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do Planejamento Ambiental
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Muitos autores reconhecem que a maioria dos fracassos de Estrutura Organizacional de Planejamento
Elaborada para uma Unidade de Conservação (UC)
planejamentos ambientais decorre do uso de conceitos de
desenvolvimento unidirecional como base: do trabalho. O sucesso Fas e01 Definição de Objetivos
do planejamento também fica seriamente ameaçado quando as ....
'I
caracterização geral e - Reuniões técnicas
ações não são adequadas à realidade ou quando não são compatíveis avaliação de impactos da
UC e zona de
--r - Oficinas de planejamento
entre si, por não apresentarem o conjunto de dados intrinsecamente amortecimento ''
Levantamento de Dados
integrados. É importante a existência de mecanismos que permitam l
' -Físicos, biológicos e histórico-culturais
-......... -... -- .. -- -·, :- - Levantamento de dados bibliográficos
uma permanente realimentação de dados e de suas relações e ......'
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I
~I C'
a e Prática
em Planejamento Ambiental
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definição de objetivos e
•
elaboração das etapas de trabalho
básico para uma política de desenvolvimento e garantia
de qualidade de vida no município. Destaca-se por
principias no~~-~-~-o-r~~- do..~~---· ..... ~:.~~~~~-~~- metodológica enfocar as comunidades humanas, o uso e a ocupação
Fase 02 da terra, os processos da economia e provisão da infra-
diretrizes para a elaboração estrutura. Deve ser considerado como instrumento de
do plano diretor
planejamento quando visa o aprimoramento das relações
Fase 03 entre o homem e a natureza, quando tem objetivos e
inventários setoriais metas políticas claras e bem consolidadas por meio
.
.......................................................................
. .
. .
·······················-···········-···········
condições de vida estrutura e dinâmica
~
das diretrizes e ações propostas e quando elabora um
diagnóstico preocupado com os recursos naturais e
economia (habitação, acesso a serviços} do meio bioflsico com o homem. Também assume esse importante papel
situação fundiária estrutura político- infra-estrutura problemática quando identifica aspirações da coletividade e meios
e ~arcelamento do solo institucional (transporte, sistema viário) ambiental para garantir e incentivar a participação popular na
............................... .....................................................................
e
~
estrutura. Um exemplo da estrutura desses planos Exemplo de estrutura adotada para o planejamento de recursos hídricos
encontra-se na Fig. 2.5. sob enfoque ambiental
Fases metodológicas
escala regional r------e-sc-a:-la-:-lo-c-a71 - - - - , escala puntual
Quando um Plano Diretor se preocupa em representar
avaliação das unidades de I características
o ordenamento atual e futuro do espaço municipal, paisapem da qualidade e
costuma usar como ferramenta o zoneamento e, tal , quantidade de
mapa de geo-paisagens na identificação das planfcies de água, flora e
qual os planejamentos, tem um tempo de ação restrito,
bacia hidrográfica (sobreposição ... ,. ~ inundação pelas caracterlsticas impactos
definido pelo próprio plano, com caráter permanente. de mapas do meio fisico) biofisicas, pelo estado de pontuais das
Alguns planos propõem introduzir o monitoramento das + li conservação e planícies de
sobreposição do mapa de uso 11 heterogeneidade espacial inundação
alternativas e a atualização do diagnóstico permanente, e ocupação da terra t
como o de Porto Alegre (RS), com o Sistema de Avaliação + definição das unidades de
do Desempenho Urbano. mapa de unidades de paisagem paisagem nas planlcies
I• deinundação
participação da comunidade no processo, mas dificulta-se ao usuário conhecer com exatidão de onde vem o recurso
que utiliza, e para onde vão seus efluentes. A gestão das águas doces no nosso complexo quadro antropizado tende a se
limitar, definindo funções para cada município, sem levar em consideração as demandas e necessidades das comunidades
locais e vizinhas, privilegiando o desenvolvimento de parte de uma região ao exportar seus problemas para o entorno
como, por exemplo, transposição de bacia. Espera-se que, neste atual momento, os planejadores do recurso água ou de
bacias hidrográficas dirijam a atenção para uma gestão que atue sobre os reais condicionantes que geram impactos,
que proponha sustentar ecológica, social e economicamente suas ações, que crie mecanismos políticos e administrativos
concisos e viáveis e que busque a solidariedade em detrimento da ascendência de uma região sobre as demais.
Os planos de manejo para unidades de conservação são instrumentos voltados à preservação e conservação dos recursos
naturais, bem como, ao uso desses recursos para pesquisa científica e para visitação pública na forma de ecoturismo e
educação ambiental, dentro de espaços pré-estabelecidos por um documento legal. Procura-se assegurar a manutenção
do potencial dos elementos naturais em detrimento de demandas, a conservação em detrimento do uso ou manejo
abusivo e a participação da comunidade, além de garantir obediência a padrões legais ambientais.
A manutenção da biodiversidade e solução de conflitos são importantes premissas para definição dos procedimentos
de planejamento. O ordenamento territorial por meio do zoneamento e o estabelecimento de programas de ação na
forma de normas ambientais são partes essenciais do plano. O planejamento costuma ser idealizado dentro de uma
análise sistêmica, integrada e continuada, com propostas para um horizonte de cinco anos. Oesquema apresentado no
quadro 2.1 é um exemplo das etapas comuns a esse processo.
Alguns autores referem-se à avaliação de impacto ambiental como um instrumento de planejamento ambiental. De fato,
é um processo que se compõe de objetivo e objeto concretos, estuda uma área que abrange uma bacia hidrográfica,
analisa sistematicamente a qualidade do meio e as conseqüências de ações especificas sobre o ambiente. A avaliação
de impacto ambiental também constrói cenários futuros e pressupõe a participação pública na elaboração do estudo
e na tomada de decisão. No entanto, na prática, a avaliação é dirigida a um projeto especifico - o empreendimento
- e as alternativas de ação destinam-se mais a viabilizar esse projeto do que propriamente solucionar os principais
problemas da região. Perde-se, freqüentemente, a abordagem holfstica e a dinâmica do meio e falha-se na estimativa
de valores dos patrimõnios ambientais. Muitos estudos demonstram recortes bruscos sobre a paisagem analisada. Em
outras palavras, o verdadeiro planejamento ambiental não se preocupa com a implantação de empreendimentos, se a
região prioriza soluções para problemas mais emergentes. Há prioridades e, a partir delas, define-se a necessidade de
soluções ou não, sempre apresentadas em ordem temporal de ação. Nos ElA (Estudos de Impacto Ambiental) parte-se
do pressuposto que o investimento é provável, necessário e imediato, e a estrutura funcional - seu objeto de análise
- é sempre a alternativa emergencial e imprescindível para o desenvolvimento local. Assim, por exemplo, o que seria
mais importante para uma região? Discutir os impactos, positivos ou negativos, trazidos por um tipo de usina ou
debater questões mais emergenciais, como a qualidade da água, ou onde os investimentos deveriam ser dirigidos? Em
um planejamento, a lógica do debate discutiria que a usina poderia trazer beneficios para a região, mas que, em médio
prazo, nada valeria para a qualidade de vida da população se não houvesse solução imediata para as águas contaminadas
por esgoto domiciliar e indústrias. Em suma, não se costumam identificar ElAs elaborados como reais instrumentos de
planejamento ambiental, embora teórica e legalmente o devessem.
Entre todas as considerações feitas neste capítulo, um aspecto crucial que os planejadores devem lembrar é que, seja
qual for o instrumento de planejamento ambiental escolhido, sempre se trabalha com um recorte da realidade do espaço
e, portanto, a complexidade e as relações do meio são simplificadas e generalizadas. O melhor desempenho está na
identificação de objetivos abrangentes e concretos, do instrumento correto, das variáveis que representam mais fielmente
as principais relações existentes e dos problemas fundamentais no cenário real e futuro do espaço planejado.
I
ITURA RECOMENDADA