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FUI CASADO NA IGREJA E DEPOIS ME SEPAREI!


EM QUE O TRIBUNAL DA IGREJA CATÓLICA PODE AJUDAR?

Na Igreja Católica, uma pessoa casada legitimamente que se separa não pode contrair
novo casamento, sendo que há impedimento do vínculo anterior. Por isso, o sacramento do
matrimônio é indissolúvel, pois nenhum poder humano pode dissolvê-lo. Uma vez que foi
verdadeiro, o será até que a morte os separe.

1. MAS ENTÃO, O QUE PODE SER FEITO NUM TRIBUNAL DA IGREJA?


O Tribunal da Igreja Católica pode esclarecer a DÚVIDA se o casamento foi válido ou
inválido, ou seja, se aquele matrimônio celebrado valeu ou não. O objetivo é procurar a
VERDADE dos fatos e não forçar ou inventar a nulidade. É preciso ter consciência de que o
casamento pode ter sido válido, e não haverá possibilidade de cancelá-lo, anulá-lo ou dissolvê-
lo.
Mas, se o primeiro casamento não valeu, ele não produziu efeitos. Desse modo, se o
Tribunal julgar que o casamento foi nulo (inválido) as partes poderão se casar uma segunda vez,
sendo que da primeira não valeu. Mas se o Tribunal julgar que o casamento foi válido, as partes
não poderão se casar na Igreja até que a morte os separe.

2. O QUE PODE TORNAR UM CASAMENTO NULO?


O principal elemento do casamento é o CONSENTIMENTO (manifesto pela conhecida
frase: “Eu te recebo por minha esposa, te prometo ser fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na
tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida”).
O consentimento é fruto da decisão fundamentada na vontade das partes que planejaram
fazê-lo de maneira livre. Desse modo, três coisas são essenciais para um consentimento válido:
VONTADE, LIBERDADE, CONHECIMENTO do que é o casamento.
Quando algum fator grave, externo ou interno, afeta diretamente o CONSENTIMENTO,
este pode ser inválido. Também pode haver o consentimento, mas as partes que o fizeram
poderiam ser incapazes ou inábeis para cumpri-lo, desse modo, o casamento também pode ser
inválido. Como são dezenas de situações que geram um casamento nulo, é importante analisar
cada caso e descobrir se há a possibilidade de nulidade. Vale lembrar que o fato da traição não
é motivo de nulidade, a não ser que no dia do casamento a pessoa tenha se casado com
intenção de ser infiel, ou que haja indícios evidentes da incapacidade de viver a fidelidade.

3. NULIDADE É O MESMO QUE ANULAÇÃO?


Não é a mesma coisa. Na Igreja Católica existe a NULIDADE, ou seja, dizer que o
casamento que um dia foi celebrado era inválido, nulo. Quando falamos que aconteceu uma
“A”NULAÇÃO estou afirmando que o casamento valeu e algum poder humano o cancelou,
anulou. Este último caso não existe na Igreja Católica.

4. QUANDO ENTRO COM O PROCESSO DE NULIDADE NO TRIBUNAL, TENHO CERTEZA


QUE O CASAMENTO SERÁ DECLARADO NULO E LOGO PODEREI ME CASAR DE NOVO?
Não é possível ter a certeza da nulidade antes que se faça o justo julgamento. Sempre
que alguém entra com o processo no Tribunal, deve saber que a resposta pode ser positiva ou
negativa. Assim é necessário ter consciência de que talvez o casamento tenha sido válido. O
Tribunal existe para tirar a DÚVIDA se o casamento valeu ou não, ou seja, buscar a VERDADE
dos fatos. O Tribunal da Igreja Católica não é para o divórcio.

5. QUERO ENTRAR COM O PROCESSO DE NULIDADE. O QUE DEVO FAZER?


Caso queira esclarecer no Tribunal a DÚVIDA se o seu casamento foi válido ou inválido,
siga os seguintes passos:

1º. PASSO: Na primeira folha informar o endereço completo e telefone das partes, a data
e local do casamento religioso e do casamento civil. Abaixo segue modelo do que é necessário:
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DEMANDANTE (dados da pessoa que ingressa com o processo)
Nome
Doc. Identidade, CPF
Filiação
Localidade e data de nascimento
Residência atual: rua, número, cidade, cep, telefone
Endereço para correspondência
Profissão
Religião (pratica atualmente?)
DEMANDADO(A) (dados do ex-marido ou ex-esposa)
Nome
Filiação
Localidade e data de nascimento
Residência atual: rua, número, cidade, cep, telefone
Endereço para correspondência
Profissão
Religião (pratica atualmente?)
CELEBRAÇÃO DO MATRIMÔNIO RELIGIOSO
Paróquia
Cidade
Data
CELEBRAÇÃO DO CONTRATO CIVIL
Cidade
Data
2º. PASSO: A partir da segunda folha escreva sua história digitada em no máximo 2
(duas) folhas A4, Fonte: Arial 12. Nesta história deve ser dito resumidamente como foi à infância
e juventude das partes, como eles se conheceram, quando e como começaram a namorar,
como foi a decisão do noivado e do casamento, como foi a vida de casados e quais os principais
problemas que levaram a separação do casal. Abaixo estão algumas perguntas que podem
orientar a redação do texto.

A. Antecedentes familiares
- Como era seu ambiente familiar, social, estudo, preparação
- Foi criado com seus pais? Como era o relacionamento com eles? Tem irmãos ou
irmãs? Como se relacionou com eles? A sua família foi bem unida?
- Alguém na sua família sofreu alguma enfermidade séria?
- Teve alguma experiência traumatizante ou emocional na sua juventude?
- Houve problemas na sua família tais como divórcio, separações, alcoolismo, adesão a
drogas, brigas, etc?
- Quem é seu (sua) esposo(a)? como era seu ambiente familiar, estudos, preparação e
o ambiente social dele(a). (para O(A) DEMANDADO(A) responda as mesmas
perguntas acima).

B. Namoro e noivado
- Quanto tempo antes do casamento conheceu a outra parte e começou a relacionar-se
afetivamente com ela?
- Como foi o relacionamento nessa fase anterior ao casamento? Havia brigas e
desentendimentos? Por quê?
- Quanto tempo antes do casamento decidiram se casar? Por quanto tempo ficaram
noivos? Houve intimidades, gravidez?
- Alguém da família ou amigos(as) desaconselhou o casamento? Quem e por que
motivo?
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- Achava-se certo(a) e seguro(a) do que estava por fazer, ou tinha alguma dúvida?
Algo antes do casamento dava motivo para recear que não tivesse bom êxito o
casamento? Que fatos?

C. Convivência Matrimonial
- Ambos foram livremente para o matrimônio, alguém ou alguma circunstância os
obrigou a isso? Se afirmativo, quem e qual circunstância?
- Uma vez casados, desde quando começaram a se desentender seriamente? Quais os
motivos dos desentendimentos?
- Houve infidelidade conjugal? De quem?
- Algum problema psíquico ou mental prejudicou o relacionamento? Esse problema era
anterior ao casamento?
- Quanto tempo durou a união? Há quanto tempo estão separados de fato? Quem
propôs ao outro a separação? Quais as causas da separação (especificar)?
- Tiveram filhos? Quanto
- Houve ação no foro civil de anulação do casamento ou desquite? Quem promoveu?
Com que resultado?

D. Razões da Nulidade
- Qual o motivo sobre a invocada razão de nulidade do casamento?
- Julga que esses motivos têm fundamentos nos fatos? Por que assim opina?
- Haveria outro motivo, em vez ou além desses, pelo qual tem como nulo o seu
casamento? Qual?
OBS: Estas perguntas são apenas para orientar a construção da redação. Não faça o texto em
modo de perguntas e respostas.

3º. PASSO: Apresentar cópia do RG e CPF da pessoa que está entrando com o
processo. Não é necessário apresentar estes documentos do ex-marido ou ex-esposa.

4º. PASSO: Apresentar cópia da certidão de casamento civil com averbação do divórcio,
caso tenha ocorrido o matrimônio civil.

5º. PASSO: Ao final da história que foi digitada informar o nome, endereço e telefone de
4 testemunhas. Estas testemunhas podem ser qualquer pessoa, até mesmo familiares, os
próprios pais das partes, católicos ou não. A única exigência é que as testemunhas tenham
acompanhado de perto a história do namoro, casamento e separação. Elas precisam ter
conhecimento dos acontecimentos. Caso a testemunha resida em área rural informar um
endereço urbano para correspondência.

6º. PASSO: Caso haja laudos médicos, boletim de ocorrência, documentos públicos,
entre outros, que ajudam a provar os fatos, estes devem ser também apresentados.

Observações importantes: Logo que for realizado o 1º. e 2º. passo enviar o documento do
word para o seguinte e-mail: tribunaldejacarezinho@yahoo.com Quando a petição inicial (libelo)
estiver revisada pelo Tribunal Eclesiástico o Demandante deverá assinar todas as folhas.
A outra parte (ex-marido ou ex-esposa) não precisam assinar esta petição inicial (libelo).
Depois de aceita a petição inicial (libelo) o próprio Tribunal enviará a outra parte (ex-marido ou
ex-esposa) cópia da petição inicial (libelo).
Qualquer dúvida que encontrar em alguns destes passos entrar em contato por e-mail ou
telefone com o Tribunal, segundo o contato apresentado no final desta folha.

6. VOU PRECISAR ME ENCONTRAR COM O EX-MARIDO OU EX-ESPOSA DURANTE O


PROCESSO?
Durante todo o trâmite processual não há necessidade de se encontrar com ex-marido
ou ex-esposa. Eles são comunicados que o processo está acontecendo e terão a possibilidade
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de prestar depoimento, porém sempre de modo separado da outra parte. É importante ter
consciência que seu ex-marido ou ex-esposa receberá uma cópia da história que você escreveu
quando ingressou com o processo, e desse modo, é direito da outra parte se manifestar
apresentando a sua versão dos fatos.
Caso a outra parte não compareça para prestar depoimento, o processo pode ser
comprometido no sentido de faltar informações que esclareçam os fatos, mas isto não impede o
processo de prosseguir. Neste sentido, mesmo que a outra parte não concorde com o processo,
este acontecerá normalmente, com a segurança de que a parte, caso queira, possa se
manifestar.

7. O PROCESSO DE NULIDADE DEMORA MUITO? ME DISERAM QUE O PAPA ABREVIOU


TODO O PROCEDIMENTO.
Em média um processo de nulidade matrimonial pode durar dois anos ou mais, isso
depende de cada caso. O que pode tornar lento o processo:
- Informar endereço errado das partes ou das testemunhas. - Não atualizar o endereço de
alguém que no curso do processo se mudou. - Indicação de testemunhas que não dispõe tempo
e data para comparecer no depoimento. - Demorar em responder as cartas que o Tribunal envia
e que requerem um posicionamento da pessoa. - Se uma das partes não concordar com a
sentença e recorrer para o Tribunal de 2ª Instância. - Não comparecimento na sessão de
depoimento.
O Papa Francisco, reelaborou algumas leis específicas do processo de nulidade
matrimonial, mas não significa que os processos terminarão em 45 dias como os meios de
comunicação divulgaram. As duas principais mudanças quanto a duração do processo foram: 1.
Não há necessidade de enviar o processo para o Tribunal de 2ª. Instância, a não ser que
alguém apele da decisão. 2. Instauração dos processos breves, que só poderão ser executados
caso haja uma evidência muito clara e provável da nulidade. Este é um processo extraordinário,
e normalmente não acontece.

8. QUANTO CUSTA O PROCESSO?


No Tribunal Eclesiástico de Jacarezinho, o valor é de 3 (três) salários mínimos nacional
(vigentes em 2018), com 200,00 reais de entrada descontado do valor total. Este valor de 3
(três) salários mínimos pode ser parcelado conforme as necessidades particulares de cada
pessoa. O pagamento é feito através de boleto mensal. Em cada caso pode ser analisada a
situação econômica da pessoa, sendo de pobreza extrema, pode haver patrocínio gratuito ou
redução de custas.

9. ESTE VALOR COBRE QUAIS DESPESAS?


O Tribunal Eclesiástico tem inúmeras despesas que devem ser pagas, entre elas:
1. Energia elétrica, água, telefone.
2. Salário dos funcionários e todos os direitos trabalhistas.
3. Despesa com correios. (OBS: Todas as correspondências devem ser expedidas por AR, o
que torna muito caro cada carta. Cada processo tem em média o envio de 28 cartas ao todo).
4. Materiais para escritório (papéis, produtos de informática, canetas, pastas, impressos, etc).
5. Despesa com transporte e manutenção do espaço físico do Tribunal.
6. Pagamento dos peritos e colaboradores das causas de nulidade matrimonial.

CONTATO DO TRIBUNAL ECLESIÁSTICO DIOCESANO DE JACAREZINHO


Quando escrever a história do casamento enviar para o seguinte e-mail:
tribunaldejacarezinho@yahoo.com
Endereço para correspondência: Av. Brasil, 809
Cx. P. 07 – CEP: 86400-000 Jacarezinho-PR
Telefone: (43) 3525-2821 / (43) 99621-8132 (WhatsApp)
(Se necessário, ligar de segunda-feira à sexta-feira das 13h30 às 17h)

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