Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1 Apresentação geral
3 O estudo de caso
4 Procedimentos metodológicos
12
1 Apresentação geral
A
pesquisa em questão foi desenvolvida utilizando-se como estudo de caso o Conjunto Habitacional
Jardim São Luís, ocupado a partir de 1993, situado na região sudoeste do município de São
Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU), com unidades habitacionais em 13
edifícios iguais, modelo “H”, com quatro pavimentos com oito apartamentos cada.
Especificamente, foram considerados nesta pesquisa não somente as unidades habitacionais e seus
edifícios, mas também sua circunvizinhança, a infra-estrutura, os serviços, a escola e as áreas livres do
conjunto.
Este trabalho desenvolve, então, uma pesquisa teórico-prática, com a aplicação dos conceitos e dos
1
FOLHA DE S. PAULO. Programa de cortiços tem primeira licitação. 10-Imóveis,
10-Imóveis 25 jan. 1998, p. 2.
2
GAZETA MERCANTIL, 3 fev. 1997, p. A-5.
3
GAZETA MERCANTIL, 3 fev. 1997, p. A-5.
Se os últimos levantamentos e estimativas mostram ciclo de empresas informais nascentes, e assim sucessi-
um boom no emprego informal que praticamente atinge vamente. A economia como um todo, porém, acaba por se
50% da população ocupada4 , a grande hipótese a se fortalecer, o que resulta em desenvolvimento5 .
formular é que há uma competitividade latente em muitos Talvez o fenômeno aqui no Brasil, por ter-se
dos que ficaram desempregados, e essa energia tem sido
acentuado só recentemente, não permita admitir-se seme-
dirigida, positivamente, para a adaptação a novas circunstân- lhante conclusão. Ainda mais quando dados levantados
cias ou para o início de um “negócio”, ainda que informal.
pelo IPEA mostram que a informalidade no Nordeste, onde
Panoramas como esse são descritos por pesqui- já é tradição e atinge cerca de 60% dos empregos, é
sadores e estudiosos da sociedade asiática, mostrando que resultado da oferta de baixos salários com carteira assinada,
18
lá esse tem sido o caminho para o amadurecimento econô- de maneira semelhante ao que ocorre no Rio de Janeiro,
mico, uma vez que o desenvolvimento tem mostrado que onde também predomina um informal precário, como o
paulatinamente essas firmas, inicialmente informais, vão da região fluminense, com camelôs, vendedores de sanduí-
se inserindo no mercado formal, dando lugar a um novo ches nas praias e empresas de fundo de quintal6 .
4
GAZETA MERCANTIL, 3 fev. 1997, p. A-5.
5
UNITED NATIONS. Centre for Regional Development. Habitat II, Dialogue 1: "How Cities Will Look in the 21st Century". Proceedings of Habitat II,
II Dialogue 1:
How cities will Look in the 21st Century, 4 June 1996, Istanbul, Turkey.
6
GAZETA MERCANTIL, 3 fev. 1997, p. A-5.
7
GAZETA MERCANTIL, 3 fev. 1997, p. A-5.
8
EMPLASA, Censo de 1991.
9
EMPLASA, Censo de 1991.
11
EMPLASA, Censo de 1991.
12
Regras Internas da CDHU, conforme SFH, para as duas faixas de maiores rendas familiares, enquanto para as duas de menor renda é conforme a Lei ICMS-
Habitação.
20
13
Secretaria de Estado da Habitação/CDHU, 1997.
14
GAZETA MERCANTIL, 10 abr. 1997, p. D-1.
15
GAZETA MERCANTIL, 10 abr. 1997, p. D-1.
16
GAZETA MERCANTIL, 10 abr. 1997, p. D-1.
17
CDHU - Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo - Superintendências de Desenvolvimento Social, de Planejamento e
Controle e de Projetos. "Documento Elaborado por Ocasião da Visita do Especialista Holandês Dr. Theo van der Voordt", Voordt" julho de 1996. "A Região
Metropolitana tem 8.015 km2 de área e compõe-se de 39 municípios, dos quais 22 têm suas áreas urbanas conurbadas, constituindo uma aglomeração contínua,
que mede sua maior dimensão, no sentido leste–oeste, 90 km".
18
COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO HABITACIONAL E URBANO DO ESTADO DE SÃO PAULO - CDHU. Subsídios à avaliação pós-ocupação dos
empreendimentos Jardim São Luís e Vila Sílvia, por ocasião da visita do especialista holandes Dr. Theo Van der Voordt em São Paulo. CDHU, 1996.
19
COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO HABITACIONAL E URBANO DO ESTADO DE SÃO PAULO - Jardim São Luís I e II e os equipamentos sociais do entorno.
São Paulo: CDHU, 1996.
EMPG e uma Escola Municipal de Primeiro e Segundo A região da AR de Campo Limpo é muito carente
Graus (EMPSG); entre 1 e 1,5 quilômetro situam-se três em equipamentos de cultura e esporte. No Jardim São Luís
EMPG, cinco EEPG, cinco EEPSG e uma EEPG com há apenas uma casa de cultura com atividades, e 14 equi-
pré-escola. Ou seja, o maior número de equipamentos de pamentos de esporte, todos bastante simples. Além disso,
educação situa-se nas áreas mais distantes do conjunto habi- a AR de Campo Limpo é bastante violenta, fato que
tacional, dificultando o acesso das crianças e dos jovens. também se justifica pela ausência de equipamentos de lazer,
o que agrava a situação nos finais de semana.
3.2.2.3 Saúde
Assistência primária à saúde – centros de saú- Considerando o entorno da área Jardim São Luís I,
de, pronto-atendimento, ambulatórios na distância entre 0 e 500 metros situa-se um campo de
A assistência primária à saúde, dada por Unidade futebol apenas; entre 500 metros e um quilômetro situa-se
Básica de Saúde (UBS) municipal, estadual ou federal, apre- também apenas um campo de futebol; entre um e 1,5
34 senta-se muito precária na periferia do município. No quilômetro situam-se seis campos de futebol e dois centros
distrito Jardim São Luís há déficit de três equipamentos. desportivos municipais.
Considerando o entorno da área Jardim São Luís I, Em termos de áreas verdes públicas, observa-se no
na distância entre 0 e 500 metros situa-se uma UBS; entre entorno um total de oito áreas destinadas a essa função.
500 metros e um quilômetro situam-se duas UBS e um Na distância entre 0 e 500 metros situam-se três áreas verdes
centro de saúde estadual; entre um e 1,5 quilômetro situam- públicas; entre um e 1,5 quilômetro situam-se cinco áreas
se duas UBS, um centro de tratamento intensivo municipal verdes públicas, embora não seja mencionada a qualidade
(CTISM), um hospital municipal e um centro de saúde desses espaços. Ou seja, o número de equipamentos de
estadual. Ou seja, o número de equipamentos de saúde é cultura, esporte e lazer é insuficiente para atendimento aos
insuficiente para um atendimento de qualidade aos moradores do conjunto habitacional.
4 Procedimentos metodológicos
No campo internacional, há inúmeras obras e estu-
36 dos voltados aos procedimentos metodológicos para a
avaliação de desempenho (pós-ocupação) da denominada
habitação de interesse social. Destacam-se no campo das
relações Ambiente & Comportamento (RAC), entre outros,
no contexto conceitual, teórico e metodológico, Bechtel
(1997) e Winkel (1993). Em termos dos procedimentos
para aplicação metodológica, em geral, e em um
determinado aspecto ambiental, ou ainda no que respeita
aos aspectos estatísticos, para análise e tabulação de dados,
Figura 5 – Planta original do apartamento
destacam-se Denzin (1994); Patton (1996); Reaves (1992)
Fonte: CDHU, 1996 e Rubin e Rubin (1995), Bechtel, Marans e Michelson
(a) contatos com técnicos do CDHU para seleção do Conforme poder-se-á verificar no decorrer desta
conjunto habitacional do estudo de caso; obra, outros procedimentos metodológicos específicos
foram adotados nesta pesquisa. A análise, por exemplo, do
(b) obtenção de dados socioeconômicos e dos projetos
edifício como um todo, da escola (equipamento comunitário
executivos completos do conjunto habitacional;
eleito para avaliação) e das áreas livres, em suas respectivas
(c) visitas de reconhecimento da área e registros
subáreas técnicas de avaliação (aspectos construtivos,
fotográficos;
análise funcional, conforto ambiental, análise econômica),
(d) apresentação da área de estudo para pós-graduandos necessitou de procedimentos metodológicos específicos,
participantes do levantamento de campo e dos como, por exemplo, medições, simulações, etc. A estrutu-
diagnósticos; ração temática de apresentação dos resultados propicia a
(e) formulação e aplicação do questionário pré-teste para descrição, em separado, dos procedimentos metodológicos
aferir níveis de satisfação dos moradores; específicos de cada uma das subáreas de avaliação.
(f) definição da amostra;
(g) formulação e aplicação dos questionários definitivos 4.2 Critérios de desempenho utilizados como
40
(81, sendo 33 em moradias de OF e 48 em IR); parâmetros para avaliação técnica
(h) leitura dos projetos executivos, especificações Foi estabelecido para cada área do conhecimento
técnicas e planilhas de custos originais; ou temática um conjunto de critérios de desempenho (ver
(i) pré-teste das vistorias técnicas, incluindo Figura 6) que pudesse servir como referencial de qualidade
levantamentos de mobiliário, equipamentos e nas análises técnicas, comportamentais e nos cruzamentos
conseqüentes índices de obstrução em 16 apartamentos; entre ambas. Esses critérios de desempenho são oriundos
(j) aplicação definitiva das vistorias técnico-funcionais de normas nacionais e internacionais, diretrizes de projeto,
em um total de 27 apartamentos (33% da subamostra indicadores qualitativos e quantitativos consagrados, códi-
de 81), sendo 9 de moradores OF e 18 de IR; gos de edificações, experiência profissional dos especialistas
(l) análise comparativa entre satisfação dos usuários envolvidos no projeto e outros.
45
4.7 Sistematização e tratamento dos dados moda, média e desvio padrão (DP), em questões relativas
ao nível de satisfação dos usuários.
As informações foram reunidas em planilhas eletrô-
nicas para computador (Excel for Windows), de modo que Foram assim tabuladas as questões em planilhas com
cada aspecto estudado pudesse ser tabulado distintamente seus respectivos gráficos, e, em seguida, fez-se a compacta-
em uma planilha acompanhada do gráfico mais represen- ção dessas informações por blocos temáticos, objetivando
tativo dos resultados encontrados. As planilhas foram visualizar globalmente os resultados. Os gráficos decorren-
totalmente automatizadas, ou seja, com a introdução das tes das respostas de cada questão visaram comparar níveis
informações dos questionários em fórmulas, para se obte- de satisfação entre OF e IR, tal como nos exemplos (Tabela
rem automaticamente subtotais de cada aspecto analisado, 5 e Gráfico 2) que se seguem.
por número e percentuais no gráfico, além dos valores como
47
Também foram construídos diagramas de barras hori- tem-se a seguir um diagrama de Paretto parcial para o caso
zontais que demonstram hierarquicamente as notas/médias das respostas OF, bloco temático “segurança”.
atribuídas pelos respondentes, da menor à maior, em ordem Esses dados foram tabulados, tanto para UF como
ascendente, segundo uma escala de quatro pontos, como para IR, no formato de gráficos e de diagramas de Paretto
instrumento complementar para visualização dos resultados (Tabela 6).
e instrumento de controle de qualidade. A título de exemplo,
48
20
Sobre esta técnica ver BAIRD et al., 1996 e LNEC, 1995.