descrito na literatura
(SILVEIRA et al., 1995). Os dados de RMN 1H e 13C foram comparados aos dados
da literatura e organizados na Tabela 07.

Figura 18 - Estrutura da 1,7-dihidroxi-3,4,8-trimetoxixantona

OCH3 O OH
8 1
HO 8a 8b
7 2

6 3
4b 4a
O OCH3
5 4
OCH3

Fonte: Autor, 2015

Tabela 07 - Dados de RMN 1H e 13C da 1,7-dihidroxi-3,4,8-trimetoxixantona (SILVEIRA et al., 1995)

C δC δ C* δ H (mult., int., J/Hz) δ H (mult., int., J/Hz)*


(SILVEIRA (SILVEIRA et al., 1995)
et al., 1995)
1 159,2 159,3
2 94,6 94,6 6,51 (s, 1 H) 6,39 (s, 1 H)
3 158,3 158,4
4 127,5 127,5
4a 146,9 148,3
4b 149,3 149,4
5 113,3 113,4 7,28 (d, 1 H, J = 9,0) 7,25 (d, 1 H, J = 9,0)
6 124,4 124,6 7,38 (1 H, J = 9,0 Hz) 7,36 (d, 1 H, J = 9,0)
7 146,9 147,0
8 145,5 145,4
8a 114,7 114,6
8b 102,6 102,2
C=O 180,9 180,8
OMe 60,9 61,0 3,91 (s, 3 H) 4,00 (s, 3 H)
OMe 60,8 60,9 3,80 (s, 3 H) 3,88 (s, 3 H)
OMe 56,4 56,4 3,76 (s, 3 H) 3,94 (s, 3 H)
Fonte: Autor, 2015
54

10 ATIVIDADES BIOLÓGICAS

10.1. ATIVIDADE HEMORRÁGICA

O extrato etanólico de B. floribunda (BFRE) e o flavonóide Rutina foram


submetidos ao teste hemorrágico in vivo utilizando camundongos machos Swiss. O
teste gerou resultado promissor para o extrato e está indicado no Quadro 04.

Quadro 04 - Inibição da peçonha de B. jararacussu por BFRE

Fonte: Autor, 2015


* Os grupos representados são: Veneno de Bothrops jararacussu em solução salina (PBS), Soro
antibotrópico (SAB), Extrato de etanólico B. floribunda (BFRE): Pré-incubado (PI), Administração do
extrato 30 min antes (30’A) e Administração do extrato 30 min depois (30’D). A área hemorrágica foi
calculada em mm². Para análise estatística, foi utilizado ANOVA, seguido de Bonferroni com *P <
0,05 vs vBJu, **P < 0,01 vs vBJu ***P < 0,001 vs vBJu; # P < 0,05 vs SAB.

A hemorragia causada pela peçonha de B. jararacussu foi inibida pelo


extrato etanólico de B. floribunda nas diferentes proporções testadas. Observou-se
que a hemorragia causada pela peçonha utilizada foi mais fortemente inibida quando
administrado o extrato (BFRE) 30 min após administrar o veneno. O flavonóide
Rutina não apresentou atividade antihemorrágica.
Muitas substâncias antihemorrágicas têm sido isoladas de plantas. E
estudos sugerem que a atividade enzimática das peçonhas é alterada pelos extratos
naturais através da captação do zinco ou cálcio dos sítios catalíticos, tornando-os
inativos, ou pela interação de grupamentos dessas substâncias naturais que podem
estar interferindo na conformação estrutural das proteínas (COSTA, 2010).
55

11 CONCLUSÕES
O estudo fitoquímico do extrato etanólico das raizes e dos talos de B.
floribunda permitiu o isolamento de grande quantidade do flavonóide rutina, de uma
xantona denominada 1,7-dihidroxi-3,4,8-trimetoxixantona. Além do isolamento de
uma mistura de saponinas, presente no extrato aquoso daB. floribunda.

O extrato etanólico das raízes de B. floribunda, assim como as frações


obtidas deste e substâncias isoladas foram submetidas a ensaio hemorrágico in
vivo, utilizando o veneno de Bothrops jararacussu, demonstrando resultados
promissores, que contribuem para o conhecimento químico e biológico desta
espécie e estimulam a continuidade deste estudo

Vale considerar que a soroterapia tradicional tem eficácia limitada contra os


efeitos locais dos acidentes peçonhentos e compostos isolados de plantas mostram-
se uma boa alternativa para complementar este tratamento, o que torna a
continuidade deste estudo bastante promissor, a fim de identificar o princípio ativo
desta planta.
56

REFERÊNCIAS

ALVES, N. T. Q.. Efeito do extrato das raízes de bredemeyera floribunda willd


sobre a ação local do veneno de bothrops jararacussu em camundongos.
[2013]. Dissertação (Mestrado em Farmacologia) – Universidade Federal do Ceará –
UFC, 2013. Disponivel em:
<www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/8163/1/2013_dis_ntqalves.pdf > Acesso em:
Janeiro 2015

ARAÚJO, H. P.; BOURGUIGNON, S.C.; BOLLER, M. A. A.; DIAS, A. A. S. O.;


LUCAS, E. P. R.; SANTOS, I. C.; DELGADO, I. F. Potency evaluation of
antivenoms in Brazil: The national control laboratory experience between 2000
and 2006. Toxicon, v. 51, p. 502–514, 2008. DOI: 10.1016/j.toxicon.2007.11.002

ARRAIS, P. S. D; COELHO, H. L. L.; BATISTA, M. C. D. S.; CARVALHO, M.


L.;RIGHI, R. E.; ARNAU, J. M. Perfil da automedicação no Brasil. Rev. Saúde
Pública, 31 (1): 71-7, 1997. DOI: 10.1590/S0034-89101997000100010

AUGUSTIN, J. M.; KUZINA, V.; ANDERSEN, S. B.; BAK, S. Molecular activities,


biosynthesis and evolution of triterpenois saponinas. Phytochemistry, v. 72, p. 435-
457, 2011. DOI: 10.1016/j.phytochem.2011.01.015
BARBOSA, A. M.; VILLAVERDE, A. B.; GUIMARÃES-SOUZA, L.; RIBEIRO, W.;
ZAMUNER, S. R. Effect of low-level laser therapy in the inflammatory response
induced by Bothrops jararacussu snake venom. Toxicon, v. 51, p.1236–1244, 2008.
DOI:10.1016/j.toxicon.2008.02.007

BEVEVINO, L.H.; SANIOTO, S.M.L., Effect of crude extract of roots of Bredemeyera


floribunda Willd. III. Effect on hormone-stimulated water transport in isolated frog
skin. Journal of Ethnopharmacology, v. 42, p. 209-215, 1994. DOI: 10.1016/0378-
8741(94)90045-0
BORGES, M. H.; SOARES, A. M.; RODRIGUES, V. M.; OLIVEIRA, F.;
FRANSHESCHI, A. M.; RUCAVADO, A.; GIGLIO, J. R.; HOMSI-BRANDEBURGO,
M. I. Neutralization of proteases from Bothrops snake venoms by the aqueous
extract from Casearia sylvestris (Flacourtiaceae). Toxicon, V. 39, 1863, 2001.
DOI:10.1016/S0041-0101(01)00169-6

BRAND-WILLIAMS, W.; CUVELIER, M. E.; BERSET, C. Use of a free radical method


to evaluate antioxidant activity. Lebensmittel-Wissenschaft Technologie, London, v.
28, p. 25-30, 1995. DOI:10.1016/S0023-6438(95)80008-5
BRASIL. Ministério da Saúde. Portal da Saúde. Acidentes por animais
peçonhentos: serpentes. Disponível em:
<http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/index.cfm?portal=pagina.visualizarText
o&codConteudo=5817&codModuloArea=783&chamada=acidentes-por-serpentes>.
Acesso em: Setembro 2015.
57

BRASIL. Presidência da República. Decreto 5.813 de 22.06.2006. Aprova a Política


Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e dá outras providências. Diário
Oficial da União 23.06.2006a. Acesso em 28 de setembro de 2015:
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/.../D5813.htm

CARDOSO, J. L. C.; FRANÇA, F. O. S.; WEN, F. H.; MÁLAQUE, S. A.; HADDAD, V.


J. Animais peçonhentos do Brasil. Biologia, clínica e terapêutica dos acidentes.
Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, São Paulo: Editora
Savier, 468 p, 2003. DOI: 10.1590/S0036-46652003000600009

CAVALCANTE, G. V. L.. Estudo Fitoquímico e Análise da Atividade Antiofídica


de Bredemeyera Floribunda Willd (polygalaceae) Frente ao Veneno de B.
Jararacussu. [2015]. Dissertação (Mestrado em Química) – Universidade Federal
do Rio Grande do Norte-UFRN, 2015.
CRUZ, L. S, VARGAS, R.; LOPES, A. A. Snakebite envenomation and death in
developing world. Ethinicity and Disease, v. 19, n. 1, Suppl, 1, p. 42- 46, 2009.
Disponivel: <www.ishib.org/journal/19-1s1/ethn-19-01s1-42.pdf>. Acesso em:
Setembro de 2015.
DAROS, M. R.; MATOS, F. J. A.; PARENTE, F. J. P. A new triterpenoid saponin,
bredemeyeroside B, from the roots of Bredemeyera floribunda. Planta Medica, v. 62,
n. 6, p. 523-527, 1996. DOI: 10.1055/s-2006-957962
ESMERALDINO, L.E.; SOUZA, A.M.; SAMPAIO, S.V. Evaluation of the effect of
aqueous extract of Croton urucurana Baillon (Euphorbiaceae) on the hemorrhagic
activity induced by the venom of Bothrops jararaca, using new techniques to quantify
hemorrhagic activity in rat skin. Phytomedicine, v.12, n.8, p. 570-576, 2005.
DOI:10.1016/j.phymed.2004.01.012

FERNANDES, E. R, CARVALHO, F. D, REMIÃO F. G, BASTOS, M. L, PINTO, M.


M, GOTTLIEB, O. R. Hepatoprotective activity of xanthones and xanthonolignoids
against terc-butylhydroperoxide-onduced toxicity in isolated rat hepatocytes –
comparison with silybin. Pharmaceutical Research, v. 12, n. 11, p. 1756-1760,
1995. DOI: 10.1023/A:1016230125496

FERREIRA, L. A. F.; HENRIQUES, O. B.; ANDREONI, A. A. S.; VITAL, G. R. F.;


CAMPOS, M. M. C.; HABERMEHL, G. G.; DE MORAES, V. L. G. Antivenom and
biological effects of ar-turmerone isolated from Curcuma longa (Zingiberaceae).
Toxicon, V 30, 1211-18, 1992. DOI:10.1016/0041-0101(92)90437-A

FOGLIO, M. A.; QUEIROGA, C. L.; SOUSA, I. M. O.; RODRIGUES, R. A. F. Plantas


Medicinais como fonte de recursos terapêuticos: um modelo multidisciplinar.
MultiCiência, v. 7, 2006.Disponível em: <
https://www.multiciencia.unicamp.br/artigos_07/a_04_7.pdf > Acesso em: Setembro
de 2015
58

FRANCIS, G.; KEREM, Z.; MAKKAR, H. P. S.; BECKER, K. The biological action
of saponins in animal systems: A review. British Journal of Nutrition, v.88, n.6,
p.587-605, 2002. DOI:10.1079/BJN2002725

GÜÇLÜ-ÜNTÜNDAĞ, O.; BALSEVICH, J.; MAZZA, G. Pressurized low polarity water


extraction of saponins from cow cockle seeds. Journal of Food Engineering, v. 80,
p. 619-630, 2007. DOI:10.1016/j.jfoodeng.2006.06.024
HILLER, K.. New results on the strucuture and biological activity of
triterpenoid saponins. In: Hostettmann, K. (Org.). Biologically active natural
products. Oxford: Clarendon Press, 1987. p.167-184.

JIANG, D. J.; JIANG, J. L.; ZHU, H. Q.; TAN, G. S.; LIU, S. Q.; XU, K. P.; LI, Y. J.
Demethylbellidifolin preserves endothelial function by reduction of the endogenous
nitric oxide synthase inhibitor level. Journal of Ethnopharmacology, v. 93, n. 2- 3,
p. 295-306, 2004. DOI:10.1016/j.jep.2004.03.055
LACAILLE-DUBOIS, M. A.; MITAINE-OFFER, A. C. Triterpene saponins from
Polygalaceae. Phytochemistry Reviews. v. 4, p. 139-149, 2005. DOI:
10.1007/s11101-005-2606-6

LOYOLA-FILHO, A. L, UCHOA, E., GUERRA, H.I., FIRMO, J.O.A., LIMA-COSTA,


M.F. Prevalência e fatores associados à automedicação: resultados do projeto
Bambuí. Rev Saúde Pública 36(1): p. 55-62, 2002 DOI: 10.1590/S0034-
89102002000100009
LUDTKE, R.; SOUZA-CHIES, T. T.; MIOTTO, S. T. S.; Bredemeyera Willd. E
Securidata L. (Polygalaceae) na Região Sul do Brasil. Revista Brasileira de
Biociências. Porto Alegre, v. 6, n. 1, p. 69-79, 2008. ISSN 1980-4849

MACKEEN, M. M.; A L I A , A . M . ; L A J I S , N . H . ; K A W A Z U , K . ; H A S S A N ,
Z . ; A M R A N , M . ; H A B S A H , M . ; M O O I , L . Y . Antimicrobial, antioxidant,
antitumour-promoting and cytotoxic activities of different plant part extracts of
Garcinia atroviridis Griff. ex T. Anders. Journal of Ethnopharmacology, v. 72, n. 3,
p. 395-402, 2000. DOI:10.1016/S0378-8741(00)00245-2

MADAN, B.; SINGH, I.; PRASAD, A. K.; RAJ, H. G.; PRAMAR, V. S.; GHOSH, B.
Xanthones as inhibitors of microsomal lipid peroxidation and TNF-alpha induced
ICAM-1 expression on human umbilical vein endothelial cells (HUVECs). Bioorganic
& Medicinal Chemistry, v. 10, n. 11, p. 3431-3436, 2002. DOI:10.1016/S0968-
0896(02)00262-6

MARTINEZ, G.; GIULIANI, A.; LEÓN, O. S.; PÉREZ, G.; NÚÑEZ SELLES, A. J.
Effect of Mangifera indica L. extract (QF808) on protein and hepatic microsome
peroxidation. Phytotherapy Research, v. 15, n. 7, p. 581-585, 2001.
DOI: 10.1002/ptr.980

MATOS, F. J. A.. Plantas medicinais: guia de seleção e emprego de plantas


usadas em fitoterapia no Nordeste do Brasil. 3. ed. Fortaleza: UFC, 2007. v. 1. 394
p. DOI: 10.1002/(SICI)1099-1573(199612)10
59

MEBS, D.. Venomous and Poisonous Animals: A Handbook for Biologists,


Toxicologists and Toxinologists, Physicians and Pharmacists. Medpharm Scientific
Publishers, Stuttgart, Germany, 2002, 339 p. Accession: 00024382-200309000-
00021

MELO, M. M.; LÚCIA, M.; HABERMEHL, G. G. Plant extracts for topic therapy of
Bothrops alternatus envenomation. Revista Brasileira de Farmacognosia, v.17, n.
1, p. 29-34, 2007. DOI: 0.1590/S0102-695X2007000100007

MILANI, R.; JORGE, M. T.; CAMPOS F. P. F.; MARTINS, F. P.; BOUSSO, A.;
CARDOSO, J. L. C.; RIBEIRO, L. A.; FAN, H. W.; FRANÇA, F. O. S.; SANO
MARTINS, I. S.; CARDOSO, D.; FERNANDES, I. D. O. F.; FERNANDES, J. C.;
ALDRED, V. L.; SANDOVAL, M. P.; PUORTO, G.; THEAKSTON, R. D. G.;
WARRELL, D. A. Snake bites by Jararacuçu (Bothrops jararacussu):
clinicopathological studies of 29 proven cases in São Paulo, Brazil. Quarterly
Journal of Medicine, v. 90, p. 323-334, 1997. DOI:
http://dx.doi.org/10.1093/qjmed/90.5.323
MILGATE, J.; ROBERTS, D.C.K., The nutritional & biological significance of
saponinas. Nutrition Research, v. 15, n. 8, p. 1223-1249, 1995. DOI: 10.1016/0271-
5317(95)00081-S

MORS, W. B.; NASCIMENTO, M. C.; PEREIRA, B. M. R.; PEREIRA, N. A. Plant


natural products active against snake bite: The molecular approach.
Phytochemistry, v. 55, p. 627-642, 2000. DOI:10.1016/S0031-9422(00)00229-6

MOURA, A. C. S.; VILEGAS, W.; SANTOS, L. C.; Identificação de alguns


constituintes químicos de Indigofera hirsute Linn. (Fabaceae) por CLAE-IES-EM
(TOF) e avaliação da Atividade antirradicalar. Química Nova, v. 34, n. 7, p. 1136-
1140, 2011. DOI: 10.1590/S0100-40422011000700006

OLESZEK, W.; BIALY, Z. Chromatographic determination of plant saponins.


Journal of Chromatography A, v.967, n.1, p.147-162, 2002.
DOI:10.1016/j.chroma.2006.01.037

OLIVEIRA, C. Z.; MAIORANO V. A.; MARCUSSI, S.; SANT'ANA, C. D; JANUARIO,


A. H.; LOURENCO, M. V.; SAMPAIO, S. V.; FRANCA, S. C.; PEREIRA, P. S.;
SOARES, A. M. Anticoagulant and antifibrinogenolytic properties of the aqueous
extract from Bauhinia forficata against snake venoms. Journal of
ethnopharmacology, 98, 213-6, 2005. DOI:10.1016/j.jep.2004.12.028

OLIVEIRA, M. C. F.; SILVEIRA, E. R. Pentaoxygenated xanthones and fatty acids


from Bredemeyera brevifolia. Phytochemistry, v. 55, p. 847-851, 2000. DOI:
10.1016/S0031-9422(00)00286-7
60

OTERO, R.; FONNEGRA R.; JIMÉNEZ, S.; NUÑEZ, V.; EVANS, N.; ALZATE, S.;
GARCÍA, M.; SALDARRIAGA, M.; DELL VALLE, G.; OSORIO, R.; DÍAZ, A.;
VALDERRAMA, R.; DUQUE, A.; VÉLEZ, H., Mordeduras de serpientes y
Etnobotánica em el Noroccidente Colombiano. Uso tradicional de las plantas. In:
OTERO, R; FONNEGRA R.; JIMÉNEZ, S. Plantas utilizadas contra mordeduras de
serpientes em Antioquia y Choco, 1ªed., Colômbia: Grandacolor Medellín, capítulo II,
p. 31-57, 2000 b. Disponível em: < http://catalogo.biblioteca.uniquindio.edu.co/cgi-
bin/koha/opac-detail.pl?biblionumber=15772&shelfbrowse_itemnumber=22868 >
Acesso em: Setembro de 2015
OTERO, R.; NÚÑEZ, V.; JIMÉNEZ, S.L.; FONNEGRA, R.; OSORIO, R.G.; GARCÍA,
M.E.; DÍAZ, A. Snakebites and ethnobotany in the northwest region of Colombia: Part
II: neutralization of lethal and enzymatic effects of Bothrops atrox venom. Journal of
Ethnopharmacology., v. 71, p. 505-511, 2000 a. DOI:10.1016/S0378-
8741(99)00197-X

PAULETTI, P. M.; CASTRO-GAMBOA, I.; SILVA, D. H. S.; YOUNG, M. C. M.;


TOMAZELA, D. M.; EBERLIN, M. N.; BOLZANI, V. S. New antioxidant C-
glucosylxanthones from the stems of Arrabidaea samydoides. Journal of Natural
Products, v. 66, n. 10, p. 1384-1387, 2003. DOI: 10.1021/np030100t

PEREIRA, B. M. R.; DAROS, M. R.; PARENTE, J. P.; MATOS, F. J. A.


Bredemeyeroside D, a novel triterpenoid saponin from Bredemeyera floribunda: A
potent snake venom antidote activity on mice. Phytotherapy Research, v. 10, p.
666-669, 1996. DOI: 10.1002/(SICI)1099-1573(199612)10:8<666::AID-
PTR937>3.0.CO;2-H
PERES, V.; NAGEM, T. J. Trioxygenated naturally occurring xanthones.
Phytochemistry, v. 44, n. 2, p. 191-214, 1997. DOI:10.1016/S0031-9422(96)00421-
9

PINHO, F. M. O.; OLIVEIRA, E. S.; FALEIROS, F. Acidente ofídico no estado de


Goiás. Revista da Associação Médica Brasileira, v.50, n. 1, 2004. ISSN 1806-
9282. DOI: 10.1590/S0104-42302004000100043

RIBEIRO, S. C.. Xantonas oxigenas bioativas: cristalização, estrutura e suas


interações intra e intermoleculares. [2009]. Dissertação ( Mestrado em Física) –
Universidade de São Paulo – USP, 2009. Disponível em: <
www.teses.usp.br/teses/disponiveis/76/76132/tde-03082009-
164620/publico/Dissertacao_Rodrigo_de_Souza_Correa.pdf dissertação rodrigo de
souza correia > Acesso em: Junho de 2015
ROBERTS, J. C. Naturally occurring xanthones. Chemical Reviews, v. 61, n. 6,
p. 591-605, 1961. DOI: 10.1021/cr60214a003
61

ROCHA, N. F. M.. Estudo dos efeitos farmacológicos do (-)-α-bisabolol em


modelos animais de nocicepção, inflamação e úlcera gástrica em
camundongos. [2009]. Dissertação (Mestrado em Farmacologia) - Universidade
Federal do Ceará, Fortaleza, 2009. Disponível em:
<http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/2585> Acesso em: Setembro de 2015.
SANTORO, M. L.; SANO-MARTINS, I. S.; FAN, H. W.; CARDOSO, J. L. C.;
THEAKSTON, R. D. G.; WARREL, D. A.; BIASG. Haematological evaluatuion of
patients bitten by the jararaca, Bothrops jararaca, in Brazil. Toxicon, v. 51, n. 8, p.
1440-1448, 2008. DOI:10.1016/j.toxicon.2008.03.018

SATO, T.; K A W A M O T O , A .; TAMURA, A.; TATSUMI, Y.; FUJII, T. Mechanism


of antioxidant action of pueraria glycoside (PG)-1 (an isoflavonoid) and mangiferin
(a xanthonoid). Chemical & Pharmaceutical Bulletin, v. 40, n. 3, p. 721-724,
1992. Dísponivel em : <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1611684> Acesso em:
Setembro de 2015

SCARTEZZINI, P.; SPERONI, E. Review on some plants of Indian traditional


medicine with antioxidant activity. Journal of Ethnopharmacology, v. 71, n. 1-2, p.
23-43, 2000. DOI:10.1016/S0378-8741(00)00213-0

SCHENKEL, E. P.; GOSMANN, G.; ATHAYDE, M. L. SAPONINAS. IN: SIMÕES,


C. M. D. O.;SCHENKEL, E. P.;GOSMANN, G.;MELLO, J. C. P. D.;MENTZ, L.
A.;PETROVICK, P. R.(Org.). Farmacognosia: da planta ao medicamento.
Porto Alegre/Florianópolis: Editora da UFRGS/Editora da UFSC, p.711-740, 2003.

SCHENKEL, E. P; MENGUE, S. S. e PETROVICK, P.R.(Org). Cuidado com


medicamentos. 4 ed. Ver. Ampl. Porto Alegre/Florianópolis: Ed. da UFRGS/Ed. da
UFSC, 224 p, 2004. Disponivel em : <
www.latamjpharm.org/trabajos/24/.../LAJOP_24_2_5_2_D695807SJ6.p > Acesso:
Setembro 2015
SILVA, A. M. S.; PINTO, D. Structure elucidation of xanthone derivatives: Studies of
nuclear magnetic resonance spectroscopy. Current Medicinal Chemistry, v. 12, n.
21, p. 2481- 2497, 2005. DOI: 10.2174/092986705774370718

SILVEIRA E. R., FALCÃO M. J. C., MENEZES JR. A., DAVID G.I., THOMAS E. G.,
Pentaoxygenated xanthones from Bredemeyera floribunda, Phytochemistry, v. 39,
n. 6, 1995. DOI:10.1016/0031-9422(95)00103-E

SILVEIRA E. R., FALCÃO M. J. C., MENEZES JR. A., DAVID G.I., THOMAS E. G.,
Pentaoxygenated xanthones from Bredemeyera floribunda, Phytochemistry, v. 39,
n. 6, 1995. DOI:10.1016/0031-9422(95)00103-E

SOARES, A.M.; MARCUSSI, S.; FERNANDES, R.S.; MENALDO, D.L.; COSTA,


T.R.; LOURENÇO, M.V.; JANUÁRIO, A.H.; PEREIRA, P.S., Medinal Plant Extracts
and Molecules as the Source of New Anti-Snake Venom Drugs. Frontiers in
Medicinal Chemistry, v. 4, p. 309-346, 2009. DOI:
10.2174/97816080520731090401
62

SOUSA, M. E.; PINTO, M. M. M. Synthesis of xanthones: An overview. Current


Medicinal Chemistry, v. 12, n. 21, p. 2447-2479, 2005. DOI:
10.2174/092986705774370736

SPARG, S.G.; LIGHT, M.E.; STADEN, J. V. Biological activities and distribution of


plant saponinas. Journal of Ethnopharmacology, v. 94, p. 219-243, 2004.
DOI:10.1016/j.jep.2004.05.016

SULTANBAWA, M. U. S. Xanthonoids of tropical plants. Tetrahedron, v. 36, n. 11,


p. 1465- 1506, 1980. DOI: 10.1016/S0040-4020(01)83114-8

VIEIRA, L. M. M.; KIJJOA, A. Naturally-occurring xanthones: recent developments.


Current Medicinal Chemistry, v. 12, n. 21, p. 2413-2446, 2005. DOI:
10.2174/092986705774370682

VOEKS, R. A.. Disturbance Pharmacopoeias Medicine and Myth from the Humid
Tropics. Annals of the Association of American Geographers. V.94. p. 868-888,
Malden: Oxford, 2004. Disponivel em : <
www.uio.no/studier/emner/annet/sum/.../Voeks.pdf > Acesso em: Setembro de 2015

ZENI, A. L. B.; BECKER, A.; KRUG, M.; ALBUQUERQUE, C. A. C. Histological and


biochemical effects induced by sublethal doses of Bothrops jararacussu venom in
mice. Journal of Venom and Animal Toxins including Tropical Diseases, v. 13,
n. 3, p. 664-676, 2007. DOI: 10.1590/S1678-91992007000300009

Você também pode gostar