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O Uso de Materiais Alternativos e Conforto em Habitações Sociais

Sumário

1. Apresentação do Tema ......................................................................................... 3


2. Objetivos .............................................................................................................. 3
2.1. Objetivo Geral ............................................................................................. 3
2.2. Objetivos Específicos .................................................................................. 4
3. Justificativa .......................................................................................................... 4
4. Metodologia ......................................................................................................... 4
5. Desenvolvimento ................................................................................................. 5
6. Considerações Finais
7. Referências Bibliográficas

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1. Apresentação do Tema

É de conhecimento geral que existe um déficit habitacional no Brasil e que o


governo tenta diminuir essa taxa através de programas habitacionais, esses são de âmbito
federal, estadual e municipal. Os projetos são voltados a famílias, cuja renda mensal bruta
não ultrapasse R$ 4.650,00, equivalente a aproximadamente a cinco salários mínimos.
Eles teriam por objetivo integrar a população de baixa renda ao meio social garantindo-
lhes moradia digna.

Todavia, os projetos não possuem boa qualidade arquitetônica, muito menos


construtiva. Além disso, não se é levado em conta as necessidades individuais das
famílias.

Por isso, tem-se a necessidade se elaborar um projeto a partir de metodologias


mais participativas, isso é, envolvendo a população a ser beneficiada e os arquitetos
responsáveis, além de projetar com mais qualidade.

Também é essencial considerar aspectos como a sustentabilidade, até porque os


projetos são de baixos custos, assim o uso de materiais alternativos se torna fundamental,
pois possibilita o decréscimo do valor da obra. Assim, além de beneficiar a família, o
projeto não agride o meio ambiente.

2. Objetivos

2.1. Objetivo Geral

Elaborar um projeto em que resíduos encontrados na região possam ser utilizados


na produção de materiais alternativos, a fim de emprega-los na construção de habitações
sociais, na cidade de Campos dos Goytacazes. Esse tipo de moradia, já existente, foi
implementada pelo “Programa Morara Feliz”, e tem déficits de conforto e má
aproveitamento espacial. Por isso, será utilizada a proposta projetual “MORA”, como
base de estudos e apropriação desse novo projeto.

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2.2. Objetivos Específicos

- Estudar os projetos de habitações sociais, com o intuito de abordar suas


deficiências;

- Abordar diferentes utilizações de resíduos na produção de materiais de


construção civil;

- Associar os materiais alternativos ao conforto nas moradias;

- A partir do estudo projetual do “MORA”, solucionar os problemas encontrados


na grande parte dos demais projetos habitacionais;

- Fazer um protótipo adequado da residência;

3. Justificativa

O tema abordado é de extrema relevância vista a grande deficiência projetual da


maioria dos programas habitacionais e a necessidade de utilização métodos
ecologicamente corretos de construção. Portanto com uma nova proposta projetual
baseada na metodologia “MORA” e adotando materiais alternativos a partir de resíduos
encontrados na região de modo que esses materiais sejam adequados para que haja
conforto no projeto e que tenha uma redução de custos na construção, tornando-se
possível a minimização dos problemas encontrados nessa grande maioria de programas
habitacionais.

4. Metodologia

A metodologia do presente trabalho consiste em estudos de pesquisas


bibliográficas retiradas de veículos de comunicação que abordam o tema em questão. Os
artigos retratam todo o contexto das habitações sociais no país e abordam as formas de

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construção alternativas, materiais e técnicas utilizadas para um melhor conforto
habitacional e redução de custos de construção em forma de textos e conteúdos científico.

Pretende-se fazer uma pesquisa de campo em habitações sociais da cidade com o


objetivo de recolher informações para maior compreensão da realidade de vida dos
moradores. Assim como uma outra pesquisa para analisar materiais alternativos, com o
intuito de verificar sua funcionalidade na construção civil. Essa será feita na Universidade
Estadual do Norte Fluminense (UENF) onde há projeto em desenvolvimento que aborda
o assunto.

5. Desenvolvimento

O presente trabalho apresenta uma análise que envolve o sistema projetual do


programa habitacional “MORAR FELIZ”, implantado na cidade de Campos dos
Goytacazes, de forma a repará-lo a partir da proposta projetual “MORA”, que fora
desenvolvido pela Universidade Federal de Uberlândia, visto a necessidade fundamental
de se estabelecer medidas que priorizem o bem estar comum de cada família. Essa
proposta se baseia em princípios sustentáveis e flexíveis, visando à funcionalidade da
moradia.

É de conhecimento geral que existe um déficit habitacional no Brasil e que o


governo tenta diminuir essa taxa através de programas habitacionais, esses são de âmbito
federal, estadual e municipal. Os projetos são voltados a famílias, cuja renda mensal bruta
não ultrapasse R$ 4.650,00, equivalente a aproximadamente a cinco salários mínimos.
Eles teriam por objetivo integrar a população de baixa renda ao meio social garantindo-
lhes moradia digna.

Todavia, os projetos não possuem boa qualidade arquitetônica, muito menos


construtiva. Os projetos oferecem baixo índice de habitualidade, sendo que as casas
construídas não atendem as necessidades de todos os moradores.

Mesmo estando de acordo com o Plano Nacional de Habitação (2009), o programa


do município não faz abertura, adequadamente, à participação das famílias beneficiadas
no momento de execução do projeto, visto que eles deveriam ter o direito de conhecer e
opinar sobre o novo local de moradia. Esse fato foi comprovado através de entrevistas
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com beneficiados, realizadas por Ana Paula Serpa Nogueira de Arruda, durante a
formulação de sua tese de Doutorado em Sociologia Política. Esse deveria ser um projeto
democrático e inclusivo, mas o projeto não atende aos diferentes perfis familiares, sociais
e culturais, pois este é padronizado.

Em âmbito nacional, estudando as plantas que são desenvolvidas por parte dos
projetos de habitação social, encontra-se mal planejamento, o que gera residências
insalubres, comprometendo a ventilação, a circulação, luminosidade. Além disso, o
espaço reduzido dificulta a disposição dos móveis e há falta de espaço para estocagem.

“Um dos principais “reflexos na qualidade de vida das pessoas” pode ser observado nos
espaços internos das habitações. Invariavelmente o tamanho das habitações tem
diminuído drasticamente tornando-os diminutos, claustrofóbicos e com capacidade de
mobiliamento desprezível” (LEITE e OLIVEIRA, 2007: 2).

Já o Programa “MORAR FELIZ”, modelo utilizado para a pesquisa, não se


encontra tantas falhas projetuais. As maiores reclamações, por parte dos moradores, além
da falta do design participativo é a distância entre os centros urbanos e os conjuntos
habitacionais, o que acarreta a falta de serviços públicos (creches, escolas, postos de
saúde, área de lazer, etc.), a insegurança. A mobilidade também fica prejudicada por falta
desse fator. Esses déficits deveriam ser solucionados por parte da prefeitura antes mesmo
do realocamento, porém isso não ocorre. Outros pontos negativos são: a qualidade
construtiva, pois essas moradias apresentam problemas estruturais, como rachaduras nas
paredes; e o mal planejamento, que adjunto a utilização de pequenos lotes, ocasionam a
redução dos espaços internos e comprometem a disposição dos móveis, a circulação e a
falta de espaço para estocagem.

Entre as dificuldades encontrados nesse projeto, tem-se a escassez de local para


realizar refeições, trabalhos e estudos, áreas de serviço são descobertas, espaços de
socialização são reduzidos. Muitas vezes, ocorre ampliações que acontecem de formas
precárias, sendo que o projeto não lhes oferece outra forma de ampliação, pois os lotes
são setorizados em frente – edifício - fundos.

Essa redução dos espaços habitacionais pode estar relacionada com os parâmetros
mínimos estabelecidos pelos órgãos públicos, tendo como finalidade reduzir gastos e
tempo de execução das obras, além da falta-de-mão de obra qualificada.

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Planta do “MORAR FELIZ”

Visto essas condições, esse trabalho, utiliza como base o projeto “MORA” tendo
o intuito de elaborar e construir um projeto visando os diferentes modos de vida da
sociedade campista, solucionando assim os déficits projetuais do “MORAR FELIZ”.

Portanto, propõe-se a utilização de espaços uni-funcionais, assim melhorando a


circulação, luminosidade, ventilação e disponibilização mobiliária, e consequentemente
proporcionando a redução de custos de construção. Então propõe-se também utilizar uma
área um pouco maior que a convencional de 51 m², assim como os 10% das casas do
projeto “MORAR FELIZ” que estão dentro do padrão acessível; de apenas um
dormitório, o que possibilita uma ampliação sem grandes transtornos. Os espaços dos
cômodos passarão a superam os índices exigidos por lei. Resolve-se, então os problemas
de estocagem, e o projeto faz com que o problema do mobiliário também seja
solucionado. Essas melhorias serão possíveis através da utilização de paredes móveis.
Isso possibilita o beneficiado a adequar o espaço de acordo com a sua necessidade, não
comprometendo o espaço de socialização. A área de serviço será integrada a cozinha, e
visando a melhor funcionalidade, o banheiro será setorizado, isso é, dividido em três
partes, área da ducha, área do vaso sanitário e área do lavatório, todos independentes,
visando uma melhor utilização dos espaços.

Dessa maneira o espaço se torna mais funcional, integrando as necessidades dos


moradores, sendo que durante a ocupação da residência, é provável que a família se
modifique, e assim, o espaço pode sofrer alterações. Podendo também ser ampliada. E
assim, garantindo o conforto na habitação.

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Uma fachada sega será instalada, possibilitando a futura ampliação tanto vertical
quanto horizontal. Isso faz com que se tenha também uma maior integração entre os
fundos e a frente da casa, sendo o acesso não apenas por dentro da casa.

Planta do projeto “MORA”, que serve de modelo para o reajuste projetual do “MORAR FELIZ”

Planta de Locação do projeto “MORA”, que servirá de base para o reajuste projetual do “MORAR FELIZ”

Esquema de possíveis ampliações do projeto “MORA”, que serve de modelo para o reajuste projetual do “MORAR FELIZ”

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Direcionando o assunto para a questão do uso de materiais alternativos, o artigo
“SISTEMAS CONSTRUTIVOS COM USO DE RESÍDUOS: uma alternativa para
reduzir o custo da habitação popular” faz uma interessante comparação, tendo como
exemplo a evolução da indústria eletrônica e a construção civil, sendo que a medida a
qual a indústria eletrônica se evolui, ela passa a consumir menos materiais na fabricação
de seus produtos. Isso não acontece na construção civil. Os materiais na construção civil
são consumidos de acordo com a grandeza das edificações.

Visando um projeto mais ecologicamente correto e a redução de custo de


construção, propõe-se o uso de materiais alternativos, que são facilmente encontrados na
região, no processo de construção dessas habitações populares.

A cidade Campos dos Goytacazes, desde sua origem é fortemente reconhecida por
ser produtora de açúcar. Visto que seu território tem o clima ideal para o cultivo da
matéria prima da produção desse produto, a cana-de-açúcar. Portanto se instalou na região
as usinas açucareiras. Até hoje, embora a produção tem sido reduzida, já que o foco de
sua economia foi voltada para a região portuária e sua potência petrolífera, ainda há o
cultivo de cana-de-açúcar.

Durante a extração do caldo da cana-de-açúcar é gerada grande quantidade de


bagaço, esse bagaço é queimado em caldeiras para gerar vapor e assim, gera como resíduo
a cinza do bagaço.

A região, então é geradora desses resíduos providos dessa produção e tem grande
potencial para a fabricação de material alternativo para a construção civil. Como a
produção de tijolos ecológicos à base da cinza do bagaço da cana-de-açúcar.

Os tijolos feitos de cinza de bagaço de cana de açúcar são considerados


ecologicamente corretos, pois sua secagem acontece de forma natural, diferente do tijolo
de argila, que precisa ser queimado, e também não há necessidade de se extrair argila dos
cursos d’água provocando erosão e assoreamento de rios. Portanto esses tijolos de bagaço
de cana reduzem os custos em relação a outros tijolos, sendo sua confecção uma
alternativa vantajosa econômica e ambientalmente para a construção civil.

Foram realizados testes de produção da argamassa para fabricação dos tijolos


ecológicos laboratório de produção sucroalcooleira do Centro Universitário Unifafibe em

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Bebedouro-SP, durante o período de fevereiro a julho de 2013. A produção acontece da
seguinte forma: são misturados manualmente cinza úmida do bagaço, cimento e areia na
proporção de 46,60%, 13,90% e 25,60% respectivamente, até obter uma pasta uniforme.
Após obtenção da pasta de argamassa, esta foi transferida para uma forma retangular de
alumínio revestida com plástico para facilitar desenformar. O tijolo foi então
desenformado e deixado secar ao ar por 36 horas.

Portanto essa alternativa será aderida a essa nova concepção do projeto “MORAR
FELIZ”, o que possibilitará a redução dos custos de construção.

Outro ponto que deve ser levado em conta, para que a construção ocorra
de maneira ecologicamente correta e para a redução de custos de obra, é a redução da
geração dos entulhos, então, pode-se aplicar algumas medidas durante a execução da obra,
como, por exemplo, a utilização de rolos para aplicar o chapisco, reduzindo a queda do
material. E também, a contratação de transporte de tijolos deve ser bem articulada, de
forma que não haja eventuais quebras do material. E caso essas alternativas não possam
ser usadas, é aconselhável que o material seja reaproveitado, podendo também ser
utilizado no enchimento do piso.

6. Considerações Finais

Grande parte habitações sociais encontradas no Brasil, além de serem usadas


como mercadorias, tem uma qualidade baixa, tanto arquitetonicamente, o que dificulta
sua futura ampliação e também na hora de locar o mobiliário, quanto em estrutura por
conta dos seus materiais de baixa qualidade. Além disso, não oferecem conforto aos
moradores.

Visto isso, o presente trabalho, tem o intuito de estudar e propor projetos de


melhorias habitacionais, baseadas no programa “MORA” objetivando suprir as
deficiências existentes nos projetos de órgãos públicos como o “Morar Feliz”. Sua
metodologia, portanto, está baseada em pesquisas, com o intuito de atender tanto a
sociedade quanto os gestores públicos, desenvolvendo técnicas e utilizando materiais
alternativos.

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Desse modo o trabalho apresenta uma maneira de se minimizar os problemas
encontrados no projeto habitacional do “Morar Feliz”, investindo em habitações sociais
de qualidade, que atenda a cada perfil familiar, e que lhes possibilite sua ampliação, e
também, que os moradores possam expressar sua identidade na moradia. Isso torna-se
possível através do design participativo, já que este respeita os diferentes perfis
familiares, sociais e culturais. Além disso ele prevê a utilização de materiais alternativos,
produzidos com resíduos encontrados na região, garantindo um decréscimo do custo da
construção e contribuindo para a preservação do meio ambiente.

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7. Referências

VILLA, Simone; CARVALHO, Luiz. Funcionalidadede do Habitar Social: metodologia


e soluções projetuais para uma melhor qualidade habitacional a partir da experiência do
projeto [MORA]. XIVENTAC – Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente
Construído, Juiz de Fora, 2012 p.2183 – 2193. Disponível em
http://www.infohab.org.br/entac2014/2012/docs/1247.pdf acesso em: 02/03/2016.

MAIA, Maria; MUNIZ, Euler; FREITAS, Maria do Carmo; MELO, Noricka. Sistemas
Construtivos Com Uso De Resíduos: uma alternativa para reduzir o custo da habitação
popular. Semina: Ci. Exatas/Tecnológicas, Londrina, v. 16, n. 4, p. 569-573, dez. 1995.

CORREA, Jessica Carolina Cristina. FERREIRA, Françoa Fernandes. GUIMARÃES,


Rita de Cássia Melo. Tijolos Ecológicos de Bagaço de Cana-de-açúcar. Centro
Universitário Unifafibe, Bebedouro, SP. Revista EPeQ/Fafibe on-line, 5ª edição, 2013, p.
79-81. Disponivel em:
http://www.unifafibe.com.br/revistasonline/arquivos/revistaepeqfafibe/sumario/27/0502
2014173529.pdf acesso em: 03/05/2015

http://www.mbc.org.br/mbc/uploads/biblioteca/1297451004.6554A.pdf, acesso em:


10/05/2016

ARRUDA, Ana Paula. Política Habitacional e Direito À Cidade: A Experiência do


Programa “Morar Feliz” Em Campos Dos Goytacazes-Rj. Tese apresentada ao Centro de
Ciências do Homem, da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das
exigências para obtenção do título de Doutora em Sociologia Política. Disponível
http://uenf.br/pos-graduacao/sociologia-politica/files/2013/03/Tese-Ana-Paula-Serpa-
Nogueira-de-Arruda.pdf acesso em 10/05/2016

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ANDRADE, Claudio. O Projeto ‘Morar Feliz’ em Campos dos Goytacazes. Disponível
em:http://blogclaudioandrade.blogspot.com.br/2015/02/o-projeto-morar-feliz-em-
campos-dos.html, acesso em 11/05/2016

FARIA, Teresa e POHLMANN, Maria Alice. Dinâmica Socioespacial de Campos dos


Goytacaes/Rj: o programa habitacional morar feliz e expansão da periferia. Disponível em:
http://xvienanpur.com.br/anais/?wpfb_dl=513, acesso em: 17/05/ 2016

ARRUDA, Ana Paula. As Possibilidades do Planejamento Participativo em Programas


Habitacionais: A Experiência do Programa Morar Feliz em Campos Dos Goytacazes-RJ
Disponível http://fazer.ucam-campos.br/sites/seminario_de_integracao/images/arquivos
/2014/Ana_Paula.pdf, acesso em: 16/05/2016

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