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Escola Secundária Henriques Nogueira

Ano Letivo 2022/2023


Filosofia – 11º ano, Turmas A, B, C, D e G
Unidade “Filosofia do Conhecimento – É possível conhecer?

ORIGEM DO CONHECIMENTO
2.º Problema: A fonte ou origem do conhecimento
Como conhecemos? A partir da experiência ou a partir da razão?

Racionalismo vs empirismo

ORIGEM DO CONHECIMENTO

RACIONALISMO EMPIRISMO
(Racionalismo do séc. XVII) (Empirismo inglês do séc. XVIII)

Filósofos Será que todo o nosso Filósofos


René Descartes
conhecimento provém da
experiência? John Locke
1596-1650
Ou será que provém 1632-1704
Gottfried Leibniz
também da razão? George Berkeley
1646-1716
1685-1753
Bento de Espinosa Ou procederá de ambas David Hume
1632-1677 estas fontes, mas tem maior 1711-1776
Nicolas Malebranche importância quando provém
1638-1717
de uma do que de outra?

RACIONALISMO

Desconfiança
dos sentidos:
A razão (entendimento) é a Ideias inatas:
fonte principal do As ideias
Eles são fonte
conhecimento. fundamentais
de crenças
já nascem
confusas e,
muitas vezes, connosco.
incertas. A razão é a fonte de um
conhecimento totalmente
independente da experiência
Intuição e dedução:
sensível – a priori, necessário Otimismo
As ideias e universal. A matemática racionalista:
fundamentais constitui o modelo do Há uma
descobrem-se por conhecimento. correspondência
intuição intelectual. entre pensamento
O conhecimento e realidade. Toda
constrói-se de a realidade pode
O sujeito impõe-se ao objeto ser conhecida.
forma dedutiva.
através das noções e princípios
evidentes que traz em si.
EMPIRISMO John Locke
Rejeição do O conhecimento encontra-se
inatismo: limitado pela experiência
Não existem ideias, A experiência é a fonte (externa ou interna) ao nível da
conhecimento ou principal do conhecimento. sua:
princípios inatos. O
entendimento
assemelha-se a uma
página em branco,
Extensão Certezas
Todas as ideias têm uma base
O As certezas de
empírica, até as mais entendiment que dispomos
complexas. O conhecimento o é incapaz referem-se
Significado da do mundo obtém-se através de de apenas áquilo
experiência: impressões sensoriais. ultrapassar que se
É nela que o os limites encontra
conhecimento tem impostos dentro dos
o seu fundamento
pela limites da
e os seus limites.
O objeto impõe-se ao sujeito. experiência. experiência.

Racionalismo Empirismo
- A razão é a fonte principal do conhecimento. - A experiência é a fonte de todo o conhecimento.
- Afirma a existência de ideias inatas. - Nega a existência de ideias inatas.
- A realidade é uma construção da razão. - Todo o conhecimento provém da experiência.
- O sujeito cognoscente é ativo. - A mente está vazia antes de receber qualquer tipo de
informação proveniente dos sentidos
- O conhecimento sensível é enganador. - O conhecimento só é válido dentro dos limites do
observável.
- René Descartes - David. Hume

Fundacionalismo
FUNDACIONALISMO

O conhecimento deve ser concebido como uma estrutura que se ergue e se desenvolve a
partir de fundamentos certos, seguros e indubitáveis.

RAZÃO COMBINAÇÂO EXPERIÊNCIA


DA RAZÃO E DA
EXPERIÊNCIA
Racionalismo Empirismo

Valorização do Valorização do
conhecimento a conhecimento a
priori (mas não se posteriori (mas não
nega a existência do se nega a existência
conhecimento a do conhecimento a
posteriori). priori).
De acordo com a definição tradicional de conhecimento, uma
FUNDACIONALISMO crença encontra-se justificada se tivermos razoes para pensar
que ela é verdadeira.

Uma crença é justificada por outra, a qual por sua vez é


justificada por outra e assim sucessivamente.

A justificação é inferencial: a crença justificada infere-se


daquela que a justifica.

Corre-se o risco de regressão infinita de justificação.

Permitem evitar as

Crenças básicas ou fundacionais.

FUNDACIONALISMO

Crenças básicas
≠ Crenças não básicas

Infalíveis – não podem estar erradas


Incorrigiveis – não podem ser refutadas
Indubitáveis – não podem ser postas em dúvida

Suportam o sistema do saber.


Não necessitam de uma
justificação fornecida por
outras crenças, porque se São justificadas por outras
justificam a si mesmas. crenças.

POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO
1.º Problema: A possibilidade ou validade do conhecimento
Poderemos alguma vez ter um conhecimento verdadeiro, objetivo e absoluto das coisas em geral ou
apenas um conhecimento aproximado?

Dogmatismo vs Ceticismo
POSSIBILIDADE DO
CONHECIMENTO

DOGMATISMO CETICISMO

SIM Será que o sujeito apreende NÃO


efetivamente o objeto?
O sujeito apreende Será que o conhecimento é O sujeito não apreende
objetivamente o possível? totalmente o objeto.
objeto.
Dogmatismo
DOGMATISMO

QUATRO ACEÇÕES DO TERMO

Posição própria do Confiança de que Submissão, sem Exercício da razão,


realismo ingénuo – a razão pode exame pessoal, a em domínios
ausência de exame atingir a certeza e certos princípios metafísicos, sem
crítico das a verdade. ou à autoridade de uma crítica prévia
aparências. que provém. da sua capacidade.

É o dogmatismo O conhecimento é Expressando uma Opõe-se ao


ingénuo. possível. ausência de criticismo (Kant).
Não coloca o Esta perspetiva espírito crítico, o
problema do opõe-se ao termo adquire
conhecimento. ceticismo. aqui um sentido
Não ocorre pejorativo.
propriamente na
filosofia.

Ceticismo
CETICISMO

Não é possível ao sujeito apreender, de um modo efetivo ou


rigoroso, o objeto.

Ceticismo absoluto Ceticismo mitigado


ou radical ou moderado

Pirro de Élis Arcesilau


(365-275ª.C.) (315-241 a. C.)
Sexto Empírico Carnéades
(séc.(s) II-III \d. C.) (213-128 a. C.)

CETICISMO
RADICAL

- É impossível ao sujeito apreender o objeto.


- O conhecimento não é possível.
- Nega-se que haja justificações suficientes para as nossas
crenças.

Argumentos para a suspensão dos juízos Estado de


neutralidade em que
nada se afirma e nada
se nega,
A existência O facto de os A existência de O facto de nada se
relativamente ao objetos, pelas opiniões compreender por si
mesmo objeto, diversas formas divergentes a e o facto de nada
de sensações e como se nos respeito dos mais poder ser Conduz à ataraxia
perceções apresentam, variados assuntos, verdadeiramente ou ausência de
diferentes, e até desencadearem tornando compreendido com perturbações.
incompatíveis. ilusões e aparências impossível que base noutra coisa:
(os sentidos nos decidamos por regressão infinita
enganam-nos). uma ou outra. da justificação.
CETICISMO
MITIGADO

Não estabelece a impossibilidade do conhecimento, mas sim a


impossibilidade de um saber rigoroso.

Não Podemos afirmar se este ou aquele juízo é ou não verdadeiro, se


corresponde ou não à validade, apenas podemos dizer se é ou não
provável ou verosímil.

CONTRADIÇÃO: o conceito de “probabilidade” pressupões o de


“verdade”.

CETICISMO

Importante no nosso desenvolvimento intelectual.

Inconformismo perante as soluções apresentadas e busca de novas


soluções.

Ceticismo
metódico
≠ Ceticismo
sistemático

É um meio para Adota a dúvida


alcançar a verdade. como um princípio
definitivo.

Dogmatismo Ceticismo
- O sujeito apreende efetivamente o objeto. - Não é possível ao sujeito apreender, de um modo
- Os objetos são-nos dados diretamente e de um efetivo e rigoroso, o objeto.
modo absoluto. - Ninguém possui a verdade absoluta.
- Confiança absoluta na razão. - Desconfiança da razão e dos sentidos.
- René Descartes - David Hume
O RACIONALISMO DE RENÉ DESCARTES
RENÉ
DESCARTES
(1596-1650)

Filósofo racionalista

A razão é a fonte principal do conhecimento:


fonte do conhecimento universal e necessário.

Procurou na razão os fundamentos do conhecimento.

Tentativa de superação dos argumentos céticos radicais.

O método
Proposições da
matemática

Têm origem exclusivamente racional e a priori.

Método inspirado na matemática.

REGRAS DO MÉTODO

Evidência Análise Síntese Enumeração/revisão

Não aceitar nada Dividir cada Começar pelo mais Fazer enumerações
como verdadeiro se uma das simples e fácil e tão completas e
não se apresentar a dificuldades em subir gradualmente revisões tão gerais
consciência como partes, para para o mais que tivesse a
clara e distinta, sem melhor se complexo, certeza de nada
qualquer margem resolver. omitir
para dúvidas.

REGRAS DO MÉTODO

Permitem guiar a razão (o bom senso), orientando duas operações


fundamentais

Intuição Dedução

Ato de apreensão direta e Encadeamento de intuições,


imediata de noções envolvendo um movimento
simples, evidentes e do pensamento, desde os
indubitáveis. princípios evidentes ate às
consequências necessárias.
A dúvida
DÚVIDA

Recusar todas as crenças em que se note a mínima suspeita de incerteza. Se alguma


crença resistir à
É um instrumento da luz natural ou razão, posto ao serviço da verdade. dúvida, então ela
poderá ser a base
ou o fundamento
RAZÕES QUE JUSTIFICAM A DÚVIDA para as restantes.

Por causa dos Porque os Porque não Porque alguns Porque pode
preconceitos e sentidos são dispomos de um seres humanos existir um deus
dos juízos muitas vezes critério que nos se enganaram enganador, ou
precipitados enganadores: permita discernir nas um génio
que convém fazer o sonho da demonstrações maligno, que
formulámos na de conta que vigília. matemáticas. sempre nos
infância. nos enganam engana.
sempre.

Esta hipótese equivale a admitir que o entendimento humano é de tal


natureza que se engana sempre, mesmo quando pensa captar a verdade.

CARACTERISTICAS DA DÚVIDA

Metódica e Hiperbólica Universal e


provisória radical

É um meio para Rejeita como se Incide não só sobre


atingir a certeza e a fosse falso tudo o conhecimento em
verdade, não aquilo em que se geral, como
constituindo um note a mínima também sobre os
fim em si mesmo. suspeita de seus fundamentos e
incerteza. as suas raízes.

DÚVIDA

EXERCÍCIO VOLUNTÁRIO SUSPENSÃO DO JUÍZO

FUNÇÃO DA DÚVIDA

Tem uma função catártica, já que liberta o espírito dos erros que o
podem perturbar ao longo do processo de indignação da verdade.

Abre caminho à probabilidade de reconstruir, com fundamentos


sólidos, o edifício do saber.
O cogito
CARACTERISTICAS DO COGITO

É um princípio evidente e indubitável, uma certeza indubitável.

Obtém-se por intuição, de modo inteiramente racional e a priori.

Serve de modelo do conhecimento, fornece o critério de verdade.

É uma crença fundacional relativamente a todo o sistema do saber.

Apresenta a condição da dúvida e impõe uma exceção à sua universalidade.

Revela a natureza ou a essência do sujeito: o pensamento ou a alma.

Refere-se a toda a atividade consciente, distinguindo-se do corpo. A alma é


conhecida antes do corpo e de tudo o resto, de forma bastante mais fácil.

CRITÉRIOS DE VERDADE

CLAREZA DISTINÇÃO

Presença da ideia ao Separação de uma ideia


espírito. EVIDENCIA relativamente a outras: não lhe
estão associados elementos
que não lhe pertençam.

Aida não afastámos a hipótese do deus enganador.


Necessitamos de demonstrar a existência de um deus que não nos engane.

SER IMPERFEITO: possuir o saber é uma


SUJEITO PENSANTE
perfeição maior do que duvidar.

Dispõe de ideias Tipos de ideias

Adventícias Factícias Inatas

Têm origem na São fabricadas Soa ideias


experiência pela imaginação. constitutivas da
sensível. própria razão.

Ideias de árvore, Exemplos Exemplos


cebola, relógio. Ideias de sereia, Ideia de
unicórnio, dragão. pensamento,
existência, ser
perfeito.
IDEIA DE SER PERFEITO: noção de um ser
omnisciente, omnipotente e sumamente bom.

PROVA DA EXISTÊNCIA DE DEUS

1ª prova 2ª prova 3ª prova

Argumento ontológico: Argumento da marca A causa da existência


na ideia de ser perfeito impressa: a causa que do ser pensante e
estão compreendidas faz com que a ideia de imperfeito não é ele
todas as perfeiçoes; a ser perfeito, que próprio. De contrário,
existência é uma dessas representa uma daria a si próprio as
perfeiçoes: logo, Deus substância infinita, se perfeiçoes de que tem
existe necessariamente. encontre em nós não ideia. Além disso, como
O facto de existir é pode ser outro ser senão o sujeito finito não tem
inerente à essência de Deus, que possui todas o poder de se conservar
Deus. as perfeiçoes no seu próprio ser, o seu
representadas nessa criador e conservador é
ideia. Deus (causa sui).

A existência de Deus
É um ser perfeito e não é É infinito, a fonte do
enganador. bem e da verdade.

É a garantia da verdade É omnipotente, eterno e


objetiva das ideias claras e omnisciente.
distintas.

É o criador das verdades DEUS Embora criador do


eternas, a origem do ser e - Universo, não é autor do
o funcionamento da a sua mal nem responsável
certeza. importância pelos nossos erros.
no sistema
Garante a adequação entre cartesiano É o princípio do ser e do
o pensamento evidente e a conhecimento.
realidade.

Legitima o valor da Permite superar os


ciência e confere argumentos dos céticos
objetividade ao radicais e provar a
conhecimento. existência do mundo
exterior.
A teoria do erro e as três substâncias
TEORIA DO ERRO
No erro intervêm:

ENTENDIMENTO VONTADE

Formula juízos. Dá ou não o


consentimento aos juízos
que o entendimento
fórmula.
Erramos quando se verifica uma precipitação da vontade – quando usamos mal a
liberdade e damos o consentimento a juízos que não são evidentes.

Três tipos de
substâncias e os seus
atributos essenciais

Substância pensante Substância extensa Substância divina


(res cogita) (res extensa) (res divina)

Vários atributos, todos


Pensamento Extensão eles numa perfeição
infinita.

Alma Corpo Qualidades objetivas



Ser humano Qualidades subjetivas
(não estão presentes
nos corpos)
O fundacionalismo de Descartes
Fundacionalismo de
Descartes

Ideias inatas
- o conhecimento claro e
distinto

Principais verdades:
A Existência do pensamento (alma), traduzida no cogito;
A existência de Deus, ser perfeito, com os atributos respetivos;
A existência de corpos extensos em comprimento, largura e altura.

O fundamento do conhecimento é o cogito, enquanto crença básica ou


fundamental e primeira verdade, e outras ideias claras e distintas da razão.
Todavia, este fundamento do conhecimento depende daquele que é o princípio
de toda a verdade: Deus.
CÍRCULO CARTESIANO:
O facto da ideia de que temos de Deus ser clara e distinta garante-nos que Deus
existe; mas é Deus quem garante a verdade e a objetividade das ideias claras e
distintas.
O EMPIRISMO DE DAVID HUME

DAVID
HUME
(1711-1776)

Filósofo empirista

O conhecimento deriva fundamentalmente da


experiência.

Todas as crenças e ideias têm uma base empírica, até as mais


complexas.

É na experiência que deve ser procurado o fundamento do


conhecimento.

Elementos do conhecimento

Elementos do
conhecimento

Perceções

Grau de
Ideias
Impressões maior força e menor
(pensamento)
vivacidade

São as representações
São as perceções
das impressões, ou as
mais vividas e
As ideias sus imagens
fortes, como as
derivam das enfraquecidas.
sensações,
impressões, são Exemplo: a memória
emoções e
cópias delas. da cor de uma for
paixões.
(As ideias da
Exemplo: a cor
memória são mais
de uma flor.
fortes e vividas que as
da imaginação).
Não existem
ideias inatas.
Ideias
Impressões
(pensamento)
Simples

Exemplo: Não admitem Exemplo:


sensação visual de qualquer separação memória de um
um tom de verde ou divisão. tom de verde

Podem ser divididas


Exemplo em partes, resultando Exemplo
Ver uma certa maça. da combinação das Pensar numa certa
impressões ou das maça.
ideias simples.

Complexas

Ideias simples derivam de impressões simples, mas muitas ideias complexas não resultam de
impressões complexas.
A ideia de Deus, por exemplo, referindo-se a um Ser infinitamente inteligente, sábio e bom, é
uma ideia complexa que tem por base ideias simples que a mente e a vontade compõem,
elevando sem limite as qualidades de bondade e sabedoria. Nenhum objeto da experiência
sensível lhe corresponde,

Tipos ou modos de conhecimento

Tipos ou modos de
conhecimento
Não estão A sua justificação
dependentes do RELAÇÕES QUESTÕES encontra-se na
confronto com a DE IDEIAS DE FACTO experiência
experiência. sensível.
Conhecimento a Conhecimento a
priori, traduzido em posteriori, traduzido
proposições em proposições
necessárias. contingentes.
São sempre Poderiam ter sido
verdadeiras, em Verdades necessárias Verdades contingentes falsas.
quaisquer Exemplo Exemplo Negá-las não
circunstâncias. 2+2=4 As estrelas cintilam. implica
Nega-las implica contradição.
contradição.
São os
conhecimentos da Os conhecimentos a priori nada nos dizem de substancial acerca do mundo.
lógica e da
matemática. A distinção entre relações de ideias e questões de facto é, de certa maneira,
equivalente à distinção entre juízos analíticos e juízos sintéticos (a posteriori).
Princípios
de associação de ideias

Contiguidade no Causalidade
Semelhança
tempo e no espaço (causa e efeito)

Exemplo Exemplo Exemplo


Uma ave desenhada A recordação de uma O vinho que se bebeu
num papel faz lembrar festa de aniversário leva em excesso (causa)
uma ave que vemos à recordação dos amigos fez pensar nas
voar. que estavam presentes. desagradáveis
consequências que
daí advirão (efeito).

Causalidade e conexão necessária

CAUSALIDADE E
INDUÇÃO

Factos que esperamos que se verifiquem no futuro…

… têm por base uma inferência causal.

Inferências de carácter indutivo


(indução como previsão).

Exemplo
Até hoje sempre o calor dilatou os corpos. Logo, isso irá
igualmente verificar-se amanhã.

CONEXÃO NECESSÁRIA?

RELAÇÃO DE CAUSA E EFEITO

É geralmente entendida como uma conexão.

Mas não dispomos de qualquer impressão


relativa à ideia de conexão necessária entre
fenómenos.

A única coisa que percecionamos é que entre


As certezas
dois fenómenos se verifica uma conjunção
relativas aos factos
constante. futuros têm só um
fundamento
Conhecimento O conhecimento acerca dos factos futuros é psicológico: o
a posteriori e apenas suposição ou probabilidade, hábito ou costume.
não a priori. assentando na expetativa.

O hábito é um guia imprescindível da vida


prática, mas não constitui um princípio
racional.
O eu, o mundo e Deus

Inferência causal Apenas se pode aceitar quando é


estabelecida entre impressões.

Algo de que nunca tenhamos tido qualquer impressão.

MUNDO
EU (REALIDADE DEUS
EXTERIOR)

A crença na identidade, Não temos experiência O eu concebemos como


na unidade e na ou impressão de uma existente também o
permanência do eu é a realidade exterior e podemos conceber
penas um produto da independente das como não existente.
imaginação, não sendo nossas impressões. Só a Por outro lado, Deus
possível de afirmar que coerência e a não é objeto de
existe o eu como constância de certas qualquer impressão. Os
substância distinta em perceções é que nos argumentos tradicionais
relação às impressões e levam a acreditar nessa deixam de ter sentido.
às ideias. realidade externa.

1.2.4.5. O fundacionalismo de Hume

Relativo às teorias
Fundacionalismo de Hume metafisicas: elas
procuram ultrapassar o
Empirismo âmbito da experiência e
da observação, o que
Hume considera
Fenomenismo Ceticismo inaceitável.
Mitigado ou moderado,
Só conhecemos as A crença na existência Hume reconhece as
perceções, pelo que a de algo para lá dos limitações das nossas
realidade acaba por se fenómenos carece de capacidades cognitivas e
reduzir aos fundamento. A a nossa propensão para o
fenómenos. capacidade cognitiva de erro.
entendimento humano
limita-se ao âmbito do
provável.

Crenças básicas para um empirista: crenças de Baseiam-se nas


que se está a ter estas ou aquelas experiências. impressões dos sentidos.
Análise comparativa das teorias de Descartes e Hume

DESCARTES HUME

A razão é a fonte do conhecimento Todo o conhecimento procede da


verdadeiro – racionalismo. experiência, e todas as ideias acabam
Devidamente guiada pelo método, a por ter uma origem empírica -
Origem do
razão poderá alcançar conhecimentos empirismo. Deste modo, também as
conhecimento
evidentes, claros e distintos ideias que conduzem a proposições
independentes da experiência. evidentes e necessárias (relações de
ideias) derivam, em última análise, de
experiência.

Para além das ideias factícias e Não existem ideias inatas, todas as
adventícias, existem ideias inatas. A ideias derivam das impressões. As
Operações da
partir destas últimas, é possível obter diversas operações da mente baseiam-
mente e ideias
o verdadeiro conhecimento, se nos princípios da associação de
mediante as operações fundamentais ideias: a semelhança, a contiguidade
da mente: a intuição e a dedução. no tempo e no espaço-

Usando a dúvida, Descartes adotou A realidade a que temos acesso reduz-


um ceticismo metódico. Mas, uma se ao âmbito das perceções. A
Possibilidade do
vez que depositava inteira confiança capacidade cognitiva do entendimento
conhecimento
na razão, podemos, de certo modo, humano limita-se ao âmbito do
inseri-lo no quadro do dogmatismo. provável, pelo que nos encontramos
no campo do ceticismo.

Podemos ter ideias claras e distintas Não encontramos qualquer princípio


dos atributos essenciais de três tipos que confira unidade e conexão às
de substâncias: perceções. Não temos impressões:
Perspetivas
- Substância pensante, - do eu pensante,
metafísicas
- Substância extensa, - de uma realidade exterior,
- Substância divina. - de Deus.
Deus é o fundamento do ser e do Não se pode afirmar a existência de
conhecimento. qualquer fundamento metafísico para
o conhecimento.

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