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Aula n.º 10
LICENCIATURA EM SOLICITADORIA
ESCOLA SUPERIOR DE COMUNICAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO E TURISMO (EsACT)
INSTITUTO POLITÉCNICO DE BRAGANÇA
- Quando num processo que suba até um tribunal supremo haja lugar à aplicação
do direito da UE, esse tribunal deve devolver a TJUE o julgamento da questão
prejudicial de interpretação ou apreciação de validade perante ele suscitada.
- Se não existirem dúvidas e a resposta for evidente, adota-se a teoria do ato claro.
- Ac. Clifit – o TJUE aceita que há normas de direito da UE tão claras no seu sentido
que não podem suscitar dúvidas, o que exige ao juiz nacional que verifique uma
série de condições para que a norma esteja ai abrigo da teoria do ato claro.
- Total clareza da norma em causa – caso em que não há qualquer questão e em
que não há dúvida.
- A norma aplicável é perfeitamente clara e não suscita a mínima dificuldade de
interpretação – “in claris non fit interpretatio” – aplicação correta do direito
eurocomunitário impõe-se com tal evidência que não deixa lugar a qualquer
dúvida razoável.
DIREITO DA UNIÃO EUROPEIA: ARTICULAÇÃO DA ORDEM JURÍDICA DA UE COM AS
ORDENS JURÍDICAS DOS ESTADOS-MEMBROS
- Obrigatoriedade de Reenvio
- Entendimento maximalista: todos os tribunais que julgam como última instância
devem suscitar questões ao TJUE.
- Acórdão Silva e Brito: o tribunal superior deve colocar a questão ao TJUE, salvo se
houver alguma das exceções à obrigação de reenvio:
- O TJUE tem o monopólio para declarar a invalidade (em linha com os seus poderes
no quadro do recurso de anulação).
- O juiz nacional tem competência para analisar a validade e concluir que é válida,
mas não tem competência para analisar e concluir que não é válida.
- Órgãos jurisdicionais
- Qualquer órgão designado por tribunal na estrutura judiciária interna de cada
Estado-membro, em conformidade com o princípio da autonomia processual.
- Na dúvida o TJUE aceita a questão colocada, mesmo que o autor da questão não
corresponda, prima facie, à qualificação de órgão jurisdicional.
DIREITO DA UNIÃO EUROPEIA: ARTICULAÇÃO DA ORDEM JURÍDICA DA UE COM AS
ORDENS JURÍDICAS DOS ESTADOS-MEMBROS
- Origem legal: órgão criado por lei, de forma direta (ato formalmente legislativo) ou
indireto (ato da função regulamentar)
- Pertinência e caráter obrigatório da sua jurisdição: duplo alcance, em que as
partes são obrigadas a recorrer àquele órgão para resolver o litígio e há
vinculatividade nas decisões proferidas pelo órgão. Podem ser ad-hoc, mas têm
que ter jurisprudência vinculativa (o que afasta alguma dos arbitrais).
- Processo com respeito ao princípio do contraditório: as partes têm de ter a
oportunidade de, com igualdade de armas, expor e debater as respetivas
pretensões processuais.
DIREITO DA UNIÃO EUROPEIA: ARTICULAÇÃO DA ORDEM JURÍDICA DA UE COM AS
ORDENS JURÍDICAS DOS ESTADOS-MEMBROS
- Tem ficado mais flexível, nomeadamente e relação aos tribunais arbitrais (Ac.
Merek Canada (C-555/13) e Ascendi (C-377/13).
- Não é processo contencioso, pois não é acionado pela vontade das partes,
embora elas possa ter nele intervenção.
- Quanto a Portugal, sempre que há questões suscitadas por um tribunal português,
o Estado faz observações.
- Quem responde é sempre e só o TJUE, embora o artigo o art. 256.º, n.º 3, TFUE,
admita que se pode abrir para o Tribunal Geral (o que ainda não foi feito).
- Prevê-se no art. 267.º, TFUE, uma tramitação urgente que reduz os 14/15 meses de
resposta do TJUE para semanas – ocorre em especial nos casos penais e de
regulamentação do poder paternal.
- Acórdão
- Quanto aos efeitos do acórdão sobre a interpretação, a posição do TJUE é sempre
vinculativa para o juiz que colocou a questão e o acórdão tem força desde o dia
da sua prolação.
- Além deste quadro inter partes, a jurisprudência do TJUE produz efeitos num
modelo de efeito de precedente atípico.
- Tem o efeito de caso julgado análogo, mas não se está num quadro de
contencioso.
- A norma não deixa de existir na ordem jurídica do Direito da UE, isto é, a norma
não está morta, está apenas debilitada na sua viabilidade jurídica, pois a norma
não deve ser aplicada, paralisando a sua aplicação para o futuro, pelos que os
juízes não a devem utilizar.
- A jurisprudência portuguesa era contrária ao art. 267.º, TFUE, mas nos últimos anos
a média de colocação de questões prejudiciais é superior a muitos Estados-
membros com a mesma população.
- O princípio tem inspiração no DIP, como expressão do pacto sunt servanda extra
fortalecido.
- Tem um conteúdo mais aprofundado que no DIP devido ao desenvolvimento e
construção jurisprudencial (que conduziu a que dele se extraíssem outros
princípios).
- Inserção sistemática:
- Art. 4.º, n.º 1, TUE: princípio de que cabe aos Estados-membros as competências
que não sejam atribuídas à UE
- Art. 4.º, n.º 2, TUE: Componentes da soberania dos Estados e que ainda
permanecem neles, em que a UE não pode tocar – respeito pelas identidades
nacionais.
DIREITO DA UNIÃO EUROPEIA: ARTICULAÇÃO DA ORDEM JURÍDICA DA UE COM AS
ORDENS JURÍDICAS DOS ESTADOS-MEMBROS
- Art. 4.º, n.º 3, TUE, Aditamento pelo Tratado de Lisboa, que vincula a UE face aos
Estados-membros. Embora o princípio já tivesse sido consagrado pelo TJUE em
1971.
- Tem um âmbito subjetivo abrangente e aplica-se a todas as entidades nacionais,
bem como à atuação da UE e das suas instituições.
- Regime que se aplica a toda a UE, de forma global e mesmo em todos os pilares
(embora para a PESC há um regime específico: art. 24.º, n.º 3, TUE).
- Estabeleceu-se uma cooperação vertical e uma cooperação horizontal.
- Relação Vertical
- Dever de respeito e abstenção de comportamentos entre a UE e os Estados-
membros: predominantemente obrigações de conteúdo negativo (§3 in fine).-
DIREITO DA UNIÃO EUROPEIA: ARTICULAÇÃO DA ORDEM JURÍDICA DA UE COM AS
ORDENS JURÍDICAS DOS ESTADOS-MEMBROS.
- Execução do direito da UE
- A execução é assegurada pelos órgãos da UE e pelos Estados-membros, nos
termos do qrt. 291.º, TFUE.
- Sujeitos a limites
- Princípio da equivalência: tratamento não discriminatório do Direito da União
Europeia face ao direito nacional, em termos de efetividade de aplicação e
execução, bem como em termos de garantia de cumprimento.
- Os procedimentos usados para executar o direito da UE não podem ser menos
favoráveis que os procedimentos relativos a ações análogas de natureza interna
ou nacional.
DIREITO DA UNIÃO EUROPEIA: ARTICULAÇÃO DA ORDEM JURÍDICA DA UE COM AS
ORDENS JURÍDICAS DOS ESTADOS-MEMBROS
- Atualmente, parece que esse princípio só pode ser invocado na medida em que a
aplicação do direito administrativo nacional não dificulte ou impossibilite a
aplicação do direito da UE.