SEMANÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO

www.arquisp.org.br Ano 68 | Edição 3459 | 9 a 15 de agosto de 2023 www.osaopaulo.org.br | R$ 3,00

Sebastião Roxo/JMJ Lisboa

2023
JMJ Lisboa 2023 Bárbara Vitória/JMJ Lisboa 2023
Nuno Moreira/JMJ Lisboa 2023

Sebastião Roxo/JMJ Lisboa 2023

Papa aos jovens: testemunhem sem medo o

seguimento a Cristo, conectados às ‘raízes da fé’
Após quatro anos de espera, Lisboa sediou,
entre os dias 1º e 6, a Jornada Mundial da Ju-
ventude. Mais de 1,5 milhão de peregrinos par-
ticiparam das catequeses, dos atos centrais
da JMJ e mostraram o rosto jovem da Igreja
pelas ruas e praças da capital portuguesa.
Nos encontros com os jovens, o Papa
Francisco pediu-lhes que não abandonem
as “raízes da fé”, testemunhem “sem medo”
o seguimento a Cristo e acolham a todos que
procuram a Igreja. O Pontífice também se
reuniu com autoridades civis, líderes religio-
sos, clérigos e consagrados; e foi a Fátima,
onde rezou o Terço no santuário mariano.
Páginas 2, 3 e Caderno Especial

a 2023
Bárbara Vitória/JMJ Lisbo
Bárbara Vitória/JMJ
Lisboa 2023
Sebastião Roxo/JMJ Lisboa 2023
2 | Encontro com o Pastor | 9 a 15 de agosto de 2023 |
CARDEAL
ODILO PEDRO
SCHERER
Arcebispo
metropolitano
de São Paulo
A
Jornada Mundial
da Juventude 2023
(JMJ) encerrou-se
em Lisboa no do-
mingo, dia 6 de agosto, com
a celebração da Eucaristia no
Campo da Graça, junto à Pon-
te Vasco da Gama sobre o Rio
Tejo. O evento teve a participa-
ção extraordinária de mais de
um e meio milhão de pessoas,
debaixo de um céu inteiramente
azul e uma temperatura que che-
gou aos 39 graus centígrados.
Francisco tratou os jovens
com afeto paternal e os convi-
dou a terem a coragem da fé e
da esperança, a não se abaterem
diante das dificuldades da vida.
Quem se cansa, não tem mais
vontade de fazer nada e as for-
ças lhe fogem, refletiu o Papa. E
o que é preciso fazer quando isso
acontece na vida? É preciso recu-
perar as forças na fonte: no reno-
vado encontro com Jesus Cristo
na Palavra de Deus, na oração e
na Eucaristia. Lembrando o tema
da JMJ – “E Maria levantou-se e
partiu apressadamente” – o Papa
exortou: É preciso levantar-se,
SEMANÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO
www.osaopaulo.org.br
www.arquisp.org.br
O Papa aos jovens:
não tenham medo
sem demora! Quem fica pros- da Ucrânia” e observou que são passagens, aparece essa mesma
trado no desânimo não chega a várias as guerras atualmente em exortação da parte de Deus e de
lugar nenhum! A vida requer a curso no mundo. Referindo-se à Jesus. “Não tenhas medo, pois es-
coragem de ir atrás do seu sonho, sua peregrinação a Fátima, no dia tou contigo! (Mt 14,27; At 27,24).
sem contentar-se com pequenas 5 de agosto, confessou que, apesar Aos apóstolos, que remavam
ilusões. Tenham a coragem de re- de idoso, ele conserva um sonho com dificuldades por causa da
mar contra a corrente! juvenil: ver o mundo sem guerra tempestade no mar, e se volta-
Aos jovens, que cantavam em e em paz. E convidou os jovens a ram para Jesus gritando - “Mes-
grande coro – “esta é a juventude rezarem com ele pela paz. tre, salva-nos!” – Ele respondeu
do Papa!” – ele indicou a raiz da Na despedida da multidão de “Por que tendes tanto medo, ho-
mais alta motivação: Creiam no jovens, aos quais uniu-se uma mens de pouca fé?” (Jo 6,18-20).
amor de Deus por vocês. Cada pequena multidão de sacerdotes Aos jovens, por vezes abalados e
um de vocês é importante, por- acompanhantes, de cerca de 800 temerosos diante dos problemas
que é amado por Deus. Amado bispos e uns 25 cardeais, Fran- do mundo e das próprias difi-
pessoalmente, como um pai ama cisco convidou todos a levarem culdades, o Papa repetia: “Não
seu filho. Deus sabe que você no coração as mais belas ima- tenham medo! Sigam em frente,
existe e conhece também o seu gens e recordações desta JMJ. caminhem!”
nome. Foi impressionante como Foram numerosos os encontros A JMJ deixou marcas e repre-
essa reflexão e os momentos de ao longo desses dias, que mos- sentou uma parábola da vida:
prece ecoaram no coração dos traram que é possível tecer uma mover-se, peregrinar, ir ao en-
jovens, como era perceptível no cultura do encontro, em vez do contro, compartilhar solidari-
silêncio total de uma multidão conflito; que o perdão e a mise- zar-se, cansar, realimentar-se,
de mais de um milhão de jovens ricórdia restauram a vida, como seguir em frente... E também
reunidos. mostrou a tocante via-sacra; que conferir muitas vezes o itinerá-
Francisco externou várias ve- é possível ser cristão e ser jovem, rio, para não perder o rumo que
zes a sua alegria por ver a res- cheio de alegria e esperança. leva à meta buscada. Foi uma
posta dos jovens a seu convite. E “Levem consigo e não esqueçam experiência humana rica e uma
lembrou também os jovens au- as coisas belas vivenciadas nesta vivência cristã impagável para os
sentes e aqueles que, por muitos JMJ e as contem aos seus colegas jovens que dela participaram. E,
motivos, não puderam participar e amigos, quando chegarem a para continuar oferecendo essas
da JMJ. Com dor, referiu-se aos suas terras e a suas casas”, disse oportunidades aos jovens, o Papa
jovens que, em seus países, são o Papa. anunciou o Jubileu da Juventude
obrigados a enfrentar a guerra e “Não tenham medo”, repetiu em Roma, no Ano Santo de 2025,
o combate contra outros jovens. o Papa diversas vezes, lembran- e a próxima JMJ, em 2027, em
Lembrou os jovens da “queri- do que, na Bíblia, em numerosas Seul, Coreia do Sul.
Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação semanal impressa e online em www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto
• Redator-chefe: Daniel Gomes • Revisão: Padre José Ferreira Filho • Opinião: Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP • Administração e Assinaturas: Maria das Graças Silva (Cássia)
• Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Impressão: OESP Gráfica • Redação: Rua Manuel de Arzão, 85 - Vila Albertina - 02730-030 • São Paulo - SP - Brasil • Fone: (11) 3932-5593 - ramal
222 • Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700, 3760-3723 e 3760-3724 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio
eletrônico: osaopaulo@uol.com.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 3,00 • Assinaturas: R$ 90 (semes-
tral) • R$ 160 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem
assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.
 www.osaopaulo.org.br
www.arquisp.org.br | 9 a 15 de agosto de 2023 | Geral | 3

Peregrino na JMJ Lisboa 2023, Dom Odilo

conduz catequeses e reza com os jovens
Paula Fidalgo/JMJ Lisboa 2023 Bruno Melo
Patrícia Correira/JMJ Lisboa 2023

Paulo Ramicelli
REDAÇÃO e depois houve uma espécie de plenária pôde refletir sobre o tema da Ecologia menda perdoar de todo o coração”, disse.
osaopaulo@uol.com.br a respeito das reflexões de cada grupo. Integral. No dia 3, o Arcebispo se reuniu Durante a participação ao vivo na
com peregrinos de língua portuguesa na programação especial da TV Canção
Na Jornada Mundial da Juventude PARTILHA Igreja São João Scalabrini, pertencente à Nova Portugal, o Arcebispo de São Pau-
(JMJ) em Lisboa, Portugal, o Cardeal “Todos os grupos puderam ir ao micro- Paróquia de Amora, onde abordou a te- lo enfatizou que nas JMJs os jovens são
Odilo Pedro Scherer esteve presente nos fone e ler alguma frase acerca de sua com- mática da Amizade Social. chamados pela Igreja, na pessoa do Papa,
atos centrais do evento, como a missa de preensão sobre determinado texto”, disse, para um encontro de fé com Deus e com
abertura, no dia 1º, a cerimônia de acolhi- recordando que os textos foram tomados ENCONTRO DE FÉ os irmãos. “E quem ainda não encontrou
da do Papa Francisco, a Via-Sacra, a Vi- de palavras do Papa, de suas mensagens, Já na sexta-feira, 4, Dom Odilo medi- a fé, possa fazer uma profunda experiên-
gília com os jovens e a missa de envio, no e das encíclicas Laudato si’ e Fratelli tutti. tou sobre a Misericórdia, no auditório da cia do encontro com Jesus Cristo, porque
domingo, 6. “Ao longo da catequese, eu falei bem Universidade de Lisboa. Nessa ocasião, res- ‘onde dois ou mais estiverem reunidos
Entre os dias 2 e 3, Dom Odilo con- pouco. E durante a homilia da missa, pondendo à pergunta de um jovem sobre em meu nome – Ele prometeu – estou
duziu os encontros Rise Up (Levantai- pude retomar alguma palavra, mas no a dificuldade de perdoar, o Cardeal expli- no meio deles’. Ele está no meio de nós”,
-vos), novo formato das tradicionais ca- contexto da missa. A dinâmica foi muito cou que o perdão é um exercício constante afirmou, acrescentando que esse encon-
tequeses da JMJ, que desafiam os jovens a interessante porque, de fato, fez os jovens de conversão. “Talvez muitas pessoas te- tro se expressa por meio da participação
refletir sobre grandes temas lançados no falarem”, elogiou. nham dificuldade porque não conseguem na Eucaristia, na Confissão sacramental,
pontificado do Papa Francisco: Ecologia No dia 2, o Cardeal Scherer conduziu esquecer o mal sofrido. No entanto, per- na escuta da Palavra de Deus e no conví-
Integral, Amizade Social e Misericórdia. o encontro no Parque da Paz, no terri- doar não significa esquecer... É uma deci- vio dos irmãos.
“É uma nova metodologia que vem tório da Paróquia de Laranjeira, onde são da vontade, do coração. Jesus nos reco- (Colaborou: seminarista Caio Viana)
sendo usada. Nas outras Jornadas, o
bispo catequista dava uma longa pales-
tra. Depois, havia um tempo para inte-
ração, com perguntas e respostas se os
jovens quisessem. Desta vez, porém, a
proposta é que os próprios jovens se-
jam os protagonistas dessa reflexão, e
que os grupos locais façam a prepara-
ção para interagir com os jovens e fazer
com que os demais jovens interajam”,
detalhou o Cardeal Scherer, em entre-
vista ao Vatican News.
Dom Odilo, ao recordar como foi o
primeiro dia da Catequese de que partici-
pou, contou que depois de um momento
de interação e conhecimento entre os jo-
vens, houve a leitura do Evangelho, e, em
seguida, um tempo de reflexão partilhada
entre eles. Na sequência, textos foram dis-
tribuídos aos cerca de mil jovens presen-
tes, divididos em grupos para a reflexão,
4 | Ponto de Vista | 9 a 15 de agosto de 2023 |
Bem-aventurados os puros
O
ano é 1965. Um tradicional
colégio católico norte-ameri-
cano de rapazes promove um
baile com as moças do colé-
gio de freiras. Animados com a ocasião,
os garotos, de paletó e gravata, trocam
olhares furtivos com as garotas, senta-
das do outro lado do ginásio, de vestido
e penteado impecáveis. Quando, porém,
se anuncia a entrada do sacerdote, o gi-
násio inteiro emudece, e o padre, baixi-
nho, ranzinza e de língua presa, começa
a esbravejar sobre os perigos da luxúria
– “Uma besta imunda que mora dentro
de cada um de vocês, e que quer arrastá-
-los ao fogo eterno do inferno, onde serão
consumidos por serpentes grotescas!!!”...
Terminado o “sermão”, o padre ainda
pergunta se alguém tem alguma dúvida
– mas, obviamente, ninguém ousa falar
nada, para não despertar ainda mais o
furor do pregador.
A cena é fictícia e tirada de um filme
dos anos 1980, mas é ilustrativa de uma
certa mentalidade bastante arraigada nos
homens e mulheres de nosso tempo. Em
linhas gerais, nessa mentalidade moder-
na, Deus é tratado como um rival e com-
petidor do homem, e seus mandamentos,
como expressos pela tradição da Igreja,
A família e os jovens egressos de acolhimento institucional
RODRIGO GASTALHO MOREIRA
Ao completarem 18 anos, os jovens acolhi-
dos nas instituições de acolhimento (conheci-
das como abrigos) precisam ser desligados – e
se não existir a possibilidade de reintegração à
família e um acompanhamento após o desliga-
mento institucional, o jovem pode acabar con-
tando com a ajuda da instituição para moradia
ou saindo para viver uma vida independente.
Alguns jovens encaminham-se de alguma
forma em trabalhos de subsistência ou ficam à
mercê da dependência de projetos sociais do
Estado ou, ainda, terminam se envolvendo na
criminalidade e dependência química. Não é
por acaso o alto índice de jovens que, mesmo
após o recebimento da medida de proteção e
da qualificação profissional, acabam em meio
às diversas situações de vulnerabilidade social
e de violência.
Quando imaginamos um lar, projetamos
um ideal de proteção, afeto, segurança, entre
outros. Todavia, percebemos que muitas famí-
lias estão longe de cumprir esse papel e, uma
das principais causas desse fenômeno é o fato
de que elas não possuem um amparo suficien-
te para que possam, pelo menos, guiar a vida
de seus membros com dignidade. Essa con-
dição socioeconômica precária colabora para
que os vínculos familiares sejam cada dia mais
fragilizados e acaba ocasionando o afastamen-
to dos filhos do lar.
Ainda que, no país, o acolhimento insti-
As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.
www.osaopaulo.org.br
www.arquisp.org.br
Editorial
são concebidos como um cerceamento
arbitrário da liberdade e do florescimen-
to pessoal. É como se o diretor do filme
nos quisesse dizer: “A Igreja quer castrar
e domesticar os fiéis, e por isso é que usa
de padres e freiras recalcados e ridículos
para ensinar que tudo é pecado”.
Pensamentos como esse não são ra-
ros de encontrar na vida cotidiana – mas
o que pouca gente sabe é que eles têm sua
origem distante em certas correntes des-
viantes da teologia católica, que, distan-
ciando-se da tradição, começaram a en-
fatizar excessivamente o poder absoluto
de Deus, separando-o de sua sabedoria
e bondade. Assim, teólogos como Sco-
tus e Ockham começaram a ensinar que
os dez mandamentos eram vinculantes
simplesmente “porque Deus quis”, e que
poderiam inclusive ser alterados a qual-
quer momento, se Deus assim quisesse.
Ora, é claro que essa concepção vo-
luntarista de Deus só poderia gerar uma
reação contrária – e foi o que aconteceu.
Gerou-se, na filosofia moderna, a tendên-
cia de enxergar Deus e o homem como
rivais. Assim, Feurbach dizia que “O não
a Deus é o sim ao homem”, e Marx cha-
mava a religião de “o ópio do povo”. De
forma mais radical, Nietzsche proclama-
Opinião
tucional se constitua como medida
excepcional e temporária (no máxi-
mo 18 meses), em 2021 observou-se
uma realidade diferente: o tempo de
acolhimento variou de 16 meses (no
Norte do país) a 11 anos (no Sudeste)
– e, lamentavelmente, somente cerca
de 50% dos jovens nos acolhimentos
mantinham vínculos com familiares.
A pobreza ocupa o primeiro lugar
(com 37%) no ranking dos motivos
de ingresso de crianças e adolescentes
va que “Deus está morto, e nós o mata-
mos”, e Jean-Paul Sartre argumentava que
Deus logicamente não podia existir, pois
sua existência implicaria o cancelamento
da minha liberdade pessoal.
A verdadeira doutrina cristã, no en-
tanto, sempre ensinou que Deus é todo-
-poderoso, mas não arbitrário (cf. Cate-
cismo, nº 271), e que Deus só se ofende
conosco quando fazemos algo que vai
contra nosso próprio bem (São Tomás,
Summa contra gentiles, 3.122.2). Já qua-
se na época dos Apóstolos, Santo Irineu
resumia a relação entre Deus e o homem
dizendo que Gloria Dei homo vivens – a
glória de Deus consiste em que o ho-
mem desabroche seu potencial, vivendo
plenamente.
Se, portanto, a Igreja pede ao ho-
mem a castidade, ela o faz porque, sen-
do “perita em humanidade”, sabe que
uma vida em que a razão e a temperan-
ça não governem as pulsões instintivas
do corpo e as paixões da alma humana
acaba redundando em egoísmo e infeli-
cidade. E nem sequer é preciso ser cris-
tão para enxergar isso: os sábios de cada
época, de Platão a Mahatma Gandhi, já
defendiam o autocontrole em matéria
sexual. Gandhi, de fato, afirmava ser
Arte: Sergio Ricciuto Conte
nos serviços de acolhimento institu-
cional. Na sequência, aparecem “pais/
responsáveis dependentes químicos”
(20%) e “abandono” (19%). Tal rea-
lidade reflete igualmente a presença
de uma “cultura dos abrigos”, que faz
parte de um modelo ultrapassado das
políticas de assistência à infância.
Por outro lado, como boa notícia,
foi justamente visando a romper com
essa “cultura da institucionalização”
que, nos últimos anos, o governo bus-
“o cúmulo da ignorância acreditar que
o ato sexual é uma função independen-
te necessária, como dormir ou comer”, e
explicava que aqueles que achavam que
a castidade era para uns poucos ilumi-
nados “falavam sem terem experimen-
tado as possibilidades do autocontrole”,
pois “assim como a verdade não é para
uns poucos escolhidos, mas para toda
a humanidade, também o autocontrole
não é para alguns ‘Mahatmas’, mas para
toda a humanidade”.
Aos homens e mulheres de nossa
época pós-Revolução Sexual, façamo-los
ver o mesmo convite que fez a Agostinho
“a casta dignidade da Continência, serene
e alegre sem desmesura”: “Estendia-me as
mãos piedosas, cheias de uma multidão de
boas obras, para me receber e abraçar. En-
contravam-se aí meninos e meninas, gran-
de número de jovens e pessoas de todas as
idades, dignas viúvas, virgens idosas. Em
todas elas não era estéril a continência, e
sim mãe fecunda das alegrias geradas de
ti, Senhor seu esposo. E a Continência ria
de mim e ao mesmo tempo me exortava,
como se dissesse: ‘Lança-te em Deus, e não
temas. Ele não fugirá de ti, e não caíras.
Atira-te sem reservas, e ele te receberá e te
curará’” (Confissões, 8.11.27).
cou alavancar o Plano Nacional de Promoção,
Proteção e Defesa do Direito de Crianças e
Adolescentes à Convivência Familiar e Comu-
nitária. O Plano considera a família (biológica
ou adotiva) como o lugar para onde idealmen-
te retornam as crianças e os adolescentes desli-
gados dos serviços de acolhimento.
Por fim, estudiosos destacam que existem
ações que podem ser realizadas pelas institui-
ções de acolhimento (e pela sociedade civil)
enquanto as crianças e adolescentes ali perma-
necerem. Por exemplo, manter vivo o vínculo
da criança acolhida com seu núcleo familiar
de origem por meio da realização de ações que
aproximem as famílias das crianças e vice-ver-
sa; apoio à restruturação familiar; incentivo à
convivência com outras famílias; participação
de crianças e adolescentes acolhidos na vida da
comunidade local; cumprimento do princípio
do não desmembramento de irmãos acolhi-
dos; acompanhamento social das famílias e
encaminhamento para programas (oficiais ou
comunitários) de proteção à família; divulga-
ção de programas de apadrinhamento afetivo.
Tais iniciativas podem ser um caminho
eficaz e transformador que os impulsionará
a melhores possibilidades no futuro, prova-
velmente contribuindo para a formação com
responsabilidade de novas famílias.
Rodrigo Gastalho Moreira é formado
em Direito pela UFRJ, com pós-graduação em
Teologia Aplicada pela Universidade
de Oxford, Reino Unido

Espiritualidade
A profundidade do olhar de Jesus
DOM CARLOS
SILVA, OFMCAP.
BISPO AUXILIAR
DA ARQUIDIOCESE NA
REGIÃO BRASILÂNDIA
O
mês de agosto é dedica-
do ao cuidado e à oração
pelas vocações. Neste ano
de 2023, a Igreja no Brasil
celebra o Ano Vocacional, cujo tema
é “Vocação, graça e missão” e o lema
“Corações ardentes, pés a caminho”
(Lc, 24,32-33). A origem, o centro e a
finalidade de toda vocação e missão é
a pessoa de Jesus Cristo, e ela se revela
como dom e graça, um precioso exer-
cício de nossa liberdade face ao olhar
do Mestre que nos convida a segui-Lo
e caminhar juntos.
Para refletir sobre este tema da vo-
cação e missão, recorro ao trecho do
Evangelho segundo João que narra
o encontro de André e Simão Pedro
com o Mestre, que fixa neles o olhar e
os convida a segui-Lo. “Fixando nele
o olhar, disse: tu és Simão, filho de
João; serás chamado Cefas (que quer
dizer pedra)” (Jo 1,40-42). A centrali-
dade dessa passagem é a dimensão do
olhar de Jesus e a consequente respos-
ta vocacional dos discípulos ao seu
chamado. Ao fitar os olhos em Simão
Pedro, Jesus estabelece com ele uma
conexão profunda, capaz de criar la-
Quando é possível receber a Comunhão em duas espécies?
PADRE CIDO PEREIRA
osaopaulo@uol.com.br
A Roberta Pereira pergunta: “Existe
diferença entre receber a Comunhão
na mão ou diretamente na boca? Pode-
mos recebê-la dos dois modos?”
Vamos lembrar o que disse Jesus na
Última Ceia? Ele pegou o pão, deu gra-
ças e distribuiu aos discípulos, dizendo:
“Tomai e comei! Isto é o meu corpo”.
Depois, pegou o cálice com vinho,
abençoou, deu graças e disse: “Tomai
e bebei, este é o cálice do meu sangue”.
Para o pão e o vinho, Jesus usou o
NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE
ADMINISTRADOR PAROQUIAL:
Em 25/07/2023, foi nomeado e provi-
sionado como Administrador Paroquial
da Paróquia Santo Antônio de Lisboa,
no bairro Vila Ede, na Região Episcopal
Sant’Ana, o Reverendíssimo Padre Adailton
Nascimento Costa.
Em 25/07/2023, foi nomeado e provisio-
nado como Administrador Paroquial da
www.osaopaulo.org.br
www.arquisp.org.br
ços de amor, de vínculo, de respeito
e sinceridade. Nesse encontro, Pedro
tem sua vida transformada, tornan-
do-se, posteriormente, o fundamento,
a força e o sinal de coragem para toda
Igreja nascente e missionária.
Sabemos que o exercício de olhar
com sinceridade e amor nos olhos do
outro não é uma tarefa simples, pois,
muitas vezes, queremos esconder ou
mascarar o que realmente somos. Cris-
to, ao contrário, não tem medo de ver
nossa condição humana. Seu olhar des-
vela o avesso de nós mesmos e trans-
forma nossa vida e maneira de ver o
mundo e os outros à medida que nos
identificamos com o Mestre. Seu olhar
misericordioso nos alcança e desperta
em nós a consciência do chamado e do
compromisso com a missão de Jesus,
qual seja: “tornar o Reino de Deus pre-
sente no mundo” (Evangelii gaudium
EG 176). Por isso, toda vocação envolve
a sensibilidade humana em perceber um
Deus que chama e espera de nós uma
resposta de amor e liberdade. Quem se
deixa ser alcançado pelo olhar profun-
do de Jesus tem sua vida ressignificada
e se torna seu discípulo-missionário,
sua testemunha, capaz de assumir com
vigor o projeto de Deus para sua vida.
Somos chamados a testemunhar
o amor de Deus onde quer que este-
jamos, em nossas diversas realidades.
Simão Pedro experimenta a alegria
de ser chamado, junto às redes, aos
barcos, na praia, como pescador. O
encontro com Cristo acontece quase
sempre na simplicidade do dia a dia.
Você Pergunta
verbo “tomar” que quer dizer, pegar, se-
gurar. Ele estava dizendo: “Peguem este
pão e comam. Peguem este cálice com
vinho e bebam”.
Assim, a forma como nós comun-
gamos não importa tanto. Seja pegando
o pão consagrado nas mãos e levando à
boca, seja recebendo o pão consagrado
diretamente das mãos do celebrante,
estamos recebendo o Cristo, inteiro, no
seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade.
Fica bem aqui um lembrete: quan-
do a comunhão é colocada nas mãos do
fiéis, é bom que comunguem na frente
do sacerdote, para que não aconteça
Atos da Cúria
Paróquia São José Operário, no bairro de
Santana, na Região Episcopal Sant’Ana, o Re-
verendíssimo Padre Eduardo Higashi.
POSSE CANÔNICA:
Em 30/07/2023, foi dada a posse canôni-
ca como Pároco da Paróquia Santa Terezi-
nha do Menino Jesus, no bairro do Jaçanã,
na Região Episcopal Sant’Ana, ao Reveren-
díssimo Padre Sulliver Rodrigues do Prado.
| 9 a 15 de agosto de 2023 | Fé e Vida/Atos da Cúria | 5
O cotidiano é uma matriz fecunda na
qual percebemos os sinais de Deus em
nossa vida; o lugar onde se manifesta
a leveza do olhar misericordioso do
Mestre que não faz juízos antecipados
sobre nossa história, nem se preocu-
pa com nossas ações passadas, mas
que espera de nós, após o encontro
com Ele, uma resposta de fidelidade
e amor ao seu seguimento. Por isso,
mais do que nunca, devemos abrir
nosso cotidiano para a evangelização,
na nossa forma de agir no trabalho,
na família, na universidade, na escola,
em todos os ambientes da sociedade.
E muitas vezes isso se dá por meio de
um gesto, um sorriso, um abraço, um
olhar, uma palavra, de uma presença,
de uma atitude, de uma oração.
Portanto, que o Espírito Santo nos
confirme no compromisso de assu-
mir nossa vocação batismal e missio-
nária, para sermos um sinal do amor
de Deus no mundo, conscientes de
que ela é um dom gratuito que nos
impele à tarefa de tornar o Reino de
Deus presente no mundo. E isso só
se concretizará se exercermos o amor
fraterno, se perdoarmos e nos recon-
ciliarmos com o próximo e se viver-
mos na humildade e no serviço aos
irmãos caídos pelo caminho. Como
vocacionados, discípulos-missioná-
rios, devemos fermentar o mundo
com a força do Evangelho e tornar
presente e eficaz o amor de Deus pela
humanidade, olhando a casa comum
e as pessoas com o mesmo olhar com-
passivo e misericordioso de Jesus.
que alguém use o Sacratíssimo Corpo
de Cristo para algo inconveniente.
De qualquer forma, guardemos
no coração: seja recebendo o Corpo
de Cristo nas mãos, seja recebendo-o
diretamente na boca, nós estamos en-
trando em comunhão profunda com o
Senhor Jesus. Vale lembrar aqui aquela
frase linda de São João Paulo II, para
explicar o que acontece quando co-
mungamos. Dizia ele: “Na comunhão,
nós comungamos Jesus e Jesus nos co-
munga. Em outras palavras, comunhão
sou eu no Coração de Cristo e Cristo
no meu coração”.
CONVÊNIO:
Em 17 de abril de 2023, foi assina-
do o Convênio entre a Arquidiocese
de São Paulo, a Diocese de Lorena e
a Comunidade Canção Nova sobre o
exercício do ministério sacerdotal do
Revmo. Pe. Anderson Moreira Mar-
çal para o cuidado pastoral da Paró-
quia Santa Cândida, Região Episcopal
Ipiranga.
Liturgia e Vida
19º DOMINGO DO TEMPO COMUM
13 DE AGOSTO DE 2023
‘Por que duvidaste?’
PADRE JOÃO BECHARA VENTURA
Certa vez, Jesus dormira na barca, du-
rante uma forte tempestade. Acordado por
discípulos desesperados, repreendeu-lhes a
falta de fé e conjurou os ventos e o mar. Fez-
-se, então, grande bonança (Mt 8,26). Agora,
como que para exercitá-los na superação das
dificuldades, manda que entrem na barca
sozinhos, enquanto Ele fica em oração sobre
um monte.
A imagem dos apóstolos numa frágil em-
barcação agitada pelas ondas, enquanto Nos-
so Senhor permanece em oração num alto
monte, serve como retrato do tempo presen-
te. A Igreja é batida por todos os lados, os dis-
cípulos tentam segurar-se no convés, e Cristo
está à direita do Pai, ‘sempre vivo para inter-
ceder por eles’ (Hb 7,25). O Senhor, contudo,
não se limita a orar. Vai até os discípulos para
auxiliá-los, assim como hoje nos visita e ajuda
de diversos modos. Contudo, a chegada do
mesmo Jesus que haviam conhecido tão bem,
a quem tinham anunciado nas cidades e al-
deias, e em cujo Nome haviam feito milagres
e exorcismos, leva-os a se apavorarem e a gri-
tarem de medo: ‘É um fantasma!’ (Mt 14,26).
O medo, o cansaço e a falta de vigilância
podem fazer-nos apavorar diante de Cristo,
isto é, da sua Cruz, dos seus planos inespera-
dos, das suas exigências, do seu ensinamento
sempre atual e antigo. Se nos faltar oração e
sobriedade, será impossível reconhecer, no
momento oportuno, o Rosto amável do Se-
nhor. Sobretudo se nos entregarmos ao peca-
do, a sua visita amorosa – que se dá em meio
aos acontecimentos da vida e na hora da mor-
te – parecerá motivo de aversão e de horror.
Jesus os conforta com a sólita admonição:
‘Coragem! Sou eu. Não tenhais medo’. Mas,
como não lhes convencia totalmente, Pedro
toma a dianteira: ‘Senhor, se és tu, manda-me
ir ao teu encontro, caminhando sobre a água’
(Mt 14,28). Este pedido extravagante (e ar-
riscado, já que as ondas eram fortes) é, em si
mesmo, demonstração de fé na presença do
Senhor. Esta é uma das tantas ocasiões em
que Pedro vai à frente, mostrando o caminho
aos demais discípulos.
São João Crisóstomo observa que, embo-
ra fizesse algo absolutamente extraordinário,
Pedro sentiu medo não devido ao mais difícil
– o fato de caminhar sobre as águas – mas
por causa de algo mais simples e corriquei-
ro: o vento (cf. Mt 14,30). Assim também
nós, frequentemente nos acostumamos com
graças maravilhosas, que damos por descon-
tadas: o fato de existirmos, a fé em Deus, os
benefícios que o Senhor fez a nós e a pessoas
próximas, os períodos de paz e alegria, as ex-
periências de oração que tivemos. E, no en-
tanto, apavoramo-nos com contrariedades,
dores, frustrações e períodos que, por difíceis
que sejam, passarão!
O Senhor até permite que esses momen-
tos de dificuldade e escuridão venham para
que, olhando para trás, percebamos que ca-
minhávamos sobre as águas e não sabíamos!
Quando pensávamos que éramos apenas
nós, era Ele quem nos sustentava! E, como a
Pedro, Ele nos estende mais uma vez a mão e
pergunta: ‘Por que duvidaste?’.
6 | Pelo Brasil/Geral | 9 a 15 de agosto de 2023 | www.osaopaulo.org.br
www.arquisp.org.br

Fiéis rezam pelos cristãos perseguidos Semana

em missa na Catedral da Sé
DANIEL GOMES
osaopaulo@uol.com.br
No domingo, 6, a fundação ponti-
fícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN)
realizou mais uma edição do Dia In-
ternacional de Oração pelos Cristãos
Perseguidos.
A iniciativa surgiu em 2015 e faz
referência à noite de 6 de agosto de
2014, quando cerca de 100 mil cristãos
tiveram de abandonar suas casas na
Planície de Nínive, no Iraque, expulsos
pelos extremistas do grupo Estado Is-
lâmico. Já na manhã seguinte, a ACN
mobilizou os benfeitores e iniciou
campanhas e projetos para socorrer
material e espiritualmente os persegui-
dos e refugiados.
Na Catedral da Sé, na missa das 11h
do domingo, 6, festa da Transfiguração
do Senhor, os fiéis rezaram pelos cris-
tãos perseguidos.
A Eucaristia foi presidida por Dom
Ângelo Ademir Mezzari, RCJ. Na ho-
milia, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese
na Região Ipiranga lembrou que a festa
da Transfiguração do Senhor é ocasião
de alegria pelo Cristo que vence a mor-
te, de esperança de que todos um dia
estarão na glória de Deus, e um convite
para que cada batizado se esforce por
tornar este mundo o mais próximo do
projeto de Deus, “vencendo todas as
formas do mal que desfiguram a vida
humana – a morte, a violência, a agres-
são, a falta de justiça e de fraternidade,
tudo o que desfigura o rosto humano”.
“Vamos continuar lutando para que
nossos irmãos não sejam desfigurados
em sua vida e dignidade”, exortou o Bis-
po ao mencionar o Dia Intrnacional de
Oração pelos Cristãos Perseguidos.
Dom Ângelo Mezzari recordou que
em 2015, na Semana Santa, esteve nos
campos de refugiados cristãos no Ira-
que. “Eram mais de 200 mil cristãos, que
lá continuavam vivendo sua fé e o amor
a Deus. Portanto, vamos hoje nos unir à
ACN e rezar pelos cristãos em todos os
continentes que continuam sendo per-
seguidos, mas que permanecem dan-
do testemunho da sua vida”, enfatizou.
Antes da bênção final da missa, Ana
Cecília Giorgi Manente, presidente da
ACN Brasil, falou sobre o panorama
da perseguição aos cristãos em todo o
Luciney Martins/O SÃO PAULO
mundo e pediu que se reze não apenas
pelos perseguidos, mas também pelos
que praticam os atos de perseguição, a
fim de que deixem de fazê-lo.
“Que neste dia da Transfiguração, o
Senhor possa se transfigurar para estes
perseguidores dos cristãos. E pedimos
também a intercessão de São Paulo, que
antes de se converter e ser este grande
apóstolo, foi um perseguidor dos cris-
tãos. Vamos rezar para que cada ter-
rorista, que cada um daqueles que não
conhece a Deus e não foi ainda tocado
por Seu amor, possa, assim como Pau-
lo, ser ‘cegado’ pela luz de Deus e ter seu
coração transformado em um coração
ardente, para se colocar em um outro
caminho e não mais neste de persegui-
ção”, pediu Ana.
Nacional da
Família ressalta
o despertar das
vocações
A Igreja no Brasil vivenciará, de 13 a
19 de agosto, a Semana Nacional da Fa-
mília 2023, com o tema “Família, fonte
de vocações”, em sintonia com o 3o Ano
Vocacional do Brasil, com a meta de pro-
porcionar a reflexão, a oração e a promo-
ção das vocações no País.
De acordo com o Padre Crispim
Guimarães, Secretário-executivo da Co-
missão Nacional da Pastoral Familiar
(CNPF), um dos objetivos da Semana
é conscientizar que a temática das vo-
cações precisa fazer parte do cotidiano
familiar. “Cada família deve proporcio-
nar que seus membros descubram aque-
le chamado que Deus, no seu infinito
amor, colocou no íntimo de cada coração
e que é a única possibilidade de vida fe-
liz. Quem não descobre sua vocação não
terá um coração alegre e realizado!”, dis-
se em entrevista ao site da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Durante a Semana Nacional da Fa-
mília serão promovidas diversas ativi-
dades em todo o País, nas paróquias,
grupos pastorais e famílias. A Pastoral
Familiar preparou um subsídio com
roteiros de encontros para cada dia da
semana, além de uma sugestão de ce-
lebração para o Dia dos Pais. O con-
teúdo pode ser adquirido pelo site
http://lojacnpf.org.br ou por meio do
APP Estante Pastoral Familiar. (DG)

Com o auxílio da Caritas Arquidiocesana, casa de

www.osaopaulo.org.br
Diariamente, no site do jornal O SÃO
PAULO, você pode acessar notícias
sobre a Igreja e a sociedade em São
Paulo, no Brasil e no mundo. A seguir,
algumas notícias e artigos publica-
dos recentemente.
Dia Mundial da Paz de
2024: Papa pede diálogo
aberto sobre o impacto da
inteligência artificial
https://curtlink.com/7wbcqur
Institutos Seculares
da América Latina e
Caribe realizam congresso
em São Paulo
https://curtlink.com/icrOexA
Anvisa proíbe suplementos
irregulares para tratar
problemas de visão
https://curtlink.com/Vv0IP6x
Como é a escolha de uma
cidade-sede para a Jornada
Mundial da Juventude?
https://curtlink.com/ds9L8Kh
Qual é o significado
do sacerdócio católico?
https://curtlink.com/GGMBpf4
acolhida a refugiados afegãos completa 1 ano
Comunicação da CASP
Local, inaugurado em agosto de 2022, pode abrigar até 27 pessoas
REDAÇÃO
osaopaulo@uol.com.br
A Casa de Acolhida Todos Irmãos, localizada em Guarulhos
(SP), completa na quinta-feira,10, um ano de atividades, tendo
acolhido cerca de 350 refugiados afegãos neste período.
Coordenada pela Caritas Arquidiocesana de São Paulo (CASP)
em parceria com a Caritas Diocesana de Guarulhos, o Alto Co-
missariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e a
Prefeitura de Guarulhos, a residência tem sido um abrigo para
aqueles que fogem da guerra no Afeganistão, e que desembar-
cam no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
Brinquedoteca, sala de estar, cozinha e uma sala para aulas
de português são alguns dos ambientes da casa com capacidade
para manter 27 pessoas ao mesmo tempo. Elas permanecem
no local por um período de pelo menos três semanas até que
consigam agilizar documentos e uma residência fixa.
“O perfil dos afegãos que chegam muda constantemente.
No começo eram famílias de poder aquisitivo mais alto e, agora,
são pessoas mais humildes e há mais homens solteiros”, conta
a assistente social Vanessa Pimenta, coordenadora da Casa de
Acolhida.
O administrador de empresas afegão Ahmad Khalid Omid
e sua esposa, Hamira, mais o filho do casal, ficaram 21 dias abri-
gados. “O acolhimento foi muito importante para nós, porque
não tínhamos dinheiro para alugar um lugar, não tínhamos
nenhum documento brasileiro”, disse Omid. “Recebemos todo
o auxílio necessário, como lugar para dormir, comida, ajuda
para a regularização de documentos e apoio psicológico com a
CASP. Éramos recém-chegados aqui e não sabíamos o idioma”,
complementou o homem, que hoje já tem um emprego e resi-
dência no Brasil.
Doações à Casa de Acolhida Todos Irmãos podem ser feitas
diretamente no local (Rua Paulo José Bazani, 60, bairro do Mace-
do, Guarulhos) ou por meio depósito bancário: Caritas Arquidio-
cesana de São Paulo – Bradesco 237 - Ag. 0099 – C.P: 1.000.161-7
- CNPJ 62.021.308/0001-70 [também é a chave PIX].
Leia a reportagem completa no site do O SÃO PAULO:
https://curtlink.com/zotC0of.
(Com informações da Caritas Arquidiocesana de São Paulo)
 JMJ Lisboa 2023
Jovens, Jesus vos diz:
‘Não tenhais medo, não tenhais medo!’
EXORTOU O PAPA
FRANCISCO NA
MISSA DE ENVIO DA
JMJ LISBOA 2023,
ENCONTRO QUE REUNIU
MAIS DE 1,5 MILHÃO
DE PEREGRINOS NA
CAPITAL PORTUGUESA
DANIEL GOMES
osaopaulo@uol.com.br
Após quatro anos de espera, Lisboa,
em Portugal, sediou entre os dias 1º e 6,
a Jornada Mundial da Juventude. Cerca
de 1,5 milhão de peregrinos, de todos
os continentes – quantidade acima da
expectativa inicial dos organizadores
– participaram deste momento de fé e
união dos jovens, idealizado por São
João Paulo II em 1984, e realizado pela
primeira vez em 1986.
Do primeiro ao último dia desta edi-
ção da Jornada, os peregrinos puderam
vivenciar o que lhes foi assegurado pelo
Cardeal Manuel Clemente, Patriarca de
Lisboa, na missa de abertura, no Parque
Eduardo VII: “Lisboa acolhe-vos de co-
ração inteiro!”. Na ocasião, o Purpurado
também enalteceu o empenho dos jo-
vens em colocar-se a caminho, tal qual a
Virgem Maria que foi ao encontro de Isa-
bel – “Maria levantou-se e partiu apres-
sadamente” (Lc 1,39) – como ressalta o
tema da JMJ Lisboa 2023.
Para além das expressivas imagens
da multidão de jovens nos eventos cen-
trais da Jornada – seja no Parque Edu-
ardo VII, no espaço Colina do Encon-
tro, seja no Parque Tejo, no Campo da
Graça –, a grande meta da JMJ foi a de
proporcionar que cada jovem tivesse
O SÃO PAULO | Ano 68 | Edição 3459 | 9 a 15 de agosto de 2023
um encontro pessoal com Cristo, como
destacou o Papa Francisco na cerimô-
nia de boas-vindas à Jornada, na quin-
ta-feira, 3.
“Amigo, amiga, se Deus te chama pelo
nome, significa que, para Ele, não és um
número, mas um rosto”, disse, chamando
a atenção para as ilusões do mundo virtual
que podem parecer atraentes, mas, na ver-
dade, são vãs, supérfluas e deixam um va-
zio interior. “Jesus, não! Ele tem confiança
em ti, para Ele tu contas”, completou.
UM ENCONTRO QUE GERA
MUDANÇA
Nas mensagens e homilias que di-
rigiu aos jovens nesta Jornada (leia de-
talhes nas páginas a seguir), Francisco
insistiu que quem tem a experiência do
encontro com Cristo deve assumir novas
posturas em sua própria vida, na atenção
ao próximo e no agir pastoral e missio-
nário da Igreja.
Na missa de envio da JMJ Lisboa
2023, na manhã do domingo, 6, no
Campo da Graça, o Pontífice recordou
as palavras do apóstolo Pedro ditas a
Jesus no monte da transfiguração: “Se-
nhor, é bom estarmos aqui”, aludindo
a tudo que os jovens vivenciaram nesta
Jornada, “com tanta alegria de coração”,
mas pediu que refletissem sobre o que
levariam disso para a vida cotidiana,
algo que envolve três verbos: resplande-
cer, ouvir e não ter medo.
Francisco lembrou que no monte, Je-
sus, que há pouco anunciara aos apóstolos
sua morte de Cruz, se transfigurou – “seu
rosto resplandecia como o sol” – e que
todos na vida também precisam de um
lampejo de luz para enfrentar as adversi-
dades. “Ele é a luz que não se apaga, que
brilha onde é noite. Nosso Deus ilumina o
nosso olhar, o nosso coração, a nossa men-
Duarte Antunes/JMJ Lisboa 2023
te, a nossa vontade de fazer algo na vida.
E não nos tornamos luminosos quando
mostramos uma imagem perfeita, quando
parecemos fortes e vitoriosos; tornamo-
-nos luminosos quando acolhemos Jesus
e aprendemos a amar como Ele amou.
Amar como Jesus: isso nos faz luminosos,
isso nos leva a ser obras de amor”.
OUVIR A CRISTO
Ao falar sobre o segundo verbo – “ou-
vir” –, o Pontífice recordou que no mon-
te uma luz envolveu Cristo e uma voz
disse aos discípulos: ‘Este é o meu filho
amado, escutem-no’.
“Escutar a Jesus. Todo o segredo está
nisso, escutar o que Ele te diz. E se não
sabes o que Ele te diz, vá ao Evangelho e
saibas o que Ele diz ao teu coração, por-
que Ele tem palavras de vida eterna para
nós e nos revela que Deus é Pai, é amor, e
nos ensina o caminho do amor”, exortou.
IR SEM MEDO
Francisco falou ainda que na cami-
nhada cristã é preciso “não ter medo”,
uma expressão que aparece com re-
corrência no Evangelho e que foi a úl-
tima usada por Jesus no momento da
Transfiguração.
O Papa lembrou que os jovens – dos
quais a Igreja e a sociedade tanto preci-
sam – têm grandes sonhos, querem mu-
dar o mundo, desejam lutar por justiça
e a paz, colocam energia e criatividade
no que fazem, mas só alcançarão suas
metas se agirem sem medo: “Queridos
jovens, queria olhar nos olhos de cada
um e dizer-vos: ‘Não tenhais medo, não
tenhais medo’. Não sou eu quem digo
isso, é Jesus mesmo que está olhando e
dizendo. Ele vos conhece, conhece o co-
ração e a vida de cada um de vós, as vos-
sas alegrias e tristezas, os sucessos e fra-
Bárbara Vitória/JMJ Lisboa 2023
cassos. Animai-vos, não tenhais medo!”,
insistiu.
GRATIDÃO AOS JOVENS E A LISBOA
Também na missa de envio, o Papa
Francisco ouviu as manifestações de gra-
tidão do Patriarca de Lisboa e do Cardeal
Kevin Farrell, Prefeito do Dicastério para
os Leigos, a Família e a Vida, por sua pre-
sença e apoio na realização desta edição
da Jornada.
O Pontífice também agradeceu-lhes,
bem como às autoridades portuguesas,
ao povo, clérigos, religiosos e “a ti Lis-
boa, casa de fraternidade e cidade de
sonhos”. Expressou ainda um “obrigado
maior” a Jesus e à Virgem Maria, que
sempre acompanham a Igreja; e pediu
aos jovens que no regresso aos seus pa-
íses e comunidades possam “partilhar
e doar, testemunhando, com alegria e
gratidão, o bem que Deus nos colocou
no coração”. Ao fazer menção aos que
não puderam ir à JMJ por viverem em
países em guerra – “e são tantos por esse
mundo afora. Pensando neste continen-
te, sinto grande tristeza pela querida
Ucrânia, que continua a sofrer muito”
– compartilhou com os jovens o sonho
da paz, “o sonho de jovens que rezam
pela paz, vivem em paz e constroem um
futuro de paz. Sois a esperança de um
mundo diferente”.
PRÓXIMOS ENCONTROS
Por fim, após ter entregado cinco
totens da cruz da JMJ Lisboa 2023 a
um jovem de cada continente, e antes
de rezar o Angelus com os peregrinos,
o Papa anunciou a realização do Jubi-
leu dos Jovens, em 2025, em Roma, e
que a próxima JMJ será em Seul, na Co-
reia do Sul, em 2027 (leia detalhes na
página E8).
E2 | JMJ Lisboa 2023 | 9 a 15 de agosto de 2023 | www.osaopaulo.org.br/jmj-2023
www.arquisp.org.br

João Matos/JMJ Lisboa 2023 Sebastião Roxo/JMJ Lisboa 2023

Saúde mental, violência, solidão e intolerância são algumas das temáticas apresentadas durante as 14 estações da Via-Sacra, com o caminho da cruz feito em um percurso vertical, no dia 4

‘Quando olhamos para o Crucificado, vemos a

beleza do amor que dá sua vida por cada um de nós’
DISSE O PONTÍFICE,
NA VIA-SACRA,
REALIZADA NA COLINA
DO ENCONTRO, NA
SEXTA-FEIRA, 4
FERNANDO GERONAZZO
ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
O Parque Eduardo VII, em Lisboa,
tornou-se novamente a “Colina do En-
contro” de cerca de 800 mil jovens de
diversas partes do planeta na tarde da
sexta-feira, 4, para a celebração da Via-
-Sacra com o Papa Francisco, no quarto
dia da Jornada Mundial da Juventude
(JMJ) Lisboa 2023.
O momento de oração, que recorda o
caminho de Cristo rumo à crucificação
no Calvário, foi preparado a partir da es-
cuta de 20 jovens dos cinco continentes
que fazem parte do “International Youth
Advisory Body” (grupo de consultores)
do Dicastério para os Leigos, a Família e
a Vida, criado após o Sínodo dos Bispos
de 2018, cujo tema foi “Os jovens, a fé e o
discernimento vocacional”.
Os jovens encenaram cada uma das
14 estações da Via-Sacra, associadas a
uma fragilidade da sociedade que afeta
a juventude atualmente, alternada com
vídeos de testemunhos de alguns jovens.
Em cada estação, foram lembra-
dos sofrimentos como as violências e
abusos sofridos pela juventude, assim
como o abandono, incertezas, exclu-
sões, intolerância, individualismo, an-
siedades, depressões, os vícios das dro-
gas, do álcool e da pornografia, a busca
desenfreada pela aparência, a cultura
do descarte, a desinformação e a falta
de perspectivas para o futuro.
CAMINHAR COM CRISTO
O Santo Padre iniciou a celebração
com um breve discurso, no qual ressal-
tou que Jesus é “o caminho” (Jo 14,6).
“Quando estava entre nós, Jesus ca-
minhou: caminhou curando os doen-
tes, prestando assistência aos pobres,
fazendo justiça; caminhou pregando,
ensinando-nos. Jesus caminha, mas o
caminho que temos mais gravado no
nosso coração é o caminho do Calvá-
rio, o caminho da Cruz. E hoje, nós (eu
também), rezando, seguiremos nova-
mente o caminho da Cruz”, afirmou.
Referindo-se à cruz, símbolo das
JMJs, Francisco a definiu como “o ícone
deste caminho”.
“A Cruz é o sentido maior do maior
amor, daquele amor com que Jesus quer
abraçar a nossa vida. A nossa? Sim! A tua
vida, a daquele, a daquele outro, a de cada
um de nós. ‘Jesus caminha por mim’. Te-
mos de dizê-lo a todos”, completou.
“Não se esqueçam disto: ninguém
tem maior amor do que quem dá a vida.
Assim ensinou Jesus. Por isso, quando
contemplamos o Crucificado, naquela
condição tão dolorosa, tão dura, vemos
a beleza do Amor que dá a sua vida por
cada um de nós”, continuou o Papa, ci-
tando o sacerdote italiano Primo Ma-
zzolari: “Senhor, pela tua inefável ago-
nia, posso acreditar no amor”.
‘JESUS ENXUGA AS LÁGRIMAS
ESCONDIDAS’
Convidando os jovens a refletirem
em um instante de silêncio sobre as ra-
zões que os levam a chorar, Francisco
afirmou: “Todos nós na vida já chora-
mos, e continuamos a chorar. Nesses
momentos, Jesus está conosco. Ele cho-
ra conosco, porque nos acompanha na
obscuridade que nos faz chorar.
“Com a sua ternura, Jesus enxuga
as nossas lágrimas escondidas. Jesus
espera cumular, com a sua proximida-
de, a nossa solidão. Como são tristes
os momentos de solidão! Neles está
Jesus, Ele quer preencher tal solidão.
Jesus quer preencher o nosso medo, o
vosso medo, o meu medo… esses me-
dos obscuros, quer preenchê-los com
a sua consolação. Ele espera impelir-
-nos a abraçar o risco de amar. Porque,
como sabeis (sabei-lo melhor do que
eu), amar é arriscado. É preciso correr
o risco de amar. É um risco, mas vale
a pena corrê-lo; nisso acompanha-nos
Jesus. Sempre nos acompanha, sempre
caminha; durante a vida, sempre está
junto de nós”, afirmou Pontífice.
O Santo Padre ainda convidou os
jovens a pensarem em seus sofrimen-
tos, angústias, misérias e no desejo de
que “a alma volte a sorrir”.
“Jesus morre na cruz para que nossa
alma possa sorrir”, concluiu.

Vatican Media Vatican Media

Na sexta-feira, 4, na sede da Nunciatura Apostólica, o Papa almoçou com dez jovens pe-
regrinos do Brasil, Colômbia, Estados Unidos, Guiné-Equatorial, Filipinas, Palestina, Peru
e Portugal. Ele pediu aos jovens que lutem pelos bons ideais e que se façam próximos
das crianças e idosos. De acordo com um dos participantes, Francisco lhes disse que “ser
católico, ter fé, pode não ser popular, não estar na moda, mas é coerente”.
A primeira atividade do Papa, na sexta-feira, 4, foi a ida ao Parque do Perdão, no Jardim
Vasco da Gama, em Lisboa, onde ministrou o sacramento da Confissão a três jovens: um
italiano de 19 anos, um espanhol de 21 anos e uma guatemalteca de 33 anos. No local,
foram instalados 150 confessionários, feitos com materiais recicláveis, construídos por
detentos das unidades prisionais de Coimbra, de Paços de Ferreira e do Porto.
 www.osaopaulo.org.br/jmj-2023
www.arquisp.org.br | 9 a 15 de agosto de 2023 | JMJ Lisboa 2023 | E3

‘Com Jesus, caminhemos na esperança,

olhemos para nossas raízes e sigamos adiante’
Jesus Huerta/JMJ Lisboa 2023

PONTÍFICE PARTICIPOU
DA VIGÍLIA COM OS
JOVENS, NO CAMPO
DA GRAÇA, NA NOITE
DO SÁBADO, 5
DANIEL GOMES
osaopaulo@uol.com.br

No penúltimo dia da JMJ Lisboa

2023, no sábado, 5, os participantes pe-
regrinaram, sob forte sol, ao Campo da
Graça, no Parque Tejo, distante cerca de
10km do centro de Lisboa, para partici-
par de Vigília do Papa com os jovens.
No fim da tarde, a multidão de fiéis
que já lotava o Campo da Graça acom-
panhou a chegada, em uma procissão
fluvial pelo rio Tejo, da Cruz e do Ícone
de Nossa Senhora Salus Populi Romani,
símbolos da JMJ.

ENCONTRO, AÇÃO E TESTEMUNHO

A Vigília foi iniciada ao pôr do sol,
com uma performance artístico-mu-
sical, conduzida pelo grupo Ensem-
ble23, composto por 50 jovens, de 21
nacionalidades.
Estruturada em três atos – Encontro,
Levanta-te e Segue-me –, a performance
retratou o encontro de um jovem que
se deixa interpelar por Deus, tem a vida
transformada e passa a contagiar todos
aqueles com quem tem contato.
Além dos peregrinos, em sua maio-
ria jovens, participaram da Vigília clé-
rigos, religiosos e diversas autoridades
e personalidades portuguesas e es-
trangeiras. Foi um forte momento de
espiritualidade, que também buscou
expressar a gratidão por tudo o que
foi vivido na JMJ Lisboa 2023, além de
convidar que cada peregrino aprofun-
dasse o louvor a Deus e a disposição
em servir o próximo.
Houve, ainda, dois testemunhos de
fé: o do padre português Antônio Ri-
beiro de Matos, 33, que escapou de um
acidente, tornou-se seminarista e se de-
cidiu pela vocação sacerdotal após a JMJ
Panamá 2019; e da moçambicana Marta
Luís, de 18 anos, da Província de Cabo
Delgado, onde, embora haja constantes
conflitos, os católicos não se intimidam
a viver a fé.
MARIA, ALEGREMENTE
MISSIONÁRIA
Após assistir à performance artístico-
-musical e ouvir os testemunhos, o Papa
Francisco iniciou sua reflexão, destacan-
do que aqueles que foram ao Campo da
Graça tiveram a mesma atitude da Vir-
gem Maria que, por conta própria, foi à
casa de sua prima, Isabel – “Levantou-
-se e partiu apressadamente’ (Lc 1,39)”,
como indica o tema da JMJ Lisboa 2023.
“Maria realiza um gesto não solici-
tado e sem ser obrigada, porque ama e
quem ama ‘voa’, corre feliz. Isso é o que
fazemos”, frisou o Papa. “É curioso, que
em vez de pensar em si mesma, Maria
‘Podemos ser para as demais pessoas raízes de alegria’, diz o Papa Francisco na vigília com os jovens, realizada no Campo da Graça, dia 5
pensa na outra. E por quê? Porque a ale-
gria é missionária, a alegria não é para
uma pessoa, é para levar algo. E pergun-
to a vocês que estão aqui, que vieram en-
contrar-se e ouvir a mensagem de Cristo:
estão a fazer isto por vocês ou para levar
aos outros? É para levar para os outros,
porque a alegria é missionária. Repitamos
juntos: a alegria é missionária!”, disse.
RAÍZES DA ALEGRIA
O Pontífice, então, pediu aos peregri-
nos que fizessem um instante de silêncio
para se lembrarem daqueles que “foram
raios de luz em nossa vida: pais e avós,
amigos, padres e freiras, catequistas, ani-
madores, professores. Eles são como as
raízes da nossa alegria”, por terem trans-
mitido a fé.
“Também podemos ser para as de-
mais pessoas raízes de alegria. E não se
trata de uma alegria passageira, de mo-
mento; trata-se de levar uma alegria que
cria raízes”, insistiu.
MÃOS ESTENDIDAS E
OLHAR DE COMPAIXÃO
O Papa lembrou que, por vezes,
há aqueles que se cansam na vida, se
Performance artístico-musical da Vigília do Pontífice com os jovens
abandonam, deixam de caminhar e
caem. “Mas vocês acreditam que uma
pessoa que cai na vida é um fracasso,
inclusive aquelas que comentem erros
graves? Essa pessoa já está terminada?
Não!”, enfatizou, fazendo um chama-
do ao agir misericordioso e não de
superioridade diante daquele que está
‘caído’ na vida.
“Quando vemos amigos nossos que
estão caídos, o que temos de fazer? Levan-
tá-los, e forte! E quando alguém tem que
ajudar o outro a se levantar, que gesto faz?
Olha para essa pessoa de cima para baixo.
Esse, aliás, é o único momento em que é
lícito olhar uma pessoa de cima para bai-
xo, pois é para ajudar que ela se levante.
Porém, quantas vezes vemos pessoas que
olham para as demais por cima, com as
sobrancelhas de cima para baixo. Isso é
triste. Repito: a única vez em que é lícito
olhar para uma pessoa de cima para baixo
é para ajudar que ela se levante”, ressaltou.
DETERMINAÇÃO E FÉ
Francisco também lembrou aos jo-
vens que para se alcançar os objetivos na
vida é preciso ter constância, colocar-se
a caminho, aprender durante o próprio
Júlia Silva/JMJ Lisboa 2023
Peregrinos lotam o Campo da Graça na Vigília e missa de envio
percurso e, se houver alguma queda, le-
vantar-se, por forças próprias ou com a
ajuda dos demais.
“Deixo-vos esta ideia: caminhar com
uma meta, e se alguém cai, levantar-se e
treinar todos os dias, pois na vida nada
é gratuito, tudo se paga. Só uma coisa é
gratuita: o amor de Jesus. Com o amor
de Jesus, caminhemos na esperança,
olhemos para nossas raízes e sigamos
adiante, sem medo!, concluiu.
ADORAÇÃO AO SANTÍSSIMO
Após a fala do Pontífice, teve início a
adoração ao Santíssimo, com orações e
cânticos animados por um coro e orques-
tra com 210 cantores e 100 músicos de
todas as dioceses de Portugal, além dos
membros do projeto Mãos que Cantam,
um coral formado por pessoas surdas.
Durante a incensação do Santíssimo,
cantou-se “Meu Deus, eu creio”, oração
ensinada pelo Anjo aos três Pastorinhos
de Fátima, musicada pelo compositor
Carlos Silva.
Por fim, o Santíssimo foi recolhido e
o Papa abençoou os fiéis, que permane-
ceram acampados no Campo da Graça
para a missa de envio, no domingo, 6.
Raquel Duarte/JMJ Lisboa 2023
E4 | JMJ Lisboa 2023 | 9 a 15 de agosto de 2023 | www.osaopaulo.org.br/jmj-2023
O testemunho de fé e alegria
dos peregrinos na JMJ Lisboa 2023
JOSÉ FERREIRA FILHO O SÃO PAULO CONVERSOU COM ALGUNS JOVENS ESTRANGEIROS QUE PARTICIPARAM
osaopaulo@uol.com.br
DA JORNADA; A SEGUIR, CONFIRA ALGUMAS HISTÓRIAS E AS IMPRESSÕES PARTILHADAS
LUÍS CARLOS CRUZ
DUARTE, 31, NASCEU NA
COLÔMBIA, É DESIGNER
GRÁFICO E PROFESSOR
DE PIANO. PARTICIPOU
PELA PRIMEIRA VEZ DA
JMJ PANAMÁ 2019 COMO
VOLUNTÁRIO NA ÁREA DE
CALL CENTER E AGORA, NA
JMJ LISBOA 2023, TAMBÉM
ATUOU NO VOLUNTARIADO,
NA ÁREA DE DESIGN.
Você sempre foi católico ou se conver-
teu já adulto?
A minha família é de profundos va-
lores católicos e, desde pequeno, sempre
incutiu em mim os valores morais e a ma-
neira correta de agir na sociedade. Partici-
po ativamente na Igreja desde criança, no
coro infantil e, depois, no grupo de acóli-
tos da paróquia. Somos uma família mui-
to unida, em que o diálogo e o amor entre
todos é sempre essencial.
Quais experiências vividas na JMJ
Lisboa 2023 você destacaria?
Considero esta JMJ marcante porque
foi para mim um voluntariado com gran-
des desafios, principalmente por poder
fazer parte da equipe de Design Gráfico,
uma grande responsabilidade em poder
atingir cada jovem, de todos os lugares
do mundo, a cada peça gráfica produzi-
da. Também considero uma graça e algo
que nunca pensei que aconteceria: nes-
ta JMJ, fui escolhido entre tantos jovens
para almoçar com o Papa Francisco, uma
oportunidade que me encheu de alegria
e marcou a minha vida profundamente.
Poder ficar 45 minutos perto dele, con-
versar com ele, dividir a mesma mesa
em um almoço em que em vários temas
de diálogo foram abordados reafirmou
pra mim que Deus está sempre no meio
de nós e que ele [o Papa] é aquela figura
de Jesus vivo no meio de nós, na Igreja.
www.arquisp.org.br
O que você aprendeu durante os dias
em Lisboa, sobretudo com os jovens de
outros países?
Estando em Lisboa durante os seis úl-
timos meses, pude aprender muitas coi-
sas, entre as quais destaco: saber entender
o coração do outro para poder trabalhar
em equipe para um fim que é a juventu-
de do mundo; a espiritualidade sempre
como uma parte essencial da vida de
cada cristão; a partilha das culturas e, por
fim, o reconhecimento da voz de Deus no
meio da vida cotidiana, mesmo nas pre-
ocupações, o que me permitiu aprender
também com os outros voluntários do
Comitê Organizador Local e de diversos
países, que sempre proporcionam um cli-
ma de alegria e amizade para rezar com
eles e ser uma grande equipe de voluntá-
rios internacionais.
O que você considera que mudou em
seu coração depois de participar da
JMJ? O que Deus lhe mostrou?
São tantas coisas que Deus mudou em
meu coração depois dessa participação na
JMJ, mas destaco uma: poder chegar mais
perto da realidade do outro, poder ou-
vir suas necessidades, oferecer uma mão
como amigo em seus momentos ruins
para ser um instrumento do Seu amor e
essa pessoa poder mudar sua vida, e, assim
como eu vejo o rosto de Deus, comparti-
lhar esse rosto do seu amor com os outros.
Foi Deus quem me mostrou seu rosto para
me dizer: “Você é capaz de muito na vida,
mostre o meu amor aos outros, serviço e
amor”.
O que você acha que será diferente em
sua vida daqui para frente?
Minha vida espiritual passava por um
momento crítico de aridez. Sinto que esta
JMJ foi uma “recarga” de energia espiritual
para mim, poder me aproximar mais da
Eucaristia, da oração, da Confissão, para
poder continuar a viver a minha vida
como um bom católico, comprometido
com a missão da Igreja no mundo jovem.
Arquivo pessoal
ÉVA PÁL, 37, É DA HUNGRIA
E PARTICIPOU DA JMJ PELA
TERCEIRA VEZ: ESTEVE
TAMBÉM EM CRACÓVIA,
EM 2016, E NO PANAMÁ,
EM 2019. NA MISSA DE
ENCERRAMENTO DA JMJ
LISBOA, CINCO JOVENS
FORAM ESCOLHIDOS
PARA REPRESENTAR CADA
UM DOS CONTINENTES
E TER UM ENCONTRO
COM FRANCISCO. ÉVA
FOI A REPRESENTANTE DA
EUROPA.
Você nasceu numa família católica? Ou
converteu-se depois?
Nasci num berço católico e, quando
criança, conheci pela primeira vez o mi-
lagre das aparições de Fátima durante
minhas aulas de Religião. Tínhamos a his-
tória dela em uma fita de videocassete em
preto e branco e, quando estava no jardim
de infância, minha mãe tinha que colo-
cá-la para mim o tempo todo, pois fiquei
completamente cativada pela história dos
três pastorinhos e não me cansava de assis-
tir a ela. Quando recebi meu primeiro Ter-
ço, não entendi muito bem o que deveria
fazer ou o que os mistérios significavam;
apenas sabia que era o maior presente que
eu poderia ter e acreditava muito nisso.
Em 1992, com 7 anos, depois da mu-
dança de regime na Hungria, fiz a minha
primeira Comunhão em Százhalombat-
ta. Nós, então, nos mudamos para Érd, a
20km de Budapeste, e comecei a frequentar
a escola católica. Aos 14 anos, fui crismada
e escolhi a Santíssima Virgem Maria como
minha padroeira. Aos 20 anos, me afas-
tei de Jesus e novas influências surgiram.
Aos 28 anos, em 2013, fui a Roma e as-
sisti à missa de Natal do Papa Francisco.
Vatican Media
Ali, no meio da multidão, me senti mal por
não poder comungar; então, decidi que
quando chegasse a casa, iria confessar e
mudar minha vida e meus valores. Minha
vida parecia vazia, meus relacionamentos
superficiais, meus valores completamente
deturpados sem a presença de Jesus. Eu es-
tava cheia de remorso sobre como poderia
ter me afastado tanto Dele em compara-
ção com a maneira que o acolhi quando
acreditei Nele.
Mudei-me sozinha para Budapeste.
Desde 2014, participo das missas diárias,
passei a Páscoa em Medjugorje e tenho
rezado o Terço desde então. Frequento
regularmente a Igreja Franciscana em
Margaret Boulevard. A minha história
é semelhante à do filho pródigo. Tenho
grande respeito e amor pelos padres hún-
garos e muito orgulho do caminho que
estão trilhando. Recebi muito amor e cari-
nho deles. Posso dizer honestamente que
devo muito a eles porque me apoiaram
em tudo, mesmo quando tudo era difícil
e eu me sentia muito solitária. Voltei a ter
aulas de Religião e várias vezes fizemos pe-
regrinações, o que me proporcionou uma
experiência duradoura e uma verdadeira
recarga espiritual.
Uma vez que você já participou de
outras edições da JMJ, descreva o que
elas representaram para você e sua
caminhada de fé.
Em 2016, estive em Cracóvia, na Polô-
nia, pela primeira vez como peregrina na
JMJ e fiquei profundamente impressiona-
da com tantos jovens católicos reunidos.
Senti que nossa fé estava viva e que juntos
poderíamos vivê-la e orar com um só co-
ração. Decidi que gostaria de ser voluntá-
ria na próxima edição da JMJ. Voluntaria-
do é muito importante para mim e sinto
que estou oferecendo algo livremente. Es-
tou devolvendo para a comunidade dos
crentes o melhor que recebi da Igreja.
Quando foi anunciado o lema da
JMJ no Panamá, “Eis a serva do Senhor,

faça-se em mim segundo a tua palavra
(Lc 1,38)”, senti que Nossa Senhora me
chamava, que eu tinha que dizer sim a
ela, que tinha que ir para o Panamá por-
que era lá que a encontraria. Não posso
dizer exatamente o que esperava do en-
contro; só posso dizer que desejava estar
ali e rezar a Nossa Senhora.
Como não tinha um salário adequado,
não tinha o dinheiro necessário para ir ao
Panamá. Meus pais, então, me presente-
aram com uma passagem aérea para lá,
como presente de Natal [na ocasião, a JMJ
ocorreu no mês de janeiro]. Tive a opor-
tunidade de ficar um mês no país centro-
-americano.
Conheci Nossa Senhora de Fátima
pela primeira vez no Panamá. Rezei um
Terço em frente à imagem, fiquei muito
feliz quando soube que o próximo encon-
tro seria em Lisboa. Depois de voltar para
casa, fiz uma peregrinação a Lourdes, na
França, para onde estou ansiosa em vol-
tar como voluntária. Gosto de orar pelos
outros, acho que as orações de intercessão
são muito importantes.
Quando voltei para a Hungria, conse-
gui um emprego como assistente, mas Bu-
dapeste estava sediando o 51º Congresso
Eucarístico Internacional [ocorrido em
setembro de 2021], e fui convidada para
trabalhar como designer gráfico. Eu nun-
ca teria me imaginado fazendo um traba-
lho de design gráfico para a Igreja e vejo
aí a mão de Deus em mim, pois, por mais
que eu quisesse me afastar da arte, Ele deu
sentido aos anos que passei nessa profis-
são. O Congresso foi um sucesso em todos
os sentidos: encontrei amigos que amo e a
quem sou muito grata. Rezamos pela re-
novação espiritual da Hungria e sinto que
isso aconteceu. Nós todos somos orgulho-
sos da comunidade católica húngara.
E como se deu a sua ida a Portugal para
a JMJ Lisboa 2023?
Terminado o Congresso, me ofereci
como voluntária para a equipe de design
gráfico da Jornada Mundial da Juventude
e começamos a trabalhar juntos. Atuei ini-
cialmente nas redes sociais. Em novembro
de 2022, descobri que havia uma oportu-
nidade de ficar aqui em Lisboa em longo
prazo e trabalhar com a equipe. Eu me
inscrevi imediatamente, pois sabia que re-
almente era isso que queria. Tive minhas
dúvidas, tive muito medo de não ser acei-
ta. Tive que confiar em Nossa Senhora e
colocar minha vida nas mãos de Deus no-
vamente. Larguei meu emprego e vim dar
o melhor do que eu tinha.
Quais as impressões que você extrai da
experiência em Portugal?
Estou muito grata à comunidade de
Lisboa por ter me acolhido e permitindo
trabalhar com todos eles na organização.
Adoro ir ao escritório para trabalhar, to-
dos os dias, das 9h às 18h. Entro de bom
humor e volto para casa de bom humor!
Moro com uma família muito bacana,
que tem quatro filhos. A filha mais velha
deles é casada e não mora mais com eles, o
que me permitiu ficar com o quarto dela.
Magda é o tipo de mãe que eu gostaria
de ser, se Deus quiser. Ela é incrivelmen-
te gentil com seus filhos e os ama muito,
muito. Ela cria os filhos com uma paci-
ência que nunca vi. Eu sou acostumada a
estar sempre sozinha, morando sozinha.
www.osaopaulo.org.br/jmj-2023
www.arquisp.org.br
Esta é uma nova situação de vida, viven-
do com uma família. Eles me aceitaram na
casa deles, na família deles, vamos juntos à
missa aos domingos. Eu dei uma imagem
de Nossa Senhora de Szentkut a esta famí-
lia, para que sejam cuidados e mantidos
com amor.
A comunidade portuguesa é formada
por pessoas muito simpáticas. Todos são
atenciosos, gentis e receptivos. Eu estou
aprendendo muito sobre amor e sobre
família.
Fui a Fátima, agradecer a Nossa Se-
nhora por não me abandonar. Eu me per-
di, mas encontrei meu caminho de volta
porque ela nunca me deixou, eu consegui
e agora estou aqui em Portugal. Cresci e
estou vivendo o sonho que tive quando
criança: ser católica e nunca me arrepen-
der de Jesus. Não estou aqui como turista
ou peregrina, mas para Ele. Estou servin-
do a comunidade cristã jovem.
Posso dizer honestamente que estava
ansiosa para encontrar o Papa Francis-
co um dia, para apenas ser capaz de lhe
dizer “obrigada”. Para dizer “muito obri-
gada, do fundo do meu coração”, puro e
simples. Eu queria segurar a mão dele.
Meu sonho se tornou realidade durante
a JMJ e devo isso à equipe organizadora
portuguesa. Na missa de encerramento
da Jornada, cinco jovens representavam
os cinco continentes, e fui eu quem re-
presentou a Europa. Minhas pernas,
mãos e olhos tremiam. Eu estava lutan-
do para não chorar e sentia um nó no
meu estômago. Eu estava muito nervo-
sa. Eu pensei que ia chorar até dormir, e
então ele olhou para mim e lá estava um
amor que me acalmava. Ele sorriu doce-
mente e olhou nos meus olhos. E tudo
que eu pude dizer foi “obrigada, obriga-
da, obrigada” em todas as línguas que
eu poderia pensar. Achei que ia segurar
a mão dele por um muito tempo e que
me seria dito para deixa-lo ir. O tempo
parecia tão longo que até desacelerou.
Mas só para mim foi muito tempo. Eu o
amo e o respeito muito. O Espírito Santo
o escolheu para esta tarefa e eu rezarei
para que ele guarde nosso Santo Padre
no amor.
Qual mensagem você deixaria aos
jovens a partir de sua experiência nas
JMJs?
Acho que Deus escolhe as melhores
pessoas para organizar a Jornada Mundial
da Juventude. Foi um verdadeiro esforço
de equipe. Todo mundo é especial e úni-
co. Todo mundo é adorável. Eu abraçaria
a todos para que nunca nos separássemos.
Vamos trabalhar juntos todos os dias, va-
mos à missa e demos as mãos, vamos fi-
car juntos. Mas aos poucos temos que nos
despedir.
Às vezes, sinto que perdi minha juven-
tude. Mas pelo menos assim posso apre-
ciar a juventude dos outros. Sei o quanto
são lindos e importantes estes anos. E
quando olho para esses jovens, tudo o que
posso pedir é: ‘Deus, que seus sonhos se
tornem realidade. Que eles amem e sejam
amados de volta. Que ninguém nunca os
machuque, que nada os decepcione. En-
sine-lhes bondade, paz, gratidão. Que eles
sejam os pequenos tesouros preciosos da
Igreja, a serem protegidos com orgulho
de todo o mal’. As pessoas mais queridas
e puras que já conheci. Estou orgulhosa de
| 9 a 15 de agosto de 2023 | JMJ Lisboa 2023 | E5
todos eles e rezo por eles. Vale a pena mo-
ver montanhas por eles. O presente mais
precioso que eu poderia ter recebido é o
amor deles. Obrigada!
A cada três anos, temos a oportuni-
dade de nos conhecer, de nos abraçar.
Eu gostaria que cada jovem pudesse tirar
tanto proveito da Jornada Mundial da
Juventude quanto eu. Acredito que um
encontro como este tem um impacto ex-
traordinário nas pessoas porque vemos
quantos cristãos somos e o quanto pode-
mos apoiar uns aos outros, levantar uns
aos outros e ajudar uns aos outros quando
FILIPE SIMÃO É
PORTUGUÊS, TEM 28
ANOS DE IDADE E
PARTICIPOU DA JORNADA
MUNDIAL DA JUVENTUDE
PELA PRIMEIRA VEZ
Sua família é católica? Você sempre
foi católico ou se converteu já adulto?
Eu diria que a minha família é cató-
lica, mas não praticante. Eu passei a es-
tar mais ligado ao catolicismo na minha
adolescência, quando me tornei escotei-
ro e ali participei por 10 anos, sendo aí
que surgiu a minha descoberta. No fim,
quando deixei o movimento, acabei por
me afastar também de Deus e por duvi-
dar de sua existência.
O que aconteceu nesta JMJ que consi-
dera marcante?
Poderia dizer que foi tudo, porque a
Jornada é uma experiência única, onde
tudo acontece. Mas eu diria que o que
levo realmente de especial são as pessoas
que acabei de conhecer, de todas as na-
cionalidades e culturas.
Qual aprendizado você extrai dos dias
em Lisboa? E o que aprendeu com os
jovens de outros países?
Aprendi muito sobre as diferentes
o outro está perdido. E algumas pessoas se
perdem e Jesus abraça aqueles que foram
longe sem Ele. Sou testemunha de uma
bela conversão. É muito difícil no mundo
de hoje, porque há tantas influências sobre
todos. Eu sei o que é duvidar, o que é estar
longe de Jesus e não lidar com Deus. Eu
sei o que é tentação e sei o que é pecado,
infelizmente. Eu acredito na unidade, no
poder da multidão, no amor e na comuni-
dade. A Jornada Mundial da Juventude é a
melhor oportunidade para ajudar aqueles
que caíram. Deus me ama muito, senão eu
não estaria aqui.
Arquivo pessoal
formas de estar na Igreja, é uma ideia
muito diferente daquela que pensava ser
a vivência na Igreja, que neste momento
eu diria que é super diferente daquela
que vivi em Portugal.
O que você considera que mudou no
seu coração depois de ter participado
da Jornada?
Acredito que cresci imensamente
em todos os níveis, tanto pessoal quan-
to para com o outro e especialmente
para com Deus. Sinto que é muito im-
portante a diversidade na nossa vida, e
a experiência na Jornada é muito isso,
enriquecedora em todos os níveis, nos
bons e nos maus momentos.
O que Deus lhe mostrou?
Mostrou-me a sua existência, não só
por meio de todas as pessoas incríveis
que conheci, mas também de tudo aqui-
lo que vivi durante a Jornada. Eu pedi a
Deus que me mostrasse algo, e ele cor-
respondeu 100% durante este percurso.
Acredita que algo será diferente em
sua vida daqui pra frente?
Claramente, eu sinto que me redes-
cobri e a minha fé em Deus voltou a
crescer e a ficar mais próxima. A partir
daqui, poderei dizer que nunca mais es-
tarei só.
E6 | JMJ Lisboa 2023 | 9 a 15 de agosto de 2023 | www.osaopaulo.org.br/jmj-2023
www.arquisp.org.br

UMA JORNADA INESQUECÍVEL

Fotos: Arquivo pessoal

FOTO 1
‘Experiência do amor e da fé de maneira prática’. O grupo
JMJuntos, da Vila das Mercês, na zona Sul de São Paulo,
FOTO 2 começou a se preparar em 2019 para a ida à JMJ Lisboa
‘Um momento de união e de amizade’. Da Paróquia Nossa Senhora da Lapa, da Região Lapa, quatro peregrinos estiveram 2023. Ao todo, 19 peregrinos participaram da Jornada.
na JMJ. Uma dessas pessoas foi Paulo Ramicelli, 52. “Para mim, o momento da acolhida do Papa [no dia 3] foi especial, Antes, eles passaram por Barcelona, na Espanha, onde vi-
pois além de acolhê-lo, pude vê-lo de perto. No evento, Portugal se apresentou ao mundo, com sua rica cultura, sua de- sitaram a Basílica de Nossa Senhora das Mercês (Ordem
monstração de fé e a força da juventude”. O peregrino ressaltou, ainda, que a JMJ “é um momento de união, de amizade, Mercedária). Na Jornada, eles ficaram alojados nas casas
de fazer o bem, não importa a quem”; e destacou a participação em uma das catequeses que tratou sobre a amizade de paroquianos da Igreja Nossa Senhora da Rosa. “Temos
social, “um tema muito relevante na atualidade, num mundo em tantas guerras – civis, políticas e de valores humanos”. em comum a busca por Jesus, o desejo de segui-Lo, viver
uma experiência do amor e da fé de maneira prática, diá-
ria, inspirados por Maria, para, assim, alegremente, levar
a Boa-Nova da Paz por onde formos e quando voltarmos
ao nosso território, termos um novo frescor de vida”, disse
Ana Clara, integrante do grupo JMJuntos.

FOTO 3
‘Nós temos lugar na Igreja’. O grupo Pescadores de Cris-
to, da Paróquia Santa Rosa de Lima, da Região Brasilândia,
enviou três peregrinos a Lisboa para a JMJ. Para Regina
Bertolini Bezerra, a ocasião mais marcante foi a celebra-
ção de boas-vindas ao Papa, no dia 3. “Foi um momento
lindo, com bandeiras de todos os países e muita união e
alegria dos jovens. A primeira mensagem do Papa foi a
de que nós temos lugar na Igreja e todos somos iguais,
todos somos importantes”, destacou, lembrando que em
muitos outros momentos, o Pontífice falou de amor, “um
amor que transforma, e temos que transformar as realida-
des dos jovens em nossas paróquias por meio do amor,
união e cuidado”, prosseguiu.
FOTO 11
‘Não era possível se locomover tamanha a quantidade de
pessoas’. Pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida,
na Vila Arapuá, na Região Ipiranga, o Padre João Paulo
Rizek esteve na JMJ Lisboa 2023 e relatou o ambiente
vivenciado na Via-Sacra, na sexta-feira, 4: “O evento jun-
tou grande quantidade de peregrinos e portugueses, de
modo que desde o monumento ao Marquês de Pombal
até o palco (distante 1,5 km), pelas ruas e avenidas late-
rais, não era possível se locomover tamanha a quantidade
de pessoas. Ressalta-se que devido ao horário de verão
na Europa, o sol estava inclemente, mas isso não impediu
jovens de todas as nações a acompanhar a cabeça visível
da Igreja de Deus pelos muitos telões instalados no local”.
FOTO 4
‘Somos o agora e o futuro da Igreja’. Mariana Carvalho,
22, esteve entre os dez peregrinos da Comunidade Canto
de Maria, da Basílica de Sant’Ana, na JMJ. “A Via-Sacra foi
de longe o momento mais marcante para mim. Meditar
o caminho da cruz, em diferentes idiomas, reforçou ain-
da mais a presença do amor de Cristo no meio de todos
os jovens. Em profunda oração, me senti muito acolhida
e amada durante as meditações que me recordaram que
somos o agora e o futuro da Igreja”, comentou. A jovem
assegurou que a participação na JMJ permitiu a cada
membro do grupo renovar o encontro pessoal com Cris-
to “por meio do olhar e das palavras amorosas do Papa
Francisco e do encontro com jovens do muito inteiro. A
Jornada nos permite proclamar as maravilhas que é estar
na presença de Cristo e, assim, poderemos, voltando para
as nossas casas, evangelizar para a glória de Deus”.

FOTO 5
‘Essa vinda à JMJ representa o amadurecimento na fé’. Da
Paróquia Cristo Rei, do Tatuapé, Região Belém, participaram
da Jornada 25 jovens do grupo Actus. “Essa vinda à JMJ re-
presenta o amadurecimento na fé de cada um dos jovens,
mais um passo na descoberta ou fortificação da vocação
de cada um de nós dentro da Igreja”, disse Flavio Romei Pi-
rolla, 19, integrante do grupo. “O momento mais marcante
para mim foi, sem dúvidas, a Via-Sacra com o Papa, desde a
passagem dele tão perto de nós até os momentos dos tex-
tos que relacionavam as dores e preocupações da cena da
Via-Sacra com os dramas vividos por nós, jovens, todos os
dias”. Uma curiosidade marcou esta JMJ para o grupo. Em
31 de julho, na véspera da missa de abertura, a jovem Luiza
de Abreu Fernandes, 22, foi pedida em casamento por Lucas
Vinícius Pereira do Nascimento, 25, no Santuário de Nossa
Senhora de Fátima.
FOTO 6
‘O voluntariado na JMJ foi uma verdadeira peregrinação!’.
José Eduardo Rodrigues, morador da Vila Gumercindo, na
zona Sul de São Paulo, atuou como voluntário na Jornada
e assegura ter sido uma experiência de grande doação e
aprendizado, “com as relações e propostas que o Senhor
nos desafia durante o dia e a noite”. Ele diz ter percebido
que a própria vida pode ser transformada ao se colocar
a caminho, aberto às alegrias, tristezas, expectativas e
angústias. “O voluntariado na JMJ foi uma verdadeira pe-
regrinação! Neste itinerário, acompanhei os movimentos
de Deus na minha vida, na partilha de conhecimento e
esforços físicos e mentais. Nos movimentos durante os
dias de trabalho, se abriu para mim a novidade da cultura
de vários povos. Em cada ponto de parada, pude refletir
sobre as relações interpessoais que fizeram parte deste
momento marcante na minha vida”, destacou.
FOTO 7
‘É uma alegria ter feito parte dessa incrível Jornada’. Noi-
tes de pouco sono e dias com muito trabalho. Assim foi a
rotina de Raquel Ventura Soares, de São Paulo, que atuou
como voluntária na JMJ desde fevereiro. O cansaço passa-
rá, mas as boas lembranças permanecerão. “O que fica no
meu coração é uma felicidade que explode e transborda,
com a tranquilidade de que eu fiz o meu melhor. Não so-
mos nós que fazemos a realidade, e, em um evento dessa
proporção, é impossível achar que controlamos algo. É
uma alegria ter feito parte dessa incrível Jornada, que vai
ficar pra sempre marcada na minha vida”, relatou. “Sou só
alegria deste lado do Atlântico, e como o nosso querido
Papa Francisco nos pediu, que tenhamos coragem e não fi-
quemos presos ao medo”, disse a jovem (agachada ao cen-
tro da foto), que permanecerá na Europa até fim do ano.
 www.osaopaulo.org.br/jmj-2023
www.arquisp.org.br | 9 a 15 de agosto de 2023 | JMJ Lisboa 2023 | E7

Fotos: Arquivo pessoal Arquivo pessoal

FOTO 12
‘Os jovens compartilharam suas vivências’. A Paróquia
Nossa Senhora de Fátima, da Vila Leopoldina, Região
Lapa, enviou peregrinos à JMJ Lisboa 2023. De acordo
com o coordenador dos jovens da Paróquia, Ian Prioste,
a interação com outros jovens ampliou a visão de mun-
FOTO 9
do da delegação, “reforçando a importância de celebrar
‘A amizade, a caridade e a paz não são utopia’. Daiane
a diversidade cultural e viver a fé de forma vibrante e
Nascimento, da Paróquia São João Batista e São Cristó-
aberta. Esse momento de interação internacional cer-
vão, de Tanabi (SP), Diocese de Votuporanga, participou
tamente deixou uma marca especial em seus corações,
da JMJ Lisboa 2023 com um grupo de 32 pessoas, da
e eles retornarão à comunidade local com lembranças
cidade São José do Rio Preto e região. “Lisboa está com
inesquecíveis e um sentimento de gratidão por essa
um ar diferente, ar de santidade, alegria e sinodalidade.
oportunidade de vivenciar a JMJ 2023 ao lado de jo-
A fraternidade é sentida fortemente. A preparação da
Jornada foi muito bem elaborada pelas famílias com
muito carinho para o acolhimento dos jovens”, relatou.
vens de todas as partes do globo”, disse após a missa de
abertura da Jornada, no dia 1o.
Dom Carlos Lema
Para a jovem “a mensagem que fica destes dias é que a
amizade, a caridade e a paz não são utopia. Jesus Cristo
conduz catequese
é a nossa meta e nossa força”, assegurou.
na JMJ Lisboa 2023
REDAÇÃO
osaopaulo@uol.com.br

Os peregrinos que estiveram em Lisboa para a

JMJ participaram das catequeses realizadas em mais
de 270 locais, em 30 idiomas. Chamadas de ‘Rise up’,
nessas catequeses os jovens protagonizam as dinâ-
micas de reflexão, tendo um tema por dia: Ecologia
FOTO 8
‘Era muito lindo ver os jovens rezando, cantando, dan- Integral, Amizade Social e Misericórdia.
çando’. O grupo de jovens Divino Coração, da Paróquia Na sexta-feira, 4, uma das catequeses foi na Igre-
Nossa Senhora do Brasil, da Região Sé, esteve na JMJ Lis- ja São Pedro do Prior Velho, conduzida por Dom
boa 2023 com uma delegação de 30 jovens. Uma dessas Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidioce-
pessoas foi Michele Giglio, que relatou ter sido especial se de São Paulo, Vigário Episcopal para a Educação
FOTO 10 a participação na Vigília no Campo da Graça, no sábado,
e a Universidade e Referencial do Setor Juventude.
Dom Jorge Pierozan relata participação na Via-Sacra. 5. “É muito emocionante ver várias pessoas de diferen-
“No quarto dia aqui em Lisboa, na Colina do Encontro, tes nacionalidades, que muitas vezes não sabem falar a Peregrinos do Brasil, Portugal e Cabo Verde uni-
participei da Via-Sacra com o Papa Francisco e perto de língua do outro, mas querem se comunicar, trocar ex- ram-se à comunidade paroquial nesta ‘Rise up’ e
um milhão de jovens. Foi um momento de oração pro- periências e saber um pouco do outro, se ajudar. Em to- também participaram da adoração ao Santíssmo e
funda, fé aflorada pelas performances dos jovens, pelas dos os encontros, era muito lindo ver os jovens rezando, da missa, presidida por Dom Carlos Lema.
orações proferidas por representantes de diversos paí- cantando, dançando, fazendo filas e esticando o braço Entre os participantes estavam 17 jovens do gru-
ses, pelas canções belíssimas, pelo silêncio que o Papa para quem passava bater na mão, além dos túneis de
nos pediu… Um milhão em silêncio! Um silêncio que bandeiras para o pessoal passar por baixo, mas bastava po Divino Coração, da Paróquia Nossa Senhora do
fala, que reza, que comove, que desafia”, disse o Bispo o Papa abrir a boca e se fazia um silêncio absoluto que Brasil, da Região Sé. Elisa Haddad era uma delas.
Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana. era até possível ouvir o vento”, relatou. “Para a formação, adoração e crescimento espiritu-
al, essa catequese foi uma atividade bem interessan-
te, deixou a Jornada para nós um pouco mais espiri-
tualizada”, comentou.
Na missa, que teve entre os concelebrantes o Pa-
dre Anderson Bernardes Banzatto, diretor espiritu-
al do grupo e Vigário Paroquial da Paróquia Nos-
sa Senhora do Brasil, Dom Carlos Lema destacou
o exemplo de vida e santidade de São João Maria
Vianney, o Cura D’Ars, padroeiro dos padres, cuja
memória litúrgica é festejada em 4 de agosto.
“Dom Carlos nos contou a história de um pa-
roquiano de Ars, na França, que permanecia por
muito tempo olhando para o sacrário. Certa vez,
São João Maria Vianney o questionou: ‘Por que você
olha tanto para o sacrário? Por que você fala tanto
com Jesus?’, ao que o paroquiano respondeu: ‘Não
FOTO 13 sei. Sei, apenas, que Ele olha tanto para mim e eu
‘Uma Jornada Literária Inesperada’. Um grupo com seis seminaristas, dois sacerdotes e leigos de diferentes áreas do olho pra Ele’. Dom Carlos nos passou este relato bo-
saber levaram a Portugal “Uma Jornada Literária Inesperada”, projeto de evangelização e formação cultural, propos-
to por integrantes da Arquidiocese de Brasília (DF) e de São Paulo (SP). A atividade contou com quatro sessões, entre nito, do sentido verdadeiro da oração, e exortou os
elas duas lúdicas e duas acadêmicas, começando no dia 29 de julho no Seminário Maior de Coimbra. Na mesma jovens a cultivar isso em sua vida espiritual e inte-
cidade, também ocorreu uma sessão lúdica, no Colégio Rainha Santa, com a apresentação e releituras de trechos rior”, disse à reportagem Fernando Frank, também
das obras de JRR Tolkien e Dante Alighieri. Já em Lisboa, foi no auditório do Museu dos Coches. No dia 2, houve uma integrante do grupo.
seção cujo tema foi a interface entre literatura, religião, filosofia e educação; e, no dia 3, aconteceu mais uma sessão Dom Carlos Lema lembrou aos jovens que as
lúdica de promoção e fomento da leitura. Entre os idealizadores esteve o casal de professores doutores Fabiana
Klautau, do Colégio Catamarā de São Paulo, e Diego Klautau, do Colégio Catamarã e FEI.
experiências bonitas, a euforia e a alegria que viven-
ciaram na JMJ, indicam que eles desejam mostrar
ao mundo a fé católica, mas ponderou que é preciso
Participaram da cobertura noticiosa da JMJ Lisboa 2023 (no impresso e no site www.osaopaulo.org.br/jmj-2023): Daniel Gomes, Fernando que cada um dos peregrinos, ao voltar para seus pa-
Geronazzo, Fernando Arthur e Ana Beatriz (da redação do O SÃO PAULO); Karen Eufrosino, Elaine Cristina dos Santos, Patrícia Midões de
Matos, Elias Rodrigues e Marcos Wilkens (pela Pascom arquidiocesana). *A redação também agradece aos peregrinos que diretamente de íses e comunidades, mantenham este mesmo com-
Lisboa colaboraram com o envio de textos, fotos e vídeos das atividades da JMJ. promisso cotidiano de vida cristã.
E8 | JMJ Lisboa 2023 | 9 a 15 de agosto de 2023 | www.osaopaulo.org.br/jmj-2023
Papa agradece aos voluntários por possibilitarem
o encontro dos peregrinos com Cristo
FERNANDO GERONAZZO
ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
O último evento do Papa Francisco
antes de se despedir de Portugal, no do-
mingo, 6, foi o encontro com cerca de 25
mil voluntários da Jornada Mundial da
Juventude, no Passeio Marítimo Algés,
em Oeiras, na região metropolitana de
Lisboa.
Depois de ser acolhido por voluntá-
rios representantes dos cinco continen-
tes, o Santo Padre ouviu o testemunho de
três voluntários de serviços diferentes na
Jornada.
EXEMPLO DE SERVIÇO
Em seu discurso, Francisco agra-
deceu aos voluntários por trabalharem
tanto para possibilitar momentos ines-
quecíveis. “Trabalharam durantes meses,
discretamente, sem ruídos, nem prota-
gonismos, para que todos pudéssemos
estar aqui cantando juntos ‘Jesus vive e
não nos deixa sós: não mais deixaremos
de amar’”, destacou, mencionando o re-
frão do hino desta JMJ.
O Pontífice afirmou, ainda, que os vo-
luntários deram um exemplo de trabalho
em equipe. “Mais que um trabalho, fize-
ram um serviço. Um serviço semelhante
ao prestado pela Virgem Maria, que ‘le-
vantou-se e partiu apressadamente’ (Lc
1,39) para servir a prima Isabel, sentindo
urgência de partilhar a alegria no servi-
ço; partilhar a alegria e o serviço, a ale-
gria no serviço”, acrescentou.
Da Europa ao extremo Oriente: o Jubileu dos Jovens Roma 2025 e JMJ Seul 2027
DANIEL GOMES
osaopaulo@uol.com.br
Na conclusão da missa de envio da JMJ
Lisboa 2023, no domingo, 6, o Papa Fran-
cisco anunciou os dois próximos eventos
internacionais que reunirão jovens católi-
cos do mundo inteiro. O primeiro será o
Jubileu dos Jovens, em Roma, no contexto
do Ano Santo, em 2025, celebrado ordina-
riamente a cada 25 anos para recordar o
nascimento de Cristo.
Já a próxima edição internacional da
JMJ será em Seul, na Coreia do Sul, em
2027. “Assim, da fronteira ocidental da
Europa, se passará ao extremo Oriente: é
um belo sinal da universalidade da Igreja e
do sonho de unidade do qual vós, jovens,
sois testemunhas!”, disse o Papa.
UM PAÍS QUE PRECISA DE
EVANGELIZAÇÃO
Em coletiva de imprensa em Lisboa,
ainda no domingo, Dom Peter Chung
Soon Taek, Arcebispo de Seul, disse que
a realização da JMJ na Coreia do Sul será
uma oportunidade para “construir a uni-
dade na Ásia”, e que o país “precisa de
evangelização”.
“Entre a população, de cerca de 60 mi-
lhões, temos 10% de católicos e esta é uma
www.arquisp.org.br
Papa Francisco diz aos 25 mil voluntários: ‘Vocês vieram a Lisboa para servir e não para serem servidos. Obrigado. Muito obrigado!’
“Pensemos em Zaqueu, que, para ver
Jesus, sobe em uma árvore e de lá des-
ceu apressadamente. Qualquer coisa lhe
tocara dentro, queria encontrar Jesus
e acolhê-Lo na casa dele (cf. Lc 19,6);
pensemos nas mulheres e nos discípulos
que, na Páscoa, correm do túmulo até ao
Cenáculo a fim de anunciar que Cristo
ressuscitou (cf. Jo 20,1-18).
“Quem ama não fica de braços cru-
zados, quem ama serve e corre a servir, a
entregar-se ao serviço dos demais. Vocês
correram bastante nestes meses”, ressal-
tou o Bispo de Roma, compartilhando
que observou voluntários muitas vezes
com o semblante cansado, mas que sem-
Delegação sul-coreana na JMJ 2023 comemora a escolha de Seul como sede da Jornada de 2027
oportunidade para amadurecerem a sua
fé, mas será também uma oportunidade
importante para mostrar nossa cultura”,
explicou o Prelado, que foi um dos mil
peregrinos sul-coreanos que foram à JMJ
Lisboa 2023.
Na Coreia do Sul, o Cristianismo é a
religião predominante, professada por cer-
ca de 33% da população (católicos e de ou-
tras igrejas cristãs), seguida pelo Budismo
(24,5% da população), religiões tradicio-
pre e tinham “os olhos luminosos” pela
alegria do serviço.
“Vocês possibilitaram esta Jornada
Mundial da Juventude, fizeram grandes
coisas, porém com gestos pequenos,
como oferecer uma garrafa de água a um
desconhecido e isso cria amizade. Vocês
correram muito, mas não uma corrida
frenética e sem rumo, que, às vezes, é a
que nos pede este mundo. Não! Vocês
correram de outro modo: correram uma
corrida que leva ao encontro com os de-
mais para servi-los em nome de Jesus…
Vocês vieram a Lisboa para servir e não
para serem servidos. Obrigado. Muito
obrigado!”, salientou o Pontífice.
Jesus Huerta/JMJ Lisboa 2023
nais (15,1%) e o Confucionismo (10,7%).
Dom Peter ressaltou, porém, que a
JMJ não é apenas uma atividade para
os católicos, “mas um evento global que
convida todas as pessoas de boa vontade.
É um evento que beneficia a todos, para
caminhar na fraternidade. Durante a JMJ
Seul 2027, queremos elevar o espírito que
foi plantado antes, queremos construir re-
lações frutuosas entre todos os jovens do
mundo”, enfatizou.
Vatican Media
‘SURFISTAS DO AMOR’
Por fim, Francisco recorreu à imagem
da orla de Nazaré, praia portuguesa consi-
derada com as maiores ondas do mundo,
e que atrai diversos surfistas.
“Nestes dias, também vocês enfrenta-
ram uma verdadeira onda, não de água,
mas de jovens, jovens como vocês, que
afluíram a esta cidade. Mas, com a ajuda de
Deus, com tanta generosidade e apoian-
do-se mutuamente, conseguiram surfar
esta grande onda. Surfaram esta grande
onda: são mesmo corajosos! Obrigado!”,
manifestou o Papa, exortando-os a con-
tinuarem a “surfar as ondas do amor, da
caridade”, e a serem “surfistas do amor”.
De acordo com a “Pesquisa de Con-
fiança Social da Igreja Coreana de 2023”,
publicada em janeiro, 21,4% da população
sul-coreana diz ter confiança no catoli-
cismo, o maior percentual alcançado por
uma profissão religiosa na pesquisa.
REVITALIZAÇÃO
Desde o ano passado, a Arquidiocese
de Seul manifestava o desejo de ser sede
da próxima JMJ. Em novembro, Dom Pe-
ter afirmou que “seria uma oportunidade
extraordinária para relançar a pastoral ju-
venil em um país que luta contra o inverno
demográfico e contra um sistema educa-
cional dominado pela competitividade”.
Na coletiva de imprensa no domingo, o
Arcebispo de Seul destacou que receber a
Jornada na Coreia do Sul, com milhares de
jovens de todo o mundo reunidos, “vai ser
uma oportunidade para nutrir a fé e par-
tilhá-la com todos. Devido à pandemia,
percebemos uma diminuição dos jovens,
mas esperamos que a JMJ seja uma forma
de aumentar a sua participação”, indicou.
Há nove anos, o Papa Francisco rea-
lizou uma viagem apostólica à Coreia do
Sul, permanecendo em Seul por cinco
dias, em agosto de 2014, quando partici-
pou de um festival católico juvenil e beati-
ficou 124 mártires coreanos.

Em Fátima: ‘Sintamos a presença de Maria,
a mãe que sempre indica o que Jesus nos diz’
FERNANDO GERONAZZO
ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
Na manhã do sábado, 5,
o Papa Francisco se deslocou
de helicóptero ao Santuário de
Nossa Senhora de Fátima, em
Portugal, para rezar o Terço
com os jovens enfermos e cerca
de 200 mil peregrinos reunidos
diante da Capelinha das Apari-
ções da Virgem Maria aos três
pastorinhos, ocorrida em 1917.
“Rezamos o Terço, uma ora-
ção muito bela e vital, porque
nos põe em contato com a vida
de Jesus e de Maria; meditamos
os mistérios gozosos, da alegria,
que nos lembram que a Igreja
não pode ser senão a casa da
alegria”, afirmou o Pontífice, no
discurso espontâneo feito após a
oração.
O Santo Padre disse, ainda,
que a Capelinha das Aparições
constitui “uma bela imagem da
Igreja acolhedora e sem portas”.
“É um santuário a céu aberto Papa Francisco em oração diante da imagem de Nossa Senhora de Fátima, na Capelinha das Aparições, no sábado, 5
no coração deste recinto, para
que todos possam entrar”, acrescentou.
“Estamos aqui para receber este gran-
de abraço materno de Maria, como Igre-
ja”, continuou Francisco, sublinhando que
Nossa Senhora foi a primeira que peregri-
nou, quando, após a anunciação do Anjo,
saiu apressadamente para visitar Santa
Isabel, com o desejo de ajudar, de estar
presente.
MÃE APRESSADA
“Temos muitos títulos de Maria, mas,
se pensarmos bem, há mais este que tam-
bém poderíamos dizer: a Virgem ‘que sai
correndo’, sempre que há um problema;
www.osaopaulo.org.br/jmj-2023
www.arquisp.org.br
sempre que a invocamos, ela não demora
a vir; é solícita”, continuou o Papa, ressal- mos isto: Maria quis estar de uma ma-
tando que Maria acompanhou a vida de
Jesus, não se escondeu depois da Ressur-
reição, acompanhou a Igreja que come-
çou a crescer após Pentecostes e continua
a acompanhá-la.
“Nossa Senhora se mostra solícita.
Nossa Senhora acompanha, acompanha
sempre. Nunca é protagonista. O gesto
com que Maria Mãe acolhe é duplo: pri-
meiro acolhe e depois aponta para Jesus.
Maria, na sua vida, não faz senão indicar
Jesus: ‘Fazei o que Ele vos disser’”, comple- mas também é a mãe que indica a Jesus
tou o Santo Padre.
| 9 a 15 de agosto de 2023 | JMJ Lisboa 2023 | E9
Vatican Media
“Cada vez que vimos aqui, recorda-
neira especial para que a incredulidade
de muitos corações se abra a Jesus. Com
a sua presença, ela nos indica Jesus”, refor-
çou o Bispo de Roma.
Convidando os fiéis a olharem para
a imagem de Nossa Senhora, o Papa os
exortou a refletirem sobre o que ela indica
para cada um, sobretudo aquilo que não
está bem em seus corações.
“Sintamos a presença de Maria, a mãe
que sempre indica o que Jesus nos diz,
aquilo que pedimos. Que ela nos abençoe
a todos”, concluiu o Santo Padre.
PAPA PEREGRINO
Ao saudar o Papa, o Bispo de
Leiria-Fátima, Dom José Orne-
las, ressaltou que Francisco foi
ao Santuário como um peregri-
no, lembrando que nesse lugar
se reza especialmente pelo “mi-
nistério de Pedro na Igreja”.
O Bispo sublinhou a oração
pela paz, tão caraterística da
mensagem de Fátima, evocan-
do a guerra na Ucrânia e outros
conflitos que, no mundo, hipo-
tecam o futuro dos jovens. “Jun-
tamo-nos na oração de Vossa
Santidade pela paz, com a qual
este Santuário profundamente
se identifica, tendo particular-
mente em atenção a guerra na
Ucrânia e em tantos outros fo-
cos de conflito no mundo, que
atingem dramaticamente a vida
e o futuro, sobretudo das crian-
ças e dos jovens”, disse.
Lembrando o sofrimento
dos pastorinhos de Fátima, Dom
José Ornelas evocou também as “crianças
e jovens vítimas da doença, da pobreza,
da fome, de todo o tipo de conflito, dos
abusos, das injustiças e da exclusão dos
mais frágeis”.
A saudação do Bispo, que também é
Presidente da Conferência Episcopal Por-
tuguesa, terminou com a referência à Jor-
nada Mundial da Juventude Lisboa 2023
e um apelo para que cada um se levante
do comodismo e da indiferença, “como
ensina Maria nesta JMJ, celebrando a ale-
gria de sermos Igreja que sonha, particu-
larmente com os seus jovens, o sonho de
Jesus para um mundo mais humano”.
E10 | JMJ Lisboa 2023 | 9 a 15 de agosto de 2023 | www.osaopaulo.org.br/jmj-2023
Papa reforça a confiança nos jovens
e aborda problemas globais e da Igreja
DANIEL GOMES
osaopaulo@uol.com.br
Pedidos à Europa: ‘Apagar os focos de guerra e acender as luzes de esperança’
Na chegada a Lisboa, no dia 2, Fran-
cisco discursou às autoridades portugue-
sas, membros da sociedade civil e do cor-
po diplomático. Aos que têm poder de
decisão no continente europeu, ele pediu
que se esforcem para “apagar os focos de
guerra e acender as luzes de esperança”.
Ele também disse sonhar com uma
Europa que saiba reencontrar o seu âni-
mo jovem, a grandeza do conjunto e ir
além das necessidades imediatas; “que
inclua povos e pessoas, sem correr atrás
de teorias e colonizações ideológicas”;
que seja “construtora de pontes e pacifi-
cadora no Leste europeu, no Mediterrâ-
neo, na África e no Médio Oriente”.
Aludindo à imagem das águas oceâ-
nicas que chegam a Lisboa, o Papa lem-
brou que tal qual o mar que une povos e
países, a solução dos problemas globais
requer ações conjuntas: “Parece que as
A todos na Igreja: evangelizar sempre, mesmo nas dificuldades Diálogo de
Papa Francisco durante a oração das vésperas no Mosteiro dos Jerônimos, em Lisboa, com a participação de clérigos, consagrados e leigos
Ainda no primeiro dia da viagem
apostólica, Francisco presidiu a oração das
vésperas no Mosteiro dos Jerônimos. Ele
convidou os bispos, sacerdotes, diáconos,
consagrados, seminaristas e agentes de
pastoral a abraçarem “o sonho de Deus
e encontrar caminhos para uma partici-
pação alegre, generosa e transformadora
para o bem da Igreja e da humanidade”.
O Papa disse que assim como fizeram
os primeiros discípulos, todos na Igre-
ja devem confiar em Cristo, que sempre
“está interessado em fazer sentir a proxi-
midade de Deus precisamente nos luga-
res e situações onde as pessoas vivem, lu-
tam, esperam, às vezes colecionando nas
suas mãos fracassos e insucessos, precisa-
www.arquisp.org.br
Na ida a Lisboa, Portugal, em sua 42a
viagem apostólica internacional, o Papa
Francisco, além de participar da Jorna-
da Mundial da Juventude, encontrou-se
com autoridades portuguesas, com clé-
Papa com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, na chegada ao país, no dia 2
injustiças planetárias, as guerras, as cri-
ses climáticas e migratórias correm mais
rapidamente do que a capacidade e, mui-
tas vezes, a vontade de enfrentar em con-
junto tais desafios”.
reconciliação
com vítimas de
abusos sexuais
mente como aqueles pescadores que não
tinham pescado nada durante a noite”.
Lembrou, ainda, que hoje algumas
pessoas se mostram desiludidas e avessas
à Igreja, em razão do “nosso mau teste-
munho e aos escândalos que desfigura-
ram o seu rosto e que nos chamam a uma
humilde e constante purificação, partin-
do do grito de sofrimento das vítimas
que sempre se devem acolher e escutar”.
Diante dessas e outras “nossas cansei-
ras e nossas lágrimas”, é preciso sempre
confiar no Senhor para enfrentar os de-
safios pastorais e espirituais e “lançar de
novo as redes e abraçar o mundo com a
esperança do Evangelho. Não é momen-
to de parar e desistir, de atracar o barco
rigos, consagrados e lideranças cristãs e
de outras religiões. Também visitou uma
universidade católica, conheceu proje-
tos assistenciais e iniciativas caritativas
de Igreja e teve um momento de diálogo
Sebastião Roxo/JMJ Lisboa 2023
O Pontífice também pediu que se re-
flita sobre o rumo para o qual se enca-
minha a humanidade: “Que rota segues,
Ocidente? A tua tecnologia, que marcou
o progresso e globalizou o mundo, sozi-
Vatican Media
à margem nem de olhar para trás; não
devemos escapar deste tempo, só porque
nos mete medo, para nos refugiarmos
em formas e estilos do passado. Não!
Este é o tempo da graça que o Senhor
nos concede para nos aventurarmos no
mar da evangelização e da missão”.
Por fim, o Papa fez três recomenda-
ções para o bom êxito na evangelização:
sair da margem das desilusões e do imo-
bilismo para lançar as redes ao mar; en-
gajar-se conjuntamente no agir pastoral
– “A Igreja é sinodal, é comunhão, ajuda
mútua, caminho comum”; e se tornar
“pescadores de homens”, levando às pes-
soas “uma proposta de vida nova, que é
a de Jesus”.
reservado com vítimas de abuso sexual.
A seguir, apresentamos uma sín-
tese sobre essas atividades. A ín-
tegra dos textos, pode ser lida em
https://osaopaulo.org.br/jmj-2023.
nha não basta; e muito menos bastam as
armas mais sofisticadas, que não repre-
sentam investimentos para o futuro, mas
empobrecimento do verdadeiro capital
humano que é a educação, a saúde, o
bem estar social”.
O Papa criticou a crescente cultura de
descarte da vida humana, com a expan-
são de políticas que facilitam o aborto e a
eutanásia, fecham portas aos migrantes e
desestimulam a natalidade.
“Para onde navegais, Europa e Oci-
dente, com o descarte dos idosos, os
muros de arame farpado, as mortanda-
des no mar e os berços vazios? Para onde
ides se, perante o tormento de viver, vos
limitais a oferecer remédios rápidos e
errados como o fácil acesso à morte, so-
lução cômoda que parece doce, mas na
realidade é mais amarga que as águas do
mar?”, indagou.
Também no dia 2, na Nunciatura
Apostólica, em Lisboa, Francisco teve
um encontro reservado com 13 vítimas
de abusos sexuais cometidos por clérigos
de Portugal nas últimas décadas.
Conforme o comunicado da Santa
Sé, o momento foi de “intensa escu-
ta”. Em nota, a Conferência Episcopal
Portuguesa manifestou que o encontro
“representou a confirmação do cami-
nho de reconciliação que a Igreja em
Portugal tem percorrido, colocando as
vítimas em primeiro lugar, colaboran-
do para a sua reparação e recuperação,
de forma que lhes seja possível olhar
o futuro com esperança e liberdade
renovadas”.
Em fevereiro de 2023, a Comissão
Independente para o Estudo do Abuso
Sexual de Crianças na Igreja Católica
em Portugal produziu um relatório com
testemunhos relativos a casos ocorridos
entre 1950 e 2022, apontando para mais
de 4,8 mil vítimas. Francisco reiterada-
mente tem pedido que se combata esse
flagelo na Igreja; e em seu pontificado
já houve mudanças canônicas para dar
mais celeridade às investigações dos ca-
sos e punir os infratores.
 www.osaopaulo.org.br/jmj-2023
www.arquisp.org.br | 9 a 15 de agosto de 2023 | JMJ Lisboa 2023 | E11

Aos universitários: ‘Não caiam na armadilha de visões parciais’

Francisco iniciou o segundo dia da via-
gem apostólica indo à Universidade Católi-
ca Portuguesa, em Lisboa. Ele convidou os
universitários a serem “empresários de so-
nhos” e não “administradores de medos”, e
enfatizou que todo aquele que alcança uma
graduação superior não deve pensar apenas
em melhorar a própria condição de vida, mas
também em se dedicar à construção de uma
sociedade mais justa e inclusiva.
Ao lembrar que a inquietude e a insatis-
fação são sentimentos próprios daqueles que
querem melhorar o mundo, o Papa alertou:
“Fiquemos mais preocupados quando esti-
vermos dispostos a substituir o caminho a
percorrer para nos determos em qualquer
oásis – mesmo que esse conforto seja uma
miragem –; quando substituirmos rostos por
telas, o real pelo virtual; quando, em vez das
Arlindo Homem/JMJ Lisboa 2023
perguntas que dilaceram, preferimos as res-
postas fáceis que anestesiam”.
Francisco também pediu aos jovens uni-
versitários que trabalhem em conjunto e evi-
tem polarizações: “Vocês têm os instrumen-
tos científicos e tecnológicos mais avançados,
mas, por favor, não caiam na armadilha de
visões parciais. Não esqueçam que necessi-
tamos de uma ecologia integral; que precisa-
mos escutar o sofrimento do planeta junto ao
dos pobres; que temos de colocar o drama da
desertificação ao lado do dos refugiados; o
tema das migrações junto ao da queda da na-
talidade; precisamos nos ocupar da dimen-
são material da vida dentro de uma dimen-
são espiritual”, insistiu, dizendo sonhar com
uma geração de mestres em humanidade, em
compaixão, em gerar novas oportunidades
para o planeta e seus habitantes. Na Universidade Católica Portuguesa, Francisco pede atenção à ecologia integral

A ‘pincelada’ final no mural feito por mais de 2 mil pessoas
Ainda na manhã do dia 3, Francis-
co visitou a sede da Scholas Ocurren-
tes, em Cascais, a oeste de Lisboa, onde
deu a “pincelada final” em uma pintura
em estilo mural, de 3,5 km de extensão,
elaborada por mais de 2 mil pessoas: jo-
vens presos, crianças de orfanatos, ido-
sos, pessoas com deficiência, refugiados,
funcionários do governo, pessoas hospi-
talizadas, empresários, pessoas sem teto,
estudantes, entre outros.
O mural é parte da ação “Vida entre
mundos”, liderada pela fundação pontifí-
cia Scholas Ocurrentes, que atua na cam-
po da Educação, unindo arte, lazer, espor-
te e tecnologia para o desenvolvimento
integral de crianças, adolescentes e jovens.
O Papa teve um diálogo descontraí-
do com os jovens e respondeu a algumas
perguntas, uma delas sobre as crises da
humanidade e os caminhos para superá-
-las. “Nas crises é preciso caminhar jun-
tos para enfrentá-las”, recomendou.
Ao saber por uma das jovens que um
dos sentidos do mural era expressar o
caos vivenciado pelas pessoas, Francis-
co lembrou que cabe ao ser humano, a
exemplo do Criador, “fazer do caos um
cosmos; a partir daquilo que não tem
sentido, que está desordenado, criar um
cosmos convidativo”. Além disso, o Papa
Francisco deixa sua marca no mural montado na sede da Scholas Ocurrentes em Cascais, dia 3
ponderou que nem se deve permanecer
em um nível de vida caótico, nem se es-
tar acomodado com tudo aparentemente
perfeito: “A vida que se transforma em
um cosmos vai adiante, dá o seu fruto”.
Por fim, o Pontífice presentou a
Scholas Ocurrentes de Cascais com um
Scholas Ocurrentes
quadro do bom samaritano. “Nenhum
de nós está isento de ser um bom sama-
ritano”, enfatizou, convidando à reflexão:
“Estou ajudando as pessoas? Eu sujo as
minhas mãos na vida pelo outro? Às ve-
zes, na vida, é preciso sujar as mãos para
não sujar o coração”.
Irmanados em ser
nas sociedades
um apelo à
transcendência
Na sexta-feira, 4, na Nunciatura
Apostólica, o Papa se encontrou com lí-
deres e representantes de igrejas cristãs e
de outras religiões.
Em conversa com a imprensa, o
Padre Peter Stilwell, responsável pelo
diálogo inter-religioso na JMJ Lisboa
2023, detalhou: “Uma das mensagens
principais do Papa no encontro acon-
teceu logo no início, quando ele nos
disse: ´Encontramo-nos aqui como
irmãos emanados também por uma
missão que é, nas várias sociedades,
sermos um apelo à transcendência, à
abertura à transcendência. Temos que
ter a mão estendida para cumprimen-
tar e não a mão no bolso’. Depois, ele
explicou que a mão no bolso não é só
a questão do dinheiro, mas das coisas
sendo negociadas”, afirmou o Padre,
detalhando que o Pontífice lembrou
que há coisas inegociáveis às religiões,
como “a abertura a Deus”, “a digni-
dade da pessoa humana” e “o apelo à
fraternidade”.

Vatican Media

‘A caridade é a origem e a meta do caminho cristão’

Na manhã da sexta-feira, 4, o Pontífice foi à perife-
ria de Lisboa e conheceu o Centro Social da Paróquia
São Vicente de Paulo e as ações da associação solida-
riedade social ‘Ajuda de Berço’ e a associação de pais e
amigos de crianças com câncer ‘Acreditar’.
Francisco ouviu os relatos de algumas das pessoas
atendidas por estes centros assistenciais e fazendo alu-
são ao tema da JMJ Lisboa 2023 – “Maria se levantou e
partiu apressadamente” (Lc 1,39) – destacou: “A cari-
dade é a origem e a meta do caminho cristão”.
A caridade, frisou o Papa, envolve três atitudes. A pri-
meira, fazer as coisas sempre da melhor forma possível e
em conjunto: “Cada um de nós é um dom único, com os
seus limites, mas um dom valioso e sagrado para Deus e
para a comunidade cristã e para a comunidade humana.
E é assim como somos que enriquecemos o conjunto e
nos deixamos enriquecer pelo conjunto”.
Os dois passos seguintes são agir concretamente
e estar próximo dos mais frágeis, pois “o amor con-
creto é aquele que suja as mãos”. Diante disso, o Papa
a todos indagou: “O amor que sentimos é concreto
ou abstrato? Ao dar a mão a uma pessoa necessitada,
para um marginal, um doente, eu lavo minhas mãos
em seguida para não me contaminar? Eu tenho nojo
da pobreza dos demais?”.
Após discursar, o Papa foi ao salão paroquial. Em
sua cadeira de rodas, ele passou próximo aos fiéis, a
maioria crianças e idosos, cumprimentou a alguns e
depois fez um momento de oração silenciosa diante
da imagem de Nossa Senhora de Fátima. Papa cumprimenta pessoas atendidas em centros assistenciais
E12 | JMJ Lisboa 2023 | 9 a 15 de agosto de 2023 | www.osaopaulo.org.br/jmj-2023
Em Lisboa, Francisco fala de uma Igreja aberta e um
Cristo próximo a todos: ‘Ele te chama pelo nome’
FILIPE DOMINGUES
ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
Todos, todos, todos. A imagem cen-
tral que permeou a visita do Papa Fran-
cisco a Portugal, entre 2 e 6 de agosto, foi
de uma Igreja aberta a todas as pessoas
– como a capelinha das aparições de Ma-
ria em Fátima, ela é “sem portas”. Ela é
para todos. Uma Igreja que, na visão do
Pontífice, está próxima das pessoas e ilu-
mina o mundo ao refletir a luz de Cristo,
seu fundador, que entra em uma relação
direta e pessoal com cada ser humano.
“O Senhor os chamou, não só nestes
dias, mas desde o começo de suas vidas.
A todos Ele nos chamou desde o começo
da vida. Ele os chamou por seus nomes”,
afirmou o Papa na cerimônia de acolhida
da Jornada Mundial da Juventude (JMJ),
no dia 3. A JMJ foi o principal motivo da
viagem do Papa a Lisboa, em Portugal.
Ele também fez uma rápida parada em
Fátima, para rezar o Terço.
“Nenhum de nós é cristão por ca-
sualidade, todos fomos chamados pelo
nosso nome”, continuou. “Você, você,
você, aqui; todos nós; eu; todos fomos
chamados pelo nosso nome. Não fomos
chamados automaticamente, fomos cha-
mados pelo nome. Pensemos nisto: Jesus
me chamou pelo meu nome. São pala-
vras escritas no coração, e depois pen-
semos que estão escritas dentro de cada
um de nós, em nossos corações, e for-
mam uma espécie de título da sua vida.”
A Jornada Mundial da Juventude, co-
nhecida internacionalmente como um
grande encontro de jovens com o Papa,
foi apresentada por Francisco – como
já dizia São João Paulo II, que a criou –
como um encontro de jovens do mundo
inteiro com Cristo. Nesse sentido, o Papa
Francisco disse aos jovens que eles têm a
chance de ecoar a “vibração do chamado
amoroso de Deus” por cada ser humano.
UMA IGREJA COM LUGAR PARA
TODOS
Embora nossos olhos estejam muitas
vezes tampados por “negatividade e des-
lumbrados por tantas distrações”, para
Deus “não somos só mais um número”.
Cada pessoa é “uma cara, um coração”.
A Igreja, portanto, é a “comunidade dos
que foram chamados”, disse ele, no mes-
mo evento.
Uma comunidade de pecadores, é
verdade, “mas com desejo de ser melhor,
com desejo de triunfar”. Acrescentou o
Santo Padre: “Somos chamados como
somos. Pensem nisto: Jesus me chama
como sou, não como gostaria de ser. So-
mos comunidade de irmãos e irmãs de
Jesus, filhos e filhas do mesmo Pai.”
“Na Igreja há espaço para todos”,
insistiu. “Para todos. Na Igreja, nin-
guém é de sobra. Nenhum está a mais”,
disse. “Quando manda os apóstolos
chamar para o banquete daquele se-
nhor que o havia preparado, Cristo
www.arquisp.org.br
ANÁLISE
diz: ‘Ide e trazei todos’, jovens e idosos,
sãos, doentes, justos e pecadores. To-
dos, todos, todos!”
E continuou: “Jesus nunca fecha a
porta, nunca. Mas te convida a entrar:
‘entra e vê!’ Jesus recebe, Jesus acolhe.
Nestes dias, cada um de nós transmite
a linguagem do amor de Jesus. Deus te
ama, Deus te chama. Que belo é isto!
Deus me ama, Deus me chama. Quer
que eu esteja perto Dele.”
UM GRANDE RETIRO ESPIRITUAL
Essa mensagem central voltou em di-
ferentes momentos da passagem do Papa
por Portugal – como se fosse um grande
retiro espiritual, em que um tema com-
partilhado leva a reflexões individuais.
Na reunião final com voluntários da
JMJ, por exemplo, uma das últimas ceri-
mônias do evento, Francisco respondeu
a testemunhos dos jovens. A um deles,
afirmou: “Você disse que viveu aqui um
duplo encontro, um encontro com Jesus
e um encontro com os demais. Isso é
muito importante. O encontro com Je-
sus é um momento pessoal e único, que
só pode ser descrito e narrado até certo
ponto, mas sempre acontece graças a um
caminho percorrido em companhia, re-
alizado graças à ajuda de outros. Encon-
trar Jesus e encontrá-lo no serviço aos
outros.”
Na Via-Sacra da sexta-feira, um dos
momentos tradicionais da JMJ, Francis-
co colocou em oração as dores do mundo
Agência Lusa/JMJ Lisboa 2023
e convidou os jovens a encontrar Cristo
em suas próprias dificuldades. “Jesus ca-
minhou. Quando estava entre nós, Jesus
andava. Ele caminhou, curando os enfer-
mos, cuidando dos pobres, fazendo justi-
ça, caminhou pregando, nos ensinando”,
refletiu. “Jesus caminha, mas espera al-
guma coisa, espera a nossa companhia,
espera que olhemos”, disse.
“Jesus caminha e espera com o seu
amor, espera com a sua ternura, con-
fortando-nos, enxugando as nossas lá-
grimas. Eu te faço uma pergunta agora,
mas não respondas em voz alta, cada um
responda para si mesmo: eu choro de vez
em quando? Há coisas na vida que me
fazem chorar? Todos nós na vida já cho-
ramos, e ainda choramos. E aí está Jesus
conosco, Ele chora conosco, porque nos
acompanha na escuridão que nos leva às
lágrimas.” Na presença de Cristo, a “alma
voltará a sorrir”, declarou.
ANGÚSTIAS DA IGREJA
Como em toda viagem papal, a pas-
sagem do Sumo Pontífice por um país
não se limita aos acontecimentos pú-
blicos. Francisco também se encontrou
em privado com vítimas de abuso se-
xual perpetrado por membros do cle-
ro – situação que marcou duramente a
Igreja em Portugal. Em fevereiro deste
ano, um relatório encomendado pela
própria conferência dos bispos reco-
lheu informações sobre todos os ca-
sos conhecidos de violências contra os
ASSOCIATED PRESS (EUA)
Papa anuncia que Jornada
Mundial da Juventude retorna
à Ásia em 2027 e pede aos
jovens que não tenham medo
AVVENIRE (ITÁLIA)
O Papa com meio milhão de
jovens: “Na Igreja há lugar
para todos’
REUTERS (REINO UNIDO)
Encerrando o festival da
juventude em Portugal, Papa
compartilha o sonho de paz
de ‘um homem velho’
EL PAÍS (ESPANHA)
Papa se despede da Jornada
Mundial da Juventude em
Lisboa em missa com 1,5
milhão de peregrinos: “Não
tenham medo”
OBSERVADOR (PORTUGAL)
Papa desafia jovens a “correr
o risco de amar”
PÚBLICO (PORTUGAL)
“Só há uma coisa grátis, o
amor de Jesus”, diz o Papa
aos jovens na JMJ
menores entre 1950 e 2022. A própria
Igreja expôs o problema e isso está le-
vando a reformas, comportamento que
Francisco tem elogiado.
Na coletiva de imprensa durante a
viagem de retorno a Roma, jornalistas
buscaram repercutir, como é comum, fa-
las do Papa sobre a participação de pes-
soas homossexuais na Igreja. Ele repetiu
que “a Igreja está aberta para todos”, mas
também observou que “há legislações
que regulam a vida dentro da Igreja”.
Sem entrar em detalhes, continuou:
“Cada um encontra Deus pela própria
estrada, dentro da Igreja; e a Igreja é mãe
e guia cada um pela sua estrada. Venham
todos e depois cada um, na oração, em
conversa íntima com Deus, no diálogo
pastoral com os agentes de pastoral, pro-
cura o modo de avançar.”
Ainda com os jornalistas, o Papa
também foi questionado sobre o moti-
vo de não ter feito uma oração pela paz
em Fátima, no contexto da guerra entre
Rússia e Ucrânia, ao que ele respondeu:
“Eu a fiz, mas em privado”. O principal
motivo dessa escolha deve ter sido di-
plomático: entre as mensagens das apa-
rições de Nossa Senhora de Fátima, em
1917, estava um pedido de oração pela
Rússia que, à época, vivia sob a ideologia
comunista. Embora tenha condenado a
invasão da Ucrânia pela Rússia, a Santa
Sé – e o Papa – têm buscado um papel de
mediação e, portanto, evitado fazer críti-
cas abertas à Rússia.
 www.osaopaulo.org.br
www.arquisp.org.br | 9 a 15 de agosto de 2023 | Regiões Episcopais | 7

SÉ
Mais de 200 jovens participam da Jornada Regional da Juventude
Cuca Fotos
SECRETARIADO DE
COMUNICAÇÃO REGIONAL

O Santuário Nossa Senhora do Rosá-

rio de Fátima, Setor Perdizes, ficou lotado
no sábado, 5. Mais de 200 jovens vindos
de diversas paróquias da Região Sé viven-
ciaram um momento de grande alegria: a
Jornada Regional da Juventude (JRJ), em
sintonia com a Jornada Mundial da Juven-
tude (JMJ), ocorrida em Lisboa, Portugal.
Esse evento foi idealizado em resposta
ao convite do Papa Francisco: fazer com
que a JMJ provocasse um movimento do
jovem nas suas realidades locais, prin-
cipalmente daqueles que não tiveram a
oportunidade de participar em Portugal.
Tudo foi preparado pelos jovens, com
muita animação e empenho, até mesmo
com a colaboração daqueles que se encon-
travam em Lisboa e enviaram suas suges-
tões e se uniram em orações.
Os jovens se encontraram em quatro
pontos da Região Sé: Basílica Nossa Se-
nhora do Carmo (Setor Cerqueira César);
Paróquia Nossa Senhora do Monte Serrate
(Setor Pinheiros); Paróquia do Santíssimo
Sacramento (Setor Paraíso) e Paróquia
Nossa Senhora Auxiliadora (Setor Bom
Retiro). Nessas igrejas, eles rezaram o
Terço e seguiram em peregrinação até o
TESTEMUNHOS
“A JRJ foi uma vivência fantástica,
momento de partilha e acolhimento para
nossa juventude! É contagiante ver os
jovens de joelhos diante do Nosso Jesus
Sacramentado. Isso nos enche de amor
para seguir adiante sendo discípulos
conforme nossa fé! Que possamos
ser como Maria, dando nosso ‘sim’
diariamente com o nosso servir!”
(Gabriela Cruz – Coordenadora do EJC da Paróquia
do Santíssimo Sacramento, Setor Paraíso)
“Eu acho importante eventos assim, nessa
época em que estamos, pois com o tempo as
Santuário, animados e fortalecidos pelo
tema “Maria levantou-se e partiu apressa-
damente” (Lc 1,39).
A alegria tomou conta dos que já es-
tavam no Santuário, com a chegada en-
tusiasmada dos grupos com seus cantos,
bandeiras e muita motivação.
Após todos se encontrarem, houve a
celebração eucarística, totalizando mais de
500 participantes, contando com a presen-
ça também de paroquianos, agentes da co-
municação, catequistas, membros de co-
munidades religiosas e novos movimentos.
Dom Rogério Augusto das Neves, Bis-
pessoas vão deixando a religião de lado. O
evento vem para reavivar a fé no coração do
jovem. Isso vale pra tudo, pra vida. É sempre
bom procurar porque a fé move tudo!”
(Pedro - Acólito no Santuário
Nossa Senhora de Fátima, Setor Perdizes).
“A galera é muito animada. Não esperava
que fosse assim. Imaginei um evento
mais fechado, mas já fiz várias amizades.
Todos são muito acolhedores. O evento
superou minhas expectativas. É muito
bom saber que você não está sozinho.”
(Leonardo - Jovem participante da JRJ).
po Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé,
presidiu a missa, que foi concelebrada por
diversos padres atuantes na Região.
ALEGRIA E FRATERNIDADE
“Lisboa é aqui!”. Esse foi o slogan que
os jovens adotaram. Animados pela pre-
sença das réplicas da Cruz Peregrina e do
Ícone de Nossa Senhora, símbolos da JMJ,
os jovens se uniram em um intenso mo-
mento de louvor e confraternização. Hou-
ve a integração entre os diferentes grupos,
oriundos de diversas paróquias que, num
clima de comunhão, partilharam o lanche
e os cantos e danças que os acompanha-
ram por toda a tarde.
Como de costume nas JMJs, houve
um momento de Catequese, durante o
qual Dom Rogério ressaltou: “O tempo da
juventude é capaz de iluminar toda uma
vida. Cristo, na vida de um jovem, é capaz
de iluminar toda a sua existência. O jovem
é sempre belo!”
Ao término da JRJ, os jovens parti-
ciparam da adoração ao Santíssimo Sa-
cramento. O silêncio orante e os cantos
de adoração proporcionaram aos jovens
um momento de intimidade com Deus.
Eles também puderam receber o sacra-
mento da Reconciliação, já que vários
padres estavam disponíveis para ouvir as
Confissões.
Ao final do dia, os participantes re-
ceberam uma lembrança: um livro de
orações, uma cruz e um cartão com uma
mensagem de Dom Rogério.
Ramy Borba

Divulgação
No dia 31 de julho, foi celebrada a festa patronal da Paróquia Santo Inácio de Loyola
e São Paulo, Setor Paraíso. A missa, presidida pelo Padre Danilo Alves Lima, SSP, Cola-
borador Paulino da Paróquia, foi concelebrada pelo Padre Carlos Alberto da Silva, SSP,
Formador e Superior da Comunidade, e Padre Luiz Miguel Duarte Francisco, SSP. Na ho-
milia, foi destacado o exemplo de Santo Inácio, que encontrando a conversão da sua
vida por meio do estudo da Palavra e da biografia dos Santos, renunciou a tudo para
viver na humildade, resumiu suas experiências e reflexões nos “Exercícios Espirituais”
e fundou a Companhia de Jesus. (por Mariel Montiel Aponte)
Eric Fernando Franco dos Santos Lustosa

Em junho, Dom Rogério Augusto das Neves presidiu a celebração eucarística no Espaço
Ecumênico do Hospital Samaritano Higienópolis, Durante a missa, o Bispo Auxiliar da
Arquidiocese na Região Sé destacou o apoio espiritual para a recuperação dos pacientes,
lembrando a todos que a fé pode ser um importante aliado em momentos difíceis. Ele
expressou sua gratidão pela missa e enfatizou a importância do trabalho conjunto entre
instituições religiosas e hospitais para promover o bem-estar dos pacientes.
(por Eric Fernando Franco dos Santos Lustosa)
8 | Regiões Episcopais | 9 a 15 de agosto de 2023 | www.osaopaulo.org.br
www.arquisp.org.br

BELÉM
Altar da Capela Reino do Céu é abençoado em missa festiva
FERNANDO ARTHUR
E LORENNA PIROLO
COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO
Na manhã do domingo, 6, centenas de
fiéis se reuniram na Capela Reino do Céu,
no Jardim Santa Bárbara, para a missa
na qual o novo altar, o ambão e a cadeira
presidencial foram abençoados por Dom
Cícero Alves de França, Bispo Auxiliar da
Arquidiocese na Região Belém.
A Eucaristia teve como concelebrantes
os Padres Ábdon Santana, OSA; Henrique
Moreto, OSA; e Maércio Ângelo Pissinatti
Filho, e contou com a assistência do Diá-
cono Nilson Amâncio. Participaram os
membros dos Missionários da Redenção,
uma associação de católicos leigos que de-
senvolve trabalhos sociais e de evangeliza-
ção na Capela.
Na homilia, Dom Cícero afirmou que
é uma alegria reunir-se para celebrar a Eu-
caristia na Capela, e ressaltou que em 2022,
quando assumiu a Região Belém, recebeu
uma carta de uma pessoa, pedindo que o
bispo visitasse o local e que no espaço vol-
tasse a ter missas dominicais. As tratativas
para a regularização do funcionamento
permanente da Capela ainda estão sendo
feitas com a Prefeitura de São Paulo.
“Não estamos em tempo de fechar
igrejas, estamos em tempo de abrir igre-
jas.”, salientou o Bispo, afirmando que
quando recebeu a carta ficou comovido.
Ao falar sobre a liturgia do dia, o Pre-
lado ressaltou que a Transfiguração do
Senhor é a antecipação da Paixão e Res-
surreição de Jesus. “Na festa da Transfi-
guração, nós somos convidados a escutar
o Senhor, e escutar até o final.”, exortou.
Ao comentar o Evangelho, no qual
Pedro pede que se construam três tendas
iguais, uma para Jesus e outras duas para
os profetas, Dom Cícero disse que não se
pode tratar Jesus como igual, e que Ele
deve ter um lugar especial na vida de cada
Miguel Ibarra Escalante
Pascom paroquial
um. “Será que Jesus tem um lugar espe-
cial no nosso coração? Será que o lugar
Dele na nossa vida é diferente de outros
lugares? Será que o amor que devotamos
a Jesus é diferente dos outros amores que
devotamos a outras pessoas, a lugares?”,
indagou, exortando os fiéis a amarem Je-
sus acima de tudo.
Após a homilia, Dom Cícero abençoou
o novo altar da Capela, ressaltando que ele
deve ser o centro do louvor e da ação de gra-
ças, e onde possa ser oferecido sacramen-
talmente o sacrifício de Cristo; e que seja
a mesa, onde possa ser partilhado o pão.
Ao fim da celebração, os Missionários
da Redenção, representados pelo casal Lo-
renna e Emerson Pirolo, receberam das
mãos de Dom Cícero as chaves da Capela,
para que prossigam com os trabalhos de
evangelização.
“Continuem evangelizando e que, com
a minha bênção, continuem sendo sinal
da presença de Deus neste bairro, com as
famílias, sobretudo os mais pobres”, afir-
mou o Prelado.
Após a celebração, 100 famílias pre-
viamente cadastradas receberam cestas
básicas, distribuídas pelos Missionários da
Redenção, por meio do Projeto Solicitude,
desenvolvido no local, e que objetiva a pro-
moção da dignidade humana das famílias
que vivem em condições de vulnerabili-
dade social, pobreza e extrema pobreza,
atuando na promoção de um lugar seguro
e saudável para as famílias, impulsionan-
do-as a um círculo virtuoso de desenvolvi-
mento com saúde, bem-estar e qualidade
de vida. Dom Cícero acompanhou as en-
tregas de mantimentos, e cumprimentou
as dezenas de famílias que estavam no local.
O Projeto Solicitude envolve centenas
de voluntários e missionários, patroci-
nadores e doadores para a realização das
atividades socioeducativas e visitas domi-
ciliares para evangelização.
Pastoral Familiar

Na sexta-feira, 4, Dom Cícero Alves de França presidiu missa na Paróquia Nossa Se-
nhora do Sagrado Coração, durante a qual conferiu o sacramento da Confirmação a
cerca de 70 jovens e adultos do Colégio e do Externato Nossa Senhora do Sagrado Co-
ração. Na homilia, o Prelado exortou os crismandos a viverem e testemunharem a fé
e também pediu que rezassem pelos padres, na memória de São João Maria Vianney.
Concelebraram os Padres Reuberson Ferreira, MSC, Pároco; Anderson Pereira, MSC, e
Maércio Ângelo Pissinatti Filho. (por Fernando Arthur)
Promovido pela Pastoral Familiar regional, aconteceu, no domingo, 6, no Teatro Cári-
tas, no Jardim Três Marias, o Encontro para Casais Novos, que contou com a partici-
pação de 32 casais, além de agentes da Pastoral. A atividade teve missa presidida por
Dom Cícero Alves de França e concelebrada pelos Padres Luiz Carlos Batista, OSA, e
Maércio Ângelo Pissinatti Filho, com a assistência dos Diáconos Valter Perandré, Nilson
Amâncio e Bruno Redigiolo. (por Nilton Gomes)

SANTANA
Grupo de jovens Servos por Amor Pascom Santana
Na última semana, o Pa-
dre Luiz Cláudio Vieira,
Pároco da Paróquia São
Sebastião e Coordena-
dor do Setor Vila Maria,
concluiu as visitas que
realizou às paróquias
deste Setor, com o
objetivo de estreitar os
laços com os sacerdotes
e tomar consciência de
como está o contato
dos paroquianos com a
Carta Pastoral do Arce-
bispo e as Propostas do
sínodo arquidiocesano.
Na foto, Padre Cláudio
“Jovem de idade, mas também de espírito” foi o tema que animou a Vigília Jovem, na (à dir.) aparece ao lado
noite do sábado, 5, na Paróquia Santo Antônio, na Vila Mazzei, Setor Jaçana, or- do Padre Antonio Pedro
ganizada pelo grupo Servos por Amor. Ao longo de toda a noite e madrugada, houve dos Santos, Pároco da
adoração ao Santíssimo, pregação, louvor, reza do Terço e momentos interativos com Paróquia Nossa Se-
os participantes. A conclusão foi com a participação na missa das 7h30, no domin- nhora da Anunciação.
go, 6, na matriz paroquial. (por redação) (por Redação)
 www.osaopaulo.org.br
www.arquisp.org.br | 9 a 15 de agosto de 2023 | Regiões Episcopais | 9

IPIRANGA
Com novena, Paróquia Santo Afonso celebra o padroeiro
Pascom paroquial
PASCOM PAROQUIAL

De 23 a 31 de julho, na Paróquia Santo Afonso

Maria de Ligório, Setor Cursino, diversos padres
convidados presidiram missas na novena dedica-
da ao padroeiro.
Na memória litúrgica do Santo, em 1º de agos-
to, os paroquianos da Água Funda comemora-
ram, com fé e devoção, seu padroeiro com missas
e o tradicional bolo de Santo Afonso.
A última celebração do dia foi presidida por
Dom Cícero Alves de França, Bispo Auxiliar da
Arquidiocese na Região Belém, tendo entre os
concelebrantes o Padre Jefferson Mendes de Oli-
veira, Administrador Paroquial.
Santo Afonso, bispo e doutor da Igreja e fun-
dador dos Redentoristas, levou uma vida dedi-
cada ao povo, sobretudo aos pobres e doentes.
Deixou como legado diversas obras destinadas ao
culto à Eucaristia e à Virgem Maria.
Leonardo de Morais Frei José Maria Mohomed Júnior

Os candidatos a ministros extraordinários da Sagrada Comunhão, pertencentes às diver-

sas paróquias da Região, participaram, no sábado, 5, do sétimo encontro formativo, que teve
Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, como
palestrante. Realizado no Instituto São Paulo de Estudos Superiores (Itesp), as formações ter-
minarão em novembro, quando acontecerá a investidura dos ministros. (por Karen Eufrosino)
Comunicação e Marketing do Santuário São Judas Tadeu

No sábado, 5, na Paróquia Imaculada Conceição, Setor Ipiranga, aconteceu um encontro

formativo da Pastoral da Acolhida paroquial, sob a assessoria da Irmã Helena Corazza, FSP.
Na ocasião, refletiu-se sobre a acolhida a partir da atenção aos que procuram a comunidade,
do incentivo para que outras pastorais sejam sensibilizadas ao acolhimento, e da abertura
aos que estão afastados e que se mudaram para o bairro. (por Seminarista Leonardo de Morais)

Os agentes de pastoral da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, Setor Imigrantes, fize-

ram um momento de partilha da Carta Pastoral do Arcebispo e das Propostas Sinodais,
no dia 2, com a participação do Padre Anderson Pereira Bispo, Pároco. Cada pastoral apre-
sentou ao grupo os tópicos referentes a si, analisando as sugestões, verificando o que já é
aplicado em âmbito paroquial e como as demais propostas serão trabalhadas.
(por Padre Anderson Pereira Bispo)

No domingo, 6, a Comunidade Nossa Senhora da Moradia, pertencente à Paróquia

Nossa Senhora Mãe de Jesus, no Setor Cursino, recebeu a visita do Padre Cléber Lopes, No domingo, 6, Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Re-
OMI, que presidiu a celebração eucarística, com a assistência do Diácono Anivaldo Blas- gião Ipiranga, presidiu a missa de abertura do Mês Vocacional no Santuário São Judas
ques. Padre Cléber foi membro da Comunidade antes de ingressar no seminário. Atu- Tadeu, com transmissão pela TV Gazeta. Participaram religiosas de várias congregações,
almente desenvolve trabalho pastoral em Recife (PE). (por Diácono Anivaldo Blasques) membros do Serviço à Pastoral Vocacional e da Pastoral Familiar. (por Priscila Thomé Nuzzi)
10 | Regiões Episcopais | 9 a 15 de agosto de 2023 | www.osaopaulo.org.br
www.arquisp.org.br

BRASILÂNDIA LAPA
Com missa solene, Seminário Dom José Benedito celebra
de Filosofia comemora o padroeiro o Dia do Padre na Paróquia
São João Maria Vianney Rubria Mazza

BENIGNO NAVEIRA cou a vida simples e extraordinária de

RUBRIA MAZZA
COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO
Na sexta-feira, 4, foi celebrada, na
capela do Seminário de Filosofia Santo
Cura D’Ars, a missa em louvor ao pa-
droeiro desta casa de formação, São João
Maria Vianney.
A Eucaristia foi presidida por Dom
Cícero Alves de França, Bispo Auxi-
liar da Arquidiocese na Região Be-
lém. Concelebraram Dom Carlos Silva,
OFMCap., Bispo Auxiliar da Arquidiocese
COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO São João Maria Vianney, o Santo Cura
d´Ars, que mesmo diante de todos os
Na sexta-feira, 4, os fiéis da Paró- obstáculos, como a oposição de seu
quia São João Maria Vianney, Setor pai e a justificada falta de instrução,
Lapa, única da Arquidiocese dedicada foi perseverante e teve muita fé em
ao Santo, participaram da missa solene Deus até conseguir ser ordenado, de-
na memória litúrgica do padroeiro e Dia dicando-se aos pobres e necessitados
do Padre, que também é comemorado e ao constante atendimento de Confis-
nessa data. A Eucaristia foi presidida por sões. Ele foi canonizado em 1925 pelo
Dom José Benedito Cardoso e concele- Papa Pio XI e proclamado patrono dos
brada pelo Padre Raimundo Rosimar sacerdotes.
Vieira da Silva, Pároco. O Prelado lembrou ainda que a cele-
Na homilia, o Bispo Auxiliar da bração eucarística também era oferecida
Arquidiocese na Região Lapa desta- pelos cristãos perseguidos.
Benigno Naveira
na Região Brasilândia; Cônego José Adria-
no, Diretor Espiritual do Seminário; e o
Padre Frank Antônio de Almeida, Reitor
do Seminário e Administrador Paroquial
da Paróquia Nossa Senhora Mãe de Deus.
Além dos seminaristas, também
participaram da missa os membros do
Apostolado da Oração da Paróquia.
Durante a homilia, Dom Cícero res-
saltou a verdadeira missão do sacerdote:
amar as pessoas e ser a ponte salvífica en-
tre Deus e os homens. Após a celebração,
houve uma confraternização.

Pascom paroquial

Religiosos participam da
abertura do Mês Vocacional
No sábado, 5, na Paróquia Nossa
Senhora da Lapa, aconteceu a missa
de abertura do Mês Vocacional, com
a participação de religiosos, religiosas,
padres e fiéis da comunidade, presidida
por Dom José Benedito Cardoso, e con-
No sábado, 5, a Paróquia Cristo Libertador, Setor Jaraguá, realizou um casamento co- celebrada pelos Padres Adalton Pereira
munitário com a participação de 11 casais, que foram previamente preparados pelo casal
Roberto Oliveira e Luciana Petraca, paroquianos. O sacramento do Matrimônio foi confe- de Castro, Pároco, e José Antônio Filho,
rido durante a missa presidida pelo Padre Maycon Wesley da Silva, Pároco, sendo que al- Pároco da Paróquia Nossa Senhora do
guns noivos também receberam a Eucaristia pela primeira vez. (por Pascom paroquial) Líbano, Setor Pirituba.
“Estamos em agosto, Mês Vocacional,
Pascom paroquial
e a Igreja inicia as celebrações dedicadas
às vocações, sejam laicais, ao ministério
ordenado ou à vida religiosa. É tempo de
rezar, refletir e incentivar as vocações”,
disse o Bispo Auxiliar da Arquidiocese
na Região Lapa no início da missa.
Na homilia, Dom José agradeceu o
trabalho desenvolvido pelas comunida-
des de vida religiosa consagrada presen-
tes na Região, sendo 14 delas femininas e
12 masculinas.
Benigno Naveira

A Paróquia Nossa Senhora da Expectação, no Setor Freguesia do Ó, recebeu no sába- Os fiéis da Paróquia São João Batista, na Vila Ipojuca, Setor Lapa, participaram da
do, 5, os 75 novos catequizandos. Na missa, o Padre Aldo Alves de Lima, Pároco, explicou missa da festa da Transfiguração do Senhor, no domingo, 6, presidida por Dom José
o que é a Catequese, o passo a passo das partes da missa e incentivou que as crianças Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, e concelebrada pelo
acompanhassem a celebração pelo folheto. (por Pascom paroquial) Padre Fabiano de Souza Pereira, Pároco. (por Benigno Naveira)
www.osaopaulo.org.br
www.arquisp.org.br | 9 a 15 de agosto de 2023 | Publicidade | 11
12 | Reportagem | 9 a 15 de agosto de 2023 |
Pais: cooperadores do amor de Deus criador
FERNANDO GERONAZZO
ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
No Brasil, no segundo domingo de
agosto, comemora-se o Dia dos Pais.
Embora na sociedade em geral essa data
tenha um acento mais comercial, para a
Igreja Católica é celebrada no contexto
no mês vocacional, convidando os fiéis
a refletirem sobre a paternidade e a fa-
mília como um dom e um chamado de
Deus para a realização do Seu plano de
salvação.
O tema da paternidade e a vocação
da família foi uma das questões refletidas
nas assembleias do Sínodo dos Bispos de
2014 e 2015, da qual foi fruto a exorta-
ção apostólica Amoris laetitia (AL), do
Papa Francisco, portanto, o que há de
mais recente no magistério pontifício so-
bre o assunto. A seguir, O SÃO PAULO
destaca alguns pontos desse documento
sobre a paternidade.
No número 172 da AL, o Pontífice
sublinhou que “Toda criança tem di-
reito a receber o amor de uma mãe e
de um pai, ambos necessários ao seu
completo e harmonioso amadureci-
mento”, pois, a mãe e o pai “mostram
aos filhos o rosto materno e o rosto pa-
terno do Senhor”.
Com essas palavras, o Papa recordou
que o pleno amadurecimento dos filhos
requer tanto a forma feminina quanto a
forma masculina do amor, que, de mo-
dos diversos, mas complementares, ex-
primem o “rosto do Senhor”.
“A figura paterna ajuda a perceber
os limites da realidade e caracteriza-se
mais pela orientação, pela saída para o
mundo mais vasto e cheio de desafios,
pelo convite ao esforço e luta. Um pai
com uma identidade masculina clara
e feliz, que por sua vez combina afeto e
aceitação para com a esposa, é tão neces-
sário quanto o cuidado materno”, salien-
tou o Papa (AL 175).
Em síntese, ao definir a comple-
mentaridade das duas formas de amor
parental, o Santo Padre destacou que o
amor feminino é acolhedor e protetor, o
amor masculino é exigente e enfrenta
os desafios da vida. Francisco enfatizou,
ainda, que as duas formas de amor refle-
tem características diferentes do amor de
Deus. “Ambos, homem e mulher, pai e
mãe, são cooperadores do amor de Deus
Criador e quase seus intérpretes. Mos-
tram aos filhos o rosto materno e pater-
no do Senhor” (AL 172).
PROXIMIDADE
No número 177 da Amoris laetitia, o
Papa fez referência à “proximidade” dos
pais, afirmando que “Deus coloca o pai
na família para que, com as preciosas
características da sua masculinidade,
esteja próximo da sua esposa, para
partilhar tudo, alegrias e tristezas, di-
ficuldades e esperanças. E esteja próxi-
mo dos seus filhos no seu crescimento:
quando brincam e quando se compro-
metem, quando estão despreocupados
e quando estão ansiosos, quando se ex-
pressam e quando se calam, quando se
ousam e quando estão com medo, quan-
www.osaopaulo.org.br
www.arquisp.org.br
Anna Shvets/Pexels
do dão o passo errado e quando encon-
tram a rua; pai presente, sempre”, escre-
veu, ressalvando que ser presente “não é
o mesmo que dizer controlador”, porque
pais excessivamente controladores “can-
celam seus filhos”.
Em seguida, Francisco reforçou:
“Não é bom que os filhos fiquem sem
pai e, assim, deixem de ser filhos antes
do tempo”. No início do mesmo docu-
Josh Willink/Pexels
Greta Hoffman/Pexels
Tatiana Syrikova/Pexels
mento, ele destacou que a ausência do
pai “penaliza gravemente a vida fami-
liar, a educação dos filhos e a sua inte-
gração na sociedade” e esclarece que tal
ausência pode ser física, afetiva, cogni-
tiva e espiritual. “Esta carência priva os
filhos de um modelo adequado do com-
portamento paterno”, observa.
Quando a ausência do pai acontece,
seja por motivo de abandono ou mesmo
a morte, o Pontífice sublinhou o valor da
“família ampliada”, da presença dos avós
e tios que buscam minimizar a lacuna
deixada pelos genitores.
SOCIEDADE SEM PAIS
Essa não foi a primeira vez que o
Papa refletiu sobre a ausência paterna.
No ciclo de catequeses dedicadas à famí-
lia entre 2014 e 2015, ele salientou sua
preocupação com o tema.
“Hoje, chegou-se a afirmar que nossa
sociedade é uma ‘sociedade sem pais’[...]
e, num primeiro momento, isso foi per-
cebido como uma liberação: do pai-pa-
trão, do pai como representante da lei
que se impõe de fora, do pai como cen-
sor da felicidade dos filhos e obstáculo à
emancipação e autonomia dos jovens”,
disse em 28 de janeiro de 2015.
No entanto, o Santo Padre assinalou
que, sobretudo nas sociedades ociden-
tais, foi-se ao extremo oposto. “O pro-
blema de nossos dias não parece tanto a
presença intrometida dos pais, mas a sua
ausência. Os pais, às vezes, estão tão fo-
cados em si mesmos e em seu trabalho
e em suas conquistas individuais que
se esquecem até da família. E eles dei-
xam os pequeninos e os jovens em paz”,
afirmou.
ESPERAR E PERDOAR
Na segunda catequese dedicada à fi-
gura do pai, em 4 de fevereiro de 2015,
o Papa, inspirando-se num texto dos
Provérbios (Pv 23,15-16), sublinhou que
a alegria de um pai não vem de ver o
filho igual a si mesmo, mas ao perceber
que o filho adquiriu um coração sábio.
Francisco acrescentou, então, que
um bom pai “sabe esperar e sabe per-
doar”. Na conhecida parábola do “filho
pródigo”, de fato, quem espera na porta
de casa o filho que se perdeu é o pai, e o
Papa diz que esta é uma tarefa que cabe a
todos os pais que, após terem feito todo
o possível para educar os seus filhos, não
poderão evitar que por vezes cometam
erros ou até se percam, pelo que, nestes
casos, terão de saber “rezar e esperar
com paciência, gentileza, magnanimi-
dade, misericórdia” na espera do retorno
das crianças.
“Se alguém pode explicar até o fun-
do a oração do ‘Pai-Nosso’ ensinada por
Jesus, é precisamente quem vive pesso-
almente a paternidade. Sem a graça do
Pai que está nos céus, os pais perdem
a coragem e abandonam o campo. Mas
os filhos têm necessidade de encontrar
um pai que os espera quando voltam
dos seus fracassos. Farão de tudo para
não o admitir, para não o revelar, mas
precisam dele; quando não o encontram,
abrem-se-lhes feridas difíceis de cicatri-
zar”, completou o Pontífice.
O Papa concluiu essa catequese
lembrando que a Igreja está compro-
metida em apoiar com todas as suas
forças a presença boa e generosa dos
pais nas famílias, “porque para as no-
vas gerações eles são guardiões e me-
diadores insubstituíveis da fé na bon-
dade, da fé na justiça e da salvaguarda
de Deus, como São José”.