SEMANÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO

www.arquisp.org.br Ano 68 | Edição 3451 | 14 a 20 de junho de 2023 www.osaopaulo.org.br | R$ 3,00

Sejam instrumentos de Deus aos outros

jovens, exorta Dom Odilo no ‘Halleluya’ Luciney Martins/O SÃO PAULO

Cardeal Odilo Pedro Scherer, na missa de abertura do Festival Halleluya, realizado no Largo da Batata, em São Paulo, no domingo, dia 11, com a participação de cerca de 9 mil pessoas

Uma maratona de evangelização, solidariedade a Sua misericórdia e a salvação ainda nesta vida”. Encontro com o Pastor
e atividades artísticas e esportivas: assim foi a 5ª Ao longo do dia, houve a apresentação de artis-
edição do Festival Halleluya, no domingo, 11, no tas e bandas católicos, os jovens puderam buscar O Sagrado Coração de
Largo da Batata, em São Paulo. o sacramento da Reconciliação e aconselhamento Jesus nos lembra do amor
Na missa de abertura, o Cardeal Scherer exortou espiritual, praticar atividades esportivas e doar ali- infinito de Deus por nós
os participantes a estarem atentos à voz do Senhor mentos e agasalhos que serão destinados aos aten- Página 2
e evangelizar: “Nós podemos ser instrumentos de didos pela Missão Belém.
Deus para que outros jovens possam experimentar Página 11 Editorial
A missa de domingo está
no coração da Igreja e
fundamenta a prática cristã
Edição 06
14 de junho de
2023 Use o QRCode
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Reprodução

o Caderno
Cultural na

O racismo está
Internet, com
mais artigos e
links citados.

Página 4

longe de ser uma

Fotos: Luciney Martins/
O SÃO PAULO

Solenidade de Corpus
página virada no Brasil Christi mobiliza fiéis
Passados 135 anos da abolição da
na Arquidiocese
escravidão no Brasil, as pessoas pretas Dom Odilo Scherer presi-
convivem com o crescente temor de sofrerem diu missa na Praça da Sé, no
violências diversas e encontram obstáculos dia 8, e conduziu o Santíssimo
socioeconômicos no País. Esta edição do pelas ruas do Centro. Católi-
O racismo nu a
as pessoas dizm sociedade a qual
Caderno Fé e Cidadania apresenta reflexões cos lotaram as celebrações
sobre o racismo no Brasil e destaca o Núcleo Fé e Cul
em não querernser racistas pela cidade e reafirmaram a
veemente repúdio da Igreja aos atos racistas. Em 1995, uma pesq
tura
centralidade da Eucaristia em
conceito racial do uisa sobre pre-

haver racismo no
Data
va que 89% da popu folha indica-
lação acreditava
O racismo deveria
Brasil. Deveríam
ser uma página vira
os esta
da na história do
suas vidas.
Brasi
se considerava racis l, mas só 10% públicas aplicar para r refletindo sobre quais políticas injustiça, ajudando-
Páginas 17 a 20
nos a construir
ta. a superação das desi uma sociedade melh
PoderData encontrou Em 2020, o função de raça e gualdades em or.
81% da popu- cor e não sobre o A Igreja Católica,
lação acreditando ainda convivemos racismo em si. Con posicionou em defes já em 1537, se
have
País e 34% se recon r racismo no com assassinatos tudo, a da dignidade
contra pessoas pret e atos
as, atitudes preconce truculentos
hecendo racista. dos índios, com a
Apesar da autoconsc bula Sublimis Deus
iência quanto ao socioeconômicos ituosas e obstácul Infelizmente, foi .
preconceito racia que só podem ser os bem mais lenta
l ter explicados em funç defesa das popu na
25 anos, as pesso crescido nestes do racismo. Nos
recentes casos de ão africana – apesa
lações de orige
m
as ainda se veem escravidão no Rio
numa sociedade Grande do Sul e r de padres, como
racista. Contudo, de ataques racista Antônio Vieira
(1608
2 | Encontro com o Pastor | 14 a 20 de junho de 2023 |
CARDEAL
ODILO PEDRO
SCHERER
Arcebispo
metropolitano
de São Paulo
A
solenidade anual do
Sagrado Coração de
Jesus nos lembra de
que nosso Deus é mi-
sericordioso, pronto a perdoar
os pecadores e muito interessa-
do na nossa salvação. Isso Jesus
nos revelou no seu modo de ser
e agir, sempre pronto para aco-
lher a todos os que Dele se apro-
ximavam com sincero coração,
especialmente os oprimidos por
doenças e toda sorte de males.
O coração de Jesus, aberto pela
lança no alto da cruz, é a ima-
gem do coração aberto de Deus
que, mesmo no sofrimento, se
abre a todos os que acolhem sua
misericórdia. Em Jesus, Deus
se revela a nós humanamente e
o coração de Jesus é “o coração
humano de Deus”.
A devoção ao Sagrado Coração
de Jesus possui um sólido fun-
damento teológico e, ao mesmo
tempo, é popular e muito querida
ao povo simples, que compreen-
de a riqueza do simbolismo de
“coração de Deus”: Deus é todo
coração e todo ternura para nós.
Alguém disse que “Deus tem um
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Misericórdia e sacrifícios
coração de manteiga”, que se der- O Sagrado Coração de Jesus Por isso, além da prática pessoal
rete, se comove facilmente diante nos lembra sempre do amor in- e individual das obras de carida-
dos sofrimentos e rogos de seus finito de Deus por nós, mani- de e de misericórdia, devemos
filhos, que recorrem a Ele com festado em Cristo Jesus, que nos também organizar a caridade
toda simplicidade e confiança. “amou até o fim” (Jo 13,1), até o e aderir à caridade organizada,
Quem seria o homem sem o extremo de entregar sua vida por sempre que a oportunidade se
amor misericordioso de Deus? nós, aceitando passar pela humi- apresenta para fazê-lo. A carida-
Em contrapartida, Deus espera lhação e o sofrimento da cruz. de organizada é um dos “propó-
que nós tenhamos a mesma sen- “Tanto Deus amou o mundo, sitos” do sínodo arquidiocesano
sibilidade e atitude misericordiosa que lhe entregou seu Filho único, de São Paulo. Graças a Deus,
em relação ao próximo. Os profe- para que não pereça todo aque- há uma imensidade de organi-
tas, e também Jesus, reprovam com le que nele crer, mas tenha a vida zações de caridade nas comu-
firmeza a insensibilidade e a dure- eterna” (cf. Jo 3,16). A devoção nidades e instituições de nossa
za de coração. O profeta Oseias, ao Coração de Jesus vai ao centro Arquidiocese e isso mostra o
do mistério cristão, que é “o amor coração bom de tantas pessoas,
depois de censurar a religiosidade
de Deus derramado em nossos que se deixam sensibilizar diante
apenas formal e ritual, lembra que
corações” (cf. Rm 5,3). De nossa das dores e sofrimentos do pró-
Deus espera do seu povo miseri-
parte, isso requer correspondên- ximo e estão sempre dispostas a
córdia, mais que sacrifícios nos al-
cia a esse amor tão grande: “Amor compartilhar e ajudar. Mas ain-
tares do templo (cf. Os 6,6). Jesus,
com amor se paga”, assim diz o da pode ser feito mais.
ao entrar na casa de Levi, o publi-
ditado popular. Por outro lado, Nunca teremos feito o bastan-
cano, toma refeição com ele e com
requer que também nós tenha- te enquanto houver pobres e ex-
outros pecadores públicos. Alguns
mos um coração bom e amoroso cluídos entre nós, lembrando as
fariseus observam e reclamam para com o próximo, pois “quem palavras de Jesus: “Pobres sem-
com os discípulos: “Por que vosso não ama, não conhece a Deus, pre tereis entre vós” (cf. Jo 12,8).
mestre come com os cobradores pois Deus é amor” (1Jo 4,7-8). Essas palavras soam como um
de impostos e pecadores?” Jesus A prática das obras de miseri- mandato e um encargo para os
responde: “Aqueles que têm saú- córdia nos é recomendada como cristãos: a missão de cuidar dos
de não precisam de médico, mas, atitude consequente diante do pobres nunca se encerra, assim
sim, os doentes. Aprendei, pois, o amor que Deus tem por nós. como é infinito e nunca se acaba
que significa: ‘Quero misericórdia Amor a Deus e amor ao próxi- o amor do coração de Deus por
e não sacrifício’. Não vim chamar mo são inseparáveis: “Quem diz nós enquanto houver um peca-
os justos, mas os pecadores” (cf. que ama a Deus, a quem não vê, dor a ser resgatado, uma ovelha
Mt 9,10-13). Sem a misericórdia mas não ama o próximo, a quem perdida a ser encontrada, uma
e a disponibilidade para acolher, vê, é um mentiroso”, diz São João moedinha perdida, um filho ar-
perdoar e ajudar o próximo, os sa- (1Jo 4,20). E não basta amar só rependido a ser acolhido... Foi
crifícios oferecidos no templo po- de palavras: é preciso amar com o que o Coração de Jesus nos
deriam não agradar a Deus. atos e em verdade (cf. 1Jo 3,18). ensinou.
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Curso on-line aprofunda aspectos teológicos

e pastorais do sacramento da Penitência Arquivo pessoal

‘PARA MUITAS cipação do Cardeal Odilo Pedro Scherer,

PESSOAS, FALAR DE
PECADO SE TORNOU
ALGO ANTIQUADO.
PRECISAMOS AJUDÁ-
LAS A PERCEBER O QUE
É O PECADO E A SUA
GRAVIDADE. SEM ISSO,
PODE HAVER SENSO
DE CULPA, REJEIÇÃO
SOCIAL, PSICOLÓGICA,
MAS NÃO O SENSO DO
PECADO, QUE SEMPRE
NASCE DA FÉ’
FERNANDO GERONAZZO
ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
Foi aberto na segunda-feira, 12, o
curso de extensão sobre o sacramento da
Penitência (Confissão), promovido pela
Faculdade de Teologia Nossa Senhora da
Assunção da Pontifícia Universidade Ca-
tólica de São Paulo (PUC-SP) e pela Facul-
dade de Direito Canônico São Paulo Após-
tolo, ambas da Arquidiocese de São Paulo.
A formação, realizada na modalidade
on-line, visa a oferecer um aprofundamen-
to bíblico, teológico, pastoral e canônico
sobre este sacramento, também chamado
de Reconciliação.
O curso integra uma série de forma-
ções sobre os sete sacramentos. Anterior-
mente, foram realizados cursos no mesmo
formato sobre o Batismo e o Matrimônio.
A primeira aula foi ministrada pelo Pa-
dre Boris Agustín Nef Ulloa, Doutor em
Teologia Bíblica e Diretor da Faculdade de
Teologia Nossa Senhora da Assunção. Ele
apresentou os fundamentos bíblicos do sa-
cramento da Penitência.
RECONCILIAÇÃO
O curso também contou com a parti-
Arcebispo Metropolitano de São Paulo e
Grão-Chanceler das instituições organiza-
doras. Dom Odilo ressaltou que a Confis-
são é um dos sacramentos que aparecem
mais caracterizados no Novo Testamento,
que reiteradas vezes trata do perdão dos
pecados e da reconciliação mediante a Pai-
xão, Morte e Ressurreição de Jesus.
“Jesus veio ao mundo para reconciliar os
pecadores. Após ressuscitar, Nosso Senhor
deu aos discípulos o poder de perdoar os
pecados mediante o dom do Espírito Santo.
Também no momento da ascensão, nova-
mente enviou os apóstolos com o poder de FORMAÇÃO da para o sacramento, confundindo a
perdoar os pecados”, explicou o Arcebispo, Por outro lado, o Arcebispo apontou a Confissão com a direção espiritual ou um
acrescentando que, ao longo da história, a necessidade de maior disponibilidade de mero desabafo dos problemas pessoais.
Igreja levou a sério tal missão e continuou sacerdotes para o atendimento de Con- “É preciso que haja uma boa pastoral
a realizá-la, quer por meio do Batismo, fissões. “Nas igrejas onde há padres para da penitência, que inclua uma preparação
quer pelo sacramento da Reconciliação. atender Confissões, sempre há fiéis se con- das pessoas antes de se dirigirem à Con-
fessando. Por isso, a Igreja prescreve aos fissão, para que conheçam as condições
SENTIDO DO PECADO padres que disponibilizem horários para mínimas para fazer uma boa Confissão”,
Diante de questionamentos sobre a o atendimento de Confissões dos fiéis e os orientou o Arcebispo, elencando como
diminuição da procura desse sacramento, tornem conhecidos”. condições essenciais a fé no perdão de
Dom Odilo atribuiu tal fenômeno à falta Dom Odilo também sublinhou que Deus, a consciência do pecado, o arrepen-
de uma compreensão apropriada sobre o muitas pessoas não sabem se confessar, dimento sincero e o firme propósito de
sentido do pecado. Por isso, o Arcebispo pois nunca receberam formação adequa- não tornar a pecar.
ressaltou a necessidade de uma formação
adequada aos fiéis acerca desse sacramen- Arquivo pessoal
to. Ele enfatizou a importância da tomada
de consciência a respeito do sentido do pe-
cado, da justiça e do julgamento de Deus.
“Para muitas pessoas, falar de pecado
se tornou algo antiquado. Precisamos aju-
dá-las a perceber o que é o pecado e a sua
gravidade. Sem isso, pode haver senso de
culpa, rejeição social, psicológica, mas não
o senso do pecado, que sempre nasce da
fé”, afirmou o Arcebispo.
O Cardeal reforçou que o pecado de
cada pessoa, de alguma forma, sempre re- RETIRO DOS DIÁCONOS DA ARQUIDIOCESE
pete o pecado original cometido por Adão Entre os dias 9 e 11, os Diáconos da Arquidiocese de São Paulo participaram de um retino
e Eva, ou seja, “dar ouvidos ao tentador e na Casa São Carlos, em Jundiaí (SP). O pregador foi o Padre Tiago Gurgel do Vale, Cape-
desobedecer a Deus”. O pecado, portanto, lão da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. (por Diácono Ailton Machado)
tem a ver com a relação da pessoa com
Deus e não apenas com a transgressão de Divulgação
uma lei ou de um bom costume.

Natália Ravagnani

VIGÍLIA UNIVERSITÁRIA DE CORPUS CHRISTI

O Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade promoveu, no dia 7, a Vigília
Universitária de Corpus Christi, na Paróquia Nossa Senhora do Monte Serrate. Partici-
param aproximadamente 200 pessoas, entre jovens universitários, famílias e paroquia-
nos. A atividade foi iniciada com missa, às 20h, presidida por Dom Carlos Lema Garcia,
Bispo Auxiliar da Arquidiocese e Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade; e
prosseguiu com a adoração ao Santíssimo Sacramento até às 22h30. Durante a ativida-
de, o Padre Vandro Pisaneschi, Pároco e Coordenador de Pastoral do Vicariato, e o Padre
Benedito Medeiros da Silva atenderam Confissões. Neste ano, os grupos responsáveis
pelos momentos de oração foram a Equipe de Jovens de Nossa Senhora - EJNS São Pau-
lo, a Comunidade Famílias Novas e a Comunidade Shalom. (por Katia Campos)
4 | Ponto de Vista | 14 a 20 de junho de 2023 |
Por que ir à missa dominical?
U
ma das constatações mais
dolorosas (e necessárias)
das pesquisas de campo
realizadas em nosso síno-
do arquidiocesano foi a de que menos
de 6% dos católicos tomam parte re-
gularmente na missa dominical. Este
dado é particularmente alarmante, se
notarmos a preocupação com que nos-
sa Mãe Igreja chama seus filhos a este
compromisso de amor: a missa de do-
mingo “está no coração da vida da Igre-
ja”, ela “fundamenta e sanciona toda a
prática cristã”, e “é um testemunho de
pertença e fidelidade a Cristo e à sua
Igreja” (Catecismo 2177.2181-2182).
Mas de onde vem tanta insis-
tência? Se hoje trabalhamos na
modalidade home-office, pedimos
nossa comida pelos aplicativos de
delivery e trocamos a saída ao cine-
ma pelo conforto do streaming no
sofá de casa, não poderíamos tam-
bém “participar” da missa on-line?
Ou mesmo, por que gastar nosso
tempo, hoje tão escasso, para “repe-
Semana Nacional do Migrante 2023
PADRE ALFREDO JOSÉ GONÇALVES
De 18 a 25 de junho, ocorre a 38ª
Semana Nacional do Migrante, pro-
movida pelo Serviço Pastoral dos Mi-
grantes, da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (SPM/CNBB), jun-
tamente com os demais serviços, or-
ganismos, entidades e atividades que
trabalham no campo das migrações.
Campo que, como sabemos, revela-se
cada vez mais intenso, diversificado e
complexo, devido, em particular, à vio-
lência política, ideológica e religiosa, à
pobreza, miséria e múltiplas carências,
bem como às catástrofes climáticas em
suas manifestações extremadas.
Em sintonia com os debates rela-
cionados à Campanha da Fraternida-
de deste ano, a Semana Nacional do
Migrante tem como tema “Migração
e segurança alimentar” e como lema
“Para o migrante, a pátria é a terra que
lhe dá o pão”. Esta frase é de São João
Batista Scalabrini – considerado o pai
e apóstolo dos migrantes – canonizado
em outubro de 2022 pelo Papa Fran-
cisco e cujo aniversário de falecimento
celebramos no dia 1º de junho.
Convém não perder de vista o
nexo fundamental entre a vida e
obra de Scalabrini e o surgimento da
Doutrina Social da Igreja (DSI). Jun-
tamente com os chamados “santos
As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.
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Editorial
tir” todo domingo o mesmo ritual?
A verdade é que, até mesmo de
uma perspectiva bastante humana, há
vários bons motivos para nos reunir-
mos em culto a Deus na assembleia
dominical. Esse momento semanal
de repouso das preocupações do dia
a dia, no remanso de um ambiente
recolhido e de uma liturgia bem ce-
lebrada nos ajuda a colocar nossos
trabalhos e afazeres na perspectiva da
transitoriedade desta vida e da neces-
sidade um sentido mais profundo do
que o simples “ir vivendo”: Deus nos
criou para Si, e nosso coração inquie-
to só encontrará descanso quando
Nele repousar. A reunião semanal dos
fiéis traz também outra vantagem:
a de fortalecer os laços humanos de
amizade e companheirismo com nos-
sos irmãos de fé, participando de suas
alegrias e dores, conhecendo suas fa-
mílias, e, depois, estendendo esse con-
vívio a outros momentos de encontro
e partilha. A missa dominical tem
ainda uma grande importância peda-
Opinião
sociais” da segunda metade do século
XIX, São João Batista Scalabrini faz
parte de uma espécie de “precurso-
res remotos” do Concílio Vaticano
II, na medida em que eles abrem as
portas da Igreja aos avanços, inova-
ções e desafios do mundo moderno
ou contemporâneo. Scalabrini fun-
da a Congregação dos Missionários
de São Carlos (Scalabrinianos) em
1887. Depois, funda a Congregação
das Missionárias de São Carlos (Sca-
labrinianas) em 1895. Exatamente no
gógica: por meio das leituras da Pala-
vra de Deus e de uma pregação cui-
dadosa e bem preparada, aprendemos
a aplicar os ensinamentos de Jesus à
nossa vida concreta, e a progredir no
conhecimento e no amor de Cristo.
Por outro lado, alguém poderia di-
zer que todos esses motivos, embora
reais e importantes, não distinguem
a Santa Missa de qualquer outra ce-
lebração religiosa: também nos cultos
protestantes se aprende sobre Jesus;
também na sinagoga se fazem ami-
zades belas e profundas; também nos
encontros budistas se desperta para a
relatividade desta vida humana sobre
a terra. O que, então, distingue a mis-
sa dos demais serviços religiosos, e a
torna única? O que levou tantos cris-
tãos a preferirem a morte a abdicar do
sagrado direito da Eucaristia domini-
cal? Foi o caso, por exemplo, daqueles
49 mártires de Abitene, atual Tunísia,
presos e executados sob Diocleciano,
em 304, que interrogados do motivo
de descumprirem as proibições im-
Arte: Sergio Ricciuto Conte
meio desse intervalo de tempo – em
1891 – o Papa Leão XIII publica a
carta encíclica Rerum novarum, do-
cumento inaugural da DSI.
Por volta da metade do século XX,
surge o Instituto das Missionárias Se-
culares Scalabrinianas, com o mesmo
carisma e missão: atuar junto aos mi-
grantes e refugiados. Faz-se patente a
convergência do nascimento da DSI
e da obra de Scalabrini. Não será difí-
cil concluir que a “questão social” no
interior da Igreja é contemporânea
periais ao Cristianismo, responderam
Sine dominico non possumus, “Sem o
domingo, não podemos viver”.
Na nossa belíssima Catedral da Sé,
há um baldaquino na capela do San-
tíssimo com um alto relevo represen-
tando a Cristo crucificado no Calvá-
rio, ladeado por sua Mãe e encimado
por Deus Pai, com a inscrição: “Neste
divino sacrifício que se opera na missa,
aquele mesmo Cristo, que no altar da
Cruz entregou-Se a si mesmo de uma
só vez de forma cruenta, está contido
e é imolado de forma incruenta”. Eis
aqui o grande motivo pelo qual a
missa é fundamental e insubstituível:
a missa é o Calvário, ela é a “fonte e
centro de toda a vida cristã” (Lumen
gentium 11). Como nos lembra Dom
Odilo em sua Carta Pastoral sobre o
sínodo, “a vida cristã, é verdade, não
se resume à participação na missa do-
minical. Mas sem essa participação, a
vida cristã desaparece”. Amemos, en-
tão, a Santa Missa! Amemos Jesus, no
Sacramento do Altar!
da preocupação com as condições de
vida dos emigrados em massa do Ve-
lho Continente, em grande parte de-
vido às consequências da Revolução
Industrial. Não será exagero afirmar
que a Pastoral dos Migrantes emer-
ge no bojo daquilo que chamamos
Pastoral Social (ou Pastorais Sociais).
Ambas são irmãs gêmeas.
Entre os desafios da DSI, pode-
mos destacar a questão social, as re-
lações entre capital e trabalho, o direi-
to à organização dos trabalhadores,
outros direitos inerentes à dignidade
da pessoa humana, os deveres do Es-
tado, a função social da proprieda-
de, a preservação do meio ambiente,
os milhões de migrantes em todo o
mundo, e assim por diante. Deve-se
essa nova consciência social a uma
grande sensibilidade da Igreja para
com os pobres, excluídos e vulnerá-
veis. Desnecessário acrescentar que
os migrantes figuram na lista dos
mais abandonados e necessitados. As
iniciativas vinculadas à Semana do
Migrante procuram, justamente, sen-
sibilizar os governos, a sociedade civil
e a Igreja para o drama de tantos mi-
lhões de pessoas sem raiz, sem rumo,
sem destino e sem pátria.
Padre Alfredo José Gonçalves, CS,
pertence à Congregação dos Missionários
de São Carlos (Scalabrinianos).

Educar nas virtudes: o que significa isso?
SIMONE RIBEIRO CABRAL FUZARO
Muito se tem dito sobre educar os fi-
lhos nas virtudes, mas, acompanhando
bem de perto muitas famílias, percebo
com nitidez que bem pouco se conhece a
respeito das tão almejadas virtudes.
Esse assunto bastante antigo, mas
abandonado por muitas gerações, tor-
nou-se agora um grande desafio para
aqueles que pretendem retomar a busca
de uma vida virtuosa.
Hoje, vemos com bastante otimis-
mo uma preocupação com as compe-
tências socioemocionais, ou soft skills, se
quisermos utilizar uma linguagem mais
empresarial. O fato é que todos, sejam
educadores, empreendedores, líderes etc.
percebem com clareza que “falta algo”
na formação das pessoas. Chegamos a
um ponto em que, se não buscarmos
esse crescimento interior, as relações das
mais diferentes espécies (familiares, de
trabalho, amizade, escolares) entrarão em
falência.
Apesar da alegria em ver crescer esse
movimento em busca dessas compe-
tências, brota também naqueles que se
aprofundam um pouquinho mais no
conhecimento da essência da pessoa, a
preocupação: por que se traz à tona esse
conceito de competências e habilidades
Não temos a palavra criadora
DOM ROGÉRIO
AUGUSTO
DAS NEVES
BISPO AUXILIAR DA
ARQUIDIOCESE NA
REGIÃO SÉ
O
livro do Gênesis nos diz que
Deus tirou tudo do nada. E
que a única ação realizada
para tal feito foi pronunciar
palavras que expressavam sua vontade de
criar. Ainda no Antigo Testamento, mais
propriamente o profeta Isaías dirá que,
assim como a chuva que cai do céu não
volta para lá sem ter irrigado o chão, tam-
bém a Palavra de Deus não volta para Ele
sem ter realizado o seu propósito.
O Evangelho segundo São João nos
dirá que a Palavra se fez carne e veio
habitar entre nós. Assim, contempla-
mos na Palavra de Deus não apenas
a eficácia da realização das coisas,
mas também a sua potência criado-
ra. Quando hoje discutimos tanto so-
bre as teorias a respeito do começo de
tudo, especialmente as contribuições
da teoria da evolução, não nos damos
conta de que existe uma certa contra-
dição nessas ideias quando elas pre-
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Espiritualidade
e não se resgata o conceito de virtude?
Por que no âmbito da escola se traz esse
“psicologismo” como capaz de “salvar” as
crianças do caos de formação que vive-
mos hoje e não se fomenta que as famí-
lias protagonizem uma formação integral
dos pequenos? Será que as tão famosas
competências e habilidades não têm em
sua base um olhar pautado numa busca
do “politicamente correto”, em que ter
empatia significa aceitar o outro como
ele é, independentemente da verdade so-
bre ser? Essa proposta de modulação de
sentimentos na qual não se tem em vista
um real aperfeiçoamento da pessoa, mas,
sim, uma formatação para que se insira
no “politicamente correto”, faz com que
toda e qualquer reação contra o que está
ideologicamente instituído soe como
falta de competência socioemocional, e
isso é preocupante; afinal, podemos estar
delegando algo precioso – o caráter dos
nossos filhos – a pessoas das quais não
conhecemos os valores. Seria mesmo um
papel predominantemente escolar traba-
lhar com a formação pessoal da criança,
uma vez que essa formação, para aconte-
cer de modo sólido, precisa estar pauta-
da nos valores familiares? Com certeza,
a escola pode contribuir na formação,
fazer eco àquilo que a família tem como
objetivo. Infelizmente, porém, o que
Espiritualidade
tendem substituir a teoria da criação.
Isso porque, na base da própria ciência
está o princípio da causalidade, isto é,
as coisas não acontecem sem que haja
uma causa eficaz que faça com que elas
aconteçam. Assim, explicar como as
coisas aconteceram não é o mesmo que
entender o porquê de acontecerem. Se
nada aconteceu, então, a tendência se-
ria de que nada acontecesse.
A criação, por mais fantasiosa que
possa ser descrita por alguns, é a ideia
mais lógica que se pode ter sobre a
existência de tudo. Do nada não vem
nada. E é por isso que existe Ciência:
porque o ser humano é capaz de estu-
dar e entender as causas. Uma outra
evidência disso é a constatação de que
o ser humano, por mais que seja ca-
paz de construir e realizar as coisas, na
verdade nunca está realmente criando
nada. Está apenas transformando. Até
no mundo da criação artística.
Certa vez, um compositor famoso
disse ter estado por muito tempo ou-
vindo o canto de um pássaro e, nesse
momento, achou a melodia do animal-
zinho tão parecida com uma música
que tinha composto no passado que já
não tinha certeza se tinha criado a mú-
sica ou se tinha sido influenciado pelo
próprio inconsciente com uma cantiga
já escutada. Mesmo os artistas podem
ser estudados na sua arte e sempre se
| 14 a 20 de junho de 2023 | Viver Bem/Fé e Vida | 5
se apresenta é uma inversão de papéis.
Voltando às virtudes, pregadas des-
de a Antiguidade, sabemos que visam ao
aperfeiçoamento da pessoa, estão intima-
mente comprometidas com a regulação
dos desejos, dos sentimentos e das ações
que se referem aos bens e às atividades.
Bem é tudo aquilo que cabe ao homem ter
ou usar – o tempo, o dinheiro, os afetos,
o corpo, a sexualidade, a comida, as rou-
pas, o conhecimento etc. Atividades são os
afazeres que fazem parte das diversas di-
mensões da vida: o trabalho, o descanso, a
família, as atividades esportivas, religiosas
etc. As virtudes são critérios de comporta-
mento que se tornam disposições estáveis
da pessoa (em sua afetividade e vontade)
para chegar à excelência. Uma vida virtuo-
sa proporciona à pessoa agir segundo uma
conduta que a leva ao bem, à verdade, que
permite que seja mais livre, na medida em
que se domina mais e com isso se torna ca-
paz de agir conduzida pela razão.
Se formamos pessoas virtuosas e luta-
mos nós mesmos para vivermos de modo
virtuoso, certamente teremos uma so-
ciedade mais ordenada, justa e excelente,
mais comprometida com o bem comum.
Uma sociedade virtuosa, no entanto, não
estará comprometida com o politicamen-
te correto, mas, sim, com a verdade sobre
a pessoa.
pode constatar as influências e o con-
texto de sua “criação”. Mas, infelizmen-
te, o ser humano tem uma capacidade
inquestionável que precisa ser tanto
conhecida quanto controlada. Somos
capazes de destruir! Já sabemos que
nosso potencial bélico é suficiente para
extinguir a vida na Terra. E, por ironia,
é possível até destruir a vida sem des-
truir as cidades onde vivemos.
Para além das ruínas das antigas ci-
vilizações que deixaram de existir, junto
com suas cidades, poderemos, um dia,
ver ruínas de civilizações cujas cidades
continuam de pé. Seria interessante se
não fosse trágico! Por isso, essa reflexão
é importante. Nem tudo que somos ca-
pazes de fazer devemos realmente fazer.
Não é porque somos capazes de avan-
çar nas nossas mídias e inteligências
artificiais que deveríamos realizar todo
o nosso potencial imaginativo. Porém,
vivemos sempre à espreita do medo
de que, “se um não fizer, outro o fará”.
Então, o resultado é que brincamos de
Deus o tempo todo. Certa vez, ouvi uma
reflexão interessante a respeito de um
clássico da literatura no qual se obser-
vava que Frankenstein, no romance de
Mary Shelley, não era o nome do “mons-
tro” criado pelo cientista, mas o nome
do próprio cientista. A referência era
de que, talvez, o “monstro” não fosse a
“criatura”, mas aquele “criador”.
Para que possamos viver o respeito, é
preciso que entendamos o que significa a
virtude da justiça e seus desdobramentos.
Para que possamos viver a caridade com
os outros, é preciso que conheçamos o
real sentido do amor; afinal, amar é algo
muitíssimo mais profundo do que aceitar
qualquer coisa da outra pessoa: amar é
servir, doar-se, levar o outro a uma vida
repleta de sentido; ajudá-lo a alcançar sua
finalidade última. Para vivermos cada
uma dessas virtudes, é preciso muito trei-
no – atitudes pequenas e cotidianas que
nos capacitem a isso.
Habilidades socioemocionais como
empatia, resiliência, consciência social
se tornam pequenas e vazias diante de
virtudes como a fortaleza, a compaixão,
a caridade. Se queremos formar pesso-
as realmente capazes de se dominar e de
agir com liberdade, precisamos conhecer
as virtudes e nos determinar a elas com
toda a força de nosso ser. Formemos pes-
soas (e sejamos nós mesmos pessoas), que
saibam empreender a luta que realmente
as aperfeiçoará: a luta contra elas mesmas
– suas más tendências, seus impulsos e
egoísmos. Assim, se fará a base de uma
sociedade realmente melhor e mais livre.
Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga e
educadora. Mantém o site www.simonefuzaro.com.br.
Instagram:@sifuzaro
Agora, voltando à palavra criadora
de Deus, não podemos esquecer que,
depois de criar cada coisa, Deus viu
que era bom. Foi possível, portanto,
contemplar sua própria bondade nas
coisas que criou. Em resumo, se não te-
mos a palavra criadora, seria bom que,
pelo menos, não tivéssemos a palavra
destruidora. Seria tão importante que o
ser humano não passasse para a histó-
ria do mundo como o opositor de Deus
Criador. E, se é verdade que foi criado
à imagem e semelhança de Deus, en-
tão o ser humano precisaria realizar
não somente sua capacidade de trans-
formar, mas deveria, principalmente,
distinguir-se por sua capacidade de
transformar-se conforme a imagem do
seu Criador. Isto é, não apenas imitar
a Criatividade Divina, mas, sobretudo,
imitar a sua Bondade.
EDITAL DE CONVOCAÇÃO
Pelo presente edital fica convocada a Sra.
MONICA CRISTINA DA SILVA, de endereço
desconhecido, para que compareça de terça
a sexta-feira, das 13 hs às 16:00, ao Tribunal
Eclesiástico Interdiocesano de São Paulo,
situado à Av. Nazaré, 993, Ipiranga – São
Paulo - SP, para tratar de assunto que lhe
diz respeito.
São Paulo,
Mons. Sérgio Tani
Vigário Judicial
6 | Publicidade | 14 a 20 de junho de 2023 | www.osaopaulo.org.br
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www.arquisp.org.br | 14 a 20 de junho de 2023 | Reportagem | 7

E o telefone tocou novamente... Tima Miroshnichenco/Pexels

ANTECIPAÇÃO DO 13O
SALÁRIO FAZ COM
QUE APOSENTADOS
E PENSIONISTAS
CONVIVAM COM
LIGAÇÕES DE OFERTAS
DE CRÉDITO, QUE
SE FEITAS DE MODO
RECORRENTE PODEM
SER CONSIDERADAS
COMO ASSÉDIO AO
CONSUMIDOR
DANIEL GOMES
osaopaulo@uol.com.br
O Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS) iniciou em maio e prossegue neste
mês o pagamento antecipado do 13o salá-
rio para aposentados e pensionistas. São
mais de 30 milhões de beneficiários, e o
total de recursos é de R$ 62,6 bilhões.
Esse período de pagamento vem
acompanhado do aumento da quantida-
de de ligações telefônicas e de outras for-
mas de contato de bancos e operadoras
de crédito para a oferta de empréstimos a
aposentados e pensionistas, uma prática
que se feita de modo insistente pode ser
considerada abusiva.
A Lei Federal 14.181, publicada em
2021, acrescentou ao Código de Proteção
e Defesa do Consumidor (CDC), um ca-
pítulo sobre a prevenção e o tratamento
do superendividamento, tendo entre seus
itens um no qual se proíbe “assediar ou
pressionar o consumidor para contratar o
fornecimento de produto, serviço ou cré-
dito, principalmente se se tratar de con-
sumidor idoso, analfabeto, doente ou em
estado de vulnerabilidade agravada”.
BASTA DIZER ‘NÃO’ UMA VEZ
Na avaliação do advogado Roberto
Pfeiffer, especialista em Direito do Consu-
midor e professor da Faculdade de Direito
da USP, “se a pessoa já recusou a proposta
uma vez ou não manifestou interesse em
receber uma ligação, uma segunda tenta-
tiva já configura esse assédio do qual tra-
ta a lei, que se caracteriza justamente por
essa recorrência na oferta de crédito, seja
por telefone, seja naquelas abordagens de
rua um tanto quanto insistentes”, detalha
ao O SÃO PAULO.
O especialista recomenda que o con-
sumidor seja explícito na recusa à oferta –
“embora isso não seja uma condição para
configurar o assédio” – e no caso da recor-
rência de tentativas, tome nota da maior
quantidade de dados possível para uma
posterior denúncia.
“Para fazer a denúncia, a pessoa preci-
sará saber o nome do banco ou da opera-
dora de crédito que fez a oferta, o número
do telefone pelo qual recebeu a ligação, o
horário e a data em que foi feita, e, se tiver, o
nome da pessoa que fez o contato”, explica.
O assédio pode ser denunciado nos
sites da Secretaria Nacional do Consu-
midor e da Fundação Procon-SP (leia
mais no box acima).
MAS DE TANTO INSISTIREM...
Mesmo cientes da lei, muitas empresas
insistem na recorrência do contato e, por
vezes, o consumidor acaba por contratar
Já disse não a uma oferta de crédito
e continuam ligando para você?
DENUNCIE!
https://denuncia-telemarketing.mj.gov.br
Canal de denúncia da Secretaria
Nacional do Consumidor.
https://consumidor2.procon.sp.gov.br
Canal de denúncia da Fundação
Procon-SP.
https://www.naomeperturbe.com.br
Permite bloquear ligações
indesejadas de ofertas recorrentes
de produtos e serviços.
IMPORTANTE:
Tenha em mãos os seguintes
dados: nome da empresa, o dia e
horário da ligação e, se possível, o
nome de quem fez o contato.
o empréstimo, ainda que em condições ATENÇÃO AOS GOLPES!
diferentes daquelas ofertadas inicialmente. Pfeiffer alerta ainda para as situações
Pfeiffer explica que nestes casos em em que o empréstimo financeiro é apre-
que alguém faz a contratação após ser sentado ao cliente como credito pré-apro-
defrontado, alguns simples cuidados aju- vado a ser depositado na conta bancária:
dam a evitar maiores prejuízos futuros. “Isso é um empréstimo disfarçado, e ao
“O melhor é sempre que a pessoa receber uma proposta assim, o consu-
consiga gravar a conversa, mas ainda midor deve ser bem explícito de que não
que não o faça, pela lei – embora isso quer contratar esse serviço. Na verdade,
seja muito descumprido – o funcio- neste caso, já não se trata nem mais de
nário do banco ou seu representante assédio, já é uma fraude, pois se fez uma
comercial é obrigado a disponibilizar contratação sem a anuência da pessoa”.
previamente uma cópia do contrato e Não menos importante é redobrar
da proposta por escrito antes da conces- o cuidado com os golpistas que não es-
são do empréstimo, mandando isso por tão vinculados a instituições financeiras.
e-mail, whatsapp ou SMS. E caso a co- Para deles se precaver, Pfeiffer dá duas
brança venha maior que a oferta inicial, dicas: “Jamais efetive qualquer operação
sempre vai prevalecer o que foi proposto financeira de empréstimo na qual a con-
pelo representante. Recomendo, portan- dição seja o pagamento de algum valor,
to, que o consumidor só aceite fechar o o tal do adiantamento”; e nunca forneça
contrato após receber, ao menos, a pro- dados pessoais e bancários: “Se o golpista
posta por escrito, na qual devem estar os tiver acesso a tais dados, poderá fazer uma
dados mais importantes como o valor contratação em nome do consumidor, por
que está sendo emprestado, a quantida- isso jamais forneça a sua a senha, o núme-
de de meses em que será pago, juros e ro da conta, o número do registro do INSS
outros encargos mensais”, detalha. ou a cópia de qualquer outro documento”.

E como dar um bom destino a esse dinheiro extra?

Desde 2020, o 13o salário de aposen-
tados e pensionistas do INSS vem sendo
pago no primeiro semestre do ano e não
mais em agosto e novembro, como ocor-
ria antes. O SÃO PAULO conversou
com a economista Cristiane Mancini,
mestra em Economia pela PUC-SP, para
saber qual o melhor destino a ser dado a
esse recurso extra.
Qual a melhor maneira de o aposentado/
pensionista investir ou poupar esse re-
curso do 13º salário?
Recomendo negociar as dívidas pri-
meiramente. Isto é, se a dívida for com
o cartão de crédito, parcelas de aluguel,
com a “quitandinha”/“supermercado” ou
farmácia do bairro, converse com a ope-
radora do cartão e com o dono do estabe-
lecimento. Muitas vezes, a renegociação é
possível e a dívida pode ser diluída ou ain-
da diminuída. Assim que as dívidas forem
pagas, recomendo investir o montante que
sobrou, fazendo uma reserva para outro
momento que precise.
Tendo esse recurso adicional, é um bom
momento para contrair um empréstimo?
A taxa de juros básica (Selic) no Bra-
sil permanece alta. Observamos que está
menor se comparada a meses anteriores;
no entanto, ainda alta. Essa taxa regu-
la as demais taxas cobradas em cartões
de crédito, na tomada de empréstimos e
consignados. Dessa forma, é importante
estar atento ao juro que será cobrado na
tomada do empréstimo/consignado. Re-
cordo que em qualquer tomada de em-
préstimo/consignado haverá a cobrança
de juros.
Se o aposentado optar pelo empréstimo,
quais os cuidados que deve ter para não
entrar em uma escalada de endivida-
mento?
1 - Pesquise sobre a credibilidade do
banco ou do correspondente em
que for adquirir o empréstimo, ou
seja, se ele possui autorização pelo
banco. Os correspondentes são in-
termediários bancários, inclusive po-
dem auxiliar de forma mais próxima
que o banco em si.
2 - Desconfie de promessas milagrosas,
“quantias exorbitantes” de dinheiro ao
obter o empréstimo, pois não há “má-
gica”: a quantidade de dinheiro em-
prestada será proporcional à sua folha
de pagamentos;
3- Certifique-se sobre o número de
parcelas para que esteja ciente de “até
quando” elas perdurarão;
4 - Cheque todos os termos do contra-
to antes de assiná-lo e não assine caso
existam algumas dúvidas ou esteja to-
talmente em branco.
5 - Tenha uma cópia do contrato, mes-
mo que seja no celular. Assim, caso as
dúvidas permaneçam, você ou algum
familiar pode consultá-lo sempre.
6 - Confira mensalmente o valor recebi-
do e o desconto em folha.
8 | Reportagem | 14 a 20 de junho de 2023 |
Pastoral do Empreendedor: capacitação
profissional e olhar para oportunidades de negócio
ROSEANE WELTER
ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
Você já ouviu falar da Pastoral do
Empreendedor? Já existe na sua Paró-
quia? Talvez ainda não tenha a estru-
tura de pastoral, mas na Arquidiocese
essa iniciativa já está presente em algu-
mas igrejas.
A Pastoral do Empreendedor surgiu
em 2011, com o intuito de apoiar e va-
lorizar os pequenos e grandes empre-
endedores católicos. Entre as atividades
que promove estão a missa com os em-
preendedores, a bênção nas empresas,
reuniões semanais de partilha, grupos de
oração no ambiente de trabalho, retiros
espirituais, encontros anuais para em-
preendedores católicos, a leitura da Pala-
vra de Deus, a Feira do Empreendedoris-
mo e o acompanhamento espiritual.
EMPREENDEDORISMO
E ESPIRITUALIDADE
“Empreender é continuar a obra
do Senhor. Jesus ressaltou o tema, por
exemplo, na parábola dos talentos, e
escolheu como base do seu grupo de
apóstolos os irmãos Pedro e André, e
Tiago e João, que, com seu pai Zebe-
deu, eram donos de uma empresa de
pesca em Cafarnaum. Eram empreen-
dedores”, recordou Maria Ferreira, co-
ordenadora da Pastoral do Empreende-
dor no Santuário São Judas Tadeu, na
zona Sul da capital.
A Pastoral foi implantada no Santuá-
rio em 2016 e realiza vários eventos vol-
tados aos empreendedores. “Na primeira
terça-feira do mês, às 19h30, acontece a
Missa do Empreendedor. Também orga-
nizamos encontros mensais para refletir
a Palavra e fortalecer a fé; e realizamos
vários cursos profissionalizantes com o
apoio de voluntários em parceria com o
Sebrae”, disse.
Antonio Udvary é membro da Pas-
toral no Santuário. “Os encontros pro-
porcionam troca de conhecimento,
aprendizado e, sobretudo, revigoram a
www.osaopaulo.org.br
www.arquisp.org.br
Evento da Pastoral do Empreendedor na Paróquia São Vicente de Paulo, na Região Ipiranga
fé e nos inspiram no âmbito profissional
à luz dos ensinamentos de Jesus”, dis-
se à reportagem, frisando que também
colabora nas ações da pastoral na Paró-
quia Sagrada Família, em São José dos
Campos (SP).
À LUZ DA DSI E DOS
DOCUMENTOS DA IGREJA
Na Paróquia Imaculada Conceição,
no Ipiranga, a Pastoral foi implementa-
da em 2017 e tem promovido oficinas,
palestras e cursos mensais, voltados para
aprendizados rápidos que possibilitem a
geração de renda aos que querem empre-
ender ou que precisem de reforço finan-
ceiro, com cursos de salgados e doces;
artesanato (crochê, tricô, fuxico); corte
e costura criativa; marcenaria básica etc.
Também desenvolve ações de coaching
profissional e empresarial, rodada de
negócios, missa do empreendedor, entre
outras atividades.
Isabel Cristina Stevanatto é consulto-
ra de qualidade e coordenadora da Pas-
toral na Paróquia Imaculada Conceição.
Ao O SÃO PAULO, ela destacou que
essa Pastoral mostra que a Igreja acolhe e
fomenta no empreendedor a ética cristã
e os valores do Evangelho.
Luciney Martins/O SÃO PAULO
“Como comunidade de fé e com a
implantação da pastoral, estamos evi-
denciando uma face que vemos em Je-
sus: o empreendedor à luz da fé cristã”,
destacou.
Isabel Cristina ressaltou que na Pa-
róquia uma das prioridades da Pastoral
é aprofundar os ensinamentos da Igreja
sobre o tema. “Por exemplo, nos itens
180 a 470 do Compêndio da Doutrina
Social da Igreja (CDSI), vemos as orien-
tações sobre o tema mercado. O Docu-
mento de Aparecida traz ensinamentos
riquíssimos que orientam os empresários
e quem deseja ingressar no âmbito dos
negócios, à luz da verdade, da caridade e
da gratuidade do servir”, ressaltou.
FEIRA DO EMPREENDEDORISMO
A Paróquia São Vicente de Paulo, no
bairro Moinho Velho, Região Ipiranga,
por meio do Conselho Administrativo
Econômico Paroquial, apoia iniciativas
de empreendedorismo entre seus paro-
quianos e empreendedores do entorno
da igreja.
Em sua segunda edição, a Feira do
Empreendedorismo, em maio, reu-
niu 19 expositores com uma diversi-
dade de produtos: artesanatos, rou-
pas, comidas, produtos de beleza e
semi-joias.
“Empreender para muitos é o que
garante o sustento de suas famílias. E a
dimensão da fé, da verdade e do Evange-
lho devem nortear suas ações”, afirmou
o Padre João Carlos Portes, CM, Vigário
Paroquial, ressaltando que o incentivo da
Paróquia é uma maneira de mostrar os
dons da comunidade.
Mirley Budoya Monteiro é artesã.
Aprendeu a fazer crochê aos 10 anos de
idade com sua mãe, e desde 2018 en-
controu nas peças sua fonte de renda.
“A Feira do Empreendedorismo é uma
possibilidade de mostrar e expandir
meu trabalho à comunidade”, disse a
empreendedora e membro da equipe de
Catequese.
Roseli Siquieri, conhecida por Lita,
é membro do Encontro de Casais com
Cristo (ECC) e no evento apresentou sua
produção de semi-joias. “Essa é uma fei-
ra entre amigos, um espaço para divulgar
nosso trabalho, um dia de socialização e,
sobretudo, um espaço de evangelização”,
ressaltou.
COMO IMPLANTAR A
PASTORAL NA SUA PARÓQUIA
rimeiro, busque a autorizaçao
P
do padre;
Depois, reúna um grupo de em-
preendedores da paróquia ou os
interessados em aprender sobre
o tema;
Promova encontros e reflexões

semanais ou mensais;
A Pastoral deve ser dinâmica, or-
ganizada, criativa, ter metas cla-
ras e planejamento;
Aprofunde conhecimentos sobre
a Palavra de Deus e os docu-
mentos da Igreja sobre o tema do
empreendedorismo.
CONHEÇA MAIS:
www.pastoraldoempreendedor.org.br

Santo Antônio, o pregador
CELEBRADO EM 13
DE JUNHO, O FRADE
FRANCISCANO SE
NOTABILIZOU PELOS
SERMÕES QUE
PROFERIU NA FASE
FINAL DE SUA VIDA
“Tu, quando quiseres rezar ou
fazer alguma coisa de bom – e
é nisto que consiste o ‘orar sem
cessar’ – entra em teu quarto, isto
é, no segredo do teu coração, e
fecha a porta dos cinco sentidos
para não desejar nem ser visto
nem ser escutado nem ser
louvado. Com efeito, diz Lucas
(1,9) que Zacarias entrou no
templo do Senhor na hora do
incenso. No tempo da oração ‘que
se eleva à presença do Senhor
como o incenso’ (Salmo 140,2),
tu deves entrar no templo do
teu coração e orar ao teu Pai e
‘o teu Pai, que vê no segredo, te
recompensará’ (Mt 6,6)”.
“A andorinha significa o demônio,
por causa do seu voo muito
rápido, cuja soberba vai alçar voo
até as nuvens, acima dos astros
do céu e até a igualdade com o
Pai e a semelhança com o Filho.
A andorinha faz o ninho dos
demônios porque ela consente,
realmente, na vanglória”.
“O avestruz, que tem asas, mas
devido à grandeza de seu corpo, não
pode voar, é a figura da hipocrisia.
Inflado pelo apego às coisas terrenas,
se camufla de falcão, fingindo elevar-se
à contemplação com as asas de uma
falsa religiosidade”.
“Deveis guardar a unidade, de modo
que sejais um só corpo a servir o
próximo e um só espírito com Deus,
querendo o que Ele quer ou, então,
um só espírito os irmãos, com os
quais se tenha o mesmo querer e o
mesmo não querer. O hidrópico, isto
é, luxurioso e avarento não conserva
esta unidade. Mancha o corpo e
sufoca o espírito com os espinhos da
avareza. Se fosse ligado com o vínculo
da paz e com a corda da unidade,
nunca teria caído no poço. Mas por
crescer de uma e de outra coisa, jaz
no poço do desespero”.
“O pecado de Adão foi a destruição
e a enfermidade do gênero humano.
Consiste ele em três coisas: gula,
vangloria e avareza. De onde o verso:
A vanglória, a gula e a concupiscência
venceram o velho Adão. Estes três
vícios aparecem no Gênesis: disse a
serpente à mulher: no dia em que dele
comeres, abrir-se-ão os vossos olhos,
DANIEL GOMES
osaopaulo@uol.com.br
Conhecido, na piedade popular, por
interceder a Deus para a realização de mui-
tos milagres – isso sem contar os episódios
inexplicáveis que teria feito em vida, como
a pregação aos peixes quando fora ignora-
do por hereges – Santo Antônio, nascido
em Lisboa, Portugal em 1195, e morto em
eis a gula; sereis como deuses, eis a
vanglória; conhecendo o bem e o mal,
eis a avareza”.
“O penitente habitua-se (porque o
hábito é uma segunda natureza) a
saltar os silvados, isto é, a desprezar
as riquezas das coisas temporais, e os
boqueirões, as delícias do corpo, e por
isso se chama veado solto. Ninguém se
faz de repente um às, e, por isso, pouco
a pouco, devemos habituar-nos
a desprezar as riquezas e as delícias.
O hábito se adquire com o uso,
[Ovídeo] e um filósofo escreveu:
Acabarão os vícios se nos habituarmos
a interrompê-los [Sêneca]. E em outro
lugar: o caminho mais curto para ser
rico é o desprezo das riquezas [Sêneca].
E em outro lugar ainda: sou maior e
nascido para coisas maiores do que
para ser escravo do meu
corpo [Sêneca]”.
“Assim como o raio do sol descendo
do sol, ilumina o mundo e,
todavia, não se afasta nunca do sol,
também o Filho de Deus, descendo
do Pai, iluminou o mundo e, contudo,
não se afastou nunca do Pai, porque
faz um todo com o Pai; Ele mesmo
o disse em São João: Eu e o Pai
somos um só”.
www.osaopaulo.org.br
www.arquisp.org.br | 14 a 20 de junho de 2023 | Reportagem | 9
Pádua, Itália, em 1231, deixou como lega-
do uma série de sermões, que proferiu a
partir de 1222, nos quais são encontradas
cerca de 6 mil citações bíblicas, menções
aos grandes padres da Igreja e alusões às
ciências naturais.
O sermões do Santo, que morreu
com apenas 36 anos de idade e foi pro-
clamado doutor universal da Igreja em
1946 pelo Papa Pio XII, embora de gran-
Reprodução
“O ofício dos anjos é duplo. Uma
coisa é assistir e outra é servir:
Assistem aqueles que não saem
a anunciar aos homens; servem
aqueles que vêm executar o
ofício de mensageiros”.
“O Batismo e o falso cristão - Há três
momentos a considerar no vinagre.
Primeiro, foi amargo; depois, vinho
depurado; finalmente, deteriorou-se
em vinagre. O mesmo acontece com
o falso cristão: antes do Batismo, foi
uva agreste e amarga, porque infiel.
Todos, como diz o Apóstolo, nascemos
filhos da ira. Recebido o Batismo, o
homem se tornou vinho odorífero por
meio da fé. Mas depois deteriorou-
se em vinagre pelo pecado mortal.
Segundo o étimo latino, vinagre tira o
nome do fato de ser picante, ou então,
de se assemelhar à água. O vinho,
de fato, misturado com água, toma
depressa este sabor. Também dele
deriva a palavra ácido, parecida aliás
com agudo. Quando qualquer fiel se
mistura com a água do prazer carnal,
depressa se transforma no vinagre do
pecado mortal. E quanto em si está,
dá-o de beber a Cristo, não já pendente
na cruz, mas a reinar no céu”.
de profundidade teológica, são compre-
ensíveis pela maioria das pessoas, graças
às muitas analogias que utilizava.
Por ocasião da memória litúrgica
do Santo, 13 de junho, o jornal O SÃO
PAULO apresenta trechos de alguns des-
ses sermões (com algumas palavras gra-
fadas em negrito, referentes às temáticas
abordadas). Outros podem ser lidos em
https://osaopaulo.org.br/mundo.
“Nota que o sacerdote deve
propor ao pecador na confissão
quatro coisas: Se tem dor e
arrependimento dos pecados por
atos e omissões; se humildemente
quer observar a penitência
imposta por ele; se tem o firme
propósito de não voltar no futuro
a pecar moralmente; se está
disposto a satisfazer ao próximo, a
perdoar-lhe de coração e amá-lo.
Se está disposto a praticar essas
quatro coisas, então, deve
dar-lhe penitência e absolvê-lo;
de contrário, não”.
“O prelado deve ser como o
pelicano, o qual, segundo se conta,
mata os seus filhos, mas depois
extrai o sangue do próprio corpo e
o derrama sobre os filhos mortos e
desta forma os faz reviver. Assim
o prelado deve chamar os seus
filhos, isto é, os seus súditos, os
quais corrige com o flagelo da
disciplina e mata com a espada da
áspera reprimenda. Deve
chamá-los, repito, à penitência,
que é vida da alma, com o seu sangue,
ou seja, com o espírito compungido
e com derramamento de lágrimas,
sangue da alma, no dizer de Santo
Agostinho”.
“Dizem que o filho da cegonha ama
tanto o pai que, ao vê-lo envelhecer,
sustenta-o e alimenta-o. Isso faz
por instinto. Também nós devemos
sustentar o nosso Pai nos seus
membros débeis e doentes e alimentá-
lo nos pobres e necessitados”.
“... segundo diz Salomão nas
Parábolas, a sanguessuga tem duas
filhas que dizem: Traze, traze. A
sanguessuga é o diabo, sequioso do
sangue das nossas almas, que deseja
sugar. Tem duas filhas, as riquezas e
as delícias, que não cessam de dizer:
Traze, traze e nunca basta”.
“Maria não afugenta nenhum
pecador, antes, recebe a todos os que se
refugiam nela e, por isso, é chamada
Mãe de Misericórdia: é misericordiosa
para com os miseráveis, é esperança
para os desesperados”.
(Com informações dos livros ‘Sermões de Santo
Antônio de Pádua - Do Domingo da Septuagésima a
Pentecostes’ – Paulus Editora, 2021; e ‘Santo António.
Obras completas’ – Lello & Irmão, 2000)
10 | Papa Francisco | 14 a 20 de junho de 2023 |
Após surpresa inicial, clima é de tranquilidade
no Vaticano com recuperação do Papa Francisco
FILIPE DOMINGUES
ESPECIAL PARA O SÃO PAULO, EM ROMA
Foi grande a preocupação dos ob-
servadores do Vaticano e dos fiéis quan-
do se espalhou a notícia de que o Papa
Francisco seria internado para mais uma
cirurgia intestinal – a segunda –, no
dia 7. O Pontífice havia ido ao hospital
Agostino Gemelli na véspera, terça-feira,
para consultas que, segundo o Vaticano,
eram apenas de rotina, mas não estavam
em sua agenda pública. Na manhã do dia
seguinte, ele participou normalmente da
audiência geral das quartas-feiras, en-
contrando milhares de fiéis.
Um pouco antes da hora do almoço,
entretanto, anunciou-se, de surpresa,
A fraternidade humana precisa de gestos concretos
Divulgação
Condolências pela morte de Silvio Berlusconi, ex-primeiro ministro italiano
Em telegrama assinado pelo Car-
deal Pietro Parolin, Secretário de Es-
tado do Vaticano, o Papa Francisco
enviou suas condolências aos familia-
res e amigos do ex-primeiro-ministro
da Itália, Silvio Berlusconi, morto na
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que Francisco teria que fazer uma nova
cirurgia, com necessidade de anestesia
geral, para corrigir uma espécie de hér-
nia abdominal – chamada tecnicamente
de laparocele. Em julho de 2021, ele se
submeteu a uma cirurgia de diverticuli-
te que, como pode ocorrer, deixou uma
cicatriz que “estrangula” uma parte do
intestino e pode causar obstrução. O
novo procedimento seria relativamente
simples, mas é invasivo, pois requer um
corte no abdômen.
Com dores, desconfortos e outros
riscos, os médicos do Papa decidiram
por sua internação e cirurgia, algo que,
em qualquer pessoa de 86 anos, sempre
produz alguma preocupação. Francisco,
porém, reagiu bem à cirurgia, que durou
Mais do que teorias esvaziadas, a pro-
moção de uma cultura de paz, da verda-
deira fraternidade humana, passa por
gestos concretos, disse o Papa Francisco
no discurso enviado à reunião mundial
sobre a Fraternidade Humana, organi-
zada pela Fundação Fratelli Tutti, em co-
laboração com a Basílica de São Pedro, o
Dicastério para o Serviço do Desenvol-
vimento Humano Integral e o Dicasté-
segunda-feira, 12, aos 86 anos. Berlus-
coni foi um empresário e político que
governou a Itália em três diferentes
momentos da história: entre os anos
1994 e 1995; 2001 e 2006; e 2008 e 2011,
por um período total de mais de nove
três horas, sem complicações. Segundo
os médicos, logo que acordou da opera-
ção ele fez a primeira piadinha: “E quan-
do será a terceira?”
Ele tem dormido bem e mantido uma
alimentação líquida. Faz pequenos movi-
mentos e cumprimenta algumas pessoas
no hospital. Todos os dias, o Vaticano
tem divulgado dois ou três comunicados
sobre a saúde do Pontífice, todos dizen-
do que ele está bem, sem febre, e que
agradece o apoio e as orações de todos.
Esporadicamente os médicos apare-
cem para explicar a situação, em coletivas
de imprensa. O que se sabe, entre jorna-
listas e observadores do Vaticano, é que o
Papa Francisco não gosta de ser o assunto
do momento – não quer que o noticiário
rio para a Comunicação, no sábado, 10.
Embora o Papa estivesse no hospital,
o que impediu que participasse presen-
cialmente, ele enviou uma mensagem ao
evento, que reuniu líderes de todo o mun-
do, entre eles diversos ganhadores do Prê-
mio Nobel. “A pergunta que devemos nos
fazer não é o que a sociedade e o mundo
possam me dar, mas o que eu posso dar aos
meus irmãos e irmãs”, afirmou o Pontífice.
anos, um dos mais longevos do país.
O Papa Francisco, atualmente
internado no hospital Gemelli, em
Roma, após uma cirurgia intestinal,
soube da morte de Berlusconi e en-
viou aos familiares e amigos “sua pro-
seja ocupado por seus boletins de saúde,
mas pelos temas que lhe são caros.
Ele pede aos seus auxiliares para que
as comunicações sobre seu estado se li-
mitem ao mínimo necessário. De qual-
quer forma, as notícias oficiais, tranqui-
lizadoras, fizeram com que, hoje, o clima
sobre a saúde do Papa já seja bem mais
ameno do que uma semana atrás, quan-
do foi internado.
A expectativa de todos é que o Papa
Francisco se recupere sem dificuldades e
retome a rotina de audiências e de tra-
balho em poucas semanas – embora não
se tenha dito exatamente quanto tempo
pode durar a internação. Já no hospital,
ele tem realizado algumas atividades e,
diariamente, recebido a Eucaristia.
“Pensemos qual gesto de fraternida-
de devemos fazer: reconciliar-nos em
família, com amigos ou com vizinhos,
rezar por quem nos feriu, reconhecer
e ajudar quem passa necessidade, levar
uma palavra de paz à escola, à universi-
dade ou na vida social, ungir de proxi-
midade alguém que se sente sozinho…”,
declarou. O “bálsamo da ternura” deve
lubrificar as relações. (FD)
ximidade, assegurando uma sentida
participação no luto pela perda de um
protagonista da vida política italiana,
que cobriu responsabilidades públicas
com temperamento enérgico”, diz o
telegrama. (FD)

O racismo numa sociedade na qual
as pessoas dizem não querer ser racistas
Núcleo Fé e Cultura
Em 1995, uma pesquisa sobre pre-
conceito racial do Datafolha indica-
va que 89% da população acreditava
haver racismo no Brasil, mas só 10%
se considerava racista. Em 2020, o
PoderData encontrou 81% da popu-
lação acreditando haver racismo no
País e 34% se reconhecendo racista.
Apesar da autoconsciência quanto ao
preconceito racial ter crescido nestes
25 anos, as pessoas ainda se veem
numa sociedade racista. Contudo,
consideram que a culpa pelo precon-
ceito e pelas desigualdades sociais não
é delas. Podemos supor um tremendo
autoengano, em que a maioria não re-
conhece os próprios erros ou, o mais
provável, aceitar a hipótese de que o
racismo no Brasil não depende tan-
to da intenção dos indivíduos, mas é
um problema estrutural – com todos
os questionamentos que esse termo
possa ter na literatura especializada,
pois depende do que se entender por
estrutura social.
Ser um problema estrutural não
significa estar apenas fora de nós,
presente na herança histórica e nos
arranjos institucionais. A estrutura
social é simultaneamente objeti-
va, presente nas relações sociais, e
subjetiva, enraizando-se em nossas
Edição 06 Use o QRCode
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Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
O racismo deveria ser uma página virada na história do injustiça, ajudando-nos a construir
Brasil. Deveríamos estar refletindo sobre quais políticas uma sociedade melhor.
A Igreja Católica, já em 1537, se
públicas aplicar para a superação das desigualdades em
posicionou em defesa da dignidade
função de raça e cor e não sobre o racismo em si. Contudo, dos índios, com a bula Sublimis Deus.
ainda convivemos com assassinatos e atos truculentos Infelizmente, foi bem mais lenta na
contra pessoas pretas, atitudes preconceituosas e obstáculos defesa das populações de origem
socioeconômicos que só podem ser explicados em função africana – apesar de padres, como
Antônio Vieira (1608-1697), terem
do racismo. Nos recentes casos de escravidão no Rio
se colocado frontalmente contra o
Grande do Sul e de ataques racistas ao jogador Vinicius escravismo. No documento A Igreja
Júnior, políticos manifestaram opiniões tipicamente diante do racismo (1988), o Pontifício
preconceituosas – mostrando que o racismo ainda é um Conselho Justiça e Paz – cujas atri-
problema cultural com perigosas consequências políticas. buições atualmente estão sob a res-
ponsabilidade do Dicastério para o
Serviço do Desenvolvimento Huma-
no Integral – reconheceu que “onde
concepções mais intimas, susten- (pretos) concordaram com a ideia os missionários permaneceram mais
tando-se a partir de nossos compro- de que os pretos não aproveitavam dependentes dos poderes políticos,
missos e de nossas omissões. Toda as oportunidades, enquanto que foi mais difícil para eles conter a von-
estrutura social injusta é um desafio entre os que tinham só o Ensino tade de domínio dos colonizadores”.
moral lançado à nossa consciência, Fundamental, 30% (brancos) a 34% E o documento conclui: “A condena-
nossa liberdade e ao nosso empenho (pretos) culparam a incapacidade de ção do racismo e dos atos racistas é
no mundo. aproveitar as oportunidades pelas necessária [...] A Igreja compromete-
Na pesquisa de 1995, do Datafo- desigualdades sociais. A dominação, -se sobretudo a mudar a mentalida-
lha, 26% dos entrevistados credita- para ser eficiente, deve impregnar a de racista, também nas suas próprias
ram as desigualdades à inação dos alma das pessoas, ser naturalizada comunidades [...] Apesar dos limites
pretos diante das oportunidades e a ponto que uns não se apercebam dos seus membros pecadores, ela,
58% ao preconceito e à discrimi- das injustiças que sofrem e outros hoje como ontem, tem consciência
nação dos brancos. Contudo, entre não se culpem pelas injustiças que de ter sido testemunha da caridade
aqueles que tinham educação uni- os beneficiam. A educação, como de Cristo na terra, sinal e instrumen-
versitária, só 17% (brancos) a 19% mostrou a pesquisa, nos mostra a to da unidade do gênero humano”.
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Vinicius Junior é
o alvo da vez A dignidade de todas as raças
Daniel Gomes*
e a unidade do gênero humano*
“A igualdade fundamental entre todos os homens deve ser cada vez mais reconhecida,
Em setembro de 2018, Vinicius uma vez que, dotados de alma racional e criados à imagem de Deus, todos têm a
Junior realizava o sonho de muitos mesma natureza e origem; e, remidos por Cristo, todos têm a mesma vocação e
jogadores de futebol: vestir a camisa do destino divinos. Sem dúvida, os homens não são todos iguais, mas deve superar-se e
tradicional Real Madrid. Entretanto, eliminar-se, como contrária à vontade de Deus, qualquer forma social ou cultural de
desde 2021, Vini Jr. tem lidado com discriminação quanto aos direitos fundamentais da pessoa, por razão do sexo, raça,
a incerteza de que entrará em campo cor, condição social, língua ou religião” (Gaudium et spes, GS 29]
apenas para mostrar seu talento ou terá
de também ‘driblar’ os insultos racistas, A doutrina cristã [sobre a dignidade de todas senvolvimento em todos os aspectos. Ela faz
as raças e da unidade do gênero humano] tem, com que cada homem e cada mulher vejam
vindos dos adversários em campo e das
de fato, graves consequências morais, que po- o outro ser como um, em Cristo, de acordo
arquibancadas. dem ser resumidas em três palavras-chave: com o preceito divino: “Amarás o teu próximo
respeito pelas diferenças, fraternidade, soli- como a ti mesmo”.
O brasileiro tem sido o alvo preferencial dos insultos dariedade. […] Nenhum grupo humano pode O reconhecimento da fraternidade não é
racistas na La Liga, com dez casos já registrados. O se gabar de possuir uma superioridade da na- suficiente. Trata-se de ir até a solidariedade
que explica essa recorrência? Por que ainda há tan- tureza sobre os outros (cf. Pacem in terris, PT ativa com todos, especialmente entre ricos
tos casos de racismo no futebol? Sobre essa temáti- 89) nem exercer qualquer discriminação que e pobres. A encíclica de São João Paulo II,
ca, a reportagem conversou com o Prof. Dr. Neilton afete os direitos fundamentais da pessoa. Sollicitudo rei socialis (SRS) insiste sobre o
Ferreira Júnior, da Universidade Federal de Viçosa No entanto, o respeito mútuo não é sufi- fato da interdependência, “percebida como
e membro do grupo Esporte pela Democracia, com ciente; é preciso estabelecer uma fraterni- um sistema determinante de relações no
doutorado pela Escola de Educação Física e Esporte dade. O dinamismo necessário para tal fra- mundo de hoje... e assumida como uma ca-
da USP, um dos organizadores do livro Racismo e ternidade não é outro senão a caridade, que tegoria moral. Quando a interdependência é
Esporte (São Paulo: Editora Tato, 2023)**. também está no centro da mensagem cristã: assim reconhecida, a sua resposta correspon-
Uma explicação é conjuntural: em um cenário de “Todo homem é meu irmão”[Jornada Mun- dente, como atitude moral e social, e como
escassez de empregos também no Velho Continente, dial da Paz, 1971]. A caridade não é um sim- ‘virtude’, é a solidariedade [...] Opus solidari-
Vini Jr. personifica, para muitos torcedores, a figura ples sentimento de benevolência ou piedade; tatis pax, a paz como fruto da solidariedade”
do estrangeiro que “rouba” os postos de trabalhos: orienta-se antes para que cada um se beneficie (SRS 38-39).
“O Vinicius Junior representa, no imaginário pós- efetivamente daquelas condições dignas de
-colonial europeu, o imigrante que chega para tirar vida que lhe correspondem por justiça, para
* P
 ONTIFICIA COMISSÃO JUSTIÇA E PAZ. A Igreja diante do
o emprego dos locais. Essa análise simplista sobre a sua subsistência, a sua liberdade e o seu de- racismo. por uma sociedade mais fraterna. Roma, 1988.
o problema do desemprego vai conduzir os olhares
para essa culpabilização externa. E esse problema
econômico ganha a possibilidade de ser vocalizado
no futebol, espaço de êxtase coletivo, em que uma
série de desejos, tensões e afetos são produzidos e
externalizados”, comenta Neilton. E a linguagem de Monteiro
Lobato não era inclusiva...
“Será que ele é tão vítima assim?”. Quando tais
episódios ocorrem, há um amplo juízo moral de
condenação a quem os pratica, mas não quando o
alvo dos insultos é sempre o mesmo atleta. “No ima- Francisco Borba
ginário social e futebolístico, as vítimas do racismo
teriam o direito de denunciar o fato apenas uma vez.
Ribeiro Neto*
Na segunda, já se interpreta como uma espécie de
aproveitamento da situação para poder dar mais Quem leu as obras de Monteiro Lobato sabe que tanto a linguagem da boneca Emília
força ao seu capital político e social. Assim, se esses era “politicamente incorreta” quanto a Tia Anastácia ocupava uma posição familiar e
indivíduos vocalizam uma defesa de si mesmos e da
sua comunidade dentro de uma ótica antirracista, trabalhista ambígua aos nossos olhos de hoje. Pouco vale discutir até que ponto o autor,
passam a ser combatidos por um segundo grupo, pessoalmente, era racista ou apenas refletia a mentalidade de seu tempo. A questão,
formado por aqueles que combatem a luta antirra- emblemática no enfrentamento do racismo, está nos textos e na sua influência.
cista, que vão depreciá-la, e colaboram para que nas
redes sociais se inflamem processos de culpabiliza- Muitos se chocam com a proposta de lançar pressões infelizes podem abrir espaço para o
ção da vítima. E este segundo grupo o juízo moral versões modificadas da obra de Lobato, em- bullying e a discriminação; por isso, o cuida-
não consegue capturar”, prossegue Neilton. pregando a chamada linguagem inclusiva e do com termos que aparecem numa obra para
Não basta fazer ressoar individualmente a voz das até alterando aspectos da história. Essa, con- crianças – e sempre é a comunidade aviltada
vítimas, destaca Neilton. É preciso que elas se unam e tudo, é uma prática amplamente difundida que deve se manifestar sobre o que é ou não
encontrem apoio na sociedade para a eliminação da em nossa sociedade. Os contos de Grimm há adequado. Por outro lado, existem situações
ideia de superioridade de uma raça sobre outra. Em muito vem sendo adulterados, para eliminar que talvez não devam ser alteradas, mas, sim,
seu entender, também é indispensável que o antirra- detalhes chocantes e/ou de violência explíci- apresentadas com um enfoque mais crítico, ca-
cismo se torne uma regra do futebol, com punições ta. Clássicos da literatura brasileira, como as paz de gerar empatia.
objetivas a quem a viole; e que este esporte seja me- obras de Machado de Assis e José de Alencar, Desafio peculiar, para a mentalidade atual,
nos atrelado aos aspectos financeiros e comerciais: foram adaptados simplesmente para se tor- é o da boneca Emília. Lobato, intencionalmen-
“Não se conseguirá vencer o racismo no esporte sem narem mais palatáveis ao gosto dos jovens de te, a fez irreverente e desbocada. Ela verbaliza
superar a forma capitalista que ele assumiu, que en- hoje. No cinema, é comum filmes serem lan- o desejo, presente em todo jovem e só parcial-
tre outras coisas, conduz a uma forma de desumani- çados numa versão comercial e outra autoral, mente contido nos adultos, de libertação das
zação e de coisificação dos corpos dos jogadores, que mais longa ou com cenas mais fortes. Versões normas sociais. Com o tempo, porém, nem to-
ao ser transformados em mercadoria não conseguem adaptadas podem existir, desde que não le- das as suas rebeliões se mostraram aceitáveis.
estabelecer com o público qualquer tipo de relação de vem à eliminação e ao esquecimento das ori- Hoje, temos claro que a linguagem depreciativa
reconhecimento, tampouco de sua identidade racial”. ginais, que também precisam continuar a ser e a falta de empatia em relação à Tia Anastácia
publicadas, para manter viva tanto a memória não podem ser consideradas manifestações de
* Jornalista, com especialização em jornalismo quanto a crítica. liberdade...
esportivo e negócios do esporte pelo FIAM-FAAM
** A íntegra da entrevista está disponível Outro problema é o que deve ser alterado,
em https://curtlink.com/KRaC1go. como e por quê. Entre crianças e jovens, ex- * Coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP.
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Políticas afirmativas: polêmicas, mas necessárias

Núcleo Fé e Cultura

A abolição da escravatura, no Brasil, completou 135 Indicadores sociais da população brasileira,

anos em 2023. Contudo, basta olhar para um quadro
de indicadores sociais, com dados consolidados em
função de cor e raça, para perceber que estamos lon-
ge de uma justa equidade racial no País. A ideia de
uma superioridade racial intrínseca já foi há muito
desacreditada tanto por estudos populacionais, que
mostram a elevada identidade genética entre comu-
nidades com aparência física muito diversa, quanto
psíquicos e comportamentais, que não encontraram
diferenças intelectuais entre as etnias, quando os in-
divíduos têm acesso às mesmas condições e oportu-
nidades. Mesmo que ainda hoje encontremos defen-
sores de ideias supremacistas, é forçoso reconhecer
que se trata de uma posição ideológica que nega a
realidade, apegando-se aos resultados de processos
históricos injustos e excludentes.
As estruturas sociais tendem a se reproduzir,
perpetuando-se ao longo do tempo. Famílias com
mais condições econômicas oferecem mais e me-
lhores oportunidades a seus filhos jovens nascidos
em famílias pobres têm mais dificuldade de estu-
dar, empreender um negócio, adquirir estabilida-
de econômica. Vestibulares e processos seletivos
medem não apenas a aptidão efetiva dos candi-
datos, mas principalmente as condições em que
se formaram e com as quais chegaram até aquele
momento. As avaliações “meritocráticas” frequen-
temente chegariam a resultados muito diferentes
se medissem realmente a capacidade do candidato
em função das oportunidades reais que teve. Pre-
conceitos fecham portas, desde a chance de uma
promoção até a obtenção de um financiamento
para uma empresa rentável.
Diante dessa situação, a construção de uma socie-
dade mais justa implica políticas afirmativas, ações
que promovem a igualdade de oportunidades para
grupos historicamente marginalizados ou desfavo-
recidos – como são as populações pretas e pardas do
Brasil. É comum ouvir-se críticas a essas políticas,
argumentando-se que promovem uma discrimina-
consolidados por cor e raça (em porcentagem).
Mortos em ações policiais
Jovens vítimas de homicídio
Vítimas de homicídio, qualquer idade
Entre os 10% mais pobres
Presos
Desocupados
Sem instrução até Ensino Médio incompleto
Com Ensino Superior completo
Prefeitos
Em cargos gerenciais
Entre os 10% mais ricos
NA POPULAÇÃO BRASILEIRA
Fonte: IBGE. Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, 2022; FORUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA.
Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 2022.
ção inversa, favorecem pessoas não capacitadas para A seleção, particularmente nos cursos de maior pro-
os cargos que irão ocupar e acirram conflitos que cura, é muito grande, de tal modo que tanto entre
poderiam ser evitados. Contudo, o problema não é cotistas quanto entre não-cotistas a qualidade indi-
a existência de políticas afirmativas, mas, sim, a for- vidual do estudante é garantida. Além disso, o cotis-
ma como são desenhadas e implementadas. Ações ta, percebendo que ganhou uma oportunidade que
afirmativas necessárias, se avaliadas como ineficien- de outra forma lhe seria negada, frequentemente
tes ou injustas, não devem ser abolidas, mas, sim, se esforça mais para superar as dificuldades e obter
reconfiguradas. bons resultados acadêmicos.
A política de cotas raciais ou socioeconômicas, Numa sociedade altamente desigual e injusta
por exemplo, já vem sendo adotada nas universi- como a brasileira, também existem brancos pobres
dades brasileiras há quase 20 anos. Foram objeto que carecem de políticas sociais que lhes garantam
de análises criteriosas em várias situações. Numa vida digna e igualdade de oportunidades com os
revisão desses estudos, observou-se que, em univer- demais. Nesse caso, contudo, o desafio é ter mais e
sidades estaduais brasileiras, os cotistas têm obtido melhores ações afirmativas, para que esses também
rendimento similar ao dos demais estudantes, supe- possam ser contemplados. Numa sociedade mais
rando-os nos índices de diplomação e apresentando inclusiva e justa, todos saem ganhando – só os cor-
menores taxas de evasão (PINHEIRO e cols., 2021). ruptos e os aproveitadores perdem.

Contribuição dos cristãos para a promoção, com

outros, da fraternidade e da solidariedade entre as raças*
O trabalho de conscientização da
Igreja será realizado também por
meio do testemunho de vida dos cris-
tãos: respeito pelos estrangeiros, aco-
lhimento do diálogo, participação,
ajuda fraterna e colaboração com ou-
tras etnias. O mundo precisa que os
cristãos demonstrem essa “parábola
em ação”, a fim de ser convencido pela
mensagem de Cristo. Certamente os
próprios cristãos devem confessar
humildemente que os membros da
Igreja, em todos os níveis, nem sem-
pre tiveram uma conduta consistente,
nesse ponto, no curso da história. No
entanto, devem continuar a anunciar
o que é justo, esforçando-se ao mes-
mo tempo por “realizar” a verdade
(cf. Jo 3, 21).
Não basta expor a doutrina e pro-
por um exemplo. Também é preciso
assumir a defesa das vítimas de ra-
cismo onde quer que estejam. Atos
de discriminação entre homens e
povos, por motivos racistas, ou por
outros motivos, sejam eles religiosos,
O preconceito racista, que nega a igual dignidade de todos causas do racismo e expressar sua
os membros da família humana e blasfema contra o seu desaprovação, mesmo diante dos res-
ponsáveis, ela também tenta enten-
Criador, só pode ser combatido onde nasce, isto é, no coração
der como esses extremos podem ter
humano. Os comportamentos justos ou injustos brotam sido alcançados e gostaria de ajudar
do coração (cf. Mc 7, 21-23), conforme o homem se abra à a encontrar uma saída razoável para
vontade de Deus, na ordem natural e na sua Palavra viva, ou o problema. beco em que os respon-
se feche em si mesmo e no seu egoísmo, ditados pelo medo sáveis ​​se encontraram. Como Deus,
que não se alegra com a morte do
ou pelo instinto de dominação. É a visão do outro que
pecador (cf. Ez 18, 32), a Igreja es-
deve ser purificada nesse caminho. pera antes pela sua reconciliação, se
ele consentir em reparar as injustiças
cometidas. Ela também se preocupa
sejam ideológicos, mas que levem a são de uma opinião pública sectária, e em evitar que as vítimas recorram à
uma atitude de desprezo ou exclusão, enfrentam perseguições e prisões. Os luta violenta e acabem caindo em um
devem ser severa e vigorosamente cristãos não hesitem em assumir o seu racismo semelhante ao que rejeitam.
condenados, a fim de provocar com- próprio lugar nesta luta pela dignidade Ela quer oferecer um espaço de re-
portamentos, disposições legais e es- dos seus irmãos, com o necessário dis- conciliação e não acentuar as oposi-
truturas sociais equitativas. cernimento e privilegiando sempre os ções. Exorta a agir de tal maneira que
Muitos se tornaram mais sensíveis meios não violentos (Libertatis cons- o ódio seja excluído. Pregai o amor e
a essa injustiça e estão empenhados na cientia, LC 78-79) preparai pacientemente uma mudan-
luta contra todas as formas de racismo. A Igreja, em sua denúncia do ra- ça de mentalidade, sem a qual seria
Quer o façam por convicção religiosa, cismo, procura manter uma atitude inútil uma mudança de estruturas.
quer por razões humanitárias, às vezes evangélica para com todos. Esta é
são forçados a desafiar a repressão de a sua originalidade. Se ela não tem * P
 ONTIFICIA COMISSÃO JUSTIÇA E PAZ. A Igreja
diante do racismo. por uma sociedade mais
certos poderes, ou pelo menos a pres- medo de analisar com lucidez as fraterna. Roma, 1988.
4| Fé e Cidadania | 14 de junho de 2023
Racismo e direitos humanos
Eduardo Dias de Souza Ferreira
& Lucineia Rosa dos Santos*
Racismo o que é no mundo, na Amé-
rica Latina e no Brasil? Há racismo
no Brasil? Essa discussão sobre cotas
não nos levará a ter os mesmos
problemas que os Estados Unidos
da América (EUA) têm hoje. Vidas
negras importam! E as outras vidas,
brancas, pardas, amarelas. Qual a
razão deste alarde todo sobre as
vidas negras, pessoas negras, irmãos,
imagem e semelhança de Deus, cuja
cor da pele é negra!
Racismo, ainda hoje, apresenta-
-se como um pecado, um vírus como
disse o Papa Francisco: “Não pode-
mos tolerar nem fechar os olhos dian-
te de qualquer tipo de racismo ou de
exclusão, e devemos defender a sacra-
lidade de cada vida humana. Ao mes-
mo tempo, devemos reconhecer que
a violência das últimas noites é auto-
destrutiva e autolesiva. Nada se ga-
nha com a violência e muito se perde.
Hoje, uno-me à Igreja de Saint Paul e
Minneapolis, bem como de todos os
Estados Unidos, para rezar pelo des-
canso da alma de George Floyd e por
todos os outros que perderam a vida
devido ao pecado do racismo.” (Au-
diência de 3 de junho de 2020).
O racismo é resiliente e exige
atenção, vigilância e reação perma-
nente. Lembremos aquilo que escre-
veu o Papa Francisco em seu perfil
do Twitter, por ocasião da celebração
do Dia Internacional para a Elimi-
nação da Discriminação Racial (21
de março de 2021): “O racismo é um
vírus que se transforma facilmente e,
em vez de desaparecer, se esconde,
mas está sempre à espreita. As ma-
nifestações de racismo renovam em
nós a vergonha, demonstrando que
os progressos da sociedade não estão
assegurados de uma vez por todas”. A
vacina para este vírus é a cultura da
igualdade e da paz.
Não por acaso, a Assembleia Geral
da ONU proclamou o período entre
2015 e 2024 como a Década Interna-
cional de Afrodescendentes. Assim,
a comunidade internacional reco-
nheceu que os povos afrodescenden-
tes representam um grupo distinto,
cujos direitos humanos precisam ser
promovidos e protegidos, “seja como
descendentes das vítimas do tráfico
transatlântico de escravos, seja, mais
recentemente, como migrantes, estas
pessoas constituem alguns dos gru-
pos mais pobres e marginalizados da
sociedade. Estudos demonstram que
pessoas afrodescendentes têm aces-
so limitado à educação de qualidade,
serviços de saúde, moradia e segu-
rança. Podem ainda sofrer múltiplas
formas de discriminação baseadas em
outros critérios relacionados à idade,
sexo, idioma, religião, opinião polí-
tica, classe social, origem ou outros”,
como afirma a representação no Brasil
do Alto Comissariado ds Nações Uni-
das para os Refugiados (ACNUR). Na
prática, no Brasil, isso implica em:
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Em nosso País, o racismo que se alimentou da escravidão de irmãos africanos deixa marcas na
estrutura social, vergonhosamente uma das mais desiguais do mundo na atualidade: “Os dados
de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a realidade brasileira,
da qual 53% da população é formada por negros e negras, mostram que 70% da população
que vive em situação de extrema pobreza é negra”; e, a “chance de um negro ser analfabeto é
5 vezes maior do que um branco. Eles representam 68% dos analfabetos do País segundo o
IBGE. Somente 1 pessoa a cada 4 com ensino superior é negra. A cada 12 minutos, 1 pessoa
negra é assassinada no Brasil; 75% da população carcerária no Brasil é de pessoas negras”. Esses
elementos de realidade foram lembrados pelo Arcebispo de Feira de Santana (BA), Referencial
da Pastoral Afro-Brasileira, Dom Zanoni Demettino Castro, em 20 de novembro de 2018:
“Os(as) negros(as) sofrem as consequências desta realidade porque os 300 anos de escravidão,
que marcaram profundamente a história brasileira ainda não foram suficientemente
reparados”, disse, por ocasião das celebrações da morte de Zumbi dos Palmares, último líder do
Quilombo dos Palmares, o maior quilombo do período colonial – data celebrada há mais de 30
anos por ativistas do movimento negro, oficializada pela Lei 12.519, de 2011.
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Promover o respeito, proteção e
 visto no caput do Art. 5º da Carta da considerados na tomada de decisões
cumprimento de todos os direitos República, a possibilidade de o Es- estatais.”
humanos e liberdades fundamen- tado lançar mão, seja de políticas de Atualmente, entre nós, continua o
tais das pessoas afrodescendentes, cunho universalista, que abrangem debate sobre a “Revisão da Lei de Co-
como reconhecido na Declaração um número indeterminado de indi- tas na Educação”, por força de regra
Universal dos Direitos Humanos; víduos, mediante ações de natureza da própria lei, mas isso não significa
Promover um maior conheci-
 estrutural, seja de ações afirmativas, extingui-la ou reduzi-la a pó. Caso a
mento e respeito pelo patrimônio que atingem grupos sociais determi- revisão legislativa represente retro-
diversificado, a cultura e a contri- nados, de maneira pontual, atribuin- cesso, isso deve ser enfrentado no
buição de afrodescendentes para o do a estes certas vantagens, por um futuro, conforme decisão recente da
desenvolvimento das sociedades; tempo limitado, de modo a permi- ministra do STF, Rosa Weber (ADI
Adotar e reforçar os quadros jurídi- tir-lhes a superação de desigualdades 7184 / DF). Deve-se agregar a garan-
cos nacionais, regionais e interna- decorrentes de situações históricas tia de que não poderá haver retroces-
cionais de acordo com a Declaração particulares.” so a recente incorporação pelo Brasil,
e Programa de Ação de Durban e No embate pelo acesso aos em- com status de Emenda Constitucio-
da Convenção Internacional sobre pregos públicos, Lei 12.990/2014, a nal, da Convenção Interamericana
a Eliminação de Todas as Formas Ação Declaratória de Constituciona- contra o Racismo, a Discriminação
de Discriminação Racial, bem lidade 41 Distrito Federal (ADC 41/ Racial e Formas Correlatas de Intole-
como assegurar a sua plena e efeti- DF), com emblemático Acórdão que rância, firmado pela República Fede-
va implementação. indica a postura da Suprema Corte rativa do Brasil, na Guatemala, em 5
Não por acaso ou ideologia, Brasileira no caminho da meta pe- de junho de 2013 (Decreto nº 10.932,
mas por necessidade de realização los Direitos Humanos e igualdade de 10.1.2022). A Convenção Interna-
da justiça, a Lei institui as cotas ra- material, destaca-se o princípio da cional sobre a Eliminação de todas as
ciais, na educação (Lei 12.711/2012) eficiência, segundo fundamento da Formas de Discriminação Racial, que
e no serviço público federal (Lei decisão, logo após a isonomia e antes foi aberta à assinatura em Nova York
12.9990/2014). da proporcionalidade: “incorporação e assinada pelo Brasil em 7 de mar-
Na decisão, no caso, Acórdão, do do fator ‘raça’ como critério de sele- ço de 1966, no Brasil, foi incorpora-
STF sobre a constitucionalidade da ção, ao invés de afetar o princípio da da em 1969 (Decreto nº 65.810, de
Lei 12.711/2012 (ADPF 186 / DF) eficiência, contribui para sua realiza- 8.12.1969), hoje é considerada uma
se confirma que essa ação afirmati- ção em maior extensão, criando uma norma que paira entre a Constituição
va reforça a ideia de igualdade: “Não ‘burocracia representativa’, capaz de e as demais Leis Nacionais.
contraria – ao contrário, prestigia – o garantir que os pontos de vista e in- * Ambos negros, professores doutores
princípio da igualdade material, pre- teresses de toda a população sejam de Direitos Humanos da PUC São Paulo.

Festival Halleluya reanima a
evangelização juvenil em São Paulo
5a EDIÇÃO DO
EVENTO CATÓLICO
FOI REALIZADA NO
LARGO DA BATATA,
NO DOMINGO,
11, COM A
PARTICIPAÇÃO DE
CERCA DE 9 MIL
PESSOAS
JENNIFFER SILVA
ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
O Largo da Batata, no bair-
ro de Pinheiros, recebeu no do-
mingo, 11, a 5a edição do Fes-
tival Halleluya em São Paulo.
Promovido pela Comunidade
Shalom, o evento gratuito reu-
niu cerca de 9 mil pessoas em
uma maratona de evangeliza-
ção, atividades artísticas, espor-
tivas e solidárias.
A atividade iniciou-se às
10h, com a missa presidida pelo
Cardeal Odilo Pedro Scherer,
Arcebispo Metropolitano de
São Paulo. Posteriormente, o
palco principal recebeu os ar-
tistas e bandas católicos: Fra-
ternidade São João Paulo II,
Davidson Silva, Flávio Vitor, Ju-
ninho Cassimiro, Missionário
Shalom, Rosa de Saron e Naldo
José. Ainda no centro das atra-
ções, houve espaço para adora-
ção ao Santíssimo Sacramento.
Ao longo do dia, os jovens
também puderam buscar o
sacramento da Reconciliação,
aconselhamento espiritual e
praticar um gesto concreto de
solidariedade.
TODOS SÃO CHAMADOS
Na homilia da missa, o Ar-
cebispo afirmou que o Halle-
luya representa uma ocasião
oportuna para o jovem dizer
sim ao projeto de Jesus e tornar-
-se, assim, seu discípulo e mis-
sionário: “Uma experiência que
poderá preencher os seus cora-
ções e ser uma nova motivação
para as suas vidas”, manifestou.
Ao O SÃO PAULO, Dom
Odilo destacou que o festival
vale-se da arte e do convívio
como meio para alcançar a
evangelização dos jovens e for-
talecer um caminho de diálogo
e transformação.
Ainda durante a homilia, o
Cardeal recordou que em 2023,
a Igreja no Brasil celebra o Ano
Vocacional, e assim como des-
crito no Evangelho segundo
Mateus, proclamado na liturgia
daquele domingo, Deus per-
manece realizando seu chamado para
que todos O anunciem por meio de di-
ferentes vocações.
“O primeiro chamado é para conhe-
cer o Senhor pela fé. É preciso estarmos
atentos à voz de Deus que nos chama
para experimentarmos o seu amor e a
sua misericórdia. Vocês certamente es-
tão aqui, pois já fizeram essa experiência.
Que tal ajudarmos para que outros tam-
bém ouçam esse chamado? Nós pode-
mos ser instrumentos de Deus para que
outros jovens possam experimentar a
Sua misericórdia e a salvação ainda nesta
vida”, ressaltou Dom Odilo.
ENCONTRAR-SE COM
O JOVEM DE HOJE
Para Breno André Alves Dias, res-
ponsável pela Comunidade Shalom em
São Paulo, o Halleluya é um momento
de unidade preparado por meio da ora-
ção e da escuta e faz ecoar o Evangelho
à juventude: “Para nós, o que importa é
que os jovens tenham conhecido a pes-
soa de Jesus Cristo, experienciado Seu
amor, transformado a própria vida por
uma música, na missa, na adoração ao
Santíssimo ou em outro momento vivido
ao longo do dia”.
Sobre abranger atividades contempo-
râneas como o hip-hop e o skate, Breno
enfatizou que as pessoas têm sede de
Deus, independentemente de onde es-
tejam, inclusive aquelas acostumadas a
consumir uma cultura mais urbanística.
“O Halleluya representa o que o Papa
Francisco nos pede e o que o sínodo ar-
quidiocesano nos inspira: a Igreja em
saída, que vai ao encontro daqueles que
não vêm até nós. Trazer esses elementos
é cumprir a nossa missão de evange-
lizar o jovem de hoje. É fazer com que
ele entenda que pode ser de Deus, que
pode levar a verdade, o amor, a paz nos
lugares em que estiver. Quando o jovem
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vem para o Halleluya, ele entende que
sua vida não é roubada; pelo contrário,
ela é levada à perfeição”, manifestou o
missionário.
Joana de Barros, 20, esteve pela se-
gunda vez no Festival. A jovem, natural
de Campinas (SP), contou ser apaixona-
da por diferentes manifestações artísticas
e vê nelas “um meio concreto para alcan-
çar o que a pessoa humana tem de melhor
para expressar”. Ela também acredita que
“a arte traduz o que é belo, evangeliza, e a
arte contemporânea é capaz de conduzir
os jovens para o nosso meio”.
INSTRUMENTO DE CONVERSÃO
Natural do Rio Grande do Sul, Caro-
line Santos esteve no Halleluya a convite
de uma amiga que participa da Comu-
nidade Shalom. Vivendo em São Paulo
desde 2022, ela contou à reportagem que
nos últimos anos esteve afastada de ati-
vidades religiosas, mesmo sendo filha de
catequistas e ter crescido em uma comu-
nidade paroquial.
Caroline afirmou que o Festival lhe
despertou o desejo de se reaproximar da
sua vocação como jovem de fé - no na-
moro e no trabalho – e no interesse pelo
carisma da Comunidade Shalom.
Adriano Rodrigues, estudante de co-
municação e marketing, veio do muni-
cípio de Rio Grande da Serra (SP), junto
com oito amigos. Membro do ministério
de arte do grupo de oração Filhos de Is-
rael, ele foi uma das quase 130 pessoas
que optaram por se afastar, brevemente,
da aglomeração das atrações musicais
para um instante de aconselhamento
espiritual no Espaço da Misericórdia,
instalado na frente da Paróquia Nossa
Senhora do Monte Serrate.
Além do direcionamento espiritual,
no interior da Paróquia houve o atendi-
mento de mais de 200 Confissões e a ex-
posição do Santíssimo Sacramento.
Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
O BECO DO ROLÊ
Espaço dedicado às mani-
festações de artes contempo-
râneas, no chamado Beco do
Rolê houve ‘batalhas’ de rima,
circuito e desafios de skate, per-
formances de danças e DJs, além
da apresentação do grupo de
rap formado por missionários
Shalom, Aliança VMS.
Isabella Borba, 21, mis-
sionária em Guarulhos (SP),
salientou que esse ambiente
revelou a todos que passavam
pela região que a Igreja não é
monótona, “mas verdadeira,
feliz. Mostrou também a nos-
sa vida de missionários, sendo
possível estar no mundo e ser
uma pessoa de Deus”, comen-
tou a jovem, destacando que
atividades como estas facilitam
o diálogo com a juventude,
aumentando a abragência da
evangelização.
GESTOS CONCRETOS
E SOLIDÁRIOS
Na tenda Halleluya Solidá-
rio, os jovens puderam doar
mantimentos e agasalhos que
serão destinados à Missão Be-
lém, movimento eclesial que
realiza o trabalho de acolhida
às pessoas em situação de vul-
nerabilidade. Ao todo, foram
arrecadados 230 quilos de ali-
mentos e 800 quilos de roupas.
O evento contou, ainda, com
a tenda On the Light, reservada
exclusivamente à oração. Ali, os
jovens foram convidados a par-
ticipar do pós-encontro Halle-
luya que acontecerá no sábado,
17, às 14h30, na Paróquia Nossa
Senhora do Monte Serrate.
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BELÉM
Dom Cícero: ‘A Eucaristia nos faz mais fortes’
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Diariamente, no site do jornal O SÃO
PAULO, você pode acessar notícias Rita Tamada

sobre a Igreja e a sociedade em São FERNANDO ARTHUR

COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO
Paulo, no Brasil e no mundo. A seguir,
algumas notícias e artigos publica-
Na tarde da quinta-feira, 8, os fiéis
dos recentemente.
Vatican Media
da Paróquia São José, no Belenzinho, se
reuniram para celebrar a Solenidade de
Corpus Christi, em missa presidida por
Dom Cícero Alves de França.
A Eucaristia, concelebrada pelo Pa-
dre Marcelo Maróstica Quadro, Pároco,
foi ocasião para a investidura de 27 lei-
gos como ministros extraordinários da
Sagrada Comunhão.

Na mensagem para o 7° Dia
Mundial dos Pobres, o Papa
exorta a não desviar o olhar
de quem está em dificuldade
https://curtlink.com/ZPDyOYK
As crianças da ala de
Oncologia do Gemelli
escrevem ao Pontífice:
‘Fique bom logo!’
https://curtlink.com/XHUMi94
Caritas Ucrânia: só o tempo
dará a dimensão da tragédia
pela explosão da represa
https://curtlink.com/fYNtJVs
Governo de SP vai extinguir
o uso de copos e material
plástico nas escolas estaduais
https://curtlink.com/qumtlaJ
O PÃO DA VIDA
Na homilia, Dom Cícero recordou as
palavras de São João Maria Vianney, que
dizia que a “paróquia é uma comunidade
eucarística” e que vive da Eucaristia.
O Prelado afirmou que uma paróquia
não existe se não houver comunidade, e
que comunidade é viver a partir de um
centro único e colocar tudo em comum.
Dom Cícero, ao comentar a 1ª leitura
(Dt 8,2-3.14b-16a), recordou que Deus
enviou o maná do céu ao povo que estava
no deserto: “Aqueles que não comeram o
maná, morreram. Jesus é o novo pão do
céu, e quem come dele, não morre mais”.
O Prelado destacou que a Eucaristia
é alimento de vida e de força. Da mesma
forma que o povo no Antigo Testamen-
to que comeu o maná tinha forças para
continuar a travessia pelo deserto, a Eu-
caristia dá forças para viver. “A Eucaristia
nos faz mais fortes, para podermos tam-
bém, como o povo outrora no deserto,
atravessarmos igualmente os nossos de-
sertos, pois a vida nos impõe desertos”,
afirmou.
tando que Cristo entra na vida, não de
passagem, mas para permanecer, pois a
Eucaristia é o alimento dos fracos e dos
pobres.
“Celebrar a Eucaristia, enquanto
tantos irmãos e irmãs passam fome,
não é a plenitude ainda. Celebrar a
Eucaristia é aprender de Jesus que de-
vemos lutar por um mundo novo, em
que nenhum homem, nenhuma mu-
lher e nenhuma criança fique sem um
alimento, porque Eucaristia é comida
para os fracos”, enfatizou, afirmando
que a Eucaristia também é a festa da
partilha do pão material.
Dom Cícero destacou que a Eucaris-
tia é que faz a Igreja, e exortou os fiéis
a serem uma comunidade eucarística.
MANIFESTAÇÃO PÚBLICA DA FÉ
Após a homilia, o Bispo Auxiliar da
Arquidiocese na Região Belém presidiu
o rito de investidura dos novos minis-
tros, abençoando-os e enviando-os para
o ministério da distribuição da Eucaristia
e para sempre anunciarem a Jesus Cristo.
Ao final da celebração, o Padre Mar-
celo conduziu a procissão com o Santíssi-
mo Sacramento pelas ruas do bairro. Na
procissão, animada também pelo Diáco-
no Seminarista Yago Barbosa, Assistente
Pastoral, os fiéis rezaram pela unidade e
pela comunhão e, também, pediram pe-
los moradores e comércios do bairro.
Pascom paroquial

Soltura de balão agrava O ALIMENTO DE SALVAÇÃO

risco de incêndios florestais
durante período de seca
https://curtlink.com/muKuB3K
Conheça a Igreja: Qual é a
diferença entre ecumenismo
e diálogo inter-religioso?
https://curtlink.com/OFkpjgg
Dom Cícero destacou que a Eucaris-
tia também é alimento de salvação, pois
o próprio Cristo diz: “Quem come mi-
nha carne e bebe o meu sangue, perma-
nece em mim e eu nele”.
“A Eucaristia é sinal, por excelência,
da comunhão que não pode ser que-
brada jamais em Jesus”, afirmou, ressal-

Cáritas Arquidiocesana de São Paulo

No domingo, 11, Dom Cícero Alves de França presidiu missa na Área Pastoral São Gas-
par Bertoni, no Parque São Rafael, durante a qual conferiu o sacramento da Crisma a
20 jovens. Na celebração, Dom Cícero abençoou dezenas de jovens vindos de diversas
cidades do estado de São Paulo, que participaram da XXV Missão Jovem Estigmatina,
entre os dias 8 e 12 de junho. (por Fernando Arthur)
Padre Marcelo Maróstica

Na manhã do sábado, 10, Dom Cícero Alves de França se reuniu com os membros das
novas comunidades presentes na Região Belém. O encontro teve como objetivo apre-
sentar o Assessor Eclesiástico para as Novas Comunidades na Região, Padre Fabiano Al-
cides Pereira. (por Padre Marcelo Maróstica Quadro)
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Celebração de Corpus Christi leva centenas de fiéis às ruas da Vila Moraes
KAREN EUFROSINO
COLABORADORA DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO
Um dia repleto de demonstrações de
fé. Assim foi celebrado o Corpus Christi
na Paróquia Santa Ângela e São Serapião,
Setor Cursino, na quinta-feira, 8.
A celebração eucarística, realizada
na Praça Santa Ângela, foi presidida por
Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, e
concelebrada pelo Padre Christopher Ve-
lasco, Pároco. O Bispo Auxiliar da Arqui-
diocese na Região Ipiranga salientou que
o Corpus Christi celebrado na Praça mos-
tra ao mundo que os cristãos creem que
Jesus é verdadeiramente o Pão da Vida.
Após a missa, o Santíssimo Sacra-
mento foi levado em procissão pelas ruas
do bairro, com paradas para a bênção
IPIRANGA
Pascom paroquial
especial no AMA - UBS Integrada Vila
Moraes e nas escolas da área paroquial.
Após a bênção, o Santíssimo Sacramento
ficou em exposição até o final da noite
em uma pequena tenda montada e orna-
mentada na quadra da praça. No local,
também havia um espaço destinado ao
atendimento de Confissões.
No mesmo dia, aconteceu o festival
de música “Celebrai, adoração em Espí-
rito e Verdade”, com a apresentação de
cantores católicos como Thatá Rodri- shows, no evento foi lançada a Campa- uma mera forma de arrecadar fundos
gues, Juninho Cassimiro, Flávio Vitor, nha +100. Desde abril está sendo come- para uma reforma: é um convite à res-
Naldo José e Fraternidade São João Pau- morado o centenário da Paróquia, em ponsabilização na participação e no
lo II, que encerrou a noite com a adora- alusão ao fato de que em 1923 foi erguida amor, feito a cada membro da comuni-
ção conduzida pelo Padre Anderson Bis- uma pequena capela em honra a Santa dade; somos nós, aqui presentes hoje,
po, Pároco da Paróquia Nossa Senhora Ângela, na Vila Moraes, conforme des- que, com a graça de Deus, plantaremos
de Fátima, Setor Imigrantes. crito no livro do tombo paroquial. o que será colhido pelos próximos cem
Além da celebração eucarística e os “A Campanha +100 é mais do que anos”, disse o Padre Christopher.
Ícaro de Oliveira Karen Eufrosino

Dom Ângelo Ademir

Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar
da Arquidiocese na Região
Ipiranga, presidiu, no dia
11, a celebração eucarística
na Capela São José, no
Instituto dos Meninos
de São Judas Tadeu,
no Setor Imigrantes.
Concelebraram os Padres No dia 7, a Pastoral da Comunicação da Região Ipiranga esteve reunida na sede da
Cristiano Francisco de Assis, cúria regional com Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na
SCJ, diretor do IMSJT, e João Região Ipiranga, refletindo sobre a mensagem do Papa Francisco para o 57º Dia Mundial
Heidemann, SCJ. das Comunicações Sociais: “Falar com o coração: testemunhando a verdade no amor”.
(por Comunicação do IMSJT) (por Karen Eufrosino)

Movimento Regnum Christi realiza
missão no bairro do Morro Doce
MARIA HELENA BOMPIANI, RC
COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO
Entre os dias 7 e 11, o grupo da Ju-
ventude e Família Missionária do Mo-
vimento Regnum Christi, acompanhado
dos padres dos Legionários de Cristo, re-
alizou missões no bairro do Morro Doce,
Setor Perus.
O grupo, formado por jovens de 14
a 16 anos, bem como algumas famílias,
ajudou a comunidade na confecção dos
tapetes de Corpus Christi na Comunida-
de São Francisco da Paróquia Cristo Rei,
BRASILÂNDIA
Maria Helena Bompiani
e participou da missa da Solenidade de
Corpus Christi e da procissão até a Co-
munidade São Mateus.
Nos outros dias, os missionários visi-
taram diversas casas do bairro, levando a
Palavra de Deus a seus moradores, con-
vidando-os a participarem das ativida-
des oferecidas pela Paróquia. Além disso,
o grupo realizou a Via-Sacra e atividades
de recreação com crianças e jovens.
No domingo, 11, os missionários en-
cerraram a missão, participando da missa,
presidida pelo Padre Ricardo Patah, L.C., na
Comunidade de São Mateus.
Dom Carlos Silva: o Santíssimo
Sacramento é o maior tesouro que
o Senhor entregou à Igreja
PATRÍCIA BEATRIZ LOPES
COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO
A Comunidade Santo Antônio, da
Paróquia São Luís Maria Grignion de
Montfort, deu início à festa em hon-
ra ao seu padroeiro, na Solenidade de
Corpus Christi, na quinta-feira, 8, com
missa presidida por Dom Carlos Silva,
OFMCap., concelebrada pelo Padre Sér-
gio Antônio Bernardi, CRL, Pároco.
Na ocasião, a comunidade recebeu
a visita das réplicas da Cruz Peregrina e
do Ícone de Nossa Senhora da Jornada
Mundial da Juventude (JMJ), que serão
levadas a outras paróquias da Região.
O Bispo Auxiliar da Arquidiocese na
Região Brasilândia destacou a importân-
cia da Solenidade do Corpo e Sangue de
Cristo que marca esta celebração: “O San-
tíssimo Sacramento é o maior tesouro que
o Senhor entregou à sua esposa: a Igreja”.
Dom Carlos ressaltou que não exis-
te forma melhor de estar em comunhão
com o Senhor do que comungar o pró-
prio Deus.
Simbolizando o tradicional tapete
de Corpus Christi, as pastorais das co-
munidades fizeram a apresentação de
cartazes, com explicações sobre o sig-
nificado dos desenhos e o trabalho que
realizam.
Pascom paroquial

No sábado, 10, aconteceu na Comunidade Nossa Senhora Aparecida, pertencen-

te à Paróquia São José Operário, Setor São José Operário, o evento “Cantoria Lau
Fernades e João Ferreira”, prestigiado pelos fiéis que participaram da cantoria popular
que remete às tradições nordestinas. A arrecadação com a venda de comidas e be-
bidas foi em prol dos irmãos em situação de rua que são assistidos pelo grupo Mis-
são Fraterna da Paróquia. (por Keli Ferreira dos Santos)
14 | Regiões Episcopais/Fé e Vida | 14 a 20 de junho de 2023 |
São Domingos Sávio é festejado
em paróquia do Setor Pirituba
BENIGNO NAVEIRA
COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO
Na manhã do domingo, 11, os fiéis
da Paróquia São Domingos Sávio, Se-
tor Pirituba, festejaram os 69 anos de
canonização do padroeiro, participan-
do da missa solene presidida por Dom
José Benedito Cardoso e concelebra-
da pelo Cônego Jaidan Gomes Freire,
Pároco.
O Santo, nascido em 2 de abril de
1842, em Riva presso Chieri, na Itália, fa-
leceu em 9 de março de 1857, aos 15 anos
de idade. Ele foi aluno de São João Bos-
co, sendo um modelo de vida simples e
acessível a todos, como colaborador da
graça de Deus, dedicando-se com amor
AGENDA DE ATIVIDADES DE DOM JOSÉ BENEDITO
 e 15 a 17 – Visita pastoral à Paróquia Santa Maria Goretti, Setor Butantã.
D No domingo, 11, Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região
Sexta-feira, 16, 20h30 – Missa na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, Setor Butantã,
na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus.
Domingo, 18, 10h – Missa com Crismas na Paróquia Santa Maria Goretti.
Você Pergunta
Um adolescente pode ser padrinho
de Batismo se não for crismado?
PADRE CIDO PEREIRA
osaopaulo@uol.com.br
Vejam a interessante pergunta que
me faz a Roberta Lima: “Um adolescen-
te que ainda não recebeu o sacramento
da Crisma pode se padrinho/madrinha
de batizado?”
Minha irmã, o simples fato de eu
receber uma pergunta como essa re-
vela que a pessoa é cristã, tem boa
formação e quer levar a sério o com-
promisso de madrinha/padrinho para
este bebê. É por isso que eu penso cá
comigo que, neste caso, pode sim, ser
madrinha/padrinho para esta criança.
Mas é importante ter sempre bem pre-
sente no coração o compromisso que
irá assumir.
No fundo, o padrinho ou a madri-
nha será, a partir do Batismo, um(a)
LAPA
Pascom paroquial
ao próximo. Tinha como lema de vida
“Antes morrer que pecar”. Ele foi canoni-
zado em 12 de junho de 1954 pelo Papa
Pio XII.
Na homilia, o Bispo Auxiliar da Ar-
quidiocese na Região Lapa lembrou que
apesar da vida muito curta que teve, São
Domingos Sávio, por sua devoção e ati-
tudes, chamava a atenção de todos, ma-
nifestando sua fé e amor a Deus.
São Domingos Sávio é considerado o
padroeiro das pessoas que sofrem falsas
acusações, dos jovens delinquentes, dos
cantores do coro da igreja e das mulhe-
res grávidas.
Após a celebração eucarística, reali-
zou-se uma procissão com a imagem do
padroeiro pelas ruas do bairro.
mãezinha/paizinho na fé para esta
criança. Terá o compromisso de ajudar
o afilhadinho ou a afilhadinha a conhe-
cer, amar e seguir a Jesus. E fará isso
pela palavra e pelo testemunho. Eu até
acho que deverá ser muito mais pelo
testemunho do que pela palavra. O afi-
lhado, a afilhada, vendo os pais e os pa-
drinhos vivendo a sua fé, vai com certe-
za se dar conta de que ir à missa, rezar,
fazer o bem para os outros em nome de
Jesus é importante, porque seus pais e
padrinhos fazem tudo isso.
Então, aceite este compromisso e se
disponha a amar muito o seu afilhadi-
nho ou afilhadinha e a mostrar para ele
o caminho de Jesus. E não deixe de lado
a Crisma: todos precisamos da força do
Espírito Santo para caminhar na vida
e para cumprir a missão de madrinha/
padrinho.
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Imagem de Nossa Senhora de Fátima
é vandalizada na Vila Leopoldina
Pascom paroquial
Na sexta-feira, 9, a imagem da padro-
eira da Paróquia Nossa Senhora de Fáti-
ma, que fica na gruta do pátio do estacio-
namento da igreja, na Vila Leopoldina,
foi vandalizada.
Conforme relataram funcionários da
igreja e paroquianos, após a missa das
7h, uma mulher, aparentemente descon-
trolada emocionalmente, se encaminhou
à gruta, pegou a imagem mariana e a jo-
gou no chão.
O funcionário que registrou o bo-
letim de ocorrência declarou que essa
mulher já havia frequentado a Paróquia
em outras ocasiões, comportando-se nas
missas de maneira agressiva, gritando e
falando palavras ofensivas.
“Queremos entrar em contato com
essa senhora, conhecê-la e descobrir
como ajudar. A Igreja está sempre de
portas abertas para o povo de Deus, e
não irá condenar nem julgar, mas, sim, nifestamos nossa indignação e repúdio
resgatar. Essa é a grande missão da Igreja ao ato de violência ocorrido em nossa
Católica. Neste momento, nosso objetivo Paróquia, Templo de Deus, Casa da Mãe,
é cuidar e amparar essa pessoa”, afirmou que é aberta ao povo e atende todos os
Marcos Jordan, coordenador da Pastoral dias inúmeras pessoas, paroquianas ou
da Comunicação. não, além de ser o local onde manifesta-
O episódio foi repudiado pela Paró- mos nossa fé, participamos das missas e
quia por meio de suas redes sociais: “Ma- outras atividades”. (BN)
Pascom paroquial
Lapa, conferiu o sacramento da Crisma a 27 jovens e adultos na Paróquia Nossa Senhora
de Fátima, na Vila Leopoldina, em missa concelebrada pelos Padres Tarcísio Justino Loro,
Pároco, e Fernando Gross, da Diocese de Santos (SP). (por Pascom paroquial)
SANTANA
Pascom paroquial
Na noite da segunda-feira, 12, Dom Jorge Pierozan presidiu a missa de abertura da nove-
na do padroeiro da Paróquia São Luiz Gonzaga, Setor Jaçanã, concelebrada pelo Padre
Bruno dos Reis Paula, CR, Vigário Paroquial. O Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região
Santana exortou os fiéis a seguirem o exemplo de São Luís Gonzaga, um jovem santo que
viveu a pureza, o amor e a entrega a Deus. A novena prossegue até o dia 20. No dia 21,
na memória litúrgica do padroeiro, a missa solene será às 20h. (por Pascom paroquial)
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SÉ
Irmã Elisângela Matos dos Santos
Aconteceu no dia 3, na Paróquia Nossa Senhora da Assunção e São Paulo, Setor Catedral,
o Fórum das Pastorais Sociais da Região Sé, composto de agentes de diversas pasto-
rais, como a Pastoral Afro, Pastoral dos Migrantes, Pastoral Carcerária, Pastoral da Mulher
Marginalizada, Pastoral do Menor, Caritas, entre outras. Com a presença de Dom Rogério
Augusto das Neves, o grupo refletiu sobre o tema “Toda Pastoral é vocacional”, em refe-
rência à temática “Vocação: graça e missão”, do 3º Ano Vocacional do Brasil.
(por Irmã Elisangela Matos dos Santos, CSC)
José Antônio de Castro
No dia 4, na Paróquia Divino Salvador, Setor Jardins, 19 adultos receberam o sacra-
mento da Crisma, em celebração presidida por Dom Rogério Augusto das Neves, Bis-
po Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, e concelebrada pelo Padre Edson Donizete
Toneti, Administrador Paroquial. (por José Antonio de Castro)
José Antônio de Castro
No domingo, 11, na Paróquia Nossa Senhora da Assunção e São Paulo - Paróquia
Pessoal Nipo-Brasileira São Gonçalo, Setor Catedral, 12 jovens receberam o sacra-
mento da Crisma, em celebração presidida por Dom Rogério Augusto das Neves, Bispo
Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, e concelebrada pelo Padre José Enes de Jesus,
Pároco, e Padre Kiyoharu Ojima, Vigário Paroquial. (por Pascom Paroquial)
| 14 a 20 de junho de 2023 | Regiões Episcopais | 15
Colégio Santa Marcelina
Como em todos os anos, alguns estudantes do Colégio Santa Marcelina, acompanha-
dos das religiosas dessa Congregação, foram até a Cúria da Região Sé para entregar o
gesto concreto da Campanha da Fraternidade de 2023. No tempo da Quaresma, hou-
ve a coleta entre pais e alunos no Colégio. Depois, foram escolhidos 15 representantes
das classes para o momento da entrega. Os alunos puderam conhecer o trabalho da
Cúria Regional e saber o destino das doações que fizeram. A visita terminou com um
momento de convivência. (por Patricia Coppio)
Flávia Maria Pavaléri
No dia 3, na Paróquia Nossa Senhora da Saúde, na Região Ipiranga, houve o encerramento
do Curso de Formação para Voluntários do Serviço de Escuta, que contou com a parti-
cipação de membros da Região Sé. O Diácono Vicente de Paulo Nogueira, Assistente Ecle-
siástico do Serviço de Escuta, refletiu sobre a “Carta Pastoral e Propostas Sinodais a partir
do 1º sínodo arquidiocesano de São Paulo - 2017 a 2023”. A missa foi presidida pelo Frei
Hipólito Martendal, OFM, um dos formadores do Serviço de Escuta. (por Ligia Pezzuto)
José Antônio de Castro
No sábado, 10, na Paróquia Imaculado Coração de Maria, Setor Santa Cecília, 15 jovens
receberam o sacramento da Crisma, em celebração presidida por Dom Rogério Augus-
to das Neves, e concelebrada por Padre Welington Brandão, CMF, Pároco, e Padre Pedro
Divino de Vilas Boas, CMF, Vice-Provincial dos Claretianos. (por Fernando Rosa Mestre)
16 | Fé e Vida/Pelo Mundo | 14 a 20 de junho de 2023 |
Liturgia e Vida
11º DOMINGO DO TEMPO COMUM
18 DE JUNHO DE 2023
‘Estavam cansados
e abatidos’
PADRE JOÃO BECHARA VENTURA
O desânimo não é novidade na história
humana. Jesus compadeceu-se das multi-
dões porque ‘estavam cansadas e abatidas’
(Mt 9,36). Diante dessa triste constatação,
escolheu os doze apóstolos e os enviou para
expulsar demônios, realizar curas e fortale-
cer os que padeciam de fraqueza física ou
espiritual (cf. Mt 10,1).
A ação da Igreja no mundo começou com
o encargo de fortalecer os que se encontram
fracos. Ainda hoje, por meio da Unção dos
Enfermos, ela encoraja os doentes, comuni-
cando-lhes fé, esperança e vigor. Pela Confis-
são, a Igreja – na verdade, o próprio Jesus –
cura as chagas das almas e perdoa os pecados.
Por meio da pregação, fortalece os que estão
fracos na fé. Pelo serviço caritativo em hospi-
tais, creches e casas de acolhidas, sustenta os
que padecem de alguma debilidade material.
A fraqueza humana, em certo sentido, é a
razão de ser da Igreja no mundo. O Filho de
Deus se fez homem porque se compadeceu de
nossa fraqueza! Para consolar os cristãos de
Roma, Paulo recorda: “Quando éramos ainda
fracos, Cristo morreu por nós” (cf. Rm 5,6).
O próprio Deus declara a debilidade da nossa
condição: “És pó, e ao pó deverás retornar” (Gn
3,19). Assim, reconhecer a própria fraqueza é
necessário para que tenhamos parte com Ele.
Existe uma fraqueza ruim. É aquela dos
pusilânimes, dos que se fazem de vítimas, dos
que reclamam o tempo todo, dos que fogem das
suas responsabilidades, dos que deixam tudo
inacabado e dos que não querem se cansar pe-
los demais. É possível que muitos dos que agem
assim o façam porque se acham “fortes”. Talvez,
não contem suficientemente com o auxílio di-
vino, não pensem nos outros, sejam centrados
em si mesmos e, consequentemente, caem fa-
cilmente. Julgando-se vigorosos, quando desco-
brem seus pontos fracos, desesperam-se.
Mas há uma fraqueza boa. É a dos que re-
conhecem que precisam do Senhor, que cons-
tatam a necessidade de serem ajudados pelos
demais, que compreendem que o cansaço e a
sensação de impotência fazem parte da vida
neste mundo. Esta fraqueza boa nos torna
compassivos e solidários, como Nosso Senhor,
que teve compaixão de nós porque Ele mes-
mo passou por provações semelhantes (cf. Hb
4,15). Ele recebeu a ajuda do Cireneu; pediu
água à Samaritana; na Cruz, rezou “Meu Deus,
por que me abandonaste?”; ao ser sepultado,
contou com a caridade de José de Arimateia.
Por isso, ao se referir ao ministério de for-
talecer os demais, Paulo ressalva: “Trazemos,
porém, este tesouro em vasos de barro, para
que esse incomparável poder seja de Deus, e
não nosso” (2Cor 4,7). Encontramos paz ao
percebermos que somos barro quebradiço e
que toda força vem do Senhor! Recordando
a árdua fuga do Egito, Deus disse a Moisés:
“Vistes como vos levei sobre asas de águia e
vos trouxe a Mim” (Ex 19,4). Ele nos leva e
até nos faz voar, ainda que nos sintamos sem
forças e no chão! Não nos desesperemos com
nossa própria fraqueza! Jamais entreguemos
os pontos! Afinal, “quando sou fraco, então é
que sou forte” (2 Cor 12,10).
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União Europeia
Ministros fecham
histórico acordo migratório
JOSÉ FERREIRA FILHO
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Ministros da União Europeia
(UE) chegaram a um consenso na
quinta-feira, 8, sobre como com-
partilhar a responsabilidade pelo
cuidado de migrantes e refugiados
e a política de asilo a ser adotada
pelo bloco. A medida foi conside-
rada “histórica”, depois de anos de
debates entre os 27 integrantes do
grupo.
Realizadas em Luxemburgo,
as negociações duraram 12 horas.
Apenas a Hungria e a Polônia vota-
ram contra. Já a Bulgária, República
Tcheca, Malta, Lituânia e Eslová-
quia se abstiveram.
O assunto ganhou relevância em
2015, quando mais de um milhão
de pessoas – a maioria refugiada da
guerra na Síria – chegaram ao con-
tinente europeu pelo Mar Mediter-
râneo. Em 2022, a UE recebeu mais
Segundo a ONU, cerca de 160 milhões
de crianças são vítimas do trabalho infantil
O Dia Mundial contra o Trabalho
Infantil foi estabelecido no dia 12 de
junho de 2002. Desde então, a data se
tornou uma referência para abordar
a questão. O último relatório sobre o
assunto, produzido pela Organização
Internacional do Trabalho (OIT) e
pelo Fundo das Nações Unidas para
a Infância (Unicef) revela que cerca
de 160 milhões de crianças e adoles-
centes trabalham, um aumento de 8,4
milhões em quatro anos.
Nos últimos 20 anos, esse é o pri-
meiro aumento do número de crian-
ças em tal condição. De acordo com a
OIT, o trabalho infantil abrange todas
as atividades que privam as crianças
de sua infância, potencial e dignidade,
País registra grande número de mulheres
desaparecidas entre janeiro e abril
Mais de 3,4 mil mulheres foram
dadas como desaparecidas no Peru
entre janeiro e abril deste ano, segun-
do relatório divulgado pela Defenso-
ria do Povo, no sábado, 10.
De acordo com o documento “O
que aconteceu com elas?”, nos pri-
meiros quatro meses de 2023 foram
registradas 3.406 denúncias de mu-
lheres desaparecidas. Desse total,
apenas 1.902 foram localizadas, o
de 962 mil pedidos de asilo, o maior
número desde 2016.
A Suécia havia apresentado pro-
postas de compromisso sobre dois
textos-chave do Pacto Migratório.
Uma delas prevê uma solidariedade
europeia obrigatória, mas “flexível”.
De acordo com essa proposta, os
países do bloco seriam obrigados a
receber um determinado número de
solicitantes de asilo que chegarem a
outro país da UE sob pressão migra-
tória ou, na impossibilidade disso, a
dar uma contribuição financeira.
Essa compensação será de cerca
de 20 mil euros (pouco mais de 106
mil reais na cotação atual) por soli-
citante de asilo não realocado, limi-
tado a 30 mil requerentes por ano. O
dinheiro será destinado a um fundo
gerido pela UE.
A decisão abre caminho para
novas regras de gestão coletiva do
acolhimento e realocação de reque-
rentes de asilo.
e prejudicam sua escolaridade, saúde e
desenvolvimento físico e mental.
De acordo com a publicação da OIT,
97 milhões de crianças que trabalham
são meninos e 63 milhões são meninas.
Pelo menos 112 milhões das crianças
empregadas trabalham na agricultura,
no setor de serviços (31,4 milhões) ou
na indústria (16,5 milhões). Cerca de 79
milhões delas estão envolvidas em ativi-
dades perigosas.
Ainda segundo o estudo, 28%
das crianças de 5 a 11 anos e 35%
das crianças de 12 a 14 anos que tra-
balham não frequentam a escola. O
trabalho infantil também é maior nas
áreas rurais (13,9%) do que nas áreas
urbanas (4,7%).
Peru
equivalente a 56%, restando ainda
encontrar 1.504. O levantamento
registrou, também, 60 vítimas de
feminicídio entre janeiro e abril,
das quais 17 estavam sendo intensa-
mente procuradas por seus familia-
res e pela Polícia.
Em 2022, mais de 5,38 mil mu-
lheres, a maioria delas meninas e
adolescentes, foram relatadas como
desaparecidas, um número 9,7%
Nancy Faeser, da Alemanha, co-
memorou o acordo como “históri-
co”. A principal autoridade de imi-
gração do bloco disse que a medida
representa uma situação em que
todos os Estados-membros da UE
ganham.
“É um passo histórico e um gran-
de sucesso finalmente poder unir
tantos Estados-membros em torno
de uma posição comum”, come-
morou Maria Malmer Stenergard,
ministra da Migração da Suécia. A
nação, que detém a presidência ro-
tativa do Conselho Europeu, é uma
das grandes apoiadoras do chamado
Pacto Migratório, apresentado pela
Comissão Europeia em setembro de
2020.
Agora, o acordo precisa ser apro-
vado pelo Parlamento Europeu. O
objetivo é que a legislação seja con-
cluída antes das eleições da UE no
próximo ano.
Fontes: Poder 360 e G1
Algumas regiões são mais afetadas
do que outras. Na África Subsaaria-
na, por exemplo, 23,9% das crianças
trabalham [o que representa um total
de 16,6 milhões de crianças], a maior
proporção de todas as regiões. Como
comparação, eles são 6% na América
Latina e no Caribe, 5,6% na Ásia e no
Pacífico e 2,3% na Europa e na Amé-
rica do Norte.
A luta contra o trabalho infantil
está paralisada desde 2016, de acor-
do com a ONU. Mais de um quarto
das crianças trabalhadoras com idade
entre 5 e 11 anos e quase metade das
crianças com idade entre 12 e 14 anos
estão fora da escola. (JFF)
Fonte: RFI Brasil
inferior ao registrado em 2021.
Segundo várias ONGs feministas,
a Polícia e o Ministério Público não
investigam adequadamente os casos,
pois acreditam que as mulheres fugi-
ram voluntariamente.
O Peru registrou 137 feminicí-
dios em 2022, dos quais 22 envol-
viam vítimas que foram dadas como
desaparecidas. (JFF)
Fonte: Carta Capital

Solenidade de Corpus Christi, iniciada com missa na Praça da Sé, presidida por Dom Odilo, prossegue com a procissão pelas ruas do Centro, sendo concluída no Largo Santa Ifigênia, no dia 8
‘Acolhamos com renovada fé, amor e
disposição este tão sublime Sacramento’
EXORTOU O
CARDEAL SCHERER,
NA CELEBRAÇÃO
ARQUIDIOCESANA DE
CORPUS CHRISTI
DANIEL GOMES
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Vindos de diferentes paróquias da
Arquidiocese de São Paulo, leigos, reli-
giosos, diáconos e padres lotaram a Pra-
ça da Sé, em frente à Catedral Metropo-
litana, na manhã da quinta-feira, 8, para
a missa campal da Solenidade de Corpus
Christi, presidida pelo Cardeal Odilo Pe-
dro Scherer.
Ao saudar os fiéis, sacerdotes e os
bispos concelebrantes, o Arcebispo de
São Paulo recordou ser aquele o dia da
festa do Santíssimo Corpo e Sangue de
Nosso Senhor Jesus Cristo, “a quem re-
cordamos todas as vezes que celebramos
a Eucaristia, lembrando a Sua Paixão,
Morte e Ressurreição, a Sua presença
permanente entre nós, sendo Ele tam-
bém o alimento do nosso caminho para
a vida eterna”.
MEMORIAL DO GRANDE
MISTÉRIO DA FÉ
Na homilia, Dom Odilo ressaltou que
a Eucaristia é o grande dom de Deus que
Jesus Cristo deixou à Igreja, e observou
que as leituras proclamadas nessa soleni-
dade ressaltam o conceito de memorial,
de modo que todas as gerações devem
dar graças a Deus pelas maravilhas que
Ele fez em favor da humanidade.
O Arcebispo também explicou que
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na Última Ceia, Jesus deu novo sentido
à Páscoa judaica, com a entrega de Seu
Corpo e de Seu Sangue para a salvação
do mundo e a remissão dos pecados, e
que a cada celebração da Eucaristia se
atualiza este sacrifício de Cristo: “‘Lem-
brem-se de mim e do que Eu fiz e faço,
cada vez que celebrarem a Páscoa, a Eu-
caristia’, diz o Senhor”.
Recordando a exortação do apóstolo
Paulo à comunidade de Corinto, Dom
Odilo destacou que a Eucaristia é víncu-
lo de unidade, “mistério de comunhão
com Cristo e de comunhão entre nós”,
de modo que não pode estar dividida a
comunidade que celebra a mesma Euca-
ristia, que participa do mesmo pão e do
mesmo cálice.
O Arcebispo Metropolitano também
recordou que a Eucaristia é o mistério
central na vida da Igreja, “o mistério cen-
tral de Jesus Cristo que se doa e continua
a se doar, que continua a reunir os seus
discípulos em torno de si, a alimentá-los
com o pão da Palavra, da vida, da espe-
rança, da caridade e do amor”.
Desse modo – prosseguiu Dom Odilo
– a Eucaristia contém tudo o que a Igreja
crê, anuncia, espera e convida o que os cris-
tãos façam em seu cotidiano, sendo a ce-
lebração eucarística o ápice da vida da co-
munidade eclesial: “Alimentados por este
encontro com Ele, partimos em missão
para o dia a dia e para a missão da Igreja”.
A EUCARISTIA E A
VITALIDADE DA IGREJA
Dom Odilo também enfatizou que
é a partir da Eucaristia que brota toda a
vitalidade da Igreja: “Sem a Eucaristia,
nossa ação eclesial corre o risco de se tor-
| 14 a 20 de junho de 2023 | Especial – Corpus Christi | 17
nar estéril, não dar frutos. A evangeliza-
ção sempre parte do encontro com Jesus
Cristo. Ele nos envia. Por isso, a evange-
lização só poderá acontecer se nós, re-
almente, aprofundarmos a participação
na Eucaristia em nossas comunidades e
o envio para a vivência da caridade em
suas múltiplas expressões”.
Na conclusão da homilia, o Arcebis-
po lembrou que a Eucaristia também é
anúncio da vida plena: “Enquanto es-
peramos a vinda do Senhor, enquanto
vamos ao encontro Dele, aqui já temos
alguns sinais dessa vida plena que Deus
nos dá a graça de experimentar: é justa-
mente a profecia de um mundo diferen-
te, melhor, o mundo futuro que será o da
plenitude da vida, como Jesus prometeu”.
“Que acolhamos com renovada fé,
amor e disposição este tão sublime Sa-
cramento, este grande mistério da fé que
nos é dado como presente, como dom”,
exortou.
TESTEMUNHO PÚBLICO DE FÉ
Ainda na homilia, o Arcebispo Me-
tropolitano explicou que com a pro-
cissão com o Santíssimo pelas ruas, os
cristãos anunciam que Cristo está no
meio do povo e que “estamos empenha-
dos para que Ele seja percebido como
presença salvadora na cidade, e que por
causa Dele e de nossa atuação por Ele, a
cidade possa superar tantos problemas,
dilemas, sobretudo aqueles que contra-
dizem o anúncio do Evangelho e da Boa-
-Nova da salvação”.
Após a Comunhão, houve a primeira
bênção com o Santíssimo no altar mon-
tado em frente à Catedral da Sé, com
súplicas ao Senhor em favor da popula-
Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
ção em situação de rua e daqueles que se
dedicam a zelar pelas pessoas que vivem
nessa condição.
Na sequência, teve início a procissão
com o Santíssimo, que passou sobre o
tapete com 65 metros de comprimento,
montado nas proximidades do marco
zero da Praça da Sé.
A confecção do tapete foi coordenada
pelos membros da Missão Belém. Além
de desenhos de símbolos referentes à Eu-
caristia, o tapete também fazia referência
às seis regiões episcopais da Arquidioce-
se, simbolizando a unidade da Igreja em
São Paulo.
A procissão eucarística teve continui-
dade pelas ruas do centro, com duas pa-
radas. A primeira foi no Pateo do Colle-
gio, local da fundação da capital paulista,
onde Dom José Benedito Cardoso, Bis-
po Auxiliar da Arquidiocese na Região
Lapa, conferiu a bênção com o Santíssi-
mo Sacramento sobre toda a cidade.
A segunda parada foi no Largo de
São Bento. Diante do Mosteiro de São
Bento, os monges beneditinos entoaram
um hino eucarístico. Em seguida, Dom
Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da
Arquidiocese e Vigário Episcopal para
a Educação e a Universidade, confe-
riu a bênção dirigida a todas as pessoas
enfermas.
A bênção conclusiva da procissão eu-
carística aconteceu no Largo Santa Ifigê-
nia, em frente à Basílica Menor de Nossa
Senhora da Conceição, onde o Cardeal
Scherer invocou a bênção por toda a Ar-
quidiocese, em caminho pós-sinodal e
pelas vocações, recordando a realização
do 3º Ano Vocacional do Brasil.
(Colaboraram: Fernando Arthur e Fernando Geronazzo).
18 | Corpus Christi – Especial | 14 a 20 de junho de 2023 | www.osaopaulo.org.br
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Jesus Eucarístico está no meio de nós

REDAÇÃO quinta-feira, 8, os católicos celebraram a nais tapetes deram testemunho público podem ser consultadas na redes sociais
osaopaulo@uol.com.br presença real de Cristo na Eucaristia, e de fé. do O SÃO PAULO (@jornalosaopaulo)
com procissões com o Santíssimo pelas Veja a seguir algumas da fotos do ou pesquisadas por meio da hashtag
Na Solenidade de Corpus Christi, na ruas e praças e a montagem dos tradicio- Corpus Christi na Arquidiocese. Outras #CorpusChristiArquiSP.

Pascom paroquial
Pascom paroquial
Pascom paroquial

co da Paróquia
Padre Adalton Pereira de Castro, Páro
Sen hora da Lap a, na Regi ão Lapa , conduz o San-
Nossa nos doaram
imas à igreja. Paro quia
tíssimo pelas ruas próx te solidário.
de tape
roupas e alimentos para a confecção

Pascom paroquial
No Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora da Salet-
te, na Região Santana, o tapete de Corpus Christi foi com-
posto pelas roupas doadas ao centro social. A missa foi
presidida pelo Padre Marcos Almeida, MS, Reitor, e conce-
lebrada pelo Padre Carlos Guimarães, MS.
Padre Francisco Ferreira da Silva, Administrador Paro-
quial da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila
Albertina, Região Santana, conduz o Santíssimo no tape-
te montado pelos fiéis e ladeado com mantimentos que
serão doados a pessoas em situação de vulnerabilidade
social.

Assembleia de fiéis e servidores do altar durante a ado- Pascom paroquial

ração ao Santíssimo na Paróquia Santa Luzia, na Região
Lapa, em missa presidida pelo Padre Eduardo Augusto Pascom paroquial

de Andrade, Pároco.

Pascom paroquial

Na Paróquia Bom Pastor, na Região Brasilândia, a Sole-

Conêgo Sergio Conrado conduz a procissão com o
Santíssimo nos arredores da Paróquia São Gabriel, na
Região Sé, após presidir a missa, que teve entre os con-
celebrantes os Padres Carlos Alberto da Silva e Vittorio
Moregola, Vigário Paroquial.
nidade de Corpus Christi foi celebrada na rua em frente
à Comunidade São Benedito, no Jardim Paulistano, com
missa presidida pelo Padre Natanael Pires, Pároco, e con-
celebrada pelo Padre Konrad Körner.

Taíse Cortês
Priscila Rocha

Crianças e adolescentes, unidos ao Padre Pedro Augus-

to Ciola, Pároco, participam da montagem do tapete de
Corpus Christi em frente à matriz da Paróquia Sagrado
Coração de Jesus, na Região Lapa.
Região Brasilândia,
Pelas ruas da Vila Zatt, fiéis participam da procissão com Na Paróquia São Luís Gonzaga, na
uma vez o tape te solidário, com rou-
o Santíssimo, conduzida pelo Cônego José Renato Fer- foi montado mais
pere cíve is, com os quais
reira, Pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na pas, cobertores e alimentos não
símb olos católicos, inclu sive em alusão
Pascom paroquial Região Brasilândia. foram formados
miss a foi presidida pelo
ao 3o Ano Vocacional do Brasil. A
Padre Roberto Mou ra, Pároco.

Pascom paroquial

Pascom paroquial

Procissão com o Santíssimo nas ruas próximas à igreja

Na Paróquia Assunção de Nossa Senhora, na Região Fiéis participam da procissão com o Santíssimo pelas matriz da Paróquia São Bernardo de Claraval, na Re-
Sé, a missa foi presidida pelo Padre Juarez de Castro, Pá- ruas da Vila Ipojuca, conduzida pelo Padre Fabiano de gião Ipiranga, após a missa presidida pelo Padre Hernane
roco, e houve a procissão com o Santíssimo pelas ruas Souza Pereira, Pároco da Paróquia São João Batista, na Módena, Pároco.
próximas à igreja. Região Lapa.
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Pascom paroquial
Cuca - Foto Sacra Pascom paroquial

Na Paróquia-Santuário Sagrado Coração de Jesus, na Na Paróquia-Santuário Nossa Senhora do Sagrado

Região Sé, a solenidade de Corpus Christi começou com a Coração, na Região Belém, a missa da solenidade de
adoração ao Santíssimo Sacramento e o Terço da Miseri- Corpus Christi foi presidida pelo Padre Reuberson Fer-
córdia. Depois, houve a missa, presidida pelo Padre Alcy reira, MSC, Pároco. Após a celebração, os fiéis saíram em
Mauricio da Silva Júnior, SDB, Pároco, e a procissão com o procissão pelas ruas da Vila Formosa.
Santíssimo pelas ruas do bairro de Campos Elísios.

Procissão de Corpus Christi pelo Parque Novo Mundo,

conduzida pelo Frei Cássio Ramon Nascimento, OSA, Pascom paroquial
Pascom paroquial Pároco da Paróquia Santa Rita de Cássia, na Região
Santana.

Pascom paroquial

ia, no Pari, na Re-

Jovens da Paróquia Santa Rita de Cáss
m, durante a mon tage m do tape te de Corpus
gião Belé Cônego
16h, foi presidida pelo
Christi. A missa solene, às
o, Páro co, após a qual acon tece u a procissão
Celso Pedr
com o Santíssimo.
ão Santana, a mis-
Na Paróquia São Sebastião, na Regi
us Christi foi pres idida pelo Padre Luiz Cláudio
sa de Corp
pelo Diác ono Eduardo Sierra.
Vieira, Pároco, assistido o Santíssimo Pascom paroquial
celebraç ão, ocor reu a procissão com
Após a s em frente
orat órios mon tado
e a bênção em pequenos
a algumas casas.
Fiéis participam de procissão com o Santíssimo nas pro-
ximidades da Paróquia Nossa Senhora da Saúde, na
Região Ipiranga, após missa presidida pelo Frei Alcimar
Pascom paroquial Fioresi, OAR, Pároco.

Pascom paroquial

Cônego José Augusto, Pároco, cond

uz o Santíssimo Sa-
cramento em missa na Paróquia São
Geraldo, em Perdi-
zes, na Região Sé, na Solenidade de
Corpus Christi. Tapete de Corpus Christi da Paróquia
São José do Ma-
ranhão, na Região Belém, além dos
símbolos relativos à
Eucaristia, também fez alusão ao Síno
Pascom paroquial do universal 2021-
2024 e ao sínodo arquidiocesano.

Senhora Apareci-
No Santuário Arquidiocesano Nossa
Ipiranga, os fiéis, mot ivad os pelo Pároco e
da, na Região s não perecí- Pascom paroquial
am alimento
Reitor, Padre Zacarias Paiva, doar us Christi.
puse ram o tape te solidário de Corp
veis que com o, serão
la do Sant íssim
Os donativos, entregues na cape de social.
oas em situa ção de vuln erab ilida
doados a pess

Pascom paroquial

Na Área Pastoral Nossa Senhora das Flores, na Região

Tapete de Corpus Christi confeccionado por paroquianos,
muitos dos quais jovens e crianças, no pátio da Paróquia
Santa Cruz, na Vila Itaberaba, Região Brasilândia. A missa
foi presidida pelo Padre Carlos Ribeiro, Pároco.
Centenas de fiéis participaram da procissão de Corpus
Christi nas ruas próximas ao Santuário São Judas Ta-
deu, na Região Ipiranga. Oratórios foram montados em
frente às casas e outros pontos do bairro para momentos
de oração e a bênção com o Santíssimo.
Belém, após a missa presidida pelo Padre Tadeu Ferreira,
SVD, e concelebrada pelo Padre Romanus Hami, SVD, os
fiéis seguiram em procissão com o Santíssimo pelas ruas
até a Comunidade Frei Galvão, onde ocorreu um mo-
mento de adoração.
Pesquisa e edição: Daniel Gomes Araújo e Fernando Arthur Crepaldi
20 | Corpus Christi – Especial | 14 a 20 de junho de 2023 |
Eucaristia: mistério da
fé e sacramento da salvação
FERNANDO GERONAZZO
ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
Instituída por Jesus Cristo na
Última Ceia, a Eucaristia perpetua
o sacrifício da cruz na Igreja ao lon-
go dos séculos. Quando este sacra-
mento é celebrado, o acontecimento
central de salvação se faz realmen-
te presente e “realiza-se também a
obra da nossa redenção”, como ex-
pressou São João Paulo II, na encí-
clica Ecclesia de Eucharistia (2003).
O santo sacrifício eucarístico
torna presente não só o mistério da
Paixão e Morte de Jesus, mas tam-
bém o mistério da sua Ressurreição.
Por estar vivo e ressuscitado é que
Cristo pode se tornar “pão da vida”
(Jo 6,35.48).
Tal verdade de fé era proclama-
da pelos padres e doutores dos pri-
mórdios da Igreja. Santo Ambrósio
lembrava aos cristãos recém-batiza-
dos: “Se hoje Cristo é teu, Ele res-
suscita para ti cada dia”. Já São Ci-
rilo de Alexandria sublinhava que
a participação na Eucaristia “é uma
verdadeira confissão e recordação
de que o Senhor morreu e voltou à
vida por nós e em nosso favor”.
PRESENÇA REAL
É certo que Jesus ressuscitado
está presente na Igreja de diversas
maneiras: na sua Palavra, na ora-
ção da Igreja – “Onde dois ou três
estão reunidos em Meu nome…”
(Mt 18,20) –, nos pobres, nos do-
entes, nos prisioneiros, nos seus sa-
cramentos, dos quais é o autor, e na
pessoa do ministro ordenado que
preside a Santa Missa. A doutrina
católica, porém, ressalta que é so-
bretudo sob as espécies eucarísticas
que o Senhor manifesta sua presen-
ça por excelência.
Pelas palavras de Jesus na Últi-
ma Ceia e pela invocação do Espí-
rito Santo na celebração da missa,
o pão e o vinho se tornam verda-
deiramente o Corpo e o Sangue de
Cristo. O Concílio de Trento afirma
que na Eucaristia estão “contidos,
verdadeira, real e substancialmente,
o corpo, o sangue, a alma e a divin-
dade de Nosso Senhor Jesus Cristo”,
ou seja, “Cristo completo”.
COMUNHÃO
O ápice da participação na Eu-
caristia é a comunhão. É o próprio
Jesus que convida: “Se não comer-
des a carne do Filho do Homem e
não beberdes o seu sangue, não te-
reis a vida em vós” (Jo 6,53).
O principal fruto da comunhão
eucarística é a união íntima com
Cristo Jesus. “De fato, o Senhor diz:
‘Quem come a minha carne e bebe
o meu sangue permanece em Mim
e Eu nele’ (Jo 6,56).
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Dom Odilo exorta que padres falem mais aos fiéis sobre a participação na missa dominical
Os que recebem a Eucaristia ficam
mais estreitamente unidos a Cristo, que
une todos os fiéis em um só corpo: a
Igreja. Como afirma o apóstolo São Pau-
lo: “O cálice da bênção, que abençoamos,
não é comunhão com o sangue de Cris-
to? O pão que partimos não é comunhão
com o corpo de Cristo? Uma vez que há
um único pão, nós, embora muitos, so-
mos um só corpo, porque participamos
desse único pão” (1Cor 10,16-17).
O DIA DO SENHOR
O Catecismo da Igreja Católica des-
taca que o domingo é chamado de “o Dia
do Senhor”, pois foi nele que Jesus Cristo
ressuscitou e deu início à nova criação.
Por essa razão, os fiéis católicos devem
santificar este dia, participando da ce-
lebração eucarística, em que se reúne a
comunidade cristã, e buscando se abster
de trabalhos e negócios que possam im-
pedir tal santificação.
A observância dos preceitos litúrgi-
cos não consiste apenas em mera for-
malidade legal, mas está profundamen-
te relacionada com a experiência da fé
cristã. Corresponde ao 1º mandamento
da Igreja – participar da missa inteira aos
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domingos, de outras festas de guarda e se
abster de ocupações de trabalho e negó-
cios incompatíveis com a santificação do
Dia do Senhor –, que está diretamente
relacionado ao 3º mandamento da Lei de
Deus – Guardar domingos e festas.
“A Eucaristia do domingo fundamen-
ta e sanciona toda a prática cristã. Por
isso, os fiéis são obrigados a participar da
Eucaristia nos dias de preceito, a não ser
por motivos muito sérios (por exemplo,
uma doença, cuidado com bebês) ou se
forem dispensados pelo próprio pastor.
Aqueles que deliberadamente faltam a
esta obrigação cometem pecado grave”,
continua o Catecismo (CIC 2181).
A instrução Euchariticum Myste-
rium, publicada em 1967 pela então
Congregação para os Ritos (atual Dicas-
tério para o Culto Divino e a Disciplina
dos Sacramentos), enfatiza que, para que
os fiéis aceitem de bom grado o preceito
da santificação do dia da festa e enten-
dam a razão pela qual a Igreja os convoca
todos os domingos para celebrar a Euca-
ristia, deve-se propor e ensinar, desde o
início da formação cristã, a importância
do domingo como Dia do Senhor, teste-
munhando a beleza de a comunidade se
reunir para celebrar o grande mis-
tério da fé.
“Convém fomentar o sentido da
comunidade eclesial, que se nutre
de um modo especial na celebração
comunitária da missa dominical,
seja em torno do bispo, sobretudo
na catedral, seja na assembleia pa-
roquial, cujo pároco faz as vezes do
bispo”, diz o documento.
A instrução também reforça
que, para ressaltar o valor da mis-
sa dominical, procure-se celebrá-la
com solenidade, preferencialmente
com cantos que incentivem a par-
ticipação ativa dos fiéis na liturgia.
DESCANSO
Em relação ao descanso pró-
prio dos dias santos, São João Paulo
II, na carta apostólica Dies Domi-
ni (1998), afirma que, para não se
tornar vazio nem fonte de tédio,
deve gerar enriquecimento espiri-
tual, maior liberdade, possibilida-
de de contemplação e comunhão
fraterna”.
“Nesta perspectiva, o descanso
dominical e festivo adquire uma di-
mensão ‘profética’, defendendo não
só o primado absoluto de Deus, mas
também o primado e a dignidade da
pessoa sobre as exigências da vida
social e econômica, e antecipando
de certo modo os ‘novos céus’ e a
‘nova terra’, nos quais a libertação
da escravidão das necessidades será
definitiva e total. Em resumo, o Dia
do Senhor, na sua forma mais au-
têntica, torna-se também o dia do
homem”, completou o Santo Padre.
EPIFANIA DA IGREJA
“Na celebração da Eucaristia, so-
bretudo a Eucaristia dominical, nós
temos a verdadeira epifania da Igreja,
a manifestação daquilo que Ela é: Je-
sus reunido com os seus discípulos”,
afirmou o Cardeal Odilo Pedro Sche-
rer, na missa da Solenidade de Cor-
pus Christi, na Praça da Sé, na quinta-
-feira, 8 (leia mais na página 17).
Na ocasião, o Arcebispo de São
Paulo pediu aos padres que se em-
penhem para que haja boa parti-
cipação dos fiéis nas missas, e que
possam orientá-los sobre a impor-
tância da Eucaristia para a vida do
cristão.
“Temos de falar ao povo não
simplesmente sobre o dever de par-
ticipar da Eucaristia dominical, mas
também falar da beleza, do signifi-
cado alto, bonito, da participação
na missa dominical”, exortou, re-
comendando que se fale a respeito
disso especialmente às crianças,
adolescentes e demais pessoas que
estão no processo de iniciação à
vida cristã, por meio de uma efetiva
catequese progressiva ao mistério
da fé celebrado na Igreja.