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Produção de Texto
Mariana Batista
E-book 2
E-book
Leitura e Tipologias Textuais
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Neste E-book:
INTRODUÇÃO���������������������������������������������� 3
O CONCEITO DE LEITURA����������������������� 4
Tipologias textuais, subtipos, gêneros e
espécies����������������������������������������������������������������� 11
CONSIDERAÇÕES FINAIS���������������������� 35
SÍNTESE�������������������������������������������������������36
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INTRODUÇÃO
3
O CONCEITO DE
LEITURA
Iniciaremos este tópico perguntando a você, estudan-
te: “Como você definiria leitura?” e “O que o ato de
ler significa para você?” Ao procurar nos dicionários
Sacconi (2010) e no Dicionário Eletrônico Houaiss
de Língua Portuguesa, encontramos que leitura é:
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uma mensagem, um acontecimento. 4. ato de
decifrar qualquer notação; o resultado desse
ato. (HOUAISS, dicionário eletrônico)
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Figura 1: A leitura como produtora de sentidos Fonte: Blog da Livraria
Loyola
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que produzem o seu bordado apenas com os
fios que trazem nas veias de sua história – se
o fossem, a leitura seria um outro bordado que
se sobrepõe ao bordado que se lê, ocultando-
-o, apagando-o, substituindo-o. São mãos car-
regadas de fios, que retomam e tomam os fios
que no que se disse pelas estratégias de dizer
se oferece para a tecedura do mesmo e outro
bordado. (GERALDI, 1997, p. 166).
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formações, para estudar, por fruição ou por pretexto,
isto é, o texto serve como instrumento para outras
ações.
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de fruição; busca trazer distração, entretenimento,
lazer e satisfação.
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conhecimentos, conceitos etc. e estando apto para
escrever uma síntese do que foi lido.
Podcast 1
Podcast 2
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Tipologias textuais, subtipos,
gêneros e espécies
Iniciamos este tópico com ênfase na importância
do ato de ler e, para a realização de uma boa leitura,
temos que seguir alguns passos, tais como: identi-
ficação do tema, a localização espaço-temporal do
texto, seus objetivos e ideias centrais. Para tanto, é
preciso compreender que cada texto, segundo as
suas intenções, tem um formato e é isso que vere-
mos neste momento.
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des linguísticas e discursivas básicas que todos nós
precisamos dominar para construir nossos textos.
Há, ainda, outras tipologias: o texto argumentativo
stricto sensu e argumentativo não-stricto sensu (tipo-
logia 2); o preditivo e não preditivo (tipologia 3); o do
mundo comentado e o do mundo narrado (tipologia
4); o lírico, épico/narrativo e dramático (tipologia
5); o humorístico e não humorístico (tipologia 6);
o literário e não literário (tipologia 7); e o factual e
ficcional (tipologia 8).
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O gênero é um instrumento linguístico de ação
social estabelecido no curso da história por
grupos sociais geralmente denominados de
“comunidades discursivas”, em áreas de ação
social diversas, como as comunidades reli-
giosas diversas, a jornalística, a da indústria
e do comércio, a do entretenimento, a militar,
a policial, a acadêmico-científica, a jurídica/
forense, a da educação escolar, a artístico-
-literária etc. (TRAVAGLIA, 2018, p. 1353)
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composição e funcionamento dos textos, sem este
entendimento, corremos o risco de criar incoerências
e repetições desnecessárias. Essas relações são de
vinculação e de composição.
Esquema 1
Tipo
Gêneros(s) Espécies
Espécies Gêneros(s)
Espécies
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Esquema 2 Ditirambo
Elegia
Espécie
Epitalâmio
Poemas
Pelo bucólicos
conteúdo:
Tipo Etc.
Lírico
Acróstico
Pela Balada
forma:
Soneto
Haicai
Etc
Esquema 3
Carta
Espécie Telegrama
Ofício
Pela
forma Memorando
Gênero
Bilhete
Correspon-
dência
Cartões
Pela forma
e conteúdo Carta
comercial
Etc.
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As relações de composição se dão por três modos:
cruzamento ou fusão; conjugação; intercâmbio.
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b) Conjugação: vários tipos de uma tipologia cons-
tituem um texto, com relações hierárquicas ou lado
a lado, no primeiro caso há um tipo dominante obri-
gatoriamente. Por exemplo, no romance o tipo do-
minante é o narrativo, no entanto, podem aparecer
trechos descritivos, dissertativos ou injuntivos. Ou
não há nenhum tipo dominante, os tipos aparecem
somente conjugados e nenhum está subordinado
ao outro, por exemplo, “na ‘bula’ a descrição aparece
sempre na composição do remédio, já a injunção
aparece na posologia, a dissertação na explicação
de como o remédio age no organismo e a narração
em relatos de casos clínicos”. (TRAVAGLIA, 2007b,
p. 1302)
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o produtor do texto como alguém mais gentil
que faz um pedido ou ainda mais sutilmente
insinua o que quer que seja feito, contando
com a competência do seu interlocutor, dentro
da situação específica. (TRAVAGLIA, 2018, p.
1363)
Saiba Mais
Para conhecer as características das outras ti-
pologias textuais leia: TRAVAGLIA, Luiz Carlos.
Tipologia textual e o ensino da língua. Domí-
nios da Linguagem, vol. 12, n. 03, jul-set, 2018,
pp. 1336-1400. Disponível em: http://www.seer.
ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem/article/
view/41612/23986. Acesso em: 19 fev. 2019.
Tipo Narrativo
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e locativos. De maneira geral, a narrativa possui cinco
elementos estruturantes, são eles:
A Infinita Fiandeira
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repaginava o mundo. Contudo, sempre inacabava as suas
obras. Ao fio e ao cabo, ela já amealhava uma porção de
teias que só ganhavam senso no rebrilho das manhãs.
E o pai:
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- O que é que dizem mãe?
- Faço arte.
- Arte?
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dutivos afazeres. Felizmente, isso tinha acabado, e os pou-
cos que teimavam em criar esses poucos rentáveis produtos
- chamados de obras de arte - tinham sido geneticamente
transmutados em bichos. Aranhas, ao que parece.
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solução, a transforma em humana e, ao chegar ao
mundo dos humanos, ela também não é bem aceita,
pois ao responder o que fazia disse que Arte. E arte
é algo que há muito tempo deixou de ter importân-
cia, as pessoas que as fazia foram transformadas
em aranha. A construção deste conto é cheia de
metáforas e do uso do sentido conotativo, abrindo
possibilidade para mais de uma interpretação; po-
demos afirmar que o fazer das teias está vinculado
ao trabalho do escritor, em especial o de literatura,
que, apesar de estar em um alto grau de erudição, a
literatura é considerada por muitas pessoas como
um fazer improdutivo e para poucos.
Tipo Descritivo
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Pelo fato de a descrição apresentar um es-
tado, que sofrerá mudanças, é muito comum
que os textos comecem com uma descrição
e, depois, convertam-se numa narração. A des-
crição serve para apresentar personagens,
lugares, estados, que, no curso da ação, so-
frerão transformações. Por isso, o texto des-
critivo não relata mudanças de situação; nele,
ações e qualidades são vistas como um es-
tado único. (SAVIOLI; FIORIN, 2011, p. 343)
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O Jantar do Bispo
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O texto acima é a primeira parte de um conto, confor-
me podemos observar. Ele faz a descrição da parte
externa de uma casa: da frente, dos lados e de trás.
O tempo é o do passado, o narrador descreve como
a casa era quando os fatos que serão narrados após
a descrição da casa aconteceram. Por ser bem deta-
lhada, podemos reproduzir em nossas mentes uma
impressão equivalente ao objeto que está sendo
retratado, pois a descrição neste conto tem como
função situar o leitor no espaço da história.
Saiba Mais
Leia o conto “O Jantar do Bispo”, de Sophia de
Mello Andresen, em: http://textosintegrais.blogs-
pot.com/2011/04/o-jantar-do-bispo-de-sophia-
-de-mello.html. Acesso: 19 fev. 2019.
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A tipologia textual dissertativa tem dois subtipos: o
expositivo e o explicativo, no entanto, usaremos o ter-
mo argumentativo, pois é o de uso mais comum entre
os professores de Língua Portuguesa. Entendemos
que o primeiro tem como objetivos informar e escla-
recer o leitor sobre determinado assunto, pois possui
um saber teórico já consolidado que serve como
base para a reflexão. No expositivo temos, portanto:
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não uma tomada de posição do autor em relação ao
assunto tratado. Veja este exemplo:
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pertence à coleção Gilberto Chateaubriand, exposta no MAM
do Rio.
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Quem vai olhar por elas?
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ver as agressões como normais e orientá-las sobre como se
proteger. Os jovens, por sua vez, precisam ser formados para
ver as mulheres como semelhantes, e não como inferiores.
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autores renomados, entre outros. Conforme podemos
observar, no segundo e no terceiro parágrafo a autora
traz alguns fatores históricos sobre o tema e a Lei
Maria da Penha como argumentos e fundamentação
para a defesa de seu ponto de vista.
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Há o emprego de períodos curtos e simples, pois
eles auxiliam na clareza das informações; outra ca-
racterística de textos de tipologia injuntiva é o uso
de verbos no imperativo (acrescente), no futuro do
presente (colocará) e no infinitivo (acrescentar) e,
em geral, é utilizado o pronome de tratamento você.
Observe o exemplo:
Ingredientes:
500 g de polvilho azedo
1 copo (americano) de água
1 copo (americano) de leite
1/2 xícara de óleo
2 ovos
100 g de queijo parmesão ralado
Sal a gosto
Modo de Preparo:
Em uma panela, ferva a água e acrescente o leite, o óleo e
o sal.
Adicione o polvilho, misture bem e comece a sovar a mas-
sa com o fogo desligado.
Quando a massa estiver morna, acrescente o queijo par-
mesão, os ovos e misture bem.
Unte as mãos e enrole bolinhas de 2 cm de diâmetro.
Disponha as bolinhas em uma assadeira untada com óleo,
deixando um espaço entre elas.
Asse em forno médio (180º C), preaquecido, por cerca de
40 minutos.
(Disponível em: https://www.tudogostoso.com.br/receita/
1443-pao-de-queijo.html. Acesso em: 19 fev. 2019).
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Podemos observar que esse tipo de texto apresenta
uma estrutura linear ordenada temporalmente, há
uma sucessão lógica e cronológica das fases e/ou
etapas que o interlocutor deverá seguir para execu-
tar a tarefa de forma bem sucedida. Diante dessas
considerações, podemos concluir que a tipologia
textual injuntiva instrui e ensina alguém a fazer algo
ou como deve agir em determinadas situações.
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CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Neste módulo percorremos um importante caminho:
começamos por apresentar a você, estudante, o con-
ceito de leitura, compreendendo que o ato de ler vai
além da decifração de códigos, ele é um produtor de
sentidos que dá vida ao texto. Vimos também que,
para nossa produção textual dentro da universidade,
nossos estudos como leitores devem passar por
algumas fases de leitura, são elas: pré-leitura; leitura
seletiva; crítica ou reflexiva e interpretativa. Sendo
que a última fase é a mais completa de todas.
Em um segundo momento, estudamos categorias
de textos e vimos suas diferenças e relações que
estabelecem entre si: tipos, subtipos, gêneros e
espécies. E nos aprofundamos nos tipos narrativo,
descritivo, dissertativo e injuntivo. No tipo narrativo
tem-se como objetivo contar acontecimentos e di-
zer os fatos; já no tipo descritivo o enunciador quer
caracterizar e dizer como é determinada pessoa ou
objeto; por sua vez, o tipo dissertativo tem como
propósito expor ideias, conceitos avaliando, anali-
sando e refletindo sobre eles; por fim, o tipo injuntivo
diz o que e como deve fazer, incitando a realização
de uma situação.Diante desse breve resumo do que
foi estudado aqui, espero que seus conhecimentos
sejam ampliados. No próximo módulo iniciaremos
nosso contato com a prática de produção textual
acadêmica, portanto, veremos alguns gêneros tex-
tuais do tipo dissertativo. Até Breve!
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Síntese
• Leitura;
• Tipologias Textuais.
Leitura
Em Leitura apresentamos a definição desse conceito a
partir do Dicionário Sacconi e do Dicionário Eletrônico
Houaiss de Língua Portuguesa: o ato de ler vai além da
decifração de códigos e sua decodificação, trata-se de
atribuir significado para o que é lido. É um processo
dinâmico e dialógico que depende de fatores linguísticos
(coerência, coesão, denotação, conotação, uso de figuras
de linguagem etc.) e dos fatores contextuais (o que se
quer dizer em determinada situação).
Tipologias textuais
No tópico tipologias textuais, com base em Travaglia
(2007a, 2007b, 2009, 2018), iniciamos nossos estudos
apresentando a definição e diferença entre tipos textuais,
subtipos, gêneros e espécies.