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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS


DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA
PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO – PDIZ (UFC/UFRPE/UFPB)

José Everton Alves

TOXICIDADE DO NIM (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae)

PARA Apis mellifera E SUA IMPORTÂNCIA APÍCOLA NA

CAATINGA E MATA LITORÂNEA CEARENSE.

FORTALEZA

2010
JOSÉ EVERTON ALVES

TOXICIDADE DO NIM (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) PARA

Apis mellifera E SUA IMPORTÂNCIA APÍCOLA NA CAATINGA E

MATA LITORÂNEA CEARENSE.

Tese submetida à Coordenação do Curso de Pós-


Graduação em Zootecnia da Universidade Federal do
Ceará, a qual faz parte do Programa de Doutorado
Integrado em Zootecnia (PDIZ) juntamente com a
Universidade Federal Rural de Pernambuco e
Universidade Federal da Paraíba, como requisito
parcial para obtenção do grau de Doutor em
Zootecnia.

Orientador: Prof. Dr. Breno Magalhães Freitas.

FORTALEZA
2010
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Federal do Ceará
Biblioteca de Ciências e Tecnologia

A477t Alves, José Everton.


Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e
sua importância apícola na caatinga e mata litorânea cearense. / José Everton Alves.
– 2010.
140f.: il. enc.; 30cm.

Tese (doutorado) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciências Agrárias,


Departamento de Zootecnia, Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia,
Fortaleza, 2010.
Área de concentração: Produção e melhoramento animal.
Orientação: Prof. Dr. Breno Magalhães Freitas.

1. Nim indiano. 2. Abelhas melíferas. 3. Apicultura. I. Título.

CDD 636.08
JOSÉ EVERTON ALVES

Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua

importância apícola na caatinga e mata litorânea cearense.

Tese submetida à Coordenação do Curso de Pós-


Graduação em Zootecnia da Universidade Federal do
Ceará, a qual faz parte do Programa de Doutorado
Integrado em Zootecnia (PDIZ) juntamente com a
Universidade Federal Rural de Pernambuco e
Universidade Federal da Paraíba, como requisito parcial
para obtenção do grau de Doutor em Zootecnia.

A citação de qualquer trecho desta tese é permitida, desde


que seja feita em conformidade com as normas da ética
científica.

Tese aprovada em Fortaleza em 12 de março de 2010.


À DEUS, que nos deu a sabedoria e
curiosidade para estudarmos a natureza tão
rica de belezas e mistérios que certamente
nunca será conquistada.

CONSAGRO

À minha esposa Thalita Kelly Martins Marques e à


minha filha Mirela Martins Marques Alves pela
felicidade que semeiam todos os dias em minha
vida.

DEDICO

iii
Aos meus pais José Edson Alves e Teodora
Pereira Alves e ao meu sogro Benedito Gerson
Marques e minha sogra Maria de Fátima Martins
Marques por acreditarem, torcerem e por me
proporcionarem condições ideais para a realização
deste trabalho.

OFEREÇO

Aos colegas professores do Curso de Zootecnia da


Universidade Estadual Vale do Acaraú que tanto
me ajudaram na realização deste curso de pós-
graduação.

AGRADEÇO

iv
AGRADECIMENTOS

À Deus ...

Ao departamento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do

Ceará pela oportunidade de realização do Curso de Doutorado em Zootecnia.

À Universidade Estadual Vale do Acaraú pelas instalações e colônias de abelhas usadas no

experimento.

À EMATERCE, pelas licenças concedidas para a conclusão do curso.

Ao professor Breno Magalhães Freitas, pela orientação, formação acadêmica, dedicação,

compreensão, paciência, conselhos, preciosas ajudas e grande amizade.

Ao Prof. Dr. Ednardo Rodrigues Freitas pelas análises estatísticas e conselhos formulados que

tanto contribuíram na elaboração e finalização deste trabalho.

Ao Dr. Deoclécio Guerra Paulino, pela amizade e companheirismo e pelo apoio incondicional

para a realização dos experimentos no setor de Apicultura da UFC.

Aos alunos do curso de graduação em Zootecnia da Universidade Estadual Vale do Acaraú

(UVA), Celso Braga Magalhães, Emanuelle Bruna Rodrigues Carneiro, Fábio Carreiro

Chaves de Melo e José Ribeiro do Nascimento pela ajuda nas coletas de dados.

Ao Sr. Guido José Alves Dias pela permissão de uso de sua propriedade e de suas colônias

nos experimentos.

Ao Sr. Auricélio Paulo da Costa pela hospitalidade, amizade, cordialidade e ajuda durante o

manejo das colônias nos dias de coletas de dados.

Aos meus irmãos José Edson Alves Júnior e Maria Loyde Alves Freire e suas respectivas

famílias pela amizade e convívio.

v
Aos amigos do Grupo de Pesquisas com Abelhas da Universidade Federal do

Ceará (GPA-UFC), Adrielle Albuquerque dos Santos, Afonso Odério Nogueira Lima,

Epifânia Emanuela de Macêdo Rocha, Eva Mônica Sarmento, Francisca Ligia Aurélio

Mesquita, Iana Larissa B. da Cunha, Igor Torres Reis, Isac Gabriel Abraão Bomfim, Luiz

Wilson Lima-Verde, Marcelo Casimiro Cavalcante, Marcelo de Oliveira Milfont, Márcia de

Fátima Ribeiro, Mikail Olinda de Oliveira e Rômulo Augusto Guedes Rizzardo, que

proporcionaram na UFC, um ambiente de grande amizade e companheirismo que deixarão

fortes lembranças.

Aos amigos e funcionários do Setor de Abelhas da UFC, Sr. Francisco José

Carneiro da Silva e Sr. Hélio Rocha Lima.

Aos conselheiros, Darcet Costa Souza, João Paulo de Holanda Neto, Júlio

Otávio Portela Pereira, Raimundo Maciel Sousa pelas sugestões e colocações que muito

colaboraram para a finalização desta obra.

A todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste

trabalho.

vi
EPÍGRAFE

A humanidade intervem na natureza para suprir

suas necessidades ou satisfazer suas vontades.

Esquecem os humanos que as leis da natureza

existem para atender às necessidades de

manutenção do equilíbrio e da vida no planeta.

José Everton Alves

vii
SUMÁRIO

Lista de tabelas ............................................................................................................... xi

Lista de figuras ............................................................................................................... xiii

Resumo geral .................................................................................................................. xvi

Abstract ........................................................................................................................... xix

INTRODUÇÃO GERAL ............................................................................................... 1

CAPÍTULO 1 - Utilidades do nim (Azadirachta indica: Meliaceae) como

inseticida orgânico e seu potencial para a apicultura: Revisão bibliográfica.

Utilidades e propriedades de Azadirachta indica: Revisão ....................................... 2

Resumo.................................................................................................................. 3

Abstract ................................................................................................................. 4

1.1. Revisão bibliográfica ..................................................................................... 5

1.2. Conclusões ..................................................................................................... 16

1.3. Referências bibliográficas .............................................................................. 17

CAPÍTULO 2 - Biologia floral e requerimentos de polinização do nim

(Azadirachta indica A. Juss: Meliaceae) em áreas de caatinga e de mata

litorânea do Estado do Ceará. ..................................................................................... 27

Resumo.................................................................................................................. 28

Abstract ................................................................................................................. 29

2.1. Introdução ...................................................................................................... 30

2.2. Materiais e métodos ....................................................................................... 33

viii
2.3. Resultados e discussão ................................................................................... 37

2.4. Conclusões ..................................................................................................... 50

2.5. Referências bibliográficas .............................................................................. 50

CAPÍTULO 3 - Influência do florescimento do nim (Azadirachta indica A.

Juss: Meliaceae) sobre a área de crias das colônias de Apis mellifera nos

biomas caatinga e mata litorrânea cearense .............................................................. 56

Resumo.................................................................................................................. 57

Abstract ................................................................................................................. 59

3.1. Introdução ...................................................................................................... 61

3.2. Materiais e métodos ....................................................................................... 63

3.3. Resultados e discussão ................................................................................... 66

3.4. Conclusões ..................................................................................................... 76

3.5. Referências bibliográficas .............................................................................. 77

CAPÍTULO 4 - Toxicidade do pólen, néctar e do odor das flores de nim

(Azadirachta indica A. Juss: Meliaceae) para operárias adultas de Apis

mellifera criadas em gaiolas. ........................................................................................ 83

Resumo.................................................................................................................. 84

Abstract ................................................................................................................. 86

4.1. Introdução ...................................................................................................... 87

4.2. Materiais e métodos ....................................................................................... 88

4.3. Resultados e discussão ................................................................................... 90

4.4. Conclusões ..................................................................................................... 94

4.5. Referências bibliográficas .............................................................................. 95

ix
CAPÍTULO 5 - Toxicidade do pólen de nim (Azadirachta indica A. Juss:

Meliaeceae) para larvas de operárias de Apis mellifera criadas in vitro ................. 98

Resumo.................................................................................................................. 99

Abstract ................................................................................................................. 100

5.1. Introdução ...................................................................................................... 101

5.2. Materiais e métodos ....................................................................................... 103

5.3. Resultados e discussão ................................................................................... 107

5.4. Conclusões ..................................................................................................... 111

5.5. Referências bibliográficas .............................................................................. 112

CONCLUSÕES GERAIS .............................................................................................. 116

SUGESTÕES PARA NOVAS PESQUISAS ................................................................. 119

x
LISTA DE TABELAS

- Capítulo 2 -

Tabela 2.1.: Freqüência média diária de Apis mellifera coletando néctar e pólen em
flores de nim (Azadirachta indica) na caatinga e na mata litorânea cearense, em
2008. 67

- Capítulo 3 -

Tabela 3.2.: Espécies vegetais fornecedoras de pólen para Apis mellifera, no bioma
caatinga (Sobral-CE) em área contendo nim (Azadirachta indica A. Juss.) em
florescimento, e suas respectivas freqüências médias nas amostras obtidas em
coletor de pólen tipo frontal, durante os meses de agosto a outubro de 2008. 86

Tabela 3.2.: Espécies vegetais fornecedoras de pólen para Apis mellifera, no bioma
caatinga (Sobral-CE), sem a presença de nim (Azadirachta indica A. Juss.) e suas
respectivas freqüências médias nas amostras obtidas em coletor de pólen tipo
frontal, durante os meses de agosto a outubro de 2008. 86

Tabela 3.3.: Espécies vegetais fornecedoras de pólen para Apis mellifera, no bioma
mata litorânea (Horizonte-CE), contendo nim (Azadirachta indica A. Juss.), e suas
respectivas freqüências médias nas amostras obtidas em coletor de pólen tipo
frontal, durante os meses de agosto a outubro de 2008. 87

Tabela 3.4.: Espécies vegetais fornecedoras de pólen para Apis mellifera, no bioma
mata litorânea (Horizonte-CE), sem conter nim (Azadirachta indica A. Juss.), e suas
respectivas freqüências médias nas amostras obtidas em coletor de pólen tipo
frontal, durante os meses de agosto a outubro de 2008. 88

Tabela 3.5.: Áreas médias (cm2) de crias de colônias de Apis mellifera dispostas
nos biomas caatinga (Sobral – CE) e mata litorânea (Horizonte-CE), próximas e
distantes de áreas com Azadirachta indica em florescimento. 89

xi
Tabela 3.6.: Percentual de sobrevivência de larvas de as crias em colônias de
abelhas melíferas (Apis mellifera) em ambientes na presença e na ausência de nim
(Azadirachta indica) nos biomas caatinga (Sobral-CE) e mata litorânea (Horizonte-
CE), em 2008. 92

- Capítulo 4 -

Tabela 4.1.: Período, em dias, para mortalidade total nas abelhas na gaiola
(PMTG), índice de mortalidade (IM) e tempo médio de mortalidade (TMM) de
operárias adultas de Apis mellifera criadas em gaiolas sob condições de laboratório
sujeitas às dietas: Água, mel e pólen (T0); água, flores de nim e polen apícola (T1);
água, flores de nim e mel (T2); água e flores de nim (T3); água, mel, pólen e cheiro
das flores de nim (T4) e água, flor de nim, mel e pólen apícola (T5). 110

- Capítulo 5 -

Tabela 5.1.: Mortalidade percentual* de crias de operárias de Apis mellifera


produzidas em condições de laboratório sob diferentes dietas compostas de alimento
larval artificial, pólen de nim (Azadirachta indica) e de outras fontes (legenda). 128

xii
LISTA DE FIGURAS

- Capítulo 1 -

Figura 1.1.: Número de estudos realizados com Azadirachta indica ao longo dos

anos de 1926 a 2008. 26

Figura 1.2.: Mapa dos países onde a espécie Azadirachta indica está presente de

forma nativa ou introduzida pelo homem. 27

- Capítulo 2 -

Figura 2.1.: Quantidade e percentual de abertura das flores de nim (Azadiractha

indica) na caatinga e na mata litorânea no Estado do Ceará em função dos

horários do dia (n = 200). 58

Figura 2.2.: Seqüência do desenvolvimento de flores de Azadirachta indica no

horário da antese. Imagem com aumento de 2X. 59

Figura 2.3.: a) Flor no momento da antese mostrando o andróforo intumescido e

no seu interior o estigma levemente abaixo das anteras. b) Flor 18 horas após a

antese com o andróforo menos intumescido fazendo com que o estigma se

posicione acima das anteras. Figura com aumento de 6X. 60

Figura 2.4.: Grãos de pólen de Azadirachta indica. a) Na forma ovalada

(desidratado) e b) Na forma esférica (intumescidos). Aumento aproximado de

400X. 61

xiii
Figura 2.5.: Ilustração mostrando a probóscide de uma operária de Apis

mellifera introduzida em uma flor de Azadirachta indica em corte longitudinal,

simulando uma visita para a coleta de néctar. 62

Figura 2.6.: Horários de liberação do pólen pelas anteras e de receptividade do

estigma de Azadirachta indica, avaliados em função da reação ao peróxido de

hidrogênio. 64

Figura 2.7.: Percentual de germinação in vitro dos grãos de pólen de nim

(Azadirachta indica) em meios de cultura com diferentes concentrações de

sacarose. 65

Figura 2.8.: Germinação in vitro dos grãos de pólen de nim (Azadirachta indica)

em diferentes idades das flores, em substrato com 40% de concentração de

sacarose. 66

Figura 2.9.: Frutificação de flores de Azadirachta indica que receberam

polinização natural, polinização melitófila com uma única visita de Apis

mellifera e polinização restrita, em condições de caatinga e de mata litorânea, no

Estado do Ceará, em 2008. 69

- Capítulo 3 -

Figura 3.1.: Quadro de colméia Langstroth inserido no suporte para medição da

área de crias seguindo metodologia de AL-TIKRITY et al., 1972. 84

xiv
Figura 3.2.: Desenvolvimento da área média (cm2) de crias de colônias de Apis

mellifera dispostas em apiários próximos e distantes de cultivos de Azadirachta

indica em florescimento nos biomas caatinga (Sobral-CE) e mata litorânea

(Horizonte-CE) durante o período sem chuvas de 2008. 91

- Capítulo 4 -

Figura 4.1.: Sobrevivência média de operárias adultas de Apis mellifera criadas

em gaiolas sob condições de laboratório sujeitas às dietas: Água, mel e pólen

(T0); água, flores de nim e polen apícola (T1); água, flores de nim e mel (T2);

água e flores de nim (T3); água, mel, pólen e cheiro das flores de nim (T4) e

água, flor de nim, mel e pólen apícola (T5). 111

- Capítulo 5 -

Figura 5.1.: a) Recipientes de isopor contendo as cúpulas de polietileno usadas

para a criação de larvas de Apis mellifera em condições controladas de

laboratório; b) Cúpulas devidamente marcadas para a identificação das crias. 125

Figura 5.2.: Sobrevivência ao longo do período experimental das crias de

operárias de Apis mellifera produzidas em laboratório sob as dietas: T0: alimento

larval (AL); T1: alimento larval (AL) com pólen de A. indica (PAI); T2:

alimento larval (AL) e pólen de outras plantas (PAOP); e T3: alimento larval

(AL) com pólen de A. indica (PAI) e pólen de outras plantas (PAOP). 129

Figura 5.3.: Recipiente de isopor contendo os quatro tratamentos. Note as


diferenças de tamanho das larvas de mesma idade e de quantidade de alimento
depositado entre os tratamentos. As cúpulas vazias estão desocupadas por
130
motivos de mortalidade das crias.

xv
Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis
mellifera e sua importância apícola na caatinga e mata litorânea cearense.
José Everton Alves

RESUMO GERAL

O nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) é uma planta de origem

indiana introduzida no território brasileiro principalmente devido às suas propriedades

inseticidas. No entanto, não se sabe ainda como essas propriedades afetam os visitantes florais

e seus possíveis efeitos sobre polinizadores silvestres e para a apicultura. O presente estudo

objetivou, portanto, avaliar a toxicidade dessa espécie vegetal para Apis mellifera e sua

importância como planta apícola. Para tanto, experimentos sobre a biologia floral da espécie,

visitantes florais, desenvolvimento de colônias de A. mellifera em áreas com e sem nim nos

bioma caatinga e mata litorânea e sobrevivência de larvas e adultos alimentados com pólen

e/ou néctar de nim em ambiente controlado foram conduzidos no Laboratório de Abelhas da

Universidade Federal do Ceará - UFC, no Laboratório de Apicultura da Universidade

Estadual Vale do Acaraú - UVA e em propriedades particulares no Estado do Ceará. Os

resultados mostraram que todos os indivíduos estudados de nim apresentaram flores

bissexuadas, com antese por volta das 16 horas e que a maioria dos botões florais encontra-se

com seus estigmas receptivos e suas anteras liberando pólen, ainda inviável, 24 horas antes da

antese. A maior viabilidade do pólen ocorre no momento da antese. Foi encontrado néctar nas

flores de A. indica, porém em quantidades diminutas que não permitiu a captura pelos tubos

capilares. As abelhas Apis mellifera foram os únicos visitantes florais, apresentando maior

freqüência logo nas primeiras horas do amanhecer, onde procuraram coletar néctar e pólen,

sendo as responsávéis pela polinização do nim. O vento não apresentou influência na

polinização. Os resultados mostraram que as colônias distribuídas na área com nim

xvi
apresentaram uma população de crias significativamente maior (p<0,05) do que as dispostas

na área sem nim, tanto na caatinga como na mata litorânea. Essa diferença foi

siginificativamente maior (p<0,05) na caatinga, onde havia menos recursos naturais no

período seco do ano, do que na mata litorânea. Quanto à mortalidade de larvas das colônias, a

da caatinga com nim foi mais elevada (p<0,05) do que a da mata litorânea com nim, e quando

comparadas dentro do mesmo bioma, a mortalidade das larvas das colônias nas áreas com nim

foi significativamente superior (p<0,05) às das colônias colocadas nas áreas sem nim. Apesar

da mortalidade das crias ter sido mais elevada em áreas com nim, este percentual de

mortalidade geralmente foi inferior a 10%, valor limite considerado aceitável. Em ambinete

controlado, adultos de A. mellifera que se alimentaram exclusivamente dos recursos florais de

A. indica foram os que apresentaram menor tempo médio de vida. Verificou-se que na medida

em que os recursos florais de A. indica eram substituídos por outras fontes alimentares na

dieta, o tempo médio de vida aumentava. O simples odor das flores não apresentou efeito de

repelência e não afetou a longevidade das operárias. As larvas de operárias de A. mellifera

criadas em cúpulas artificiais, sob condições de laboratório, que receberam alimento larval

juntamente com pólen exclusivo de A. indica tiveram mortalidade de 100%, sendo

significativamente superior (p<0,05) à mortalidade das demais dietas (alimento larval,

alimento larval + 100 % pólen diverso, alimento larval + 50% pólen diverso + 50% pólen de

nim). Conclui-se então que o uso do nim associado à outras fontes de pólen e néctar parece

estimular o desenvolvimento das colônias pelo acréscimo da oferta de alimento,

compensando, em termos populacionais, o aumento da mortalidade larval. Esse efeito parece

ser inversamente proporcional à escassez de outros recursos florais, sendo tão maior quanto

menor for a disponibilidade de outras fontes de pólen e néctar. No entanto, tanto o néctar

quanto o pólen do nim são tóxicos para adultos e larvas de A. mellifera, não sendo

aconselhável o seu uso como fonte exclusiva de alimento para essas abelhas. No que se refere

xvii
a outros visitantes florais da fauna da caatinga e mata litorânea cearense, aparententemente o

nim não constitui ameaça ou recurso alimentar, haja vista que não foi verificada visitação por

parte de qualquer espécie nativa. Há a necessidade de maiores estudos para determinar níveis

seguros de utilização do nim na apicultura, conhecer outros possíveis efeitos sobre os

indivíduos e colônia de A. mellifera e aprofundar o conhecimento da relação dessa planta com

os visitantes florais nativos.

Palavras chave: Azadirachta indica, nim indiano, Apis mellifera, toxicidade, flora apícola.

xviii
Toxicity of neem (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) for Apis mellifera
and its beekeeping importance in caatinga and coastal vegatations of Ceará.

José Everton Alves

ABSTRACT

Neem (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) is a plant species originating in India

introduced to Brazil mainly due to its insecticidal properties. However, the effect of such

insecticidal properties on floral visitors, wild or reared, is not known. This study aimed to

evaluate the toxicity of this plant species to Apis mellifera and its importance as a source of

pollen and nectar for beekeeping. Experiments on the neem floral biology, floral visitors, A.

mellifera colony development in areas with and without neem in the caatnga a coastal

vegetations and larval and adult survivalship when fed with pollen or nectar of neem in

controlled environment were carried out in the bee labs of the Universidade Federal do Ceará

- UFC, Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA and private properties in the state of

Ceará, Brazil. Results showed that all neem individuals studied bore bissexual flowers, with

anthesis occurring around 16:00h and most flower buds presenting receptive stigmas and

releasing pollen, though still unviable, 24h before anthesis. The highest pollen viability was

observed at anthesis. Flowers of A. indica produced nectar in diminute amounts that did not

allow sampling with capilars. Apis mellifera workers were the only floral visitors registered

showing higher frequency early in the morning, when searching for pollen and nectar, and

pollinating neem flowers. The wind played no role in neem pollination. Results also showed

that honeybee colonies placed in the area with neem produced significantly (p<0.05) larger

brood area than those palcedwhere neem was absent, both in caatinga and coastal vegetations.

This difference was significanlty (p<0.05) greater in caatinga, where there were less natural

resources during the dry season than in the coastal vegetation. Regarding brood mortality, that

xix
in caatinga with neem was higher (p<0.05) than thaof coastal vegetation with neem, and when

compared within the same biome, brood mortality in colonies placed in areas with neem was

significantly (p<0.05) higher than that in colonies of areas without neem. Despite brood

mortality be higher in areas with neem, such mortality percentual was less than 10%, and

within normal mortality parameters for honeybee brood. Under controlled environment, adult

A. mellifera fed exclusively on neem were the ones with the shortest lifespan, but as neem

was progressively replaced in the diet for other food sources, the worker lifespan increased.

Flower odor per si did not produce repelence nor affect bee lifespan. Honeybee brood reared

in artificial cups in the lab receiving larval food + neem pollen presented 100% mortality,

significantly (p<0.05) higher than the other treatments (larval food, larval food + 100% pollen

from other sources, larval food + 50% pollen from other sources + 50% neem pollen). It was

concluded that the use of neem in association with other sources of pollen and nectar seems to

estimulate colony growth due to the augment in food availability compensating, in

populational terms, the increase in brood mortality. This effect seems to be inversally

proportional to the scarcity of other floral resources, being as higher as shorter becomes the

availability of other sources of pollen and nectar. However, both neem pollen and neem nectar

are toxic for adults and larvas of A. mellifera, and it is not advisable its use as exclusive food

source to these bees. Regarding other floral vistors of caatinga and coastal vegetation fauna,

apparently neem does not constitute any threat or food resource, because no native species

was observed exploiting this plant species. There is a need for further studies to determine

safety levels for use of neem in beekeeping, to learn about other possible effects on A.

mellifera individuals and colony and to investigate better the relationship of this plant species

with native floral visitors.

Key words: Azadirachta indica, neem, Apis mellifera, Ttxicity, flowers for beekeeping.

xx
Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua importância
apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

1 – INTRODUÇÃO GERAL

O nim (Azadirachta indica), uma das 550 espécies pertencentes à família

Meliaceae, tem origem na Ásia e seu cultivo vem se expandindo no Brasil nos últimos

anos. A sua disseminação no território brasileiro se dá principalmente em função das

propriedades inseticidas que lhes são peculiares. Porém, estas propriedades inseticidas

podem estar contribuindo para o declínio de polinizadores nos ecossistemas, especialmente

as abelhas, e/ou interferindo com a atividade apícola do país. Entretanto, existem poucos

estudos com essa planta no Brasil, sendo a maioria concentrada no efeito do extrato ou

óleo do nim sobre larvas ou adultos de Apis mellifera, mas não há investigações do seu

potencial como planta apícola ou seu impacto na população de polinizadores nativos. O

presente estudo objetivou, portanto, avaliar a toxicidade dessa espécie vegetal para Apis

mellifera e sua importância como fonte de pólen e néctar para abelhas.

O presente trabalho encontra-se dividido em capítulos e é iniciado com uma

revisão a cerca do uso desta espécie como inseticida e seu potencial para a apicultura,

seguido dos capítulos referentes aos experimentos que procuraram observar a biologia

floral e os requerimentos de polinização da espécie, a influência do nim para a área de crias

de colônias de Apis mellifera na caatinga e na mata litorânea do Estado do Ceará e

finalizando com os ensaios que procuraram determinar a toxicidade dos recursos florais

para operárias adultas e larvas das abelhas africanizadas.

Os trabalhos foram desenvolvidos no Laboratório de Abelhas da

Universidade Federal do Ceará e no Setor de Apicultura da Universidade Estadual Vale do

Acaraú, bem como em propriedades particulares distribuídas nos municípios de Sobral

(caatinga) e Horizonte (mata litorânea).

1
Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua importância
apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

CAPÍTULO 1

Utilidades do nim (Azadirachta indica: Meliaceae) como

inseticida orgânico e seu potencial para a apicultura:

Revisão bibliográfica.

2
Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua importância
apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

- CAPÍTULO 1 -

Importância e uso do nim (Azadirachta indica, Meliaceae) como inseticida

orgânico e seu potencial para a apicultura: Revisão bibliográfica.

RESUMO

O nim (Azadirachta indica) é uma planta de origem asiática, cujo cultivo vem

se intensificando no Brasil para usos diversos, mas principalmente na agricultura. A

presente revisão teve por objetivo investigar o uso do nim no Brasil, o conhecimento

existente sobre a toxidez para Apis mellifera de produtos à base do nim, bem como do

néctar e pólen dessa espécie vegetal. Pôde-se concluir que o uso agrícola do nim se deve à

planta possuir substâncias que apresentam uma diversidade de ações sobre pestes de

cultivos, sendo o efeito inseticida o mais marcante. Em comparação aos defensivos

agrícolas químicos, os produtos a base de nim apresentam uma série de vantagens,

especialmente a baixa toxicidade para os produtores, eficiência e baixos custos, o que os

tem tornado muito populares. Os princípios ativos do nim atuam sobre as pragas de

diversas formas, podendo causar a morte em algumas espécies. Apis mellifera é suceptível

a produtos á base de nim, apresentando irregularidades no desenvolvimento e grande

mortalidade das larvas, redução na área de cria, toxicidade em pupas, reduzida emergência,

malformações dos adultos e grande mortalidade de rainhas nas colônias. Não há trabalhos

publicados testando o efeito do néctar ou do pólen do nim sobre Apis mellifera, fazendo

com que os riscos do uso dessa espécie na apicultura permaneçam desconhecidos.

Palavras chave: Apis mellifera, inseticida a base de nim, nim na agricultura, toxidez do

nim.
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apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

- CHAPTER 1 -

Importance and use of neem (Azadirachta indica, Meliaceae) as organic

insecticide and its potential for beekeeping: Literature review.

ABSTRACT

Neem (Azadirachta indica) is a species originating in Asia but its cultivation is

being intensified in Brazil for many different purposes, especially aiming agriculture. This

review aimed to investigate the use of neem in Brazil, the present knowledge on toxicity to

Apis mellifera of neem-derived products, as well as its pollen and nectar. It was concluded

that the use of neem in agriculture is due to the presence of substances which have a

diversity of actions on crop pests, being the insecticide effect the most remarkable.

Comparing to chemical pesticides, neem-derived products show a series of advantages,

especially for their low toxicity to growers, efficiency and low costs, making them very

popular. Active ingredients of neem act on crop pests of many ways, causing death in some

species. Apis mellifera is suceptible to neem-derived products, showing irregular

development and great brood mortality, brood area reduction, toxicity in pupae, reduction

in emergency, malformation in adult bees and great queen mortality in the colonies. There

are no published papers testing the effect of neem pollen or nectar on Apis mellifera, letting

unknown any possible risk of this plant species for beekeeping.

Key words: Apis mellifera, neem-derived inseticide, neem in agriculture, neem toxicity.

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1.1. Revisão bibliográfica

Importância econômica de Azadirachta indica

O mercado mundial de produtos orgânicos movimentou até o final de 2008

US$ 24,6 bilhões (IBD, 2009). Este mercado apresenta um potencial para um crescimento

de aproximadamente de 30% ao ano em alguns países europeus, integrando uma média

anual de crescimento mundial de 10% (PLANETA ORGÂNICO, 2008).

O Brasil ocupa o segundo lugar na produção de produtos orgânicos no

mundo, apresentando uma área plantada de 6,5 milhões de hectares destes cultivos

orgânicos, movimentando US$ 250 milhões (APEX-BRASIL, 2006). As principais

culturas são de extrativismo sustentável (castanha, açaí, pupunha, látex, frutas e outras

espécies das matas tropicais, principalmente da Amazônia) (ARAGÃO, 2006).

Uma das estratégias comumente usadas na agricultura orgânica para auxiliar

no controle de população de insetos sem causar prejuízos ao meio ambiente e muito menos

ao homem é o uso de inseticidas orgânicos.

Neste contexto, o nim poderá tornar-se um dos principais insumos no

cultivo destes produtos orgânicos, possuindo ainda enorme potencial para pequenos e

médios produtores obterem uma fonte de renda alternativa na América latina,

especialmente no Brasil.

O potencial dessa planta é demonstrado no crescente número de estudos

realizados com a espécie a partir do século passado, principalmente nas áreas de medicina

e defensivos agrícolas (Figura 1.1).

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Figura 1.1: Número de estudos realizados com Azadirachta indica ao longo dos anos de 1926 a
2008. Fonte: AUSTRALIAN NEW CROPS, 2009.

A cultura do nim é facilmente explorável, e gera renda e oportunidades de

trabalho tanto no cultivo quanto no processamento dos produtos oriundos do cultivo. Outro

ponto interessante a se considerar é que o processamento de alguns desses produtos exige

investimentos relativamente baixos (NEEM FOUNDATION, SD).

No Brasil, assim como em muitos países, o nim foi disseminado

rapidamente ocupando todo o território nacional (Figura 1.2) por se tratar de uma espécie

de crescimento rápido, tolerante a várias condições ambientais e por fornecer sombra,

sementes e folhas para a produção de inseticidas e fungicidas, bem como para uso

medicinal, veterinário, madeireiro, agroflorestal ou na indústria cosmetológica

(MARTINEZ, 2002; NEVES et al., 2003).

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Figura 1.2: Mapa dos países onde a espécie Azadirachta indica está presente de forma nativa ou
introduzida pelo homem. (Fonte: ORWA et al., 2009).

Apesar do crescente número de plantios de nim no território brasileiro e da

grande quantidade de produtos fabricados à base de nim, não foram encontradas

informações oficiais da produção de derivados de nim no Brasil.

Já a Índia, destaca-se como o principal produtor e exportador de óleo de nim

e seus derivados com uma produção estimada de 3,5 milhões de toneladas de sementes ao

ano e apresentando ainda um potencial de produção de 700 mil toneladas de óleo de nim

(KOUL et al., 1990).

Os Estados Unidos, por sua vez, ocupa a posição de maior importador de

sementes de nim, comercializando aproximadamente 7.200 toneladas ao ano, compradas

somente da Índia. Este número representa apenas o necessário para a produção de dois

grandes produtos inseticidas à base de nim patenteados nos EUA que são o Margosan-O,

com 0,25% de azadiractina, e o Bioneem com 0,09% do mesmo princípio ativo. Quanto

aos preços praticados no mercado externo, verificou-se um considerável aumento nominal

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na tonelada da semente que passou de US$ 30 em 1965 para cerca de US$ 300 em 1992

(HALL e MENN, 1999).

A produção mundial de pesticidas a base de nim ainda é desconhecida, mas

o que se verifica é que existe um potencial para o mercado já que somente uma empresa

nos Estados Unidos movimenta anualmente cerca de US$ 125 milhões com a

comercialização destes produtos, seguida por outras empresas de menor porte, as quais

movimentam outros US$ 25 milhões (XIN e WEGENER, 2004).

Na China, projetos de exploração de nim foram implantados em algumas

províncias, principalmente no sul do país, passando de uma área de 2000 hectares no ano

de 2000 para 68.800 hectares no ano de 2005 (XIN e WEGENER, 2004).

O nim como defensivo agrícola

O nim possui substâncias usadas na agricultura como inseticidas

(SCHMUTTERER e SINGH, 1995), nematicidas (DEVAKUMAR et al., 1985),

moluscocidas (SINGH et al., 1996; EBENSO, 2004), acaricida (ABDEL e ZAYED, 2002;

GONÇALVES et al., 2001), fungicidas (HIROSE et al., 2001), fertilizantes

(GAJALAKSHMI e ABBASI, 2004) e promotores de melhorias da qualidade do solo

(UYOVBISERE e ELEMO, 2002).

Os princípios ativos do nim que se destacam são a azadiractina, meliacina,

gedunina, salanina, nimbina e valassina. Meliacina forma os princípios amargos de óleo de

sementes de nim (NSO). A semente também contém o ácido 5-metil-2-butanoico

responsável pelo odor distinguível do óleo (SCHMUTTERER, 1990). Estas combinações

pertencem a produtos naturais chamados triterpenoides (Limonóides). Os princípios ativos

são ligeiramente hidrófilos e altamente solúveis em solventes orgânicos, hidrocarbonetos,

alcoóis, cetonas e ésteres (SCHMUTTERER, 1995).

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Um dos principais problemas do uso do nim é a durabilidade do composto

azadiractina. Em condições de campo, a atividade da azadiractina é reduzida rapidamente

permanecendo no máximo 8 dias. Esta degradação é causada pela ação da luz ultravioleta,

queda no pH e por chuvas, havendo a necessidade de muitas aplicações em cada estação

(SCHMUTTERER, 1990; CABONI et al., 2002).

Os produtos a base de nim são conhecidos pela sua eficiência e baixa

toxicidade ao homem e ao meio ambiente. Várias formulações como Margosan-O®,

Neemix™, Azatin®, NIM-20 e NIM-76, foram testadas e não apresentaram efeitos tóxicos

em mamíferos (SCHMUTTERER, 1990; GOVINDACHARI et al., 2000). Em comparação

aos extratos de fumo (Nicotiana tabacum) e outras plantas, os produtos a base de nim

possuem rápida degradação, não apresentando risco de poluição para a água e para o solo,

além de possibilitar o controle de nematóides através da incorporação da torta do nim ao

solo (MARTINEZ, 2002).

Os produtos a base de nim comumente usados são o extrato das folhas de

nim, extrato da casca da árvore, óleo da semente e pó da semente (LALE e

ABDULRAHMAN, 1999). Os extratos de nim podem ser preparados com a simples

trituração das sementes ou frutos frescos, em água, deixando-se a mistura descansar por 12

horas, filtrando-se o líquido e pulverizando-o sobre as áreas infestadas. O mesmo

procedimento pode ser utilizado para folhas frescas ou secas, embora a azadiractina no

caso das folhas secas ocorra em menor concentração. As quantidades a serem utilizadas

variam para cada espécie de inseto. De modo geral, recomenda-se por litro de água, de 30 a

40 g de sementes ou de 40 a 50 g de folhas secas (SOARES et al., SD).

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O uso de produtos a base de Azadirachta indica em plantas relacionadas à apicultura

Os efeitos indesejados dos inseticidas sintéticos têm levado os produtos

derivados do nim a se tornarem muito populares, já que estes são bastante eficientes e

econômicos, atuando tanto por contato direto como de forma sistêmica (GAHUKAR,

2000). Na maioria dos testes, os produtos à base de nim agiram igualmente ou às vezes

melhor que os de origem sintética (OGUNWOLU e ODDUNLAMI, 1996; LALE e

MUSTAPHA, 2000). Há registros de ação sobre 413 espécies de insetos susceptíveis aos

extratos de A. indica (SCHMUTTERER e SINGH, 1995).

As formas com que os princípios ativos de A. indica atuam sobre as pragas

são várias, dentre elas pode-se citar: ação repelente (NAUMANN et al., 1994; DUA et al.,

1995), fagodeterrente (anti-alimentar) (SAXENA e KHAN, 1985; ISMAN, 1993; GUPTA

e BIRAH, 2001; MARTINEZ, 2002; ABUDULAI et al., 2004), propriedades redutoras de

fecundidade em insetos (MARTINEZ, 2002; WEBB e DAVID, 2002), anti-ovopositora

(LALE e MUSTAPHA, 2000; PATIL e GOUD, 2003), anti-hormonal e regulador de

crescimento de insetos (IGR) (SCHMUTTERER, 1990; MANCEBO et al., 2002;

MARTINEZ, 2002) além de causar a morte em algumas espécies (MARTINEZ e van

EMDEN, 2001; MANCEBO et al., 2002; MIRANDA et al., 2003).

Publicações mostram ainda que produtos originados a partir do nim como

matéria-prima podem ainda perturbar a ecdise dos insetos ou até mesmo impedi-la. Por

essa razão, as formas jovens são mais afetadas pelos produtos à base de nim (UNAL e

UKKUZU, 2009). Por ter maior ação por ingestão, os insetos mastigadores são muito

facilmente afetados. Estes princípios ativos podem ainda causar distúrbios no metabolismo

dos insetos de forma a promoverem esterilidade em fêmeas e mudanças degenerativas em

testículos (KRAUSS et al., 1987 citado por KABEH e JALINGO, 2007).

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Dentre as espécies de plantas cujas pragas são controladas através de

inseticidas à base de nim, encontram-se as que apresentam flores que são visitadas por

abelhas Apis mellifera. Estas culturas, livres de agrotóxicos por substituição aos bio-

inseticias, tornam o nim uma espécie que tem muito a contribuir com a apicultura. Alguns

dos exemplos de uso de produtos a base de nim no controle a pragas de plantas visitadas

por A. mellifera são citados a seguir.

No Brasil, o óleo de nim vem sendo utilizado na cultura da soja (Glycine

max) propiciando um bom controle de várias pragas como ferrugem asiática, mosca

branca, oídio, lagarta da soja, ácaros e percevejo verde além de afetar a eclosão dos ovos

de tamanduá-da-soja (Sternechus subsignatus) depositados nas plantas (AIBA, 2004).

Extratos do óleo da semente e das folhas apresentaram efeito sobre fêmeas

do ácaro vermelho-do-cafeeiro (Oligonychus ilicis) (MOURÃO et al., 2004). O cafeeiro é

outra espécie bastante visitada por Apis mellifera e que é dependente da polinização

melitófila (MALERBO-SOUZA et al., 2003). Resultados semelhantes de mortalidade

foram encontrados usando um extrato metanólico de sementes de nim em lagartas da traça-

do-tomateiro (Tuta absoluta), onde no sexto dia, todas as concentrações usadas causaram

100% de mortalidade na fase larval (TRINDADE et al., 2000).

No algodoeiro (Gossipium sp.), produtos à base de nim tem demonstrado

efetividade no controle de pragas além de ser econômico e ambientalmente seguro, sendo

considerado com potencial para ser empregado em larga escala (GAHUKAR, 2000).

Resultados de pesquisas já comprovaram os efeitos de produtos a base de

nim sobre as larvas e pupas da lagarta-do-cartucho do milho, curuquerê do algodoeiro,

ácaros, bicho mineiro e cochonilhas (SOARES et al., SD).

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O óleo de nim é eficiente ainda no controle do pulgão do pinus (Cinara

atlantica), que é uma espécie cuja madeira é usada para construção de colméias

(FIGUEIREDO et al., 2002).

Efeito de Azadirachta indica em abelhas Apis mellifera

O uso do nim tem mostrado grande eficiência no controle de vários insetos,

entretanto a ausência de uma visão holística nos trabalhos não considera possíveis

prejuízos causados por estes inseticidas naturais em abelhas solitárias, abelhas sem ferrão

ou mesmo as abelhas africanizadas, que foram responsáveis por uma produção no ano de

2008 de 37.791,9 ton de mel no território brasileiro (IBGE, 2008) e que são ainda grandes

responsáveis pela polinização das matas nativas e de plantas cultivadas (DELAPLANE e

MAYER, 2000; FREITAS et al., 2009).

REMBOLD et al. (1980, 1982) mostraram que larvas de Apis mellifera em

terceiro instar larval, quando tratadas topicamente com extrato de sementes de nim, foram

susceptíveis a irregularidades no desenvolvimento com malformações e grande

mortalidade das crias.

Duas pequenas colônias de A. mellifera pulverizadas com extrato de

sementes de nim apresentaram algum tipo de toxidade em pupas que estavam prontas para

o nascimento. Entretanto as abelhas campeiras não foram repelidas de flores tratadas com

estes extratos e não mostraram nenhum sintoma ou comportamento atípico em suas visitas

florais (SCHMUTTERER e HOLST, 1987).

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Alguns dos produtos a base de nim podem agir simplesmente pelo contato

como sugerido por MANCEBO et al. (2002) quando afirma que o produto Azatin age

como inseticida de contato para larvas de Hypsipyla grandella (Lepidoptera: Piralidae).

O poder de matar insetos através do contato foi encontrado também por

LADURNER et al. (2005) que, em estudo dos efeitos do óleo de nim sobre Apis mellifera,

mostrou que o contato das abelhas com este produto afetou a sobrevivência das operárias.

Neste mesmo experimento a aplicação por via oral assemelhou-se ao tratamento controle,

não causando expressivo efeito de mortalidade. Com isso o autor recomenda que o óleo de

nim não deva ser aplicado enquanto as abelhas estejam visitando efetivamente a área

tratada. Outro inseticida a base de nim denominado de Margosan-O, também afetou as

operárias das abelhas intoxicando-as após a aplicação do produto por contato direto

(SCHMUTTERER, 1990).

Estudo aplicando o óleo concentrado emulsificante Neem EC, com

propriedades inseticidas, em larvas de Apis mellifera que se encontravam no primeiro e

quarto instar larval, mostraram que o óleo testado afetou a sobrevivência das larvas. Desta

forma, os autores afirmam que as larvas das abelhas melíferas são susceptíveis aos efeitos

inseticidas do Neem EC (NAUMANN e ISMAN, 1996).

A forma de apresentação do inseticida pode dar a ele diferentes efeitos nos

insetos (PINHEIRO e FREITAS, 2010). Duas formulações do inseticida NeemAzalTM,

com 1% de azadiractina, aplicados em plantas de canola (Brassica napus), verificaram que

a formulação granulada de NeemAzal não causou mortalidade de abelhas adultas e nem

prejudicou a atividade de forrageamento ou o desenvolvimento das crias de Apis mellifera.

Porém, foi verificado que a formulação em emulsão concentrada de NeemAzal T/S causou

alguma redução na atividade de forrageamento e no desenvolvimento das crias. Desta

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forma, o concentrado emulsificante de NeemAzal T/S pode ser aplicado somente durante

períodos de baixa ou nenhuma atividade das abelhas (SHAWKI et al., 2005).

Quando aplicados diretamente nas células com larvas de abelhas Apis mellifera

os inseticidas produzidos a partir de A. indica, mostram resultados de elevada DL50, sendo

maior inclusive do que os observados para outros insetos. Entretanto, colônias distribuídas

em culturas que foram pulverizadas com o inseticida a base de nim, não foram

contaminadas por este inseticida via pólen ou néctar (NAUMANN e ISMAN, 1996).

A azadiractina também agiu repelindo as operárias de A. mellifera que

receberam como alimento um xarope de glicose contendo menos do que 0,01 mg/ mL

deste limonóide na solução (MELATHOPOULOS et al., 2000b).

Apesar de vários trabalhos demonstrarem a toxicidade de inseticidas a base

de nim para as abelhas Apis mellifera, há ainda autores que afirmam que a azadiractina é

um inseticida botânico que não apresenta efeito de toxicidade aguda para abelhas (AKCA

et al., 2009).

Trabalhos mostram ainda que o nim pode ser usado em benefício da

apicultura. Vários estudos buscam alternativas para o combate a pragas das abelhas como a

traça de cera, ácaros e doenças das crias.

Estudos do efeito dos extratos aquosos de sementes de nim para o controle

da traça da cera (Galleria mellonella) mostrou que todas as concentrações testadas

afetaram a população deste lepidóptero. Porém o extrato deve apresentar uma concentração

entre 3 e 4%, já que em concentrações acima destas as abelhas passam a não mais

aceitarem os favos tratados (IZHAR-UL-HAQ et al., 2008).

Os ácaros de traquéia (Acarapis woodii) que parasitam Apis mellifera

também foram controlados no Canadá usando-se extrato de nim. O mesmo autor também

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mostrou um efeito positivo do Margosan-O no combate à nosemose em níveis baixos, à

cria pútrida (Ascosphaera apis) e possivelmente aos ácaros varroas (LIU, 1995a, 1995b).

No combate ao ácaro Varroa destructor o extrato de sementes de nim não

apresentou efeito tóxico agudo nesses ácaros ou nas abelhas Apis mellifera, mas foi

observado um efeito repelente que interferiu na capacidade das fêmeas de V. destructor de

localizarem as pupas de abelhas para se alimentarem (GÓMEZ et al., 2006). O nim

também foi estudado com o objetivo de combate ao ácaro V. jacobsoni, tendo sido

observado que a fecundidade das fêmeas dos ácaros assim como a taxa de eclosão dos ovos

foram afetadas pelo extrato de sementes de nim. Entretanto, os ácaros não foram os únicos

a serem afetados (PENG et al., 2000). Os autores afirmam que houve uma grande

sensibilidade das larvas de operárias à azadiractina sendo elas mais sensíveis do que os

indivíduos adultos.

Diante dos trabalhos até agora publicados que propuseram uma relação

entre Azadirachta indica e Apis mellifera, verifica-se que nenhum deles mostra possíveis

efeitos letais. No entanto, Freitas e Pinheiro (2010) relatam uma série de efeitos sub-letais

em A. mellifera como conseqüência da utilização da azadiractina como inseticida em

cultivos agrícolas e advertem para o uso crescente da substância em função dos

agricultores acreditarem que por se tratar de um produto natural apresente uma grande

margem de seguraça para aplicações no campo. Naumann et al. (1994) também detectaram

efeito repelente da azadiractina em A. mellifera e vários autores relataram problemas como

reduzida emergência de adultos, mortalidade larval e malformações nas asas de abelhas

recém emergidas poucos dias após a aplicação para alguns níveis de doses de azadiractina

(REMBOLD et al., 1980; MORDUE e BLACKWELL, 1993; NAUMANN e ISMAN,

1996 citados por SCHENK et al., 2001).

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Trabalhos de Melathoupolos et al. (2000a,b) mostraram que a azadiractina

quando aplicada, no campo, a intervalos de seis dias leva a uma considerável redução na

área de cria e causa grande mortalidade de rainhas nas colônias, mas o mesmo não ocorre

em condições de laboratório. Segundo Freitas e Pineiro (2010), esses resultados sugerem

que a ação do produto dá-se mais pela ação sistêmica no pólen e néctar contaminados,

quando são transferidos para a colméia.

Não há pesquisas publicadas que provem o valor apícola do nim para a

produção de mel, pólen apícola ou até mesmo própolis, com A. mellifera.

1.2. CONCLUSÕES

O nim (Azadirachta indica) é uma espécie cujo cultivo vem se intensificando

no Brasil para uso medicinal, veterinário, madeireiro, agroflorestal, sombreamento ou na

indústria cosmetológica, mas principalmente como defensivo agrícola natural.

O nim possui substâncias usadas na agricultura como inseticidas, nematicidas,

moluscocidas, acaricida, fungicidas, fertilizantes e promotores de melhorias da qualidade

do solo

Em comparação aos defensivos agrícolas químicos, os produtos a base de nim

apresentam baixa toxicidade ao homem e ao meio ambiente, possuem rápida degradação,

não apresentando risco de poluição para a água e para o solo,.

Os efeitos indesejados dos inseticidas sintéticos têm levado os produtos

derivados do nim a se tornarem muito populares, já que estes são de largo espectro,

eficientes e econômicos, atuando tanto por contato direto como de forma sistêmica.

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Os princípios ativos do nim que se destacam são a azadiractina, meliacina,

gedunina, salanina, nimbina e valassina e atuam sobre as pragas de diversas formas, como

repelentes, fagodeterrente (anti-alimentar), reduzindo a fecundidade, prevenindo a

ovoposição, anti-hormonal e reguladoras de crescimento de insetos, além de causar a morte

em algumas espécies.

Apis mellifera é suceptível a produtos á base de nim, apresentando

irregularidades no desenvolvimento e grande mortalidade das larvas, redução na área de

cria, toxicidade em pupas, reduzida emergência e malformações dos adultos e grande

mortalidade de rainhas nas colônias.

Não há trabalhos publicados testando o efeito do néctar ou do pólen do nim

sobre Apis mellifera. Com isso, os riscos que as plantas de Azadirachta indica em

florescimento possam oferecer às abelhas melíferas que visitam suas flores, coletam as

recompensas florais e as transportam para as colméias para a manutenção das colônias

permanecem desconhecidos.

1.3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CAPÍTULO 2

Biologia floral e requerimentos de polinização do nim

(Azadirachta indica A. Juss: Meliaceae) em áreas de

caatinga e de mata litorânea do Estado do Ceará.

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- CAPÍTULO 2 -

Biologia floral e requerimentos de polinização do nim (Azadirachta indica A.

Juss: Meliaceae) em áreas de caatinga e de mata litorânea do Estado do Ceará.

RESUMO

O nim (Azadirachta indica A. Juss.) é uma espécie da ordem Rutales

pertencente à família Meliaceae, que abrange cerca de 51 gêneros e pelo menos 550

espécies. Apesar de ser cultivada em vários países, há poucas e contraditórias informações

a respeito da polinização desta espécie. Desta forma, o presente estudo objetivou esclarecer

alguns aspectos da biologia floral e requerimentos de polinização do nim. O estudo foi

realizado nos anos de 2007 e 2008 em áreas cultivadas com nim nos municípios de Sobral,

Fortaleza e Horizonte, e no Laboratório de abelhas da Universidade Federal do Ceará em

Fortaleza, estado do Ceará. Os resultados mostraram que todos os indivíduos estudados de

nim apresentaram flores bissexuadas, com antese por volta das 16 horas e que a maioria

dos botões florais encontra-se com seus estigmas receptivos e suas anteras liberando pólen,

ainda inviável, 24 horas antes da antese. A maior viabilidade do pólen ocorre no momento

da antese. Foi encontrado néctar nas flores de A. indica, porém em quantidades diminutas

que não permitiu a captura pelos tubos capilares. As abelhas Apis mellifera foram os

únicos visitantes florais, apresentando maior freqüência logo nas primeiras horas do

amanhecer, onde procuraram coletar néctar e pólen. Essa abelha mostrou ser o polinizador

do nim nas áreas estudadas, pois uma única visita produziu resultados próximos aos índices

obtidos com polinização natural. O vento não influenciou na polinização.

Palavras chave: antese, Apis mellifera, apresentação de pólen, polinização, recursos florais.

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- CHAPTER 2 –

Floral biology and pollination requirements of neem (Azadirachta indica A.

Juss, Meliaceae) in areas of caatinga and coastal vegatations in the state of

Ceará.

ABSTRACTS

Neem (Azadirachta indica A. Juss.) is a species of the order Rutales belonging to the

family Meliaceae, which includes about 51 genera and at least 550 species. Despite its

cultivation in many countries, there are little and contradictory information on the

pollination of this species. Therefore, the present study aimed to enlight some aspects of

the floral biology and pollination requirements of neem. The study was carried out in 2007

and 2008 in cultivated areas in the counties of Sobral, Fortaleza and Horizonte, and in the

bee lab of Universidade Federal do Ceará, state of Ceará, Brazil. Results showed that all

neem individuals studied bore bissexual flowers, with anthesis occurring around 16:00h

and most flower buds presenting receptive stigmas and releasing pollen, though still

unviable, 24h before anthesis. The highest pollen viability was observed at anthesis.

Flowers of A. indica produced nectar in diminute amounts that did not allow sampling with

capilars. Apis mellifera workers were the only floral visitors registered showing higher

frequency early in the morning, when searching for pollen and nectar. This bee species

showed to be neem’s pollinating agent in the studied areas because a single visit produced

similar results to natural pollination indices observed. Wind played no role in neem

pollination.

Key words: anthesis, Apis mellifera, floral resources, pollination, pollen

presentation.
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2.1. INTRODUÇÃO

O nim (Azadirachta indica A. Juss), é uma planta da ordem Rutales,

subordem Rutineae e pertencente à família Meliaceae, que abrange cerca de 51 gêneros e

pelo menos 550 espécies. É uma espécie natural de Burma e das regiões áridas da Índia

(SAXENA, 1983). Esta planta também pode ser encontrada com vários nomes, dentre eles

estão margosa, nime, lila índio, ou ainda por Melia azadirachta L., Melia indica (A. Juss.)

Brandis e Antelaea azadirachta (L.) Adelb. (KOUL et al., 1990).

O nim foi introduzido no Brasil em 1986 pelo Instituto Agronômico do

Paraná - IAPAR usando sementes provenientes das Filipinas e posteriormente em 1989 e

1990 com sementes da Índia, Nicarágua e República Dominicana com a finalidade de

pesquisar o inseticida desta espécie (MARTINEZ, 2002). Entretanto, esta espécie pode ser

usada para uma intensa lista de finalidades tais como uso medicinal, indústria de

cosméticos, matéria prima para fertilizantes, produção e utilização de biomassa,

reflorestamento, produção de inseticida, de sementes e de madeira de excelente qualidade

além de sombreamento (NEVES et al., 2003; MARTINEZ, 2002; ARAÚJO et al., 2000).

Não foi encontrada a estimativa de área plantada ou do número de árvores

de A. indica no território brasileiro. Porém, é visível a introdução maciça desta espécie em

áreas urbanas, inclusive incentivadas por vários administradores públicos municipais, além

de serem observadas algumas iniciativas particulares de uso e exploração em grande escala

nas zonas rurais. Diante do exposto, não se sabe ao certo o quanto essa espécie já ocupou o

território brasileiro devido à forma descontrolada de disseminação (ARAÚJO, 2006).

A família Meliaceae é caracterizada por apresentar dimorfismo sexual

(monoicia, dioicia ou poligamia) como um fenômeno amplo, apesar de haver uma carência
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nas informações de campo referentes ao sistema sexual de várias espécies desta família

(PENNINGTON et al., 1981). Na subfamília Melioideae, a qual pertence o gênero

Azadirachta, parece haver uma variação quanto ao sistema sexual adotado pelas espécies.

Este dimorfismo sexual somente pode ser confirmado após estudo de populações vivas,

analisando-se detalhes da flor, especialmente o nectário e o ovário (FUZETO et al., 2001).

Com relação ao sistema sexual, alguns trabalhos (MOSSINI e

KEMMELMEIER, 2005 e NEVES et al., 2003) afirmam que A. indica apresenta flores

bissexuadas enquanto outros (SINGH et al., 1996; PURI, 1999; CHAMBERLAIN et al.,

2000; SCHMIDT e JOKER, 2000) citam haver andromonoicia no nim.

FALESI et al. (2000) afirmaram que plantas de A. indica iniciam o

florescimento entre dois e três anos, porém PURI (1999) cita que as flores começam a se

desenvolver em árvores de 3 a 5 anos de idade mas que o seu amadurecimento reprodutivo

ocorre somente após dez anos de idade. Estudos na malásia e na Índia mostram que o

florescimento ocorre de janeiro a abril e de julho a outubro (LOKE et al., 1992; PURI,

1999; RAJU, 1998 citados por PESANTE, SD).

NEVES et al. (2003) descreveram as flores de A. indica como brancas,

aromáticas e reunidas em cimas agrupadas em panículas axilares ou terminais, ricas em

flores actinomórficas, pentâmeras, com estames crescentes formando um tubo (por união

dos filamentos) e estigma pegajoso, capitado, tri-lobulado, se encontrando sobre 3 a 5

carpelos bi-ovulados e ao mesmo nível das 10 anteras. Cada flor produz em média 6.220

grãos de pólen. (ERICKSON e ATMOWIDJOJO, 2001) gerando uma só semente

(NEVES, 2004).

Várias espécies tropicais de vegetais possuem mecanismos que favorecem,

parcial ou completamente, a polinização cruzada (MURAWSKI et al.,. 1990; O'MALLEY

e BAWA, 1987). Um elevado índice de polinização cruzada em A. indica foi descoberto


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Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua importância
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por KUNDU (1999). Este estudo mostra ainda que este elevado índice de alogamia é

devido a ocorrer protandria nas flores (pólen liberado antes de o estigma estar receptivo), a

espécie ser andromonóica e policárpica e porque as flores são polinizadas por insetos

(polinização entomófila). A polinização entomófila das meliácieas também é defendida por

WILLEMSTEIN (1987), mas há autores que afirmam que as abelhas são consideradas

necessárias para ocorrer uma polinização cruzada efetiva (RAJU, 1998 citado por

PESANTE, SD). Entretanto, o tipo de polinização mais comum e o agente polinizador

mais efetivo ainda não são um consenso entre os estudos. A polinização pelo vento em A.

indica foi considerada facilitada pela anatomia floral e pela ausência de auto-

incompatibilidade entre os indivíduos (PURI, 1999).

Azadirachta indica parece ter alguma importância apícola já que suas flores

são visitadas por abelhas (PESANTE, SD). Sua importância como fonte de néctar parece

ser ainda maior, já que as flores de A. indica são consideradas uma boa fonte de néctar,

mas com menor importância como fonte de pólen para Apis mellifera (CHAUBAL e

KOTMIRE, 1980 e TREWARI, 1992 citado por PESANTE, SD). Ratificando o potencial

produtivo de néctar, CRANE et al., (1984) recomenda plantar nim próximo a apiários com

a finalidade de melhorar as colheitas de mel.

Entretanto, a presença do princípio tóxico azadiractina em partes desta

planta tem despertado uma grande curiosidade nos apicultores com relação ao real valor do

nim para a produção e qualidade do mel e do pólen na apicultura bem como o efeito do

bio-inseticida sob as abelhas.

Apesar de a azadiractina ser altamente prejudicial a centenas de espécies de

lepidópteros, coleópteros, homópteros, dípteros e heterópteros, ela não foi detectada nas

flores do nim ou em frutos verdes 40 dias antes da colheita (PESANTE, SD). O efeito dos

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Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua importância
apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

princípios ativos de ação inseticida desta espécie nas colônias de abelhas ainda não foi

elucidado.

Este estudo tem a proposta de colaborar na elucidação dos fatos acima

mencionados através dos objetivos de descrever a biologia floral de A. indica e seus

requerimentos de polinização.

2.2. MATERIAIS E MÉTODOS

As observações de campo foram conduzidas nos anos de 2007 e 2008 em

áreas com nim (Azadirachta indica) nos municípios cearenses de Sobral (3°46’56”S e

40°21’14”O), Fortaleza (3°44’34”S e 38°34’47”O) e Horizonte (4°04’11”S e

38°27’29”O). Os estudos de laboratório foram desenvolvidos no Laboratório de abelhas da

Universidade Federal do Ceará.

O trabalho foi divido em duas fases, onde a primeira analisou biologia floral

envolvendo as características morfológicas e fisiológicas da flor e na segunda parte foram

analisados os aspectos reprodutivos.

Biologia floral:

Antese das flores

Duzentos botões florais, com tamanho que indicava estarem próximos da

antese, foram marcados em cinco inflorescências dispostas em 20 plantas previamente

marcadas, nos municípios de Sobral e de Fortaleza que estão nos biomas caatinga e mata

litorânea respectivamente. Os botões florais estudados foram escolhidos aleatoriamente de

forma a ter representantes da base, da parte mediana e do ápice das inflorescências.


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Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua importância
apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

Visando conhecer o processo de antese do nim, os botões florais foram

acompanhados durante 4 dias não consecutivos, a cada intervalo de uma hora anotando-se

o número de flores abertas a cada observação.

Anatomia floral

Utilizando-se um microscópio estereoscópico com aumento de 100X, foram

dissecadas 200 flores de A. indica de diferentes estádios de desenvolvimento, da base, da

parte mediana e do ápice das inflorescências, de 20 plantas diferentes. Buscou-se com isso

analisar as partes florais, investigar a presença de nectários e quantificar o volume de

néctar, bem como para acompanhar as mudanças que ocorrem ao longo do ciclo de vida da

flor.

Caracterização polínica

Grãos de pólen das anteras de botões florais recém-abertos foram coletados

e montados em lâminas para microscopia óptica seguindo a metodologia de BARTH

(1970a, b e c). A caracterização do pólen do nim foi realizada por meio do estudo de vários

parâmetros, como: forma, tamanho e ornamentação da exina.

Produção de néctar

A produção de néctar foi aferida seguindo a metodologia descrita por

DAFNI et al. (2005). Desta forma, fez-se a introdução cuidadosa de tubos capilares em

seis grupos de trinta flores, devidamente protegidas antes da antese, onde cada grupo

representou intervalos de tempo após a antese. O volume de néctar foi medido no momento

da antese, 6, 12, 18, 24 e 48 horas após a antese. Para averiguação da concentração de

açúcar no néctar, se dispôs um refratômetro de mão da marca Leica.


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Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua importância
apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

Receptividade do estigma

Para conhecer o período em que o estigma da flor do nim está receptivo foi

usada a técnica de imersão do estigma em peróxido de hidrogênio. Foram mergulhados os

gineceus de botões florais, cujos tamanhos indicavam que os mesmos estavam a 48 horas

antes de sua antese, 24 horas antes da antese, 12 horas antes da antese, de flores no

momento da antese assim como de flores que se encontraram a 6, 12, 24 e 48 horas após a

antese. Para cada idade dos botões florais e flores foram usados cinco estigmas. Nesta

técnica, a presença de bolhas de ar se formando a partir do estigma indica a sua

receptividade (DAFNI et al., 2005).

Horário de liberação e de viabilidade dos grãos de pólen

O horário de liberação dos grãos de pólen foi determinado visualizando-se

grupos de 30 flores ou botões florais de cada idade. Observou-se botões florais 48, 24 e 12

horas antes da antese e flores no momento da antese, continuando até que ocorresse a

liberação de pólen em todas as flores.

A viabilidade dos grãos de pólen de A. indica foi analisada usando a

metodologia das gotas suspensas (hanging droplets) (DAFNI et al., 2005). Nesta técnica,

foi preparada uma solução constituída de 2mg de ácido bórico (2x10-3M H3BO3), 6 mg de

nitrato de cálcio (6x10-3M Ca(NO3)2, gotas de azul de metileno a 1% em água destilada e

solução de sacarose em diferentes concentrações (0, 5, 10, 20, 30, 40, 50 e 60% de

sacarose). Foi preparada uma solução com cada concentração de sacarose citada, e essas

foram devidamente acondicionadas em tubos tipo Falcon em geladeira. Em uma placa de

Petri de 10 cm de diâmetro, a tampa foi dividida em oito áreas com pincel, onde cada

separação receberia 4 gotas de 10µl das soluções de diferentes concentrações onde eram
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Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua importância
apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

depositados os grãos de pólen provenientes de flores de diferentes idades (48, 24 e 12

horas antes da antese, no momento da antese e 6, 12, 24 e 48 horas após a antese). No

fundo da placa de Petri, foi acondicionada água destilada num volume aproximado de 10

ml. Em seguida a tampa da placa de Petri foi cuidadosamente invertida e posta em cima da

tampa com água deixando-a hermeticamente fechada através do uso de uma fita adesiva

transparente. As placas de Petri foram armazenadas a sombra em temperatura ambiente

aproximada de 34°C. Após 48 horas, as placas de Petri foram abertas e em cada gota

pingado uma gota de azul de metileno a 1% em água destilada. Em seguida foram levadas

para microscópio estereoscópico para a contagem dos grãos de pólen que lançaram e os

que não lançaram seus tubos polínicos sob cada tratamento.

Requerimentos de polinização:

Visitantes florais do nim

Em três dias diferentes e alternados foram coletadas com rede entomológica

todas as espécies de visitantes florais do nim, durante 24 horas, em Sobral e em Fortaleza,

para posterior identificação. As coletas foram realizadas nos horários de 23h00min à

00h00min; 05h00min às 06h00min; 11h00min às 12h00min; 17h00min às 18h00min com

caminhadas em transetos únicos repetidamente onde foram coletadas todas as espécies de

visitantes florais para identificação.

Objetivando determinar a freqüência dos visitantes florais do nim ao longo

do dia, foram ainda realizadas, em três dias não consecutivos na caatinga e na mata

litorânea, caminhadas de 10 minutos no horário de 05:00h às 05:10h, 08:00h às 08:10h,

11:00h às 11:10h, 14:00h às 14:10h, 17:00h às 17:10h, 20:00h às 20:10h, 23:00h às

23:10h, 02:00h às 02:10h. Nestas caminhadas foram contados os visitantes florais

presentes nas flores, separando os que coletavam pólen dos que coletavam néctar.
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Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua importância
apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

Tipos de polinização

Para se conhecer os tipos de polinização que ocorrem no nim, foi utilizada

uma adaptação da metodologia descrita por FREITAS (1995) e ALVES (2000) na qual

foram marcadas trezentas flores que foram acompanhadas até a condição de fruto para se

determinar o resultado da polinização natural. Outras trezentas flores foram ensacadas

ainda como botões florais, permanecendo encasacadas até a senescência da flor ou colheita

dos frutos, para determinar o efeito da polinização restrita. Não foi realizada

autopolinização manualmente devido à fragilidade das flores além de seu tamanho

pequeno e disposição dos estames e do estigma, que ficam alojados internamente em um

tubo denominado andróforo de diâmetro que impossibilita o manuseio. Foram ainda

protegidas trezentas flores para que recebessem somente uma visita de Apis mellifera para

em seguida serem re-protegidas e permanecerem até o momento da colheita dos frutos.

2.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O florescimento do nim na caatinga foi de agosto a outubro e de abril a

maio, enquanto que no litoral o florescimento ocorreu entre setembro e novembro e de

maio a junho. Essas observações estão de acordo com ARAÚJO et al. (2008).

Biologia floral:

Horário de antese das flores

A antese ocorreu de forma semelhante na caatinga e no litoral, locais nos

quais os grupos de flores observadas tiveram a antese entre 14h00min e 19h00min,


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Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua importância
apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

coincidindo também com as observações de ERICKSON e ATMOWIDJOJO (2001). A

quantidade e percentual de abertura das flores em função dos horários estudados são

apresentados na figura 2.1.

Figura 2.1. Quantidade e percentual de abertura das flores de nim (Azadiractha indica) na
caatinga e na mata litorânea no Estado do Ceará em função dos horários do dia (n = 200).

Anatomia floral

Flores de A. indica mostraram-se dispostas em inflorescências de panículas

cimosas axilares. São actinomórficas, pentâmeras, brancas, cheirosas no momento da

antese, possuem estiletes monadelfos (unidos em um tubo único) formando um andróforo

(tubo formado pela união dos estames através dos estiletes). As flores possuem androceu

diplostêmone (número de anteras é o dobro do número de pétalas) com anteras

apresentando deiscência rimosa (longitudinal ao longo do eixo) e com tecas voltadas para o
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Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua importância
apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

centro da flor (introrsas), onde fica o gineceu. Essas observações estão de acordo com o

descrito por ARAÚJO et al. (2000).

Desde o surgimento dos botões florais até a queda das pétalas transcorreram

no mínimo doze dias, conforme a seqüência apresentada na figura 2.2. No momento da

antese o andróforo acolhe totalmente as anteras e o gineceu. Após 24 horas de ocorrida a

antese, o andróforo tem as suas margens escurecidas e também perde sua intumescência,

encolhendo-se sensivelmente, colaborando assim para o estigma se posicionar de forma

proeminente por entre as anteras. O estilete também se alonga à medida que a idade da flor

avança. Desta forma, no momento da antese, o estigma é pouco visível, mas 12 horas após

a antese, foi verificado que o estigma fica localizado exatamente por entre as anteras e 24

horas após a abertura da flor o estigma posiciona-se ligeiramente acima do nível médio de

altura das anteras (Figura 2.3).

Figura 2.2: Seqüência do desenvolvimento de flores de Azadirachta indica no horário da antese.


Imagem com aumento de 2X.

Das 200 flores observadas, verificou-se que todas as flores eram

hermafroditas, possuindo pólen em todas as suas anteras e seus estigmas apresentaram

atividade com o peróxido de hidrogênio. Portanto, os resultados encontrados neste

trabalho, concordam com MOSSINI e KEMMELMEIER (2005) que afirmam ser o nim

uma espécie dióica, e não confirmam a presença de indivíduos androdióicos como citado

por PURI (1999), SCHMIDT e JOKER (2000), SINGH et al., (1996) e CHAMBERLAIN

et al. (2000). Deve-se considerar, no entanto, que os dados deste trabalho não podem ser

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Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua importância
apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

conclusivos, já que Azadirachta indica é uma espécie introduzida no Brasil e há a

possibilidade de apenas indivíduos dióicos terem sido importados. É conveniente afirmar

ainda que nenhuma das publicações citadas usou uma metodologia que tivesse o objetivo

de descobrir o tipo de sexo das flores de Azadirachta indica e, portanto, os dados não são

conclusivos quanto à expressão sexual da espécie em estudo.

a b

Figura 2.3: a) Flor no momento da antese mostrando o andróforo intumescido e no seu interior o
estigma levemente abaixo das anteras. b) Flor 18 horas após a antese com o andróforo menos
intumescido fazendo com que o estigma se posicione acima das anteras. Figura com aumento de
6X.

Caracterização polínica

O pólen de Azadirachta indica é caracterizado por apresentar diâmetro polar

de 50 µm de diâmetro, e, portanto, está próximo do diâmetro dos grãos de pólen de plantas

que são polinizadas por abelhas que é de 55 a 65 microns (NAIR, 1965) citado por

ERICKSON e ATMOWIDJOJO (2001). São colporados, com exina estriada, e quando

inseridos em solução de sacarose ficam intumescidos assumindo a forma circular, mas

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Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua importância
apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

quando estão fixados nas anteras da flor rapidamente perdem a turgidez e assumem uma

forma oval alongado (Figura 2.4).

a b

Figura 2.4: Grãos de pólen de Azadirachta indica . a) Na forma ovalada (desidratado) e b) Na


forma esférica (intumescidos). Aumento aproximado de 400X.

Produção de néctar

As 180 flores observadas em todos os horários não mostraram volume de

néctar suficiente para ser amostrado pelos tubos capilares. Entretanto, em 100 flores

dissecadas, foi verificado que na grande totalidade, a parte interna do andróforo estava

umedecida, o que sugere que há presença de néctar, provavelmente, em uma quantidade

insuficiente para ser sugada pelos tubos capilares. Como não foi possível coletar néctar das

flores de nim, não foram tomadas também medidas de avaliação da concentração de

açúcares do néctar. Os dados obtidos estão em desacordo com ERICKSON e

ATMOWIDJOJO (2001), que afirmaram que flores de A. indica produzem amplas

quantidades de néctar, embora não tenham citado o volume encontrado.

Em corte longitudinal, observou-se a presença de nectários na base do

gineceu. Também foi possível verificar que a língua de Apis mellifera consegue alcançar o

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Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua importância
apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

nectário das flores de A. indica (Figura 2.5). Para alcançar o néctar, as abelhas introduzem

praticamente todo o seu aparelho bucal no andróforo. Este comportamento de abordagem

da flor para coletar néctar se assemelha ao comportamento apresentado por operárias que

também coletam pólen. No entanto, os recursos coletados podem ser facilmente

distinguíveis devido a presença de pólen nas corbículas das operárias, ausente nas abelhas

que forrageiam exclusivamente em busca de néctar.

Figura 2.5: Ilustração mostrando a probóscide de uma operária de Apis mellifera introduzida em
uma flor de Azadirachta indica em corte longitudinal, simulando uma visita para a coleta de néctar.

Diante do citado por DAYANANDAN et al. (1994), PURI (1999) e

ERICKSON e ATMOWIDJOJO (2001), que afirmaram haver nectários extra-florais em

Azadirachta indica e que o papel destes nectários na ecologia de polinização de A. indica

ainda é desconhecido. Os galhos das plantas de nim foram observados periodicamente para

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Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua importância
apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

tentar visualizar abelhas visitando os citados nectários. Entretanto, nenhum espécime de

Apis mellifera foi vista explorando fontes de néctar nos galhos de Azadirachta indica.

Receptividade do estigma

Os estigmas de botões florais com idade de 48 horas antes da antese não

apresentaram reação com o peróxido de hidrogênio (Tabela 2.3). Entretanto, quase dois

terços dos estigmas dos botões florais em estádios de 24 horas antes da antese reagiram

diante do peróxido de hidrogênio, embora de forma ainda pouco intensa. Essa reação

demonstrando que a receptividade do estigma do nim inicia-se no período entre 48 e 24

horas antes da antese (Figura 2.6). Doze horas antes da antese quase todos os estigmas já

estavam receptivos e reagiam intensamente ao peróxido de hidrogênio, mas o pico de

receptividade, quando todos os estigmas reagiam intensamente ao peróxido de hidrogênio

foi observado do momento da antese até 12 horas após, quando então essa receptividade

começou a declinar, e acentuou-se bruscamente nas flores cuja antese havia ocorrido há 24

horas. Quarenta e oito horas após a antese, apenas dois, dentre os 30 estigmas examinados,

ainda se mostravam receptivos. Desta forma, observou-se que o estigma de A. indica

permanece bastante receptivo por um prazo de aproximadamente 36 horas, desde antes da

antese até 24 horas após (Figura 2.6).

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Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua importância
apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

Figura 2.6: Horários de liberação do pólen pelas anteras e de receptividade do estigma de


Azadirachta indica, avaliados em função da reação ao peróxido de hidrogênio.

Horário de liberação e de viabilidade dos grãos de pólen

As anteras das flores de A. indica ainda não liberavam pólen 48 horas antes

das flores abrirem, mas já o liberavam 24 horas antes da antese (Figura 2.6). Os grãos de

pólen eram liberados pela abertura longitudinal de todas as anteras simultaneamente e,

após a sua liberação, permaneceram dentro do andróforo, presos às anteras, e ao estigma,

que ficava bem próximo, quando a flor não recebia visitas, portanto não sendo transportado

pelo vento (Figura 2.3a). As flores protegidas por sacos de filó mantiveram os seus grãos

de pólen no interior do andróforo por mais de 48 horas após a antese. Em condições

naturais, 24 horas após a antese, as flores de A. indica praticamente não possuem mais

grãos de pólen, provavelmente por serem removidos pelos visitantes florais.

A germinação in vitro do pólen do nim alcançou valores acima de 80% em

concentrações de sacarose variando de 15% a 60%. Entretanto, os meios de cultura com 30

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Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua importância
apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

a 40% de sacarose foram as que melhor apresentaram emissão dos tubos polínicos dos

grãos de pólen de A. indica (Figura 2.6).

Os grãos de pólen de Azadirachta indica já se tornam viáveis mesmo antes

da antese. Mais da metade dos grãos de pólen (55,7%) estavam viáveis 12 horas antes da

antese e permaneceram viáveis até 48 horas após a antese. O período de maior vigor dos

grãos de pólen foi no momento da antese até 24 horas após a flor estar aberta (Figura 2.7).

Figura 2.7: Percentual de germinação in vitro dos grãos de pólen de nim (Azadirachta
indica) em meios de cultura com diferentes concentrações de sacarose.

Esses resultados discordam de GUPTA et al. (1996) citado por

CHAMBERLAIN et al. (2000) e KUNDU (1999) que afirmam haver protandria

(amadurecimento do pólen antes de ocorrer a receptividade do estigma) em Azadirachta

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Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua importância
apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

indica. Neste trabalho, tanto a receptividade do estigma, quanto a liberação dos grãos de

pólen viáveis já ocorreram com as flores ainda fechadas.

Figura 2.8: Germinação in vitro dos grãos de pólen de nim (Azadirachta indica) em
diferentes idades das flores, em substrato com 40% de concentração de sacarose.

Requerimentos de polinização:

Visitantes florais do nim e tipo de polinização

Algumas visitas esporádicas por parte de lepidópteros foram observadas,

mas eram tão pouco frequentes e sem apresentarem qualquer fidelidade às flores de A.

indica, que foram descartados como potenciais polinizadores, e, portanto, não identificados

nesse estudo.

Neste estudo, tanto na caatinga quanto na mata litorânea, o único visitante

floral do nim com freqüência, padrão de visitas florais (tabela 2.1) e comportamento de

pastejo que denotam ser um agente polinizador foi A. mellifera. Os conhecimentos

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Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua importância
apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

existentes sugerem que as meliáceas sejam polinizadas por insetos (WILLEMSTEIN,

1987). Confirmando esta sugestão, as espécies Apis indica, A. florea, A. cerana, Trigona

spp. e Ceratina spp., foram consideradas os agentes responsáveis pela autopolinização e

polinização cruzada do nim, na Índia (RAJU, 1998).

Obviamente, a composição faunística varia com os ecossistemas estudados,

apresentando efeito direto na diversidade dos visitantes florais observados, como é o caso

do estudo de RAJU (1998), onde as espécies de abelhas estudadas não ocorrem nos

ecossistemas brasileiros.

Tabela 2.1: Freqüência média diária de Apis mellifera coletando néctar e pólen em flores
de nim (Azadirachta indica) na caatinga e na mata litorânea cearense, em 2008.
Horários Caatinga Mata litorânea
N Néctar Néctar Pólen Pólen n Néctar Néctar Pólen Pólen
(Média) (%) (Média) (%) (Média) (%) (Média) (%)
05:00 38,0 29,0 76,3 9,0 23,7 31,7 24,3 76,8 7,3 23,2
08:00 33,7 25,7 76,2 8,0 23,8 25,3 20,0 78,9 5,3 21,1
11:00 24,3 20,0 82,2 4,3 17,8 19,0 15,3 80,7 3,7 19,3
14:00 19,7 15,7 79,7 4,0 20,3 17,3 15,7 90,4 1,7 9,6
17:00 25,7 21,3 83,1 4,3 16,9 19,7 17,0 86,4 2,7 13,6

Tipos de polinização

O percentual de polinização do nim foi muito baixo em todos os tratamentos

testados, apresentando um elevado grau de abscisão das flores. Provavelmente a elevada

queda das flores seja devido a um insucesso na polinização já que a abscisão das flores

ocorre três dias após a sua antese.

A frutificação obtida através da polinização restrita (2,7% na caatinga e

3,3% na mata litorânea) mostrou que a ausência dos agentes bióticos nas flores
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Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua importância
apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

proporciona baixos índices de polinização. Estes dados estão de acordo com KUNDU e

LUUKKANEN (SD) que afirmaram ocorrer um alto índice de alogamia (flor polinizada

pelo pólen de outra flor, sendo esta do mesmo indivíduo ou de indivíduos diferentes) em

Azadirachta indica.

Entretanto, estes dados mostram ainda que o vento pode não ter

desempenhado papel algum na polinização das flores analisadas, caso a frutificação tenha

ocorrido por autogamia. Porém, embora que o sucesso da baixa polinização obtida na

polinização restrita tenha sido resultado de alogamia, a anemofilia atuou de forma

insignificante, já que a frutificação máxima não passou de 3,3%.

Entretanto, se for considerado que em praticamente todas as flores

protegidas foi encontrado que seus estigmas estavam repletos de grãos de pólen da própria

flor e considerando ainda que todos os frutos observados tinham somente uma semente,

este percentual de frutificação deveria ser bem mais elevado. Diante destes resultados,

sugere-se haver algum tipo de auto-incompatibilidade parcial entre os indivíduos, pois

bastaria o sucesso de um único grão de pólen para ocorrer o desenvolvimento dos frutos.

Relacionado ao tema auto-incompatibilidade, na literatura foi encontrado somente um

único estudo que afirma não haver auto-incompatibilidade nesta espécie (PURI, 1999).

Porém KUNDU (1999), analisando o sistema de cruzamento do nim através de análises

genéticas de sementes em Bangladesh, afirmou que há predominância de alogamia em

Azadirachta indica e que ocorre um alto grau de variação genética entre suas populações.

Porém, neste trabalho não há explicações para a predominância da alogamia.

A frutificação obtida no tratamento polinização restrita deve ser devido a

auto-polinização, pois as anteras liberam o pólen a uma distância máxima de

aproximadamente um milímetro do estigma. Como as anteras circulam o estigma de forma

muito próxima, provavelmente, choques mecânicos acabam por levar o pólen das anteras
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Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua importância
apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

ao estigma como também podem retirá-lo. Neste trabalho não foi encontrado aborto de

frutos (Figura 2.8).

Os resultados obtidos com a polinização entomófila estão de acordo com

todos os trabalhos que abordam este assunto (MATHEW e DAS, 1987; PURI, 1999;

KUNDU, 1999; KUNDU e LUUKKANEN, SD). Os resultados mostram que a polinização

melitófila com uma visita apresenta frutificação um pouco abaixo da polinização natural,

sugerindo que uma visita alcança bons índices de polinização, mas que mais visitas

possivelmente podem melhorar o percentual de frutificação desta espécie.

Figura 2.9: Frutificação de flores de Azadirachta indica que receberam polinização natural,
polinização melitófila com uma única visita de Apis mellifera e polinização restrita, em condições
de caatinga e de mata litorânea, no Estado do Ceará, em 2008.

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Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua importância
apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

2.4. CONCLUSÕES

Azadirachta indica apresenta duas épocas de florescimento durante o ano

com flores hermafroditas que apresentam antese ao final da tarde.

Os grãos de pólen das flores apresentam-se viáveis no mesmo horário em

que ocorre a viabilidade do estigma.

Os únicos visitantes das flores de Azadirachta indica com características de

agentes polinizadores foram as abelhas Apis mellifera, que apresentaram o comportamento

de coleta de pólen e néctar durante a permanência nas flores.

O vento não apresentou papel importante na polinização das flores que

aparentemente possuem uma auto-incompatibilidade parcial.

2.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CAPÍTULO 3

Influência do florescimento do nim (Azadirachta indica A.

Juss: Meliaceae) sobre a área de crias das colônias de Apis

mellifera nos biomas caatinga e mata litorânea cearense.

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- CAPÍTULO 3 –

Influência do florescimento do nim (Azadirachta indica A. Juss: Meliaceae)

sobre a área de crias das colônias de Apis mellifera nos biomas caatinga e mata

litorânea cearense.

RESUMO

O nim (Azadirachta indica A. Juss.) possui comprovadamente princípios

ativos com ação inseticida, mas apesar desta característica suas flores são bastante

apreciadas por abelhas, sendo inclusive apresentada por vários autores como uma espécie

com bom potencial para a produção apícola. Diante disso buscou-se conhecer a

importância apícola de Azadirachta indica através do acompanhamento da população de

crias de colônias de Apis mellifera, durante a época de florescimento dessa espécie. As

observações foram realizadas de junho a dezembro de 2007, nos municípios de Sobral e

Horizonte, Estado do Ceará, em ambiente de caatinga e de mata litorânea, respectivamente.

Em cada bioma, foram distribuídas 6 colônias de abelhas africanizadas em uma área

desprovida de nim e outra onde havia nim em florescimento. Os resultados mostraram que

as colônias distribuídas onde havia nim apresentaram área de crias significativamente

maior (p<0.05) do que nas dispostas nos locais sem nim, tanto na caatinga como na mata

litorânea. A mortalidade de larvas das colônias da caatinga com nim foi mais elevada do

que a da mata litorânea com nim e, quando comparada dentro do mesmo bioma, a

mortalidade das larvas das colônias nos locais com nim foi significativamente superior

(p<0.05) às distribuídas onde não havia nim. Entretanto, o percentual de mortalidade das

crias, que atingiu o máximo de 13,6% dentre as quatro situações examinadas, esteve dentro

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do aceitável. Conclui-se com este trabalho que a mortalidade de crias em colônias de A.

mellifera se eleva com o aumento da participação do pólen de A. indica na dieta das

abelhas, sugerindo uma ação tóxica deste pólen. No entanto, o aumento da postura

compensa a mortalidade, o que leva a aumento na emergência de adultos fortalecendo as

colônias. Azadirachta indica pode contribuir para o fortalecimento de colônias de Apis

mellifera durante o período de escassez de floradas, sendo sua relevância maior na caatinga

do que na mata litorânea cearense.

Palavras chave: abelha melífera, caatinga, flora apícola, mortalidade de cria, pólen tóxico.

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- CHAPTER 3 –

Influence of flowering of neem (Azadirachta indica A. Juss, Meliaceae) in the

area of brood of colonies of Apis mellifera in the caatinga and coastal

vegetations biomes in the Ceará.

ABSTRACT

Neem (Azadirachta indica A. Juss.) is proven to bear active ingredients with insecticide

effect but, despite this, its flowers are appreciated by bees and the species is presented by

some authors as a useful plant for beekeeping. The present study aimed to investigate the

role Azadirachta indica may play in beekeeping observing its impact on brood population

of Apis mellifera colonies during neem’s blooming season. Observations were carried from

June to December 2007 in the counties of Sobral and Horizonte, state of Ceará, Brazil, in

caatinga and coastal vegetation biomes, respectively. In each biome, 6 colonies of

Africanized honeybees were distributed in an area devoid of neem and other where neem

was blooming. Results showed that colonies placed where neem was blooming produced

brood area significanlty greater (p<0.05) than those placed where there were no neem, both

in caatinga and coastal vegetation. Brood mortality in the colonies of caatinga with neem

was higher than that of coastal vegetation with neem and, when compared within the same

biome, brood mortality of colonies placed in areas with neem was significantly higher

(p<0.05) than that of colonies where neem was not present. However, brood mortality in

the four treatments investigated reached a maximum of 13.6%, within acceptable values. It

was concluded that brood mortality in colonies of A. mellifera rises with increment in the

amount of A. indica pollen present in the bees’ diet, suggesting a toxic effect of this pollen.

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However, increment in Queen laying compensates mortality and produces more adult bees

strenghening the colonies. Azadirachta indica may contribute to strengh Apis mellifera

colonies during dearth periods and it is more relevant in the caatinga than in the coastal

vegetation of Ceará.

Key words: bee flora, brood mortality, caatinga, honeybee, toxic pollen.

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3.1. INTRODUÇÃO

O nim (Azadirachta indica A. Juss.) é uma planta exótica, introduzida da

Índia, que tem sido cultivada no Brasil com vários propósitos, entre eles o sombreamento,

a produção de madeira e o uso como inseticida natural (ARAÚJO, 2008).

Por possuir flores atrativas para a abelha melífera (Apis mellifera L.), o nim

tem sido apontado também como uma espécie com bom potencial para a produção apícola

(ERICKSON e ATMOWIDJOJO, 2001; MOSSINI e KEMMELMEIER, 2005). Alguns

autores sugerem que seja uma importante fonte de néctar para a apicultura, mas com menor

importância como fonte de pólen (CHAUBAL e KOTMIRE, 1980 e TREWARI, 1992).

Crane et al. (1984) recomendam o plantio de nim com a finalidade de melhorar as colheitas

de mel.

No entanto, espécies da família Meliaceae, como o nim, apresentam

triterpenos oxigenados conhecidos como meliacinas. Uma destas meliacinas é a

azadiractina, presente em A. indica, com largo espectro de ação sobre ácaros, nematóides,

vírus de plantas, fungos, crustáceos e vários insetos das ordens Lepidoptera, Coleoptera,

Homoptera, Diptera e Heteroptera (MOSSINI e KEMMELMEIER, 2005).

Nos insetos a azadiractina atua na inibição da alimentação, afeta o

desenvolvimento das larvas, reduz a fecundidade e fertilidade dos adultos, altera o

comportamento, causa diversas anomalias nas células e mortalidade em ovos, larvas e

adultos (MACEDO, 2007). No entanto, há poucas informações disponíveis sobre o seu

efeito sobre A. mellifera.

A ação da azadiractina sobre a abelha melífera é pouco estudada, e os

trabalhos concentram-se no efeito tópico e oral de inseticidas a base de azadiractina em


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larvas e adultos de A. mellifera, provavelmente porque esse princípio ativo é mais

abundante no extrato de sementes, não sendo facilmente detectado nas flores do nim ou em

frutos verdes 40 dias antes da colheita (PESANTE, SD).

Dessa forma, inseticidas a base de nim e óleo de nim, aplicados de forma

tópica ou oral em alimentos artificiais, produziram efeito repelente para campeiras

(NAUMANN et al., 1994), efeitos tóxicos para abelhas operárias (MELATHOPOULOS et

al., 2000; DIAMANTINO et al., 2010) e mortandade de larvas (NAUMANN e ISMAN,

1996; MELATHOPOULOS et al., 2000). Em se tratando de culturas pulverizadas com

inseticidas a base de azadiractina, SCHMUTTERER e HOLST (1987) atentam para os

cuidados com as abelhas que podem ser prejudicadas com aplicações destes inseticidas

durante o florescimento em culturas agrícolas.

Por outro lado, LIU (1995a,b) afirma que a azadiractina é um limoinóide

rapidamente biodegradado por ter grande sensibilidade aos raios ultravioletas e aos meios

ácidos e básicos, não acumulando resíduos nas colméias, bem como não causando efeito de

longo prazo em A. mellifera. Mas não há na literatura informações sobre possível toxidez

do nim para a abelha melífera a partir do uso do pólen e/ou néctar pelas abelhas.

Diante da controvérsia sobre o cultivo do nim como planta apícola ou não,

em função da comprovada toxidez da azadirachtina para A. mellifera, e a inexistência de

informações sobre o efeito da ingestão deste liminóide por larvas e abelhas adultas em

condições naturais, o presente experimento procurou investigar o desenvolvimento das

áreas de crias de colônias dispostas próximas a cultivos de nim em florescimento, em

ambiente de caatinga e de mata litorânea, no Estado do Ceará.

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3.2. MATERIAIS E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em dois biomas diferentes, um de caatinga e

outro de mata litorânea nos municípios de Sobral e Horizonte, respectivamente, ambos no

Estado do Ceará. Em cada bioma, seis colônias de Apis mellifera foram colocadas em uma

área de nim em florescimento e outras seis instaladas em um local desprovido de A. indica,

perfazendo quatro tratamentos:: caatinga com introdução de nim (CCN); caatinga sem a

presença de nim (CSN); mata litorânea com nim (MLCN) e mata litorânea sem nim

(MLSN). A área aproximada com nim na caatinga perfazia 1 hectare e na mata litorânea

totalizava 3 hectares.

No município de Sobral, as coordenadas geográficas da área CSN era

3°36’55”S e 40°18’32”O e da área CCN era 3°46’54”S e 40°21’26”O (CCN). Em

Horizonte, as coordenadas da área de MLSN era 4°02’36”S e 38°27’26”O enquanto que a

área de MLCN era 4°04’12”S e 38°27’29”O. As observações ocorreram nos segundos

semestres de 2007 e 2008, quando havia o florescimento de A. indica. A distância em linha

reta entre os locais das colônias dispostas na CCN e CSN era de 19.000 metros enquanto

que a menor distância entre os locais de MLCN e MLSN era de 3.000 metros.

As colônias usadas no experimento apresentavam um tamanho populacional

aproximado de 60.000 abelhas, estavam alojadas em colméias padrão Langstroth com

todos os favos do ninho devidamente construídos e sem uso de tela excluidora. As abelhas

eram bem adaptadas à região, formando colônias com bom aspecto sanitário e possuindo

rainhas com menos de um ano de idade. As colônias foram escolhidas ao acaso dentre as

42 colmeias do apiário da Universidade Vale do Acaraú, em Sobral, e 20 de um apiário

particular em Horizonte.
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Para identificar as plantas apícolas fornecedoras de pólen durante a época

de florescimento do nim, o pólen colhido pelas abelhas foi amostrado quinzenalmente por

meio de coletores do tipo frontal, instalados na entrada de três colméias em cada um dos

quatro locais de estudo. As amostras foram dividas em sub-amostras que se destinaram a

montagem de triplicatas de lâminas para análise palinológica no Laboratório de Abelhas da

Universidade Federal do Ceará, seguindo a metodologia descrita por Barth (1989).

Tanto para as análises palinológicas quanto as melissopalinológicas, as

espécies vegetais fornecedoras de pólen e néctar foram identificadas por comparações dos

tipos polínicos encontrados nas amostras com a palinoteca do Setor de Abelhas da

Universidade Federal do Ceará.

O efeito do nim no desenvolvimento das colônias nos dois biomas foi

avaliado tomando-se por base a área de crias das colônias, desde um mês antes do período

de florescimento de A. indica até cerca de um mês pós-florescimento. A área de crias

presentes nas colméias foi obtida através do método de AL-TIKRITY et al. (1972) onde os

quadros das colméias contendo crias eram introduzidos em um suporte do tamanho do

quadro da colméia Langstroth, subdividido por barbantes de cor clara que formavam 210

quadrados de 4 cm2 (2 x 2 cm) (Figura 3.1). As medidas das áreas de crias foram tomadas

pela manhã, quando eram contados o número de quadrados que se sobrepunham às crias

em visão perpendicular. Os quadrados não preenchidos completamente por crias foram

contados o número de alvéolos ocupados e multiplicados pela área ocupada por cada

alvéolo posteriormente. Em seguida as áreas de cria foram registradas com fotografias

digitais com máquina fotográfica da marca Sony, modelo F828 de 8 megapixels.

Os dados foram obtidos em sete observações mensais que iniciaram a

aproximadamente um mês antes do período de florescimento e finalizaram um mês após o

período de florescimento de Azadirachta indica nos dois biomas.


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O delineamento experimental usado foi um esquema fatorial 2x2x7 (2

biomas x 2 situações de vegetação com e sem nim x 7 observações) com 6 repetições

(colônias). Os dados foram analisados através do programa SAS (1996) onde foi calculada

uma ANOVA, e as médias comparadas através do teste F (P<0,05).

Para averiguação de um possível efeito tóxico de Azadirachta indica para as

crias, demarcaram-se e acompanharam-se semanalmente duas áreas de 100 alvéolos por

colônia, em quatro colméias de cada apiário (CCN, CSN, MLCN e MLSN) por duas

gerações de operárias, totalizando 64 repetições. Ao todo foi avaliado o desenvolvimento

de 1.600 larvas em cada apiário, quando foi quantificado o número de crias viáveis.

O delineamento do experimento que procurou determinar a mortalidade das

larvas nos favos no interior das colméias foi também um esquema fatorial 2x2 (2 biomas x

2 situações de vegetação com e sem nim) com 16 repetições (áreas de 100 alvéolos). Os

dados foram analisados através do programa SAS (1996) onde foi calculada uma ANOVA,

e as médias comparadas através do teste F (P<0,05) e teste LSD de comparações múltiplas.

Figura 3.1: Quadro de colméia Langstroth inserido no suporte para medição da área de
crias seguindo metodologia de AL-TIKRITY et al. (1972).
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3.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na análise palinológica efetuada com o material coletado durante a época

de florescimento de A. indica foi encontrado pólen de 8 espécies vegetais, tanto em CSN

quanto em CCN (Tabelas 3.1 e 3.2). Já para MLCN e MLSN, na mesma época de

florescimento de A. indica, foi encontrada uma riqueza bem maior de plantas fornecedoras

de grãos de pólen, totalizando respectivamente 18 e 19 espécies, sendo a maioria delas

coincidentes com as das áreas de caatinga (Tabelas 3.3 e 3.4). Esses resultados confirmam

a tendência das abelhas A. mellifera de explorarem, simultaneamente, diferentes fontes de

alimento para compor a sua dieta de pólen, mas que, na ausência de floradas diversificadas,

restringem a coleta deste a uma ou poucas espécies vegetais (HEPBURN e RADLOFF,

1998).

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apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

Tabela 3.1: Espécies vegetais fornecedoras de pólen para Apis mellifera, no bioma caatinga

(Sobral-CE) em área contendo nim (Azadirachta indica A. Juss.) em florescimento, e suas

respectivas freqüências médias nas amostras obtidas em coletor de pólen tipo frontal,

durante os meses de agosto a outubro de 2008.

Espécie Família Nome popular Frequência


média (%)
Anadenanthera colubrina Fabaceae – Mim. Angico 8,4
Azadirachta indica Meliaceae Nim 12,3
Cleome spinosa Capparaceae Mussambê 15,0
Copernicia sp. Arecaceae Carnaubeira 7,0
Licania rígida Chrysobalanaceae Oiticica 5,7
Mimosa tenuiflora Fabaceae – Mim. Jurema preta 21,8
Turnera subulata Turneraceae Chanana 17,3
Ziziphus joazeiro Rhamnaceae Juazeiro 12,5

Tabela 3.2: Espécies vegetais fornecedoras de pólen para Apis mellifera, no bioma caatinga
(Sobral-CE), sem a presença de nim (Azadirachta indica A. Juss.), e suas respectivas
freqüências médias nas amostras obtidas em coletor de pólen tipo frontal, durante os meses
de agosto a outubro de 2008.
Espécie Família Nome popular Frequência
média (%)
Alternanthera brasiliana Amaranthaceae Quebra-panela 19,9
Amburana cearensis Papilionoideae Imburana de cheiro 11,3
Anadenanthera colubrina Fabaceae – Mim. Angico 4,1
Copernicia sp. Arecaceae Carnaubeira 6,5
Licania rigida. Chrysobalanaceae Oiticica 7,3
Mimosa tenuiflora Fabaceae – Mim. Jurema preta 20,9
Turnera subulata Turneraceae Chanana 16,5
Ziziphus joazeiro Rhamnaceae Juazeiro 13,5

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Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua importância
apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

Tabela 3.3: Espécies vegetais fornecedoras de pólen para Apis mellifera, no bioma mata
litorânea (Horizonte-CE), contendo nim (Azadirachta indica A. Juss.), e suas respectivas
freqüências médias nas amostras obtidas em coletor de pólen tipo frontal, durante os meses
de agosto a outubro de 2008.
Espécie Família Nome popular Frequência
média (%)
Alternanthera brasiliana Amaranthaceae Quebra-panela 2,6
Anacardium occidentale Anacardiaceae Cajueiro 13,9
Azadirachta indica Meliaceae Nim 4,6
Cocus nucifera Arecaceae Coqueiro 9,1
Curatella americana Dilleniaceae Cajueiro bravo 0,9
Davilla cearensis Dilleniaceae Cipó-de-fogo 4,4
Himatanthus drasticus Apocynaceae Caraúba 5,7
Manikara triflora Sapotaceae Maçaranduba 2,5
Myrcia sp. Myrtaceae Purpuna 13,1
Ouratea sp. Ochnaceae Batiputá 3,4
Protium heptaphyllum Burseraceae Imbiriba 4,1
Psidium guajava Myrtaceae Goiabeira 4,1
Simarouba versicolor Simaroubaceae Paraíba ou praíba 2,1
Spermacoce verticilata Rubiaceae Vassourinha-de-botão 2,7
Stryphnodendron coriaceum Fabaceae – Mim Barbatimão 10,4
Talisia esculenta Sapindaceae Pitombeira 11,4
Trema micrantha Ulmaceae Grandiúva 4,2
Turnera sp. Turneraceae Chanana 0,6

Tabela 3.4: Espécies vegetais fornecedoras de pólen para Apis mellifera, no bioma mata
litorânea (Horizonte-CE), sem conter nim (Azadirachta indica A. Juss.), e suas respectivas
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Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua importância
apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

freqüências médias nas amostras obtidas em coletor de pólen tipo frontal, durante os meses
de agosto a outubro de 2008.
Espécie Família Nome popular Frequência
média (%)
Alternanthera brasiliana Amaranthaceae Ervanço 3,2
Anacardium occidentale Anacardiaceae Cajueiro 13,4
Cocus nucifera Arecaceae Coqueiro 9,5
Curatella americana Dilleniaceae Cajueiro bravo 0,8
Davilla cearensis Dilleniaceae Cipó-de-fogo 2,7
Himatanthus drasticus Apocynaceae Caraúba 5,2
Mangifera indica Anacardiaceae Mangueira 1,1
Maytenus sp. Celastraceae Casca-grossa 2,9
Mimosa sp. Mimosaceae - 3,0
Myrcia sp. Myrtaceae Purpuna 13,7
Ouratea sp. Ochnaceae Batiputá 3,5
Protium heptaphyllum Burseraceae Imbiriba 2,8
Psidium guajava Myrtaceae Goiabeira 6,4
Simarouba versicolor Simaroubaceae Paraíba ou praíba 2,4
Spermacoce verticilata Rubiaceae Vassourinha-de-botão 3,9
Stryphnodendron coriaceum Fabaceae – Mim Barbatimão 10,0
Talisia esculenta Sapindaceae Pitombeira 12,3
Trema micrantha Ulmaceae Grandiúva 1,7
Turnera sp. Turneraceae Chanana 2,0

Nas análises do potencial de A. indica como fonte de pólen para A. mellifera

observou-se que nas amostras de pólen coletadas em CCN, o pólen de nim foi classificado

como pólen acessório com freqüência máxima de 16,8% no pico de florescimento. Já na

mata litorânea, a representação de A. indica na dieta das abelhas não passou de 7,3%,

sendo considerado apenas como pólen isolado importante, confirmando as afirmativas de

Chaubal e Kotmire (1980) e Trewari (1992) sobre a menor importância do nim como fonte

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Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua importância
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de pólen para a abelha melífera (Tabelas 3.1, 3.2, 3.3 e 3.4). Esses resultados mostram que

A. indica apresenta uma contribuição mais significativa na dieta das abelhas no ambiente

de caatinga, provavelmente porque floresce na época em que a maior parte da vegetação

xerófila da caatinga se apresenta sem folhas e as flores são escassas, enquanto que nessa

estação ocorre o florescimento na região litorânea (FREITAS, 1991; LIMA, 1995;

NORONHA, 1997; REIS, 2009).

Ao serem comparados os biomas, foi observado que as colônias da mata

litorânea apresentaram áreas médias de crias significativamente (P<0,05) maiores que as

áreas médias de crias das colônias localizadas na caatinga, tanto na presença quanto na

ausência do nim (Tabela 3.5). Porém, em ambos os biomas a presença de Azadirachta

indica colaborou significativamente (P<0,05) no incremento da produção de crias nas

colônias, demonstrando potencial para a apicultura (Tabela 3.5).

Tabela 3.5: Áreas médias (cm2) de crias de colônias de Apis mellifera dispostas nos biomas
caatinga (Sobral – CE) e mata litorânea (Horizonte-CE), próximas e distantes de áreas com
Azadirachta indica em florescimento.
Bioma N Azadirachta indica Média2
Ausente Presente

Caatinga 42 821,47 + 228,59bB 1373,61 + 751,07aB 1097,55B

Mata litorânea 42 1098,00 + 190,13bA 1608,71 + 555,08aA 1353,54A

Média1 - 959,02b 1491,17ª -


Médias seguidas da mesma letra minúscula na linha ou maiúscula na coluna apresentam diferenças
significativas (P< 0,05).

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Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua importância
apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

No bioma caatinga, todas as colônias antecederam o período correspondente

ao florescimento de Azadirachta indica com uma quantidade significativamente (P<0,05)

maior de crias do que as colônias da região litorânea. Isso provavelmente foi devido a

diferenças existentes na oferta de alimento dos dois biomas. Pelos testes estatísticos

adotados, não foram encontradas interações entre os biomas e/ou a presença ou ausência de

nim nas áreas.

O padrão de desenvolvimento da área de crias das colônias de A. mellifera

dispostas em MLCN foi semelhante ao das colônias em MLSN, ocorrendo mudanças

apenas na intensidade das curvas de desenvolvimento. As colônias iniciaram o segundo

semestre do ano com a área de cria de aproximadamente 1.000 cm2. No decorrer do

segundo semestre todas as colônias apresentaram um incremento em suas áreas de crias até

o mês de outubro, quando a quantidade de crias caiu sensivelmente até o final do ano

(Figura 3.2). O aumento da área de crias das colônias em MLCN foi maior que na MLSN,

possivelmente incentivadas pela florada de Azadirachta indica.

As colônias que estavam na CCN apresentaram um significativo incremento

na área de crias nos meses de julho e agosto, provavelmente devido ao florescimento do

nim, já que as colônias que se encontravam em CSN demonstraram uma queda na postura

da rainha. Durante o pico de florescimento de A. indica as colônias em CCN apresentaram

uma área de crias 92% maior do que as colônias em CSN. Ao final do florescimento de A.

indica, entre setembro e outubro, as colônias apresentaram outro incremento na área de

postura possivelmente devido ao florescimento de Licania rigida e Ziziphus joazeiro.

Neste mesmo período, as colônias da CSN apresentaram somente a metade da quantidade

de crias do grupo beneficiado com a florada de A. indica, porém, também mostraram um

acréscimo na quantidade de postura, provavelmente também estimuladas pelo

florescimento de L. rigida e Z. joazeiro (Figura 3.2). Esta diminuição na quantidade de


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Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua importância
apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

crias no período seco do ano foi também encontrada por SOUSA (1998) em estudos com

colônias silvestres na caatinga, inclusive sendo uma possível causa para o abandono de

ninhos por mais de 30% delas (SOUSA et al., 2000; FREITAS et al., 2007). Verificou-se

ainda que no segundo semestre do ano, são poucas as espécies em florescimento na

caatinga conforme relatado também por FREITAS (1991), LIMA (1995), NORONHA

(1997) e REIS (2009).

Figura 3.2: Desenvolvimento da área média (cm2) de crias de colônias de Apis mellifera
dispostas em apiários próximos e distantes de cultivos de Azadirachta indica em
florescimento nos biomas caatinga (Sobral-CE) e mata litorânea (Horizonte-CE) durante o
período sem chuvas de 2008.

Os resultados sugerem que na mata litorânea Azadirachta indica é apenas

mais uma espécie a fornecer alimento para as abelhas dentre um conjunto de várias outras

que florescem na época de escassez de chuvas, enquanto que na caatinga A. indica é uma

das poucas opções alimentares na época seca do ano. Ou seja, na região litorânea A. indica
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Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua importância
apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

fornece alimento de forma complementar para as colônias de A. mellifera enquanto que na

região semi-árida, quando presente, o nim passa a constiuir uma fonte essencial de

alimentos para a manutenção das colônias de A. mellifera.

O experimento de acompanhamento do desenvolvimento de crias nas áreas

demarcadas em cada colmeia mostrou que colônias próximas a áreas com A. indica nos

dois biomas apresentaram maior mortalidade de crias quando comparadas com as colônias

distribuídas nas áreas sem A. indica nos mesmos biomas. A mortalidade de larvas em

colônias na CCN (13,6%) foi significativamente superior (P<0,05) que na CSN (5,81%).

Houve também diferença significativa (P<0,05) na mortalidade de larvas das colônias da

mata litorânea onde as que estavam distribuídas na MLCN apresentaram uma mortalidade

de 9,4%, sendo estatisticamente superior (P<0,05) à mortalidade de 5,91% encontrada em

MLSN (Tabela 3.6). Pelos testes adotados, foi verificada uma interação entre os biomas de

tal forma que a média das áreas de sobrevivência das crias entre MLSN e CSN foram

superiores estatisticamente (P<0,05) à média de sobrevivência das colméias dispostas em

MLCN e CCN.

Tabela 3.6: Percentual de sobrevivência de larvas de as crias em colônias de abelhas


melíferas (Apis mellifera) em ambientes na presença e na ausência de nim (Azadirachta
indica) nos biomas caatinga (Sobral-CE) e mata litorânea (Horizonte-CE), em 2008.
Biomas n Sobrevivência percentual das crias de A. mellifera

Presença de A. indica Ausência de A. indica

Caatinga 4 86,40 + 3,00bB 94,19 + 1,87aA

Mata litorânea 4 90,60 + 0,83bA 94,09 + 1,31aA

Médias seguidas da mesma letra minúscula na linha ou maiúscula na coluna apresentam diferenças
significativas (P< 0,05).

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Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua importância
apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

Em ambos os locais estudados na região litorânea foi observada a presença

de uma espécie de barbatimão, Stryphnodendron coriaceum. O Gênero Stryphnodendron é

conhecido por possuir várias espécies cujo pólen é tóxico para as larvas de Apis mellifera

(CARVALHO, 1998). Durante o acompanhamento das colônias, verificou-se que S.

coriaceum colaborou com 10,6 e 15% do pólen das amostras coletadas em MLCN e

MLSN respectivamente. Entretanto, o pico de florescimento do barbatimão coincide com o

final do período de florescimento e início da frutificação de A. indica, não podendo,

portanto, ser responsabilizado pela mortalidade de cria observada no presente experimento.

Apesar de haver uma provável toxicidade de A. indica para crias de A.

mellifera, a intensidade desta toxicidade é considerada aceitável diante dos dados de

SAKAGAMI e FUKUDA (1968), que afirmam ser tolerável uma sobrevivência de 86% de

crias até a fase larval e 85% até a fase adulta em colônias de Apis mellifera (Tabela 3.6).

No entanto, WINSTON, DROPKIN e TAYLOR (1981) preconizam que o percentual de

mortalidade normal até a fase adulta varia de 3 a 10%, o que colocaria as colônias de

ambos os biomas em áreas livres de nim dentro desses níveis de normalidade,

diferentemente daquelas dispostas em áreas com a presença do nim, em ambos os biomas,

que estariam no limite superior (MLCN – 9,40%) ou acima deste (CCN – 13,60%) (Tabela

3.6).

No presente estudo, a baixa mortandade pode ser explicada pelo fato de que

o pólen não é usado fresco na alimentação larval, sendo geralmente armazenado nos favos,

onde sofre um processo de maturação, sendo então denominado de “pão da abelha”. Este

tempo de armazenamento associado à temperatura no interior da colméia são fatores que

podem colaborar para a degradação de compostos como a azadiractina e com isso reduzir o

efeito nocivo do pólen de A. indica para as crias de A. mellifera em condições naturais


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Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua importância
apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

(LIU, 1995a,b) Além disso, como foi observado em condições de campo, o pólen de nim

esteve presente na dieta das abelhas Apis mellifera em baixos percentuais (3,5% na mata

litorânea e 16,8% na caatinga) e certamente deve ser fornecido às larvas em proporções

semelhantes, e não de forma exclusiva.

Não foi observada alteração no desenvolvimento na fase de ovo das abelhas

africanizadas das colônias distribuídas em áreas com nim. Possivelmente porque o efeito

de seu princípio tóxico seja somente alimentar. Estes dados são apoiados por SOUZA

(2004) quando afirmam que a fase de ovo é a fase mais difícil de ser atingida pelo extrato

de sementes de Azadirachta indica.

A maior mortalidade ocorreu após o terceiro dia de vida larval. Após o

décimo segundo dia, a mortalidade das crias (pupas) foi bem menor, não chegando a 1%

até o nascimento. Segundo HELD et al., (2001), ISMAN (2002) e KAMARAJ et al.

(2008), a azadiractina age como deterrente alimentar para várias espécies e NAUMANN e

ISMAN (1996) e PENG et al. (2000) observaram que inseticidas a base de A. indica foram

mais tóxicos para larvas de Apis mellifera do que para qualquer outra espécie de inseto.

Desta forma, é possível supor que a significativa (P<0,05) maior mortalidade de larvas

observadas em áreas de nim em relação a aquelas sem nim, seja devido à alimentação das

larvas com pólen e/ou néctar coletados pelas operárias nessa espécie vegetal, sendo seu

efeito sobre as larvas tão maior quanto maior foi a particpação na dieta das abelhas. Essa

suposição é apoiada pela mortalidade maior observada em CCN, onde a participação do

pólen do nim na dieta das abelhas foi bem maior do que em MLCN. Porém, é importante

ressaltar que não há investigações sobre a presença de azadiractina no néctar ou no pólen

de A. indica.

Portanto, apesar da demonstrada toxicidade de A. indica para A. mellifera

quando manipulada para ser usada como inseticida, deve-se considerar na avaliação da
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Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua importância
apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

viabiliade do uso desta espécie como flora apícola, os benefícios trazidos para o estímulo à

postura das rainhas nas colônias em cada bioma. Na caatinga a espécie parece ter

colaborado com a elevação de 92% da população de crias em contraste com a mortalidade

abaixo de 5% acima do normal, enquanto que na mata litorânea o incremento de crias foi

de 46% e a mortalidade apresentada não alcançou 4% até o nascimento, favorecendo o

desenvolvimento das colônias em ambos os casos.

Por outro lado, essa espécie exótica tem se mostrado uma invasora eficiente

já tendo se tornado sub-espontânea em várias localidades. Considerando o seu potencial

para ser usado como inseticida, causador de infertilidade em aves e mamíferos e de poder

ser abortivo para mamíferos (MOURÃO, 2008; MUKHERJEE et al., 1996;

DESHPANDE, MENDULKAR e SADRE, 1980; TALWAR et al., 1997), além de outras

ações talvez ainda desconhecidas, é fundamental que se investigue exaustivamente e

esclareça o real efeito do nim sobre as abelhas A. mellifera e outros animais dos biomas

estudados para que se possa recomendar ou não o seu cultivo como planta apícola ou para

outros fins.

3.4. CONCLUSÕES

Azadirachta indica pode contribuir significativamente para o aumento da

área de crias em colônias de Apis mellifera durante o período de escassez de floradas nos

biomas caatinga e mata litorânea cearense.

A importância dos recursos florais da espécie A. indica no desenvolvimento

da área de crias de colônias de A. mellifera é maior na caatinga do que na mata litorânea

cearense.
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Toxicidade do nim (Azadirachta indica A. Juss.: Meliaceae) para Apis mellifera e sua importância
apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

A mortalidade de crias em colônias de A. mellifera se eleva com o aumento

da participação do pólen de A. indica na dieta das abelhas, sugerindo uma ação tóxica deste

pólen.

O incremento na produção de larvas nos ambientes com A. indica levam a

um crescimento da área de crias e um conseqüente aumento na emergência de adultos,

fortalecendo as colônias.

3.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CAPÍTULO 4

Toxicidade do pólen, néctar e do odor das flores de nim

(Azadirachta indica A. Juss: Meliaceae) para operárias

adultas de Apis mellifera criadas em gaiolas.

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- CAPITULO 4 -

Toxidade do pólen, néctar e do odor das flores de nim (Azadirachta indica A.

Juss: Meliaceae) para operárias adultas de Apis mellifera criadas em gaiolas.

RESUMO

O nim (Azadirachta indica A. Juss.) vem sendo apontado como uma boa

fonte de pólen e néctar para a apicultura, no entanto há evidências de que suas flores

possam ser tóxicas para abelhas. O presente experimento foi realizado no Laboratório de

abelhas da Universidade Federal do Ceará no período de outubro a dezembro de 2007, e

teve por objetivo avaliar a toxidade do pólen, néctar e odor das flores de nim para operárias

adultas de Apis mellifera criadas em gaiolas. Para isso, 20 operárias jovens de abelhas

africanizadas foram confinadas em gaiolas, em seis repetições, para receberem durante

toda a vida os tratamentos alimentares: água, mel e pólen apícola (T0); água, flores de nim

e polen apícola (T1); água, flores de nim e mel (T2); água e flores de nim (T3); água, mel,

pólen apícola e cheiro das flores de nim (T4) e água, flor de nim, mel e pólen apícola (T5).

Diariamente as abelhas eram contadas e retiradas as que estavam mortas. Os dados foram

analisados considerando-se a sobrevivência, o índice de mortalidade e o tempo médio de

mortalidade dos indivíduos. Os resultados mostraram que os indivíduos que se

alimentaram exclusivamente dos recursos florais de A. indica apresentaram menor taxa de

sobrevivência e menor tempo médio de vida, diferindo significativamente (p<0,05) dos que

não se alimentaram. Conclui-se que as flores de A. indica são altamente tóxicas para os

adultos de A. mellifera quando fontes exclusivas de pólen e néctar, porém não se mostram

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nocivas para essas abelhas quando as mesmas dispõe de outras fontes de alimento. O odor

das flores não apresenta efeito tóxico ou mesmo repelente para A. mellifera.

Palavras chave: abelha melífera, mortandade de abelha, planta tóxica, pólen tóxico, taxa

de mortalidade.

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- CHAPTER 4 -

Toxicity of pollen, néctar and smell of the flowers of neem (Azadirachta indica

A. Juss, Meliaceae) for adult workers of Apis mellifera caged.

ABSTRACT

Neem (Azadirachta indica A. Juss.) has been suggested as a good source of

pollen and nectar for beekeeping, but there are evidences that its flowers are toxic for bees.

This experiment was carried out in the bee lab of Universidade Federal do Ceará, Brazil,

from October to December of 2007, and aimed to evaluate the toxicity of pollen, néctar

and odour of neem flowers to adult workers of Apis mellifera reared in cages. Therefore,

young, Africanized honeybee workers were caged and submitted throughout their lives to

the following treataments: water, honey and bee pollen (T0); water, neem flowers and bee

pollen (T1); water, neem flowers and honey (T2); water and neem flowers (T3); water,

honey, bee pollen and odour of neem flowers (T4); and water, neem flowers, honey and

bee pollen (T5). Bees were counted daily and the dead ones were removed. Each treatment

counted with six replicates of 20 workers. Data were analysed for survival rate, mortality

índex and mean time of bee mortality. Results showed that individuals feeding exclusively

on floral resources of A. indica presented lower survival rate and shorter lifespan, differing

significantly (p<0,05) to those feeding in other sources of food. It is concluded that flowers

of A. indica are highly toxics to adult A. mellifera workers when used as an exclusive

source of pollen and nectar, but they do not pose risk when bees have access to other

sources of food. The odour of neem flowers does not have toxic or repelent effect to A.

mellifera.

Key words: bee mortality, honeybee, mortality rate, toxic plant, toxic pollen.
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4.1. INTRODUÇÃO

As operárias de Apis mellifera buscam constantemente na região próxima de

suas colônias, água, resina e os recursos alimentares néctar e pólen que são obtidos de

várias espécies vegetais (WINSTON, 1987).

Dentre as centenas de plantas exploradas por Apis mellifera está o nim

(Azadirachta indica), que atualmente encontra-se muito disseminada no Brasil

(MARTINEZ, 2002). Entretanto a importância desta espécie para a apicultura é alvo de

constantes discussões, pois ela apresenta efeitos que são nocivos para um grande número

de espécies de insetos, inclusive para as abelhas (NAUMANN e ISMAN, 1996; NEVES et

al., 2003; MOSSINI e KEMMELMEIER, 2005).

A ação de A. indica sob os insetos assume várias formas como a de repelir

algumas espécies (SCHMUTTERER, 1990; HEYDE et al., 1983), ter ação anti-ovipositora

(SCHMUTTERER, 1990), possuir ação reguladora da alimentação (SIMMONDS e

BLANEY, 1983; ISMAN, 2002), ser um regulador de crescimento (SALLES e RECH,

1999) e apresentar ação reguladora de fecundidade (HEYDE et al., 1983). Acredita-se que

esta planta possua propriedades repelentes aos insetos, mas o efeito mais pesquisado e

divulgado é de promover a morte dos insetos. Este efeito letal sob os insetos é devido à

presença de compostos limonóides, sendo o principal deles a azadiractina (BISWAS et al.,

2002; BITTENCOURT, 2007). A presença destes compostos tóxicos no néctar e no pólen

ainda não foi devidamente registrada na literatura.

Várias pesquisas foram publicadas mostrando o efeito de inseticidas

produzidos a partir do nim sob várias espécies de insetos (MOURÃO, 2008; CINTRA et

al., 2005). Entretanto não foi encontrada nenhuma pesquisa que procurasse identificar a

toxicidade dos recursos florais de A. indica em indivíduos adultos de A. mellifera. Diante


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do exposto, objetivou-se com este trabalho avaliar os efeitos que os recursos florais de A.

indica causam sob a sobrevivência de operárias de A. mellifera quando confinadas em

gaiolas em condições de laboratório.

4.2. MATERIAL E MÉTODOS

Este experimento foi conduzido no Laboratório de Abelhas da Universidade

Federal do Ceará, entre agosto e novembro de 2008, quando foram criadas operárias

adultas, recentemente emergidas, em gaiolas conforme metodologia usada por PEREIRA

(2005).

T0: Água + mel + pólen apícola

T1: Água + flores de nim + pólen apícola

T2: Água + flores de nim + mel

T3: Água + flores de nim

T4: Água + odor das flores de nim + mel + pólen apícola

T5: Água + flores de nim + mel + pólen apícola

Para essa avaliação, colocou-se em uma estufa do tipo B.O.D. favos

contendo pupas prestes a nascerem de colônias de Apis mellifera. A temperatura interna do

B.O.D. e a umidade relativa do ar permaneceram em torno de 34°C e 67%,

respectivamente.

Após a emergência, as operárias foram confinadas em gaiolas de madeira

com dimensão de 8 x 10 x 15 cm. As gaiolas possuíam piso telado, as laterais maiores

eram de vidro e na parte superior das gaiolas existiam dois orifícios que recebiam frascos
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de vidro emborcados, com as tampas perfuradas, para o fornecimento de mel e água para

as abelhas contidas no interior das gaiolas. O pólen apícola foi fornecido em tampas

plásticas colocadas na superfície do piso telado.

Foram usadas seis gaiolas simultaneamente, cada uma delas com um dos

tratamentos escolhidos aleatoriamente, com seis repetições. Apesar de PEREIRA (2005) e

MILFONT (2007) terem usado 50 operárias em cada gaiola, devido à dificuldade

operacional encontrada para a introdução das flores de A. indica, neste experimento foram

mantidas somente 20 operárias de Apis mellifera em cada uma das seis repetições. Desta

forma, cada tratamento foi testado com um total de 120 operárias.

As gaiolas e suas peças foram lavadas com detergente neutro e enxugadas

ao sol dois dias antes do início do experimento. Durante o experimento as mesmas

permaneceram em condições ambientais com temperatura em torno de 29°C e umidade

relativa do ar de aproximadamente 76%.

A cada 6 horas eram adicionadas 60 flores nos tratamentos T1, T2, T3, T4 e

T5 e retiradas as antigas. As inflorescências cujas flores eram destinadas aos tratamentos

desta pesquisa foram protegidas de outros visitantes florais enquanto permaneciam nas

plantas, usando-se para isso por sacos de filó. A ponta do galho de cada inflorescência foi

isolada com cera de abelhas para evitar o contato das abelhas com um provável

componente tóxico da seiva. No tratamento T4 as flores foram fornecidas somente do lado

de fora da gaiola, a uma distância do piso telado que permitisse a passagem do seu odor

sem, entretanto serem alcançadas pelas abelhas.

Após a introdução das flores nas gaiolas, observações eram realizadas para

se confirmar a visita das abelhas às flores e analisar o comportamento das mesmas após as

visitas florais.

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apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

Todos os dias era contada e devidamente registrada a quantidade de abelhas

mortas em cada gaiola, retirando-as cuidadosamente para evitar a fuga das demais. A

toxicidade de Azadirachta indica foi medida pelo período para mortalidade total nas

abelhas na gaiola (PMTG), índice de mortalidade (IM) e pelo tempo médio de mortalidade

(TMM) das abelhas confinadas e alimentadas conforme os tratamentos citados. As

fórmulas do IM e do TMM estão a seguir:

IM = Quantidade de abelhas mortas

Número de dias

TMM = ∑(abelhas mortas x número de dias)

Total de abelhas mortas

O delineamento experimental foi inteiramente casualisado com 6

tratamentos e 6 repetições. As médias obtidas do PMTG, IM e TMM foram analisadas

usando-se o teste de Ryan-Einot-Gabriel-Welsch a um nível de significância de 5%.

4.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na análise dos dados verificou-se que houve diferenças significativas

(P<0,05) entre os tratamentos testados. Analisando-se o período para mortalidade total das

abelhas nas gaiolas (PMTG) verificou-se que os indivíduos que receberam os tratamentos

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T0, T4 e T5 não diferiram entre si (P<0,05), mas foram diferentes (P<0,05) de T1, T2 e

T3. Estes por sua vez diferiram entre si (P<0,05) (Tabela 1).

Os tratamentos que apresentaram maior PMTG foram os que tinham um

fornecimento de mel e pólen (T0, T4 e T5). Os indivíduos do T2, que receberam flores de

A. indica juntamente com mel, apresentaram PMTG significativamente inferior aos

indivíduos de T0, T4 e T5, mas foi significativamente maior (P<0,05) aos T1 e T3 (Tabela

4.1).

Tabela 4.1: Período, em dias, para mortalidade total nas abelhas na gaiola (PMTG), índice
de mortalidade (IM) e tempo médio de mortalidade (TMM) de operárias adultas de Apis
mellifera criadas em gaiolas sob condições de laboratório sujeitas às dietas: Água, mel e
pólen (T0); água, flores de nim e polen apícola (T1); água, flores de nim e mel (T2); água e
flores de nim (T3); água, mel, pólen e cheiro das flores de nim (T4) e água, flor de nim,
mel e pólen apícola (T5).
Tratamentos N PMTG IM TMM
T0 6 14,000 + 1,095a 1,435 + 0,125c 9,342 + 0,155a
T1 6 8,500 + 0,548c 2,360 + 0,153b 5,650 + 0,274c
T2 6 11,500 + 2,510b 1,923 + 0,477bc 7,392 + 0,887b
T3 6 4,000 + 0,894d 5,223 + 1,207a 2,458 + 0,593d
T4 6 14,000 + 0,632a 1,432 + 0,066c 9,258 + 0,664a
T5 6 14,333 + 0,816a 1,490 + 0,118c 9,442 + 0,520a
Valores seguidos de mesma letra nas colunas não diferiram entre si (P>0,05) pelo teste de
Ryan-Einot-Gabriel-Welsch.

O tratamento T3 apresentou o menor PMTG, diferenciando-se

significativamente dos demais (P<0,05) (Tabela 4.1) com uma queda brusca no número de

sobreviventes nos quatro dias iniciais do experimento (Figura 4.1). Essa rápida mortalidade

pode ter sido devido a alguma toxicidade presente nos recursos florais do nim ou a uma má

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alimentação das operárias decorrente da baixa quantidade de néctar nas flores conforme

encontrado por ALVES e FREITAS (submetido).

O menor tempo médio de mortalidade, que foi de 2,46 dias, foi observado

nos indivíduos do tratamento T3, que foi estatisticamente inferior a todos os demais

tratamentos (Tabela 4.1).

Figura 4.1: Sobrevivência média de operárias adultas de Apis mellifera criadas em gaiolas
sob condições de laboratório sujeitas às dietas: Água, mel e pólen (T0); água, flores de nim
e polen apícola (T1); água, flores de nim e mel (T2); água e flores de nim (T3); água, mel,
pólen e cheiro das flores de nim (T4) e água, flor de nim, mel e pólen apícola (T5).

No tratamento T1 a mortalidade dos indivíduos foi também bastante

elevada. Neste tratamento as operárias receberam uma massa de pólen apícola bem

diversificada que pudesse suprir melhor as suas necessidades nutricionais. As abelhas são

capazes de sobreviver por muito tempo com dietas pobres em carboidratos, mas o pólen é

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essencial para o desenvolvimento destas abelhas novas e de suas glândulas hipofaringeanas

(DIETZ, 1975). Mesmo sabendo que o mel é a principal fonte de energia para as abelhas e

que este não é completamente substituído pelo pólen (WINSTON, 1987), os resultados

mostram que as operárias submetidas ao tratamento T1 aparentemente utilizaram a energia

proveniente do pólen para viverem por um tempo maior que as operárias que se

alimentaram exclusivamente dos recursos obtidos nas flores de A. indica (T3).

Analisando-se os suplementos alimentares néctar e pólen apícola através do

TMM entre T1 e T2, pode se verificar que as flores de nim parecem ter menor toxicidade

quando as abelhas têm outra fonte alternativa de néctar (Tabela 4.1). Assim, supõe-se que

o néctar floral possivelmente promova um efeito tóxico em operárias de Apis mellifera.

Os indivíduos do tratamento T2 que receberam néctar juntamente com os

recursos florais de A. indica viveram em média mais dias do que as abelhas dos

tratamentos T1 e T3. Embora as abelhas do T2 estivessem recebendo água, mel e recursos

florais (néctar e pólen) de A. indica, a sobrevivência em T2 foi menor do que em T0 onde

as abelhas também receberam os mesmos produtos, mas de fontes diferentes, ou seja, não

eram de origem do nim. Estes resultados denotam que há algo nas flores de A. indica

fornecidas em T2 que causaram uma mortalidade mais rápida nas operárias em estudo.

Ao serem comparados os tratamentos T2 e T3, verifica-se que o néctar

fornecido em T2 aparentemente ajudou a aumentar o tempo de vida das abelhas. Neste

caso, o mel fornecido pode ter servido de diluidor do néctar das flores de A. indica ou ter

propiciado uma melhor alimentação para as abelhas, que acabaram tendo um maior tempo

de sobrevivência em T2.

O fato de as abelhas submetidas ao T4 ser significativamente igual (P<0,05)

às que receberam a dieta do T0 mostra que o odor das flores de A. indica não apresentou

efeito tóxico algum sob as operárias de A. mellifera.


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Também não houve efeito de repelência para os indivíduos, que

contrariamente se sentiram bastante atraídos para as flores, forçando a cabeça contra o

assoalho, em direção às flores, nos horários próximos à antese floral, que ocorreu

aproximadamente a partir das 16:00 horas. Provavelmente essa atratividade se dava porque

as flores apresentavam um odor bastante forte. Esta intensa atratividade não foi verificada

em outros horários.

No tratamento T5 pode se verificar que a interação entre todos os fatores

leva a resultados semelhantes (P<0,05) ao tratamento testemunha T0. Desta forma, a

presença de flores de A. indica na presença de mel e de pólen de outras fontes não

influenciou na sobrevivência das operárias de A. mellifera. Estes dados ilustram que o nim

não apresenta efeito nocivo para as campeiras de Apis mellifera sob as condições

ambientais em que haja disponibilidade de uma imensa diversidade de fontes de néctar e

pólen para as abelhas explorarem.

4.4. CONCLUSÕES

As flores de Azadirachta indica são altamente tóxicas para as abelhas

adultas da espécie Apis mellifera quando são fonte exclusiva de alimento.

O odor das flores de A. indica não apresentou efeito tóxico ou mesmo

repelente para as abelhas Apis mellifera.

As flores de Azadirachta indica na presença de outras fontes de néctar e

pólen não apresentm efeito nocivo para as abelhas Apis mellifera.

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apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

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apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

CAPÍTULO 5

Toxicidade do pólen de nim (Azadirachta indica A. Juss:

Meliaeceae) para larvas de operárias de Apis mellifera

criadas in vitro.

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- CAPÍTULO 5 -

Toxidade do pólen de nim (Azadirachta indica A. Juss: Meliaceae) para larvas

de operárias de Apis mellifera criadas in vitro.

RESUMO

O experimento foi desenvolvido no Laboratório de Abelhas da Universidade

Federal do Ceará com o objetivo de determinar a toxicidade do pólen de nim (Azadiracha

indica) para larvas de Apis mellifera. Para isso larvas de operárias de A. mellifera foram

criadas em cúpulas artificiais, sob condições de laboratório, submetidas a quatro diferentes

dietas correspondentes aos tratamentos: T0: Alimento larval artificial; T1: Alimento larval

artificial + 60 mg de pólen de Azadiracha indica; T2: Alimento larval artificial + 60 mg de

pólen apícola de outras plantas e T3: Alimento larval artificial + 30 mg de pólen de

Azadiracha indica + 30 mg de pólen apícola de outras plantas. Os resultados mostraram

que as larvas que receberam AL juntamente com pólen de A. indica (T1) tiveram

mortalidade de 100%, sendo significativamente superior do que a mortalidade das larvas

que receberam AL com pólen misturado de A. indica e de outras espécies (T3), que

promoveu a morte de 63,9%. A mortalidade das larvas nos tratamentos T0 e T2, onde os

grãos de pólen de nim não estavam presentes, não diferiram entre si, apresentando

resultados de 30,5% e 27,7% respectivamente. Conclui-se que o pólen de Azadiracha

indica é prejudicial às crias de operárias de Apis mellifera causando efeito nocivo e até

mesmo letal às larvas desenvolvidas em laboratório à medida que se aumenta a sua

participação na dieta.

Palavras chave: abelha melífera, alimento larval, flora apícola, mortalidade larval, nim.

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- CHAPTER 5 -

Pollen toxicity of neem (Azadirachta indica A. Juss, Meliaceae) for worker

larvae of Apis mellifera created in vitro.

ABSTRACT

The experiment was carried out at the Bee Laboratory of Universidade Federal of Ceará in

order to determine the toxicity of pollen from neem (Azadiracha indica) to Apis mellifera

larva. Worker A. mellifera larvas were reared in artificial cups under laboratory conditions

and subjected to four different diets corresponding to treatments: T0: artificial larval food,

T1: artificial larval food + 60 mg of Azadiracha indica pollen; T2: artificial larval food +

60 mg of bee pollen from other plant species and T3: artificial larval food + 30 mg of

Azadiracha indica pollen + 30 mg of bee pollen from other plant species. Results showed

that the larvas fed artificial larval food with pollen from A. indica (T1) presented 100%

mortality rate, significantly higher than the mortality of larvas fed artificial larval food with

mixed pollen of A. indica and other species (T3), which produced the 63.9% death. Larval

mortality in treatments T0 and T2, where neem pollen grains were not present, did not

differ to each other producing 30.5% and 27.7% mortality, respectively. It is concluded

that the Azadiracha indica pollen is harmful to worker brood of Apis mellifera causing

adverse and even lethal effects to the larvas reared in lab conditions as one increase its

participation in the larval diet.

Key words: brood food, bee flora, honey bee, larval mortality, neem.

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5.1. INTRODUÇÃO

A região Nordeste do Brasil vem se destacando como grande produtora de

mel no país. No entanto, 73% da sua área é dominada pelo bioma caatinga, caracterizado

por um curto período de chuvas e um longo período seco (AMORIM et al., 2009). Durante

a falta de chuvas, poucas espécies florescem e as colônias de Apis mellifera enfraquecem

consideravelmente ou abandonam seus ninhos (FREITAS et al., 2007). O progressivo

desmatamento da caatinga apenas piora esse quadro ano após ano (FREITAS et al., 2009).

Por essa razão, pesquisadores e apicultores buscam constantemente alternativas

alimentares para as colônias, seja por meio do desenvolvimento de rações para alimentação

artificial ou pela introdução de espécies exóticas apícolas como a algaroba (Prosopis

juliflora) e o nim (Azadirachta indica) (ARAÚJO et al., 2008; SILVA et al., 2008;

PEREIRA et al., 2006).

O nim foi introduzida no Brasil em 1986 pelo IAPAR visando o seu uso

como inseticida natural, e hoje já domina algumas paisagens urbanas e rurais do país

(MARTINEZ, 2002). No Nordeste brasileiro, abelhas A. mellifera visitam regularmente as

flores do nim, especialmente nos períodos críticos do ano, o que tem levado apicultores a

questionarem a sua ação inseticida sobre essa espécie e apresentarem interesse no seu

cultivo como planta apícola. No entanto, alguns estudos demonstraram que o nim contém

componentes químicos com ação inseticida, sendo tóxico a dezenas de espécies de insetos,

incluindo Apis mellifera (NEVES et al., 2003; MARTINEZ, 2002; SCHMUTTERER e

SINGH, 1995).

Azadirachta indica é potencialmente tóxica para as abelhas porque contém

azadiractina, que é um limonóide com largo espectro de ação sobre ácaros, nematóides,
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vírus de plantas, fungos, crustáceos como também a vários insetos das ordens Lepidoptera,

Coleoptera, Diptera e Hemiptera (subordens Homoptera e Heteroptera) (MOSSINI e

KEMMELMEIER, 2005).

Inseticidas elaborados a base de extratos de folhas e/ou de sementes de nim,

quando aplicados diretamente em alvéolos com larvas de Apis mellifera, mostraram uma

elevada DL50 para as larvas, sendo maior do que para várias outras espécies de insetos. As

larvas que mais sofreram os efeitos estavam entre o terceiro e o quarto instar larval de

desenvolvimento (NAUMANN e ISMAN, 1996). PENG et al. (2000) também afirmam

que o óleo de A. indica foi bastante tóxico para as larvas de A. mellifera.

As pesquisas sobre toxidex do nim para A. mellifera vem sendo realizadas

usando o extrato de sementes, folhas, ramos e flores aplicados em colônias ou pomares.

(SCHMUTTERER e HOIST, 1987; NAUMANN e ISMAN, 1996). Em condições naturais,

as abelhas visitam apenas as flores em busca de pólen e néctar, não havendo como

entrarem em contato com toxinas presentes na seiva e tecidos de folhas, ramos e sementes.

Porém, não há estudos investigando o uso feito por A. mellifera do pólen do nim na

alimentação das larvas, que são os indivíduos que recebem a maior parte do pólen que as

campeiras coletam e levam à colméia.

Portanto, o presente trabalho teve por objetivo investigar os efeitos do uso

do pólen de A. indica na alimentação de larvas de operárias de A. mellifera criadas sob

condições de laboratório, uma vez que investigações sobre componentes tóxicos na

alimentação das larvas só podem ser conduzidos em condições devidamente controladas

(MCKEE et al., 2004; AESE et al., 2005; AUPINEL et al., 2005), já que dentro das

colônias as operárias detectam e removem larvas doentes e mortas (BRODSGAARD et al.,

2000).

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5.2. MATERIAIS E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no Laboratório de Abelhas da Universidade

Federal do Ceará, entre setembro e dezembro de 2008, testando-se os seguintes

tratamentos, em 36 repetições cada:

T0: Alimento larval artificial (AL);

T1: Alimento larval artificial (AL) + 60 mg de pólen de Azadiracha indica

(PAI);

T2: Alimento larval artificial (AL) + 60 mg de pólen apícola de outras

plantas (PAOP);

T3: Alimento larval artificial (AL) + 30 mg de pólen de Azadiracha indica

(PAI) + 30 mg de pólen apícola de outras plantas (PAOP).

Para tanto, cúpulas de polietireno usadas tradicionalmente para a produção

de rainhas, com 5,5 mm de diâmetro na base, 5,8 de diâmetro na parte superior e 9,7 mm

de altura foram lavadas com detergente neutro, enxaguadas e imersas em álcool por 24

horas. Em seguida, as cúpulas foram marcadas com letras e números para identificar o

tratamento e a repetição, respectivamente. Então foram introduzidas em duas colônias de

A. mellifera, onde permaneceram por 48 horas. O transporte destas cúpulas, de volta ao

laboratório, foi realizado em um recipiente estéril fechado e em seguida foram levadas

diretamente para dessecadores que estavam armazenados em um B.O.D., de onde foram

retiradas apenas para receberem as larvas de A. mellifera e os seus respectivos tratamentos.

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O alimento larval fornecido foi idealizado por REMBOLD e LACKNER

(1981), com modificações sugeridas por SILVA et al. (2005) no qual as proporções dos

nutrientes seguiu a seguinte composição: água (36,3%), d-frutose (6,8%), d-glicose (6,8%),

extrato de levedo (1,1%) e geléia real (49%). A geléia real utilizada foi adquirida na

empresa “Apiários Wenzel”, em Picos - PI. Sua apresentação era de forma in natura, cujo

frasco foi mantido em recipiente com gelo, sendo retirada somente no momento da

elaboração do alimento larval.

O alimento utilizado em cada tratamento foi preparado e armazenado em

tubos tipo Falcon estéreis, revestidos por papel alumínio e mantido em geladeira a 4°C por

no máximo 6 dias após o preparo (SILVA, 1995). Uma fração diária era retirada somente

no momento de fornecer a alimentação para as larvas. Para isso, essa fração era levada ao

banho Maria a 34°C, em recipiente estéril e hermeticamente fechado, onde permanecia por

5 minutos antes de ser usada na alimentação das larvas. As sobras dessa fração, após a

aplicação, eram descartadas.

Após o preparo do alimento, procedeu-se a transferência das larvas que

foram retiradas de duas colônias do apiário da Universidade Federal do Ceará, cada qual

possuindo uma população de cerca de 60.000 indivíduos adultos. Os favos foram

transportados para o laboratório envolvidos em tecido úmido estéril a uma temperatura

ambiental aproximada de 32°C, dentro de uma caixa de isopor. As larvas transferidas para

as cúpulas apresentavam-se com tamanho equivalente a larvas de até 24 horas de idade

após a eclosão do ovo. A transferência foi realizada usando-se uma agulha de aço

inoxidável, apropriada para este serviço, com a extremidade achatada e dobrada a um

ângulo de aproximadamenet 90°. Estas larvas foram depositadas nas cúpulas já contendo 4

µl dos tratamentos testados. Para uma melhor visualização, o processo de transferência das

larvas dos favos para as cúpulas foi realizado sob lupa. Estes cuidados visavam diminuir a
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incidência de ferimentos que pudessem afetar o desenvolvimento ou até mesmo a

sobrevivência das larvas.

Após a transferência, as cúpulas foram mantidas em uma incubadora com

temperatura (34°C) e umidade (90%) controladas, conforme a metodologia sugerida por

VANDENBERG e SHIMANUKI (1987), com modificações adotadas por SILVA (1995).

Realizadas as transferências das larvas para as cúpulas, foram marcadas

duas áreas com 100 larvas recém-eclodidas em cada um dos dois favos, para serem

devidamente acompanhadas após a devolução às colméias de origem. O objetivo deste

acompanhamento foi para se conhecer o estado sanitário das colônias doadoras de larvas

assim como verificar se a manipulação aplicada aos favos foi adequada ou gerou algum

problema que pudesse prejudicar o desenvolvimento ou sobrevivência das larvas dos

tratamentos (controle).

Após a transferência, as cúpulas com as larvas foram acondicionadas em

quatro recipientes de isopor de formato hexagonal onde cabiam 37 cúpulas em cada um,

permanecendo uma delas vazia e todas as outras ocupadas com os quatro tratamentos

distribuídos aleatoriamente. Cada recipiente continha 9 cúpulas de cada tratamento,

somando um sub-total de 36 cúpulas. Os quatro recipientes, portanto, acomodaram um

total de 144 cúpulas ocupadas com crias participantes dos quatro tratamentos do

experimento (Figura 5.1).

Transcorrida uma hora após a transferência, as larvas foram observadas em

um estereomicroscópio para verificar com maior clareza se as mesmas apresentavam

movimentos nos espiráculos laterais. As que não se mexiam seriam descartadas e

substituídas.

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Figura 5.1: a) Recipientes de isopor contendo as cúpulas de polietileno usadas para a


criação de larvas de Apis mellifera em condições controladas de laboratório; b) Cúpulas
devidamente marcadas para a identificação das crias.

A administração do alimento foi sempre sob condições de temperatura

ambiente de aproximadamente 34°C, com auxílio de micropipetas de repetição com

ponteiras estéreis. As larvas receberam alimentação somente do primeiro ao quinto dia, nas

quantidades 4 µl, 15 µl, 25 µl, 50 µl e 70 µl, respectivamente. No momento da

alimentação, os recipientes de isopor com as crias eram introduzidos em um segundo

dessecador, que também foi mantido no B.O.D., para que as crias tivessem o mínimo de

variação de temperatura e umidade possível além de diminuir os riscos de contaminação

fora do B.O.D.. Os indivíduos foram acompanhados diariamente até o final do

experimento, sendo contabilizados e retirados aqueles que morriam. Após o período de

alimentação, as larvas foram transferidas para novas cúpulas, devidamente higienizadas e

foram vistoriadas diariamente (SILVA, 1995).

Todo o material utilizado no experimento foi devidamente higienizado para

diminuir perdas por contaminações com microorganismos. A higienização dos

equipamentos foi feita lavando-se detalhadamente todos os equipamentos internamente

com detergente neutro e depois com sabão de coco, e em seguida enxaguando as partes

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internas com água clorada. Em seguida passou-se uma camada de álcool etílico nas partes

internas dos equipamentos. Os dessecadores também foram lavados da mesma forma.

O delineamento experimental foi inteiramente casualisado com 4

tratamentos e 36 repetições. Como existiu um tratamento T0 que serviu de testemunha,

usou-se o teste de Dunnett’s para comparações múltiplas entre as médias.

5.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Apesar dos esforços para reproduzir em laboratório as condições naturais

encontradas nas colméias, o ciclo completo de desenvovimento das crias não foi

conseguido plenamente. Elevadas taxas de mortalidade das crias desenvolvidas em

laboratório foram observadas em outras pesquisas até o momento (BRODSGAARD et al.,

2000; PENG et al., 1992; VANDENBERG e SHIMANUKI, 1987). Neste trabalho, o

desenvolvimento das crias em alguns tratamentos prolongou-se até a fase inicial de pupa.

Logo após a transição entre a fase de pré-pupa para pupa, todos os indivíduos do

experimento foram contaminados por colônias de fungos que causaram o fim do

experimento.

Houve diferenças significativas (P<0,05) na mortalidade das larvas de

operárias de A. mellifera criadas em condições de laboratório sob diferentes dietas

compostas de alimento larval artificial, pólen de nim e de outras fontes. A dieta composta

de alimento larval artificial e pólen de nim (T1) não propiciou a sobrevivência de nenhuma

larva, tendo apresentado a maior taxa de mortalidade e diferido significativamente

(P<0,05) dos demais tratamentos (Tabela 5.1). A dieta T3, constituída dos mesmos

ingredientes da T1 além de pólen apícola de outras espécies vegetais, também apresentou


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alta taxa de mortalidade das larvas, porém significativamente (P<0,05) inferior a observada

para T1, mas significativamente superior (P<0,05) a T0 (somente a dieta larval artificial) e

T2 (dietas larval artificial + pólen apícola de outras plantas). Os tratamentos T0 e T2

apresentaram as menores taxas de mortalidade e não diferiram (P>0,05) entre si (Tabela

5.1).

Por outro lado, as crias acompanhadas nas quatro áreas de 100 alvéolos das

colônias doadoras tiveram uma mortalidade de 6,3% e 5,6% na colônia 1 enquanto que na

colônia 2 os percentuais de mortalidade foram de 6,6% e 4,9%. Estas taxas de mortalidade

estão dentro do máximo aceitável de 10% preconizado por WINSTON, DROPKIN e

TAYLOR (1981) e de 15% aceito por SAKAGAMI e FUKUDA (1968). No entanto, as

menores taxas de mortalidade observada nos tratamentos foram 27,76% (T2) e 30,53%,

demonstrando que não se conseguiu reproduzir artificialmente as condições ideiais para o

desenvolvimento das larvas. Mesmo assim, a taxa de sobrevivência significativamente

maior e o bom desenvolvimento das crias de T0 e T2 em comparação com os demais

tratamentos parecem ter sido devido a não participação do pólen de nim na dieta.

A semelhança no percentual de mortalidade observado entre os tratamentos

T0 e T2 demonstram também que a adição de pólen apícola de outras espécies vegetais à

dieta larval artificial usada nesse experimento não afetou positivamente ou negativamente

a sobrevivência das larvas. Isso sugere que a dieta larval usada já supria as necessidades

nutricionais básicas das mesmas.

Os percentuais de mortalidade mais elevados foram observados nos

tratamentos contendo pólen de nim (T1 e T3), sendo significativamente (P<0,05) maior

naquele em que o nim constituía fonte exclusiva de pólen. Crias que receberam somente o

pólen de A. indica adicionado ao alimento larval (T1), consumiram pouco alimento e,

apesar de algumas terem vivido por mais de 10 dias (Figura 5.2), nenhuma delas sofreu
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metamorfose para pupa. Nenhuma delas também conseguiu alcançar o tamanho

equivalente ao segundo instar larval das larvas de operárias de Apis mellifera.

Provavelmente o não desenvolvimento normal das crias foi devido ao consumo de algum

fator antinutricional ou a uma rejeição ao alimento proporcionando uma desnutrição. Esses

resultados sugerem que o pólen do nim possui alguma substancia inibidora do

desenvolvimento larval ou tem propriedades de deterrente alimentar, conforme sugerido

por HELD et al. (2001) e ISMAN (2002). Experimentos realizados por NAUMANN e

ISMAN (1996) mostraram que inseticidas a base de A. indica foram mais tóxicos para

larvas de A. mellifera do que para qualquer outra espécie de inseto, com a mortalidade

ocorrendo seis dias após a aplicação do inseticida no alimento larval. Esta toxicidade foi

confirmada ainda por PENG et al. (2000).

Apesar da mortalidade das larvas causadas pela inclusão do pólen de nim

nas dietas testadas, não há relatos de taxas elevadas de mortalidade de crias em colônias de

Apis mellifera colocadas próximas a áreas de Azadirachta indica em florescimento (ver

capítulo 4).

Tabela 5.1: Mortalidade percentual* de crias de operárias de Apis mellifera produzidas em


condições de laboratório sob diferentes dietas compostas de alimento larval artificial, pólen
de nim (Azadirachta indica) e de outras fontes (legenda).
Tratamentos N Mortalidade (%)
T0 – AL 36 30,53 c
T1 – AL+PAI 36 100,00 a
T2 – AL+PAOP 36 27,76 c
T3 – AL+PAI+PAOP 36 63,89 b
Médias seguidas de letras diferentes na coluna mostram diferenças significativas (P<0,05) pelo
teste de Dunnett’s entre os tratamentos. (AL = alimento larval artificial; PAI = pólen apícola de
Azadirachta indica; PAOP = pólen apícola de outras fontes).
* Considerando todas as fases de desenvolvimento do indivíduo até a emergencia das
pupas.
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Figura 5.2: Sobrevivência ao longo do período experimental das crias de operárias de Apis
mellifera produzidas em laboratório sob as dietas: T0: alimento larval (AL); T1: alimento larval
(AL) com pólen de A. indica (PAI); T2: alimento larval (AL) e pólen de outras plantas (PAOP); e
T3: alimento larval (AL) com pólen de A. indica (PAI) e pólen de outras plantas (PAOP).

Mesmo sendo identificado que o tamanho das larvas que receberam dietas

com pólen de Azadirachta indica (T1 e T3) eram bem inferior que nos demais tratamentos

(T0 e T2), as larvas menores continuaram sendo acompanhadas, sendo retiradas das

cúpulas somente quando não apresentaram movimentos nos espiráculos laterais (Figura

5.3).

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Figura 5.3: Recipiente de isopor contendo os quatro tratamentos. Note as diferenças de tamanho
das larvas de mesma idade e de quantidade de alimento depositado entre os tratamentos. As cúpulas
vazias estão desocupadas por motivos de mortalidade das crias.

5.4. CONCLUSÕES

O pólen de Azadiracha indica é prejudicial às crias de operárias de Apis

mellifera causando efeito nocivo e até mesmo letal às larvas criadas em laboratório à

medida que se aumenta a sua participação na dieta das larvas.

A oferta de fontes de pólen diferentes de Azadiracha indica pode minimizar

e até tornar irrelevante a sua participação na dieta das larvas e, consequentemente, seus

efeitos sobre a população da colônia.

Os apicultores devem evitar colocar suas colméias em áreas onde

Azadiracha indica contribua com 50% ou mais do pólen coletado pelas abelhas.

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apícola na caatinga e mata litorânea cearense. José Everton Alves

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115
CONCLUSÕES GERAIS

116
CONCLUSÕES GERAIS

1. O pólen das flores apresentam-se viáveis no mesmo horário em que ocorre a

viabilidade do estigma.

2. Os únicos visitantes das flores de Azadirachta indica com características de

agentes polinizadores foram as abelhas Apis mellifera, que apresentaram o

comportamento de coleta de pólen e néctar durante a permanência nas flores.

3. O vento não apresentou papel importante na polinização das flores que

aparentemente possuem uma auto-incompatibilidade parcial.

4. Azadirachta indica pode contribuir significativamente para o aumento da área

de cria em colônias de Apis mellifera durante o período de escassez de floradas

nos biomas caatinga e mata litorânea cearense.

5. A importância dos recursos florais da espécie A. indica no desenvolvimento da

área de cria de colônias de A. mellifera é maior na caatinga do que na mata

litorânea cearense.

6. A mortalidade de crias em colônias de A. mellifera se eleva com o aumento da

participação do pólen de A. indica na dieta das abelhas, sugerindo uma ação

tóxica deste pólen.

7. Os incrementos na produção de larvas nos locais com A. indica levam a

crescimentos da área de cria e aumentos na emergência de adultos,

fortalecendo as colônias.

8. As flores de Azadirachta indica são altamente tóxicas para as abelhas Apis

mellifera quando são fonte exclusiva de alimento.

9. O odor das flores de A. indica não apresentou efeito tóxico ou mesmo repelente

para as abelhas Apis mellifera.


117
10. As flores de Azadirachta indica na presença de outras fontes de néctar e pólen

não apresentm efeito nocivo para as abelhas Apis mellifera.

11. O pólen de Azadiracha indica é prejudicial às crias de operárias de Apis

mellifera causando efeito nocivo e até mesmo letal às larvas desenvolvidas em

laboratório à medida que se aumenta a sua participação na dieta das larvas.

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SUGESTÕES PARA NOVAS PESQUISAS

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SUGESTÕES PARA NOVAS PESQUISAS

1. Investigar a biologia floral e requerimentos de polonização nas regiões onde a

espécie teve a sua origem.

2. Observar com uso de micrômetros e microscópios de alta definição os nectários

das flores de A. indica.

3. Determinar a composição química do pólen e do néctar de A. indica, enfocando

a presença de azadiractina e outros limonóides.

4. Estudar o comportamento de espécies de abelhas sem ferrão que exploram um

menor raio de ação em torno de suas colônias e de abelhas solitárias que podem

abastecer as células de crias com o pólen de poucas espécies vegetais.

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