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PESQUISA: O CELULAR NA VIDA (ESCOLAR) DOS JOVENS NO FINAL DO

ENSINO FUNDAMENTAL

ADRIANA FERREIRA RAMOS ARAGÃO


Graduada em Licenciatura de Matemática pelo Instituo de Matemática
e Estatística da Universidade de São Paulo (2010). Graduada em
Pedagogia pela Faculdade de Educação da Universidade de São
Paulo (2015). Professora de Matemática do Ensino Fundamental II e
Médio da rede pública do Município de São Paulo (2011-2014),
Professora de Matemática do Ensino Fundamental II e Médio da rede
pública do Estado de São Paulo (desde 2010), Professora de
Educação Infantil e Fundamental I da rede pública do Município de
São Paulo (desde 2015).

RESUMO

O presente artigo partiu de um incômodo, dentro da classe, provocado pelo uso


cada vez mais frequente de celulares pelos jovens. Por meio de uma pesquisa
buscou-se compreender tal comportamento. A pesquisa envolveu a aplicação
de um questionário sobre o uso de celular em sala de aula aos jovens do final
do ensino fundamental e levantamento bibliográfico a respeito do uso de
celular, da juventude, da relação dos jovens com os celulares, do
conhecimento que a escola oferece e das percepções do professor na
realidade atual em rede.

Palavras-chave: Celular; Classe; Jovem; Escola; Professor.


INTRODUÇÃO

A ideia deste artigo partiu de um incômodo dentro da classe provocado pelo


uso cada vez mais frequente de celulares pelos jovens. Uma pesquisa foi
realizada para buscar compreender as razões do jovem usar o celular na sala
de aula. Frente ao uso do celular, as primeiras questões que nortearam a
pesquisa foram: qual a importância da escola e do conhecimento nela
desenvolvido? O celular atrapalha os objetivos escolares (no sentido que
desvia a atenção para outros fins)?

Uma hipótese presente nestas questões, é que o uso do celular constitui um


problema se usado em sala de aula de forma excessiva e não orientada pelo
processo de ensino-aprendizagem. Outra hipótese considerada, é que o jovem
tem consciência dos problemas decorrentes do uso do celular, contudo, o
celular ou o que ele promove, assume uma importância maior do que o
conhecimento que a escola oferece, portanto, trata-se de uma escolha
consciente ao entretenimento ao invés do conhecimento.

Para responder essas questões, no final de 2014, foi aplicado um questionário


em duas salas do ensino fundamental, 8º Ano e 9º Ano, em uma escola pública
do Município de São Paulo, região periférica da Zona Oeste.

Foi realizado um levantamento sobre estudos a respeito do uso de celular em


sala de aula, sobre juventude, assim como a relação dos jovens com os
aparelhos de celular e internet, as mudanças da relação com o saber e a
escola e como o professor se sente e se percebe dentro deste contexto em
rede. Os estudos levantados contribuíram para aprimorar o questionário e os
apontamentos apresentados foram utilizados para analisar as respostas dos
alunos.

CONCEPÇÕES DE JUVENTUDE

O que é “juventude”? O que é ser jovem? A resposta para estas questões não
é simples de ser formulada, pois o conceito de “juventude” é complexo, vários
autores e estudos destacam o tema de forma diversificada. As condições
histórico-culturais, políticas, econômicas, geográficas criam diferentes
representações sociais da juventude e também do jovem. De acordo com
Groppo (2000, apud ASSUNÇÃO, 2009, p. 2), juventude é “uma concepção,
representação ou criação simbólica, fabricada pelos grupos sociais ou pelos
próprios indivíduos tidos como jovens, para significar uma série de
comportamentos e atitudes a ela atribuídos”.

Para Assunção (2009), as características peculiares da juventude são marcas


do contexto histórico e das mudanças ocorridas nas sociedades, a autora
afirma que:

Foi exatamente na modernidade, com a expansão e o


desenvolvimento da industrialização, que a juventude ganha
visibilidade enquanto uma fase de transição importante para o
desenvolvimento da vida dos sujeitos. No entanto, não se pode
esquecer que a ideia ou a noção de juventude é demarcada na
história, principalmente, pelas relações de classe e de gênero,
com destaque no Brasil para a questão étnica. Portanto, a
juventude é hoje, resultado de processos histórico-sociais,
político-econômicos e culturais de longa duração.
(ASSUNÇÃO, 2009, p.3).

De acordo com Bourdieu (1983, p. 2), “juventude” é apenas uma palavra. O


autor destaca que: a juventude e a velhice não são dados, são construídos
socialmente na luta entre os jovens e os velhos; as relações entre a idade
social e a idade biológica são complexas; as divisões entre as idades são
arbitrárias, porque sempre somos o jovem ou o velho de alguém.

A Organização das Nações Unidas (ONU) define como sendo jovens os


indivíduos com a faixa etária dos 15 aos 24 anos de idade. Contudo, segundo
Bourdieu (1983, p. 113), a “idade é um dado biológico socialmente manipulado
e manipulável”.

Segundo Kehl (2004), o conceito de juventude é elástico. Ser jovem ou ser


velho é um estado de “espírito”, é um jeito de corpo, é um sinal de saúde e
disposição, é um perfil de consumidor, é uma fatia do mercado em que todos
querem um pedaço. A sociedade contemporânea procura manter-se jovem e
cria formas de intervenções do corpo de modo a mantê-lo jovem.

O cuidado com o corpo recebeu outro olhar, um olhar da cultura. A busca por
um corpo “perfeito” é manipulada pelas grandes mídias por intermédio de suas
programações que evocam o “culto” ao corpo, que só se manterá jovem
através de uma alimentação saudável, do esporte, do cuidado com a pele por
meio de produtos de beleza, e da cirurgia plástica. A procura por fórmulas
“mágicas” da juventude quer “distanciar” o homem da velhice.

A escola também faz a juventude. Para Ariès (1978, apud PEREIRA, 2007, p.
17), foi a escola, no final do século XVII, que propiciou “as condições para a
criação das noções de infância e juventude como etapas separadas da vida
adulta”.

Ao analisar o conceito de juventude e o termo jovem, faz-se necessário refletir


acerca das identidades: ser jovem é sinônimo de “identidade” - origem,
identificação, formação. As questões de identidade têm relação com a
sociedade, ser jovem ou ser velho é uma construção social. A sociedade, a
mídia, o currículo, a escola promovem uma determinada política de identidade.
Hall (2001, p. 1) destaca que identidade é “fragmentária”, o indivíduo deixou de
ser um, elenca diversas identidades (etnia, gênero, sexualidade entre outras).
Além disso, a sociedade globalizada promove ainda o acesso à identidade de
outros grupos sociais, de outros países.

A RELAÇÃO DO JOVEM COM O CELULAR

Nicolaci-da-Costa (2006, p. 88-96) realizou uma pesquisa sobre o uso de


celulares por jovens das camadas médias cariocas, além das muitas
reclamações dos jovens sobre o controle exercido por meio de seus celulares,
o estudo traz considerações importantes para entender a relação do jovem com
o aparelho.

De acordo com a autora, o celular instaurou a Era do contato instantâneo, fácil


e constante dos seus usuários independente de distâncias e barreiras físicas
que separam os interlocutores, ganhando rapidamente milhares de usuários ao
redor do mundo, principalmente os jovens.

Na realidade, ao que vários estudos realizados em diferentes


contextos culturais indicam (Ito & Okabe, 2003; Nicolaci-da-
Costa, 2004a, 2004b, 2004c, Ling, 2004), a telefonia celular
parece ter dado concretude a pelo menos algumas de suas
aspirações de autonomia e liberdade. (NICOLACI-DA-COSTA,
2006, p. 88)
Diferente do telefone fixo que era usado por toda a família, os jovens passaram
a possuir um telefone particular e com diversos outros recursos. Então, o
celular é um objeto de propriedade individual em que os jovens podem
armazenar os números de seus contatos e com um simples toque entrar em
contato com qualquer pessoa do seu grupo social.

Consequentemente, os contatos dos jovens passam a ocorrer longe dos olhos


e ouvidos dos pais, a privacidade jovem é sensivelmente dilatada em relação
aos padrões tradicionais, conforme Nicolaci-da-Costa (2004a, apud Nicolaci-
da-Costa, 2006, p.89).

Uma segunda consequência apontada por Nicolaci-da-Costa (2006, p. 88), por


parte dos jovens usuários da telefonia celular, é uma maior sensação de
segurança dada pela possibilidade de pedir ajuda, sempre que precisar, para
pessoa com quem se relaciona.

Uma terceira consequência, é a possibilidade, inexistente em outras épocas, de


os jovens se programarem de acordo com os acontecimentos recentes
(Almeida & Tracy, 2003; Ito & Okabe, 2003, Ling, 2004 apud Nicolaci-da-Costa,
2006, p. 89). Por meio dos celulares, os horários e os locais de encontros são
flexíveis e podem ser marcados e desmarcados ao longo da própria
programação, desde que os jovens tenham um celular por meio do qual
possam ser contatados. Nicolaci-da-Costa (2006, p. 89), afirma que o mesmo
potencial de contato constante permite aos pais saberem onde seus filhos
estão ao longo do dia e da noite, todavia, os filhos podem atender ou não as
chamadas dos pais, visto que há recursos de identificação de chamadas
presentes nos aparelhos.

Assim, apesar do controle que pode ser exercido por meio do celular, o
aparelho propicia aos jovens liberdade, privacidade e autonomia.

A RELAÇÃO DO JOVEM COM O CONHECIMENTO IMPACTADA PELA


GLOBALIZAÇÃO

Por que os jovens vão à escola hoje? Para responder a esta pergunta Charlot
(2007, p. 129) distingue quatro fenômenos para se entender o sentido da
educação e as contradições da educação das escolas no mundo globalizado
(mundo atual): a educação pensada numa lógica econômica; as novas lógicas
socioeconômicas impostas na década de 80 (qualidade, eficácia,
territorialização); globalização (fenômeno econômico que integra as economias
e sociedades de vários países); e, o movimento que aceita a abertura mundial,
mas não aceita a lógica neoliberal da globalização.

Antes da 2ª Guerra, o Estado na sua relação com a Educação é um Estado


Educador, que “pensa a educação em termos de construção da nação, paz
social, inculcação de valores” (Charlot, 2007, p. 129). A partir das décadas de
50 e 60, o Estado se torna um Estado Desenvolvimentista, que dirige o
crescimento econômico e, portanto, coloca a educação a serviço do
desenvolvimento, esta política encontra um consenso social, por criar
empregos mais qualificados, que requer uma escolaridade mais longa, o que
atende às classes médias e dá esperanças às classes populares.

A escolaridade mais longa e a massificação da escola produzem dois efeitos


contraditórios: reprodução social e democratização, e, ainda, conforme Charlot
(2007, p. 130), surgem novas questões pedagógicas decorrentes do ingresso
de alunos de diferentes culturas, etnias e classes sociais, mudam as relações
pedagógicas que aconteciam na década de 50.

Transforma-se bastante a relação pedagógica: a forma como


os alunos relacionam-se com os seus professores não tem
nada a ver com o que acontecia na década de 50. Também os
métodos de ensino e os livros didáticos mudam aos poucos. O
que permanece igual é a chamada “forma escolar”, isto é, o
tempo e o espaço da escola, o modo de distribuição dos alunos
em séries/idades, os processos básicos do ato de ensino-
aprendizagem. (CHARLOT, 2007, p. 130)

Nessa época, a escola é percebida como elevador social. Charlot (2007, p.


129-130), afirma que talvez o fenômeno mais importante foi uma mudança da
relação com o saber e questiona “Hoje em dia, para quê as crianças vão à
escola? ”.

Também é nessa época que começa a se produzir o que, a


meu ver, foi talvez o fenômeno mais importante: uma mudança
da relação com o saber e a escola. Hoje em dia, para quê as
crianças vão à escola? Para “passar de ano” e “ter um bom
emprego mais tarde”. De certa forma, isso é realismo. Só que
há cada vez mais alunos que vão à escola apenas para passar
de ano e que nunca encontraram o saber como sentido, como
atividade intelectual, como prazer. (CHARLOT, 2007, p. 130)
Essa ideia de educação como capital, que traz benefícios à vida profissional,
não é apenas dos capitalistas, é ideia de muitos sujeitos, desde os formadores
de opinião, dos políticos, das famílias e dos próprios alunos. Desta forma,
cresce o descompasso entre o que a escola oferece e o que a sociedade
espera dela.

No final da década de 60 aparecem indícios de uma crise, que leva a uma


reestruturação do sistema capitalista internacional, chamada de globalização.

Diante da concorrência nos mercados internos e internacionais, foi preciso


produzir mercadorias e serviços cada vez mais atraentes pela sua qualidade e
seu preço, usando máquinas e processos cada vez mais eficazes (e caros).
Assim, foram necessários investimentos mais pesados e menos seguros, vistos
os riscos dos concorrentes colocarem no mercado produtos ainda melhores. A
crise foi uma crise de rentabilidade do capital, que desafiou a produtividade. As
empresas passaram a prestar atenção para a qualidade do que se produzia e a
eficácia dos seus processos de produção para proteger os seus mercados,
conquistar novos e para evitar gastos financeiros desnecessários.

Também para aumentar as chances de um produto ser vendido, por meio das
novas tecnologias, as empresas passaram a considerar os gostos dos clientes,
a diversidade da demanda e a produção em massa.

A concentração econômica nas multinacionais escapa ao poder dos Estados


Nacionais, desta forma as novas lógicas levam a um recuo do poder dos
Estados Nacionais. Contudo, as lógicas implantadas pelas empresas são
adotadas pelo Estado. Segundo Charlot (2007, p. 131), o Estado continua
voltado para o desenvolvimento, contudo, renuncia a ação econômica e se
dedica à regulação de normas fundamentais – Estado Regulador. Essa
mudança incide sobre a escola.

Assim, as novas lógicas requerem trabalhadores e consumidores qualificados


para produzirem e consumirem, e também uma formação básica para usarem
os dispositivos de autoatendimento, a internet e outros dispositivos eletrônicos,
não apenas no ambiente profissional.
A escola passa a considerar as novas lógicas, inclusive, na sua organização, e
passa a ser demandada sobre a sua qualidade e avaliada com determinada
frequência. Charlot (2007, p. 131), afirma que “essas lógicas novas atropelam o
funcionamento tradicional da escola e a identidade dos seus professores”, além
de questionar a definição de eficácia, de qualidade e quais os problemas que
devem ser resolvidos. O professor, que ao invés de cumprir tarefas bem
definidas, passa a ser um profissional para resolver problemas.

Qual o critério da qualidade? Ter boas notas? Passar de ano?


Decorar conteúdos que foram memorizados sem terem sido
compreendidos? Entender a vida, o seu relacionamento com os
outros e consigo mesmo? É esse debate que me parece
fundamental quando é colocada a questão da qualidade da
escola, debate esse que remete ao aprimoramento do ensino e
à modernização da formação dos jovens e da própria escola.
(CHARLOT, 2007, p. 131-132).

Contudo, a qualidade da escola serve para justificar a generalização da


concorrência. Charlot (2007, p. 132), afirma que ao falar da qualidade da
escola se esquece do problema da desigualdade social dentro e fora da escola.
Desta forma, as lógicas da eficácia e da qualidade ocultam as lógicas
neoliberais.

O terceiro fenômeno apontado é a globalização. Globalização é basicamente a


abertura das fronteiras e enfraquecimento do poder do Estado, é a
intensificação do comércio internacional, conforme a lei de mercado. Essa
intensificação do comércio internacional não beneficiou todos os países
igualmente, ao contrário, Charlot (2007, p. 132), aponta um aumento em 2,5 a
discrepância entre os 20% de seres humanos mais ricos e os 20% mais pobres
entre 1960 e 1997.

“Qual é a relação de tudo isso com a escola? “ Charlot (2007, p. 129), afirma
que são poucos os efeitos sobre a escola, contudo, afirma que o neoliberalismo
está progredindo na área da educação, inclusive, aponta que existe no Brasil,
assim como em outros países, um verdadeiro mercado da educação. Além
disso, denúncia o ingresso de grandes multinacionais nas escolas de outras
formas:

Coca-Cola, por exemplo, paga para a escola disponibilizar uma


máquina distribuindo Coca-Cola. Nestlé envia material gratuito
sobre o que é uma boa alimentação e Colgate interessa-se
pela higiene dentária. Em plena neutralidade pedagógica, claro
está… vinte anos atrás, nem poderíamos pensar nisso. Hoje,
há discussões na escola para saber se são práticas aceitáveis.
(CHARLOT, 2007, p. 133)

Dentre as novas formas de ingresso de grandes multinacionais nas escolas


está o celular (Samsung, Nokia, Sony, Apple entre outras). Contudo, a citação
não se trata da globalização propriamente, mas do progresso do
neoliberalismo. Quanto à influência da globalização sobre a educação, o autor
aponta as organizações internacionais, como OCDE, FMI, Banco Mundial e
OMC, e completa que uma organização internacional só tem o poder que lhe
conferem os Estados que a sustentam, uma organização não tem poder de
decisão por si só. As organizações internacionais tomam decisões na lógica e,
em geral, conforme os interesses dos países que as mantêm, isto é, que as
financiam. De acordo com Charlot (2007, p. 133), atrás das organizações
internacionais “é o poder do capital internacional que funciona”.

Charlot (2007, p 133) aponta a OCDE como a organização mais importante na


área da educação para os países ricos e que ela represente o centro do
pensamento neoliberal:

É o thinking tank, como dizem os norte-americanos, isto é o


reservatório para ideias. Saíram da OCDE a “reforma da
matemática moderna”, a ideia e a própria expressão de
“qualidade da educação”, a ideia de “economia do saber”, a de
“formação ao longo de toda a vida”. A OCDE é o centro do
pensamento neoliberal no que tange à educação. Não é de
admirar-se disso quando se sabe que foi explicitamente criada
para promover a economia de mercado. (CHARLOT, 2007, p.
133)

A globalização, que a princípio era um fenômeno socioeconômico, contemplou


um processo político e cultural - encontro entre culturas, aparecimento e
espalhamento de novas formas de expressão. Charlot (2007, p. 134), destaca a
miscigenação entre povos devido aos fenômenos de migração e a divulgação
mundial de informações e imagens pela mídia e a Internet, a ampla difusão de
produtos culturais (filmes, novelas, séries televisuais, músicas), a
generalização do uso do inglês ou de uma língua internacional baseada nele,
em detrimento de outras línguas. As consequências culturais e sócio cognitivas
são difíceis de serem avaliadas e constituem novos desafios a serem
enfrentados pela escola.
O último fenômeno apontado por Charlot, o movimento que aceita a abertura
mundial, mas não aceita a lógica neoliberal da globalização. Apesar de todos
os seus aspectos negativos, Charlot (2007, 134), aponta um efeito positivo da
globalização: cria uma interdependência entre os seres humanos e evidência a
necessidade de uma solidariedade entre os membros da espécie humana e o
fato do planeta Terra ser um bem comum. A abertura das fronteiras não é um
problema, o problema é acontecer na lógica do dinheiro e dos países mais
fortes – o problema não é a globalização, é o neoliberalismo.

O movimento altermundialista considera a educação como “um


direito humano prioritário e inalienável para toda a vida”. (...) os
altermundialistas, ao mesmo tempo defende a escola pública
contra o neoliberalismo e a privatização e exigem uma
transformação profunda dessa escola, para que ela passe a ser
um lugar de sentido, de prazer de aprender, de construção da
igualdade social. (CHARLOT, 2007, 134)

Muitos são os desafios que a escola encara frente às evoluções da sociedade


contemporânea, que tem como objetivo prioritário o desenvolvimento
econômico e social, por isto, requer um maior nível de formação da população,
a escola deve resolver os problemas da democratização escolar. Entre esses
problemas, Charlot (2007, 135), destaca a nova relação com o saber: “há cada
vez mais alunos que vão à escola apenas para “passar de ano”, sem encontrar
nela sentido nem prazer”.

Neste sentido, Charlot (2007) denúncia uma lógica neoliberal da concorrência


que tende a:

[...] reduzir a educação a uma mercadoria escolar a ser


rentabilizada no mercado dos empregos e das posições sociais
e isso faz com que formas de aprendizagem mecânicas e
superficiais, desconectadas do sentido do saber e de uma
verdadeira atividade intelectual, tendam a predominar.
Charlot (2007, p. 135, gripo nosso)

Isto configura uma grande contradição, pois, de um lado a sociedade


globalizada trata o saber como um recurso econômico, que leva uma
aprendizagem mecânica e superficial, sem sentido do saber e da atividade
intelectual verdadeiramente, por outro lado, requer homens globalizados
instruídos, responsáveis e criativos.
DESVIO DE FOCO DO JOVEM PARA O PROFESSOR

As transformações drásticas que o mundo vem sofrendo desde o final do


século XX foram geradas pelo acelerado desenvolvimento das novas
tecnologias da informação, em destaque a internet que se difunde tanto no
sistema econômico, quanto social - Revolução da Tecnologia da Informação.

Passamos a viver em uma nova organização social: a da


sociedade em rede. Assistimos as modificações na forma de
circulação do capital, e consequentemente nos modos de
produção. Experimentamos, em primeira mão, mudanças no
mercado e nos processos de trabalho, nas estruturas
ocupacionais, nas hierarquias, nas formas de exercício do
poder, na distribuição de renda etc. Para nós tudo é tão novo e
desconhecido que não é raro termos a sensação de estarmos à
deriva, pois os referenciais que nos guiavam deixaram de
existir. (LEITÃO, ABREU, NICOLACI-DA-COSTA, 2005, p. 152)

Diversos autores citam esta sensação de estar à deriva. Leitão, Abreu e


Nicolaci-da-Costa, por meio de duas pesquisas, investigaram como professores
e psicoterapeutas se percebem e se sentem desde a penetração da rede no
cotidiano de seus alunos ou pacientes e buscaram conhecer melhor o que vem
ocorrendo com os profissionais que lidam diretamente com seres humanos que
esperam deles orientação e auxílio.

Diante da expectativa de que educadores estariam aptos a absorverem


rapidamente as mudanças em curso, fossem capazes de ajudar os seus alunos
a dar sentido às suas novas e desconhecidas experiências na realidade atual,
Leitão, Abreu e Nicolaci-da-Costa (2005, p. 156) afirmam que em épocas de
transformações drásticas “todos são igualmente atingidos pela mudança”.

(...) a internet revela-se uma poderosa e ilimitada fonte de


lazer, brincadeira e prazer. Mostra-se capaz de transformá-los,
gerando novos comportamentos, linguagens, formas de
relacionamento e modos de pensar e sentir. (LEITÃO, ABREU,
NICOLACI-DA-COSTA, 2005, p. 157)

Diferentemente dos alunos, os professores geralmente usam a internet como


ferramenta de trabalho e com moderação (autocontrole). Mesmo assim, todos
os profissionais entrevistados na pesquisa revelaram que de alguma forma a
internet vem introduzindo novas e importantes alterações em seu trabalho
cotidiano. Alguns entrevistados, sentem-se pressionados a se familiarizarem
com a internet para se manterem capacitados para o magistério.

Todos os entrevistados concordam que o “novo” está impondo mudanças nas


antigas práticas profissionais, as autoras (2005, p. 164) sobre a internet,
afirmam que “as experiências online dos alunos parecem desorganizar e
colocar em xeque os modelos docentes”, portanto, apesar de motivados a
enfrentarem os desafios do “novo” se sentem preocupados diante da ameaça
de transformações profundas nas relações de poder entre professor e aluno.
Para os alunos, as consequências das experiências na realidade virtual são a
agilidade juntamente com a dispersão, os alunos parecem pensar e escrever
em linguagem de hipertexto. Os depoimentos dos professores indicam que a
maior fonte de sofrimento para eles reside no sentimento de perda de suas
identidades profissionais:

(...) no lugar das tradicionais e sólidas definições de papéis,


direitos e deveres de um profissional da Educação, parece ter-
se instaurado um doloroso desconhecimento do que é ser um
professor nos dias de hoje. Desorientados, os entrevistados
reconhecem que os modelos tradicionais de professor – que
ainda carregam dentro de si – estão em extinção. Angustiados,
deparam-se com o desafio de construir novas identidades
profissionais, e consequentemente novas modalidades de
prática pedagógica. (LEITÃO, ABREU, NICOLACI-DA-COSTA,
2005, p. 168)

Os estudos de Leitão, Abreu e Nicolaci-da-Costa apontam que os professores


lançam olhares sobre os alunos, crianças e jovens com os quais trabalham,
para identificar as suas novas características. Não conseguem ainda conhecer
o perfil desses novos alunos ou a organização subjetiva desses usuários da
rede, mas conseguiram, por meio da pesquisa, identificar novas características
comuns aos usuários da rede:

“(...) a rapidez na obtenção de informações e a dificuldade de


transformá-las em conhecimento crítico; a ênfase na
interatividade em lugar da absorção passiva do conhecimento
sobre o mundo; a sensação de onipotência gerada pelo
praticamente inesgotável potencial de experimentação,
interação e conhecimento que a internet oferece; e finalmente,
a dificuldade de impor limites aos excessos que o mundo virtual
gera para seus habitantes”. (LEITÃO, ABREU, NICOLACI-DA-
COSTA, 2005, p. 168)
Pesquisa

Um questionário foi aplicado a jovens de duas salas do ensino fundamental, 8º


Ano e 9º Ano, em uma escola pública do município de São Paulo, região
periférica da Zona Oeste. Entre as perguntas, uma questão interrogava sobre a
importância do celular na vida do sujeito podendo ser atribuída uma nota de 0
para “nada importante” até 10 para “muitíssimo importante”. Segue alguns
dados (quantitativos) da apuração das respostas:

• 51 jovens de 12 a 16 anos, sendo que 44 deles tinham entre 13 e 14


anos, 18 eram do sexo feminino e 33 do sexo masculino;

• 94% das jovens e 88% dos jovens possuíam celular;

• Dos jovens que possuíam celular, 59% das jovens e 31% dos jovens
tinham personalizado/estilizado o aparelho;

• Quanto à importância do celular, 100 % das jovens atribuíram nota 10, 9


e 8, respectivamente 61%, 22% e 17%; os jovens avaliaram a importância de
forma mais diversificada, mas a maioria ainda avaliou como muito importante o
celular atribuindo nota 10, 9 e 8 respectivamente 27%, 3% e 21%;

• Quanto ao principal uso que fazem do aparelho, 59% das jovens e 41%
dos jovens usam para a internet, 12% das jovens e 28% dos jovens usam para
ouvir música; ainda sobre os jovens 7% indicaram que o principal uso é
mensagem e outros 7% indicaram que é ligação.

Gráfico 1 - Resultado da pesquisa a partir do questionário respondido


pelos jovens em relação ao principal uso do celular (por sexo).
O principal uso do celular Feminino/Idade
(por sexo) Masculino/Idade
59%

41%

28% 29%

12% 10%
7% 7%
3% 3%
internet mensagens
0% ligaçõ es
0% mú sica 0%jogo0% outros:
0% reló gio responderam não
0% respondeu
mais quem um

Fonte: Gráfico desenvolvido pela autora.


A maioria que usa o celular para acessar a internet especificou o uso do
Facebook e do WhatsApp. Os jovens, que têm como principal uso do celular o
WhatsApp, ora selecionaram a internet, pois o aplicativo necessita da internet,
ora selecionaram mensagem, por ser um aplicativo de mensagem.

Apesar de ser questionado o principal uso que os jovens faziam do celular,


29% das jovens e 10% dos jovens selecionaram mais que um uso, que em
geral, inclui, internet, mensagens e música.

Imagem 1 – Questão sobre o principal uso do celular respondida por uma


jovem de 14 anos.

Fonte: arquivo pessoal.


• 65% das jovens e 52% dos jovens assumem que usam o celular na sala
de aula, destes 29% das jovens e 3% dos jovens reconhecem que o uso
atrapalha a aprendizagem.

Em contradição com a hipótese inicial, o jovem parece não perceber o impacto


sob a sua aprendizagem no que diz respeito ao uso do celular na sala de aula.
Quando reconhecem o uso do celular em sala de aula, se justificam pela
disponibilidade de tempo dado pelo esquadrinhamento-grade do tempo escolar
ou pela necessidade de responder mensagens ou de utilizar algum recurso
disponível como relógio, calculadora, internet para pesquisa, entre outros.
Imagem 2 – Questão sobre o papel do celular respondida por uma jovem
de 14 anos.

Fonte: arquivo pessoal.


Quanto ao papel e a função do celular, as respostas foram classificas em
comunicação (“falar” com alguém), entretenimento (músicas e jogos), internet
(ler notícias/pesquisar) e utilidades (relógio, despertador, calculadora). As
jovens indicaram comunicação, principalmente, e entretenimento, os jovens de
forma também apontaram comunicação, principalmente, e entretenimento, mas
numa porcentagem diferente. A questão foi aberta e o jovem poderia atribuir
mais que uma função ao celular.

Gráfico 2 - Resultado da pesquisa a partir do questionário respondido


pelos jovens em relação às funções do celular (por sexo).
Papel/Função do celular Feminino/Idade
Masculino/Idade
20

9
6 7
2 3
Comunicação ("falar" com alguém) Entretenimento (mú sica e jogos) - notícias/pesquisar)
Internet (ler 1 (reló gio/despertador,
Utilidades
calculadora)

Fonte: Gráfico desenvolvido pela autora.

Fonte: Gráfico desenvolvido pela autora.


• Quanto à aquisição do celular, a grande maioria ganhou e não comprou
com recursos próprios; quanto aos custos mensais, 41% das jovens e 45% dos
jovens tem custos mensais do celular dos celulares pagos pelos pais. Outros
não tem despesas mensais com o celular, porque não inserem créditos e utiliza
os recursos disponíveis no celular ou as redes de wi-fi disponíveis em
determinados locais; 29% das jovens e 31% dos jovens reconhecem que o uso
do celular é controlado; 53% das jovens e 62% dos jovens assumem que os
seus responsáveis sabem onde e com quem estão pelo meio do celular;
Quanto ao tempo de uso do celular, concomitante com outras atividades, 34%
dos jovens usam o celular de 2 a 6 horas; quanto ao uso exclusivo do celular,
24% afirmam que usa de 30 minutos a 1 hora e 17% afirmam que usa de 4 a 6
horas. Em relação as jovens, confirmam as nossas expectativas de uso
excessivo, 41% usam o celular paralelo com outras atividades por mais de 14
horas e 29% usam o celular de forma exclusiva por mais de 14 horas.

Gráfico 3 - Resultado da pesquisa a partir do questionário respondido


pelos jovens quanto ao tempo de uso do celular concomitante com outras
atividades (por sexo).
Tempo de uso do celular paralelo a outras atividadesFeminino/Idade
Masculino/Idade
(por sexo)
41%

24%
17% 17%
10% 10% 10% 12% 10%
6% 6% 7% 6% 7% 6% 7%
3%
0%
Nã o usa 0%
menos de 30
min.
menos de 1h. a partir de 1h a0%
até 2h
partir de 2h a partir de 4h a partir de 6h a partir de 8h 0%
até 4h até 6h até 8h até 10h
a partir de
10h até 12h
0%
a partir de
12h até 14h
por mais de
14 h

Fonte: Gráfico desenvolvido pela autora.

Gráfico 4 - Resultado da pesquisa a partir do questionário respondido


pelos jovens quanto ao tempo de uso excluso do celular (por sexo).
Feminino/Idade
Tempo de uso exclusivo de celular Masculino/Idade

29%
24%

18% 17% 18%


14%
10% 12% 12%
7% 6% 7% 6% 7% 7%
3% 3%
0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

Fonte: Gráfico desenvolvido pela autora.


Contudo, não podemos generalizar, a pesquisa evidencia que há jovens que
usa o celular de forma moderada por menos de 1 hora, principalmente os
jovens (sexo masculino).
CONSIDERAÇÕES FINAIS

“O que é ser jovem?” Uma resposta possível é um perfil de consumidor, uma


vez que 94% das jovens e 88% dos jovens possuem celular – visão neoliberal.
Contudo, não atemos apenas à concepção neoliberal, já devemos
compreender que juventude é uma construção social complexa. Sobre o jovem
e o celular, o que constatamos é a forte atração do jovem pela tecnologia, vista
a possibilidade de independência – autonomia e liberdade – principalmente,
quando comparada ao telefone fixo, que era um “telefone da família”.

Porém, há evidências de que controle pode ser exercido por meio do celular: a
maioria dos jovens não custeou a aquisição do aparelho, quase a metade não
custeia a manutenção, um terço reconheceu que o uso do celular é controlado,
mais da metade assumiu que seus responsáveis sabem onde e com quem
estão, através do celular – ao mesmo tempo que dá liberdade, exerce controle.
Além da liberdade, autonomia, privacidade e controle, ainda, promove o
sentimento de segurança, já que o celular permite ao jovem solicitar ajuda em
razão do contato com diversas pessoas.

Entre as considerações iniciais, a hipótese de que os jovens escolhiam o


celular frente à aprendizagem, para a maioria não é uma escolha, pois o celular
na sala de aula não atrapalha a aprendizagem. Menos da terça parte das
jovens que usam o celular na sala de aula, consideram que o aparelho
atrapalha a aprendizagem, os jovens menos ainda (3%). Há uma divergência
de como as jovens e os jovens consideram o impacto do uso do celular na
aprendizagem.

O celular tem uma função importante na vida do jovem, seja a comunicação, o


entretenimento, inclui internet, além dos recursos (relógio, calculadora, etc.).
Qual é o papel que ocupa a escola e o conhecimento na vida dos jovens? Mais
especificamente nos dias atuais, diante das tecnologias como o celular, qual é
o valor da escola e do conhecimento para o jovem? Historicamente, na
contemporaneidade, a escola e o conhecimento têm que promover o
desenvolvimento econômico e social: “estudar para crescer na vida”, crescer
significa ascender economicamente e socialmente, portanto a educação é
capital. Dos 25 alunas e alunos que afirmaram que usavam celular na sala de
aula, 9 alegaram que usavam, “mas”, faziam lição, ou usavam somente quando
não tinham professor na sala (troca de aulas), ou, ainda, porque se sentiam
entediados.

Concluímos que a escola se tornou um lugar para realizar tarefas, os alunos


realizam as tarefas rapidamente (consequência do uso de tecnologias), mas
não realizam uma atividade intelectual de fato, convergente com as ideias
apresentadas por Charlot quanto às “formas de aprendizagem mecânicas e
superficiais, desconectadas do sentido do saber e de uma verdadeira atividade
intelectual”, (CHARLOT (2007, 135). Assim, o jovem não encontra prazer na
aprendizagem e no conhecimento – ao contrário, alguns jovens se sentem
entediados e buscam “se sentir bem” no uso dos recursos do celular.

Imagem 3 - Questão sobre o impacto do uso do celular sobre a


aprendizagem respondida por uma jovem de 14 anos.

Fonte: arquivo pessoal.

Imagem 4 - Questão sobre o papel do celular respondida por uma jovem


de 14 anos.

Fonte: arquivo pessoal.


O “novo” está se impondo e requer mudanças nas antigas práticas profissionais
docentes. A principal lição do movimento altermundialista é que não
precisamos aceitar passivamente a realidade dada, sempre podemos fazer
escolhas dentro dessa realidade. As práticas docentes podem ser diferentes,
mas ainda devem requerer o conhecimento, o conhecimento com sentido que
muitas vezes reclamam por lentidão e foco. O desafio é pensar em práticas que
levem o jovem a vivenciar uma atividade intelectual, de fato, a encontrar prazer
e sentido no saber e saber que é um prazer diferente que buscamos.

Neste trabalho, buscou-se, não simplesmente, colocar-se contra o uso do


celular em sala de aula, mas, compreender porque ele ocorre para melhor
intervir. Ao mesmo tempo, este é um conhecimento que interessa para a escola
e o jovem, trata-se da tomada de consciência de suas escolhas e
consequências que muitas vezes atendem a interesses ocultos. Por outro lado,
as tecnologias fazem parte do mundo atual e globalizado, que apresentam
aspectos positivos como melhor circulação e troca de informação, entre
professor e aluno, especialmente no que tange a tecnologia, ocorre uma
quebra de hierarquia, muito benéfica se pensamos em uma igualdade social
fora e dentro da escola.

REFERÊNCIAS

ASSUNÇÃO, G. R. O debate contemporâneo em torno da categoria juventude


e das políticas públicas de juventude. IV Jornada Internacional de Políticas
Públicas. Neoliberalismo e lutas sociais: perspectivas para as políticas
públicas. Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas da Universidade
Federal do Maranhão. Disponível em
<http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinppIV/eixos/4_questao-de-genero/o-
debate-contemporaneo-em-torno-da-categoria-juventude-e-das-politicas-
publicas-de-juventude.pdf>. Acessos em 17 jan. 2018.

BOURDIEU, Pierre. (1983). A juventude é apenas uma palavra. In: ______.


Questões de sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero. Entrevista a Anne-Marie
Métailié, publicada em Les Jeunes et le premier emploi, Paris, Association des
Ages, 1978.

CHARLOT, Bernard (2007). Educação e Globalização: uma tentativa de colocar


ordem no debate. Texto da conferência proferida na Faculdade de Psicologia e
de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa, a 14 de junho de 2007.
Sísifo. Revista de Ciências da Educação, 04, pp. 129-136.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A,


2001.
KEHL, M. R. (2004). A juventude como sintoma da cultura. In: NOVAES,
Regina & VANNUCHI, Paulo (orgs.). Juventude e Sociedade: Trabalho,
Educação, Cultura e Participação. São Paulo: Perseu Abramo.

LEITAO, C. F.; ABREU, R. dos S.; NICOLACI-DA-COSTA, A. M. Profissionais à


deriva: professores e psicoterapeutas na sociedade em rede. Interações. São
Paulo, v. 10, n. 19, p. 151-174, jun. 2005. Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
29072005000100008&lng=pt&nrm=iso>. Acessos em 17 jan. 2018.

NICOLACI-DA-COSTA, A. M. Celulares: a emergência de um novo tipo de


controle materno. Psicologia & Sociedade, vol. 18, núm. 3, setembro-
dezembro, 2006, pp. 88-96. Associação Brasileira de Psicologia Social
(ABRAPSO). Minas Gerais, Brasil.

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