SEMANÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO

www.arquisp.org.br Ano 68 | Edição 3464 | 13 a 19 de setembro de 2023 www.osaopaulo.org.br | R$ 3,00

Na Terra Santa, seguindo os passos de Jesus Editorial

Uma sociedade saudável
depende da preservação e
Trielotur-Operadora de Turismo

fortalecimento da família
Página 4

Encontro com o Pastor

A peregrinação à Terra
Santa torna a leitura da
Bíblia mais concreta
Página 2

Espiritualidade
O diálogo envolve
ouvir, conhecer e
compreender o outro
Página 6

Cardeal Scherer, Dom Carlos Lema e padres da Arquidiocese são recebidos pelo Patriarca Latino de Jerusalém, Dom Pierbattista/Pág. 3 Liturgia e Vida
Precisamos sempre
pedir perdão a Deus e
Terço dos Homens reúne milhares de fiéis no Marco Zero nos perdoar mutuamente
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Página 19

Comportamento
Pais, pelo bem de
seus filhos, amadureçam
e saiam da zona de conforto
Página 6

Cristãos agradecem
a Deus pela obra
maravilhosa da Criação
De 1º de setembro a 4 de
outubro é celebrado o Tempo
Ecumênico da Criação. Em
mensagem, o Papa Francisco
conclama as pessoas de boa
vontade a estar ao lado das ví-
timas da injustiça ambiental e
climática.
Página 12
Homens lotam a Praça da Sé para a récita do Terço, no sábado, 9, após a missa na Catedral, presidida por Dom Rogério Augusto das Neves

No primeiro Dia Nacional do Terço dos Homens, ves, Bispo Auxiliar da Arquidiocese, durante a missa, Leitura da Bíblia:
milhares de fiéis participaram da missa na Catedral na qual afirmou que o Terço não é apenas uma ora-
da Sé, na manhã do sábado, 9, e depois recitaram ção, mas, sim, “a possibilidade de as pessoas, por
por onde começar?
o Terço no Marco Zero da cidade. mais simples que sejam, percorrerem os principais
“O que é o Terço senão um verdadeiro ato de evan- mistérios da nossa salvação” sob a proteção de Maria. O SÃO PAULO apresenta
gelização?”, sublinhou Dom Rogério Augusto das Ne- Página 10 dicas para que a leitura das Sa-
gradas Escrituras se torne um
hábito, e conversa com pesso-
as que já o fazem todos os dias.
Beato Kolping,
Reprodução

13 de setembro Edição 09
Páginas 8 e 9
de 2023 Use o QRCode
para acessar

precursor do olhar da
o Caderno
Cultural na
Internet, com
mais artigos e
links citados.

Aos pés da cruz, a

Igreja à questão social Virgem Maria compartilha
Este Caderno Fé e Cidadania ressalta o Bem- o sofrimento de Cristo
-aventurado sacerdote alemão, que traduziu
em ações concretas a Doutrina Social da A Sequência Stabat Mater,
entoada em 15 de setembro, re-
Igreja, tendo fundado, em 1849, a Obra Adolfo Kolping trata as dores de Nossa Senho-
Kolping, que há cem anos também atua no que põem em pr e os testemunhos daqueles ra diante da crucifixão de Jesus.
ática a Doutrina
Brasil para a superação da pobreza. Núcleo Fé e Cul
tura Social da Igreja
da PUC-SP
Página 20
Neste ano, a Obra
ganização socia Kolping, uma or-
l católica fundada Quando acompanh
1849, na Alem em amos a história
anha, completa cristãos comprom de
século de prese
nça
um etidos com a ques testemunhos dos
aniversário é uma no Brasil. Esse Beato Kolping,
compreendemos tão social, com
o foi o
de pessoas prepa
radas e comprome
um pequeno merg boa ocasião para Paulo II: “A Igre as palavras de São tidas com um futur
o melhor para si
-
ulho na hist ja consid João para e
2 | Encontro com o Pastor | 13 a 19 de setembro de 2023 | www.osaopaulo.org.br
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A Terra Santa –
um 5º Evangelho
CARDEAL
ODILO PEDRO
SCHERER
Arcebispo
metropolitano
de São Paulo
Maria e José e onde Jesus cresceu, já dro e sobre esta pedra edificarei a Em lugar do templo, duas grandes
não é mais a aldeia insignificante do minha Igreja”. Impressiona a clareza mesquitas, deixando clara a forte pre-
tempo de Jesus: “de Nazaré, pode vir com a qual Jesus convida os discípu- sença muçulmana na cidade e região.

O
Papa São Paulo VI, em
sua visita à Terra Santa,
ainda durante o Concí-
lio Vaticano II, compa-
rou a Terra Santa a um quinto Evan-
gelho, dizendo que lá tudo lembra
Jesus: as cidades de Belém, Nazaré,
Jerusalém, por exemplo; o lago de
Genesaré, o rio Jordão, o monte Ta-
bor, o deserto da Judeia, as plantas, os
pássaros, as pessoas e até as pedras.
Todos os elementos da natureza e da
vida humana fizeram parte da vida
de Jesus e Ele os integrou na pregação
do Evangelho.
A peregrinação à Terra Santa tor-
na a leitura da Bíblia, sobretudo dos
Evangelhos, mais concreta e realista.
Quem fez uma peregrinação a esses
cenários históricos, geográficos e hu-
manos da vida de Jesus e do povo de
Deus já não lê os Evangelhos como
antes. Mas também quem não viajou
à Terra Santa pode ler e estudar bons
textos de introdução à Bíblia ou mes-
mo só ao Novo Testamento, e terá a
oportunidade de aprender muitos
elementos que ajudam a entender
melhor os Evangelhos. Setembro,
mês da Bíblia, oferece a oportunida-
de para fazer isso.
Nazaré, na Galileia, onde viveram
alguma coisa boa?” Hoje é uma cida-
de em franco desenvolvimento, bem
maior que Tiberíades ou Mágdala, ou
Betsaida e Corazim, que também exis-
tiam no tempo de Jesus. Aliás, dessas
últimas restam apenas ruínas, assim
como de Séforis, ao lado de Nazaré,
que era uma espécie de capital regio-
nal da Galileia no tempo de Jesus.
Mas todas as localidades citadas
nos Evangelhos estão lá, guardando a
memória dos tempos de Jesus e das
origens da nossa fé. O lago de Tibe-
ríades está lá e pode-se navegar nele,
não mais na frágil barquinha de Pe-
dro e André, mas na certeza de que
Jesus andou por lá. Aquelas margens
viram o Mestre a chamar os discípu-
los. O monte das bem-aventuranças
está lá e pode-se sentar nalguma pe-
dra ou na relva, ouvindo ainda a voz
de Jesus enquanto cantam os pássa-
ros, provavelmente as mesmas espé-
cies do tempo de Jesus.
E o rio Jordão, onde Jesus foi ba-
tizado, também está lá; visitar as suas
nascentes, em Cesareia de Filipe, na
fronteira com o Líbano e a Síria, dá
a oportunidade de compreender me-
lhor tantas coisas do Evangelho!
Não impressiona apenas aquele
rochedo calcáreo e alto, diante do
qual Jesus disse a Pedro: “Tu és Pe-
los a seguirem atrás dele, no caminho
para Jerusalém, pedindo para assu-
mir, cada um, a própria cruz no seu
seguimento.
A pergunta que fez aos discípu-
los diante daquele rochedo – “Quem
dizem os homens que eu sou?” – vai
ser respondida apenas em Jerusalém,
quando Ele, depois de sua morte na
cruz, ressuscita glorioso. Só então os
discípulos podem compreender bem
quem Ele é.
Peregrinar hoje em Belém, onde
Jesus nasceu, em Ain-Karin, onde
João Batista nasceu, ou em Betânia,
onde Jesus encontrava com frequên-
cia seus amigos Marta, Maria e Láza-
ro, já não é a mesma coisa que no
tempo dos Apóstolos. Eram aldeias
e hoje são cidades, praticamente en-
globadas por Jerusalém. No tempo
de Jesus, havia a tensão política por
causa da presença dos romanos. Hoje
há tensões entre israelenses e palesti-
nos nessas áreas, por questões políti-
cas que ainda estão à espera de uma
solução adequada.
E Jerusalém, que dizer dela? Quan-
tas lembranças ela guarda do Mestre!
Não há mais o templo de Salomão,
mas restou um muro, que as tropas
romanas não destruíram completa-
mente no ano 70 depois de Cristo.
Aliás, os minaretes das mesquitas so-
bressaem por toda parte no cenário
da cidade. Mas também há templos
cristãos, alguns de veneranda anti-
guidade. Dois mil anos de história e
de períodos diversos de dominação
estrangeira na cidade deixaram nela
marcas indeléveis nos costumes e na
cultura. Aos romanos do tempo de Je-
sus, sucederam os bizantinos e os cru-
zados, além de um longo período de
dominação muçulmana. O Estado de
Israel que conhecemos hoje foi criado
apenas em 1948.
Em Jerusalém, há lugares precio-
sos para a nossa fé, como o cenáculo
onde Jesus celebrou a última Ceia;
mas também o Jardim das Oliveiras,
o Calvário, o túmulo de Jesus, o Hor-
to das Oliveiras, e assim por diante.
Uma peregrinação à Terra Santa não
é uma viagem de turismo: o objetivo
principal é encontrar e acompanhar
o Santo que viveu naquela terra. Bí-
blia na mão, olhos e ouvidos atentos
à natureza e ao ambiente social, cul-
tural e religioso ajudam a revestir o
Cristo da nossa fé com contornos hu-
manos e históricos. E fica bem mais
compreensível o que São João diz
logo no início do seu Evangelho: “O
Verbo/Palavra eterna de Deus se fez
carne e habitou no meio de nós”.

SEMANÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO
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A Terra Santa ‘nos recorda de que Deus entrou

na história, fez-se carne e caminha conosco’ Fotos: Trielotur-Operadora de Turismo
FERNANDO GERONAZZO
ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

O Cardeal Odilo Pedro Scherer

concluiu na terça-feira, 12, uma pere-
grinação à Terra Santa. Acompanha-
do de Dom Carlos Lema Garcia, Bis-
po Auxiliar de São Paulo, e um grupo
de padres e diáconos, o Arcebispo de
São Paulo visitou os principais lugares
da vida de Jesus em Jerusalém e seus
arredores.
“A peregrinação à Terra Santa torna
a leitura da Bíblia, sobretudo dos Evan-
gelhos, mais concreta e realista. Quem
fez uma peregrinação a esses cenários
históricos, geográficos e humanos da
vida de Jesus e do povo de Deus, já não
lê os Evangelhos como antes”, destacou
Dom Odilo, na coluna Encontro com o
Pastor desta edição do O SÃO PAULO Peregrinos da Arquidiocese celebram a Eucaristia na Basílica da Anunciação; Dom Odilo venera o local do nascimento de Jesus, em Belém
(leia na página 2).
A peregrinação começou por Bem-Aventuranças e atravessou de bar- JERUSALÉM me tocaram foi a da gruta da Anuncia-
Emaús, povoado onde Jesus Ressusci- co o Mar da Galileia. Em Jerusalém, na segunda-feira, 11, ção, sem dúvida, deixou-me muito emo-
tado se manifestou aos dois discípulos Na sexta-feira, 8, o grupo foi à cidade o Cardeal Scherer e os clérigos foram cionado! Nos primeiros cinco minutos,
que encontrou pelo caminho, tristes portuária de Haifa e ao Monte Carmelo, recebidos pelo Custódio da Terra San- eu acho que nem consegui cantar e rezar,
após a morte do Senhor. O grupo de onde celebrou na Gruta de Elias. De vol- ta, Frei Francesco Patton e, na terça-fei- porque chorava muito e penso que foi o
peregrinos celebrou a Eucaristia e re- ta a Nazaré, os peregrinos da Arquidio- ra, 12, tiveram um encontro fraterno momento mais incrível dessas celebra-
cordou a experiência daqueles discípu- cese visitaram o Monte do Precipício, o com o Patriarca Latino de Jerusalém, ções que a gente passou”, relatou o Padre
los que reconheceram o Cristo ao par- Monte das Tentações de Jesus e as ruínas Dom Pierbattista Pizzaballa, na sede do Cristian Uptmoor, Administrador Paro-
tir o pão. (cf. Lc 24,13-35). da comunidade de Qumran, sítio arque- patriarcado. quial da Paróquia São Carlos Borromeu,
ológico onde foram descobertos os Ma- A última atividade da peregrinação na Região Belém.
NAZARÉ nuscritos do Mar Morto, em 1947. foi a visita à Basílica do Santo Sepulcro, “Visitando os lugares de referência a
Em Nazaré, o grupo rezou na Basí- Na cidade de Betânia, o grupo cele- onde veneraram os locais da crucificação Jesus, no fundo, nosso encontro é sem-
lica da Anunciação, local da gruta co- brou a Eucaristia no Santuário da Res- de Jesus e o túmulo vazio, local da res- pre com Ele, que marcou esta terra, o
nhecida como “Aqui”, que sinaliza onde surreição de Lázaro. À margem do Rio surreição de Cristo. encontro com o Santo por excelência.
o Verbo de Deus se fez carne no ventre Jordão, os peregrinos recordaram o Ba- “Tem sido uma experiência única e Isso nos recorda de que Deus entrou na
da Virgem Maria. Já na cidade de Ca- tismo do Senhor. extraordinária de profunda espirituali- história, fez-se carne e caminha conos-
farnaum, Dom Odilo e os clérigos vi- Também houve visitas às Basílicas da dade. Era um sonho de minha vida que co”, enfatizou o Cardeal Scherer, em en-
sitaram a casa de São Pedro e as ruínas Visitação e da Natividade de João Batis- está sendo realizado: poder vir até Jeru- trevista à TV Canção Nova /Terra Santa.
da antiga Sinagoga. Em seguida, foram ta, em Ein Karem. Em Belém, rezaram salém, e eu estou extremamente emo- O retorno do grupo para o Brasil tem
à Tabgha, na qual São Pedro recebeu a no Campo dos Pastores e celebraram cionado”, afirmou o Padre Luiz Claudio uma parada em Roma, na Itália, na quar-
responsabilidade de liderar a Igreja e a Eucaristia na Basílica da Natividade, Vieira, Pároco da Paróquia São Sebas- ta-feira, 13, onde é prevista uma missa
onde ocorreu a multiplicação dos pães. onde veneraram o local do nascimento tião, na Região Santana. na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
O grupo também visitou o Monte das de Cristo. “Acho que uma das missas que mais (Colaboraram: Trielotur e TV Canção Nova - Terra Santa)
4 | Ponto de Vista | 13 a 19 de setembro de 2023 |
A família, base sólida da sociedade, em risco
A
família, ao longo da histó-
ria, tem sido reconhecida
como a pedra angular da
sociedade. Ela desempenha
um papel fundamental na formação de
indivíduos, na transmissão de valores e
na manutenção da coesão social.
A família é o primeiro ambiente em
que uma pessoa é introduzida após o
nascimento. É nesse contexto que uma
criança aprende a linguagem, os valo-
res, as normas sociais e a ética básica.
A educação e os cuidados fornecidos
pelos pais desempenham um papel
crucial na formação do caráter e na
preparação para a vida adulta. O am-
biente familiar é onde se desenvolvem
habilidades sociais, emocionais e cog-
nitivas essenciais.
A família serve como um veículo
fundamental para a transmissão de va-
lores culturais, morais e éticos. Crenças,
tradições e costumes são passados de
geração em geração por meio da inte-
ração familiar. Esses valores fornecem
A beleza salvará o mundo...
GABRIEL FRADE
“É verdade, príncipe, que o senhor
disse uma vez que a “beleza” salvará
o mundo? [...] Qual é a beleza que
salvará o mundo? [...]” (DOSTOIÉ-
VSKI, F.M. O idiota. São Paulo: Edi-
tora 34, 2020). Embora seja uma frase
tão conhecida quanto apreciada, dizer
que a “beleza salvará o mundo” parece
ser daquelas afirmações que agradam
a toda audiência, mas que aparentam
ter pouco sentido prático. Afinal,
diante de um mundo em que por vezes
parecem prevalecer incertezas, injus-
tiças, abusos, angústias, sofrimentos
– a lista seria demasiadamente longa,
mas resumiríamos todos os itens em
uma palavra: a “feiura” –, que sentido
tem a beleza? E mais: de que beleza
se trata?
De fato, o conhecido artista Cláu-
dio Pastro, em algumas das várias
conversas que tivemos, falava de uma
“beleza luciferina”, isto é, uma beleza
falsa, baseada no engodo, como se vê
às vezes em certas técnicas questio-
náveis usadas na esfera do marketing.
Nesse caso, a preocupação não é a de
levar o ser humano a ter um vislum-
bre do eterno ou de fazer experiência
da gratuidade por meio do “belo”, mas
apenas oferecer o que é transitório,
o que sacia por um breve momento,
mas que acaba “passando” (cf. 1Cor
7,31). Certamente, a beleza presente
As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.
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Editorial
uma base sólida para o comportamen-
to individual e coletivo, contribuindo
para a coesão social e a estabilidade. A
família é também um refúgio em que os
membros podem encontrar apoio emo-
cional incondicional. Em momentos de
alegria, tristeza, sucesso ou fracasso, a
família é frequentemente a primeira
a oferecer conforto e encorajamento.
Essa rede de apoio social é vital para o
bem-estar emocional dos indivíduos.
Uma sociedade estável e coesa de-
pende, em grande parte, da presença de
famílias fortes. Quando as famílias fun-
cionam bem, elas criam indivíduos mais
estáveis emocionalmente, moralmente
responsáveis e socialmente conscientes.
Isso contribui para a redução de pro-
blemas sociais, como criminalidade e
desintegração comunitária. É na família
que um indivíduo em formação apren-
de o valor da responsabilidade, de cum-
prir com compromissos assumidos. Os
membros da família aprendem a cuidar
uns dos outros, a partilhar e a colaborar
Opinião
no texto de Dostoiévski, um dos gran-
des mestres do drama humano, não é
essa. Trata-se de uma beleza de outra
ordem, de algo que deseja quebrar o
limite do non plus ultra dos antigos,
isto é, do “não mais além” e que, assim
como na experiência bíblica do antigo
Israel, quer guiar a humanidade a uma
experiência de um novo êxodo, com
toda sua riqueza de significado.
Em O idiota, essa dimensão de
uma “beleza redentora” parece se dar
nas palavras do personagem Hippolit,
que entrevê na motivação da pergunta
atribuída ao jovem príncipe Míchkin
para enfrentar desafios comuns. Essas
habilidades são transferíveis para a so-
ciedade em geral, promovendo a coope-
ração e o senso de comunidade.
Contudo, diversos fatores no Bra-
sil e no mundo colocam em risco a
instituição familiar de vários modos:
desemprego, subemprego, falta de mo-
radia, desigualdades sociais injustifi-
cadas, falta de políticas públicas pro-
motoras da família, educação pública
de baixa qualidade, sistema de saúde
pública insuficiente para atender a po-
pulação estão entre os fatores de cará-
ter social. De modo geral, a solução que
os governos parecem oferecer vão em
direção a diminuir a população pobre
com distribuição de DIUs e pílulas do
dia seguinte, em vez de proporcionar
educação e transmitir valores.
No plano cultural e dos costumes,
atentam contra as famílias: a facilitação
legal ao divórcio; as tentativas de discri-
minação do aborto e do uso da maconha;
a banalização e o esvaziamento do sen-
Arte: Sergio Ricciuto Conte
o fato de ele ser “um fervoroso cristão”.
Mas, não é possível sabê-lo ao certo
pois, verdade seja dita, sobre o sentido
mais preciso de todo o episódio cala
apenas o silêncio, já que em todo o
decorrer das páginas do livro, a ques-
tão não será retomada e uma respos-
ta efetiva não será dada. Algo similar
encontra-se na página do Evangelho:
a pergunta de Pôncio Pilatos dirigida
ao próprio Jesus – “O que é a verda-
de?” (Jo 18,38) – fica igualmente sem
resposta.
E, no entanto, uma resposta há.
Para a perspectiva cristã, a beleza
tido da sexualidade humana por meio
da pornografia, da sexualização precoce
das crianças, da sexualização generaliza-
da das relações sociais; da promoção do
sexo livre, antes e fora do Matrimônio,
da promoção da infidelidade conjugal;
da diminuição da autoridade dos pais
como verdadeiros educadores de seus fi-
lhos; a ridicularização pública dos casais
com famílias numerosas; tudo isso di-
fundido em modo implícito e explícito
em programas de TV, filmes de cinema
e nas mídias sociais.
A família é verdadeiramente a base
da sociedade. Ela molda indivíduos, in-
culca valores, oferece apoio emocional
e contribui para a coesão social. Uma
sociedade forte e saudável depende da
preservação e fortalecimento das ins-
tituições familiares. Portanto, é crucial
reconhecer e valorizar a importância
da família em nossa jornada como se-
res humanos e em nosso papel na cons-
trução de uma sociedade mais justa e
harmoniosa.
‒ e também a verdade ‒encontram seu
sentido último na pessoa do próprio
Cristo, em seu mistério pascal, como
bem intuiu o teólogo Josef Ratzinger
em um belíssimo ensaio que parte de
uma abordagem feita a um aspecto da
Liturgia das Horas da Semana Santa.
Ao comentar uma aparente contradi-
ção entre a antífona do Salmo 44 – que
cita a profecia de Isaías sobre o servo
desfigurado (Is 53) – e o conteúdo des-
se Salmo, que paradoxalmente convida
o fiel a contemplar o “mais belo entre
os filhos dos homens”, o futuro Papa
Bento XVI considerava que “sob este
interrogativo esconde-se outra questão
muito mais decisiva: isto é, se a bele-
za também é verdadeira ou se não é a
feiura a nos levar à verdade profunda
da realidade. Quem acredita em Deus,
no Deus que precisamente na aparên-
cia alterada do Crucificado se manifes-
tou como amor ‘até ao fim’ (Jo 13,1),
sabe que a beleza é verdade e que a ver-
dade é beleza; mas no Cristo sofredor,
aprende também que a beleza da ver-
dade inclui a ofensa, a dor e até mesmo
o obscuro mistério da morte. Beleza
e verdade só podem ser encontradas
na aceitação da dor, e não em sua re-
jeição” (RATZINGER, J., In cammino
verso Gesù Cristo. Roma: Edizioni San
Paolo, 2004).
Gabriel Frade. Mestre em liturgia pela PUC-SP e
doutor em História da Arquitetura pela FAUUSP.
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6 | Viver Bem/Fé e vida/Atos da Cúria | 13 a 19 de setembro de 2023 |
Comportamento
A maturidade dos pais
SIMONE RIBEIRO CABRAL FUZARO
Queridos pais, hoje quero escrever espe-
cialmente para vocês. Escrevo com todo o
amor e carinho, pois sei o quanto essa missão
é árdua e o quanto todos e cada um querem
acertar; porém, o que “falarei” não é tão fácil
de “ouvir”. No entanto, como ouvi recente-
mente de um sacerdote muito novo, mas mui-
to sábio: “A palavra que salva às vezes precisa
ser dura”. Portanto, peço que abram os cora-
ções e leiam com carinho e coragem, com ver-
dadeira vontade de olhar para dentro de vocês
mesmos e desse rico mundo interior que cada
um tem em si, tirar o melhor e identificar o
que precisa ser mudado.
Como trago diversas vezes nesta coluna,
vejo este momento que vivemos como uma
época de grande crise de autoridade. Essa
crise é geral, porém, afetou fortemente os la-
res, as relações familiares. Os pais encontram
imensa dificuldade em orientar com firmeza
seus filhos, colocando limites claros e forman-
do pessoas lúcidas.
Também costumo dizer que quem tem
autoridade é aquela pessoa que suscita no
outro segurança, confiança, admiração por
sua coerência, por sua postura. Enfim, a
autoridade dos pais se inicia no vínculo es-
treitíssimo que têm com os filhos e vai cres-
cendo à medida que estes percebem neles
conhecimento sobre a vida, coerência na
Espiritualidade
O significado pessoal do símbolo
DOM ROGÉRIO
AUGUSTO
DAS NEVES
BISPO AUXILIAR
DA ARQUIDIOCESE
NA REGIÃO SÉ
C
erta vez, nos meus primeiros me-
ses de padre, há quase 25 anos,
entrei numa casa de idosos para
fazer uma visita. Não conhecia o
casal. Fui recebido pela senhora, que me aco-
lheu com um belo sorriso nos lábios, com um
semblante amigo e encantador. Entrando em
casa, deparei-me com o seu marido, que me
fez sentir um incômodo muito grande. Na
verdade, tive a impressão de que eu não era
muito bem-vindo, de que estivesse atrapa-
lhando o andamento de sua casa. Ele tinha
um semblante frio, indiferente e um pouco
irritado.
Como eu era padre novo, queria muito
pôr em prática tudo que tinha aprendido até
então. Queria ver se conseguia me comunicar
com aquele senhor, que parecia tão fechado e
pouco interessado nas minhas tentativas de
fazer amizade. Fiz muitas perguntas, com a in-
tenção de que pudessem ser chaves para abrir
aquele coração. Demorou um pouco, mas
tudo mudou quando lhe perguntei sobre sua
profissão. Ele me respondeu que era barbeiro.
Eu comecei, então, a fazer alguns comen-
luta por ser melhor, prudência nas ações e
orientações... No entanto, como podemos
dar aquilo que não temos e, pior, aquilo que
nem percebemos que não temos?
Sim, infelizmente recebo hoje, em meus
atendimentos, muitíssimos pais imaturos. Es-
tamos todos – quando digo todos, digo todos
de verdade: eu e todos vocês – imersos numa
cultura extremamente materialista, hedonista
e, portanto, submersos numa realidade em
que o prazer e o conforto são a grande busca
da vida. Que pena.
Pessoas são capazes de tanto, de um
processo de aprendizagem, crescimento
e doação imensos e, no entanto, estamos
nos conformando com muito pouco: com
o amor-próprio, com a própria satisfação,
com o próprio conforto. Estamos fracos.
Não suportamos inconvenientes, queremos
facilidades. Filhos nos oferecem as mais
ricas experiências e suscitam os mais dife-
rentes sentimentos, no entanto, facilidade
e conforto, NÃO. Eles nos desinstalam do
nosso lugar e nos impulsionam a buscar-
mos mais – mais paciência, mais fortaleza,
mais coragem, mais generosidade, mais
capacidade de doação e esquecimento pró-
prio, ou seja, mais maturidade. Infelizmen-
te, vejo pessoas resistindo a esse processo de
amadurecimento, com dificuldade de sair
da zona de conforto para buscar o bem dos
filhos, terceirizando a responsabilidade e, o
tários sobre o que eu tinha experimentado em
barbearias. Perguntei-lhe se ele era barbeiro
mesmo, dos mais tradicionais, ou se era ca-
beleireiro, dos mais modernos. Ele respondeu
cheio de orgulho que era barbeiro. Indaguei,
então, se ele já tinha usado aquelas “máqui-
nas” antigas de cortar cabelos, aquelas que
eram manuais e que, às vezes, cortavam os
cabelos e alguma parte do coro cabeludo tam-
bém. Ele disse que sim, que era um homem
das antigas. Foi interessante porque, quem até
ali não queria conversar, passou a responder
qualquer coisa que eu perguntasse, desde que
fosse sobre aquele assunto.
Em um determinado momento, entreti-
ve-me com a simpática senhora e ele sumiu.
Saiu sem que eu percebesse. Mas, quando
voltou, trouxe uma pequena caixa, de onde
começou a tirar seus antigos instrumentos de
barbearia e perguntar se eu já tinha visto cada
um deles. De fato, reconheci aquela máquina
do tempo de minha infância, do barbeiro da
rua de casa, um velhinho que já não enxerga-
va bem e não distinguia o cabelo da cabeça.
O resultado é que depois de rezar com eles,
ao me despedir do casal, aquele senhor tinha
um sorriso no rosto que superava em muito
o da sua senhora. Parecia a pessoa mais feliz
do mundo. E tudo tinha acontecido porque
fiz uma pergunta certa. Fiquei imaginando
o significado daquela mudança. Entendi que
se tratava de um homem triste. E sua tristeza
tinha nome: falta de sentido! Sentimento de
inutilidade! Percebi que como se tratava de
uma pessoa bastante rígida e tímida, sua pro-
fissão tinha sido sua vida. E, agora, ele não tra-
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Atos
da Cúria
NOMEAÇÃO E PROVISÃO
pior de tudo, terceirizando a responsabili- DE ADMINISTRADOR
dade até mesmo para as próprias crianças PAROQUIAL:
– deixam que escolham por impulso, con- Em 05/09/2023, foi nomeado e
provisionado como Adminis-
fundem atitudes impulsivas e inadequadas
trador Paroquial da Paróquia
com autonomia e liberdade. Quando os pe- Nossa Senhora de Sião, no
quenos estão expostos a alguma frustração bairro do Ipiranga, na Região
natural da vida, esbravejam com quem for Episcopal Ipiranga, o Reveren-
preciso para que sejam poupados e assim, díssimo Padre Frei José Maria
os aprisionam na mesma imaturidade da Mohomed Jr, O. de M., até que
se mande o contrário.
qual são prisioneiros... que emaranhado
complicado de desatar!
PRORROGAÇÃO DA
Queridos pais, abram os corações e aco- NOMEAÇÃO E PROVISÃO
lham este conselho de alguém bastante ex- DE PÁROCO:
periente: saiam da zona de conforto, não se Em 01/09/2023, foi prorro-
sintam vítimas ao precisarem dormir menos, gada a nomeação e provisão
lutar mais, dar suporte aos filhos para enfren- como Pároco da Paróquia
tarem as frustrações. Aliás, fortaleçam-se, Nossa Senhora das Angús-
pois os pequenos precisam da fortaleza dos tias, no bairro da Barra Fun-
da, na Região Episcopal Sé, do
pais emprestada para poderem suportar os Reverendíssimo Padre Fábio
pequenos desafios e sair deles maiores, mais Fernandes, pelo período de
capazes, mais eficazes. 03 (três) anos.
Determinem-se a olhar com coragem
para dentro de vocês e identifiquem em que PRORROGAÇÃO DA
aspectos precisam amadurecer, em que pon- NOMEAÇÃO E PROVISÃO
tos precisam de mais luta, mais esforço e DE CAPELÃO:
empreendam este caminho árduo, mas ex- Em 01/09/2023, foi prorro-
tremamente frutuoso da maturidade pessoal. gada a nomeação e provisão
como Capelão da Capela do
Tenham certeza: a única felicidade que real- Hospital Sírio-Libanês, no
mente vale a pena é essa. bairro da Bela Vista, na Região
Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é
Episcopal Sé, do Reverendíssi-
fonoaudióloga e educadora. Mantém o mo Padre Fernando da Silva
site www.simonefuzaro.com.br. Instagram:@sifuzaro Moreira, pelo período de 03
(três) anos.
PRORROGAÇÃO DA
NOMEAÇÃO E PROVISÃO
DE ASSISTENTE
PASTORAL:
Em 24/08/2023, foi prorro-
gada a nomeação e provisão
balhava mais. Talvez tivesse lhe faltado saúde, como Assistente Pastoral da
quem sabe tinha sido superado e não rendia Paróquia São Francisco Xa-
vier, no bairro Jardim Japão,
mais ou não conseguia concorrer com os pro- na Região Episcopal Sant’Ana,
fissionais mais atualizados, talvez não tivesse do Diácono Permanente Gil-
mais freguesia, ou ainda, quem sabe, tivesse son Crema, pelo período de
apenas se cansado de trabalhar. Mas, o fato 02 (dois) anos.
era que ele não se sentia mais vivo, porque sua
vida tinha ficado na barbearia. POSSE CANÔNICA:
Curioso que a vida dos discípulos de Je- Em 27/08/2023, foi dada a
sus tivesse começado quando os pescadores posse canônica como Pároco
abandonaram as barcas, o coletor de impostos da Paróquia São Judas Ta-
deu, no bairro Vila Gomes
deixou a mesa de cobrança etc. Mas, uma boa Cardim, na Região Episcopal
conversa pode mudar as coisas, pelo menos, Belém, ao Reverendíssimo Pa-
no momento presente. Contudo, a questão é: dre Marcos Lúcio Bento de
como achar a conversa certa? Pois, a resposta Souza, A.A.
está na compreensão de que é preciso con- Em 27/08/2023, foi dada a
seguir entender o significado das coisas para posse canônica como Vigário
cada pessoa. Aquela pequena caixa era um Paroquial da Paróquia São
Judas Tadeu, no bairro Vila
segredo, um símbolo. E ele resolveu abri-la Gomes Cardim, na Região
para mim. Sorte minha! Nenhum dinheiro Episcopal Belém, ao Reveren-
do mundo poderia me fazer sentir tão recom- díssimo Padre Wellington
pensado por ver um sorriso naquele rosto tão Barbosa Dias, A.A.
triste que encontrei quando cheguei. Fiquei Em 02/09/2023, foi dada a
pensando que eu poderia entender um pouco posse canônica como Admi-
mais a razão de Jesus ter perguntado aos discí- nistrador Paroquial da Paró-
quia Nossa Senhora Apareci-
pulos: “E para vocês, quem sou eu?” Ou o que
da, no bairro Vila Arapuá, na
Paulo queria dizer quando falava que a Cruz Região Episcopal Ipiranga, ao
era loucura para os gregos e escândalo para os Reverendíssimo Padre João
judeus, mas para os que creem no Cristo ela é Bechara Ventura.
sabedoria e poder de Deus. Penso no signifi- Em 03/09/2023, foi dada a
cado do pão e do vinho na Eucaristia, para os posse canônica como Pároco
discípulos, para a Igreja, mas, sobretudo, para da Paróquia São Vicente de
mim. Todos nós temos nossas pequenas cai- Paulo, no bairro do Moinho
Velho, na Região Episcopal
xas, que não abrimos para qualquer pessoa. Ipiranga, ao Reverendíssimo
Essas caixas estão cheias de vida e de signifi- Padre João Carlos Iancoski
cado. Portes, CM.

Mais de 50 mil pessoas participam do
Desperta Brasil no estádio do Morumbi
REDAÇÃO
osaopaulo@uol.com.br
Em 16 horas ininterruptas de ativida-
des, das 6h às 22h, o Desperta Brasil mo-
bilizou católicos de diferentes partes do
País que foram ao estádio do Morumbi,
na zona Sul de São Paulo, no domingo, 10.
As mais de 50 mil pessoas participa-
ram de shows com artistas católicos, pre-
gações, adoração ao Santíssimo, Terço
da Misericórdia, missa e récita do Santo
Rosário (foto) – com a qual o evento foi
iniciado, tendo a participação de Dom
José Negri, Bispo de Santo Amaro (SP).
O objetivo foi promover a união en-
A solidariedade da Igreja às vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul
Após um ciclone extratropical atingir
o Rio Grande do Sul na última semana,
resultando em mais de 25 mil pessoas
desalojadas ou desabrigadas, ao menos
47 mortos e dezenas de desaparecidos,
muitas ações solidárias surgiram em fa-
vor dos afetados, especialmente nas cida-
des de Muçum, Roca Sales, Cruzeiro do
Sul, Lageado, Estrela, Ibiraiaras, Encan-
tado, Imigrante, Mato Castelhano, Santa
Tereza, Passo Fundo e Arroio do Meio.
O Regional Sul 3 da CNBB iniciou
uma campanha de arrecadação finan-
Grito dos Excluídos aborda as mazelas sociais do País
No feriado do Dia da Pátria, 7 de se-
tembro, aconteceu em diferentes cidades
do Brasil a 29a edição do Grito do Exclu-
ídos, com o lema “Você tem fome e sede
de quê?”. O Grito, que ocorre desde 1995,
tem o objetivo de questionar as razões do
porquê tantas pessoas ainda viverem em
situação de vulnerabilidade no País. O
tema permanente desta iniciativa é “Vida
em Primeiro Lugar”.
No Santuário Nacional de Nossa Se-
nhora Aparecida, no interior paulista, os
participantes do Grito uniram-se aos da
36ª Romaria das Trabalhadoras e Traba-
lhadores para participar da missa das 9h,
presidida por Dom José Reginaldo An-
drietta, Bispo de Jales (SP) e Referencial
nacional da Pastoral Operária.
Na homilia, o Bispo explicou que as
origens do Grito dos Excluídos remon-
tam à realização da 2ª Semana Social
Brasileira, realizada em 1994, motivada
pela Campanha da Fraternidade daquele
ano, cujo tema foi ‘Fraternidade e os ex-
cluídos’ e o lema ‘Tive fome e me deram
de comer, tive sede e me deram de beber’
(Mt 25,35).
Recordando a passagem bíblica da
pesca milagrosa, Dom José Reginaldo
lembrou que Cristo teve compaixão da-
queles que tinham trabalhado a noite
toda, mas nada haviam pescado. “Essa é
a situação do povo que Jesus tem diante
tre católicos de diferentes carismas e co-
munidades. Ao todo, aconteceram dez
shows, com destaque para Missionário
Shalom, Amor e Adoração, Rosa de Sa-
ron, Anjos de Resgate, Eliana Ribeiro,
Irmã Kelly Patrícia e Frei Gilson.
Promovido pela Associação de Evan-
gelização Desperta Brasil, o evento foi
idealizado pelo Frei Gilson, da Comuni-
dade dos Irmãos Carmelitas Mensagei-
ros do Espírito Santo, e o Padre Adriano
Zandoná, da Comunidade Canção Nova.
Durante o evento, houve um momen-
to de homenagem ao Padre Jonas Abib,
fundador da Canção Nova, falecido em
dezembro de 2022.
ceira para auxiliar as famílias. As do-
ações podem ser feitas pela chave PIX
33685686001041 (CNPJ).
Também a Arquidiocese de São Pau-
lo, por meio da Caritas Arquidiocesana
de São Paulo (CASP), lançou uma cam-
panha com o mesmo propósito. Os valo-
res podem ser transferidos por meio da
chave PIX pix@caritassp.org.br (e-mail).
“Pedimos o seu apoio para que pos-
samos ajudar nossos irmãos e irmãs que
estão enfrentando este momento de dor
no Rio Grande do Sul. Sabemos que
de si, um povo que luta para sobreviver,
frustrado pelo insucesso. Jesus se com-
padece, sobe a barca de Simão, ou seja, a
barca da Igreja, sua barca simboliza a re-
alidade do trabalho, que é a realidade de
missão da Igreja. Jesus encara a multidão
certamente faminta… Os pescadores
confiaram em Jesus. Lançando as redes
em águas mais profundas…”.
NA CAPITAL PAULISTA
Em São Paulo, foram duas as concen-
trações para as atividades do Grito dos
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tragédias climáticas afetam, principal-
mente, pessoas em situação de grande
fragilidade social e econômica. Portanto,
toda corrente de apoio a essas vítimas é
necessária neste momento”, consta no
comunicado da CASP.
PROXIMIDADE DO PAPA
Por meio de uma carta enviada
pelo Secretário de Estado do Vatica-
no, o Cardeal Pietro Parolin, o Papa
Francisco expressou na sexta-feira,
8, sua solidariedade e proximida-
Excluídos. Um partiu da Praça Oswaldo
Cruz em direção ao Parque do Ibirapue-
ra; e outra ocorreu na Praça da Sé, ini-
ciada com um café da manhã servido às
pessoas em situação de rua.
Dom José Benedito Cardoso, Bis-
po Auxiliar da Arquidiocese, acom-
panhou parte das atividades na Praça
da Sé e às 12h presidiu na Catedral
da Sé a Missa pela Pátria e pelo Povo
Brasileiro.
Na homilia, ele recordou a realização
do Grito dos Excluídos em diferentes
Desperta Brasil
de com as vítimas das fortes chuvas.
Na carta endereçada a Dom Leomar
Antônio Brustolin, Arcebispo de San-
ta Maria (RS) e Presidente do Regional
Sul 3 da CNBB, o Santo Padre manifesta
sua “solidariedade orante às comunida-
des afetadas pelas fortes chuvas” e asse-
gura que oferece sufrágios “pelo eterno
descanso das vítimas” e preces “pelas
famílias desabrigadas, desejando que a
reconstrução das localidades atingidas
ocorra de maneira rápida e eficaz”.
(por Redação)
partes do País, com pessoas “manifes-
tando aquilo que as está incomodando, e
trazendo as necessidades para que pos-
samos ter um Brasil melhor, e, sobretu-
do, para que sejam atendidas as neces-
sidades das pessoas mais pobres, mais
necessitadas”, afirmou, ressaltando ser
importante que a população se organize
para reinvidicar melhorias para todos.
“Rezemos, portanto, pelo bem de nosso
País, pelos que governam e pelo bem do
nosso povo”, exortou.
(por Redação)
8 | Reportagem | 13 a 19 de setembro de 2023 |
‘Eu leio as Sagradas Escrituras todos os dias’
O HÁBITO DE LER OS
TEXTOS SAGRADOS,
DIARIAMENTE, VEM
TRANSFORMANDO
A VIDA DE FIÉIS QUE,
COM A BÍBLIA NA MÃO
OU NOS APLICATIVOS
DE CELULAR, SE
FORTALECEM NA FÉ
CRISTÃ
ROSEANE WELTER
ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
De bolso, com capa dura, ilustrada,
em braile, on-line, em áudio ou nos apli-
cativos digitais, a Bíblia está ao alcance
de todos, nas mais variadas plataformas
e com preços acessíveis.
Nesta edição, o jornal O SÃO PAU-
LO apresenta relatos de pessoas que cul-
tivam o hábito diário de leitura e estudo
da Palavra de Deus. Elas ressaltam que os
ensinamentos extraídos do livro sagrado
e aplicados no dia a dia se transformam
em conhecimento e fortalecimento da fé.
VIVER A PALAVRA NO COTIDIANO
Mariana Carvalho, 22, é jornalista e
membro da Comunidade Canto de Ma-
ria. Ela teve seu primeiro contato com a
Bíblia quando ainda era criança. “Meus
pais eram membros atuantes na vida da
comunidade e sempre líamos a Bíblia
em casa e na Igreja”, disse à reportagem.
Desde então, ela cultiva o hábito de ler a
Palavra de Deus diariamente.
“Aprendi que a leitura da Bíblia é
uma fonte inesgotável de sabedoria e
discernimento. Busco nela todos os
dias a inspiração para as escolhas e de-
cisões na vida pessoal, profissional e
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Mariana: ‘Busco na Bíblia todos os dias a inspiração para as escolhas e as decisões da vida’
alimento para a caminhada espiritual”,
afirmou Mariana.
Além disso, a jovem contou que a
cada amanhecer, no primeiro horário,
dedica alguns minutos para a leitura
de um trecho da Bíblia e da liturgia do
dia. “Para me ajudar nesse processo de
leitura e aprofundamento diário, faço
uso do livro sagrado e conto com o
apoio dos meios digitais como o site
www.cancaonova.com.br”, salientou.
Segundo Mariana, manter o ritmo
de leitura diária exige persistência e
constância. “A agenda de trabalho, os
muitos compromissos do dia a dia, por
vezes, são uma tentação para procras-
Arsenal da Esperança
Arquivo pessoal
tinar e não ler a Bíblia. Mas é preci-
so prioridade, confiança e não desis-
tir. Caso em algum dia não consiga,
recomece e siga com determinação”,
recomendou.
INSPIRE-SE!
Amanda de Oliveira Castro, 16, é
estudante e participa da Crisma na Pa-
róquia Nossa Senhora de Casaluce, no
Brás. Ela recordou que o contato mais
intenso de oração começou durante a
pandemia, quando um tio criou um gru-
po de oração no Instagram.
“Desde então, todos os dias, leio e
medito um trecho da Bíblia e rezo o San-
to Terço”, afirmou, mencionando que
conta com o auxílio dos aplicativos “Ca-
tólico Orante” e “Pocket Terço”.
“As ferramentas digitais facilitam os
momentos de oração e fortalecem a mi-
nha fé”, assegurou.
Ao ser perguntada sobre como faz
para manter uma rotina de assiduidade
na leitura, Amanda salientou o fato de
que não é fácil manter-se fiel, diante de
tantos atrativos presentes na palma da
mão. “São tantas possibilidades, mas,
o momento de oração é minha priori-
dade. Esse breve momento do meu dia
me inspira a ser uma pessoa melhor e a
testemunhar o imenso amor de Deus por
mim e minha família”, falou.
BEBER DA FONTE DA VIDA
Para Tomás José Padovani, 78, a ex-
periência com a Bíblia ultrapassa sete
décadas. “Lembro com saudade os mo-
mentos em que meus pais liam a Bíblia
em casa para os filhos. Íamos à igreja
para os ‘Círculos Bíblicos’, eram momen-
tos de encontro e aprendizado”, disse.
Na juventude, Padovani e os amigos
se reuniam para ler a Bíblia e evangelizar.
“Isso me inspirou a, mais tarde, já adulto,
procurar por cursos bíblicos nos quais
aprendi bastante. E sempre procurei
transmitir para a minha família, amigos
e colegas de trabalho a importância de
beber da fonte da vida que é a Palavra de
Deus”, destacou.
Atualmente, Tomás participa da “Lei-
tura Contínua da Palavra” promovida to-
dos os anos pelo Arsenal da Esperança,
uma casa que acolhe 1,2 mil homens vin-
dos da rua. “Esse encontro proporciona
uma experiência única, pois além de ler
os textos bíblicos, estamos imersos em
uma realidade que traduz para o concre-
to os ensinamentos que estão escritos há
mais de 2 mil anos”, falou.
Padovani contou à reportagem que
ao longo das décadas experimentou
várias situações difíceis na vida e que
nesses momentos resgatou o sentido da
vida a partir da Palavra de Deus. “Nas
dificuldades e nas alegrias, os versículos
bíblicos me inspiraram e renovaram a es-
perança e a fé”, pontuou.
COMUNHÃO E ESCUTA ATENTA
Padre Simone Bernardi é italiano,
missionário da Fraternidade da Esperan-
ça (Sermig) e está no Brasil desde 2005.
À reportagem, ele contou que em sua 13ª
edição, a “Leitura Contínua da Palavra”
é um encontro de comunhão e escuta
atenta da Palavra de Deus. “Ler os textos
da Bíblia é dar voz à Palavra no mundo
de hoje. São tantas realidades gritantes à
nossa volta e essa atividade reúne mora-
dores de rua, bispos, padres, religiosos,
autoridades civis e personalidades, to-
dos sedentos dos ensinamentos bíblicos”,
mencionou.
“Nosso objetivo é incentivar a leitura
das Sagradas Escrituras, uma oportuni-
dade aos fiéis para lerem a Bíblia inteira.
Um momento de encontro com o Se-
nhor reunidos em comunidade para a
proclamação e escuta da Palavra”, frisou
o Sacerdote.
A 13a “Leitura Contínua da Palavra”
ocorrerá em 22 de setembro, a partir das
19h, na sede do Arsenal da Esperança
(Rua Dr. Almeida Lima, 900, na Mooca).
DICAS PARA CULTIVAR O HÁBITO
DA LEITURA DIÁRIA DA BÍBLIA
 stabeleça um horário e seja
E
fiel, se for preciso coloque
lembretes ou o despertador
para não esquecer;
Leia com atenção e medite
cada palavra e versículo,
buscando um propósito à luz
da Palavra para bem viver
seu dia;
Deixe a Bíblia em um local
visível e, se possível, prepare
um ambiente propício;
Organize sua rotina e fuja das
distrações, escolhendo um
lugar silencioso para a leitura;
Se algum dia não conseguir
ler, recomece no dia seguinte;
Chame alguém da família ou
um amigo para compartilhar
esse momento.

Como ler e compreender a Bíblia?
FERNANDO GERONAZZO individual ou comunitária. Além disso,
ESPECIAL PARA O SÃO PAULO os cursos bíblicos, grupos de oração e
círculos de leitura orante da Palavra são
Em setembro, a Igreja no Brasil co- outros meios eficazes para o aprofunda-
memora o Mês da Bíblia, com o objetivo mento dos ensinamentos da Bíblia.
de contribuir para o desenvolvimento
das diversas formas de presença da Sa- POR ONDE COMEÇAR?
grada Escritura na ação evangelizadora Para as pessoas que não sabem por
da Igreja, criar subsídios bíblicos nas di- onde começar a leitura, recomenda-se
ferentes formas de comunicação e facili- iniciar pelos Evangelhos. Uma manei-
tar o diálogo entre a Palavra, a pessoa e ra prática de fazer isso é reservar todos
as comunidades. os dias ao menos cinco ou dez minutos
A Bíblia Sagrada é o livro mais lido para ler os Evangelhos em sequência,
do planeta. Traduzida para cerca de 3 mil capítulo por capítulo, a fim de ter uma
idiomas, estima-se que quase 4 bilhões continuidade.
de exemplares tenham sido vendidos em A leitura bíblica a partir dos Evan-
todo o mundo. gelhos faz com que os demais livros do
Muitas pessoas afirmam ter dificul- Novo Testamento e os do Antigo Tes-
dade em ler e compreender as Escrituras, tamento sejam compreendidos à luz do
por não entender sua linguagem, sím- mistério de Jesus Cristo, aquele no qual
bolos e contextos. É por isso que a Igreja se cumpriu tudo aquilo predito pelos
apresenta caminhos e métodos para au- profetas.
xiliar os fiéis a terem uma íntima relação Há também métodos que recomen-
com a Palavra de Deus. dam que se inicie a leitura bíblica pela
A Igreja Católica indica a seus fiéis Primeira Carta de São João, porque é
que adquiram familiaridade com os tex- uma epístola que anuncia, de maneira
tos da Bíblia por meio da leitura diária clara, a mensagem da salvação. Depois,
Luciney Martins/O SÃO PAULO
nessa ordem, o Evangelho de São João, de
Marcos, as pequenas cartas de São Paulo,
o Evangelho de São Lucas, os Atos dos
Apóstolos, a Carta aos Romanos, o
Evangelho de São Mateus, a Pri-
meira e Segunda Carta aos Co-
ríntios, a Carta aos Hebreus, a
de São Tiago e as de Pedro, a Se-
gunda e Terceira Carta de João,
a de Judas e o Apocalipse.
Terminado o Novo Testamen-
to, parte-se para os livros do Antigo
Testamento, a começar pelos Salmos,
em seguida os demais livros em sua
ordem cronológica (veja o quadro)
LITURGIA
No entanto, é importante recordar que
o lugar por excelência da leitura da Pala-
vra de Deus é a liturgia. “Cada ação litúr-
gica está, por sua natureza, impregnada da
Sagrada Escritura”, ressaltou o Papa Bento
XVI na exortação apostólica pós-sinodal
SUGESTÃO DE LEITURA DOS LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO POR ORDEM CRONOLÓGICA
01. Gênesis 13. Miqueias 25. Neemias
02. Êxodo 14. Naum 26. Ageu
03. Números 15. Sofonias 27. Zacarias
04. Josué 16. Habacuc 28. Isaías (56-66)
05. Juízes 17. Jeremias 29. Malaquias
06. 1 Samuel 18. Lamentações 30. Joel
07. 2 Samuel 19. Ezequiel 31. Jonas
08. 1 Reis 20. Abdias 32. Rute
09. 2 Reis 21. Isaías (40-55) 33. Tobias
10. Amós 22. 1 Crônicas 34. Judite
11. Oseias 23. 2 Crônicas 35. Ester
12. Isaías (1-39) 24. Esdras 36. Eclesiástico
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Verbum Domini, sobre a Palavra de Deus
na vida e na missão da Igreja.
Na missa, por exemplo, além da li-
turgia da Palavra propriamente dita, na
qual são proclamadas as leituras bíblicas,
explicadas pela homilia, as orações, pre-
ces, antífonas, cantos e invocações têm
como fonte, em sua maioria, as leituras
bíblicas.
“Mais ainda, deve-se afirmar que o
próprio Cristo ‘está presente na sua Pa-
lavra, pois é Ele que fala ao ser lida na
Igreja a Sagrada Escritura’. Com efeito, ‘a
celebração litúrgica torna-se uma contí-
nua, plena e eficaz proclamação da Pa-
lavra de Deus. Por isso, constantemente
anunciada na liturgia, a Palavra de Deus
permanece viva e eficaz pela força do
Espírito Santo, e manifesta aquele amor
operante do Pai que não cessa jamais de
agir em favor de todos os homens”, subli-
nha a Verbum Domini, tomando como
referência a constituição Sacrosanctum
Concilium, do Concílio Vaticano II.
ANO LITÚRGICO
Ao longo do ciclo do ano litúrgico vi-
vido pela Igreja, os católicos perpassam
praticamente toda a Sagrada Escritura.
Para celebrar o mistério de Cristo pre-
sente na Palavra proclamada, as celebra-
ções dominicais foram divididas ao lon-
go de três anos litúrgicos, chamados de
Ano A, Ano B e Ano C.
São, portanto, três ciclos de leituras
para as liturgias dos domingos (Evange-
lho e demais livros do Antigo e do Novo
Testamento). No Ano A, é lido com maor
ênfase o Evangelho de Mateus; no Ano
B, o Evangelho de Marcos; e no Ano C,
o Evangelho de Lucas. O Evangelho de
João é reservado para ocasiões especiais,
principalmente festas e solenidades.
Já para os dias da semana, conheci-
dos como feriais, o Ano Litúrgico é divi-
dido em ano par e ano ímpar, de modo
que, especialmente no Tempo Comum,
a primeira leitura e o Salmo distribuem-
-se em dois ciclos que se alternam. Já os
Evangelhos das liturgias feriais são dis-
postos em um único ciclo que se repete
todos os anos.
Desse modo, se a pessoa participa de
todas as missas dominicais durante três
anos, vai ler o conjunto dos Evangelhos.
Já a pessoa que participa da missa de se-
gunda a sábado por dois anos, terá lido a
Bíblia inteira.
INTERPRETAÇÃO
A Constituição Dogmática Dei Ver-
bum, do Concílio Vaticano II, reafirma
37. Cântico
dos Cânticos
38. Jó
39. Eclesiastes
40. 1 Macabeus
41. 2 Macabeus
42. Baruc
43. Daniel
44. Sabedoria
45. Levítico
46. Deuteronômio
que a leitura adequada das Sagradas
Escrituras deve sempre ser feita à luz da
Tradição e do Magistério de Igreja, le-
vando-se em conta a coerência com as
verdades da fé.
Algo que pode ajudar a compreender
os textos bíblicos são as notas e comentá-
rios explicativos contidos nas bíblias ca-
tólicas. Há, ainda, diversos livros, muitos
deles escritos por santos e doutores da
Igreja, que comentam as Escrituras.
A Igreja também incentiva a promo-
ção de cursos bíblicos nas comunidades,
encontros de leitura comum das escritu-
ras e métodos de oração, como a Lectio
Divina, leitura orante da Bíblia.
INSPIRAÇÃO DIVINA
Outro aspecto que é preciso ter claro
para uma reta interpretação da Bíblia é
compreender que seus livros foram ins-
pirados por Deus.
“É importante que nós, ao lermos
a Bíblia, coloquemo-nos na presença
de Deus, façamos a oração ao Espírito
Santo, pedindo que Ele ilumine, oriente
a nossa leitura e compreensão da Pala-
vra de Deus”, enfatizou o Cardeal Odilo
Pedro Scherer, no programa “Encontro
com o Pastor” da terça-feira, 12, na rádio
9 de Julho, recordando que o Espírito
Santo, que inspirou os autores sagrados,
ajuda a compreender as Escrituras para
que se conheça a vontade de Deus para
o seu povo.
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Diariamente, no site do jornal O SÃO
PAULO, você pode acessar notícias
sobre a Igreja e a sociedade em São
Paulo, no Brasil e no mundo. A seguir,
algumas notícias e artigos publica-
dos recentemente.
Papa a jovens do Brasil:
continuem na missão com
ousadia e esperança, como
São José de Anchieta
https://curtlink.com/uXx4u5d
Francisco: a correção
fraterna sugere ajudar
o irmão no erro, com
gentileza e não fofoca
https://curtlink.com/vK3zci5
Dom Odilo: ‘Todos
têm o direito à pátria’
https://curtlink.com/dmu76GB
Inscrições ao Conselho
Municipal de Promoção
da Igualdade Racial
podem ser feitas até 01/10
https://curtlink.com/ix40YzO
Como a Igreja Católica
cuida dos lugares sagrados
da Terra Santa?
https://curtlink.com/olOIzPC
10 | Reportagem | 13 a 19 de setembro de 2023 | www.osaopaulo.org.br
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Terço do Homens comemora o seu dia

nacional com celebração na Praça da Sé Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

MILHARES DE FIÉIS
PARTICIPARAM DA
SANTA MISSA NA
CATEDRAL DE SÃO
PAULO E REZARAM O
TERÇO NA PRAÇA DA
SÉ. UM ANDOR COM
A IMAGEM DE NOSSA
SENHORA APARECIDA
FOI COLOCADO SOBRE
O MARCO ZERO
DA CIDADE

FERNANDO GERONAZZO
ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

A Catedral da Sé ficou lotada na

manhã do sábado, 9, para a celebração
que marcou a primeira comemoração
do Dia Nacional do Terço dos Homens.
A data foi instituía em abril, por meio
da Lei Federal 14.558/2023, fixada em 8
de setembro, dia em que, no calendário
litúrgico, se comemora a Natividade de
Nossa Senhora.
O evento reuniu cerca de 2 mil ho-
mens de grupos da Arquidiocese de
‘Cumprimento-os pelo testemunho corajoso de cada um de vocês, que não se esquecem dos ensinamentos da Mãe de Jesus’, diz Dom Rogério
São Paulo e de outras dioceses vizinhas.
A missa foi presidida por Dom Rogério
Augusto das Neves, Bispo Auxiliar da
Arquidiocese na Região Episcopal Sé,
que representou o Cardeal Odilo Pedro
Scherer, Arcebispo Metropolitano, que
estava em peregrinação à Terra Santa.
O Terço dos Homens é um movi-
mento nacional, em que grupos de ho-
mens se reúnem por todo o País para
rezar o Terço, geralmente uma vez por
semana. Um dos principais objetivos
desta iniciativa é resgatar a presença
masculina na Igreja. O movimento,
contudo, também fomenta a devoção
mariana nas famílias.
“O Terço dos Homens tem se mos-
trado cada vez mais um movimento
que toca o coração das pessoas e faz
com que outros que ainda não partici-
pam pensem na grande oportunidade
que têm de rezarem juntos pedindo a
intercessão da Mãe de Jesus”, afirmou
Dom Rogério, na homilia.
Recordando a passagem bíblica das
bodas de Caná, quando Jesus transfor-
mou a água em vinho, o Bispo frisou
que a intercessão de Nossa Senhora
naquela ocasião foi verdadeiramente
eficaz e, ainda hoje, os cristãos a ela re-
correm como poderosa intercessora.
EVANGELIZAÇÃO
“O que é o Terço senão um verda-
deiro ato de evangelização?”, sublinhou
Dom Rogério, afirmando que essa não
é apenas uma oração, mas, sim, “a pos-
sibilidade de as pessoas, por mais sim-
ples que sejam, percorrerem os princi-
pais mistérios da nossa salvação” sob a
proteção de Maria, que acompanhou os
passos de seu divino Filho, tornando-se
como que uma guia para que os cris-
tãos também percorram o caminho da
salvação.
“Por sua simplicidade, o Terço re-
aliza aquilo que o próprio Evangelho
anuncia”, completou o Bispo.
Por fim, Dom Rogério salientou que
a celebração do Dia Nacional do Ter-
ço dos Homens não tem o objetivo de
apenas mostrar a força de mobilização
do movimento, mas dar testemunho do
valor evangelizador da oração do Terço.
“Cumprimento-os todos pelo testemu-
nho corajoso de cada um de vocês, que
não se esquecem dos exemplos e ensi-
namentos da Mãe de Jesus”, concluiu.
ORAÇÃO PODEROSA
Após a missa, houve um momento
de meditação conduzido pelo Padre
Helmo César Faccioli, Auxiliar do Cura
da Catedral da Sé, que partiu das pa-
lavras de Santo Agostinho, que definia
a Virgem Maria como a “escada” que
liga o céu e a terra e trouxe Jesus para a
humanidade.
“Deus não resiste à multidão de
homens de joelhos, elevando as mãos
e pedindo a intercessão de Nossa Se-
nhora”, destacou o Sacerdote, afirman-
do que a oração do Terço é poderosa e
é inigualável, “pois é a oração que nos
leva a acolher dentro de nós o mistério
da salvação”, completou.
Em seguida, os fiéis se dirigiram
para a Praça da Sé, onde rezaram o Ter-
ço diante do Marco Zero da cidade.
Na conclusão do evento, por meio
de uma videomensagem, Dom Gil
Antônio Moreira, Arcebispo de Juiz
de Fora (MG) e Referencial da Confe-
rência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB) para o Terço dos Homens, sau-
dou os participantes do evento e enviou
a sua bênção.
“É um momento importante não só
para a Arquidiocese de São Paulo, para
o estado de São Paulo, como para o
Brasil inteiro”, afirmou Dom Gil, refor-
çando que esse movimento é uma for-
ma de propagar a devoção mariana do
Terço para os homens, famílias e comu-
nidades. “Você, homem, deve ser um
missionário de Jesus Cristo por meio
do Rosário da Virgem Maria”, manifes-
tou o Arcebispo, exortando os homens
e formarem grupos do movimento nas
paróquias e comunidades onde ainda
não exista.
INÍCIO DE UMA TRADIÇÃO
Em entrevista ao O SÃO PAULO,
Marcelo Saad, um dos organizado-
res do evento, agradeceu a adesão dos
grupos não apenas da Arquidiocese,
como de dioceses vizinhas da região
metropolitana.
“Nosso objetivo era louvar Nossa
Senhora e marcar esta data, para fa-
zer valer a lei que instituiu o Dia Na-
cional do Terço dos Homens. Nesse
sentido, esperamos que no próximo
ano ainda mais pessoas participem da
comemoração para, assim, criar uma
tradição”, afirmou.
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#TerçodosHomens

Adolfo Kolping e os testemunhos daqueles
que põem em prática a Doutrina Social da Igreja
Núcleo Fé e Cultura
da PUC-SP
Neste ano, a Obra Kolping, uma or-
ganização social católica fundada em
1849, na Alemanha, completa um
século de presença no Brasil. Esse
aniversário é uma boa ocasião para
um pequeno mergulho na história da
Doutrina Social da Igreja. Adolfo Kol-
ping (1813-1865), beatificado por São
João Paulo II em 1991, fundador da
organização, foi um sacerdote alemão
que se dedicou à questão social e, par-
ticularmente, à condição dos operários
no contexto do capitalismo industrial
do século XIX. Apesar (ou, talvez, exa-
tamente em função) das imensas mu-
danças da economia, da política e das
condições laborais desde esse período,
podemos – nesse mergulho – nos dar
conta daquilo que é perene no ensina-
mento social católico, tal como, espe-
ramos, se torna claro nos artigos deste
Caderno Fé e Cidadania.
Para começar, percebemos que a
Doutrina Social da Igreja não é uma
teoria abstrata, nascida de algumas
mentes – quiçá até santas e geniais,
mas descoladas do mundo real. Pelo
contrário, é o fruto da experiência
concreta de tantos cristãos que, ao
longo da história, dão sua vida pelo
bem dos irmãos, particularmente da-
queles que mais sofrem, um diálogo
entre a reflexão teológica e os desafios
e experiências dos cristãos engajados
na construção do bem comum. Ve-
mos que, quando o Papa Leão XIII
escreveu sua Rerum Novarum - sobre
a condição dos operários (1891), esta-
Edição 09 Use o QRCode
13 de setembro de 2023 para acessar
o Caderno
Cultural na
Internet, com
mais artigos e
links citados.
Quando acompanhamos a história de testemunhos dos de pessoas preparadas e comprome-
cristãos comprometidos com a questão social, como foi o tidas com um futuro melhor para si e
para toda a sociedade. Daí, em segun-
Beato Kolping, compreendemos as palavras de São João
do lugar, o eterno retorno ao tema da
Paulo II: “A Igreja considera sua tarefa fazer com que sejam família, fundamental para o desenvol-
sempre tidos presentes a dignidade e os direitos dos homens vimento da pessoa. E, por último, a
do trabalho, estigmatizar as situações em que são violados criação de obras sociais que permitam
e contribuir para orientar as aludidas mutações, para que o desabrochar do novo a partir do pro-
tagonismo da pessoa e da comunidade
se torne realidade um progresso autêntico do homem e
em que está inserida.
da sociedade” (Laborem exercens, LE 1). Trata-se de um O Papa Bento XVI, em pleno século
compromisso ético, pois “todos os compromissos decorrentes XXI, observou: “Os atores e as causas
da doutrina social da Igreja derivam da caridade que é – tanto do subdesenvolvimento quan-
como ensinou Jesus – a síntese de toda a Lei (cf. Mt 22, 36- to do desenvolvimento são múltiplos,
as culpas e os méritos são diferencia-
40)”, como lembra o Papa Francisco (Fratelli tutti, FT 181),
dos. Este dado deveria induzir-nos
citando Bento XVI (Caritas in veritate, CV 2). a libertarmo-nos das ideologias que
simplificam, de forma frequentemen-
te artificiosa, a realidade, e levar-nos
a examinar com objetividade a con-
va já amparado por uma longa histó- tem esses anseios em seu coração e, se sistência humana dos problemas [...]
ria de lutas sociais e reflexões levadas honesto consigo mesmo, se esforçará Continua ‘o escândalo de despropor-
adiante pelos católicos, motivados para realizá-los. Contudo, essa “gen- ções revoltantes’ (Populorum progres-
pela difícil condição de vida dos tra- te da Igreja” se compromete a partir sio, PP 9). Infelizmente, a corrupção
balhadores daquela época. de seu encontro com Cristo, que lhes e a ilegalidade estão presentes tanto no
Esses cristãos são “gente de Igreja”, desperta aquilo que têm de mais pro- comportamento de sujeitos econômi-
não por viverem enfurnados nos tem- fundo e verdadeiro – e isso se manifes- cos e políticos dos países ricos, antigos
plos e nas sacristias, mas, sim, porque, ta em algumas posições e em alguns e novos, quanto nos próprios países
pelo contrário, estão o tempo todo no momentos, não como pretensão ou pobres. No número de quantos não
mundo, motivados pela experiência sectarismo, mas como convite a uma respeitam os direitos humanos dos tra-
do encontro com Cristo que os leva a humanidade mais alargada. balhadores, contam-se às vezes grandes
amar seus irmãos, lutar por justiça e Entre essas posições “característi- empresas transnacionais e também
construir o bem comum. Os princípios cas” da experiência cristã, podemos grupos de produção local” (CV 22).
da Doutrina Social da Igreja não são salientar três, bem ilustradas pelo teste- Que nós também possamos estar a
confessionais. Uma pessoa não precisa munho do Padre Kolping. Em primei- altura do testemunho de pessoas como
ser católica para lutar pela justiça, de- ro lugar, a dedicação à promoção hu- Adolfo Kolping, comprometendo-nos
fender a família, amparar os pobres e mana, pois os cristãos acreditam que a com a dignidade de nossos irmãos e
os fracos. Em teoria, todo ser humano transformação das estruturas depende com a construção do bem comum.
2| Fé e Cidadania | 13 de setembro de 2023
Os católicos e o movimento operário no século XIX
Marli Pirozelli N. Silva*
Muito antes da publicação da encícli-
ca Rerum Novarum do Papa Leão XIII
(1891), leigos e sacerdotes posiciona-
ram-se contra as condições desumanas
do trabalho dos operários já no sécu-
lo XIX. Por meio de artigos, debates e
atuação política e sindical, propunham
soluções práticas, inspiradas na con-
cepção cristã de homem e sociedade,
tais como medidas de assistência para
os mais pobres, acesso à educação e
intervenções do Estado para garantir
direitos aos operários. Na França, La-
mennais (1782-1854), nove anos antes
do Manifesto Comunista, identificou
a desigualdade como o principal pro-
blema da nascente economia capita-
lista, pois reduzia o homem “alienado
de sua personalidade” a um novo tipo
de escravidão, causando a miséria dos
operários; e Villeneuve-Bargemon
(1784-1850) apontava a necessidade
de repartir a riqueza produzida, sendo
o primeiro a definir os elementos da
justiça social, chegando a propor um
salário-mínimo. Frederico Ozanam
(1813-1853), talvez o mais conhecido
entre esses cristãos franceses, uniu re-
flexão e ação, fundando as Conferên-
cias de São Vicente de Paulo, movi-
mento que ainda hoje reúne milhares
de pessoas dedicadas aos pobres. Na
Alemanha, a atuação do bispo Von
Ketteler (1811-1877), assumindo pu-
blicamente a defesa dos operários, e de
Adolfo Kolping (1813-1865), criando
a “Associação dos Jovens Aprendizes”,
O posicionamento do Beato Adolfo Kolping sobre a questão social
Pe. Luiz Roberto
de Andrade Souza*
Diante dos desafios encontrados na
turbulência social do século XIX, na
Alemanha, o Bem-aventurado Adolfo
Kolping apresenta três respostas, de-
senvolvidas gradativamente ao longo
de sua vida, que, para ele, representa-
vam a solução efetiva para a questão
social não só do seu tempo, mas de
todos os tempos, pois atuam direta-
mente nas causas dos problemas e não
apenas nos seus sintomas.
1) 
O amor cristão. Kolping acredi-
tava que a miséria poderia ser su-
perada com a prática da autêntica
caridade cristã, e, por isso afirmava
que “Quanto mais espírito cristão
houver, menos miséria haverá;
pois a miséria só se instala por-
que os homens não são melhores
cristãos”. Logo, para ele, todo mal
existente tem uma relação direta
com o pecado e ignorar esse fato
era também ignorar a fonte dos
problemas, e por isso escreveu “(...)
a questão social é ainda a questão
em torno da miséria que se tornou
imensa e dizemos coerentemen-
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www.osaopaulo.org.br/fe-cidadania
O século XIX foi um período de intensa agitação política: incentivaram a organização dos traba-
revoluções, revoltas populares, lutas sindicais, embates lhadores. Em 1865, já havia 318 “Asso-
ciações Kolping”, com 24 mil membros
ideológicos entre teorias socialistas e propostas reformistas
na Alemanha.
sacudiram a Europa e os Estados Unidos. A industrialização Atento às transformações geradas
havia introduzido uma nova dinâmica econômica, que pela Revolução Industrial, Leão XIII
mudaria para sempre as relações de trabalho e a vida cotidiana tratou da questão social desde o iní-
dos trabalhadores. Antigos saberes, formas de trabalho e cio de seu pontificado (1810-1903),
publicando a Rerum Novarum - sobre
associação foram definitivamente abandonados e os efeitos
a condição dos operários (1891). Suas
deste processo não tardaram a surgir. Entre eles, uma classe reflexões sobre a natureza do Estado,
operária miserável, sem direitos trabalhistas, submetida socialismo e liberalismo lançaram as
a condições desumanas (longas jornadas, salários baixos, bases teológicas e filosóficas da vida
insalubridade, trabalho infantil), sujeita a doenças e acidentes, política e social que iriam orientar a
Doutrina Social da Igreja, dando iní-
vivendo em moradias precárias.
cio a um conjunto doutrinário que
continua a desenvolver-se, oferecendo
Domínio público/Reprodução uma orientação segura para a atuação
dos cristãos a partir do Evangelho.
Ainda que muitas soluções propos-
tas nesse período sejam fruto da épo-
ca, esses cristãos, com suas reflexões e
suas lutas, deixaram claro que a pessoa
é o centro de toda a vida econômica e
social. Assim como eles procuraram
responder aos desafios da sociedade
industrial, também somos chamados a
enfrentar os desafios de um mundo em
contínua mudança, para que o anúncio
de Cristo penetre todas as estruturas
econômicas e sociais e ninguém seja
deixado caído ao largo do caminho (cf.
Fratelli tutti, FT 68).
* Professora universitária de Doutrina Social da
Igreja, com especialização em Doutrina Social
(PUC-Goiás), graduação em História e mestrado
em Filosofia da Educação, ambos pela USP.
Para Adolfo Kolping, a mudança social passa pela mudança propiciar-lhes uma formação me-
do homem por meio da reforma na vida espiritual e moral, lhor do que aquela que o opositor
poderia ou conseguiria oferecer”.
levando à verdadeira caridade cristã; promovendo e apoiando
o autodesenvolvimento da pessoa, fortalecendo sua família, 3) Política social dirigida. Para além
comunidade e grupos organizados. Por fim, a mudança da caridade individual e de uma
passa por uma política social autenticamente cristã, em que o ação coordenada pela organização
Estado será capaz de promover leis que conduzam de grupos intermediários, como
fez com sua associação, Padre
a sociedade a um verdadeiro bem comum.
Adolfo Kolping também enfatizou
a importância de ações políticas
de Estado, portanto, amparadas
te quanto a isto que é também a para a profissão e para a vida, por leis, para que a questão social
questão em torno do pecado, que de modo que conquistassem pudesse ser efetivamente solucio-
se tornou imenso também...”. Com autonomia para dirigir suas vi- nada. Sobre as injustiças praticadas
isso, a caridade cristã deveria aju- das e suas famílias dignamente, no mundo do trabalho, manifestou
dar a solucionar os problemas ma- e colaborassem com o bem co- que “tais questões não são solucio-
teriais dos necessitados, mas não mum na dimensão político-so- nadas com graça e piedade, mas
podia perder a dimensão da fé, da cial com seus dons, virtudes e com justiça; a vida social, em todas
evangelização, para que também a conhecimentos adquiridos ao as suas ramificações, baseia-se no
miséria do pecado fosse superada. longo de sua trajetória formativa. direito correto e, por isso cristão, e
Percebendo o quanto o contexto deve ser protegida e garantida por
2) Ajuda para a autoajuda. Além ideológico da época (como tam- lei”. Assim, deixava claro que a po-
da dimensão espiritual que for- bém o de hoje) afastava os jovens lítica social deveria ser orientada
ja a vida moral, é necessário o de uma posição humana e cristã pelos valores cristãos e, portanto,
encaminhamento a uma vida de justa, Kolping comentou: “(...) De- havia a necessidade do engajamen-
virtudes por meio da formação e vemos dobrar nossas preocupações to destes e até o posicionamento
do trabalho. “Ajude a construir e esforços na educação e orientação ativo da Igreja em determinadas
um futuro melhor, ajudando a dos nossos jovens aprendizes (...) A situações político-sociais.
educar”, dizia. E sua Associação Associação tem a tarefa que lhe foi
serviu a esse objetivo, buscando passada por Deus, de assegurar aos *V
 ice-Assistente Eclesiástico Nacional
da KOLPING BRASIL e Pároco na
educar os jovens trabalhadores jovens (...) a proteção necessária e Diocese de Osasco - SP
 www.arquisp.org.br
www.osaopaulo.org.br/fe-cidadania | 13 de setembro de 2023 | Fé e Cidadania | 3

Beato Kolping, precursor da Doutrina

Social da Igreja: uma homilia de São João Paulo II
Adolfo Kolping, no século XIX, lançou a grande
luz do Evangelho sobre a sempre difícil questão
da justiça social nas relações recíprocas entre tra-
balho e capital. A beatificação de Adolfo Kolping,
no ano da celebração do centésimo aniversário
da encíclica Rerum Novarum, adquire um signi-
ficado particularmente eloquente. Ele procurou
sacudir a indolência dos cristãos e lembrá-los de
suas responsabilidades para com o mundo [...]
Os lugares em que a responsabilidade humana e
cristã deve ser exercida são, para ele: a família, a
Igreja, o trabalho e a política.
A Família é a primeira e mais natural comunidade
da vida. Nenhum homem vem ao mundo sozi-
nho: seu pai e sua mãe lhe dão a vida. Uma crian-
ça precisa de família, precisa de amigos e parentes
para ajudá-la a estabelecer relações com o mundo
ao seu redor. Adolfo Kolping escreve: “A primei-
ra coisa que o homem encontra na vida, a últi-
ma coisa que alcança e a coisa mais preciosa que
possui, mesmo quando não a aprecia, é a vida fa-
miliar” [...] É o lugar em que pode ter as suas pri-
meiras experiências de vida e de fé, para poder, a
partir desse fundamento, viver suas experiências
posteriores de fé no mundo. No entanto, ele esta-
va ciente das ameaças às famílias e de suas falhas.
Por isso, deu tanto valor à santificação da família
[...] Se a família permanecer saudável, uma socie-
dade doente também pode se recuperar. Mas se
as famílias estão doentes, a sociedade como um
todo está seriamente ameaçada [...]
A Igreja é o lugar em que o homem escuta a Pa-
lavra de Deus, que o orienta em todas as suas ta-
refas, e na qual ele se aproxima dos sacramentos
No centésimo aniversário da
Rerum Novarum, São João
Paulo II beatificou Adolfo
Kolping, mostrando como ele
foi um precursor, na prática,
do que entendemos hoje por
Doutrina Social da Igreja,
conforme observa São João
Paulo II. A seguir, principais
trechos de sua homilia na
missa pela sua beatificação,
em 27 de outubro de 1991.
que lhe dão força para cumprir essas tarefas. Tudo
o que a Igreja tem, ela recebeu de Jesus Cristo. Ela
tem tudo isso não para si, mas para a humanida-
de. Na Igreja, encontramos Cristo e, ao mesmo
tempo, a nossa vocação no mundo [...] Adolfo
Kolping voltou-se sobretudo para os explorados
e os fracos. Depois, foram os artesãos e os ope-
rários. O seu compromisso social, baseado na fé,
deu-lhe forças para trabalhar a serviço do próxi-
mo, trazendo-lhe assim a fé na amizade que Deus
tem pelo homem. Ele uniu artesãos e trabalha-
dores, superando o isolamento e a resignação. A
comunidade na fé deu-lhes a força para enfrentar
a vida cotidiana, como testemunhas de Cristo pe-
rante o mundo. Unirmo-nos na dispersão e tirar-
mos forças da unidade foi e continua a ser, ainda
hoje, a nossa tarefa. Somos cristãos não só para
nós mesmos, mas ainda mais para os outros [...]
Trabalho. As sombras da injustiça, da exploração,
do ódio e da humilhação dominaram a situação
dos artesãos e operários do século XIX. Adolfo
Kolping estava, antes de tudo, do lado das pessoas.
Não foram as estruturas que tiveram de ser mu-
dadas primeiro, mas as pessoas. Inspirado pela fé
em Deus, que deseja a felicidade de todos, iniciou
um trabalho paciente de educação. Com palavras
e escritos, por meio de planejamentos e ações bem
pensadas, procurou com seus colaboradores dar
espaço e voz ao Evangelho do trabalho, que se tor-
nou, para Kolping e sua obra, o campo de atuação
para um Cristianismo cada vez mais próximo do
mundo dos trabalhadores. Com suas ideias, ele
abriu caminho e foi o precursor das grandes en-
cíclicas sociais que, iniciadas com a Rerum Nova-
rum (1891), encontraram uma expressão significa-
tiva com Centesimus Annus (1991) [...]
Política. O fato de assumir a responsabilidade
para com a sociedade e a comunidade dos ho-
mens foi para Kolping uma consequência do
Evangelho. “Depende de nosso cristianismo
ativo”, escreveu Kolping, “se o mundo retorna à
ordem cristã. Agora, não devemos limitar esse
cristianismo ativo apenas às paredes das igrejas
ou aos quartos dos doentes ou às nossas esferas
familiares, mas devemos trazê-lo para a vida co-
tidiana”. Por isso, preparou e incentivou os ami-
gos a assumirem a responsabilidade na política e
na sociedade. Os cristãos não devem recuar, mas
têm o seu papel e a sua tarefa indispensável no
mundo do trabalho e em posições de liderança na
política. Sabia que: “A Igreja não pode e não deve
negligenciar a questão social [...] Ela deve partici-
par da vida civil e não deve temer a batalha.”

A espiritualidade do Beato Adolfo Kolping

João Ederson
de Oliveira e Silva*

Fundador de uma associação católica
de trabalhadores no século XIX que
produz frutos até hoje, em mais de 60
países, com mais de 400 mil mem-
bros, tornando-se uma das maiores
associações católicas do mundo, o
Beato Adolfo Kolping viveu uma es-
piritualidade profunda e muito con-
creta que, por sua força, ainda é a
base fundamental de sustentação da
Kolping em nossos dias.
Ao ser beatificado em 1991 pelo
Papa João Paulo II, o Padre Adolfo
Kolping nos é apresentado pela Igreja
como um modelo de vida espiritual,
bem como um homem que irradia e
marca uma espiritualidade própria.
Sua vida, caminho, pensamentos e
obra são mais bem entendidos ao se
conhecer a sua concepção de Deus e
do homem. Sua preocupação pelo ser
humano se funda tanto na fé quanto
no respeito à dignidade do homem,
imagem de Deus.
A vida espiritual do Beato foi ca-
racterizada por três atitudes testemu-
nhadas em seu percurso:
1. Sua relação pessoal e íntima com
Exemplo de compromisso social cristão e de vida na fé, o Beato doutrina, na obediência e admiração
Adolfo Kolping teve uma espiritualidade profunda, extraindo filial ao Papa, a ponto de se emocio-
nar numa audiência privada com Sua
da vida de oração, dos sacramentos e da contemplação as
Santidade, e, sobretudo, na defesa da
graças espirituais necessárias para dar respostas concretas aos fé por meio de suas exortações que
problemas sociais enfrentados, levando ao homem condições denunciavam as injustiças e erros de
para assegurar o desenvolvimento humano integral em todas seu tempo, convertendo muitas pes-
as suas dimensões, tanto material e socialmente, quanto soas à fé da Igreja.
Destas três atitudes do Beato re-
espiritualmente.
sulta: sua grande estima pela família
cristã, célula primeira da sociedade
Cristo, manifestada em diversas situ- Deus, que o tornou um devoto da Di- que deveria ser protegida e promo-
ações durante a vida. Ainda quando vina Providência. Com atos de fé explí- vida; sua proximidade compreensiva
estudante, escreveu: “Agora sou noivo citos, ele conquistava os objetivos tra- com seus irmãos e seu trato fraternal
de Deus, entreguei-me totalmente a çados para sua associação e motivava com eles; sua preocupação com os
Ele, e isso me faz tanto bem, eleva-me muitas outras pessoas a se unirem em mais necessitados e marginalizados;
de maneira tão inefável, que eu não torno daquela missão. Inclusive, em sua profunda sensibilidade com a
trocaria por nada neste mundo.”. certa ocasião, quando foi questiona- vida profissional e o mundo do traba-
Para ele, o amor a Cristo é indis- do por um sacerdote pelo fato de não lho; seu compromisso sociopolítico.
sociável do amor ao próximo; por haver recursos disponíveis para levar a Sobre este último ponto, dizia: “A
isso dizia: “Onde há amor, ele deve cabo os serviços sociais almejados, ele Igreja não pode nem deve afastar-se
aparecer em todas as situações da apenas respondeu “se não houver fé dos problemas sociais. Não deve dei-
vida, estende-se ao homem integral, nesta casa, eu vou embora!”; resposta xar a vida secular nas mãos dos inimi-
não só na salvação eterna, mas no seu que constrangeu e convenceu aquele gos. Ela deve entrar em cheio na vida
bem-estar social. Por meio do amor Padre a abraçar sua obra. e não vacilar diante dos inimigos”.
ao próximo é que se manifesta a se- 3. Seu amor à Igreja, manifestada
melhança com Deus”. pelo zelo na administração dos sa- * A
 dministrador com MBA em Gestão
Estratégica e Econômica de Negócios, Diretor
2. Sua confiança inquebrantável em cramentos, no dedicado ensino da Executivo Nacional da KOLPING BRASIL.
4| Fé e Cidadania | 13 de setembro de 2023
O trabalho da Kolping no Brasil
A Kolping Brasil conta com
166 unidades, presentes em
110 municípios, de 18 estados.
São 4,8 mil associados e 626
voluntários trabalhando em
programas e projetos, com mais
de 1 milhão de atendimentos,
beneficiando 398 mil pessoas,
sendo 153 mil diretamente e
245 mil indiretamente
Sinésio Luiz Antonio*
A KOLPING BRASIL é uma associa-
ção católica sem fins lucrativos que
atua na superação da pobreza, por
meio de formação e trabalho. Com a
abertura de sua primeira unidade no
Brasil em 1923, neste ano completou
um século de atuação no País. Traba-
lha em duas dimensões: comunitária e
social. Na vida comunitária, promove
a experiência do encontro, da partilha,
das atividades em comum que visam a
desenvolver os associados por meio de
formações, retiros, encontros, ativida-
des recreativas, culturais e esportivas
para cultivar o amor fraterno e a experi-
ência da vida em comunidade; Na vida
social, realiza projetos e ações sociais
que visam a resolver crises, misérias
e dramas na vida de pessoas em situ-
ação de risco e vulnerabilidade social.
Sua atuação se dá com o trabalho
de pessoas engajadas nas Comunida-
des Kolping, muitas atuando de ma-
neira voluntária. Elas identificam as
principais necessidades sociais de sua
localidade e desenvolvem projetos
com impacto transformador. O envol-
vimento da comunidade local na solu-
ção de seus próprios problemas sociais
faz com que os projetos tenham uma
identidade própria que consegue valo-
rizar a cultura regional promovendo o
protagonismo da população envolvida.
Todos os projetos realizados no país
fazem parte dos 5 programas sociais da
KOLPING BRASIL:
1. 
Programa de Desenvolvimento de
Crianças e Adolescentes: desenvol-
ve projetos de creches, contraturno
escolar e fortalecimento de vínculos
familiares, criando alternativas para
colaborar com a diminuição da de-
sigualdade social, garantindo um
desenvolvimento digno para essas
crianças e jovens. Este programa é
fundamental para que tenham menor
risco e vulnerabilidade social, trans-
formando suas vidas e de suas famílias.
2. Programa de Formação de Jovens
e Adultos e Empreendedorismo:
desenvolve projetos de formação
profissional, geração de trabalho
e renda, alfabetização de jovens e
adultos, intercâmbio cultural, em-
preendedorismo e desenvolvimento
de trabalhadores autônomos, garan-
tindo um desenvolvimento digno
para esses jovens e adultos. O traba-
lho gera oportunidade de superação
da pobreza e de todos os males que
| www.arquisp.org.br
www.osaopaulo.org.br/fe-cidadania
Fotos: Obra Kolping/Divulgação
a acompanham. Por meio dele, mui- tam e armazenam água captada das deficiência, promoção de pesso-
tas famílias elevam sua condição de chuvas. As famílias recebem forma- as da terceira idade, assistência
vida no aspecto econômico, mate- ção para armazenar, tratar e utilizar emergencial e projetos voltados às
rial e, principalmente, recuperam a a água de maneira sustentável. Tam- mulheres, garantindo um desen-
dignidade e autoestima que haviam bém são produzidas hortas e ensi- volvimento digno às famílias. Esses
perdido. nadas técnicas de aquisição, repro- projetos têm o objetivo de fortale-
dução e venda de animais, produção cer a função protetiva da família
3. Programa de Combate à Fome e à de artesanatos e produtos caseiros, e e seus membros, que estão em si-
Seca: desenvolve projetos de agri- desenvolvimento de pequenos em- tuação de risco e vulnerabilidade,
cultura e pecuária familiar, tração e preendimentos produtivos. fornecendo atendimento socioa-
reprodução animal, armazenamen- ssistencial quando necessário, vi-
to e manejo sustentável da água, 4. 
Programa de Promoção Integral sando a potencializar a autonomia
garantindo a convivência digna no da Família: desenvolve projetos e o protagonismo dos indivíduos,
semiárido. Por meio deste programa de apoio psicossocial, apoio à mo- contribuindo, dessa forma, para a
são construídas cisternas que cole- radia, assistência a pessoas com melhoria da qualidade de vida da
família e da sociedade como um
todo.
PARA SABER MAIS SOBRE A KOLPING 5. 
Programa de Desenvolvimento
Acesse: Comunitário: viabiliza a estrutura
https://kolping.org.br/ necessária à realização dos projetos
sociais, como: capacitação de lide-
Siga suas redes sociais! ranças, formação associativa e socio-
https://www.instagram.com/kolpingbrasil_/ política, aquisição de equipamentos,
https://www.facebook.com/kolping.brasil/ reforma ou construção de unidades,
https://www.youtube.com/channel/UC-54eJvnlS-xm_MTtefLjWw negócios sustentáveis, realização de
https://twitter.com/kolpingbrasil eventos, investimento em pessoas,
https://www.linkedin.com/company/obra-kolping-do-brasil/ materiais de comunicação e despe-
sas de suporte aos projetos sociais. É
por meio dessas ações de formação
e convivência para os associados e
O DESEJO DE ADOLFO KOLPING líderes Kolping que é possível mobi-
Seu fundador deixou como finalidade da Associação que cada lizar pessoas para a causa da supe-
membro se torne: ração da pobreza, fazendo com que
Um cristão autêntico: Por meio da vida de oração, dos sacra- a ação social da Kolping aconteça
mentos e sincera busca da santidade; efetivamente, transformando as re-
Um trabalhador competente: Concebendo o trabalho como voca- alidades sociais.
ção e as habilidades como dons que Deus ofereceu gratuitamen-
te como meios de santificação, portanto, devendo ser excelentes Os princípios pelos quais os pro-
no que fizerem; gramas e projetos devem acontecer es-
Uma pessoa criativa e recreativa: Utilizando o tempo livre para tão alicerçados em 3 fundamentos que
realizar atividades culturais, esportivas e recreativas para fortale- são: A pessoa e o Evangelho de Jesus
cer o vínculo e amor fraterno entre as pessoas; Cristo; a Doutrina Social da Igreja; a
Um membro de família responsável: Exercendo amor e virtudes vida e obra do Beato Adolfo Kolping.
na vida familiar para que elas sejam sólidas e estruturadas; Assim, toda ação da Kolping é orienta-
Um cidadão consciente e comprometido: Não sendo indiferente da por princípios seguros que condu-
aos problemas sociopolíticos de seu tempo, mas sendo parte zem a pessoa humana em direção ao
da solução de acordo com sua vocação específica, trabalhan- bem comum.
do para que as verdades do Evangelho penetrem em todas as
estruturas da sociedade. * Advogado, Vice-Presidente da OAB Carapicuíba
(SP) e Presidente Nacional da KOLPING BRASIL.

Despertar Deus na alma das pessoas:
‘Esta é a revolução franciscana’
FERNANDO GERONAZZO
ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
O historiador Marco Bartoli, um
dos maiores especialistas na vida e obra
de São Francisco e Santa Clara de Assis,
esteve no Brasil em agosto para uma sé-
rie de conferências para os membros da
Ordem dos Frades Menores, por ocasião
dos 800 anos de dois marcos da vida
franciscana: a aprovação do Regra de
São Francisco pelo Papa Honório III; e
a realização do primeiro presépio da his-
tória, quando, no Natal de 1223, na ci-
dade de Greccio, na Itália, São Francisco
organizou uma encenação da natividade
de Jesus, que, aos poucos, foi propagada
em todo o mundo.
Professor associado de História Me-
dieval na Livre Universidade de Maria
Santíssima Assunta (Lumsa), em Roma,
professor de História do Franciscanismo
na Pontifícia Universidade Antonianum
e membro do comitê científico da So-
ciedade Internacional de Estudos Fran-
ciscanos de Assis, Bartoli é conhecido,
sobretudo, por sua biografia de Clara de
Assis (1989) e pelas edições críticas de
textos sobre o Santo de Assis.
Em entrevista ao O SÃO PAULO, o
historiador, que também é membro da
comunidade católica Sant’Egídio, cuja
espiritualidade e missão se inspira em
São Francisco, falou sobre aspectos da
espiritualidade franciscana que ajudam a
compreender como o frade de uma das
primeiras ordens mendicantes revolu-
cionou a Igreja e a sociedade com o tes-
temunho da radicalidade do Evangelho.
O SÃO PAULO – Quando despertou o in-
teresse do senhor pelo estudo de São
Francisco e Santa Clara de Assis?
Marco Bartoli – Desde muito jo-
vem, eu participei dos primeiros anos da
comunidade de Sant’Egídio, isto é, um
movimento que nasceu em 1968, logo
depois do Concílio Vaticano II, cujo
propósito era viver o Evangelho e criar
uma amizade com os mais pobres. En-
tão, Francisco se tornou imediatamente
um modelo importante, seja pela escuta
e vivência do Evangelho, seja pela ami-
zade com os pobres. Depois, quando
cheguei à universidade, em Roma, havia
um grande historiador chamado Raoul
Manselli (1917-1984), que estudava São
Francisco. Então, pedi-lhe que eu pudes-
se fazer a minha tese sobre Santa Clara.
Foi aí que tudo começou.
Quais são aspectos que o senhor consi-
dera essenciais para quem deseja co-
nhecer em profundidade São Francisco?
Há muitos aspectos interessantes.
Mas penso que um chama a atenção: é
quando, por exemplo, Francisco disse
As opiniões expressas na seção “Com a Palavra” são de responsabilidade do entrevistado e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do jornal O SÃO PAULO.
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Marco Bartoli
que tudo começou para ele no encon-
tro com os leprosos, ao afirmar: ‘Foi o
Senhor que me conduziu para o meio
deles’. Só que isso ele constatou apenas
no fim de sua vida, quando escreveu o
seu testamento. Quando era jovem, ain-
da não compreendia a ação de Deus. Ele
disse que após ter cuidado, agir com mi-
sericórdia com esses leprosos, o que lhe
parecia amargo tornou-se doce para o
corpo e para a alma. Antes, havia uma
simples presença no meio deles, quando
fazia algo de bom, como se a misericór-
dia não fosse um sentimento, mas algo
prático. Depois, com o tempo, tomou
consciência de que era o Senhor que o
conduzia. Isso nos faz pensar que, tantas
vezes, nós pensamos que primeiro preci-
samos nos tornar bons cristãos para de-
pois fazer o bem aos outros. Nem sem-
pre é assim. Com Francisco, penso que
foi o contrário: fazer o bem o conduziu
a perceber o sentimento de Deus. Dize-
mos que a caridade precedeu a fé.
Qual foi o papel de Santa Clara no
franciscanismo?
Antes de tudo, precisamos dizer que
Clara sobreviveu 27 anos após a morte
de Francisco. Anos nos quais não foi fá-
cil manter-se fiel ao espírito original da
obra de Francisco. Clara, portanto, foi a
maior amiga de toda a primeira geração
de frades franciscanos. É dela a origem
de tantos relatos que hoje consideramos
importantes para conhecermos Fran-
| 13 a 19 de setembro de 2023 | Com a Palavra | 11
Luciney Martins/O SÃO PAULO
cisco. Por exemplo, quem contou a his-
tória do “cântico do irmão sol” foi ela,
pois isso aconteceu no convento de São
Damião [onde ela vivia]. Se nós conhe-
cemos Francisco hoje é graças a Clara.
Normalmente se pensa o contrário,
que para conhecê-la é preciso conhecer
Francisco. No entanto, historicamente,
foi Clara que nos transmitiu a memória
de Francisco.
Qual foi o impacto de São Francisco no
contexto eclesial, social e cultural em
que viveu?
A sociedade da Idade Média era cris-
tã. Mas, como disse Tomás de Celano
[frade contemporâneo de Francisco e
seu primeiro biógrafo], quando fala do
presépio de Greccio, Deus estava como
que “dormindo” nos corações de tantas
pessoas. Francisco, com aquele gesto,
despertou Jesus no coração dos homens
e das mulheres. Isso eu penso que seja
algo incrível e muito importante: dizer
que o Evangelho pode despertar Deus
nas almas das pessoas. Esta é a revolução
franciscana.
O senhor disse que a Comunidade
Sant’Egídio se inspira no exemplo de
Francisco. Pode falar um pouco sobre
esse movimento?
A Comunidade Sant’Egídio nasceu
como um pequeno grupo de amigos,
que escolheram viver o Evangelho na
amizade entre si e com os mais pobres,
porque no Evangelho está escrito: “Tudo
o que fizerdes a um destes meus irmãos
mais pequeninos, é a mim que o fazeis”
(cf. Mt 25,34-46). E isso continuamos a
buscar. Aqui em São Paulo, existe um
pequeno grupo que atua, por exemplo,
na Paróquia São Vito Mártir [no Brás].
Lá, os membros da comunidade não
apenas realizam um trabalho social, mas
buscam fazer amizade com os mais po-
bres. A entrega de alimentos é como que
a chave de entrada para permitir uma
verdadeira amizade com as pessoas e fa-
zer renascer nelas a esperança. O mesmo
fazem, por exemplo, os nossos irmãos na
Ucrânia, onde, apesar da guerra, conti-
nuam a apoiar as pessoas em situação de
rua, os idosos abandonados e, agora, to-
das as pessoas que perderam suas casas
e não têm para onde ir. A Comunidade
Sant’Egídio busca tecer um tecido novo
de fraternidade a partir de baixo.
Retomando o exemplo de Francisco
nessas e em muitas ações que se ins-
piraram nele, qual é a fonte de todo o
legado do carisma franciscano?
Dizemos algo gerado no laço entre
a oração e a caridade. Uma oração que
não tem a caridade se torna uma experi-
ência estética ou psicológica. A caridade
permite que se reze por alguém concre-
tamente. Por outro lado, uma caridade
sem a oração é simplesmente solida-
riedade, compromisso social e pode se
enfraquecer. Sem a força da oração, o
compromisso social se limita aos seus
aspectos políticos, ideológicos e, no fim,
não leva em conta a vida concreta das
pessoas. Nesse sentido, São Francisco
era, antes de tudo, um homem de Deus.
A primeira coisa que fez após renunciar
a todos os seus bens, inclusive suas ves-
tes, diante do bispo, foi sair da sua ci-
dade, na mata, onde encontrou ladrões
e quando esses perguntaram quem ele
era, Francisco respondeu: “Sou o arauto
do grande Rei”. Os ladrões compreende-
ram que ele era arauto de Deus. Esse é o
significado da sua vida e quando escre-
via para as diversas pessoas do mundo
era sempre para falar o que Deus pedia a
cada uma delas. Penso que essa é a força
de Francisco até hoje.
Outra coisa é a oração pela paz.
Sua força é muito importante porque a
guerra começa no coração do homem,
assim como a paz também começa
no coração. Por isso, é preciso pedir a
Deus que toque o coração das pessoas
que fazem a guerra. Essa foi a intuição
de São João Paulo II quando instituiu
o Dia Mundial de Oração pela Paz, em
1986. Mas penso que hoje temos ainda
mais necessidade da oração pela paz.
E cada um tem a responsabilidade de
rezar todos os dias pela paz.
12 | Geral | 13 a 19 de setembro de 2023 |
O Tempo da Criação convida a transformar
corações, estilos de vida e as políticas públicas
DANIEL GOMES
osaopaulo@uol.com.br
Inspirado no Dia de Oração
pelo Meio Ambiente, criado pela
Igreja Ortodoxa Oriental em 1989,
o Papa Francisco instituiu, em
2015, o Dia Mundial de Oração
pelo Cuidado da Criação, celebra-
do em 1º de setembro. A iniciativa
depois foi transformada no Tempo
Ecumênico da Criação, que se es-
tende até 4 de outubro, memória
litúrgica de São Francisco de Assis.
Neste período, cada cristão é
chamado a renovar “a adesão pes-
soal à própria vocação de guardião
da Criação, elevando a Deus o agra-
decimento pela obra maravilhosa
que Ele confiou ao nosso cuidado,
invocando a sua ajuda para a prote-
ção da Criação e a sua misericórdia
pelos pecados cometidos contra o
mundo em que vivemos”, escreveu
o Pontífice na mensagem em que
instituiu a data em 2015.
‘QUE JORREM
A JUSTIÇA E A PAZ’
Em 2023, o tema “Que jorrem
a justiça e a paz”, inspirado nas pa-
lavras do profeta Amós – “Jorre a
equidade como uma fonte, e a jus-
tiça como torrente que não seca”
(Am 5,24) –, é um convite a abra-
çar a justiça climática e ecológica e
para que todos sejam solidários às
comunidades mais afetadas pelas
mudanças climáticas.
Na mensagem deste ano, o Papa
Francisco ressalta que Deus quer
que sempre reine a justiça, “que é
essencial para a nossa vida de filhos,
criados à imagem de Deus, como é
a água para a nossa sobrevivência
física”, e que cada pessoa procure
sempre ser justa: “Quando buscar-
mos antes de tudo o Reino dos Céus
(cf. Mt 6,33), mantendo uma justa
relação para com Deus, a humani-
dade e a natureza, então a justiça e
a paz poderão jorrar como torrente
inexaurível de água pura, vivificando a
humanidade e todas as criaturas”.
Francisco conclama que todas
as pessoas de boa vontade estejam
ao lado das vítimas da injustiça am-
biental e climática, e constata que “o
consumismo voraz, alimentado por
corações egoístas, está a transtornar
o ciclo da água do planeta. O uso de-
senfreado de combustíveis fósseis e
a destruição das florestas têm criado
uma subida das temperaturas e pro-
vocado graves secas. Terríveis carên-
cias hídricas afligem cada vez mais as
nossas casas, desde as pequenas co-
munidades rurais até as grandes cida-
des. Além disso, indústrias predató-
rias estão a esgotar e poluir as nossas
fontes de água potável com atividades
extremas, como a perfuração para a
extração de petróleo e gás, os mega-
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projetos de extração descontrolada e
a engorda acelerada de animais”.
A URGÊNCIA DE NOVAS ATITUDES
Diante de tais fatos, o Papa lança duas
indagações: “Como podemos contribuir
para o rio caudaloso da justiça e da paz
neste Tempo da Criação? Que podemos
nós, sobretudo como Igrejas cristãs, fazer
para sanar a nossa casa comum, para que
volte a pulular de vida?”. E ele mesmo
indica um caminho: “Devemos decidir-
-nos a transformar os nossos corações,
os nossos estilos de vida e as políticas
públicas que regem a nossa sociedade”.
Transformar o coração requer não
considerar mais a Criação como um
objeto a explorar, mas, sim, “guardá-la
como um sacro dom do Criador”, o que
levará à prática do respeito ecológico
“para com Deus, para com os nossos
semelhantes de hoje e de amanhã, para
Divulgação
com toda a natureza e para com nós
próprios”.
Quanto à mudança em estilos de
vida, o Pontífice recomenda “menor des-
perdício e menos consumos inúteis, so-
bretudo onde os processos de produção
são tóxicos e insustentáveis; (...) e o uso
mais moderado possível dos recursos,
praticando uma jubilosa sobriedade, se-
parando e reciclando o lixo e recorren-
do a produtos e serviços – e há tantos à
nossa disposição – que sejam ecológica e
socialmente responsáveis”.
Por fim, o Papa ressalta ser preci-
so transformar as políticas públicas e
econômicas “que favorecem riquezas
escandalosas para poucos e condições
degradantes para tantos, decretam o fim
da paz e da justiça”, e pede para que as
autoridades mundiais façam uma transi-
ção rápida e equitativa que ponha fim à
era dos combustíveis fósseis.
AÇÃO E ORAÇÃO
Na abertura das atividades, no
dia 1o, aconteceu um Momento
Ecumênico Global de Oração, trans-
mitido pelo site do Tempo da Cria-
ção – https://seasonofcreation.org
– durante o qual líderes religiosos
do todo o mundo conduziram refle-
xões acerca do cuidado com a casa
comum.
Ao longo de todos os 34 dias
do Tempo da Criação, há o convi-
te para que a temática do símbolo
de 2023 (“Um poderoso rio”) seja
tratada nas missas dominicais, em
momentos de oração comunitária;
e em outras ocasiões em que se re-
flita sobre os impactos da injustiça
climática.
No Brasil, o Movimento Laudato
Si, a Rede Eclesial Pan-Amazônica e
as Comissões Episcopais Especiais
para a Amazônia e para a Ecologia
Integral e Mineração da CNBB pre-
pararam uma programação especial.
A celebração de abertura ocor-
reu com missa no Santuário Nacio-
nal de Nossa Senhora Aparecida, no
dia 3. “Vamos ter sede de cuidar da
Criação, cuidar da água que está po-
luída, plantarmos árvores, termos
consciência de que o lugar do lixo
é no lixo, e a natureza também está
com essa sede de viver para o nosso
bem e para a vida de todos”, exortou
Dom Orlando Brandes, Arcebispo
de Aparecida (SP).
Em mensagem de vídeo, Dom
Ricardo Hoepers, Bispo Auxiliar
de Brasília (DF) e Secretário-geral
da CNBB, lembrou que o Tem-
po Ecumênico da Criação “é um
evento aberto a todos os homens e
mulheres de boa vontade do mun-
do inteiro para rezar e cuidar da
criação de Deus” e orientou que a
temática seja abordada nas comu-
nidades por meio de ações que for-
taleçam “este movimento ecumê-
nico em favor da vida, da criação e
de nossa casa comum”.
Nos dias 14, 21 e 28, sempre às
20h, ocorrerão ciclos de debates
on-line sobre os biomas brasileiros. Já
entre 13 e 15, está programado o “IV En-
contro de Ecoteologia e I Semana Teoló-
gica e Filosófica”, na Faculdade Católica
do Amazonas, em Manaus (AM).
A celebração de encerramento será em
4 de outubro, às 20h, de modo on-line.
Nessa mesma data, o Papa Francisco irá
lançar uma exortação apostólica que será
uma continuidade à encíclica Laudato si’ –
sobre o cuidado da casa comum.
TEMPO ECUMÊNICO DA CRIAÇÃO
2023
De 1º de setembro a 4 de outubro
Tema: “Que a justiça e a paz
fluam”
Saiba mais detalhes em:
https://seasonofcreation.org

É possível reduzir em 90% os
resíduos plásticos nos oceanos?
ESTA É A META DA
OCEAN CLEANUP,
ORGANIZAÇÃO
INTERNACIONAL CRIADA
EM 2013 NOS PAÍSES
BAIXOS, COM AÇÕES
RECONHECIDAS PELAS
NAÇÕES UNIDAS
DANIEL GOMES
osaopaulo@uol.com.br
A cada ano, cerca de 14 milhões de
toneladas de resíduos plásticos danifi-
cam os ecossistemas aquáticos, confor-
me dados do Programa das Nações Uni-
das para o Meio Ambiente (Pnuma).
Essa poluição marinha impacta a
economia dos países – com prejuízos
para o turismo e a pesca, por exemplo
– e a saúde humana, já que espécies ma-
rinhas que se alimentam destes plásticos
acabam sendo ingeridas pelo homem.
No ano passado, em um estudo feito em
22 amostras de sangue de doadores anô-
nimos foram encontradas micropartícu-
las de plástico em 17 delas.
Atualmente, existem ao menos cin-
co grandes “ilhas de plástico” no plane-
ta. A maior delas é a Grande Mancha
de Lixo do Pacífico, localizada entre o
Havaí e a Califórnia, com 1,6 milhão de
quilômetros quadrados. São aproxima-
damente 100 mil toneladas de plástico,
considerando as áreas interna e exter-
na da Grande Mancha. As outras “ilhas
de plástico” estão no Atlântico Norte,
no oceano Índico, no Pacífico Sul e no
Atlântico Sul.
Todas elas foram formadas ao longo
das últimas décadas, compostas majori-
tariamente por microplásticos (pequenas
partículas com menos de 5 milímetros)
que acabam ficando muito próximas
devido à ação de correntes marinhas e à
rotação da Terra e formam como que um
bloco unificado, que só tende a crescer.
Tecnologia da Ocean Cleanup retira resíduos plásticos, de tamanhos diversos, de rios e mares
A ATUAÇÃO DA OCEAN CLEANUP
Em 2013, Boyan Slat fundou, nos Pa-
íses Baixos, a Ocean Cleanup, uma orga-
nização sem fins lucrativos, atualmente
com abrangência global, que desenvolve
e amplia tecnologias para retirar os re-
síduos plásticos dos oceanos. Em 2019,
teve início a captura de tais resíduos nos
mares, e tempos depois também nos rios.
Em abril deste ano, a Ocean Cleanup
publicou um estudo na revista Science
Advances revelando que mil rios no pla-
neta são os responsáveis por quase 80%
das emissões de plástico que vão parar
nos oceanos. “Estas novas descobertas
indicam que a poluição plástica nos oce-
anos é causada por um maior número
de rios de pequena e média dimensão,
definidos por um conjunto de fatores
geográficos que determinam a maior
contribuição para o fluxo de plástico
nos nossos oceanos. Este entendimen-
to é contrário às estimativas anteriores
de que um pequeno número de gran-
des rios são os principais contribuintes”,
consta na publicação.
DUAS FRENTES DE AÇÃO
“Precisamos limpar o plástico que já
está nos oceanos e interceptar o plástico
que atravessa os rios”, explica a Ocean
Cleanup em seu site.
www.osaopaulo.org.br
www.arquisp.org.br | 13 a 19 de setembro de 2023 | Reportagem | 13
The Ocean Cleanup
Em rios da Guatemala, Malásia, Ja-
maica, Estados Unidos e República Do-
minicana, a Ocean Cleanup já instalou
captadores de plásticos, evitando que os
resíduos cheguem aos mares. Em maio,
por exemplo, foi instalado o Interceptor
020 para evitar que cerca de mil tonela-
das de plástico do rio Cisadane desem-
boquem no Mar de Java todos os anos.
A iniciativa conta com o apoio do go-
verno da Indonésia, que até 2025 tem a
meta de reduzir em 70% os detritos plás-
ticos marinhos.
Quanto à Grande Mancha de Lixo
do Pacífico, a organização afirma que se
conseguir instalar dez de seus sistemas
atuais, que já começaram a trabalhar,
conseguirá limpá-la completamente.
“Depois que frotas de sistemas forem
implantadas em todos os giros oceânicos
[que formam as ‘ilhas de plástico’], com-
binadas com a redução de fontes, a Oce-
an Cleanup projeta ser capaz de remover
90% do plástico flutuante nos oceanos
até 2040”, informa a organização.
A tecnologia da Ocean Cleanup faz
com que resíduos plásticos de mares e
rios fiquem agrupados e formem uma
grande barreira, que é conduzida até
uma zona de retenção para ser depo-
sitada em um navio, nos quais há con-
têineres. Quando estes são preenchidos,
as embarcações retornam à costa litorâ-
nea para que o material seja recolhido e
destinado para a reciclagem. “Os apoia-
dores que recebem os produtos ajudam
a financiar a limpeza contínua dos ocea-
nos”, lê-se no site da ação.
PARCERIA COM AS NAÇÕES UNIDAS
Em fevereiro, o Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (Pnud)
e a Ocean Cleanup assinaram um me-
morando de entendimento para pensar
ações com vistas a eliminar a poluição
plástica nos oceanos e rios.
“Esta aliança é um passo importante
para reduzir o fluxo de poluição plás-
tica nos oceanos e rios, mas também
para aumentar a consciencialização,
apoiar a elaboração de políticas sólidas
e desencadear mudanças comporta-
mentais ao longo de toda a cadeia de
valor do plástico”, disse Achim Steiner,
chefe do Pnud.
“Acreditamos que, por meio desta
aliança, podemos ajudar a acelerar a im-
plantação das nossas tecnologias para eli-
minar os plásticos dos oceanos e rios, bem
como apoiar políticas mais amplas desti-
nadas à gestão de resíduos e à redução da
poluição plástica”, declarou o fundador e
CEO da Ocean Cleanup, Boyan Slat
A Ocean Cleanup também integra
a Aliança de Inovação para um Tratado
Global sobre Plásticos (IAGPT), que re-
úne pensadores sobre o tema de combate
aos danos dos plásticos no meio ambien-
te. O grupo está entre os que se empe-
nham pela efetivação do Tratado Global
sobre Plásticos, que pretende ser um ins-
trumento de combate à poluição plástica
a ser assinado pelos governos de todo o
mundo até o fim de 2024. A próxima ro-
dada de discussões sobre o Tratado ocor-
rerá em novembro, no Quênia.
CONHEÇA MAIS SOBRE
A OCEAN CLEANUP
https://theoceancleanup.com
14 | Papa Francisco | 13 a 19 de setembro de 2023 | www.osaopaulo.org.br
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‘Together’: vigília de oração com jovens e

peregrinos dá o tom da assembleia sinodal de outubro
FILIPE DOMINGUES
ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
NA CIDADE DO VATICANO
Que o Sínodo não é um parlamento,
o Papa Francisco já disse várias vezes. Ele
procura argumentar, sempre que pode,
que a sinodalidade é o “estilo da Igreja do
terceiro milênio”, e que não se trata apenas
de contrapor ideias e votar propostas, mas
de ouvir uns aos outros, a si mesmos, e aos
movimentos do Espírito Santo, em oração
e à luz dos sinais dos tempos. Para dar o
tom da primeira assembleia geral do atual
Sínodo sobre a sinodalidade, que come-
çou em 2021 e se conclui em 2024, ele con-
vocou uma grande vigília de oração para
30 de setembro, na Praça de São Pedro, no
Vaticano.
O evento do dia 30, realizado a pedi-
do do Papa, serve para convocar todos os
cristãos e uni-los em torno de um mesmo
propósito: rezar pelo atual Sínodo da Igre-
ja Católica. O título do encontro é “Toge-
ther”, que em inglês significa “Juntos”. A
vigília vem sendo organizada pela comu-
nidade ecumênica de Taizé, monges pro-
venientes de diferentes tradições cristãs,
entre católicos e protestantes, e que vivem
a vocação religiosa em unidade e sem dis-
tinções entre si.
Os irmãos de Taizé, fundados pelo
Irmão Roger em 1940 no vilarejo francês
de mesmo nome, são pouco mais de cem
espalhados pelo mundo. Ficaram famosos
por organizar grandes encontros conti-
nentais de jovens, com cantos, catequeses e
orações, modelo que inspirou as Jornadas
Mundiais da Juventude (JMJs). De acordo
com o Irmão Matthew de Taizé, responsá-
vel pela coordenação do encontro, trata-se
de “preparar algo juntos para servir juntos
a Igreja e a família humana”. Dezenas de
milhares de pessoas são esperadas.
Em coletiva de imprensa que apre-
sentou o evento, na sexta-feira, 8, a Irmã
Nathalie Becquart, que é subsecretária
do Sínodo, declarou que “o desafio des-
te Sínodo é aprender a caminhar melhor
juntos, ouvindo o Espírito, para nos tor-
narmos uma Igreja mais sinodal, com o
objetivo de proclamar o Evangelho no
mundo de hoje”.
Portanto, a vigília de oração, que reu-
nirá católicos e outros cristãos, provenien-
tes de diversas confissões, enfatiza a “di-
mensão ecumênica” e a unidade da Igreja.
“Unidos pelo mesmo batismo, lembrare-
mos que a unidade dos cristãos ocupa um
lugar especial na jornada sinodal”, disse
ela. Confirmaram presença o Patriarca
Ecumênico de Constantinopla, Bartolo-
meu I, da Igreja Ortodoxa, e o Arcebispo
de Cantuária, Justin Welby, da Igreja An-
glicana.
Também virão a Roma o Patriarca Te-
odoro II, de Alexandria, representantes
das igrejas orientais ortodoxas e outros
líderes das igrejas protestantes históricas
(luteranos, presbiterianos, metodistas…).
Por fim, haverá, ainda, membros da Co-
munhão Evangélico-Petencostal, repre-
sentando as novas igrejas protestantes.
De acordo com a Secretaria Geral do
Sínodo, os objetivos da vigília são: “des-
tacar a centralidade da oração no proces-
so sinodal, que é um processo espiritual;
destacar a articulação entre o caminho
sinodal e o caminho ecumênico, que to-
dos os documentos do caminho sinodal
enfatizaram; recordar que a sinodalidade e
o ecumenismo são dois caminhos a serem
percorridos juntos”.
Após a vigília, e ainda antes do início
da assembleia sinodal, os participantes da
assembleia terão um retiro espiritual de
três dias, reforçando o espírito de oração
iniciado pela vigília.

Papa recebe nova presidência do Celam

Eleita durante a 39a Assembleia
Geral, realizada em maio, a nova
presidência do Conselho Episcopal
Latino-Americano e Caribenho
(Celam) foi recebida pelo Papa
Francisco em audiência privada na
segunda-feira, 11, no Vaticano. O
presidente, Dom Jaime Spengler,
que é Arcebispo de Porto Alegre
(RS) e Presidente da Conferên-
cia Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB), disse que o encontro com
o Pontífice foi “um momento de
comunhão da Igreja latino-ameri-
cana e caribenha”.
Segundo informações do site
ADN Celam, eles apresentaram
ao Papa Francisco alguns dos ele-
mentos da última assembleia, entre
eles “os processos de renovação e
reestruturação”. Também aborda-
ram temas da realidade da América
Latina. “Escutamos do Santo Padre
algumas orientações a respeito de
como promover de forma mais ri-
gorosa a missão do próprio Celam,
que é promover a comunhão entre
as conferências episcopais”, decla-
rou Dom Jaime.
Além de Dom Jaime, ocupam a
Vatican Media
comissão diretiva do Celam Dom
José Luis Azuaje, 1o Vice-presiden-
te e Arcebispo de Maracaibo (Vene-
zuela); Dom José Domingo Ulloa,
2o Vice-presidente e Arcebispo da
Cidade do Panamá (Panamá); Dom
Santiago Rodríguez, Presidente
para assuntos econômicos e Bispo
de San Pedro de Macorís (Repú-
blica Dominicana); Dom Lizardo
Estrada Herrera, Secretário-geral e
Bispo Auxiliar de Cuzco (Peru); e o
Padre Pedro Brassesco, da Diocese
de Gualeguaychú (Argentina), Se-
cretário-geral adjunto. (FD)
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LAPA
Paróquia São Domingos Sávio recebe a visita pastoral de Dom José Benedito
Fotos: Pascom paroquial

BENIGNO NAVEIRA
COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO
Entre 31 de agosto e 3 de setembro,
Dom José Benedito Cardoso esteve em
visita pastoral à Paróquia São Domingos
Sávio, Setor Pirituba.
No primeiro dia, acompanhado do
Cônego Jaidan Gomes Freire, Pároco, o
Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Re-
gião Lapa visitou duas casas de repouso
e as residências de alguns paroquianos,
ocasiões em que partilhou a Palavra de
Deus e ministrou o sacramento da Un-
ção dos Enfermos.
Na manhã do segundo dia, o Prela-
do esteve na Capela São João Batista, no
Jardim Veloso, e conversou com os fiéis
sobre os trabalhos pastorais ali desen-
volvidos. Na sequência, voltou à matriz
paroquial e inspecionou os livros oficiais
de registros de Batismo, Matrimônio e
Crisma, além do livro do tombo. À tarde,
presidiu a missa do Sagrado Coração de
Jesus, com a presença dos membros do
Apostolado da Oração. À noite, reuniu-
-se com o Conselho Paroquial de Pasto-
ral (CPP), tomou ciência das atividades
pastorais em andamento, cumprimentou
a todos e ressaltou a importância do tra-
balho de cada um na evangelização da
comunidade.
Dom José Benedito se encontrou
com os pais das crianças da Catequese de
primeira Comunhão e seus catequistas,
na manhã do terceiro dia. Aproveitou a
oportunidade para dar seu testemunho
de como a família é importante na vida
das crianças e sua introdução na vida
da Igreja, podendo dela surgir vocações
matrimoniais e religiosas. Em seguida,
conversou também com paroquianos,
que tiveram a oportunidade de conhecer
o Bispo e falar sobre a participação na
comunidade. Visitou ainda o comércio
local e conheceu a realidade do povo do
Parque São Domingos.
No último dia, Dom José presidiu a
missa de encerramento da visita pasto-
ral, concelebrada pelo Pároco, que ao
final da celebração agradeceu a presença
do Bispo Auxiliar.

Arquivo pessoal

Morre o Padre Cézar Teixeira, aos 68 anos

No sábado, 9, no Cemitério do Mo-
rumbi, zona Sul da capital paulista, rea-
lizou-se o velório, a missa de corpo pre-
sente e o sepultamento do Padre Cézar
Teixeira, pertencente ao clero atuante na
Arquidiocese de São Paulo e que falecera
na sexta-feira, 8, aos 68 anos.
Durante o velório, o professor doutor
Antônio Wardison C. Silva, Pró-Reitor
de Extensão, Ação Comunitária e Pasto-
ral do Centro Universitário Salesiano de
São Paulo, amigo do Padre Cézar de lon-
ga jornada, leu uma retrospectiva sobre a
vida do falecido, desde que nasceu.
A missa de corpo presente foi presi-
dida por Dom José Benedito Cardoso,
Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Re-
gião Lapa, e concelebrada por Dom Fer-
nando José Penteado, Bispo Emérito de
Jacarezinho (PR); Dom Cícero Alves de
França, Bispo Auxiliar da Arquidiocese
na Região Belém; Cônego Jaidan Gomes
Freire, Pároco da Paróquia São Domin-
gos Sávio, Setor Pirituba; Padre José Car-
los de Freitas Spinola, Vigário Paroquial
da Paróquia Santo Alberto Magno, Setor
Butantã, e demais padres presentes.
Natural de Propriá (SE), Padre Cézar
foi ordenado presbítero em 9 de junho
de 1984, na Arquidiocese de São Paulo,
onde exerceu o ministério em diver-
sas paróquias, especialmente na Região
Episcopal Lapa.
Doutor em Teologia Bíblica pela Pon-
tifícia Universidade Santo Tomás de Aqui-
no, em Roma, lecionou por muitos anos
na Faculdade de Teologia Nossa Senhora
da Assunção da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC-SP), no De-
partamento de Teologia Fundamental.
Foi professor das disciplinas de Teologia
Bíblica: Introdução ao Pensamento Teoló-
gico (IPT), Ética Profética, Grego Bíblico
e Hebraico Bíblico, Exegese e Hermenêu-
tica Bíblica, História de Israel, Palestina
no Tempo de Jesus, Evangelhos Sinóticos,
Cartas Paulinas e Cartas Católicas. Foi
também membro do Conselho Cientí-
fico da revista eletrônica de teologia da
PUC-SP; e Diretor Adjunto da Faculdade
de Teologia da PUC-SP, no campus Ipi-
ranga. Seu último trabalho acadêmico foi
como professor do Instituto de Teologia e
da Escola de Teologia Santa Maria da Ar-
quidiocese de Aracaju (SE). (BN)
(Com informações complementares
da redação do O SÃO PAULO)

Fiéis festejam a padroeira e os 90 anos da aparição de Nossa Senhora dos Pobres

No domingo, 10, na Paróquia Nossa
Senhora dos Pobres, Setor Butantã, fiéis
paroquianos participaram da festa na
memória litúrgica da padroeira, e tam-
bém da comemoração dos 90 anos das
aparições de Nossa Senhora Virgem dos
Pobres, pela primeira vez, para a menina
Mariette Beco, de 12 anos, em Banneux,
pequena aldeia de Ardenas, na Bélgica.
As festividades começaram com o
tríduo, realizado em três domingos con-
secutivos, a partir de 20 de agosto, cuja
missa foi presidida por Dom Cícero Al-
ves de França, Bispo Auxiliar da Arqui-
diocese na Região Belém. No segundo
domingo, 27 de agosto, presidiu a missa
Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar
da Arquidiocese e Vigário Episcopal para
Benigno Naveira
a Educação e a Universidade. No terceiro
domingo, 3 de setembro, a presidência
foi de Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxi-
liar da Arquidiocese na Região Santana.
No domingo, 10, dia da padroeira,
encerrando as festividades, na matriz
paroquial, aconteceu a missa presidida
por Dom José Benedito Cardoso (foto),
Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Re-
gião Lapa, que teve como concelebrantes
os Padres Antoni Motyka, CR, Superior
Provincial dos Ressurreicionistas; Ricar-
do Michelin de Souza, CR, Pároco; Paulo
Zygmunt Franckowiak, CR, Vigário Pa-
roquial; e Alexandre Lopes Alessio, CR,
Pároco da Paróquia Imaculada Concei-
ção, em Franco da Rocha, na Diocese de
Bragança Paulista (SP). (BN)
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SÉ
Paróquia Santo Inácio Pastoral Familiar da Regi~]ao Sé

Em 26 de agosto, na Paróquia Imaculado Coração de Maria, Setor Santa Cecília,

aconteceu a segunda reunião preparatória do Guia de Implantação da Pastoral Fami-
liar. A reunião, com o tema “A situação de nossas famílias”, foi conduzida por agentes da
Pastoral Familiar da Região Sé e contou com a presença do Padre Wellington Cardoso
Brandão, CMF, Pároco. (por Secretariado de Comunicação Regional)

Pascom paroquial

Entre os dias 20 de agosto e 3 de setembro, a imagem peregrina da Sagrada Família

percorreu o Setor Paraíso, composto pelas Paróquias Santa Rita de Cássia, Santo Inácio
de Loyola e São Paulo (foto), Santa Generosa, Santo Agostinho e Santíssimo Sacramento.
Foram vários momentos de oração e partilha, com missas, Terços, adoração ao Santíssimo
Sacramento e apresentação da Pastoral Familiar, todos direcionados às famílias. A imagem
continua sua peregrinação, agora pelas paróquias do Setor Aclimação. (por Patrícia Coppio)
Pascom paroquial

No domingo, 10, na Paróquia São Paulo da Cruz (Igreja do Calvário), Setor Pinheiros,
dez jovens receberam o sacramento da Crisma, durante missa presidida por Dom Ro-
gério Augusto das Neves, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, e concelebrada
pelo Padre Norberto Donizetti Brocardo, CP, Pároco. (por Patrícia Coppio)

Em 26 de agosto, mais de 50 coordenadores paroquiais dos ministros extraordiná-

No dia 3, os ministros extraordinários da Sagrada Comunhão (MESCs) das Paróquias rios da Sagrada Comunhão (MESCs) da Região Sé se reuniram na Paróquia Santa Ge-
Santo Agostinho e Santa Rita de Cássia, Setor Paraíso, se reuniram no Recanto Tagas- nerosa, Setor Paraíso, para um momento formativo conduzido pelo Padre Helmo César
te para um retiro espiritual. (por Secretariado de Comunicação Regional) Faccioli, Assistente Eclesiástico dos MESCs. (por Centro de Pastoral da Região Sé)

BRASILÂNDIA
Pascom paroquial Pascom paroquial

A festa da padroeira da Paróquia Nossa Senhora das Dores, no Setor Jaraguá, prossegue até sexta-feira, 15.
No 5o dia da novena, no domingo, 10, houve missa presidida por Dom Carlos Silva, OFMCap., que acolheu a
todos e pediu a intercessão da Bem-Aventurada Virgem Maria por todas as comunidades da Paróquia e pelos
pedidos dos fiéis. Na homilia, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia falou sobre a importância
do abraço acolhedor em vez do gesto de apontar o dedo ao irmão. Concelebraram os Padres Walter Merlugo
Junior, Administrador Paroquial, e Pedro Ricardo Pieroni, Vigário Paroquial. Antes da missa, houve uma carre-
ata com a imagem da padroeira pelas ruas do bairro. (por Pascom paroquial)

Será concluída na quinta-feira, 14, a festa patronal da Paróquia
Santa Cruz de Itaberaba, com missa às 20h, presidida pelo Pa-
dre Carlos Ribeiro, Pároco. No domingo, 10, o Sacerdote pre-
sidiu a missa do 6º dia da novena de Santa Cruz, que este ano
acontece com o tema “Olhe para a cruz, essa é minha grande
prova – Ninguém te ama como eu”. O endereço da matriz paro-
quial é Avenida Itaberaba, 2.093. (por Redação)
Entre os dias 19 e 21 de setembro, a partir das 19h30, acontecerá a Formação Regional sobre a Bíblia, para
os seguintes setores: Perus – Paróquia Santa Rosa de Lima (Rua Oscar Cunha Correia, 141 - Perus); Jaraguá e
Pereira Barreto – Paróquia São Luís Gonzaga (Praça Dom Pedro Fulco Morvidi, 01 - Vila Pereira Barreto); e São
José Operário, Freguesia do Ó e Dom Paulo Evaristo – Paróquia Santos Apóstolos (Avenida Itaberaba, 3.907,
Jardim Maracanã). As seguintes exposições serão feitas alternadamente a cada dia: O método de leitura oran-
te da Bíblia ‘Lectio Divina’ (Padre Andrés Gustavo Marengo); Explanação do método de estudo histórico crítico
da Bíblia (Irmã Izabel Patuzzo); e Introdução à Carta dos Efésios (Padre Boris Agustín Nef Ulloa).
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IPIRANGA
Paróquia Santa Ângela e São Serapião inicia etapa de missão paroquial
Paróquia Santa Ângela e São Serapião
KAREN EUFROSINO
COLABORADORA DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

Iniciado na Missão de Férias dos se-

minaristas da Arquidiocese de São Pau-
lo, em julho deste ano, o Serviço Missio-
nário Permanente (Semper) da Paróquia
Santa Ângela e São Serapião retomou as
atividades na sexta-feira, 8.
Em parceria com a Comunidade An-
jos da Vida, os missionários farão visitas
domiciliares, principalmente nas locali-
dades mais empobrecidas da Paróquia,
e desenvolverão ações com as crianças
do bairro e com aqueles que fazem parte
da vida noturna local. Integram o Sem-
per membros de pastorais e movimentos
paroquiais.
No sábado à noite, 9, os missionários No domingo à tarde, 10, foram reali- desenvolvidas em outubro, fomentando conforme exorta São Paulo: ‘Proclama
percorreram a principal avenida do bair- zadas gincanas com as crianças da área os grupos de rua. a Palavra, insiste no tempo oportuno
ro, anunciando e levando a alegria do do bairro conhecida como “Bronx”, e O Padre Christopher Velasco, Páro- e inoportuno’ (2Tm 4,2). O Semper,
Evangelho, cantando e ofertando rosas a visita às casas com a imagem de Nossa co, lembrou que “do latim, semper quer portanto, é um serviço permanente e
quem estava nos bares e nas ruas, como Senhora Aparecida. dizer ‘sempre’, significando o caráter transversal no corpo pastoral da Paró-
sinal da beleza da Criação e da reconci- A missão realizada neste mês é uma permanente de nossa missão evange- quia, com o objetivo de animar a sua
liação de Deus. preparação para as atividades que serão lizadora. Sempre é tempo de missão, vida missionária”.
Karen Eufrosino Pascom Familiar Região Ipiranga

No domingo, 10, Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, presidiu missa na Paróquia Nos-
sa Senhora de Sião, Setor Ipiranga, com a assistência do Diácono Marco Aurélio
Gobbo. Na celebração foi dada ao Frei José Maria Mohomed Júnior, O. de M., a posse
como Administrador Paroquial, e apresentado o Padre Maércio Ângelo Pissinatti Filho
como novo Vigário Paroquial. (por Karen Eufrosino)
A Paróquia Nossa Senhora da Esperança, Setor Vila Mariana, recebeu no domingo, 10,
a visita da imagem peregrina da Sagrada Família, trazida pela Pastoral Familiar regional. A
acolhida à imagem aconteceu em missa presidida pelo Padre Uilson dos Santos, Pároco.
(por Karen Eufrosino)

SANTANA
Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora da Salette está em festa
Osvaldo dos Santos Araújo
PASCOM PAROQUIAL

Setembro é o mês de Nossa Senhora da Salette. No

Santuário Arquidiocesano, localizado na Rua Dr. Zu-
quim, 1.746, no Alto de Santana, é um período de festa
com quermesse, missas, novena, procissão e o grande dia
da comemoração dos 177 anos da aparição mariana, em
19 de setembro.
A quermesse começou no dia 2 e ainda ocorrerá no
próximo fim de semana, dias 16 e 17, a partir das 18h.
Também no dia 19, haverá barracas de comidas e bebi-
das típicas, bazar de roupas usadas e novas e um anima-
do bingo.
A novena, iniciada entre os dias 5 e 8, foi retomada
na segunda-feira, 11, e prossegue até a sexta-feira, 15,
com missas às 20h, sempre revezando os grupos de can-
to e pastorais. Além disso, no domingo, 10, foi festejado lo, com saída às 17h e retorno à igreja para a missa. Salette, nos Alpes Franceses, em 19 de setembro de
o primeiro ano da elevação da Paróquia à dignidade de Na terça-feira, 19, dia da festa da padroeira, haverá 1846, chorando aos pastorinhos com um crucifixo no
Santuário Arquidiocesano, e comemorou-se o aniversá- missas às 7h, transmitida pela TV Canção Nova; às 9h30, qual Jesus parecia vivo e envolvia toda a aparição num
rio de 131 anos da Capela Santa Cruz. 12h, 15h (presidida pelo Padre Antônio Maria) e a con- globo de luz. Em sua mensagem, ela pedia conversão,
No domingo, 17, acontecerá a procissão com a clusiva da festa às 20h. oração e assiduidade e respeito às missas e ao jejum
imagem da padroeira pelas ruas do Jardim São Pau- A Virgem Maria apareceu uma única vez em La da Quaresma.
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BELÉM
Área Pastoral Nossa Senhora das Flores recebe a visita de Dom Cícero
Fotos: Pascom paroquial

FERNANDO ARTHUR
COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO
Entre os dias 8 e 10, a Área Pastoral
Nossa Senhora das Flores, no Parque das
Flores, extremo da zona Leste da capital
paulista, recebeu Dom Cícero Alves de
França, Bispo Auxiliar da Arquidiocese
na Região Belém, para a visita pastoral.
O primeiro dia da visita foi marca-
do pela missa de abertura, presidida por
Dom Cícero e concelebrada pelos Padres
Romanus Hami, SVD, Administrador
Paroquial; José Tadeu Ferreira da Silva,
SVD, colaborador, e Vidal Valentín Can-
tero Zapattini, Assessor Eclesiástico da
Comissão Missionária na Região. Após
a celebração, Dom Cícero se reuniu com
o Conselho de Assuntos Econômicos Pa-
roquial (Caep), juntamente com o Padre
Jonatas Mariotto, Ecônomo da Região.
A manhã do sábado, 9, foi marcada
pela ida a algumas comunidades que
compõem a Área Pastoral Nossa Senho-
ra das Flores: São João Batista, Santo
Antônio de Sant’Anna Galvão e Santa
Paulina.
Após a visita, Dom Cícero encontrou-
-se com crianças e jovens dos grupos de
Catequese da Área Pastoral, juntamente
com seus pais e responsáveis, ocasião em
que puderam ter um momento de con-
versa com o Prelado e lhe fizeram per-
guntas. O momento catequético contou
com a presença do Padre Carlos André
Romualdo, Assessor Eclesiástico para a
Pastoral Vocacional na Região Belém. O
dia foi concluído com a missa na Comu-
nidade São João Batista, e, em seguida,
houve a reunião com o Conselho Paro-
quial de Pastoral (CPP).
O último dia, no domingo, 10, come-
çou com a missa na Comunidade Santo
Antônio de Sant’Anna Galvão, presidi-
da por Dom Cícero, concelebrada pelo
Padre Romanus, com a assistência do
Diácono Seminarista Miguel Aguiar, e
a participação dos membros da própria
Comunidade e da Comunidade Santa
Paulina.
À tarde, Dom Cícero pôde conhecer
a realidade da comunidade presente no
bairro, conversando com os moradores e
abençoando as famílias em suas casas. A
visita canônica se encerrou com a missa
na Comunidade Nossa Senhora das Flo-
res, presidida pelo Bispo.
Ao final da celebração, Dom Cícero
agradeceu aos sacerdotes e à equipe que
prepararam a visita pastoral. “Volto para
casa muito impressionado, feliz de ver
que aqui se encontram irmãos que cre-
em em Jesus Cristo e que querem anun-
ciá-Lo nesta realidade. É para isso que
existe esta Área Pastoral: para anunciar
Jesus Cristo, para mostrá-lo presente na
vida deste bairro e na vida de todas as
pessoas”, afirmou.

Divulgação

Setor Sapopemba caminhará pela paz EDITAL DE

As paróquias, comunidades, pasto-
rais e movimentos do Setor Sapopemba
promovem a “Caminhada da Paz”, com
o tema “Como são belos os pés do men-
sageiro que anuncia a paz” (Is 52,7). O
evento tem como objetivo lutar por me-
lhorias no bairro, nos campos da saúde,
educação, segurança e melhor qualidade
de vida.
“É um gesto público da construção da
cultura de paz, da fraternidade e amizade
social. O Papa Francisco nos lembra de
que o mundo está faminto de paz e que
ninguém pode salvar-se sozinho. Juntos,
vamos construir a paz, com direitos e
dignidade”, afirma a nota de divulgação
do evento.
A concentração da caminhada, no
sábado, 16, 9h, acontece na esquina das
Ruas Cristóvão de Vasconcelos e Antô-
nio de França e Silva, ao lado da Comu-
nidade Santa Rosa de Lima. (FA)
CONVOCAÇÃO
Pelo presente edital, convoca-se a Sra.
Solange Ap. Espalaor Ferreira (Endereço
desconhecido) para que compareça de
terça a sexta-feira, das 13h às 16h, ao Tri-
bunal Eclesiástico Interdiocesano de São
Paulo, na Av. Nazaré 993 – Ipiranga - São
Paulo-SP (Telefone 38365143), para tratar
de assunto que lhe diz respeito.
São Paulo, 08/08/2023
Mons. Sergio Tani
Vigário judicial do TEI -SP

Divulgação

Vicariato da Educação e Universidade

Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade

Em 22 de agosto, Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese e Vigário

Episcopal para a Educação e a Universidade, realizou visita pastoral ao Colégio Nossa
Senhora Consolata, no bairro do Imirim, na Região Santana. “Nossa gratidão a Deus e
a todos os senhores por esta oportunidade de crescermos juntos na fé e na missão de
educar evangelizando”, escreveu a professora Fátima Manoela, em nome de toda a co-
munidade educativa. (por Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade)

Família polonesa assassinada
por nazistas é beatificada
JOSÉ FERREIRA FILHO
osaopaulo@uol.com.br
Um casal polonês e os seus sete
filhos, assassinados pelos nazistas
durante a 2ª Guerra Mundial por
esconderem judeus na casa em
que viviam, foram beatificados no
domingo, 10. Esta é a primeira vez
que uma família inteira recebe o
alto reconhecimento da Igreja.
A beatificação, decidida pelo
Papa Francisco em 17 de dezembro
do ano passado, foi celebrada em
Markowa – pequena aldeia natal
dos novos beatos, atualmente com
4,5 mil habitantes –, para onde via-
jou o Cardeal Marcello Semeraro,
Prefeito do Dicastério para as Cau-
sas dos Santos.
“Espero que esta família po-
lonesa, que foi um raio de luz nas
trevas da 2ª Guerra Mundial, seja
para todos um modelo a seguir do
impulso para o bem, para o servi-
ço dos necessitados”, disse o Papa
Francisco no domingo.
Em torno de 35 mil pessoas par-
ticiparam da cerimônia, incluindo
Andrzej Duda e Mateusz Morawie-
cki, respectivamente presidente
e primeiro-ministro da Polônia;
Michael Schudrich, rabino-chefe
do país, além de diversos padres e
uma delegação israelense.
Józef e Wiktoria Ulma se casa-
ram em 1935, quatro anos antes do
início da 2ª Guerra Mundial. Józef
trabalhava no campo, era agricultor
e apicultor. No seu tempo livre, de-
dicava-se à fotografia, que revelava
a vida familiar por meio de cenas
cotidianas, como as crianças cor-
rendo descalças na grama, fazendo
a lição de casa, ou a mãe pendu-
rando as roupas no varal. Wiktoria
cuidava da casa e das crianças.
Mais de 500 crianças batizadas em uma missa
Um total de 506 crianças caren-
tes das favelas e ruas de Manila, nas
Filipinas, recebeu o Batismo no dia
6, na Paróquia de São José de Navo-
tas. A missa foi presidida por Dom
Pablo Virgílio Siongco David, Bispo
de Kalookan e Presidente da Confe-
rência Episcopal das Filipinas, e con-
celebrada por vários sacerdotes.
“É realmente difícil aproximar
as pessoas de Cristo, mas muito fá-
cil aproximar Cristo das pessoas por
meio dos sacramentos”, destacou o
Padre Matthieu Dauchez, Diretor da
Fundação Anak-Tnk, que trabalha
nos bairros mais pobres da capital
filipina e esteve por trás da iniciativa
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Polônia
MARTÍRIO
Na manhã de
24 de março de
1944, após ter
recebido uma
denúncia de que
estariam a abri-
gar judeus, uma
patrulha nazista
cercou a casa da
família: come-
çou a atirar em
direção ao teto,
onde se encon-
trava o sótão, e o
sangue dos oito judeus ali escondi-
dos (Shaul Goldmann, com os seus
quatro filhos, Lea Didner, com a
sua filha Reshla, de 5 anos, e Golda
Grünfeld) começou a escorrer.
Embaixo, no lugar onde o san-
gue caía, havia uma mesa sobre a
qual tinha sido colocada – não se
sabe o motivo – uma foto das duas
mulheres judias. No braço de uma
delas estava desenhada a estrela de
David. Esta foto foi conservada até
hoje como “relíquia” deste martírio
judaico, e também cristão.
Depois, trouxeram o casal para
fora de casa e dispararam sobre Jó-
zef e Wiktoria, que estava grávida
de sete meses e deu à luz durante
o massacre. Em seguida, os na-
zistas dispararam também contra
as crianças: Stanisława, de 8 anos;
Barbara, de 7; Władysław, de 6;
Franciszek, de 4; Antoni, de 3; e
Maria, de 2. No fim, incendiaram-
-lhes a casa, para que não restas-
sem dúvidas aos habitantes daque-
la pequena aldeia: aquilo era o que
lhes aconteceria também, se acaso
arriscassem ajudar os judeus.
TESTEMUNHO
O postulador da causa da famí-
Filipinas
de celebrar o sacramento do Batis-
mo para tantas crianças.
Das 506 crianças batizadas, a
maioria tem menos de 3 anos, 40
delas têm mais de 12 anos e pude-
ram também receber o sacramento
da Confirmação das mãos do Bispo.
“Temos mais 506 filhos de Deus
e isso é maravilhoso. Maravilhoso
também é o fato de essas famílias,
que certamente voltam para as ruas,
agora se sentirem acolhidas pela
Igreja”, ressaltou o Sacerdote.
A Fundação Anak-Tnk, junta-
mente com as paróquias locais, or-
ganizou encontros e catequese para
as famílias e as crianças, que terão
| 13 a 19 de setembro de 2023 | Pelo Mundo/Fé e Vida | 19
Reprodução
lia Ulma, o Padre Witold Burda,
contou que, mesmo depois do in-
cêndio, dentro da casa foi encon-
trada uma Bíblia na qual a parábola
do bom samaritano estava subli-
nhada com caneta vermelha.
Ele acrescentou que Józef e
Wiktoria eram conhecidos em sua
comunidade pela disposição de
“ajudar qualquer um que batesse
em sua porta”.
“Eles construíram sua família
sobre o fundamento da fé com fi-
delidade aos dois mandamentos
essenciais: o mandamento de amar
a Deus e o mandamento de amar o
próximo”, disse o Sacerdote.
Jozef e Wiktoria Ulma foram
reconhecidos por Israel, em 1995,
como membros dos “Justos entre
as nações”, uma distinção dada aos
não judeus que deram ou arrisca-
ram suas vidas para salvar filhos do
povo judeu do extermínio nazista.
Em Markowa, desde 2004 exis-
te um museu dedicado à família.
Em 2018, a Polônia decretou 24 de
março, data do massacre, como dia
de homenagem aos poloneses que
resgataram judeus durante a ocu-
pação alemã.
Fontes: G1 e Instituto Humanitas Unisinos
prosseguimento nas instalações da
Fundação.
“As famílias que vivem nas fave-
las e nas ruas de Manila não estão
apenas expostas a perigos e ameaças,
mas também se encontram privadas
dos sacramentos”, explicou o Padre.
“Observamos que as famílias po-
bres acham que não podem ter aces-
so aos sacramentos por causa de sua
pobreza. Muitas vezes, pensam que
para receber os sacramentos têm
que pagar, quando, na realidade, são
gratuitos! O objetivo desse Batis-
mo em larga escala? Levar todos a
Deus!”, concluiu. (JFF)
Fonte: Gaudium Press
Liturgia e Vida
24º DOMINGO DO TEMPO COMUM
17 DE SETEMBRO DE 2023
‘Não devias tu
ter compaixão,
como Eu tive
compaixão de ti?’
PADRE JOÃO BECHARA VENTURA
Jesus propõe a parábola de dois “credores” dife-
rentes entre si. O primeiro era “rei” e tinha direito
a “uma enorme fortuna” em face de um “emprega-
do”. Vendo sua aflição, ajoelhando-se e implorando
tempo para pagar, “teve compaixão”. Foi além do
pedido e perdoou-lhe generosamente toda aquela
dívida insolúvel.
O segundo credor era o próprio devedor-per-
doado. Não tinha direito a “fortuna” alguma, mas
a apenas “cem moedas”. Diante de seu próprio
devedor – outro “empregado” como ele – utiliza-
va métodos de cobrança nada gentis: “agarrou-o e
começou a sufocá-lo”. Ouviu um pedido idêntico
ao que fizera ao rei (“Dá-me um prazo!”), mas não
teve piedade e mandou o colega para a cadeia.
Não seria preciso dizer que o rei compassivo, ao
saber disso, “indignou-se” e voltou atrás! Mas, ao
invés de vender o empregado como escravo – con-
forme havia ameaçado –, decidiu entregá-lo “aos
torturadores”, até que pagasse toda aquela dívida
que ele havia se disposto a perdoar. Da extrema be-
nevolência de ignorar o débito, o rei passou a uma
severidade proporcional à dureza do “servo mau”.
A parábola pode ser lida como uma explicação
aprofundada da oração do Pai-Nosso. Nesta, Jesus
também utiliza a expressão “devedor”: “Perdoai-
-nos os nossos débitos assim como nós perdoamos
aos nossos devedores” (Mt 6,12). A palavra “dé-
bitos” (ofeilēmata) serve também como metáfora
para “pecado”/“ofensa”. E “devedor” (ofeilétēs) pode
ser interpretado como “ofensor”/“aquele que faz o
mal”. O Senhor o confirma declarando, logo após
ensinar o Pai-Nosso: “Portanto, se não perdoardes
aos homens, vosso Pai também não perdoará vos-
sos pecados (paraptōmata)” (Mt 6,14).
Somos devedores do Senhor! Dele recebemos
todos os bens sobrenaturais: a redenção, a graça, o
perdão, a Eucaristia, os dons do Espírito Santo…
E também os naturais: a existência, uma identida-
de, a família, capacidades, a saúde, a inteligência,
a memória… Não temos como pagar esta enorme
dívida! Mas o maior débito que temos diante Dele
são os nossos pecados. Por eles, Cristo morreu na
Cruz. Nem mesmo toda a penitência e boas obras
do mundo seriam suficientes para cancelar as ofen-
sas da criatura ao Criador, se o Filho de Deus não
nos redimisse!
Portanto, o “crédito” que temos com os outros –
que são “servos”, como nós – é muito pouco perto
dessa dívida incomparável com o Rei do universo!
Aliás, todas as reais ofensas que nos fazem são, an-
tes de tudo, ofensas a Deus! É sempre Ele é o maior
ofendido, mesmo quando os homens cometem in-
justiças, roubos, calúnias, homicídios e violências
uns contra os outros.
Por isso, não temos escolha: precisamos con-
tinuamente pedir perdão a Deus e perdoar aos
homens! Estas duas coisas sempre vão juntas!
Se não quisermos ter o triste fim do servo mau,
Jesus é claro: “É assim que o meu Pai que está
nos céus fará convosco, se cada um não perdo-
ar de coração ao seu irmão” (Mt 18,35); e ain-
da “Felizes os misericordiosos, pois alcançarão
misericórdia” (Mt 5,7).
20 | Reportagem | 13 a 19 de setembro de 2023 |
E junto da cruz, dolorosa,
estava Nossa Senhora
DANIEL GOMES
osaopaulo@uol.com.br
A memória de Nossa Senhora das Do-
res, em 15 de setembro, é ocasião propícia
“para se reviver um momento decisivo da
história da Salvação, e para venerar, junta-
mente com o Filho ‘exaltado na cruz, a Mãe
que com Ele compartilha o sofrimento’”,
escreveu São Paulo VI na exortação apos-
tólica Marialis Cultus (Mc 7).
De origem devocional, essa celebração
passou a ser permitida oficialmente em
1692, pelo Papa Inocêncio XII, e em 1814
Pio VII estendeu-a para toda a Igreja.
‘STABAT MATER’
A difusão do culto à ‘Mater Dolorosa’
remonta ao século XIII, especialmente por
meio da Ordem dos Servos de Maria. É
deste mesmo período a famosa Sequência
“Stabat Mater”, cuja autoria é atribuída ao
Frei Jacopone de Todi (1230-1306).
No verso inicial, as palavras Stabat Ma-
ter dolorosa (“Estava a Mãe dolorosa”) alu-
dem ao sofrimento da Mãe de Jesus, que
ao ver seu filho na cruz, sente “o coração
transpassado” e o cumprimento da “cruel
profecia” (estrofe 2) que o velho Simeão lhe
fizera na apresentação do Senhor no tem-
plo (cf. Lc 2,34-35). A Sequência retrata,
ainda, a desolação da Virgem Maria com
a morte do Filho, a postura do cristão que
busca acolher a Mãe neste momento de so-
frimento, ao mesmo tempo em que confia
que a morte de Cristo na Cruz confirma a
Salvação por Ele anunciada.
Desde 1727, por autorização do Papa
Bento XI, o Stabat Mater (leia a íntegra ao
lado) pode ser adotado como sequência da
missa e como hino da Liturgia das Horas
na memória litúrgica de Nossa Senhora das
Dores, em 15 de setembro.
AS SETE DORES
Uma das devoções mais populares à
Virgem Maria é a de suas sete dores, repre-
sentadas pelas sete espadas cravadas em
seu coração. A seguir, apresentamos as sete
dores, relacionando-as com apontamentos
dos papas e de santos a respeito de como
Nossa Senhora também as suportou por
amor a toda a humanidade.
1ª – A profecia de Simeão
“Eis que este menino está destinado a
ser ocasião de queda e elevação de muitos
em Israel e sinal de contradição. Quanto
a ti, uma espada te transpassará a alma”
(Lc 2,34-35).
“As palavras do velho Simeão, anuncian-
do a Maria a Sua participação na missão
salvífica do Messias, põem em evidência o
papel da mulher no mistério da redenção.
Com efeito, Maria é não só uma pessoa
individual, mas também a ‘filha de Sião’,
a mulher nova posta ao lado do Redentor,
para compartilhar a Sua paixão e gerar, no
Espírito, os filhos de Deus. Essa realidade é
expressa pela representação popular das ‘sete
espadas’ que trespassam o coração de Maria:
a representação evidencia a ligação profun-
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STABAT MATER
De pé, a Mãe dolorosa,
junto da cruz, lacrimosa,
via Jesus que pendia.
No coração transpassado
sentia o gládio enterrado
de uma cruel profecia.
da entre a mãe, que se identifica com a filha somente no Calvário, em virtude do sa-
Mãe entre todas bendita,
de Sião e a Igreja, e o destino de sofrimento crifício de Cristo, ela se manifesta na sua do Filho único, aflita,
do Verbo encarnado”. dimensão universal. As palavras de Jesus à imensa dor assistia.
(São João Paulo II – em audiência geral – 08/01/1997) ‘Eis aí o teu filho’ realizam aquilo que ex-
primem, constituindo Maria mãe de João e E, suspirando, chorava,
2ª – A fuga para o Egito de todos os discípulos destinados a receber e da cruz não se afastava,
Pelo caminho, a Sagrada Família en- o dom da Graça divina”. ao ver que o Filho morria.
frenta incertezas e dificuldades, mas man- (São João Paulo II – audiência de 23/04/1997)
tém a plena confiança no Senhor. Pobre mãe, tão desolada,
Santo Afonso Maria de Ligório (1696- 6ª – Maria recebe o Corpo de Jesus de- ao vê-la assim transpassada,
quem de dor não choraria?
1787) escreveu que a Virgem e Jesus pas- posto da cruz
saram pelo mundo como fugitivos e deixa- Ele é colocado nos braços de sua mãe, Quem na terra há que
ram à humanidade a seguinte lição: “Temos que o recebe com ternura. resista,
de viver na terra como peregrinos, sem ape- “É o momento de [tu, cristão] acudires à se a mãe assim se contrista
gos aos bens que o mundo nos oferece”. tua Mãe bendita do Céu, para que te acolha ante uma tal agonia?
em seus braços e te consiga do seu Filho um
3ª – A perda de Jesus no templo olhar de misericórdia. E procura depois fa- Para salvar sua gente,
“A Mãe de Deus, que buscou afano- zer propósitos concretos: corta de uma vez, eis que seu Filho inocente
samente o seu Filho, perdido sem culpa ainda que doa, esse pormenor que estorva e suor e sangue vertia.
Dela, que experimentou a maior alegria que Deus e tu conheceis bem. A soberba, a
Na cruz por seu Pai
ao encontrá-lo, ajudar-nos-á a desandar sensualidade, a falta de sentido sobrenatural chamando,
o andado, a retificar o que for preciso aliar-se-ão para sussurrar-te: Isso? Mas caso vai a cabeça inclinando,
quando pelas nossas leviandades ou pe- se trate de uma circunstância boba, insigni- enquanto escurece o dia.
cados não conseguirmos distinguir Cristo. ficante! E tu respondes, sem dialogar mais
Reprodução Faze, ó Mãe, fonte de amor,
que eu sinta em mim tua dor,
para contigo chorar.
Faze arder meu coração,
partilhar tua paixão
e teu Jesus consolar.
Ó santa Mãe, por favor,
faze que as chagas do amor
em mim se venham gravar.
O que Jesus padeceu
venha a sofrer também eu,
causa de tanto penar.
Ó dá-me, enquanto viver,
com Jesus Cristo sofrer,
contigo sempre chorar!
Quero ficar junto à cruz,
Alcançaremos assim a alegria de abra- com a tentação: Entregar-me-ei também velar contigo a Jesus,
çá-lo de novo, para lhe dizer que nunca nessa exigência divina!” e o teu pranto enxugar.
mais o perderemos”. (São Josemaría Escrivá – Amigos de Deus, 134)
(São Josemaría Escrivá – Amigos de Deus, 278) Virgem Mãe tão santa e
7ª – Jesus é colocado no sepulcro pura,
vendo eu a tua amargura,
4ª – Maria encontra Cristo a caminho do Maria leva ao sepulcro o corpo de Jesus.
possa contigo chorar.
Calvário Está desolada, mas confiante de que Ele
“Ela seguia Jesus. Até o Calvário. E ali, ressuscitará. Que do Cristo eu traga
em pé... as pessoas certamente disseram: “A partir da cruz, ficastes mãe de uma a morte,
‘Mas, pobre mulher, como deve sofrer’, e maneira nova: mãe de todos aqueles que sua paixão me conforte,
os malvados certamente disseram: ‘Mas, querem acreditar no vosso Filho Jesus e se- sua cruz possa abraçar!
a culpa também é dela, porque se ela o ti- gui-Lo. A espada da dor trespassou o vos-
vesse educado bem, isto não teria acabado so coração. Tinha morrido a esperança? Em sangue as chagas
assim’. Ali estava ela, com o Filho, com a Ficou o mundo definitivamente sem luz, me lavem
humilhação do Filho (...) Hoje far-nos-á a vida sem objetivo? Naquela hora, pro- e no meu peito se gravem,
para não mais se apagar.
bem parar um pouco e pensar na dor e vavelmente, no vosso íntimo tereis ouvido
nos sofrimentos de Nossa Senhora. Ela é a novamente a palavra com que o anjo tinha No julgamento consegue
nossa Mãe. E como os carregou, como os respondido ao vosso temor no instante da que às chamas não
suportou bem, com força, com choro: não anunciação: ‘Não temas, Maria!’ (...) jun- seja entregue
era um choro falso, era precisamente o seu to da cruz, na base da palavra mesma de quem soube em ti se abrigar.
coração destruído pela dor”. Jesus, Vós tornastes-Vos mãe dos crentes.
(Papa Francisco – homilia de 03/04/2020) Nesta fé que, inclusive na escuridão do Que a santa cruz me proteja,
Sábado Santo, era certeza da esperança, que eu vença a dura peleja,
5ª – A crucifixão de Jesus caminhastes para a manhã de Páscoa. A possa do mal triunfar!
Maria acompanha todo o sofrimento de alegria da Ressurreição tocou o vosso cora-
Vindo, ó Jesus, minha hora,
Jesus e aceita a vontade de Deus. ção e uniu-Vos de um novo modo aos dis- por essas dores de agora,
“Ainda que no desígnio de Deus a ma- cípulos, destinados a tornar-se família de no céu mereça um lugar.
ternidade de Maria se destinasse, desde o Jesus mediante a fé”. Extraído de Lecionário III
início, a estender-se à humanidade inteira, (Papa Bento XVI – encíclica Spe salvi, 50 – ano de 2009) (Santoral), pp. 173-174