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FORMAS

DE GOVERNO

Em ciência política, chama-se forma de governo (ou sistema político)


o conjunto de instituições políticas por meio das quais um Estado se
organiza a fim de exercer o seu poder sobre a sociedade. E tais
consistem na política de governança adotada na organização das
nações.


Tais instituições têm por objetivo regular a disputa pelo poder
político e o seu respectivo exercício, inclusive o relacionamento
entre aqueles que o detêm (a autoridade) com os demais membros
da sociedade (os administrados).

A forma de governo adotada por um Estado não deve ser confundida
nem com a forma de Estado (Estado unitário, federal ou
confederado), nem com seu sistema de governo (presidencialismo,
parlamentarismo, dentre outros).

Trata-se de um tema complexo que se altera ao longo dos anos à
medida que os Estados passam a expandir regimes e sistemas de
acordo com as tendências sociais.

O primeiro estudioso a refletir acerca da complexidade do governo
foi Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.) - filósofo grego que se dedicou à
Metafísica, Ética e ao Estado e em sua obra “A Política“ analisa os
regimes políticos, bem como as suas formas.

“As palavras constituição e governo significam a mesma coisa, pois o
governo é a autoridade suprema nos Estados, e que necessariamente
essa autoridade suprema deve estar nas mãos de um só, de vários ou
da multidão, segue-se que quando um só, ou vários ou a multidão
usam da autoridade tendo em vista o interesse geral, a Constituição
é pura e sã: e que, se o governo tem em vista o interesse particular
de um só, de vários ou da multidão, a Constituição é impura e
corrompida.” – Aristóteles.


Aristóteles descreve o governo com critérios de justiça e objetivos
que visam o bem comum. Assim, classifica as formas de governo
mediante o número e o poder dado ao(s) governante(s).

Segundo Aristóteles eram legítimas, puras - porque visavam o
interesse comum - as seguintes formas de governo:

• Monarquia - Rei tem poder supremo;

• Aristocracia - Alguns nobres detém o poder;


• Democracia ou Politeia - Povo detém o controle político.


Por sua vez, eram ilegítimas - porque visavam interesse próprio - as
seguintes formas que deturpavam a concepção de governo do
filósofo - as chamadas formas legítimas citadas acima -
corrompendo, assim, a sua essência política:

• Tirania - Poder supremo obtido de forma corrupta;


• Oligarquia - Poder detido por um grupo que o exerce de forma
injusta;
• Demagogia ou Olocracia - Poder exercido por facções
populares.

Depois de Aristóteles, muitos outros estudos abordaram este


assunto, resultando em formas de governo diferentes, tal como as
que Maquiavel considerou: República e Principado.

Monarquia e República

Monarquia e República são as duas formas de governo que


predominam atualmente.
Na Monarquia o poder é exercido pelo rei, que é sucedido por
descendência. Nessa forma de governo não existe limite temporal,
de modo que o seu governante - o monarca - exerce o cargo até a
sua morte ou abdicação.

A Monarquia pode ser Absoluta ou Constitucional. Na primeira, o


poder é ilimitado, absoluto conforme sugere sua denominação.
Quanto à Monarquia Constitucional - também chamada de
Monarquia Parlamentarista - o governo é exercido pelo cargo do
primeiro-ministro.

No que respeita à República o poder é exercido por um presidente -


no caso do presidencialismo - ou primeiro-ministro - no caso do
Parlamentarismo - eleitos por meio de eleições diretas (diretamente
por voto popular) ou indiretas (por representantes escolhidos pelo
povo, que compõem o chamado colégio eleitoral). Tanto as funções
do presidente como a do primeiro-ministro são desempenhadas por
um prazo determinado.

Presidencialismo e Parlamentarismo

O Presidencialismo e o Parlamentarismo são os principais tipos de
Democracia.

No Presidencialismo o presidente tem poderes executivos e


desempenha os cargos de Chefe de Estado (representa a nação num
âmbito internacional) e de Chefe de Governo (administra
internamente a nação).

No Parlamentarismo, por sua vez, o Chefe de Governo é chamado de


primeiro-ministro, todavia os poderes estão a cargo dos
Parlamentares (deputados).

Pelo Mundo
O estudo e a reflexão sobre essa matéria fez com que ela se
expandisse, de modo que atualmente são adotados pelo mundo
diferentes regimes e sistemas políticos. Vejamos:
• Arábia Saudita - Monarquia Absoluta - Teocracia
• China - República Popular

• Estados Unidos da América - República Presidencialista


• Japão - Monarquia Constitucional

• Líbia - República Parlamentarista


• Reino Unido - Monarquia Constitucional

Maquiavel, na sua obra Discursos sobre a primeira década de Tito


Lívio, apresenta a sua teoria de ciclos de governo. Partindo de um
estado anárquico, que existiu no início da vida em sociedade, os
homens, para se defender, escolheram como chefe o mais robusto.
Após várias escolhas, perceberam que aqueles atributos não
indicavam um bom chefe, passando a escolher o mais justo e
sensato. Essa monarquia eletiva foi transformada em hereditária,
que foi degenerada pelos próprios herdeiros, surgindo a tirania. Os
mais ricos e nobres conspiraram, apoderando-se do governo,
instituindo a aristocracia voltada para o bem comum. Os seus
descendentes esqueceram os males da tirania e passaram a governar
em proveito próprio, transformando a aristocracia em oligarquia. O
povo, revoltando-se contra a oligarquia, destituiu os oligarcas,
instaurando o governo popular ou democrático. O próprio povo
degenerou a democracia, ao utilizar o governo para fins próprios,
gerando a anarquia, voltando-se ao ponto de partida do ciclo de
governo.

Regime de Governo

Podemos identificar dois regimes de governo cada qual caracterizado
pelas relações entre os poderes Legislativo e Executivo: o regime
presidencialista e o regime parlamentarista. Para Queiroz Lima:

“As formas representativas de governo podem ser divididas em dois


grandes ramos - regime presidencial e regime parlamentar -
conforme a natureza e o grau das relações entre o Poder Legislativo e
o Executivo. Enquanto o regime presidencial é exclusivamente
aplicável nos estados republicanos, o regime parlamentar se estende,
hoje, com igual propriedade a monarquias e repúblicas.”

Nos sistemas que adotam o bipartidarismo, o Primeiro Ministro é


indicado pelo partido que detém o maior número de representantes
no Parlamento. Já nos sistemas pluripartidários, em que é quase
impossível que um partido obtenha a maioria dos representantes no
Parlamento, existe, pois, a necessidade de coalisão para compor a
maioria parlamentar. Dessa coalizão é que sai a escolha do primeiro
ministro, que nem sempre é um membro do maior partido.

Características do Regime Parlamentarista

Regime Parlamentarista de governo é o Regime democrático
fundado na separação e colaboração dos poderes, no qual o
governo, exercido por um gabinete sobre a chefia de um Primeiro-
ministro, é coletivamente responsável perante o Parlamento.
A partir das considerações acima, podemos traçar as características
do regime parlamentarista da seguinte forma:

• Distinção entre chefe de Estado e chefe de Governo - o


monarca ou presidente, enquanto chefe de Estado, não
participa das decisões políticas, cabendo-lhe a função de
representação do Estado e, por isso, recebe a denominação de
chefe de Estado. Já o chefe de Governo é figura central do
parlamentarismo, uma vez que é ele quem exerce o Poder
Executivo. E indicado pelo chefe de estado, tornando-se
primeiro ministro após a aprovação da maioria parlamentar.

• Chefia de governo com responsabilidade política - dois fatores
podem ocasionar a demissão do primeiro ministro ou a queda
do governo: a perda da maioria parlamentar ou o voto de
desconfiança. E de se notar que o chefe de Governo é escolhido
para mandato sem prazo determinado, e quando o partido ao
qual pertence perde a maioria parlamentar, ou quando um
parlamentar, desaprovando a política desenvolvida pelo
Governo, propõe ao Parlamento um voto de desconfiança, se
aceito, o primeiro ministro deve demitir-se.

• Possibilidade de dissolução do Parlamento - característica
importante do sistema inglês. Ocorre quando o primeiro
ministro percebe que só conta com uma pequena maiona e
acredita que a realização de eleições gerais irá resultar numa
ampliação dessa maioria. Ou, então, e isto se aplica mais aos
sistemas pluripartidários, quando o Primeiro Ministro recebe
um voto de desconfiança, mas entende que o Parlamento é
que se acha em desacordo com a vontade popular. Nesses
casos, ele pode pedir ao chefe de Estado que declare extintos
os mandatos e, pelo mesmo ato, convoque novas eleições
gerais.

Características do Regime Presidencialista



O Regime presidencialista de Governo é Regime político em que a
chefia do governo cabe ao presidente da república, mantendo-se a
independência e a harmonia entre os três poderes do Estado:
executivo, legislativo e judiciário. Segundo Calmon, este regime é
uma adaptação, ao governo republicano, da influência pessoal dos
antigos reis. O primeiro regime presidencialista foi o da América do
Norte: exatamente as constituintes quiseram revestir o alto
magistrado com o poder de resistir ao Congresso, como Jorge III
resistia ao Parlamento inglês. O Presidente da República, eleito
direta ou indiretamente pelo povo, representa o povo e o Congresso
Nacional. O seu mandato é irrevogável; não pode dissolver a
Assembléia; exerce o mandato com autoridade própria e
responsável; imprime, aos acontecimentos, a sua marca pessoal.

A partir dessas colocações, podemos traçar as características gerais
do regime presidencialista:

• O Presidente da República é escolhido por um prazo


determinado - o Presidente é escolhido para governar por um
prazo fixo e determinado; existem, porém, alguns países em
que a escolha é feita por disposição constitucional: um colégio
eleitoral que o faz.
• O Presidente da República é escolhido pelo povo - quem
escolhe o Presidente da República, de forma direta ou indireta,
é o povo. No primeiro caso, temos a eleição direta, em que o
povo vota diretamente para a escolha do Presidente. No
segundo caso, temos a eleição indireta, em que se atribui a um
colégio eleitoral a competência para eleger o Presidente da
Republica em nome do povo.

• A chefia do Executivo é exercida de forma unipessoal - quem
fixa as diretrizes do Poder Executivo é o Presidente da
República, que pode lançar mão de um corpo de auxiliares
diretos, os Ministros, que não são responsabilizadas pelos atos
de governo, sendo demissíveis a qualquer momento. Mesmo o
Vice-presidente não recebe qualquer atribuição, só tomando
ciência dos atos de governo quando estes são públicos ou
quando o Presidente da República permitir.

• O Presidente da República assume a chefia do Estado e do


Governo - o Presidente exerce o papel de vínculo moral do
Estado e de representação conjuntamente com as funções
executivas, exercendo, inclusive, atribuições políticas de grande
envergadura, caracterizando a chefia de governo.
• O poder de veto - o Presidente da República tem poder de
veto, isto é, tem o poder de interferir nas atividades
legislativas. As leis aprovadas pelo Legislativo são submetidas à
sanção do Presidente da República que, se considerar o projeto
inconstitucional ou inconveniente, veta-o, negando-lhe sanção
e comunicando sua decisão ao Poder Legislativo, que deve
apreciar o veto do Presidente mediante votação especial,
podendo rejeitá-lo ou aprová-lo.

No caso especifico da República de Angola o Sistema Político


adotado depois de 2012 é o Sistema Presidencialista-Parlamentar,
que podemos entender ser uma espécie de sistema presidencialista
com um pendor parlamentar (sui-generis) em que o Presidente da
República é igualmente chefe do Governo, tem ainda poderes
legislativos e nomeia o supremo tribunal, de modo que o princípio da
divisão entre poderes legislativos, executivo e judiciário,
fundamental para um sistema democrático,sempre esteve e sempre
vai estar abolido.


A original qualificação do atual sistema político angolano como
presidencialista-parlamentar ficou a dever-se ao fato de a
especificidade da eleição do Presidente da República e dos
deputados à Assembléia Nacional ser realizada no contexto das
eleições gerais para o Parlamento, sendo eleito Presidente da
República o cabeça-de-lista pelo ciclo nacional do partido ou
coligação de partidos, mais votado.

Neste sistema, o Presidente da República é eleito por sufrágio
universal e é, simultaneamente, o Chefe do Estado e o titular do
Poder Executivo, o qual é exercido auxiliado por um vice-presidente,
ministros de Estado e ministros, numa versão traduzida pelo Tribunal
Supremo em finais de 1998, no contexto da Lei Constitucional de
1992, quando se referia à preeminência da cadeia de comando do
Executivo e a considerar que as funções de Primeiro Ministro eram
as de seu coadjutor.

A Constituição da República de Angola define três órgãos de


soberania: o Presidente da República, a Assembléia Nacional e os
Tribunais, que devem respeitar a separação e interdependência de
funções estabelecidas na Constituição [Artigo 105.º (Órgãos de
soberania) 1. São órgãos de soberania o Presidente da República, a
Assembléia Nacional e os Tribunais.].
Angola realizou as primeiras eleições gerais a 31 de Agosto de 2012,
um modelo constitucional novo, que surge na sequência da junção
das eleições legislativas com as presidenciais.

A base do actual sistema político é a Constituição aprovada pela


Assembleia Nacional em 27 de janeiro de 2010, mudando várias das
regras políticas do país. Os candidatos a Presidente e Vice-
Presidente, nos termos do artigo 113/2 da Constituição, estão
sujeitos a um limite de 2 (dois) mandatos, sendo eleitos como cabeça
e segundo na lista do partido que for mais votado nas Legislativas. O
cargo de Vice-Presidente é igualmente uma figura nova e substitui a
do Primeiro-Ministro; dentro da nova ordem constitucional, o
Presidente José Eduardo dos Santos nomeou, no dia 4 de Fevereiro
de 2010, Fernando da Piedade Dias dos Santos (que já tinha sido
Primeiro-Ministro e que era até então Presidente da Assembleia
Nacional) para o cargo de Vice-Presidente de Angola.
Angola realizou as primeiras eleições gerais a 31 de Agosto de 2012,
um modelo constitucional novo, que surge na sequência da junção
das eleições legislativas com as presidenciais.


O sistema jurídico baseia-se no português e no direito
consuetudinário mas é fraco e fragmentado. Existem tribunais só em
12 dos mais de 140 municípios do país. Um Supremo Tribunal serve
como tribunal de apelo. Com a aprovação da Lei n.º 2/08, de 17 de
Junho – Lei Orgânica do Tribunal Constitucional e da Lei n.º 3/08, de
17 de Junho – Lei Orgânica do Processo Constitucional, ficaram
reunidos os pressupostos legais para a criação do Tribunal
Constitucional. Assim, no dia 25 de Junho de 2008, foi
institucionalizado o Tribunal Constitucional tendo os seus Juízes
Conselheiros tomado posse perante o Presidente da República.
Nesta data, tomaram posse sete Juízes Conselheiros sendo quatro
homens e três mulheres.

CONCLUSÃO

Podemos dizer que as Formas de Governo é o modo como um
determinado governo se organiza e divide seus poderes e,
sobretudo, como aplicar o poder sobre quem é governado. Pois, para
um bom funcionamento de uma Forma de Governo, é importante
como o mesmo será regido e aplicado.

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