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Fenomenologia, Humanização e Promoção da

Saúde: uma proposta de articulação


Phenomenology, Humanization and Health Promotion: an
articulation proposal

Annatália Meneses de Amorim Gomes Resumo


Doutoranda em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do
Rio Grande do Norte; Assessora Técnica da Secretaria da Saúde do Ensaio sobre as possibilidades de articulação entre a
Estado do Ceará, Bolsista da Fundação Cearense de Apoio ao De- Fenomenologia, a humanização e a promoção da saúde.
senvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap).
Endereço: Rua Barbosa de Freitas, 1505, apto 801, Meireles, CEP
Entende-se por Fenomenologia o estudo da descrição
60170- 020, Fortaleza-CE, Brasil. dos fenômenos humanos e seus significados. As pes-
E-mail: annataliagomes@secrel.com.br quisas de referencial fenomenológico na área da saúde
Eliana Sales Paiva têm sido fortalecidas nos últimos anos, motivadas pela
Mestre em Filosofia, Professora da Universidade Estadual do Ceará necessidade de apreensão dos significados próprios
UECE. para cada sujeito inserido em sua totalidade cultural
Endereço: Avenida Litorânea, 2040, Precabura, CEP 60187-000, e histórica, e como crítica ao modelo biomédico, esti-
Eusébio, CE, Brasil. mulando a emergência de uma Fenomenologia da Saú-
E-mail:elianauece@hotmail.com
de e uma nova produção do cuidado em saúde. Propõe-
Maria Teresa Moreno Valdés se o referencial fenomenológico como importante re-
Doutora em Psicologia, Professora da Universidade de Fortaleza - curso metodológico para a compreensão do processo
UNIFOR.
de humanização na atenção e na gestão em saúde, pois
Endereço: Rua Tenente Amauri Pio 99, apto 01, Meireles, CEP 60160-
090, Fortaleza, CE, Brasil. ele resgata a importância da consciência intencional,
E-mail:maitemoreno19@yahoo.es que revela possíveis sentidos e desvela significados
Mirna Albuquerque Frota
existentes nas relações e práticas. Consiste, ainda,
Doutora em Enfermagem, Professora Adjunta da Universidade de na possibilidade de atuar na promoção da saúde, pela
Fortaleza - UNIFOR. consonância com a perspectiva de integralidade, au-
Endereço: R. Manuel Jacaré, 150, apto 1401, CEP 60175-110, Fortaleza, tonomia e visão ampliada do processo saúde - doença
CE, Brasil. por meio dos seus pressupostos de totalidade do fenô-
E-mail: mirnafrota@unifor.br
meno, consciência intencional e ética.
Conceição de Maria de Albuquerque Palavras-chave: Fenomenologia; Humanização; Promo-
Enfermeira, Mestre em Educação em Saúde. Secretaria de Saúde ção da Saúde.
do Estado do Ceará Hospital Geral de Fortaleza e Professora da Uni-
versidade de Fortaleza - UNIFOR.
Endereço: Av. Edilson Brasi Soares nº 260, Água Fria, CEP 60834-
220, Fortaleza, CE, Brasil.
E mail: conceicaom@unifor.br

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Abstract Introdução
This is an essay about possible articulations between Esse texto visa trazer ao debate, na forma de ensaio, a
phenomenology, humanization and health promotion. possibilidade de articulação entre a proposta fenome-
Phenomenology is the study of the description of hu- nológica, a humanização e a promoção da saúde. É cla-
man phenomena and their meanings. Phenomenologi- ro que se faz necessário ficar ciente de que a fenome-
cal research in the healthcare field has been streng- nologia é uma prática ilimitada, tanto na perspectiva
thened during the last years, motivated by the need de estudo1 como no âmbito de uma teoria aplicada aos
to apprehend the meanings of each subject inserted diversos campos de saber2.
in the context of his/her cultural and historical who- É melhor ficar esclarecido, portanto, que é o méto-
leness. As a criticism to the biomedical model, it has do fenomenológico, como leitura possível e a partir da
encouraged the emergence of Health Phenomenology sistematização de Husserl, que será o ponto de parti-
and the new production in health care. Phenomenolo- da deste escrito. Nesse sentido, o termo fenomenologia
gy is proposed here as an important methodological foi estabelecido pela primeira vez por Johann Heinrich
resource for the understanding of the humanization Lambert (1728–1777), filósofo suíço, em Novo Organon,
process in the healthcare and health management are- para designar a “ciência das aparências”; e por Kant,
as, due to the consonance with the perspective of inte- na Metafísica, para indicar aquela parte da teoria do
grality, autonomy and enlarged view of the health/ movimento que considerava o movimento e o repouso
illness process, by means of its presuppositions of da matéria somente em relação às modalidades em
phenomenon totality, intentional conscience and que eles aparecem no sentido externo; depois, com
ethics. Hegel em Fenomenologia do Espírito (1807), para de-
Keywords: Phenomenology; Humanization; Health Pro- signar o “vir-a-ser” da ciência e do saber. No final do
motion. século XIX e início do século XX, com Edmund Husserl,
a partir das Pesquisas Lógicas (1900), passa a ser uti-
lizado no sentido de “ciência da experiência da cons-
ciência”. Constata-se que até a reflexão sobre a crise
das ciências, em A crise da humanidade européia e a
filosofia (1935), configura uma crítica à filosofia
positivista e ao método experimental, percebidos como
um objetivismo científico; ao mesmo tempo, ele elabo-
ra uma proposta endereçada à formulação de uma pers-
pectiva racional nova, radicalmente humana e a fênix
de uma inédita visada: filosofia como ciência das
vivências intencionais.
Na modernidade, ciências naturais e exatas eram
caracterizadas pela ênfase no conhecimento objetivo,
de representação da verdade e de neutralidade como
caminho válido para se construir ciência (Naberhaus,
2004; Crowell apud Hopkins, 2002) e essa mentalida-

1 A delimitação do estudo sobre fenomenologia é complexa, uma vez que o seu étimo (fenomenologia é a teoria dos fenômenos) não
tem origem preestabelecida e, ao mesmo tempo, por ser uma forma possível de leitura, toda filosofia poderá considerar-se
fenomenológica. Como estudo, a fenomenologia pode ser examinada sob três ângulos: como Escola Fenomenológica, como Método
fenomenológico e como Movimento fenomenológico. Além do mais, a designação “fenomenologia” foi utilizada em contextos
extrafilosóficos (Psicologia, Psicanálise, Filosofia social, Física, Direito, dentre outros).
2 Especificamente a influência da fenomenologia na Psicologia pode ser encontrada em várias fontes. Na Suíça, com Pierre Thévenaz,
que relaciona Antropologia, Psicologia e Psicanálise; na Inglaterra, com Paul Tillich, que introduz a Psicologia da forma e da Psica-
nálise; no Brasil, situamos vários expoentes. No Rio de Janeiro, Nilton Campos, em 1945, que apresenta a tese O método fenomenológico
na psicologia; outros sustentaram a ordem de análise da consciência como doadora de sentido e autojustificadora da própria
existência, Elso Arruda, Eustáquio Portela, Antonio Gomes Pena, Nelson Pires, Sílvio Lopes e Nobre de Melo.

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de tornou-se co-extensiva às ciências humanas. Pode- mento da Hermenêutica da Medicina e Fenomenologia
se ressaltar, porém, que a contribuição de Husserl da Saúde (Sveaus apud Holm, 2000). É preciso substi-
(1988) se apresenta na contramão desses posiciona- tuir as noções do par subjetivo-objetivo pela relação
mentos, pois propõe uma fenomenologia transcen- crítica interiorização-exteriorização. No par objetivo-
dental, com o princípio da intencionalidade da consci- subjetivo, ainda reside o ranço da dependência de cau-
ência, buscando sentidos possíveis. sa e efeito, ao passo que na relação interiorização-
Assim sendo, essa proposta metodológica, rapida- exteriorização, talvez seja possível compreender o
mente, alcançou o interesse de alguns filósofos ou sentido humano do ato prático, da ação responsável,
pesquisadores desejosos de superar a perspectiva do posicionamento livre diante do diferenciado (o ou-
positivista pela aplicação do novo método a todos os tro, o mundo, a sociedade, as instituições etc.) e da
domínios das “ciências do espírito”, desenvolvendo- criação de valores de realização do humano .
se as mais diversas descrições fenomenológicas da Os questionamentos dos fenomenólogos no campo
vida afetiva, da religião, da arte, do direito, dos fatos da saúde incidem em alguns aspectos, como: o modelo
sociais etc. (Dartigues, 2003). biomédico, a ética, a descaracterização cultural por
A respeito dessa evolução, Garnica (1997) comenta parte da instituição médica dos fenômenos da vida,
que a Fenomenologia se tornou um movimento filosó- da morte, a “medicalização”, a valorização excessiva
fico, fornecendo as concepções básicas subjacentes de tecnologia, a desqualificação do senso comum da
ao método. Para isso, assumiu faces específicas e conti- população, ao mesmo tempo em que propõe restabele-
nuou a transformação ao longo do tempo. Em 1927, cer uma concepção social mais abrangente de saúde -
segundo Heidegger (1889-1976) a Fenomenologia bus- doença. Apesar desta visão inclusiva, ressaltada pela
cava descrever o fenômeno tal como ele ocorre, compre- abordagem fenomenológica, reconhece-se a falta de
endendo como tudo aquilo que se mostra ou que aparece compreensão da maioria dos profissionais e das pes-
para uma consciência que lhe atribui significado. soas em geral dos avanços nos estudos, assim como
Observa-se que, na área da saúde, ainda predomi- das causas dos fenômenos estruturais e como se con-
na, na prática, a influência positivista, expressa pela fere valor às discussões sobre poder, dominação e
visão focada na doença, na fragmentação do sujeito, estratificação social. Por isso a necessidade de uma
no reducionismo ao biológico, uma vez que a atuação proposta de recuperação da análise dialética e estru-
dos profissionais é cientificista, objetivista, exclu- turalista político-econômico-social, que torne mais
dente, visando adequar o sujeito a um padrão ideal de evidente as articulações das estruturas do poder. As-
bem-estar, enquadrando o paciente em comportamen- sim, a necessidade de realizar uma interface da Filo-
tos definidores, normativos. Também nota-se o cres- sofia com a Saúde, com uma abrangência teórico-
cente interesse de algumas pessoas pela busca de um metodologia-prática, é destacada por outros autores
paradigma qualitativo no cuidado, tentando utilizar (Minayo, 2000; Martins, 2004). O intercâmbio méto-
metodologias comprometidas com a totalidade da ex- do-fenomenológico, processo de humanização na saú-
periência humana e estimulando fontes de posiciona- de e promoção de saúde, não pode ser estabelecido por
mentos verdadeiramente humanos. decreto, é uma decisão pessoal, uma deliberação cole-
Alguns estudos utilizam o método fenomenológico tiva e uma atividade constante. Para uma atuação (de
aplicado ao sofrimento humano (Ohlen, 2003), às alte- qualquer pessoa em qualquer atitude) realmente hu-
rações da corporeidade na depressão (Dorr-Zegers, mana são necessários um “achamento”, uma releitura
2002), às crenças e às experiências relacionadas à co- de si mesmo e também uma visão avaliativa e crítica
mida e à saúde em mulheres de baixa renda (Disbsdall do que o rodeia.
e col., 2002), ao estabelecimento da própria importân- Nesse direcionamento, em busca de superar as
cia do método para as ciências da saúde desde a visão dificuldades de acesso, eqüidade, qualidade, fragmen-
da enfermagem (Caelli, 2000; Merighi, 2003), no surgi- tação do processo de trabalho, vínculo entre profissi-

3 Critelli (1996), em Analítica do Sentido, contribui com esse debate, ao esclarecer como é diluído o significado do sentido humano
no método fenomenológico.

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onais e usuários, lidando com a dimensão subjetiva, processos de trabalho, ao passo que na política de
discute-se amiúde a necessidade de humanização na humanização a atitude ético-estético-política se faz
saúde como política transversal, que fortaleça e con- em sintonia com um projeto de responsabilidade e
tribua para a efetivação na prática de saúde dos prin- qualificação de vínculos interprofissionais e entre
cípios do Sistema Único de Saúde (SUS). esses profissionais e os usuários do sistema de saúde
De acordo com essa política, humanização consis- (Brasil, 2004).
te na valorização dos diferentes sujeitos implicados Este artigo permite formular as seguintes pergun-
na promoção da saúde – usuários, trabalhadores e tas reflexivas: quais as principais características e
gestores –, tendo como norteadores sua autonomia e os pressupostos da Fenomenologia? Que relação pode
seu protagonismo, sua co-responsabilidade, seu esta- ser estabelecida com a humanização e a promoção da
belecimento de vínculos solidários e sua participação saúde? Quais pressupostos se aplicariam à mudança
coletiva na gestão (Brasil, 2004). do atual modelo de atenção e gestão em saúde? Nesse
O conceito de humanização é polissêmico, pois sentido, o estudo é relevante, pois, segundo Ayres
encerra vários sentidos e significados, não sendo pas- (2004), só um esforço decidido de estabelecer pontes
sível de categorização. Em análise de documentos ofi- interdisciplinares no campo da produção teórica pode
ciais sobre a humanização da atenção, notam-se estes fazer caminhar o conhecimento de forma transdisci-
destacarem o fato de que esse conceito, apesar de não plinar e enraizado em desafios práticos e abrangentes,
apresentar consenso em seus contornos teóricos e de solução plural e coletiva. Assim, o estudo pretende
operacionais, conforma-se como uma diretriz de tra- delinear as possibilidades de articulação entre a feno-
balho, com possibilidade de criar uma práxis para a menologia, a humanização e a promoção da saúde, tendo
assistência pautada na defesa da vida e na promoção sido realizado a partir de uma revisão bibliográfica.
de saúde (Deslandes, 2004).
Nos últimos 20 anos, a promoção da saúde tem A Fenomenologia e o Método
sido vista como estratégia promissora para enfrentar
os problemas de saúde, partindo de uma concepção
Fenomenológico
ampliada do processo saúde–doença e de seus A Fenomenologia representava, para Husserl, uma for-
determinantes, por meio da articulação de saberes ma totalmente nova de fazer filosofia, pois deixava de
técnicos e populares, da mobilização de recursos lado especulações metafísicas abstratas e entrava em
institucionais e comunitários, públicos e privados contato com as próprias coisas pela experiência vivi-
(Buss, 2000). da. Seria o método de um positivismo superior, que
Neste mesmo direcionamento, segundo Carvalho permitiria “voltar às próprias coisas”, como ponto de
(2004), a incorporação das estratégias de promoção partida do conhecimento, chegar à essência, à verda-
da saúde no SUS devem ter como parâmetro a supera- de, em relação ao fenômeno interrogado (Moreira, 2002;
ção das raízes da iniqüidade na saúde pela garantia Forghieri, 2002).
do acesso a bens e serviços de saúde de qualidade, Para que se compreenda a Fenomenologia, é neces-
pela produção de sujeitos autônomos, socialmente res- sário entender esse termo, que deriva de duas pala-
ponsáveis, e pela democratização do poder político. vras gregas: phainomenon, que significa iluminar;
A humanização da saúde pública está, portanto, mostrar-se; aquilo que se mostra a partir de si mesmo
inserida no plano de ações coordenado e descentrali- e logos, que significa ciências ou estudo. Portanto,
zado do SUS, guardando estreita relação com a promo- Fenomenologia é tudo o que se mostra ou se torna
ção da saúde como campo teórico-prático-político em visível para a consciência em sua individualidade.
composição com os conceitos e posições do movimen- Assim, tanto os objetos como os atos da consciência,
to da reforma sanitária (Campos e col., 2004). sejam intelectivos, volitivos ou afetivos, são fenôme-
A posição ético-teórico-política na promoção da nos, e o estudo ou a ciência dos fenômenos chama-se
saúde caracteriza-se pelo compromisso de reorgani- Fenomenologia, que se detém na análise do puramen-
zar os serviços de saúde e preparar os profissionais te vivido ou experimentado, nos significados e na per-
para a inclusão da comunidade na gestão de projetos e cepção do ser humano.

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Para alguns autores, como Bruyne e col. (1982), o da descrição de situações experienciadas, essa
fenômeno é o modo de aparição interna das coisas na metodologia possibilita a resolução de problemas há
consciência, sendo que a Fenomenologia interroga a muito tempo reconhecidos como de solução difícil em
experiência vivida e busca captar o significado atri- seus aspectos cognitivos.
buído da relação sujeito–objeto, pois o fenômeno apa- Para que se chegue, porém, à apreensão do conhe-
rece para uma consciência que o interroga e o questi- cimento na essência do fenômeno, é necessária uma
ona. Isso ocorre porque o homem é um ser consciente atitude metodológica do fenomenólogo, chamada de
de algo ou de alguém em relação a si mesmo. A inten- redução fenomenológica (ou epoché), que consiste em
cionalidade consiste, portanto, no ato de atribuir um pôr “entre parênteses” a confiança espontânea e ingê-
sentido, possibilitando a relação entre o sujeito que nua das certezas positivas da communis opinio, pro-
sai de si para o mundo. cedendo a uma descrição do fenômeno anterior a qual-
Há entre consciência e objeto uma correlação es- quer sofisticação teórica, captando a essência a par-
sencial que só ocorre na intuição originária da vivência. tir dos diferentes sentidos e formas atribuídas pelas
A atitude natural sob suspensão não ocorre apenas pessoas na sua vivência no mundo. Assim, objetos,
em relação ao mundo da vivência cotidiana, mas abran- imagens, fantasias, atos, relações, pensamentos, even-
ge também o próprio sujeito, que é, então, tomado como tos, memórias, sentimentos informados pelos senti-
tema de reflexão, deixando de aparecer o eu puro ou o dos são transformados em uma experiência de cons-
“ego transcendental” como expectador imparcial, apto ciência, que consiste em estar consciente de algo. O
a apreender tudo o que a ele se apresente como fenô- interesse para a Fenomenologia não é o mundo, mas
meno (Forghieri, 1984, 2002). sim o modo como o conhecimento do mundo se realiza
Segundo Merighi (2003), a Fenomenologia convo- para cada pessoa.
ca a retomar o caminho qualitativo da existência, a Indaga-se sobre a possibilidade da redução com-
redescobrir o sentido de existir do ser humano no pleta, pois todo sujeito carrega em si seus referenciais,
mundo, não sendo possível estudar na experiência o mas entende-se que os valores e as crenças subjacen-
objetivo sem antes investigar o subjetivo. tes não devam constituir obstáculos ao conhecimento
Heidegger (1997; 1981) redefine Fenomenologia do significado dos fenômenos que se mostram. Para
como a ciência dos fenômenos, ou seja, a ciência do melhor compreensão do conceito de fenômeno no cam-
que se revela, utilizando-se da máxima husserliana po da saúde, se, na relação com o paciente, saúde é
“ir às coisas mesmas”, caracterizando-a por deixar e considerada somente associada aos sintomas físicos,
fazer ver por si mesmo aquilo que se mostra. Consiste, restringe-se à compreensão da problemática aos fato-
pois, num método que não caracteriza “o que” dos ob- res causais, não apreendendo o fenômeno. Fala-se de
jetos da investigação, mas o seu modo, o “como”, dessa fenômeno, quando a saúde é percebida na experiência
investigação. Portanto, busca elucidar e compreender total de quem vivencia o processo saúde–doença, com
o sentido do ser, entendido como algo que se torna os seus determinantes sociais, culturais, políticos,
presente, manifesto, compreendido e conhecido para econômicos, biológicos e psicológicos envolvidos na
o ser humano, denominado o “ser aí” ou “Dasein”. O vivência cotidiana e historicamente produzida.
“ser-no-mundo” consiste nas múltiplas maneiras vivi- Isso ocorre pela fundamentação do método feno-
das pelo homem, nas diversas formas dele se relacio- menológico na intuição descritiva de conteúdos de
nar e atuar com os entes que encontra e a ele se apre- consciência na situação concreta, captada pela refle-
sentam. É uma característica existencial do “ser-aí” o xão. A essência do fenômeno é caracterizada como a
“ser-com”. Nessa relação entre seres humanos, há uma convergência das representações das descrições dos
intercomunicação de consciências e a subjetividade sujeitos, o que é denominado análise ideográfica
de um e outro se transforma em intersubjetividade. (Merighi, 2003), exigindo um esforço constante para
A Fenomenologia apresenta-se, pois, como um mé- uma apreensão cada vez mais elaborada do real, com-
todo sobre o qual recai a elucidação existencial, pois preensão sempre em “vir-a-ser”, nunca objetiva ou con-
sua ênfase está no sujeito (Moreira, 2002). Partindo clusiva, pois o real contém uma infinidade de essênci-

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as que precisam ser trazidas à luz. Assim, é possível A trajetória fenomenológica consiste em três mo-
estudar o ser que se revela à consciência, numa atitu- mentos que compõem a seqüência de aplicação do
de dialogal e de acolhimento do outro em suas opini- método: a descrição, a redução e a compreensão. As
ões, suas idéias e seus sentimentos, possibilitando descrições revelam as estruturas do fenômeno, as ex-
situar-se na perspectiva do outro, para compreender e periências, buscando a essência naquilo que aparece
ver como o outro vê, sente ou pensa. e se mostra. A qualidade das proposições não se ba-
Heidegger, na obra Ser e Tempo (1997), inspirado seia num rigor externo, numérico ou estatístico, mas
no método fenomenológico proposto por Edmund epistemológico. À medida que o pesquisador se fami-
Husserl, apresenta uma descrição do ser humano e de liariza com as descrições, mediante as repetidas lei-
suas características primordiais, como “ser-no-mundo” turas, surgem unidades de significados, atribuídos
existente para algo ou alguém, compreendendo, espa- pelo pesquisador, conforme sua óptica, de tal forma a
cializando e temporalizando sua existência no mundo. sistematizar o que é vivido pelo sujeito com relação
O ato de compreender é intuitivo, global e tem sem- ao fenômeno. O segundo momento consiste em deter-
pre algum humor, sentimentos, envolve significados minar e selecionar quais partes da descrição são es-
de experiências. O fato de espacializar refere-se ao senciais, pondo em suspenso todas as afirmações re-
modo como se vivencia o espaço, incluindo também a lativas às vivências, para somente então compreendê-
temporalidade, que significa a compreensão simultâ- las e explicitá-las. Os vários atos da consciência, en-
nea entre presente, passado e futuro. tretanto, precisam ser conhecidos nas suas essências,
A investigação fenomenológica busca compreen- sendo, para tanto, necessário fazer uso da intuição. O
der o que acontece com o sujeito na sua interação com terceiro momento consiste na compreensão fenomeno-
o mundo, como a sua consciência é afetada pelos acon- lógica, que é também interpretativa. O movimento da
tecimentos, lançando mão das descrições, dos depoi- passagem do individual para o geral resulta das con-
mentos, dos discursos, das maneiras pelas quais são vergências, divergências e idiossincrasias que se apre-
expressos os pensamentos e os sentimentos dos su- sentam nos casos individuais (Merighi, 2003).
jeitos. Constitui-se, com efeito, no estudo dos signifi- Heidegger (1997, 1995) destaca que a interpreta-
cados, das essências, articulados ao discurso do su- ção é o sentido metódico da descrição fenomenológica,
jeito por meio do qual o fenômeno se revela. formando uma hermenêutica interpretativa. A lingua-
Ressalta-se, ainda, que a Fenomenologia é um mo- gem é conjuntamente a casa do ser e a habitação da
vimento filosófico dos mais importantes do século XX. essência do homem, por meio da qual ele expressa a si
Desde o seu início, guardou íntima relação com a Psi- mesmo na relação com o mundo. O caráter descritivo
cologia, disponibilizando o método fenomenológico só poderá ser determinado cientificamente segundo o
para as disciplinas de cunho humano e social (Moreira, modo como os fenômenos vêm ao encontro, ou seja, a
2002). Embora, sob alguns aspectos, permaneça ainda partir da “própria coisa”. O pesquisador procura ver o
hoje no domínio de psicólogos e cientistas da área de fenômeno tal como ele se apresenta, não parte de hi-
saúde, o método de investigação crítico, rigoroso e póteses ou de pressupostos anteriores. Ele busca a
sistemático, paulatinamente adquiriu reconhecimen- essência do conhecimento a partir dos sujeitos, não
to como uma abordagem à pesquisa qualitativa, apli- havendo sugestões anteriores, para não interferir no
cável ao estudo dos fenômenos importantes em vários que espontaneamente se deve revelar.
campos do conhecimento. Sobre as abordagens hermenêuticas, a exemplo da
Sempre que se queira dar destaque à experiência Fenomenologia, Mayring (2002) ressalta que textos,
de vida das pessoas, o método de pesquisa fenomenoló- assim como tudo o que é produzido e manifesto pelo
gica pode ser adequado. De acordo com Caelli (2001), ao ser humano, têm sempre conexões com significados
entender a condição humana, com todos os problemas subjetivos, com sentidos, defendendo a idéia de que
que essa iniciativa propõe para as abordagens científi- uma análise de características externas não vai muito
cas tradicionais, a pesquisa qualitativa é, em alguns longe, quando não consegue revelar os significados
aspectos, superior à rígida pesquisa quantitativa. subjetivos de maneira interpretativa.

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Aplicações da Fenomenologia na para implementar esse direito na prática, a exemplo
da Estratégia de Saúde da Família, promovendo alguns
Humanização e na Promoção da avanços no que se refere ao incremento na cobertura,
Saúde à formulação de princípios norteadores e à descentr-
alização da atenção e da gestão no SUS. O acesso aos
A promoção da saúde nos últimos 25 anos foi situada
serviços, no entanto, com acompanhamento e respon-
como estratégia promissora para enfrentar os múlti-
sabilização pelas necessidades de cada usuário e a
plos problemas de saúde, sendo associada a um con-
participação dos sujeitos permanece como desafios a
junto de valores: qualidade de vida, saúde, solidarie-
serem superados (Brasil, 2006).
dade, eqüidade, democracia, cidadania, desenvolvi-
O fato de humanizar a atenção e a gestão em saúde
mento, participação e parceria e refere-se à combina-
no SUS apresenta-se como política pública estratégi-
ção de estratégias: políticas públicas saudáveis,
ca para a qualificação das práticas de saúde, pela arti-
reforço da ação comunitária, desenvolvimento de ha-
culação dos avanços tecnológicos com acolhimento,
bilidades pessoais, reorientação do sistema de saúde
melhoria da ambiência do cuidado e das condições de
e parcerias intersetoriais, com responsabilidade mú-
trabalho dos profissionais, valorizando a dimensão
tua entre os atores e setores do âmbito da saúde e de
subjetiva e social (Brasil, 2006). Diante do exposto, a
outros campos (Buss, 2000).
Política de Humanização do SUS baseia-se no pressu-
Para a consecução de seus objetivos, a promoção
posto da produção de sujeitos autônomos e socialmen-
da saúde necessita, além de cooperação intersetorial,
utilizar estratégias educativas, sendo fundamental te responsáveis, um ser humano histórico e social,
uma educação para a saúde que possibilite a capacita- que constitui um “vir-a-ser” constante na interação
ção da comunidade para atuar como protagonista na com o mundo. Essa dimensão relacional no método
participação e no controle da sua qualidade de vida e fenomenológico é percebida como um modo de “ser-
de saúde. A Educação em Saúde é, portanto, uma práti- no-mundo”, existindo em sua relação com o outro a
ca político-didática, que recobra o “saber-fazer” em partir da intenção com vistas a uma consciência. Am-
saúde historicamente determinado pelas condições bas se articulam na proposta de que se possa conside-
sociais e econômicas que produzem políticas públi- rar a historicidade, a intersubjetividade e a singulari-
cas, visando à transformação social (Marcondes, 2004; dade na prática do cuidado, guardando relação com a
Barroso e col., 2003). perspectiva de promoção da saúde, também baseada
A prática educativa como função pedagógica polí- no ideário de autonomia, participação e no direito social.
tico-transformadora propõe atuar: no reforço do sujei- Essa inserção admite interrogações, dúvidas, desvi-
to social, no cuidar de si para agir no grupo, na valoriza- os, compreensão, relação, participação e confiança. Na
ção da subjetividade, no diálogo, na participação, na área da saúde, com elevada complexidade, a Fenomeno-
interdisciplinaridade e nas redes sociais de apoio e logia pode possibilitar a compreensão do encontro
parcerias, contribuindo, desse modo, na consolidação inter-humano de profissionais, usuários e membros
da promoção da saúde. Assim, não há como trabalhar familiares, promovendo a humanização. O método
de modo prático a promoção da saúde sem enfrentar fenomenológico não propõe uma teoria abrangente
duas questões fundamentais e interligadas: a neces- para a humanização, mas cabe aos profissionais des-
sidade da reflexão filosófica e a conseqüente reconfi- cobrir articulações possíveis que ampliem a perspec-
guração da educação (comunicação) nas práticas de tiva e, conseqüentemente, o seu modo de agir no cui-
saúde (Catrib e col., 2003; Czeresnia, 2003). dado em saúde. Para Teixeira (2005), é necessário cui-
No plano das garantias legais, o pressuposto que dado com a definição das coisas como essência, pois
rege as intenções em busca de uma saúde integral e pode haver implicações práticas, de modo que, o ser
digna para todos é reconhecido na Constituição Fede- humano não é a realização de uma essência humana
ral de 1988, que define saúde como direito de todos e eterna e universal, mas constitui singularidade e in-
dever do Estado, e é desenvolvido pelo Sistema Único tensidade que podem estar relacionadas ao cotidiano
de Saúde (SUS). Muitos esforços são empreendidos dos serviços de saúde.

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No contexto da política de humanização na saúde, que os saberes dialoguem na constituição da saúde
a subjetividade é entendida como identidade pessoal coletiva. Nessa perspectiva, saber popular e saber cien-
resultante da constituição de sujeitos autônomos, tífico podem se aproximar em posição de valorização
protagonistas e implicados na produção da própria das diferenças culturais, numa realização de comple-
saúde, que influenciam as condições de uma vida sau- mentaridade, transdisciplinaridade e cooperação, por
dável. Esse sujeito é, também, coletivo, histórico e meio de parcerias intersetoriais.
determinado por múltiplos fatores – familiares, polí- Inicia-se, com efeito, a articulação da promoção da
ticos, econômicos, ambientais etc. (Benevides e Pas- saúde, fenomenologia e humanização, com origem no
sos, 2005). Ao levar em conta essa totalidade, Mekse- pressuposto de que a promoção da saúde atualmente
nas (2002), utilizando o exemplo de um paciente com concebe o novo porque representa uma ruptura com a
dor, considera que a pesquisa fenomenológica signi- visão biomédica da doença, que deve ser enfrentada
fica, nessa situação, relacionar as causas da dor com a mediante o consumo individual ou coletivo de produ-
ação ambulatorial humanizada pela adoção de medi- tos e de serviços cada vez mais “tecnologizados”; em
das multidisciplinares: medicamentos associados a contraposição, procura conceber a saúde como um novo
cuidados, conversas e possibilidades de estabelecer equilíbrio na relação homem–homem e na díade ho-
uma relação dialógica. mem–natureza. Com efeito, o deslocamento do enfoque
O método fenomenológico permite uma visão do do doente em direção à doença, não significa a “desuma-
fenômeno saúde não limitada às causas e aos sinto- nização” da saúde senão a recuperação do homem co-
mas, buscando ampliar a percepção para uma pers- responsável pelos desequilíbrios causantes das suas
pectiva multifacetada por diferentes fatores, de or- doenças (Lefevre e Lefevre, 2004).
dem econômica, política, social, psicológica e cultu- A posição fenomenológica é potencializada pela
ral. Na abordagem qualitativa, pretende-se contribuir inovação e criatividade, portanto, significa compre-
na descoberta das necessidades dos sujeitos, para que ender as representações do outro sobre saúde e sobre
as estratégias de promoção de saúde toquem as ques- qualidade de vida, caracterizando o homem como fini-
tões fundamentais que envolvem a saúde e contribu- to, que pode constituir sentidos, inserido numa socie-
am para sua transformação. As práticas de promoção dade, histórica e socialmente situada, como um sujei-
da saúde devem privilegiar as relações dos agentes to co-responsável pela própria existência, com o conhe-
não de forma massificada e impessoal, mas revestidas cimento e a dimensão valorativa. Assim, a Fenomeno-
de sentido e de singularidade, inserindo-se na formu- logia torna-se um importante referencial na idéia de
lação do conhecimento e restabelecimento da saúde. promoção da saúde, pois os próprios sujeitos e popu-
O desenvolvimento de uma relação de humanização lações que vivenciam o fenômeno atuam na participa-
e de dignidade entre os agentes no cuidado em saúde ção e na melhoria da saúde e na gestão do trabalho.
é a atitude fenomenológica, que se caracteriza como Acredita-se que o enfoque fenomenológico e seus pres-
compreensiva e interpretativa, pois considera a inter- supostos possam contribuir nessa descoberta, por
subjetividade e o respeito ao ser humano, a partir de contemplarem a subjetividade, bem como ousar na
necessidades, significados e sentidos, assim como as tentativa de formular de uma intersubjetividade, per-
várias maneiras de lidar com o fenômeno saúde/doen- mitindo significados e sentidos das relações.
ça na vida cotidiana. Deslandes (2004) acentua que a
humanização da assistência deve ter como proposta
Considerações Finais
uma capacidade comunicativa maior entre profissio-
nais/usuários e priorizar condições estruturais de tra- Com a trajetória reflexiva desenvolvida, e sabendo-se
balho, promovendo uma perspectiva ampliada sobre a que a Fenomenologia descreve o fenômeno tal qual ele
produção do cuidado em saúde. se permite conhecer, respeitando a singularidade de
No que se refere à redução fenomenológica – que cada sujeito, buscando a compreensão e a interpreta-
parte de uma reflexão profunda, descreve e tenta cap- ção, assim como a apreensão da essência dos fenôme-
tar os diversos sentidos do fenômeno – tal atitude nos, acredita-se nas possibilidades de articulação da
favorece descobertas de significados, possibilitando humanização e da promoção da saúde.

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Nesse sentido, o método fenomenológico contri- BUSS, P. M. Promoção da saúde e qualidade de vida.
bui para a humanização e a promoção da saúde, pois Ciência & Saúde Coletiva, Rio de janeiro, v. 5, n. 1, p.
seus pressupostos e abordagens guardam estreita 163-177, 2000.
relação com a concepção de homem, sujeito e protago- CAELLI, K. Engaging with phenomenology: is it more
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dução do cuidado em saúde mais humanizadora pela research: traditional and American phenomenology
escuta e pelo respeito a essas singularidades e carac- in nursing. Qualitative Health Research. 2000.
terísticas de contextos socioculturais e históricos Disponível em: <http://proquest.umi.com>. Acesso
próprios de cada realidade em decurso de mudança. em: 15 abr. 2006.
É necessário aprofundar esse objeto com novos CAMPOS, G. W.; BARROS, R. B.; CASTRO, A. M.
estudos, a fim de possibilitar mudanças nas concep- Avaliação da política nacional de promoção da saúde.
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Recebido em: 03/07/2006


Reapresentado em: 14/04/2007
Aprovado em: 16/05/2007

152 Saúde Soc. São Paulo, v.17, n.1, p.143-152, 2008

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