SEMANÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO

www.arquisp.org.br Ano 68 | Edição 3480 | 17 a 23 de janeiro de 2024 www.osaopaulo.org.br | R$ 3,00

Papa Francisco: as crianças são os Editorial

Entendendo a constituição

grandes descartados pela guerra

dogmática Dei Verbum
Página 3

Vatican Media
Encontro com o Pastor
Vinde e vede: caminhar
juntos com Jesus
Página 2

Espiritualidade
Dom Rogério das Neves:
‘Um jogo de títulos’
Página 4

Liturgia e Vida
O Reino está próximo,
convertei-vos e crede
no Evangelho
Página 5

Comportamento
Como lidar com o
tempo de férias escolares
Santo Padre manifesta preocupação com o sofrimento das crianças causado pelas guerras e o impacto naqueles que são o futuro da humanidade e o tédio
Página 6
Em entrevista ao programa italiano Che Tempo Che que as impedem de sonhar. O Pontífice também afir-
Fa, no domingo, 14, o Papa Francisco ressaltou o so- mou que “a guerra é uma opção egoísta” e indicou a
frimento causado pela guerra às crianças, afirmando esperança como a arma mais forte para superá-la. Clérigos são libertados pelo
que elas são as grandes exploradas desses conflitos Página 7
governo da Nicarágua e
exilados em Roma
Diversão garantida para toda a família nas férias O governo da Nicarágua
Amigos da Arte/Mundo do Circo/Divulgação informou que Dom Rolando
Janeiro chegou, e com ele as es- Álvarez, Bispo de Matagalpa,
peradas férias escolares. Para mui- Dom Isidoro Mora, Bispo de
tos, é um período para descansar, e Siuna, 15 padres e dois semi-
para a criançada, um momento para naristas detidos pelo regime
se divertir. São inúmeras as propostas de Daniel Ortega foram liber-
oferecidas, desde eventos gratuitos tados no domingo, 14, e en-
até as com preços promocionais para viados a Roma, na Itália, onde
atrair o público. foram acolhidos pelas autori-
O SÃO PAULO reuniu algumas dades vaticanas “em confor-
atividades artísticas e culturais em di- midade com acordos de boa
ferentes lugares da cidade. fé e boa vontade”.
“Mundo do Circo” traz uma programação lúdica e interativa sobre o imaginário circense Página 11 Página 5

Reprodução

Nutricionista orienta:
El Niño: o que ainda descasque mais e
desembale menos
El Niño: o fenôm
esperar dos impactos
Edição 08

Pacífico volta a meno das águas do

17 de janeiro de
2024

exer com o clima

mundial Pelas redes sociais, a nu-
deste fenômeno climático? Artes a partir de
mapas disponíveis
em NOAA – National
Weather Service
tricionista Silvia Mattos esti-
mula que as pessoas insiram
O Caderno Laudato si’ – por uma Ecologia frutas em suas dietas. Ape-
Integral detalha como o aquecimento sar de a maioria das pesso-
anormal das águas do oceano Pacífico as terem consciência de que
os alimentos in natura ou mi-
na região do Peru e do Equador Com o El Niño, o

Daniel Gomes
aquecimento atípic
o das águas do Pacífico altera
o clima em todo o
planeta Mudanças também
ocorrem quando há nimamente processados são
incide no clima mundial, inclusive em
a La Niña, o resfriamento
atípico destas águas

mais benéficos à saúde, a

oceânicas
De geração em
geraç
dores da costa Nort ão, os pesca- Desde junho de

diferentes regiões do Brasil, e, por vezes,

e
Equador se acost do Peru e do observadas cond 2023, têm sido
profissional recorda que mui-
umaram com a ições que indicam rão essa água fria
maior fartura de o padrão típico para Oeste. Esse
peixe padrão influencia bém é coordena
meses do ano, quan s nos últimos faixa
do El Niño: uma
de águas quentes das massas de ar
a movimentação dor
Cultura da PUC-SP. do Núcleo Fé e
do
da água do oceano a temperatura em grande sobre a América

potencializa os problemas decorrentes tos optam pela praticidade e

Pacífico naquela parte do oceano Sul, favorecendo do “Nos anos em que
região é mais fria. Pacífico equatoria tanto a entrada do ocorre a La
No século XVIII, desd e sua porção central até l, ar úmido vindo Niña, o fenômeno
do oceano Atlân se inverte. A água
porém, percebeu-
se que em algun da Amé rica do Sul. Por ora, a costa co quanto do ar ti-
frio vindo do Sul”, fria predomina
anos a pescaria s sões são de que o fenôm as previ- no Pacífico equa

com isso acabam por ter dé-

não explica o professor torial, as massas -
a água estava mais era tão farta, e
do aquecimento global.
re, ao menos, até maio eno perdu- Francisco Borba de ar se deslocam
aquecida do que Ribeiro Neto, biólo para Oeste com mais
de 2024. go e sociólogo,
de costume. A este
fenômeno, eles a respeito da dinâ
mica no Pacífico ar úmido oceânico intensidade. O
deram o nome Como ocorre? O quando não há nem chega com mais

ficits nutricionais.
de Corriente de El Niño e seu even facilidade ao Brasi
Niño, dado que El to oposto, La Niña - La Niña. El Niño nem a l central, ocasio-
acontecia próximo , são fenômenos nando mais chuv
à época do nasc naturais que se repet as no Nordeste;
imen Entretanto, quan enquanto as frent
Jesus (El Niño em to do Menino los de tempos variá em em interva- Niño toda essa dinâ
do ocorre o El es
cam com mais rapid frias se deslo-
espanhol). Eles veis conhecidos mica é alterada.
ao Norte, estacionan ez em direção
Página 10
também entendiam como El Niño-Osc “As águas da regiã
de que Deus dimi como um sinal ilaçã o Sul (Enos). o equatorial do do por menos
nuía a possibili- Enquanto aquele Pacífico se aque tempo no Sul,
provoca o aqueci- cem que
dade de pesca para mento anormal mal, os ventos alísio acima do nor- quente”, afirma Ribe se torna mais
voltar a suas casas que pudessem fico, esta causa o
das águas do Pací-
e a corrente de s enfraquecem iro Neto.
e passar o Natal resfriamento anô- água fria da costa
em família. malo desta porç sul-americana não Mais frequente
ão oceânica (veja chega mais até e intenso do que
Com o avanço das detalhes nos map a região tropical. antes. Por muit
bre o fenômeno, pesquisas so- as acima). Com isso, gran- o tempo, se atest
descobriu-se que “Na região equa des massas de ar que o El Niño e a ou
torial, os ventos que La
esse aquecimento
atípico das água dominantes (alísi
os) vão de Les- em nosso continen atuam não só em um intervalo Niña ocorriam
super s t te, mas tamb de aprox
2 | Encontro com o Pastor | 17 a 23 de janeiro de 2024 |
CARDEAL
ODILO PEDRO
SCHERER
Arcebispo
metropolitano
de São Paulo
N
o Evangelho segun-
do São João, não é
Jesus que chama os
primeiros discípulos:
são eles que procuram o Mestre.
Depois do batismo de Jesus no
Jordão, João Batista aponta para
Jesus e diz: “Ele é o cordeiro de
Deus”. Logo, dois discípulos de
João começam a seguir Jesus, que
os vê e pergunta: “O que vocês
procuram?” E eles: “Mestre, onde
moras?” A resposta de Jesus é um
convite: “Vinde e vede”. Eles foram
e ficaram com ele (cf. Jo 1,35-39).
Jesus convidou os discípulos
a ficarem com ele, conhecen-
do-o de perto na convivência,
deixando-se fascinar por ele.
E tanto foi, que eles não foram
mais embora. Um deles, André,
foi procurar seu irmão Simão
e o levou também até Jesus.
Também ficou com Jesus, de-
dicando-lhe toda a sua vida, até
o martírio. E assim aconteceu
com tantos outros discípulos,
homens e mulheres, fascinados
por Jesus, por suas palavras, ati-
tudes e sua personalidade. Ele
era diferente de qualquer outro
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Caminhar juntos com Jesus
mestre ou profeta que havia sur- chego, a meta do caminhante, o ta ter fé e acolher o convite de
gido antes dele. lugar do descanso e da intimi- Jesus à constante conversão ao
Assim foi a origem da Igre- dade da convivência. Na casa, as Evangelho.
ja, povo daqueles que seguem pessoas aprendem a se conhecer Neste novo ano pastoral, que
a Jesus e estão com ele a cami- como são, para lá das aparências estamos a iniciar, todos somos
nho, na peregrinação desta vida públicas. Jesus leva os discípulos chamados mais uma vez a nos
rumo à “pátria definitiva”. O nú- a fazer caminho com ele, pois a colocarmos a caminho com Je-
cleo inicial da Igreja foi o gru- vida é uma busca incessante para sus, com renovada disposição
po de Jesus com seus discípu- alcançar a meta maior; é missão e interior. Ainda não chegamos
los, aos quais ele encarregou de projeto que se realiza a cada dia. ao lugar do descanso e preci-
anunciar o Evangelho e de teste- O grande descanso vem depois, samos dar passos cada dia. No
munhar sobre o reino de Deus, como recompensa de uma vida caminho de Jesus, sempre se
que anunciou e fez presente no dedicada e frutuosa. No início, acrescentavam mais alguns e
mundo com sua pessoa. A Igre- o Cristianismo ainda não era eram acolhidos, na medida em
ja não nasceu como instituição conhecido por esse nome, mas que aceitavam o convite a seguir
toda estruturada e já organiza- como “o caminho”, como lemos, o Mestre. Não eram perfeitos e
da. Isso veio depois e se tornou sobretudo, nos Atos dos Após- precisavam fazer muita estrada
necessário para que ela pudesse tolos. A Igreja, nos seus inícios, para crescer na vida segundo o
cumprir bem a sua missão. entendeu-se como “povo a cami- Evangelho. E eram amados por
Mesmo assim, a instituição nho com Jesus para a casa do Pai”. Jesus, todos eles; até mesmo Ju-
estruturada, com normas ex- Povo de missionários e testemu- das, até o fim.
plicitadas e doutrinas definidas, nhas de Jesus, também hoje. No caminho de Jesus, nem
continua a serviço do núcleo A arquidiocese de São Paulo sempre é fácil e se engana quem
inicial e essencial: ela é o povo também é uma grande comu- o quer seguir para obter vanta-
dos discípulos missionários de nidade de discípulos missioná- gens e comodidades. As pedra-
Jesus, que caminham com Ele rios a caminho com Jesus Cristo das, xingamentos e ofensas que
na história, entre todos os po- nesta imensa metrópole paulis- Jesus levou, também as levaram
vos, chamados por Deus Pai, tana. É comunidade de muitas os que estavam com ele a cami-
guiados por Jesus e animados comunidades, pequenas e gran- nho. Ninguém devia estranhar,
pelo Espírito Santo. Se perdês- des, de diversos perfis, inserida pois “o discípulo não é maior que
semos essa referência funda- em todo o tecido urbano. Ela se o mestre”. Mas nunca se arrepen-
mental da Igreja, acabaríamos reúne, sobretudo, aos Domin- deram aqueles que seguiram
por entendê-la de maneira equi- gos, “no Dia do Senhor”, para Jesus de reto coração. Mesmo
vocada e nos desorientaríamos fazer a memória de Jesus e do tendo o mesmo fim que ele teve:
facilmente. seu Evangelho, para alimentar e o martírio. Vamos ser “Igreja-a-
Jesus convidou os primeiros testemunhar sua fé e esperança -caminho”, Igreja sinodal em co-
discípulos a “verem” onde mo- e para animar-se na caridade. munhão, conversão e renovação
rava. A casa representa o acon- Nela, todos podem entrar, bas- missionária também neste ano?
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Entendendo a Dei Verbum
E
ntre as muitas riquezas que o Es-
pírito Santo confiou à Igreja por
meio do 21º Concílio Ecumêni-
co, mais conhecido como Vati-
cano II, existem quatro documentos que
se destacam por terem recebido o status
de “constituições”, e que gostaríamos de
explorar com mais detalhe neste espaço,
ao longo das próximas semanas.
No editorial de hoje, então, queremos
aprofundar um pouco mais o estudo da
Dei Verbum (“Palavra de Deus”), a cons-
tituição dogmática sobre a Revelação.
Como o próprio nome já indica, o do-
cumento resume a doutrina genuína da
Revelação divina, ou seja, o processo pelo
qual Deus “retira o véu”, e se comunica
com a humanidade (nº 1).
Esta nossa doutrina da Revelação já
distingue o Cristianismo de várias outras
grandes religiões mundiais. A nossa dou-
trina não vem de um indivíduo ilumina-
do, que a teria descoberto por si mesmo,
num processo de meditação filosófica.
Não! Cremos que as verdades do Cristia-
Uma mística do Coração
JOSÉ EDUARDO CÂMARA
Em 27 de dezembro do ano passa-
do, logo após o Natal, recordamos os
350 anos da primeira grande aparição
do Sagrado Coração a Santa Margari-
da Maria Alacoque, monja da Ordem
da Visitação de Santa Maria. Esta data
marca o início do jubileu, cuja celebra-
ção irá de 27 de dezembro de 2023 até
27 de junho de 2025, promovido pelo
Santuário de Paray-le-Monial, cidade
francesa onde viveu e morreu Santa
Margarida Maria.
“Certa vez, diante do Santíssimo
Sacramento”, assim começa a descre-
ver na sua autobiografia Santa Marga-
rida Maria a grande manifestação do
Coração de Cristo em 27 de dezembro
de 1673. Contemplativa do amor divi-
no, a alma de Santa Margarida tinha
profunda sede da Eucaristia. Ali, na
oração, será conduzida pelo Paráclito
a uma profundíssima experiência do
Amor de Cristo. Assim escreve ela:
“Entreguei-me, então, ao divino Espí-
rito, pondo meu coração à mercê da
força do seu amor. Fez-me repousar,
por longo tempo, em seu divino peito.
Ali me revelou as maravilhas de seu
amor e os segredos insondáveis de seu
Sagrado Coração, que tinha conser-
vado escondidos até aquele momento
em que nos abriu pela primeira vez,
mas de modo tão real e sensível que
não deixou lugar para nenhuma dú-
As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.
Editorial
nismo nos foram entregues de forma so-
brenatural pelo próprio Deus, mediante
instrumentos humanos.
Logo no começo, a Dei Verbum deixa
bem claro que esta comunicação aconte-
ceu por iniciativa divina, como resultado
de uma escolha livre, que aprouve a Deus
(placuit Deo) no transbordamento de seu
amor pela humanidade. E em que con-
siste esta revelação? Qual seu conteúdo
essencial? Basicamente, que nós homens
fomos criados numa superabundância de
amor, para que aceitemos o convite a par-
ticipar da bem-aventurança infinita do
próprio Deus. Os percalços da vida po-
dem às vezes nos deixar desorientados,
mas não nos confundamos: esta nossa
existência tem um sentido último, que é
entrarmos na comunhão íntima da vida
divina, tornando-nos amigos de Deus, e
filhos seus (nº 2).
Outro ponto importante da Dei
Verbum é a diferença entre a revelação
mais genérica que Deus faz por maio
do livro da natureza, pela qual ele deixa
Opinião
vida, pelos feitos que essa graça pro-
duziu em mim. Ele me disse: “O meu
divino Coração está abrasado de amor
para com os homens, e em particular
para contigo. Não podendo conter
mais em si as chamas de sua ardente
caridade, precisa derramá-las por teu
meio e manifestar-se a eles, para enri-
quecê-los com seus preciosos tesou-
ros” (Autobiografia, 53).
Esta celebração poderia até pare-
cer uma efeméride entre muitas ou-
tras, mas, na verdade, marca o início
de um dos movimentos espirituais
mais importantes da história da Igreja
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um testemunho perene de sua existên-
cia na ordem e beleza das coisas criadas,
e a Revelação mais específica que ele foi
fazendo gradualmente ao longo da his-
tória, começando com os patriarcas e o
povo de Israel, até culminar finalmente
com o envio de seu próprio Filho, Je-
sus Cristo. Depois que Cristo revelou
sua mensagem aos Apóstolos, portan-
to, não há “novas Revelações”, e quem
propuser um “Evangelho diferente” do
que foi anunciado deve ser desprezado,
mesmo que seja um anjo de luz descido
do céu (cf. Gal 1, 8).
Acontece que os Apóstolos que recebe-
ram de Jesus a plenitude da Revelação já
morreram há quase dois mil anos – e, pela
própria natureza das coisas, seria de se es-
perar que a transmissão desta mensagem,
ao longo das gerações, fosse lentamente
distorcendo seu conteúdo, como naquela
brincadeira do “telefone sem fio” que to-
dos jogamos quando crianças. Ora, mas se
fosse assim, de nada adiantaria que Deus
passasse milênios preparando a humani-
Arte: Sergio Ricciuto Conte
moderna. Se é verdade que o Coração
de Jesus já era objeto de devoção bem
antes, foi a Santa Margarida Maria
que coube ser a inspiração para o cul-
to público ao Sacratíssimo Coração.
Culto inclusive solene e litúrgico, por
meio da instituição da Solenidade do
Sagrado Coração na oitava do Corpus
Christi.
Especialmente após o século XIX,
a espiritualidade reparadora do Co-
ração de Jesus se mostrou como um
impulso carismático incomparável.
Entre os leigos, a devoção ao Coração
de Jesus, conforme apresentada por
dade para receber as verdades da salvação,
para depois permitir que essa doutrina
fosse corrompida pelo tempo: e, por isso,
Deus “dispôs amorosamente que perma-
necesse íntegro e fosse transmitido a to-
das as gerações” o Evangelho entregue aos
Apóstolos “como fonte de toda a verdade
salutar e de toda a disciplina de costumes”.
Esta preservação integral da verdade divi-
na, que é o selo de autenticidade de nossa
amada Igreja Católica, se chama Sagrada
Tradição ou Depósito da Fé (nº 7).
Conforme ensina a Dei Verbum, por-
tanto, a Igreja Católica é o porto seguro
em que são preservados intactos, até o
fim dos tempos, aqueles ensinamentos
necessários à salvação, que Deus come-
çara a revelar ao longo do Antigo Testa-
mento e que Jesus Cristo levou à plenitu-
de e confiou a seus Apóstolos. Peçamos
então a graça de permanecermos nós,
também, sempre firmes nesta barca de
Pedro, em meio às turbulências da vida,
e guardarmos a Revelação confiada de
uma vez para sempre aos santos (Jd 1, 3).
Santa Margarida Maria, foi uma força
evangelizadora ímpar. Associações e
movimentos, grupos e confrarias sur-
giram para viver e difundir esta espi-
ritualidade. Para a vida consagrada, foi
um estímulo admirável. Quantos insti-
tutos masculinos e femininos, contem-
plativos e missionários estão alicer-
çados nesta espiritualidade? Bastaria
pensar num grande místico do século
XX: Charles de Foucauld, canonizado
pelo Papa Francisco em 15 de maio de
2022. Não era exatamente este Coração
que este inigualável eremita-missioná-
rio trazia estampado no seu hábito?
Exatamente a representação icono-
gráfica do Sagrado Coração se mos-
trou como um excelentíssimo meio de
apresentar ao mundo o núcleo central
do Evangelho. Assim escrevia São João
Paulo II: “De fato, a aproximação de
Cristo, no mistério do seu Coração,
permite-nos deter-nos neste ponto da
revelação do amor misericordioso do
Pai, que constituiu, em certo sentido, o
núcleo central — e, ao mesmo tempo,
o mais acessível no plano humano —
da missão messiânica do Filho do Ho-
mem” (Dives in Misericordia, 13)
Esta celebração, portanto, se apre-
senta como uma oportunidade única
para nos aprofundarmos na espiritua-
lidade do Sagrado Coração.
José Eduardo Câmara é advogado,
tradutor e escritor. É autor do livro
“Os anjos na vida dos santos”.
4 | Ponto de Vista/Fé e Vida | 17 a 23 de janeiro de 2024 | www.osaopaulo.org.br
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Comportamento
Como lidar com o tempo de férias escolares - reflexões sobre o tédio
SIMONE RIBEIRO CABRAL FUZARO
Férias escolares, alegria para uns tan-
tos e desespero para outros.
A cada período de férias, escuto as
mais diversas expressões: - “Que delícia,
vamos aproveitar!”; “Socorro, não te-
nho férias de trabalho, o que farei com
as crianças?”; “Gente, que sufoco, não
tenho paciência para brincar com eles”;
“Meu Deus, como dá trabalho ocupar
o tempo das crianças, me chamam para
tudo”... Enfim, vamos pensar sobre o
tempo no período de férias.
Tempo de férias, por definição, é o
período em que as atividades escolares
são interrompidas e as crianças ficam
com o tempo mais livre. Férias escola-
res são importantes pois marcam eta-
pas, oferecem a possibilidade de um
descanso em relação ao ritmo de lições
e afazeres próprios da atividade escolar,
possibilitam que a criança conviva um
pouco mais em seu ambiente familiar,
que tenha horários mais flexíveis.
Nas férias há uma mudança de rotina
– o tempo que é normalmente organi-
zado em torno das atividades escolares,
passa a se organizar de outro modo. Aqui
faço um adendo importante: sim, é pre-
ciso organizar o tempo de outro modo.
Férias não significa falta total de rotina,
mas sim, uma rotina diferente, que pos-
sibilita mais tempo para a brincadeira
livre, para o ócio, para as atividades que
não “cabem” na rotina própria do tempo
de aula.
Estipular um horário para acordar
e dormir, um tempo maior para brin-
carem, possibilitar que tenham mais
contato com a natureza, que tenham
disponíveis materiais interessantes para
criar brincadeiras (sucata, papéis, lápis,
massinha, argila, tecidos, caixas). Obser-
var, mexer, perceber, pensar, construir....
atividades que exigem introspecção, que
surgem da necessidade, do ócio. Plane-
jar e organizar o tempo com as telas, não
ceder à compulsão infantil nesse campo;
caso contrário, muito pouco crescerão
nesse período.
Quando a criança tem uma agenda
toda preenchida, com uma atividade
atrás da outra, com passatempos pro-
gramados e organizados para si, não há
tempo e oportunidade para nada do que
foi dito acima. Quando a criança se diz
entediada, resistam bravamente à ten-
dência de resolver o tédio. Ao contrário,
ajude-a a perceber: o que gostaria de fa-
zer? Como poderia se divertir? Muitas
vezes um adulto por perto, presente afe-
tivamente, oferece a segurança de que a
criança precisa para crescer diante dessa
experiência do tédio.
Brincar sozinha é um aprendizado
necessário, importante, que organiza o
mundo interior, ajuda na autopercep-
ção. E a presença do adulto dá suporte
para esse movimento infantil, desde que
o adulto também “suporte” o ócio da
criança.
Percebo com clareza a dificuldade
dos pais em organizar uma rotina de fé-
rias para as crianças. Ou querem lotar o
dia da criança de atividades, distrações e
afazeres – como se a criança não pudesse
ficar ociosa nunca; ou cedem a um “far
niente” desordenado que deixa o am-
biente completamente caótico.
Muitos pais pensam a agenda das
crianças conforme suas próprias agen-
das: acabam lotando a criança de “com-
promissos”. Lembrem-se: crianças não
são adultos tamanho P, elas têm um
modo de funcionar diferente e uma ne-
cessidade diferente, precisam de mais
tempo ocioso, precisam brincar, preci-
sam se organizar internamente e isso
se faz exatamente nas ocasiões em que
brincam, imaginam, criam.
Essa experiência do ócio, do tédio, é
importante em todas as idades – primei-
ra infância, segunda infância e adoles-
cência. Até mesmo adultos precisam de
tempos ociosos para descansar, contem-
plar, meditar.
Portanto, o importante é o equilíbrio.
A virtude da temperança, da moderação,
precisa ser buscada no processo educati-
vo dos filhos.
Equilibrar o tempo, oferecer ativida-
des e oferecer tempo livre. Estar presente
sem ser o responsável por criar as ativi-
dades e preencher todo o tempo deles.
Ordenar esse tempo para que seja dis-
tribuído com sabedoria de acordo com
as necessidades em cada etapa: eis aí o
papel dos pais no tempo de férias.
Simone Ribeiro Cabral Fuzaro
é fonoaudióloga e educadora. Mantém o site
www.simonefuzaro.com.br. Instagram:@sifuzaro

Espiritualidade Você Pergunta

Um jogo de títulos Faz sentido haver
beu a missão de Deus, que ensinará sua Palavra uma ‘madrinha
e que se sacrificará por todos os homens. É di-
fícil esperar que Ele possa inspirar a nossa vida de vela’ no Batismo
DOM ROGÉRIO
e nossas ações se for para nós um anônimo em
meio à multidão dos seres humanos que pisa- de uma criança?
ram nesta terra, mesmo que tenha feito história
AUGUSTO
e tenha se tornado famoso. Isso se pode dizer PADRE CIDO PEREIRA
DAS NEVES osaopaulo@uol.com.br
BISPO AUXILIAR de qualquer pessoa. Sua identidade é ilumina-
DA ARQUIDIOCESE da pelos títulos que o Evangelho aos poucos vai
NA REGIÃO SÉ nos dando. Sua identidade não gira apenas em A Regina, do bairro da Mooca, me enviou a seguinte dú-
torno da história pessoal, onde nasceu, o que vida: “O que significa ser ‘madrinha de vela’ no Batismo?”.
disse, o que falou. Minha irmã, há certas coisas na religiosidade popular que eu
É importante saber que Ele veio de Deus: acho bonitas e certamente foram criadas para alimentar essa

U
m título dado por João Batista
a Jesus, quando Ele passava, fez
com que dois de seus discípulos
o seguissem: “Eis o Cordeiro de
Deus!” A interpelação de Jesus aos dois dis-
cípulos que O seguiam, perguntando o que
procuravam, fez com que os dois o chamas-
sem por um outro título: “Mestre, onde mo-
ras?” Um dia inteiro passado ao lado de Je-
sus levou um desses dois discípulos, André,
a procurar o seu irmão, Simão, para dar um
novo título a Jesus: “Encontramos o Messias”.
Porém, quando André levou Simão até Jesus
e apresentou a ambos, foi Jesus quem deu um
título a Simão: “Tu és Simão, filho de João; tu
serás chamado Cefas”.
Parece um jogo de títulos no qual um diz ao
outro quem ele é, ou quem ele representa, mas
também quem ele será. O Cordeiro de Deus,
quer dizer aquele que será sacrificado, que dará
sua vida pela humanidade. Mestre, quer dizer
aquele que ensina a Palavra de Deus. Messias,
quer dizer o “Ungido”, isto é, aquele que recebeu
a missão de Deus. Jesus reúne vários predicados
para ser o Servidor da humanidade: que rece-
que recebeu uma missão, que ensinou a verda-
de e que se comprometeu, por meio do sacri-
fício, com a salvação do mundo. Não importa
apenas quem Ele foi, mas importa o que Ele re-
presenta para cada um de nós. Por outro lado,
o título que Jesus deu a Simão, depois de ter
dito quem ele era, servirá para dizer quem Si-
mão será e o que representará, para Ele e para
a humanidade: “Simão, filho de João; tu serás
chamado Cefas”. Essas palavras de Jesus devem
nos colocar também na relação com Ele, para
nos perguntarmos sobre quem somos nós para
Ele. Quando falamos sobre a missão da Igreja,
não estamos falando de um empreendimento
humano, nem estamos falando de motivações
puramente racionais. Nossa convicção não
consiste em correr atrás de algumas ideias.
Nossa vida de Igreja, de discípulos e missioná-
rios, reflete uma relação pessoal. Nosso agir de
cristãos reflete quem Jesus é para nós e o que
Ele representa em nossas vidas. E nossa mis-
são de anunciadores dele, não de suas ideias,
mas de sua pessoa, reflete a consciência que
temos a respeito de quem somos para Ele e
também do que representamos na missão do
Filho de Deus.
religiosidade e a fé no coração das pessoas simples.
Imagine você um casal que ganhou de Deus o presente
lindo de um filho. E este casal, sendo cristão, quer o melhor
para seu filho e decide batizá-lo. Mas são tantas as pessoas
que eles gostariam que fossem seus compadres, não é mes-
mo? E com isso foram se criando apadrinhamentos.
Vamos ao caso da sua pergunta. A palavra “Madrinha
de vela” sugere que no batizado em alguns lugares de nosso
País, existam os padrinhos do Batismo, as madrinhas de
consagração e até a “madrinha de vela”. E que seria isso?
Após o Batismo, o padre consagra a Nossa Senhora a
criança que foi batizada. No Batismo, a madrinha segurou
a criança no colo. Na consagração a Nossa Senhora, outra
madrinha segura a criança enquanto o padre a consagra. E,
pelo visto, embora não seja muito comum, existe também
uma madrinha que vai segurar a vela depois de acendê-la
no Círio Pascal.
O que me parece nisso tudo então, minha irmã, é que os
pais querem homenagear e fazer um gesto de carinho, con-
vidando, além dos padrinhos, outras pessoas para participa-
rem do Batismo de seus filhos. E cá entre nós, quanto mais
padrinhos e madrinhas bondosos e cheios de fé, mais acom-
panhamento e ajuda a criança terá na sua caminhada de fé.
É isso, minha irmã. Tomara que todos os padrinhos
de Batismo, de consagração e de velas sejam mesmo pais e
mães na fé para seus afilhados.
 www.osaopaulo.org.br
www.arquisp.org.br | 17 a 23 de janeiro de 2024 | Pelo Mundo/Fé e Vida | 5

Governo da Nicarágua liberta clérigos Liturgia e Vida

e os envia para exílio em Roma 3º DOMINGO DO TEMPO COMUM
21 DE JANEIRO DE 2024

‘Convertei-vos
ACN

e crede!’
PADRE JOÃO BECHARA VENTURA

Nosso Senhor iniciou a vida pública com a

REDAÇÃO
osaopaulo@uol.com.br
Em um comunicado de imprensa
emitido pelo Governo da Nicarágua,
foi informado que Dom Rolando Ál-
varez, Bispo de Matagalpa, e Dom
Isidoro Mora, Bispo de Siuna, fo-
ram enviados a Roma, na Itália, no
domingo, 14, com 15 padres e dois
seminaristas, ação descrita pela im-
prensa e pelos setores democráticos
do País como “um exílio”.
O comunicado diz que as au-
toridades nicaraguenses agrade-
ceram os esforços do Papa Fran-
cisco e do Cardeal Pietro Parolin,
Secretário de Estado da Santa Sé,
pela “discreta coordenação reali-
zada” para possibilitar a libertação.
Dom Álvarez havia sido condena-
do a 26 anos de cárcere, estava detido
desde fevereiro do ano passado após
passar seis meses em prisão domici-
liar, enquanto Dom Mora havia sido
detido em dezembro passado.
Segundo o regime, os clérigos
foram recebidos pelas autoridades
da Santa Sé “em conformidade com
acordos de boa fé e boa vontade”.
Por meio de uma publicação nas
redes sociais, Dom Silvio Báez, Bis-
po Auxiliar de Manágua, exilado em
Miami, nos Estados Unidos, expres-
sou sua alegria: “Agradeço a Deus
porque meus irmãos bispos, sacer-
dotes e seminaristas estão fora da
prisão. A justiça triunfou. O poder da
oração do povo de Deus foi demons-
trado”, afirmou.
Desde 2018, o governo nicara-
guense vem perseguindo todas as
entidades independentes, desde asso-
ciações até os meios de comunicação,
incluindo a Igreja Católica.
Entre abril de 2018 e agosto de
2023, foram registrados 667 ata-
ques: insultos, profanações, agres-
sões, sequestros e encarceramentos
arbitrários contra a Igreja. Em 2022,
ocorreram 171 incidentes violentos,
número ultrapassado nos primeiros
oito meses de 2023, quando totaliza-
ram 203. Oitenta e três religiosas de
diferentes ordens e congregações e 70
sacerdotes foram exilados.
Com informações de ADN Celam
exortação: “O tempo já se completou e o Reino
de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no
Evangelho!” (Mc 1,15). Esta frase simples resu-
me todo o anúncio da Igreja.
Saber que “O Reino de Deus está próximo” é
primeira condição para que o coração se abra a
Jesus Cristo. Esta vida - com o que tem de bom
e de ruim - é passageira! Por isso, São Paulo
recomenda um são desprendimento: “Os que
choram, vivam como se não chorassem; os que
estão alegres, como se não estivessem alegres;
e os que fazem compras, como se nada possu-
íssem, pois a figura deste mundo passa” (1Cor
7,30s). Somente a consciência de que “O tempo
está abreviado” (1Cor 7,29) pode nos abrir ao
convite: “Convertei-vos!”.
A “conversão” consiste em uma mudança
de conduta e de mentalidade. Trata-se de reti-
ficar a direção da própria vida. Para onde estou
indo? O que faço com o tempo, as capacidades,
os bens e as pessoas com que Deus me presen-
teou? Para que haja sincera conversão, temos de
examinar a consciência com honestidade; iden-
tificar os pecados dominantes, as escolhas de
vida ou situações que nos afastam do Senhor. É
preciso que tomemos a firme resolução de mu-
dar para melhor!
Este processo - cuja iniciativa, no fundo,
pertence a Deus - requer assiduidade na ora-
ção. Afinal, somente Ele pode mudar o modo
de pensar, de sentir, e mostrar-nos o caminho a
seguir. Sem Ele, não temos iniciativa nem força
para mudar. Apenas Ele pode levar a cumpri-
mento as boas resoluções, pois “é Deus quem
opera em vós tanto o querer como o atuar” (Fl
2,13). A efetiva mudança de conduta e de men-
talidade, por sua vez, transforma a alma em um

Mais de um milhão de cristãos terreno propício para a fé.

A austeridade e a pregação de São João Ba-

perseguidos fogem do Iraque tista - “Produzi frutos dignos do arrependimen-

Nos últimos 20 anos, mais de um milhão de cristãos
deixaram o Iraque por causa de perseguições. Nas últimas
semanas, cem famílias deixaram Qaraqosh e emigraram,
juntando-se a dezenas de famílias de outras cidades que
fugiram por causa de um futuro incerto e meses de salá-
rios não pagos.
Em uma mensagem enviada aos fiéis no Iraque e em todo
o mundo, o patriarca de Bagdá dos Caldeus, Cardeal Louis
Raphael Sako denunciou a divisão entre as Igrejas, incapazes
até agora, segundo ele, de implementar políticas e iniciativas
fortes e unidas para dar aos cristãos um futuro digno.
As perseguições aos cristãos continuam, explica o pri-
maz, por meio da perda de empregos, confisco de proprie-
dades, conversões forçadas pelo Estado Islâmico ou por
outros grupos, islamização de menores e negação de direi-
tos. Por trás dessa política, ele adverte, “há uma tentativa
deliberada de apagar sua herança, história e legado de fé”.
O Cardeal agradeceu ao governo regional do Curdis-
tão por sua acolhida e enfatizou mais uma vez os grandes
esforços feitos pela Igreja para reconstruir casas e empre-
sas após a libertação.
Fonte: Vatican News
to!” (Lc 3,8) - levou multidões a buscarem uma
conduta honesta. Assim, o Precursor preparou
um povo bem disposto a crer em Jesus. Do
mesmo modo, a pregação de Jonas - “Quarenta
dias e Nínive será destruída!” (Jn 3,3) - fez com
que pagãos jejuassem, se humilhassem e acredi-
tassem em Deus. O pleno acolhimento do dom
da fé depende da conversão sincera… “Crede
no Evangelho!”.
“Crer” não é pensar que Deus nos livrará dos
sofrimentos e dará tudo o que pedimos nesta
vida. De modo algum! Crer é aceitar com firme
confiança que Cristo é Deus que se fez homem;
que morreu na Cruz para expiar nossos pecados;
que ressuscitou, está vivo e reina para sempre.

Em 2023, dezenas de padres foram presos no mundo

Em 2023, treze padres e um irmão
religioso foram assassinados, sendo
que metade das mortes não estava apa-
rentemente relacionada à perseguição.
Embora os sequestros de clérigos e reli-
giosos tenham diminuído em compa-
ração com 2022, as prisões aumenta-
ram, representando uma preocupação
significativa, especialmente na África.
Segundo a fundação pontifícia
Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), um
total de 132 padres católicos e religio-
sos foram presos, sequestrados ou as-
sassinados em 2023, um aumento em
relação aos 124 casos confirmados
em 2022. Vale ressaltar que o número
real pode ser ainda maior, devido à
dificuldade em se obter informações
confiáveis em alguns países.
Na Nicarágua e Belarus, regimes
autoritários lideraram a detenção de
padres e religiosos como forma de
punir a Igreja por se manifestar con-
tra injustiças e violações dos direitos
humanos, ou simplesmente por ten-
tar operar livremente.
Fonte: ACN
Pela fé, esperamos o juízo dos vivos e dos mortos
e aguardamos a vida eterna. Pela fé, sabemos que
todas as coisas - felizes ou tristes - possuem um
sentido e devem ser oferecidas a Deus, unidas
ao sacrifício da Missa. Sabemos que Cristo está
vivo no Céu, na Eucaristia e no centro da nossa
alma - se estamos em estado de graça - e que ja-
mais nos deixará sozinhos. Pela fé, julgamos que
“os sofrimwentos do tempo presente são nada
em comparação com a glória que nos será re-
velada” (Rm 8,18) e que a vida é um tempo bre-
ve que temos para amar a Deus e ao próximo.
6 | Atos da Cúria | 17 a 23 de janeiro de 2024 |
NOMEAÇÃO E PROVISÃO
DE ASSISTENTE ECLESIÁSTICO:
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Assistente Eclesiástico da Renovação
Carismática da Região Episcopal Lapa o Re-
verendíssimo Padre Orisvaldo da Silva Car-
valho, pelo período de 02 (dois) anos.
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisiona-
do como Assistente Eclesiástico da Pastoral
Vocacional da Região Episcopal Lapa o Re-
verendíssimo Padre Orisvaldo da Silva Car-
valho, pelo período de 02 (dois) anos.
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisiona-
do como Assistente Eclesiástico da Pastoral
Litúrgica da Região Episcopal Lapa o Reve-
rendíssimo Padre Ernandes Alves da Silva
Junior, pelo período de 02 (dois) anos.
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Assistente Eclesiástico da Pastoral do
Menor da Região Episcopal Lapa o Reveren-
díssimo Padre Messias de Moraes Ferreira,
pelo período de 02 (dois) anos.
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Assistente Eclesiástico da Pastoral do
Dízimo da Região Episcopal Lapa o Diácono
Permanente Marcos Adriano de Sousa pelo
período de 02 (dois) anos.
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Assistente Eclesiástico da Pastoral da
Animação Missionária da Região Episcopal
Lapa o Reverendíssimo Padre Pedro Au-
gusto Ciola de Almeida, pelo período de 02
(dois) anos.
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Assistente Eclesiástico da Pastoral da
Animação Missionária da Região Episcopal
Lapa o Reverendíssimo Padre Lucas Antô-
nio Silva Martinez, pelo período de 02 (dois)
anos.
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Assistente Eclesiástico da Pastoral das
Secretárias da Região Episcopal Lapa o Re-
verendíssimo Padre Pedro Augusto Ciola de
Almeida, pelo período de 02 (dois) anos.
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Assistente Eclesiástico da Pastoral da
Catequese da Região Episcopal Lapa o Reve-
rendíssimo Padre Geraldo Raimundo Perei-
ra, pelo período de 02 (dois) anos.
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Assistente Eclesiástico da Pastoral da
Catequese da Região Episcopal Lapa o Reve-
rendíssimo Padre Lucas Antônio Silva Mar-
tinez, pelo período de 02 (dois) anos.
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Assistente Eclesiástico da Pastoral da
Pessoa Idosa da Região Episcopal Lapa o
Reverendíssimo Padre Fabrício Mendes de
Moraes, pelo período de 02 (dois) anos.
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Assistente Eclesiástico da Pastoral da
Moradia da Região Episcopal Lapa o Reve-
rendíssimo Padre José de Assis Batista, pelo
período de 02 (dois) anos.
www.osaopaulo.org.br
www.arquisp.org.br
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Assistente Eclesiástico da Pastoral da
Criança da Região Episcopal Lapa o Reve-
rendíssimo Padre Hayang Lim Koo (Padre
Daniel), pelo período de 02 (dois) anos.
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Assistente Eclesiástico da Pastoral da
Comunicação da Região Episcopal Lapa o
Reverendíssimo Padre Eduardo Augusto de
Andrade, pelo período de 02 (dois) anos.
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Assistente Eclesiástico da Pastoral Fa-
miliar da Região Episcopal Lapa o Reveren-
díssimo Padre Flávio Helinton da Silva, pelo
período de 02 (dois) anos.
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Assistente Eclesiástico da Pastoral dos
Coroinhas e Acólitos da Região Episcopal
Lapa o Reverendíssimo Padre Ailton Ber-
nardo de Amorim, pelo período de 02 (dois)
anos.
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisiona-
do como Assistente Eclesiástico da Pastoral
Carcerária da Região Episcopal Lapa o Reve-
rendíssimo Padre Edilberto Alves da Costa,
pelo período de 02 (dois) anos.
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Assistente Eclesiástico da Pastoral da
Animação Missionária da Região Episcopal
Lapa o Reverendíssimo Padre João Carlos
Deschamps de Almeida, pelo período de 02
(dois) anos.
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Assistente Eclesiástico da Campa-
nha da Fraternidade da Região Episcopal
Lapa o Reverendíssimo Padre João Carlos
Deschamps de Almeida, pelo período de 02
(dois) anos.
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Assistente Eclesiástico do Movimento
de Schoenstatt da Região Episcopal Lapa o
Reverendíssimo Padre Lucas Antônio Silva
Martinez, pelo período de 02 (dois) anos.
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Assistente Eclesiástico dos Ministros
Extraordinários da Sagrada Comunhão da
Região Episcopal Lapa o Reverendíssimo
Padre Ernandes Alves da Silva Junior.
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Assistente Eclesiástico das Comuni-
dades Eclesiais de Base da Região Episcopal
Lapa o Reverendíssimo Padre José Pedro Ba-
tista, pelo período de 02 (dois) anos.
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Assistente Eclesiástico da Cáritas da
Região Episcopal Lapa o Diácono Perma-
nente Antonio Geraldo de Sousa pelo perío-
do de 02 (dois) anos.
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Assistente Eclesiástico do Encontro de
Casais com Cristo da Região Episcopal Lapa
o Reverendíssimo Padre Fabrício Mendes de
Moraes, pelo período de 02 (dois) anos.
Em 01/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Assistente Eclesiástico do Curso de
Teologia – Agentes Pastorais – CTAP da Re-
gião Episcopal Lapa o Reverendíssimo Dom
Fernando José Penteado, pelo período de 02
(dois) anos.
Em 04/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Assistente Eclesiástico da Pastoral do
Dízimo da Região Episcopal Belém o Re-
verendíssimo Padre Elson Paulo Correia,
CSSp, pelo período de 02 (dois) anos.
Em 04/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Assistente Eclesiástico da Pastoral dos
Coroinhas e Servidores do Altar da Região
Episcopal Belém o Reverendíssimo Padre
Miguel Lisboa Aguiar Marcondes, pelo perí-
odo de 02 (dois) anos.
Em 04/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Assistente Eclesiástico para Liturgia
da Região Episcopal Lapa o Reverendíssimo
Padre Felipe Batista da Silva, pelo período de
02 (dois) anos.
Em 04/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Assistente Eclesiástico do Setor Juven-
tude da Região Episcopal Belém o Reveren-
díssimo Padre Claudinês Venâncio da Silva,
pelo período de 02 (dois) anos.
Em 04/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Assistente Eclesiástico da Pastoral da
Esperança da Região Episcopal Belém o Re-
verendíssimo Padre José Mário Ribeiro, pelo
período de 02 (dois) anos.
NOMEAÇÃO E PROVISÃO
DE VIGÁRIO PAROQUIAL:
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Vigário Paroquial da Paróquia Nossa
Senhora de Lourdes, no bairro Vila Hambur-
guesa, Região Episcopal Lapa, o Reverendíssi-
mo Padre Adalton Pereira de Castro.
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Vigário Paroquial da Paróquia São Pe-
dro Apóstolo, no bairro Central Parque Lapa,
Região Episcopal Lapa, o Reverendíssimo Pa-
dre Anderson Adriano Teixeira, RCJ, pelo
período de 01(um) ano.
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Vigário Paroquial da Paróquia Nossa
Senhora das Graças, no bairro Jardim Anhan-
guera, Região Episcopal Lapa, o Reverendíssi-
mo Padre Rodrigo Benjamin Chaparro Ca-
bral, RCJ, pelo período de 01(um) ano.
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Vigário Paroquial da Paróquia Nossa
Senhora das Graças, no bairro Jardim Anhan-
guera, Região Episcopal Lapa, o Reverendíssi-
mo Padre Rodrigo Benjamin Chaparro Ca-
bral, RCJ, pelo período de 01(um) ano.
Em 03/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Vigário Paroquial da Paróquia São
João Batista – Área Pastoral Nossa Senhora
do Carmo, no bairro Jardim Roseli, Região
Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre
José Osterno de Aquino, até que se mande o
contrário.
Em 03/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Vigário Paroquial da Paróquia Santa
Maria Madalena, no bairro Parque Santa Ma-
dalena, Região Episcopal Belém, o Reverendís-
simo Padre José Benedito Aparecido Maria
de Borba, até que se mande o contrário.
Em 03/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Vigário Paroquial da Paróquia Santa
Rita de Cássia, no bairro do Pari, Região Epis-
copal Belém, o Reverendíssimo Padre Paulo
Henrique Lino, até que se mande o contrário.
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Vigário Paroquial da Paróquia Nossa
Senhora do Bom Parto, no bairro do Tatua-
pé, Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo
Padre Miguel Lisboa Aguiar Marcondes.
NOMEAÇÃO E PROVISÃO
DE ASSISTENTE PASTORAL:
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Assistente Pastoral da Paróquia São
José, o Diácono Seminarista Valman Fer-
nandes Barbosa, pelo período de 01 (um)
ano.
NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE
COORDENADOR DE PASTORAL:
Em 03/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Coordenador de Pastoral da Região
Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre
Eduardo Aparecido de Araújo, pelo período
de 03 (três) anos.
NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO:
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Pároco da Paróquia Nossa Senhora
dos Pobres, no bairro Butantã, Região Episco-
pal Lapa, o Reverendíssimo Padre Pawel So-
lak, CR, pelo período de 06 (seis) anos.
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Pároco da Paróquia Santa Cruz, no
bairro Vila Rica, Região Episcopal Belém, o
Reverendíssimo Padre José Carlos dos Anjos,
pelo período de 06 (seis) anos.
PRORROGAÇÃO DA NOMEAÇÃO E
PROVISÃO DE ASSISTENTE PASTORAL:
Em 15/01/2024, foi prorrogada a nomeação e
provisão como Assistente Pastoral da Asso-
ciação São Pio de Pietrelcina e João Paulo
II no bairro Vila Izolina Mazzei, na Região
Episcopal Sant’Ana, do Diácono Permanente
Rogério Ruiz Soler, pelo período de 01 (um)
ano.
NOMEAÇÃO E
PROVISÃO DE CAPELÃO:
Em 02/01/2024, foi nomeado e provisionado
como Capelão do Mosteiro Nossa Senhora
da Luz, no bairro da Luz, na Região Episco-
pal Sé, o Reverendíssimo Padre Frei Estêvão
Ottenbrett, OFM, pelo período de 05 (cinco)
anos.

El Niño: o fenômeno das águas do
Pacífico volta a mexer com o clima mundial
Com o El Niño, o aquecimento atípico das águas do Pacífico altera o clima em todo o planeta
Daniel Gomes
De geração em geração, os pesca-
dores da costa Norte do Peru e do
Equador se acostumaram com a
maior fartura de peixes nos últimos
meses do ano, quando a temperatura
da água do oceano Pacífico naquela
região é mais fria. No século XVIII,
porém, percebeu-se que em alguns
anos a pescaria não era tão farta, e
a água estava mais aquecida do que
de costume. A este fenômeno, eles
deram o nome de Corriente de El
Niño, dado que acontecia próximo
à época do nascimento do Menino
Jesus (El Niño em espanhol). Eles
também entendiam como um sinal
de que Deus diminuía a possibili-
dade de pesca para que pudessem
voltar a suas casas e passar o Natal
em família.
Com o avanço das pesquisas so-
bre o fenômeno, descobriu-se que
esse aquecimento atípico das águas
superficiais e sub superficiais do
oceano Pacífico não impacta so-
mente o clima dessas localidades,
mas provoca temporariamente al-
terações nos padrões de circulação
atmosférica (ventos), transporte de
umidade, temperatura e volume das
chuvas em outras partes do mundo,
especialmente nas regiões tropicais.
Secas no sudeste da Ásia e em
países da Oceania; fortes chuvas na
região central do Pacífico e na costa
oeste norte-americana; clima mais
quente e seco na América Central;
estiagem nas regiões mais elevadas
do Peru, em partes da Colômbia, na
Bolívia, na Amazônia e no Nordeste
brasileiro; além de chuvas intensas
no Sul do Brasil são algumas das
alterações climáticas mais relatadas
quando há o El Niño.
Edição 08
17 de janeiro de 2024
Artes a partir de mapas disponíveis em NOAA – National Weather Service
Mudanças também ocorrem quando há a La Niña, o resfriamento atípico destas águas oceânicas
Desde junho de 2023, têm sido rão essa água fria para Oeste. Esse bém é coordenador do Núcleo Fé e
observadas condições que indicam padrão influencia a movimentação Cultura da PUC-SP.
o padrão típico do El Niño: uma das massas de ar sobre a América do “Nos anos em que ocorre a La
faixa de águas quentes em grande Sul, favorecendo tanto a entrada do Niña, o fenômeno se inverte. A água
parte do oceano Pacífico equatorial, ar úmido vindo do oceano Atlânti- fria predomina no Pacífico equa-
desde sua porção central até a costa co quanto do ar frio vindo do Sul”, torial, as massas de ar se deslocam
da América do Sul. Por ora, as previ- explica o professor Francisco Borba para Oeste com mais intensidade. O
sões são de que o fenômeno perdu- Ribeiro Neto, biólogo e sociólogo, ar úmido oceânico chega com mais
re, ao menos, até maio de 2024. a respeito da dinâmica no Pacífico facilidade ao Brasil central, ocasio-
quando não há nem El Niño nem a nando mais chuvas no Nordeste;
Como ocorre? O El Niño e seu even- La Niña. enquanto as frentes frias se deslo-
to oposto, La Niña, são fenômenos Entretanto, quando ocorre o El cam com mais rapidez em direção
naturais que se repetem em interva- Niño toda essa dinâmica é alterada. ao Norte, estacionando por menos
los de tempos variáveis conhecidos “As águas da região equatorial do tempo no Sul, que se torna mais
como El Niño-Oscilação Sul (Enos). Pacífico se aquecem acima do nor- quente”, afirma Ribeiro Neto.
Enquanto aquele provoca o aqueci- mal, os ventos alísios enfraquecem
mento anormal das águas do Pací- e a corrente de água fria da costa Mais frequente e intenso do que
fico, esta causa o resfriamento anô- sul-americana não chega mais até antes. Por muito tempo, se atestou
malo desta porção oceânica (veja a região tropical. Com isso, gran- que o El Niño e a La Niña ocorriam
detalhes nos mapas acima). des massas de ar que atuam não só em um intervalo de aproximada-
“Na região equatorial, os ventos em nosso continente, mas também mente sete anos, com duração de
dominantes (alísios) vão de Les- na América do Norte, na Ásia e na 12 a 18 meses; e que entre um fenô-
te para Oeste (no Oceano Pacífico, Oceania têm seus padrões de circu- meno e outro se passavam de um a
da América para a Oceania). Uma lação alterados. Na América do Sul, dez anos. No entanto, estes padrões
corrente marítima vinda do Sul grandes massas de ar quente e seco já não são mais verificados, como
acompanha a costa sul-americana, estacionam na maior parte do terri- lembrou ao O SÃO PAULO Rodrigo
levando água fria para o Norte e, tório brasileiro, enquanto as massas Lilla Manzione, especialista em ges-
aproximadamente na altura da cos- de ar frio ficam retidas na região tão de recursos hídricos e professor
ta peruana, os ventos alísios leva- Sul”, detalha o professor, que tam- da Faculdade de Ciências, Tecnolo-
gia e Educação da Universidade Es-
tadual Paulista (Unesp).
“Temos visto uma maior du-
ração do El Niño e também da La
SAIBA MAIS SOBRE ESTE FENÔMENO Niña. A última durou três anos. En-
No livro “El Niño e Você – o fenômeno climático”, publicado em 2001 tre uma fase de aquecimento e uma
pela editora Transtec, Gilvan Sampaio de Oliveira, mestre e dou- de resfriamento das águas do Pa-
tor em Meteorologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais cífico, geralmente havia fases neu-
(Inpe), explica em detalhes este fenômeno, com as devidas termi- tras, mas desta vez não aconteceu,
nologias e, também, fazendo analogias para a melhor compreen- passamos direto de uma para outra”,
são. O conteúdo da obra está disponível para consulta no portal comentou. “Em 2023, o El Niño che-
do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto gou com uma intensidade maior do
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe): que os cientistas tinham previsto, e
http://enos.cptec.inpe.br/saiba/Oque_el-nino.shtml será mais forte e mais prolongado”,
complementou.
2| Laudato si’ | 17 de janeiro de 2024
Impactos do El Niño já são percebidos
em diferentes partes do Brasil
Daniel Gomes
As alterações na distribuição da umi-
dade, no volume das chuvas e na
temperatura provocadas pelo El Niño
já estão sendo percebidas em muitas
cidades brasileiras, com registros de
secas prolongadas nas regiões Nor-
te e Nordeste, chuvas acima do co-
mum na região Sul e ondas de calor
no Sudeste.
Em 22 de dezembro, o Instituto
Nacional de Meteorologia (Inmet),
em parceria com o Instituto Nacio-
nal de Pesquisas Espaciais (Inpe), a
Agência Nacional de Águas e Sanea-
mento Básico (ANA) e o Centro Na-
cional de Gerenciamento de Riscos e
Desastre (Cenad) divulgou o boletim
nº4 de monitoramento, previsões e os
possíveis impactos do El Niño no Bra-
sil, indicando que de janeiro a março
de 2024, “as condições climáticas e
Estiagem afeta a navegabilidade nos afluentes do rio Amazonas e prejudica as atividades locais
meteorológicas no País serão influen-
ciadas por este fenômeno”.
SECA NO NORTE E NO NORDESTE
Desde o segundo semestre de
2023, as regiões Norte e Nordeste
sofrem com os impactos da estia-
gem. No estado do Amazonas, por
exemplo, em setembro, houve a sus-
pensão do transporte de cargas por
navios para a Zona Franca de Ma-
naus devido ao baixo nível das águas
dos rios.
“O Monitor de Secas indicou o
avanço e o agravamento da condição
de seca no Norte e no Nordeste, com
destaque para o aumento da área de
seca extrema no estado do Amazonas
e surgimento de áreas de seca grave
na Bahia, Alagoas e Sergipe. Pela pri-
meira vez, o mapa mostra a situação
em Roraima, com todo o seu territó-
rio em situação de seca e uma área
significativa com seca grave”, consta
no boletim do Inmet.
As chuvas que caíram no fim de
novembro e no início de dezembro
atenuaram a situação, elevando um
pouco o nível dos afluentes do rio
Amazonas, possibilitando a retoma-
da da navegabilidade nos rios Purus,
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Juruá, Madeira, Solimões e Negro.
“As vazões naturais no rio Madeira,
em Porto Velho, em dezembro, ain-
da que abaixo da média, apresenta-
ram significativo aumento e estão em
patamares consideravelmente acima
dos observados em novembro. Em 30
de novembro, perdeu a vigência a de-
claração da ANA de situação crítica
de escassez hídrica do rio Madeira, e
em dezembro a usina hidrelétrica de
Santo Antônio voltou a operar dentro
dos limites da outorga. As restrições
de navegação no rio Madeira tam-
bém foram revogadas pela Marinha
do Brasil em dezembro, tendo em vis-
ta a elevação de níveis d’água”, consta
no boletim do Inmet, no qual se in-
forma, porém, que persistem vazões
baixas e impactos potenciais nos rios
Tapajós, Xingu e Tocantins.
Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
NO SUL, FORTES CHUVAS
E PERDAS AGRÍCOLAS
O atual El Niño tem causado o au-
mento do volume de chuvas nos es-
tados da região Sul. “Durante o mês
de novembro, as anomalias de preci-
pitação foram superiores a 300 milí-
metros (mm) entre os setores norte
do Rio Grande do Sul e praticamente
todo o estado de Santa Catarina”, in-
forma o boletim do Inmet.
“Na Região Sul, os níveis d’água
caíram abaixo das cotas de alerta e
inundação ao longo do mês de de-
zembro, registrando-se inundação
em apenas uma estação no rio Uru-
guai e remanescendo a situação de
alerta na estação de Alegrete no rio
Ibirapuitã. Em Santa Catarina, os rios
Chapecó e Itajaí-Açu registraram si-
tuações de alerta e atenção, respecti-
vamente”, consta no documento.
Em 24 de novembro, a Secretaria
da Agricultura e do Abastecimento
do Estado do Paraná publicou o Bo-
letim de Conjuntura Agropecuária,
detalhando os impactos do El Niño
para este setor. “Nos últimos meses,
o estado do Paraná vem sentindo
os efeitos do fenômeno El Niño, que
tem provocado temperaturas e chu-
vas acima da média, especialmente
na região Sul do estado. Atualmente,
as perdas calculadas superam R$ 2,5
bilhões, considerando danos tanto à
safra 22/23 quanto à 23/24”, lê-se no
documento.
Estima-se a perda de 1,5 milhão
de toneladas na produção agrícola no
estado. A de trigo, por exemplo, re-
cuou cerca de 980 mil toneladas em
relação ao que se projetava colher.
Além disso, o excesso de chuvas pre-
judicou a qualidade do que foi produ-
zido, de modo que 420 mil toneladas
de trigo terão como destino a produ-
ção de ração animal. “Considerando
os fatores quantidade e qualidade, as
perdas dessa cultura se aproximam
de R$ 1 bilhão. Em outras culturas
de inverno, especialmente a cevada,
também houve redução. Nessa, os
Cidades do Sul do Brasil têm alagamentos, após transbordamento de rios, como o Taquari, no RS
prejuízos podem somar R$ 200 mi-
lhões. Outras culturas da safra de ve-
rão que estão em término de plantio
já registraram prejuízo estimado em
R$ 750 milhões”, consta no informe
da secretaria estadual.
Além desses prejuízos, produtores
precisaram replantar algumas áreas.
“O arroz irrigado, que tem o Noroeste
como terra mais adequada no estado,
teve áreas alagadas por mais de um
dia com estimativa de perda de 36,6
mil toneladas”, prossegue o boletim.
ONDA DE CALOR NO SUDESTE
Outro impacto já mensurado do
El Niño no Brasil é a onda de calor
na região Sudeste. Na capital paulis-
ta, por exemplo, o mês de setembro
foi o mais quente da série histórica
de 19 anos de medições do Centro de
Gerenciamento de Emergências Cli-
máticas (CGE). Em novembro, foram
registrados recordes de temperatura
do ano, próximas a 37oC. Moradores
de cidades da região metropolitana
de Campinas, do Vale do Paraíba e do
Litoral Norte paulista também têm
convivido com altas temperaturas
desde setembro.
A situação não é diferente no Rio
de Janeiro. Em novembro, por exem-
plo, a capital fluminense registrou
por inúmeros dias temperaturas aci-
ma dos 40oC. No dia 14 daquele mês,
a sensação térmica superou os 58oC,
despertando também os alertas da
autoridades de saúde para as questões
de hidratação e proteção da popula-
ção contra o forte sol.
O QUE ESPERAR
NOS PRÓXIMOS MESES?
As projeções iniciais são de que o
atual El Niño perdure até maio des-
te ano. De acordo com o boletim do
Inmet, de janeiro a março deve cho-
ver menos que o normal em algumas
partes das regiões Norte e Nordeste,
o que causará impacto também nas
reservas hídricas.
“Há expectativas de recuperação
Comunicacao da Prefeitura de Encantado
dos níveis d’água no solo em áreas
do oeste da Região Nordeste e sul da
Região Norte, devido à previsão do
retorno gradual das chuvas. Entretan-
to, no norte da Região Norte e cen-
tro-leste da Região Nordeste, além de
áreas do Mato Grosso do Sul, norte
de Minas Gerais e Espírito Santo, a
previsão indica armazenamento hí-
drico em níveis mais baixos”, informa
o boletim. “Na faixa central do País,
região Sudeste e centro-sul da região
Nordeste não se descartam episódios
de chuva expressiva em algumas lo-
calidades”, prossegue o texto.
De acordo com a Defesa Civil do
Estado de São Paulo, no mês de janei-
ro o El Niño continuará a influenciar
para altas temperaturas na região Su-
deste, e os paulistas também devem
se preparar para chuvas acima da mé-
dia histórica. Em fevereiro, a projeção
é a de que o calor intenso permane-
ça, mas que haja redução no volume
de chuvas. “Contudo, é importante
destacar que, embora não chova aci-
ma da média, haverá dias com chu-
va, principalmente ocasionadas por
zonas de instabilidade geradas pelas
altas temperaturas”, informa a insti-
tuição em seu site.
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Planejar ações deve estar no radar

das autoridades, avalia especialista em clima
A projeção de impactos mais in- nível federal e estadual é preciso que falou em enterrar os fios da cidade, São Paulo naqueles dias de novem-
tensos do fenômeno El Niño nos se esteja de prontidão”, destacou ao O mas para isso seria preciso fechar bro não é algo comum. “Como isso
primeiros meses de 2024 coincide SÃO PAULO. avenidas, levaria muito tempo, não aconteceu em um momento com o El
com a época de intensas chuvas em Manzione lembrou, ainda, que parece ser a melhor solução em cur- Niño instalado, pode haver certa cor-
diferentes regiões do Brasil. Dian- as cidades precisam estar mais bem to prazo. Talvez sirva para médio e relação. Porém, isso demanda mais
te deste cenário, os governos esta- preparadas para os eventos adversos longo prazo. Em curto prazo, me- estudos ainda. O vento circula por
duais têm anunciado medidas de decorrentes do clima. Como exem- lhor será ter mais equipes de poda diferença de potencial. Quando os
monitoramento das áreas de risco plo, ele citou o vendaval que assolou de árvores, por exemplo, pois com centros de baixa e alta pressão estão
e de alertas à população para en- a capital paulista e outros municí- menos galhos, as árvores causarão equilibrados, o ar não muda, mas se
chentes e desmoronamentos. De pios no começo de novembro do ano menos problemas. É preciso, por- há o desequilíbrio de um lado, como
igual modo, o Centro Nacional de passado. tanto, ter um plano de resposta, sa- se dá no El Niño, pode haver essas
Gerenciamento de Riscos e Desas- “No caso dessa ventania em São ber o que vai ser feito como priori- mudanças”, explicou, destacando que
tre (Cenad) já iniciou um trabalho Paulo, a resposta do poder público dade: cuidar dos pobres? cuidar de este fenômeno climático pode se tor-
de monitoramento ininterrupto e foi muito lenta. São Paulo precisa se quem vive perto dos rios? Ou seja, nar “combustível para esses eventos,
de planejamento de resposta a situ- tornar uma cidade mais resiliente, saber por onde começar. A capaci- porque quando certos fatores climá-
ações críticas, tendo em vista o iní- ou seja, estar mais apta para convi- dade de resposta do poder público ticos se combinam, como pressão,
cio do período chuvoso na região ver com os impactos. Neste episó- precisa ser mais rápida”, avaliou. temperatura e umidade, o resulta-
Sudeste e no estado da Bahia, além dio, houve a interrupção do forneci- Manzione comentou, ainda, que o do é o surgimento de eventos mais
da possibilidade de chuvas intensas mento de energia elétrica. Muito se forte corredor de vento formado em poderosos”. (DG)
na região Sul.
Na avaliação de Rodrigo Lilla
Manzione, especialista em gestão
de recursos hídricos e professor da
Faculdade de Ciências, Tecnologia
e Educação da Universidade Esta-
dual Paulista (Unesp), o devido pla-
nejamento das diferentes esferas de
poder é indispensável para se evitar
catástrofes.
“Com ou sem El Niño, nós temos
chuvas pesadas de janeiro a março.
Assim, os prefeitos e demais gestores
públicos de áreas de risco nas quais
uma chuva intensa e mais prolongada
pode causar danos, já precisam saber
onde ela pode ocorrer. Só que no Bra-
sil, infelizmente, temos a cultura da
resposta, não a de se precaver. Hoje,
a questão não é mais se vai acontecer
uma tragédia, mas onde vai aconte-
cer. O quando nós já sabemos: é no
verão. Onde? No Vale do Itajaí? No
litoral do Paraná? No litoral de São
Paulo? No Rio de Janeiro? No Espí- Previsões de chuvas (à esquerda) e de temperatura (à direita) para o período de janeiro a
rito Santo? Na Bahia? Também em março de 2024. Mapas gerados pelo conjunto de modelos do CPTEC/Inpe e Funceme.

Que não seja igual a Este fenômeno tem relação com

1982/83 nem a 1997/98
Redação
Nas últimas décadas, ao menos por duas vezes o El
Niño deixou um rastro de impactos que chamou a
atenção em âmbito mundial.
O El Niño de 1982/83 ocasionou tempestades tor-
renciais no Brasil, Equador, Peru e no estado da Ca-
lifórnia, nos Estados Unidos. Por outro lado, uma
prolongada estiagem foi verificada na Austrália (com
perda de 50% na produção do trigo), Indonésia (com
grandes incêndios florestais) e na Índia. Os prejuízos
globais foram estimados em 13 bilhões de dólares.
Quando o fenômeno assolou o mundo em 1997/98,
o que se viu no Brasil foi um longo período de seca na
Amazônia, com o aumento das queimadas; uma im-
placável estiagem nos estados do Nordeste, especial-
mente entre fevereiro e maio de 1998; chuvas torren-
ciais na região Sul; e um verão extremamente quente
no Sudeste, com temperaturas de 1oC a 4oC acima da
média. Em todo o País, as perdas agrícolas foram esti-
madas em R$ 3,5 bilhões.
(Com informações da Embrapa)
o aquecimento global?
Em agosto de 2023, um grupo de pesquisadores
norte-americanos e australianos publicou na revista
científica Nature o resultado de um estudo que bus-
cou indicar os possíveis impactos do aquecimento
global para o prolongamento do El Niño.
Os cientistas reconstruíram a linha do tempo da
atmosfera da Terra entre os anos 1200 e 2000 para
checar se com a revolução industrial – quando a hu-
manidade passou a emitir mais gases de efeito estufa
– houve mudanças na dinâmica da corrente de Wa-
lker (o ciclo de circulação de ar e de água no Pacífico
equatorial que influencia a ocorrência do El Niño).
A conclusão a que chegaram é que após a revo-
lução industrial os intervalos entre o El Niño e a La
Niña ficaram mais curtos e os fenômenos se esten-
deram por mais tempo, com duração de dois a três
anos. A pesquisa, porém, não concluiu se os fenôme-
nos ficaram mais intensos em razão do aquecimento
global. Assim, por ora, não é possível afirmar que as
mudanças climáticas interfiram na intensidade do
El Niño, ainda que se reflitam em sua periodicidade.
“Essas relações de causa-efeito são raras em
ciência, pois os fenômenos são mais complexos
do que parecem. Há componentes geológicos que
fazem com que tenhamos maiores ou menores ta-
xas de efeito estufa, por exemplo: o vulcanismo.
Porém, como não tivemos nenhum efeito geológi-
co extraordinário que justificasse os mais recentes
aumentos de gases de efeito estufa, a explicação
está na queima de combustíveis fósseis e, tam-
bém, no desmatamento. Certamente são práticas
que potencializam os efeitos do El Niño”, avalia
Rodrigo Lilla Manzione, especialista em gestão de
recursos hídricos e professor da Universidade Es-
tadual Paulista (Unesp).
Em novembro de 2023, a Organização Meteoro-
lógica Mundial (OMM) indicou em seu relatório so-
bre o Estado do Clima Global que os efeitos do atual
El Niño, que se desenvolveu rapidamente já em seus
primeiros meses, associados ao aumento recorde
na emissões de gases de efeito estufa, precisam ser
vistos com mais atenção pelas autoridades. Dados
dos dez primeiros meses do ano passado, mostram
que 2023 foi o ano mais quente da história. A média
global de temperatura ficou cerca de 1,4ºC acima da
linha de base pré-industrial de 1850-1900. (DG)
4| Laudato si’ | 17 de janeiro de 2024
Os alertas do Papa Francisco
sobre as mudanças no clima
Redação
Em dez anos de pontificado, as falas
e escritos do Papa Francisco sobre o
cuidado com a casa comum têm des-
pertado a atenção mundial, especial-
mente quando o Pontífice alerta para
os impactos prejudiciais da ação hu-
mana no clima.
Francisco discorre longamente
sobre essa temática na encíclica Lau-
dato si’, lançada em 2015; apresenta
uma análise ainda mais detalhada na
exortação apostólica Laudate Deum,
lançada em outubro de 2023; e fez um
O que explica as mudanças
climáticas atuais?
Há um consenso científico muito con-
sistente, indicando que estamos perante
um preocupante aquecimento do sis-
tema climático. Nas últimas décadas,
este aquecimento foi acompanhado por
uma elevação constante do nível do mar,
sendo difícil não o relacionar ainda com
o aumento de acontecimentos meteoro-
lógicos extremos, embora não se possa
atribuir uma causa cientificamente de-
terminada a cada fenômeno particular
(...) É verdade que há outros fatores (tais
como o vulcanismo, as variações da
órbita e do eixo terrestre, o ciclo solar),
mas numerosos estudos científicos indi-
cam que a maior parte do aquecimento
global das últimas décadas é devida à
alta concentração de gases com efeito de
estufa (dióxido de carbono, metano, óxi-
do de azoto e outros) emitidos sobretudo
por causa da atividade humana. Con-
centrando-se na atmosfera, esses gases
dificultam a evasão do calor que a luz
do sol produz sobre a superfície da Ter-
ra. Isto é particularmente agravado pelo
modelo de desenvolvimento baseado no
uso intensivo de combustíveis fósseis,
que está no centro do sistema energético
mundial.
(Laudato si’, 23)
Sinais evidentes
Os sinais da mudança climática se
impõem a nós de forma cada vez mais
evidente. Ninguém pode ignorar que,
nos últimos anos, temos assistido a fenô-
menos extremos, a períodos frequentes
de calor anormal, seca e outros gemidos
da Terra que são apenas algumas ex-
pressões palpáveis de uma doença silen-
ciosa que nos afeta a todos. É verdade
que nem todas as catástrofes se podem
atribuir à alteração climática global.
Mas é possível verificar que certas mu-
danças climáticas, induzidas pelo ho-
mem, aumentam significativamente a
probabilidade de fenômenos extremos
mais frequentes e mais intensos.
(Laudate Deum, 5)
Secas e aluviões, enxugamento
de lagos e populações eliminadas por
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Vatican Media
veemente chamado aos líderes mun-
diais no discurso que enviou aos par-
ticipantes da Conferência dos Esta-
dos-Parte na Convenção das Nações
Unidas sobre as alterações climáticas
(COP28), realizada em Dubai, nos
Emirados Árabes Unidos, em no-
vembro e dezembro do ano passado.
Apresentamos a seguir, alguns
apontamentos do Pontífice sobre a
problemática das mudanças climáti-
cas presentes nos dois documentos e
no discurso à COP28.
maremotos ou inundações têm funda-
mentalmente a mesma origem [o de-
sequilíbrio global causado pelo aqueci-
mento do planeta].
(Laudate Deum, 7)
Já são irreversíveis, pelo menos du-
rante centenas de anos, algumas ma-
nifestações desta crise climática, como
o aumento da temperatura global dos
oceanos, a acidificação e a redução
do oxigênio. As águas dos oceanos
possuem uma inércia térmica, sendo
necessário séculos para normalizar a
temperatura e a salinidade, com con-
sequências para a sobrevivência de econômicos. Admitamos, finalmente, a migrações de animais e vegetais
muitas espécies. que se trata de um problema humano que nem sempre conseguem adap-
(Laudate Deum, 15) e social em sentido amplo e em diver- tar-se; e isso, por sua vez, afeta os
sos níveis. Por isso requer-se o envol- recursos produtivos dos mais pobres,
Ambição em produzir e possuir vimento de todos. que são forçados também a emigrar
(Laudate Deum, 58) com grande incerteza quanto ao fu-
A ambição de produzir e possuir turo da sua vida e dos seus filhos.
transformou-se em obsessão e resultou Os mais pobres são as principais (Laudato si’, 25)
em uma ganância sem limites, que fez vítimas
do ambiente o objeto de uma explora- A urgência de uma transição
ção desenfreada. O clima enlouqueci- Não é culpa dos pobres, pois quase ecológica
do soa como um alerta para acabar- metade do mundo, a mais indigente,
mos com tal delírio de onipotência. é responsável apenas por 10% das Muitos sintomas indicam que tais
(Em discurso à COP28) emissões poluidoras, enquanto nunca efeitos [das mudanças climáticas] po-
apareceu tão abissal o fosso entre o derão ser cada vez piores, se continu-
Infelizmente, a crise climática não limitado grupo de facultosos e os inú- armos com os modelos atuais de pro-
é propriamente uma questão que inte- meros desvalidos. Na realidade, estes dução e consumo. Por isso, tornou-se
resse às grandes potências econômicas, é que são as vítimas do que está a urgente e imperioso o desenvolvimento
preocupadas em obter o maior lucro acontecer: pensemos nas populações de políticas capazes de fazer com que,
ao menor custo e no mais curto espaço indígenas, na desflorestação, no dra- nos próximos anos, a emissão de dióxi-
de tempo possíveis. ma da fome, na insegurança hídrica do de carbono e outros gases altamente
(Laudate Deum, 13) e alimentar, nos fluxos migratórios poluentes se reduza drasticamente, por
induzidos. exemplo, substituindo os combustíveis
Não pensemos só na possibilidade (Em discurso à COP28) fósseis e desenvolvendo fontes de ener-
de terríveis fenômenos climáticos ou de gia renovável.
grandes desastres naturais, mas tam- Muitos pobres vivem em lugares (Laudato si’, 26)
bém nas catástrofes resultantes de cri- particularmente afetados por fenô-
ses sociais, porque a obsessão por um menos relacionados com o aque- Precisamos dar um sinal concreto de
estilo de vida consumista, sobretudo cimento, e os seus meios de subsis- esperança. Que esta COP seja um ponto
quando poucos têm possibilidades de tência dependem fortemente das de virada: manifeste uma vontade polí-
mantê-lo, só poderá provocar violência reservas naturais e dos chamados tica clara e palpável que leve a uma de-
e destruição recíproca. serviços do ecossistema como a agri- cidida aceleração da transição ecológica
(Laudato si’, 204) cultura, a pesca e os recursos flo- por meio de formas que tenham três ca-
restais. Não possuem outras dispo- raterísticas: sejam eficientes, vinculantes
Um problema humano e social nibilidades econômicas nem outros e facilmente monitoráveis. E encontrem
recursos que lhes permitam adap- realização em quatro campos: a efici-
De uma vez por todas, acabemos tar-se aos impactos climáticos ou ência energética, as fontes renováveis,
com a atitude irresponsável que apre- enfrentar situações catastróficas, e a eliminação dos combustíveis fósseis e
senta a questão apenas como am- gozam de reduzido acesso a serviços a educação para estilos de vida menos
biental, ‘verde’, romântica, muitas sociais e de proteção. Por exemplo, dependentes destes últimos.
vezes ridicularizada por interesses as mudanças climáticas dão origem (Em discurso à COP28)

Papa Francisco: ‘A guerra
impede as crianças de sonhar’
EM ENTREVISTA À TV
ITALIANA, O PONTÍFICE
FALOU SOBRE AS
GUERRAS QUE
ASSOLAM O MUNDO
HOJE, A NECESSIDADE
DE PERDOAR E AS
REFORMAS NA IGREJA
FILIPE DOMINGUES
ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
NA CIDADE DO VATICANO
Uma pergunta que em outras ocasiões
o Papa Francisco diz ser “sem resposta” e
que o angustia é o porquê do sofrimen-
to das crianças. Em entrevista exibida no
programa italiano Che Tempo Che Fa, no
domingo, 14, com tom bastante pessoal, o
Pontífice voltou ao tema e falou de assun-
tos contemporâneos e de seu pontificado.
“As crianças são os grandes explorados,
os grandes descartados [pela guerra]”,
afirmou. “E esquecemos que elas são o
futuro, mas nós privamos as crianças do
futuro.” A guerra “impede as crianças de
sonhar.”
Ele recordou um encontro que teve
com crianças ucranianas, vítimas da guer-
ra com a Rússia, no qual elas não sorriam.
“Elas ganhavam chocolates e não sorriam.
Elas haviam esquecido o sorriso… e que
uma criança o esqueça é um crime”. Por
esse motivo, ele resolveu instituir a Jor-
nada Mundial das Crianças, que será ce-
lebrada entre 25 e 26 de maio deste ano.
“Precisamos chamar a atenção para o fato
de que as crianças são o futuro. Mas são
o futuro com as coisas que nós lhes dare-
mos: ou lhes fazemos crescer bem ou lhes
fazemos crescer mal”, completou.
A FORÇA DO PERDÃO
O Papa também falou sobre os ma-
les causados pela guerra e reiterou que o
comércio que hoje dá mais dinheiro é o
comércio de armas para as guerras. “As
pessoas que morrem é o preço que se
paga”, disse. “A guerra é uma opção ego-
ísta, que tem o seguinte gesto: o de tomar
para si. Enquanto isso, a paz tem o gesto
contrário: dar, e dar a mão.” A esperança
é a arma mais forte, indicou, e é preciso
segurar-se a ela.
Para isso, o perdão é o melhor cami-
nho. O Papa Francisco afirmou que “o
perdão é para todos” e é também “um
direito”. “Deus não se cansa jamais de per-
doar”, insistiu. “O Senhor está próximo,
toca o coração para levar a uma mudan-
ça de vida”, mas é preciso abrir as portas
para que Ele entre, disse, “deixar que Ele
se aproxime de nós”.
Nesse sentido, o Santo Padre afirmou
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www.arquisp.org.br | 17 a 23 de janeiro de 2024 | Papa Francisco | 7
Unicef/Ahmed El Fatih Mohamedee
que a Igreja de hoje deve permitir que to-
dos se sintam em “casa”. Recordando seu
discurso na Jornada Mundial da Juventu-
de, quando declarou que “a Igreja acolhe
a todos, todos, todos, e não exclui nin-
guém”, Francisco acrescentou que “este é o
convite do Senhor”, pois “cada um carrega
o seu fardo, mas o Senhor diz: ‘todos’”.
CAMINHO PASTORAL
Ele comentou, ainda, a recente decisão
do Dicastério para a Doutrina da Fé que,
na declaração Fiducia suplicans, de 18 de
janeiro, abriu a possibilidade para que
pessoas que vivem em uniões considera-
das irregulares possam receber bênçãos
informais de sacerdotes católicos – reafir-
mando, portanto, a doutrina sobre o sa-
cramento do Matrimônio.
“O Senhor abençoa a todos, todos,
todos. O Senhor abençoa a todos os que
são capazes de ser batizados, ou seja, toda
pessoa. Mas depois as pessoas devem en-
trar em colóquio com a bênção do Senhor
e ver qual é a estrada que o Senhor lhe
propõe”, esclareceu. “Mas nós [a Igreja]
temos que tomar pela mão e ajudá-las a
caminhar naquela estrada, e não conde-
ná-las desde o início.”
O Papa Francisco reconheceu, ainda,
que nem sempre suas decisões são bem
recebidas em todo o mundo – algo que
considera natural. Bispos das conferên-
cias episcopais do continente africano, por
exemplo, determinaram que as orienta-
ções da Fiducia suplicans não serão aplica-
das, e, em diálogo com o Dicastério, sinali-
zaram que outras medidas pastorais serão
adotadas, mais adequadas ao seu contexto.
“Quando você não gosta de uma deci-
são, vai conversar sobre suas dúvidas, leva
adiante uma discussão fraterna”, afirmou
o Papa. “O perigo é que uma coisa que eu
não gosto seja colocada no coração e, as-
sim, eu me torno uma resistência e faço
conclusões ruins”, refletiu.
O Bispo de Roma resumiu que acom-
panhar os casos mais complexos é parte
“do trabalho pastoral da Igreja, algo es-
pecialmente importante para os confes-
sores”. A reforma mais urgente da Igreja,
observou o Papa, é a “reforma dos cora-
ções, para todos os cristãos”. Enquanto as
estruturas eclesiais podem ser reorganiza-
das, conservadas, atualizadas, os corações
“devem ser reformados todos os dias”.
Francisco observou que, por isso mes-
mo, pede orações para si. “Sou pecador e
preciso da ajuda de Deus para permane-
cer fiel à vocação que Ele me deu”, disse.
“Preciso de orações para que não deixe de
ser pastor. O Senhor nos chamou para ser
pastores de povo e, gosto de dizer, não um
‘clérigo de Estado’”.
8 | Regiões Episcopais | 17 a 23 de janeiro de 2024 |
Irmão Leonardo Henrique
professa perpetuamente sua fé
FERNANDO ARTHUR
COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO
Na manhã do sábado, 13, o reli-
gioso Leonardo Henrique Agosti-
nho, MSC, fez sua profissão perpétua
na Congregação dos Missionários
do Sagrado Coração, em missa na
Paróquia Nossa Senhora do Sagrado
Coração, na Vila Formosa.
A Eucaristia foi presidida pelo
Padre Luís Carlos Araújo Moraes,
MSC, Superior Provincial, e conce-
lebrada por padres da congregação e
da Arquidiocese. Fizeram-se presen-
tes membros da Família Chevalier e
as Filhas de Nossa Senhora do Sagra-
do Coração.
Na homilia, Padre Luís Carlos
ressaltou que a profissão perpétua do
religioso é um momento muito espe-
cial para a congregação. “Você não
está cumprindo com uma mera exi-
gência canônica, mas respondendo
ao chamado de Deus para cumprir
os votos feitos ao Senhor”, afirmou.
O Sacerdote exortou-o a recordar
que não se faz promessas ao Senhor
para que os outros cumpram, mas é
o próprio religioso, ao responder ao
chamado de Deus, no estilo de vida
da congregação, que se apresenta pu-
No sábado, 13, o grupo de jovens da
Paróquia Santo Alberto Magno, no
Jardim Bonfiglioli, realizou um retiro
que reuniu cerca de 30 participantes.
Além de momentos de oração, palestras,
músicas e teatro, houve a reza do Terço,
adoração ao Santíssimo Sacramento e
a celebração da missa, presidida pelo
Padre Hayang Lim Koo (Padre Daniel),
Pároco da Paróquia Santa Mônica, Setor
Pirituba. (por Benigno Naveira)
A Paróquia Santíssima Trindade, Setor
Rio Pequeno, realizou no sábado, 13, o pri-
meiro encontro da Pastoral da Crisma, com
a presença do Padre José Pedro Batista,
que será empossado como Pároco no do-
mingo, 27. (por Benigno Naveira)
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BELÉM
Miguel Ibarra Escalante
blicamente, diante de inúmeras teste-
munhas, para cumprir perpetuamen-
te com os votos.
“Hoje, consagras definitivamen-
te a tua vida a Cristo e à sua missão;
portanto, como Ele, tu és enviado ao
mundo em toda a parte para procla-
mar a boa notícia do Reino, estando
atento, em especial, aos mais pobres,
aos infelizes, àqueles que quase nin-
guém quer enxergar”, exortou.
Padre Luís destacou que a pro-
fissão religiosa deve manifestar o
perene desejo de buscar a Deus e
responder ao seu amor, e que o ato
da profissão religiosa jamais deve ser
compreendido como algo pessoal,
mas que é, acima de tudo, um dom
do Espírito Santo.
Ao final da celebração, o irmão
Leonardo, em seu agradecimento, res-
saltou sua alegria e gratidão a Deus.
“Vendo-me no meio de muitos, Deus
me chamou ao seu convívio e ao servi-
ço dos irmãos”, afirmou.
Leonardo também recordou que
os religiosos são chamados a ser um
sinal no mundo, apontando sempre
a Cristo. “Peço a graça de um cora-
ção aberto e acolhedor, um coração
sensível, como o coração de Jesus”,
concluiu.
LAPA
Luciney Martins/O SÃO PAULO
No dia 24, às 20h, na
Paróquia São Domingos
Savio, Setor Pirituba, será
realizada a missa em
ação de graças pelo
trabalho realizado por
Dom José Benedito
Cardoso como Bispo
Auxiliar da Arquidiocese
na Região Lapa. Após
cinco anos de atuação
episcopal, ele se despede
da Arquidiocese de
São Paulo e da Região
Lapa, em virtude de
sua nomeação como
Bispo de Catanduva (SP).
(por Benigno Naveira)
Luciney Martins/O SÃO PAULO
CURSO DE VERÃO
Entre os dias 4 e 13, no Teatro da
Universidade Católica (Tuca), aconte-
ceu o 37º Curso de Verão, promovido
pelo Centro Ecumênico de Serviços
à Evangelização e Educação Popular
(Ceseep), em parceria com a PUC-SP.
O tema da edição foi “Trabalho como
direito: por vida digna e justiça social’
e contou com 330 participantes pre-
senciais e 45 no formato on-line, tanto
do Brasil quanto do México, Zimbá-
bue, Timor Leste e Portugal, entre ou-
tros países.
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SÉ
Luciney Martins/O SÃO PAULO
No domingo, 14, a Paróquia Santa Teresinha, Setor Santa Cecília, recebeu as relí-
quias de Santa Teresinha do Menino Jesus para veneração. Vindas diretamente da
França, elas peregrinarão por todo o Brasil ao longo do ano e passarão pelos estados
de Goiás, Mato Grosso, Amapá, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Pará, Mara-
nhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Bahia, Minas
Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. (por Karen Eufrosino)
Pascom paroquial
No dia 5, na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, Setor Bom Retiro, durante missa pre-
sidida pelo Padre Alcy Maurício da Silva Júnior, SDB, Pároco, aconteceu o envio de qua-
tro jovens paroquianos para a missão salesiana, em Indaiatuba (SP), que se estendeu até
domingo, 14. O grupo se juntou a 16 jovens da cidade de Araras (SP) e realizou visitas às
casas, oratórios com as crianças das redondezas e celebrações. (por Pascom paroquial)
SANTANA
Daniela Garcia Magno
No domingo, 14, na Paróquia Santa Inês, Setor Mandaqui, durante missa presidida pelo
Frei José Antônio Cruz Duarte, OFM, e concelebrada pelo Padre José Esteves Filho (Pa-
dre Gabriel), com a assistência do Diácono Márcio Cesena, comemoraram-se os 70 anos
de fundação da Congregação das Irmãs Paroquiais de São Francisco. Com sua casa
matriz localizada ao lado da Paróquia e presentes em diversos estados brasileiros, as reli-
giosas auxiliam nas celebrações e nos sacramentos. (por Danielle Garcia Magno)
| 17 a 23 de janeiro de 2024 | Regiões Episcopais | 9
Pascom paroquial
No dia 21 de dezembro, a Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Setor Jardins,
promoveu a sua 36ª ação solidária, intitulada “Perpétuo Socorro com o Povo das Ruas”,
na região central da cidade. Ao longo de 2023, foram distribuídas aproximadamente 2
toneladas de sopa, mais de 300 quilos de banana, mais de 3.000 litros de água, 7.000 pães
e milhares de itens de higiene. Com retorno previsto para o dia 22 de janeiro, a paróquia
convida a todos que quiserem participar da próxima edição da ação solidária que entrem
em contato com a secretaria pelo telefone (11) 3083-0033. (por Pascom paroquial)
Pastoral Familiar
Entre 26 de novembro e 16 de dezembro de 2023, a Imagem Peregrina da Sagrada
Família percorreu as paróquias do Setor Pinheiros (São Paulo da Cruz – Igreja do Calvário,
Senhor Bom Jesus dos Passos, Nossa Senhora do Monte Serrate, Santa Maria Madalena e
São Miguel Arcanjo (foto) e Nossa Senhora Aparecida), concluindo, assim, a peregrinação
por todos os setores da Região. A iniciativa, organizada pela Pastoral Familiar regional e
iniciada no dia 24 de junho do ano passado, contou com diversos momentos de oração e
partilha, além de missas e Terços, todos eles voltados à família.
(por Secretariado de Comunicação Regional)
IPIRANGA
Pascom paroquial
Na sexta-feira, 12, os fiéis da Comunidade Nossa Senhora de Guadalupe celebraram
a missa votiva de sua padroeira. A partir do domingo, 21, tanto as missas dominicais, às
10h, quanto as votivas serão realizadas na Rua Saioá, 1309, a cerca de 850m do terreno da
futura Paróquia, que começa a receber as obras de escavação e fundação.
(por Pascom paroquial)
10 | Reportagem | 17 a 23 de janeiro de 2024 |
Você mais desembala
ou mais descasca
os alimentos que come?
PELAS REDES
SOCIAIS,
NUTRICIONISTA
ESTIMULA
QUE PESSOAS
CONSUMAM MAIS
ALIMENTOS IN
NATURA E FALA DAS
PECULIARIDADES
QUE POSSUEM
CONFORME A COR
PREDOMINANTE
DANIEL GOMES
osaopaulo@uol.com.br
“E Deus disse: ‘Eis que eu
vos dou toda a erva que dá
semente sobre a terra, e todas
as árvores frutíferas que con-
têm em si mesmas a sua se-
mente, para que vos sirvam de
alimento’” (Gn 1,29).
Nas palestras e cursos que
ministra, a psicoterapeuta e nutricio-
nista Silvia Regina Rocha Mattos faz
menção a esta e a outras passagens
bíblicas para recordar que também os
alimentos são uma graça do Criador à
humanidade. “Deus foi muito gentil,
cuidadoso e amoroso conosco. Cada
alimento que o Senhor produziu já
carrega inúmeros nutrientes que ser-
vem para uma série de coisas dentro
do nosso organismo”, explicou ao O
SÃO PAULO.
‘JÁ COMEU SUA FRUTINHA HOJE?’
Em seu perfil no Instagram
(@silvia.sra.mattos), a nutricionista
estimula que as pessoas insiram fru-
tas em suas dietas, seja pelo consumo
direto, seja em receitas a base de fru-
tas, e que publiquem fotos e vídeos,
marcando a publicação com a hashtag
#jacomeuasuafrutinhahoje.
“Eu criei essa hashtag com o intuito
de que mais pessoas comam sua fruti-
nha, postem nas redes sociais e estimu-
lem as demais a fazer o mesmo, e para
que todos também se lembrem do cari-
nho, do cuidado e do amor de Deus. Ele
criou uma infinidade de alimentos para
nos nutrir, prevenir doenças e tratá-las,
mas para isso temos de olhar para essa
generosidade do Senhor e escolhermos
os alimentos que Ele nos ofereceu”, res-
saltou Silvia, que integra a Pastoral da
Saúde e participa do movimento Mães
que Oram pelos Filhos.
DESCASQUE MAIS
E DESEMBALE MENOS
Apesar de a maioria das pessoas
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terem consciência de que os alimentos
in natura ou minimamente processa-
dos são mais benéficos à saúde do que
os processados e ultraprocessados, Sil-
via Mattos recorda que, por razões di-
versas, muitos optam pela praticidade
na hora das refeições, como pedir um
fast food ou fazer macarrão instantâ-
neo, e com isso acabam por ter déficits
nutricionais.
Ela alerta, ainda, para um proble-
ma adicional, mas pouco percebido:
“Quando você opta por um alimen-
to embalado, acabará consumindo
algo muito mais industrializado, em
que foi adicionado conservantes, co-
rantes, acidulantes, adoçantes etc.
Quando tudo isso entra no nosso
corpo, ele não reconhece como ali-
mento e buscará eliminá-lo. Para
isso, vai precisar gastar os nutrien-
tes que já tem, e que por vezes já são
poucos. E dai vem outras consequ-
ências: cansaço, falta de concentra-
ção e demais sintomas associados a
uma micro-desnutrição”, detalhou,
lembrando, ainda, que em pessoas
com déficit nutricional até mesmo
os medicamentos demoram a surtir
o efeito esperado.
O caminho ideal, portanto, confor-
me lembra a nutricionista, é desemba-
lar menos e descascar mais, o que para
muitas pessoas exigirá rever hábitos
alimentares, com a ajuda de um espe-
cialista, também para que se identifi-
que as deficiências nutricionais.
“O ideal é que a pessoa tenha as
cinco cores diferentes nas refeições
diárias – alimentos brancos, laranjas/
Freepik
amarelos, roxos, verdes e vermelhos
–, pois cada cor indica um nutriente
específico, e quando se deixa de con-
sumir algum deles, haverá déficit no
organismo”, detalha Silvia (saiba mais
detalhes ao lado).
O IMPACTO NAS EMOÇÕES
Silvia Mattos é autora do livro “O
poder da mesa: como utilizar o mo-
mento da refeição em família e desen-
volver a inteligência emocional”, no
qual detalha como as pessoas podem
se fortalecer emocionalmente e apre-
senta dicas de nutrição.
“Um exemplo simples: a serotoni-
na é o hormônio do bem-estar, mas se
eu não dou ao meu organismo os nu-
trientes necessários para que ela seja
produzida, haverá consequências. Um
destes alimentos para isso é a banana,
que é rica em triptofano. Sem tripto-
fano, o nosso intestino não produz se-
rotonina, e, assim, não será formado o
hormônio do bem-estar. Sem ele tam-
bém não será produzido o hormônio
do sono, a melatonina. Em resumo, as
nossas emoções se tornam uma ba-
gunça só”, detalhou.
“Agora que você já se deu conta do
carinho e amor que Deus teve com sua
vida desde os primórdios dos tempos,
quando coloriu o mundo e lhe ofere-
ceu alimentos de qualidade, saiba que
Ele também cuidou para que o sabor
fosse agradável. E mais: ainda garantiu
que tivéssemos uma forma alternativa
de melhorar os sabores com o modo
de preparo e com os temperos natu-
rais”, comenta Silvia no livro.
Alimentos:
cada cor tem
um rico valor
Conheça mais sobre as cinco cores
predominantes nas frutas e vegetais, e a
riqueza de nutrientes que ofertam ao ser
humano.
Branca: o nutriente que dá a colora-
ção branca aos alimentos é a flavina, que
protege os músculos e o sistema imuno-
lógico. Neles também há vitaminas do
complexo B e os flavonoides, que atuam
na proteção das células. Eles auxiliam na
produção de energia, no funcionamento
do sistema nervoso e inibem o apareci-
mento de coágulos na circulação. Neste
grupo de alimentos estão a couve-flor,
maçã, pera, alho, cebola, fruta-do-conde,
melão, repolho e acelga.
Laranja e amarelo: o nutriente que
dá a coloração amarelada/alaranjada é o
carotenoide. Estes alimentos têm ainda
nutrientes como a zeaxantina e a luteí-
na, que atuam na prevenção de doenças
oculares. São também ricos em pré-vi-
tamima A e na vitamina C, um antio-
xidante para a proteção das células. Os
alimentos deste grupo ajudam a manter
a saúde do coração, da visão e do sistema
imunológico. Entre eles estão a cenoura,
laranja, milho, abóbora, mamão, tangeri-
na, mexerica, limão rosa, nêspera, caqui
e até a gema do ovo.
Roxo: é a antocianina que dá essa cor
aos alimentos. Ela controla infecções,
obesidade e aterosclerose. Também con-
tém niacina (vitamina do Complexo B),
minerais, potássio e vitamina C. Esses
alimentos ajudam na saúde da pele, ner-
vos, rins e no aparelho digestivo, e re-
tardam o envelhecimento. Grande parte
deles possui ainda um antioxidante que
previne doenças cardíacas. Estão neste
grupo a uva, berinjela, beterraba, açaí,
amora, mirtilo e repolho roxo.
Verde: Sua coloração é decorrente da
clorofila. São alimentos ricos em cálcio,
fósforo e ferro e que auxiliam no cresci-
mento e na coagulação do sangue; tam-
bém evitam a fadiga mental, ajudam na
produção de glóbulos vermelhos e for-
talecem os ossos e dentes. Contribuem,
também, para o emagrecimento, por
serem ricos em fibras e pouco calóri-
cos. Estão neste grupo todas as folhosas,
como alface, couve, cebolinha, salsinha,
mostarda, rúcula, agrião, espinafre (que
deve ser cozido para consumo), brócolis,
abacate e limão.
Vermelho: Estes alimentos são ricos
em licopeno, substância que dá essa co-
loração. Este fitoquímico ajuda na pre-
venção de alguns tipos de câncer, como
o de próstata. Sua função é otimizada
quando é cozido. Também são fontes
de carotenoides, que são precursores da
vitamina A. Bons para o coração e para
a memória, previnem o câncer e forta-
lecem olhos e pele. Tomate, goiaba, mo-
rango, amora, melancia, cereja e maçã
com casca são alguns dos alimentos des-
te grupo.
Fonte: Livro “O poder da mesa: como
utilizar o momento da refeição em família
e desenvolver a inteligência emocional”, da
nutricionista Silvia Regina Rocha Mattos

Férias na capital: a diversão
em família está garantida
CONFIRA ATIVIDADES
ARTÍSTICAS E CULTURAIS
QUE OCORREM EM
PARQUES, MUSEUS
E OUTROS ESPAÇOS
ESPALHADOS POR TODA
A CIDADE
ROSEANE WELTER
ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
Janeiro chegou, e com ele as espera-
das férias escolares. Para muitos, é um
período para descansar e para a crian-
çada um momento para se divertir. São
inúmeras as propostas oferecidas, desde
eventos gratuitos até as com preços pro-
mocionais para atrair o público.
O jornal O SÃO PAULO reuniu nes-
ta reportagem algumas atividades artís-
ticas e culturais em diferentes lugares da
cidade de São Paulo para aproveitar as
férias com a família.
HORA DA DIVERSÃO
O programa “Agita + Férias”, é uma
realização da Secretaria Municipal de
Esportes e Lazer (Seme), com opções
de esportes e lazer para crianças e ado-
lescentes. As atividades, disponíveis
de sexta-feira a domingo, das 10h às
17h, em dez Centros Esportivos das
Zonas Norte, Sul, Leste, Oeste e Cen-
tro da capital.
O evento segue o calendário oficial
de férias escolares da rede municipal da
Prefeitura de São Paulo e tem como foco
a primeira infância, até 6 anos; crianças de
7 a 11 anos; e adolescentes de 12 a 17 anos.
Desde o início do mês, as ativida-
des acontecem simultaneamente nos
Centros Esportivos que integram o
Amigos da Arte/Mundo do Circo/Divulgação
programa e ainda ocorrerão nos dias
19, 20 e 21; 25 (aniversário de São
Paulo); 26, 27 e 28.
Outra ação é o projeto “Recreio nas
Férias”, em sua 43° edição, com ações
voltadas para crianças de até 14 anos,
matriculadas em unidades de ensino da
rede pública e particular, com atividades
de esporte, lazer, recreação e passeios.
“O objetivo do programa é funcionar
como mais uma ferramenta para poten-
cializar a educação integral e inclusiva,
além de garantir refeições nutritivas e
atividades que promovem o desenvolvi-
mento físico e cognitivo mesmo durante
o período de recesso escolar”, afirma a
nota divulgada pela prefeitura.
As famílias interessadas deverão
comparecer pessoalmente em qualquer
unidade educacional da Rede, levan-
do comprovante de residência e RG ou
certidão de nascimento da criança e do
responsável.
Confira o local mais próximo da sua
casa: https://educacao.sme.prefeitura.sp.
gov.br/recreio-nas-ferias/
MUSEU DO FUTEBOL
No Museu do Futebol, você pode
conferir, de terça-feira a domingo, com
ingressos gratuitos, a exposição tempo-
rária “Futebol de Brinquedo”, que resgata
a memória afetiva dos brinquedos ana-
lógicos de futebol, incluindo Aquaplay,
Pregobol, Super Trunfo, bonecos e bo-
necas, mascotes das Copas do Mundo
FIFA e, é claro, vários times de futebol de
botão. A curadoria é de Marcelo Duarte,
com a equipe do Museu do Futebol.
“A exposição Futebol de Brinquedo
resgata esse brincar, fazendo uma tabe-
linha entre a memória afetiva dos mais
velhos e a apresentação de jogos desco-
nhecidos para os mais novos. Uma prova
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www.arquisp.org.br | 17 a 23 de janeiro de 2024 | Reportagem | 11
que, além de ser um dos esportes mais
democráticos que existem, o futebol une
gerações”, destaca o curador Marcelo
Duarte.
Endereço: Praça Charles Miller s/n —
Estádio do Pacaembu
EM MEIO À NATUREZA
No Parque do Ibirapuera, uma opor-
tunidade para toda a família se encantar
com a biodiversidade da fauna e flora,
histórias e curiosidades do parque, loca-
lizado na zona Sul da capital.
Conexão com a natureza, com pa-
radas estratégicas ao longo do trajeto
para conhecer as 500 espécies de ár-
vores e arbustos, aproximadamente
340 espécies de animais catalogadas,
sendo 200 de aves e espécies botânicas
(incluindo algumas que estão na lista
de extinção).
Com entrada gratuita, a visita não
tem restrição de idade e é guiada pela
equipe ambiental do espaço, que apre-
senta a história do Parque, conservação
da natureza e engajamento ambiental do
local. Uma boa oportunidade para um
dia em meio à natureza!
Confira as datas disponíveis para o cir-
cuito: https://ibirapuera.urbiapass.com.
br/produto/ibirapuera-circuito-ambiental
ARTE EM CASA
Que tal uma exposição virtual, caso
prefira curtir as férias em casa, descan-
sando e aprendendo. É possível acom-
panhar a exposição “Tarsila entre aspas”,
disponível no formato on-line, no site
do Museu da Imagem e do Som (MIS
Experience).
Fatos da infância, sua timidez, a ida
a Paris, sua não participação na Semana
de Arte Moderna de 1922, suas viagens e
o encontro com a vanguarda paulista são
Museu do Futebol/Divulgação
alguns dos temas presentes nesta exposi-
ção virtual. Durante a imersão você pode
ouvir um trecho da entrevista que Tarsila
do Amaral concedeu em sua residência
em 1971. A entrevista faz parte do Acer-
vo On-Line do MIS.
VAMOS AO CIRCO
“Respeitável público”. Para os apai-
xonados e ou curiosos pela magia do
circo, malabaristas, mágicos e palha-
ços, é só visitar o “Mundo do Circo”
no Parque Estadual da Juventude, zona
Norte da capital, com capacidade para
até 3 mil pessoas simultaneamente. A
Grande Lona tem capacidade para 618
espectadores.
Com entrada gratuita de terça-feira
a domingo, das 11h às 18h, o “Mundo
do Circo” traz uma programação lúdica
e interativa sobre o imaginário do circo,
mostrando suas várias modalidades ar-
tísticas, enriquecendo a experiência sen-
sorial proporcionada pelo ambiente que
é todo temático.
Como chegar: Av. Cruzeiro do Sul, 2630
- Metrô Carandiru
FÉ E CULTURA
Que tal no itinerário de férias apro-
veitar para conhecer o acervo do Museu
de Arte Sacra? Localizado na Avenida
Tiradentes, 676, na Luz, é um dos prin-
cipais museus de arte sacra que recolhe,
classifica, cataloga e expõe objetos reli-
giosos. O acervo público do museu co-
meçou em 1907 pelo primeiro Arcebis-
po de São Paulo, Dom Duarte Leopoldo
e Silva, que recolhia imagens sacras de
igrejas e pequenas capelas de fazendas
que começaram a ser demolidas depois
da Proclamação da República.
Confira a programação: Museu de Arte
Sacra de São Paulo (museuartesacra.org.br)
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