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DIREITO CONSTITUCIONAL,

TRIBUTÁRIO e FINANCEIRO
Professor Rolando Valcir Spanholo
(@prof.valcir.spanholo.novo)
CASOS PRÁTICOS DA NOSSA REVISÃO MULTIDISCIPLINAR DE HOJE (24/04/21):

409) É possível o regime do creditamento decorrente da não cumulatividade na cadeia tributária


quando os recolhimentos das contribuições PIS/COFINS são feitos no sistema monofásico de
tributação?

410) Impedir acesso a cargos públicos por condenação nas sanções da Lei Maria da Penha possui
natureza de pena restritiva de direito? Município detém competência para legislar sobre tal matéria
(dentro do conceito de interesse local ou de suplementação da legislação federal - art. 30 da CF/88)?
Tecnicamente, há diferença prática entre impor uma “nova condição” e um “novo requisito” para o
provimento de cargos públicos? Sob o mesmo viés da moralidade administrativa (invocado como razão
de decidir), seria constitucionalmente aceito lei de iniciativa parlamentar municipal impedir o acesso a
cargos públicos também a todos os condenados por crimes sexuais, homicídios, uso de drogas,
ambientais etc.?
CASOS PRÁTICOS DA NOSSA REVISÃO MULTIDISCIPLINAR DE HOJE (24/04/21):

411) Empresa em recuperação judicial está sujeita ao procedimento do art. 523 do CPC que prevê a
incidência de multa (10%) e honorários (10%) pelo não cumprimento da decisão judicial no prazo dos
15 dias?

412) A interposição de recurso no bojo de habeas corpus exige juntada de procuração?

413) O tempo de recolhimento domiciliar com tornozeleira pode ser contabilizado para fins de
detração penal?

414) Código de Defesa do Consumidor Estadual pode fixar regras locais para planos de saúde (obrigar a
localizar vagas) e serviços de telecomunicação (inserir dados adicionais em notas fiscais), além de
impor a montadoras o dever de oferecer cursos de formação de condutores e às instituições de ensino
a obrigação de estender aos clientes preexistentes os benefícios voltados à captação de novos
consumidores?
CASOS PRÁTICOS DA NOSSA REVISÃO MULTIDISCIPLINAR DE HOJE (24/04/21):

415) A reserva de imóveis residenciais localizados em condomínios por meio da plataforma digital
(“Airbnb”) configura contrato de locação por temporada ou contrato atípico de hospedagem?
Condomínios podem vedar essa espécie de contratação?

416) Defensores Públicos estaduais e Delegado-Geral da Polícia estadual podem ter garantido foro por
prerrogativa de função na Constituição local?

417) Incide ICMS no deslocamento de mercadorias entre estabelecimentos do mesmo contribuinte


localizados em diferentes Estados?
PROCESSO: (409) EAREsp 1.109.354 – SP (acórdão ainda não divulgado)
DADOS: STJ, Primeira Seção, Min. Gurgel de Faria, d. 20/04/2021.
Por meio de embargos de divergência, empresa atacava acórdão da 2ª Turma do STJ que vedou a possibilidade de
CONTEXTUALIZAÇÃO creditamento de PIS e COFINS no sistema tributário monofásico. Para tanto, sustentava que essa vedação
FÁTICA: divergia do entendimento consolidado junto à 1ª Turma, citando como paradigma o AgRg no REsp. n.
1.051.634/CE.
QUESTÃO CENTRAL É possível o regime do creditamento decorrente da não cumulatividade na cadeia tributária quando os
CONTROVERSA: recolhimentos das contribuições PIS/COFINS são feitos no sistema monofásico de tributação?
=> a técnica de creditamento, em regra, não se coaduna com o regime monofásico da contribuição ao PIS e
COFINS, só sendo excepcionada quando expressamente prevista pelo legislador;

=> no regime monofásico, a carga tributária é concentrada em uma única fase do ciclo produtivo e, portanto,
INFORMAÇÕES suportada por um único contribuinte, não havendo, nesse sistema, a necessidade de seguir o princípio da não
LÍQUIDAS: cumulatividade, próprio do regime plurifásico;

=> A CF/88 conferiu à União competência para instituir contribuições sociais para o custeio da seguridade social e
autorizou a definição, mediante lei, das hipóteses em que as contribuições devem incidir uma única vez (art. 149,
§4º), assim como os setores de atividade econômica para os quais os tributos não são cumulativos (art. 195, §12).
PROCESSO: EAREsp 1.109.354 – SP

Art. 149 (CF/88) - Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no
domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de
sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do
previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.
(...)
§ 4º A lei definirá as hipóteses em que as contribuições incidirão uma única vez.
INFORMAÇÕES
Art. 195 (CF/88) - A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta,
LÍQUIDAS:
nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
(...)
§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na
forma dos incisos I, b; e IV do capu t, serão não-cumulativas. (Incluído pela EC nº 42, de 19.12.2003)

Art. 17 (Lei 11.033/04). As VENDAS efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da
Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas
operações.
4.5.6.2.3) DISTINÇÃO ENTRE CONTRIBUINTE E RESPONSÁVEL:

=> segundo o CRITÉRIO DA PROXIMIDADE (com o fato gerador), divide-se em: contribuinte (sujeito passivo DIRETO) e responsável
(INDIRETO);

=> CONTRIBUINTE: a) tem RELAÇÃO PESSOAL e DIRETA com a situação que constitua o respectivo fato gerador (CTN, art. 121, I);

=> RESPONSÁVEL: a) é o devedor INDIRETO, pois não possui RELAÇÃO PESSOAL e DIRETA com o fato gerador; b) sua
responsabilidade decorre de expressa previsão legal (CTN, art. 121, II); c) o art. 128 do CTN exige que ele tenha alguma relação
com o fato gerador (não pode a lei tributária estabelecer livremente responsabilidade a terceiros); d) a lei pode excluir a
responsabilidade do contribuinte por meio da figura da substituição tributária ou continuar atribuindo-a em caráter supletivo
(contribuições sociais retidas dos “autônomos”);

Art. 128 (CTN) - Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito
tributário a TERCEIRA PESSOA, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte
ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.

=> REQUISITOS:

a) a pessoa eleita como responsável deve estar vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação;

b) expressa disposição em lei.


4.5.6.2.4) RESPONSABILIDE TRIBUTÁRIA INDIRETA:

=> a RESPONSABILIDADE INDIRETA pode ocorrer por SUBSTITUIÇÃO ou por TRANSFERÊNCIA (critério é o momento do surgimento do
vínculo com o terceiro);

4.5.6.2.4.1) RESPONSABILIDADE POR SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA:

=> na SUBSTITUIÇÃO, por força da lei, a obrigação JÁ NASCE direcionada contra o responsável (o SUBSTITUTO TRIBUTÁRIO),
ficando excluído aquele que naturalmente seria o contribuinte;

=> a SUBSTITUIÇÃO pode ser classificada:

a) REGRESSIVA (ou PARA TRÁS, antecedente), quando pessoas ocupantes das posições anteriores nas cadeias de produção e circulação
são substituídas, no dever de pagar tributo, por aquelas que ocupam as posições posteriores nessas mesmas cadeias; Ex.: diferimento
do ICMS. (DIFERE)

b) PROGRESSIVA (ou PARA FRENTE, subsequente), quando pessoas ocupantes das posições posteriores nas cadeias de produção e
circulação são substituídas, no dever de pagar tributo, por aquelas que ocupam as posições anteriores nessas mesmas cadeias (tributo
é pago de uma só vez, sob regime presumido de “pauta fiscal” – via espécie de arbitramento); Ex.: mercadorias de alto consumo pelo
consumidor final, como por exemplo, as bebidas, combustíveis, medicamentos, aparelhos celulares, materiais de construção civil etc.
(ANTECIPA)
4.5.6.2.4.2) RESPONSABILIDADE POR TRANSFERÊNCIA:

=> na TRANSFERÊNCIA, a obrigação CONSTITUI-SE INICIALMENTE contra o contribuinte e, somente DEPOIS, é


transferida ao responsável (há modificação do polo passivo por fato superveniente, previsto em lei);
=> a TRANSFERÊNCIA pode se dar: por sucessão, solidariedade ou subsidiariedade;

4.5.6.2.4.2.1) TRANSFERÊNCIA POR SUCESSÃO:

=> a transferência por SUCESSÃO (ex.: alienação de bens, etc.) vem regulada nos seguintes artigos:

Art. 129 (CTN) - O disposto nesta Seção aplica-se por igual aos créditos tributários definitivamente constituídos ou em curso de
constituição à data dos atos nela referidos, e aos constituídos posteriormente aos mesmos atos, desde que relativos a obrigações
tributárias surgidas até a referida data.

Art. 130 (CTN) - Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens
imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, subrogam-se
na pessoa dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação.

Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço.
Art. 131 (CTN) - São pessoalmente responsáveis:

I - o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos;

II - o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta
responsabilidade ao montante do quinhão do legado ou da meação;

III - o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão.

Art. 132 (CTN) - A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra é
responsável pelos tributos devidos até à data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas.

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se aos casos de extinção de pessoas jurídicas de direito privado, quando a exploração da
respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma
individual.

Art. 133 (CTN). A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou
estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma
ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato:

I - INTEGRALMENTE, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade;

II - SUBSIDIARIAMENTE com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro de SEIS MESES a contar da data da alienação,
nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão.
§ 2o Não se aplica o disposto no § 1o deste artigo quando o adquirente for: (Incluído pela LC nº 118/05)
I – sócio da sociedade falida ou em recuperação judicial, ou sociedade controlada pelo devedor falido ou em recuperação judicial;
II – parente, em linha reta ou colateral até o 4o (quarto) grau, consangüíneo ou afim, do devedor falido ou em recuperação judicial ou de qualquer de
seus sócios; ou
III – identificado como agente do falido ou do devedor em recuperação judicial com o objetivo de fraudar a sucessão tributária.

§ 3o Em processo da falência, o produto da alienação judicial de empresa, filial ou unidade produtiva isolada permanecerá em conta de depósito à
disposição do juízo de falência pelo prazo de 1 (um) ano, contado da data de alienação, somente podendo ser utilizado para o pagamento de créditos
extraconcursais ou de créditos que preferem ao tributário. (Incluído pela LC nº 118/05)

=> no caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço (eventual diferença não pode ser cobrada do
adquirente);

=> também não ocorrerá a sub-rogação quando constar do título de transferência a prova da quitação dos tributos (certidão negativa);

=> após a partilha/adjudicação, o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro são pessoalmente responsáveis (limitado ao quinhão ou
meação);

=> para efeito de responsabilidade na sucessão hereditária, devem ser entendidas na expressão “tributos” também as multas moratórias
(REsp 3.097), bem como na sucessão empresarial (REsp 432.049/SC);

=> na cisão total ou parcial, a responsabilidade é solidária (art. 233 da Lei 6.404/76);

=> nas provas, cuidar sempre o marco temporal da transferência de responsabilidade por sucessão;
4.5.6.2.4.2.2) TRANSFERÊNCIA POR SOLIDARIEDADE:

=> a transferência por SOLIDARIEDADE (responde JUNTO com o devedor principal, mas SEM benefício de ordem) vem regulada nos
seguintes artigos:

Art. 124 (CTN) - São solidariamente obrigadas:

I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal;

II - as pessoas expressamente designadas por lei.

Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem.

Art. 125 (CTN) - Salvo disposição de lei em contrário, são os seguintes os efeitos da solidariedade:

I - o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais;

II - a isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados, salvo se outorgada pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a
solidariedade quanto aos demais pelo saldo;

III - a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou prejudica aos demais.
Art. 134 (CTN) - Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem
solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis:

I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores;


II - os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados;
III - os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes;
IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio;
V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário;
VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em
razão do seu ofício;
VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas.

Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em matéria de penalidades, às de caráter moratório.

=> a solidariedade tributária:

a) traz como marca a inexistência do benefício de ordem;

b) alcança quem tem “interesse comum” no fato gerador (dois proprietários de imóvel para fins de IPTU) ou quem a lei designar;

c) estende a todos os efeitos inerentes aos eventos ligados à interrupção da prescrição, assim como os benefícios da isenção ou remissão
(salvo quando personalizada);
=> para as pessoas citadas nos incisos do artigo 134, a responsabilidade solidária ocorrerá apenas em relação aos atos em que
intervierem ou às omissões pelas quais forem responsáveis;

4.5.6.2.4.2.3) TRANSFERÊNCIA POR SUBSIDIARIEDADE:

=> a transferência por SUBSIDIARIEDADE (responde JUNTO com o devedor principal, mas COM benefício de ordem) vem
regulada no seguinte artigo:

Art. 135 (CTN) - São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados
com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos:

I - as pessoas referidas no artigo anterior;

II - os mandatários, prepostos e empregados;

III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.

=> trata-se da responsabilidade de terceiros decorrentes de atuação irregular;

=> como o surgimento da responsabilidade é contemporâneo ao fato gerador (não de transferência), tem-se que o art. 135 estatui
hipótese de responsabilidade por substituição;
=> o simples inadimplemento não é suficiente à imputação da responsabilidade aos diretores, gerentes ou representantes de pessoas
jurídicas de direito privado (Sumula 430 do STJ);

=> a dissolução irregular, sem observância das formalidades legais, enseja a responsabilidade pessoal aos sócios, independentemente de
sua prévia inclusão na CDA;

=> não se deve confundir as hipóteses do art. 135 (ausência de legitimação) e do art. 137 do CTN (conteúdo ilícito):

Art. 137 (CTN) -. A responsabilidade é pessoal ao agente:

I - quanto às infrações conceituadas por lei como crimes ou contravenções, salvo quando praticadas no exercício regular de administração, mandato,
função, cargo ou emprego, ou no cumprimento de ordem expressa emitida por quem de direito;

II - quanto às infrações em cuja definição o dolo específico do agente seja elementar;

III - quanto às infrações que decorram direta e exclusivamente de dolo específico:

a) das pessoas referidas no artigo 134, contra aquelas por quem respondem;

b) dos mandatários, prepostos ou empregados, contra seus mandantes, preponentes ou empregadores;

c) dos diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado, contra estas.

=> a regra é da responsabilidade objetiva nas hipóteses de infrações tributárias, segundo o art. 136 do CTN:
Art. 136 (CTN) -. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do
responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato.

=> mas, a responsabilidade por INFRAÇÕES poderá ser excluída quando ocorrer a DENÚNCIA ESPONTÂNEA:

Art. 138 (CTN) - A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos
juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração.

Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização,
relacionados com a infração.

=> o mero parcelamento não configura denúncia espontânea, conforme art. 155-A do CTN:

Art. 155-A (CTN) - O parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei específica.

§ 1o Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do crédito tributário não exclui a incidência de juros e multas." (AC)

§ 2o Aplicam-se, subsidiariamente, ao parcelamento as disposições desta Lei, relativas à moratória.

=> não se aplica a denúncia espontânea no descumprimento de obrigações acessórias (infração formal), como nas multas por atraso na entrega de
declarações;

=> nos tributos por homologação, a mera declaração já constitui o crédito (Súmula 436 do STJ), não se aplicando a denúncia espontânea na ausência
de pagamento;
9.2.11) PRINCÍPIO DA IMUNIDADE (art. 150, VI):

Art. 150 (CF/88) - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
VI - instituir IMPOSTOS sobre: (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; (RECÍPROCA)


b) templos de qualquer culto; (RELIGIOSA)
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de
educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; (POLÍTICO-SOCIAL)
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. (CULTURAL)
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral
interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de
mídias ópticas de leitura a laser. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 75, de 15.10.2013) (CULTURAL)
(...).
§ 2º - A vedação do inciso VI, "a“ (RECÍPROCA), é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao
patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.

§ 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de
atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou
tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.

§ 4º - As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c“ (RELIGIOSA e POLÍTICO-SOCIAL), compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços,
relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas.
Art. 195 (CF/88) - A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos
provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais

(...)

§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas
em lei.

=> “ISENÇÃO” aqui é sinônimo de “imunidade”;

9.3) IMUNIDADE, ISENÇÃO E ANISTIA:

=> IMUNIDADE: a) é uma limitação constitucional ao poder de tributar (está no texto constitucional, algumas vezes sob o termo “isenção” – como
nas contribuições sociais); b) é uma limitação da COMPETÊNCIA legislativa; c) atua no plano da definição da competência; d) autoriza interpretação
ampla dentro dos limites dos princípios constitucionais;

=> ISENÇÃO: a) prevista em norma infraconstitucional; b) é a dispensa legal do PAGAMENTO do tributo (por limitação voluntária de um dos
critérios da hipótese de incidência, isto é, da “MATRIZ TRIBUTÁRIA”); c) atua no plano do exercício da competência; d) deve ser interpretada
LITERALMENTE (CTN, art. 111);

=> ANISTIA: a) exclui o crédito tributário decorrente de penalidades; b) versa apenas sobre fatos do passado; c) sujeita à reserva legal; d) não
beneficia quando configurar crime ou contravenção; d) pode ser de CARÁTER GERAL (não exige condições) ou de CARÁTER LIMITADO (restrita a
determinado “tributo”, região, valor, prazo, condição etc.);
=> opção do CTN de incluir a ISENÇÃO como forma de EXCLUSÃO do crédito tributário (ao lado da anistia):

Art. 175. Excluem o crédito tributário:


I - a isenção;
II - a anistia.
Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito
seja excluído, ou dela consequente.

=> doutrina entende que ela seria hipótese de não incidência (reduz o campo da abrangência da matriz tributária);

=> STF segue literalidade do CTN;

=> NÃO INCIDÊNCIA: refere-se a situações em que um fato não é alcançado pela regra da tributação. Pode ocorrer de três formas: a) o ente tributante,
podendo fazer, deixa de definir determinada situação como hipótese de incidência tributária; b) o ente tributário não dispõe de competência para
definir determinada situação como hipótese de incidência do tributo; c) a própria Constituição delimita a competência do ente federativo, impedindo-o
de definir determinadas situações como hipóteses de incidência de tributos. As duas primeiras formas configuram não incidência pura e simples. A
última, não incidencia qualificada ou imunidade.

=> ISENÇÃO: dispensa legal de pagamento do tributo. O ente tributante tem competência para instituir o tributo e, ao fazê-lo, opta por dispensar o
pagamento; (vai dever “X”, mas não vai ser exigido)

=> ALÍQUOTA ZERO: o ente tributante tem competência para instituir o tributo – e o faz -, o fato gerador ocorre no mundo concreto, mas a obrigação
tributária dele decorrente, por uma questão de cálculo, é nula. (não vai dever nada)
=> a isenção está submetida à reserva legal (lei específica deve especificar as condições e requisitos) e pode ser restrita a determinada região:

Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a
sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração.

Parágrafo único. A isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela
peculiares.

=> em relação ao ICMS, há a necessidade, para a concessão de qualquer benefício fiscal (incluindo isenção), de prévia autorização em convênio
celebrado no âmbito do CONFAZ (conselho composto pelos secretários de fazendo dos estados e do DF, sob a presidência do Ministro da
Fazenda);

=> salvo disposição legal em contrário, a isenção genérica não se aplica às taxas e contribuições de melhoria, que têm caráter
contraprestacional, e aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão (art. 177 do CTN):

Art. 177. Salvo disposição de lei em contrário, a isenção não é extensiva:


I - às taxas e às contribuições de melhoria;
II - aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão.

=> isenções onerosas ou condicionais (em que é exigida alguma contrapartida do beneficiário) concedidas por prazo certo geram direito
adquirido à fruição do benefício, pelo prazo estipulado;

=> Súmula 544 do STF: “Isenções tributárias concedidas, sob condição onerosa, não podem ser livremente suprimidas”;
=> A lei que concede tal isenção pode ser revogada, mas a isenção, não (continuará fruindo da isenção até o prazo final);

Art. 178 - A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a
qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104.

=> A isenção pode ser concedida em caráter geral (objetivo) ou em caráter individual (subjetivo ou pessoal – precisa atender aos requisitos
específicos);

Art. 179. A isenção, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em
requerimento com o qual o interessado faça prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei ou
contrato para sua concessão.

§ 1º Tratando-se de tributo lançado por período certo de tempo, o despacho referido neste artigo será renovado antes da expiração de cada
período, cessando automaticamente os seus efeitos a partir do primeiro dia do período para o qual o interessado deixar de promover a
continuidade do reconhecimento da isenção.
§ 2º O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155.

=> sobre a ANISTIA, o CTN estabelece:

Art. 180. A anistia abrange exclusivamente as infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede, não se aplicando:
I - aos atos qualificados em lei como crimes ou contravenções e aos que, mesmo sem essa qualificação, sejam praticados com dolo, fraude ou
simulação pelo sujeito passivo ou por terceiro em benefício daquele;
II - salvo disposição em contrário, às infrações resultantes de conluio entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas.

Art. 181. A anistia pode ser concedida:


I - em caráter geral;
II - limitadamente:
a) às infrações da legislação relativa a determinado tributo;
b) às infrações punidas com penalidades pecuniárias até determinado montante, conjugadas ou não com penalidades de outra natureza;
c) a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares;
d) sob condição do pagamento de tributo no prazo fixado pela lei que a conceder, ou cuja fixação seja atribuída pela mesma lei à autoridade
administrativa.

Art. 182. A anistia, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em requerimento
com a qual o interessado faça prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei para sua concessão.

Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155.

ALERTAS ADICIONAIS DO VALCIR SOBRE IMUNIDADES:

=> Imunidade recíproca é cláusula pétrea, eis que visa à proteção do pacto federativo (ADI 939);

=> Imunidade subjetiva (leva em conta o titular do direito) ou objetiva (considera a atividade);

=> Somente impostos;

=> Abrange patrimônio, renda ou serviços (jurisprudência: também aplicações financeiras);

=> Não há imunidade se o ente, direta ou indiretamente, explora atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis aos empreendimentos
privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário;
=> Sociedades de Economia Mista, em regra, não gozam de imunidade porque exploram atividades econômicas sob o regime privado da
concorrência;

=> Também as empresas públicas não gozam se explorarem atividades econômicas;

=> Concessionárias de serviços públicos: a) HÁ IMUNIDADE (se forem remuneradas apenas pelo Estado – ex.: Parceria Público Privada, na modalidade
concessão administrativa); b) SEM IMUNIDADE (se forem remuneradas também pelo usuário);

=> Autarquias e Fundações gozam de imunidade, pois exercem atividades típicas estatais (mas apenas no que for vinculado às finalidade essenciais);

=> Segundo o STF, a imunidade exige cumprir os seguintes ESTÁGIOS: a) restringir-se à propriedade, bens e serviços utilizados na satisfação dos
objetivos institucionais imanentes do ente federado; b) não beneficiar atividades de exploração econômica, destinadas primordialmente a aumentar o
patrimônio do Estado ou de particulares; c) não deve ter como efeito colateral relevante a quebra dos princípios da livre concorrência e do exercício
de atividade profissional ou econômica lícita;

=> A Casa da Moeda é imune de ISS (também Correios e INFRAERO).

 Os valores investidos pelos entes federados, bem como a renda auferida estão imunes ao IOF e ao IR;

=> Os bens que integram patrimônio de ente federado são imunes, mesmo que estejam ocupados pela empresa delegatária de serviços públicos;

=> A empresa privada que presta serviços de iluminação pública e é remunerada pelo Município não é beneficiada pela imunidade;

=> O serviço notarial e de registro é uma atividade estatal delegada, mas, por ser exercido em caráter privado, não é imune à incidência do ISS;
=> É inconstitucional a incidência da contribuição para PIS e Cofins não cumulativas sobre os valores recebidos por empresa exportadora em
razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS;

=> É inconstitucional a incidência da contribuição para PIS e Cofins sobre a receita decorrente da variação cambial positiva obtida nas operações
de exportação;

=> As prestadoras de serviços de composição gráfica, que realizam serviços por encomenda de empresas jornalísticas ou editoras de livros, não
estão abrangidas pela imunidade tributária prevista no art. 150, VI, d, da CF;

=> A imunidade não exime as pessoas por ela protegidas da condição de responsáveis pela retenção de tributo;

=> O promitente comprador de imóvel residencial transcrito em nome de autarquia é contribuinte do IPTU (SÚMULA Nº 583 do STF);

=> Não existe imunidade quando o Ente é mero contribuinte de fato (ICMS incidente no fornecimento de energia elétrica para iluminação
pública);

=> O STF tem uma visão ampla, reconhecendo imunidade de imóveis alugados, desde que o produto seja revertido em prol das atividades
essenciais (STF, RE 325.822/SP);

=> São imunes os cemitérios que funcionem como extensão de entidades religiosas, sem fins lucrativos, e dedicado exclusivamente à realização
de serviços religiosos e funerários;

=> A MAÇONARIA não goza da imunidade religiosa;


=> Os requisitos da imunidade das instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos devem estar previstos em lei
complementar;

=> Para este fim, o art. 14 do CTN delineia o conteúdo da expressão “sem fins lucrativos” (I – não distribuírem qualquer parcela de seu
patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos
institucionais; III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão);

=> A imunidade do art. 195, §7º, CF não se aplica às entidades fechadas de previdência social privada (fundos de pensão), quando exista
contribuição por parte do futuro beneficiário (Súmula 730 do STF);

=> Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, vi, "c", da
Constituição, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades (Súmula 724 do STF);

=> A Imunidade cultural (no inciso VI do art. 150) é única puramente objetiva e não alcança o serviço de composição gráfica, nem a renda da
entidade;

=> Mas, alcança os serviços prestados pela empresa jornalística na veiculação de anúncios e propagandas, desde que estejam impressos no
corpo do jornal ou do periódico (folheto separado, não);

=> A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da CF abrange os filmes e papéis fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos (Súmula
657 do STF);

=> a imunidade tributária relativa a livros, jornais e periódicos é ampla, total, apanhando produto, maquinário e insumos (a referência a “papel” é
exemplificativa, e não exaustiva);
=> OUTRAS IMUNIDADES: a) de custas judiciais, na ação popular, salvo comprovada má-fé (art. 5º, LXXIII); b) de emolumentos referentes ao
registro civil de nascimento e certidão de óbito, para os reconhecidamente pobres (art. 5º LXXVI, CF); c) das receitas decorrentes de exportação a
contribuições sociais e de CIDE (Art. 149, § 2º, I, CF); d) de ITR das pequenas glebas rurais definidas em lei, quando as explore o proprietário que
não possua outro imóvel (art. 153, § 4º, II, CF); e) de IPI nas exportações de produtos industrializados (art. 153, § 3º, III, CF); f) do ouro, quando
definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, que se sujeita apenas ao IOF (art. 153, § 5º, CF); g) do ICMS nas operações que
destinem mercadorias para o exterior e sobre serviços prestados a destinatários no exterior (art. 155, § 2º, X); h) do ICMS nas prestações de
serviços de comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita (art. 155, § 2º, X); i) de todos
os impostos nas operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária (art. 184, § 5º); j) das entidades beneficentes
de assistência social às contribuições para financiamento da seguridade social (art. 195, § 7º, CF); l) do pagamento de taxas no exercício do direito
de petição e obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal (art. 5º,
XXXIV, da CF).
PROCESSO: (410) RE 1.308.883 – SP (acórdão ainda não divulgado)
DADOS: STF, Monocrática, Min. Edson Fachin, d. 20/4/2021.
A Câmara Municipal de Valinhos e o MP/SP questionava decisão do TJSP que considerou inconstitucional
norma municipal que impedia a nomeação de condenados na Lei Maria da Penha no serviço público local.
Para o TJSP, a lei de iniciativa parlamentar violava o Princípio da Separação de Poderes, pois não respeitou a
iniciativa privativa do Chefe do Poder Executivo. Nas razões recursais, ambos os recorrentes, sustentam que
a imposição de condições para provimento de cargos públicos não se confundiria com o a imposição de
CONTEXTUALIZAÇÃO
requisitos para provimento de cargos, distinção esta feita pela jurisprudência do STF. Destacam que as
FÁTICA:
restrições impostas pela lei municipal impugnada se referem à impedimento para a nomeação de cargo
público, ato que antecede a posse, e, portanto, não se confunde com o regime jurídico de servidor público
e não se insere na iniciativa legislativa reservada ao Executivo. O MP/SP, busca, ainda, afastar eventual
aplicação do Tema 917 da Repercussão Geral aos autos e destaca a tese fixada no Tema 29 da Repercussão
Geral, cujo leading case tratava de controvérsia semelhante (nepotismo).
Impedir acesso a cargos públicos por condenação nas sanções da Lei Maria da Penha possui natureza de
pena restritiva de direito? Município detém competência para legislar sobre tal matéria (dentro do
conceito de interesse local ou de suplementação da legislação federal - art. 30 da CF/88)? Tecnicamente,
QUESTÕES CENTRAIS há diferença prática entre impor uma “nova condição” e um “novo requisito” para o provimento de cargos
CONTROVERSAS: públicos? Sob o mesmo viés da moralidade administrativa (invocado como razão de decidir), seria
constitucionalmente aceito lei de iniciativa parlamentar municipal impedir o acesso a cargos públicos
também a todos os condenados por crimes sexuais, homicídios, uso de drogas, ambientais etc.?
PROCESSO: RE 1.308.883 – SP
=> Por analogia ao nepotismo (RE 570.392, Tema 29, Min. Cármen Lúcia), não seria privativo do chefe
do Poder Executivo a competência para a iniciativa de lei que define regras sobre a moralidade no
acesso a cargos públicos; razão pela qual, não ofenderia a separação dos Poderes a lei de iniciativa
parlamentar que impede a nomeação de condenados na Lei Maria da Penha;

TEMA 29: “Leis que tratam dos casos de vedação a nepotismo não são de iniciativa exclusiva do Chefe do
Poder Executivo.”
INFORMAÇÕES Art. 37 (CF/88) - A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
LÍQUIDAS: Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
também, ao seguinte:

I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em
lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei;

II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas
e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as
nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;
(...)
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante de cargo ou emprego da administração direta e indireta
que possibilite o acesso a informações privilegiadas. (Incluído pela EC nº 19, de 1998)
PROCESSO: RE 1.308.883 – SP
Art. 84 (CF/88) - Compete privativamente ao Presidente da República:
(...)
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição;

Art. 61 (CF/88) - A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados,
do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores,
ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.
§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:
(...)
INFORMAÇÕES II - disponham sobre:
LÍQUIDAS: a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração;
(...).
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria; (...)

Art. 2º (CF/88) - São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

Art. 22 (CF/88) - Compete privativamente à União legislar sobre:


I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; (...)

Art. 30 (CF/88) - Compete aos Municípios:

I - legislar sobre assuntos de interesse local;

II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;


PROCESSO: RE 1.308.883 – SP

Art. 92 (CP) - São também efeitos da condenação:

I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:

a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso
de poder ou violação de dever para com a Administração Pública;
INFORMAÇÕES
LÍQUIDAS: b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos.

II – a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela nos crimes dolosos sujeitos à pena de
reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro descendente
ou contra tutelado ou curatelado; (Redação dada pela Lei nº 13.715, de 2018)

III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso.

Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na
sentença.
PROCESSO: RE 1.308.883 – SP
Art. 22 (Lei 11.340/06) - Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao
agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras:

I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 ;

II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;

III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:

a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor;
INFORMAÇÕES
LÍQUIDAS: b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação;

c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida;

IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar;

V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.

VI – comparecimento do agressor a programas de recuperação e reeducação; e (Incluído pela Lei nº 13.984, de 2020)

VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de atendimento individual e/ou em grupo de apoio. (Incluído pela Lei nº 13.984, de 2020)

§ 1º As medidas referidas neste artigo não impedem a aplicação de outras previstas na legislação em vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as
circunstâncias o exigirem, devendo a providência ser comunicada ao Ministério Público. (...).
PROCESSO: (411) REsp 1.873.081 - RS
DADOS: STJ, Terceira Turma, Min. Nancy Andrighi, d. 19/04/2021.
Consumidora ajuizou ação declaratória de inexistência de débito com pedido de indenização contra
operadora de telefonia em recuperação judicial. A ação foi julgada procedente para condenar a ré ao
CONTEXTUALIZAÇÃO pagamento de indenização. Em grau de recurso, o TJRS reconheceu a sujeição do crédito da consumidora
FÁTICA: aos efeitos da recuperação, mas determinou que o valor fosse acrescido da multa e dos honorários
previstos no art. 523, § 1º, do CPC. No recurso ao STJ, a operadora de telefonia alegou que a conclusão
do TJRS viola o princípio da igualdade entre os credores sujeito às recuperação.
QUESTÃO CENTRAL Empresa em recuperação judicial está sujeita ao procedimento do art. 523 do CPC que prevê a incidência
CONTROVERSA: de multa (10%) e honorários (10%) pelo não cumprimento da decisão judicial no prazo dos 15 dias?
=> o crédito sujeito ao processo de recuperação judicial, decorrente de ação que demandava quantia
ilíquida, não pode ser acrescido da multa e dos honorários advocatícios previstos para a hipótese de
recusa ao cumprimento voluntário de sentença (art. 523, § 1º, do CPC/15).
INFORMAÇÕES
LÍQUIDAS: => em se tratando de crédito decorrente de ação na qual se demanda quantia ilíquida, o art. 6º, § 1º, da
Lei 11.101/05 determina que a ação de conhecimento prossiga no juízo original até a definição do valor
do crédito, quando então deverá ser habilitado no quadro geral de credores, ficando impedido a partir
daí o andamento da execução singular;
PROCESSO: REsp 1.873.081 - RS
=> conforme o art. 59, caput, da Lei 11.101/05, o plano de recuperação implica novação dos créditos anteriores
ao pedido, e o pagamento das dívidas da recuperanda deve respeitar as condições pactuadas, sempre com
respeito à igualdade de tratamento entre os credores de cada classe;

=> não se pode considerar que houve recusa voluntária ao pagamento, que seria a causa de aplicação da multa
e dos honorários previstos no parágrafo 1º do artigo 523 do CPC, uma vez que o adimplemento da quantia
reconhecida em juízo, por decorrência direta da sistemática prevista na Lei 11.101/2005, não constituía
obrigação passível de ser exigida da recuperanda;
INFORMAÇÕES
Art. 523 (CPC). No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela
LÍQUIDAS:
incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar
o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver.

§ 1º Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput , o débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de
honorários de advogado de dez por cento.

Art. 6º (Lei 11.101/05) - A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial implica:
(...)
§ 1º Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que demandar quantia ilíquida.

Art. 59 (Lei 11.101/05). O plano de recuperação judicial implica novação dos créditos anteriores ao pedido, e obriga o devedor e
todos os credores a ele sujeitos, sem prejuízo das garantias, observado o disposto no § 1º do art. 50 desta Lei.
PROCESSO: REsp 1.873.081 - RS
RECURSO ESPECIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. CRÉDITO
RECONHECIDO JUDICIALMENTE. AÇÃO QUE DEMANDAVA QUANTIA ILÍQUIDA. ART. 6º, § 1º, DA LEI 11.101/05. FATO GERADOR
ANTERIOR AO PEDIDO. SUBMISSÃO AOS EFEITOS DO PROCESSO DE SOERGUIMENTO. NOVAÇÃO. ART. 59 DA LEI 11.101/05.
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. ART. 523, § 1º, DO CPC/15. MULTA E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. NÃO INCIDÊNCIA. AUSÊNCIA
DE RECUSA VOLUNTÁRIA AO ADIMPLEMENTO DA OBRIGAÇÃO. 1. Ação ajuizada em 22/6/2017. Recurso especial interposto em
16/12/2019. Autos conclusos ao gabinete da Relatora em 26/5/2020. 2. O propósito recursal é analisar (i) se houve negativa de
prestação jurisdicional e (ii) se o crédito sujeito ao processo de recuperação judicial da devedora, decorrente de ação que
demandava quantia ilíquida, deve ser acrescido da multa e dos honorários advocatícios previstos no art. 523, § 1º, do CPC/15. 3.
Não caracteriza negativa de prestação jurisdicional o pronunciamento que, a despeito de não se coadunar com os interesses da
parte, aplica, fundamentadamente, o direito à espécie e soluciona integralmente a controvérsia submetida à apreciação. 4. Nos
termos do art. 59, caput, da Lei 11.101/05, o plano de recuperação judicial implica novação dos créditos anteriores ao pedido e
EMENTA obriga o devedor e todos os credores a ele sujeitos. 5. No que concerne à habilitação, em processo de recuperação judicial, de
quantias decorrentes de demandas cujos pedidos são ilíquidos, esta Corte Superior entende que, nos termos do art. 6, § 1º, da Lei
11.101/05, a ação de conhecimento deverá prosseguir perante o juízo na qual foi proposta até a determinação do valor do crédito,
momento a partir do qual este deverá ser habilitado no quadro geral de credores da recuperanda. 6. A multa e os honorários
advocatícios previstos no art. 523, § 1º, do CPC/15, por seu turno, somente incidem sobre o valor da condenação nas hipóteses em
que o executado não paga voluntariamente a quantia devida estampada no título executivo judicial. 7. Na hipótese, portanto, não
há como acrescer ao valor do crédito devido pela recorrente a penalidade do dispositivo supra citado, uma vez que o
adimplemento da quantia reconhecida em juízo, por decorrência direta da sistemática prevista na Lei 11.101/05, não constituía
obrigação passível de ser exigida da recuperanda nos termos da regra geral da codificação processual. 8. Ademais, estando em
curso processo recuperacional, a livre disposição, pela devedora, de seu acervo patrimonial para pagamento de créditos individuais
sujeitos ao plano de soerguimento violaria o princípio segundo o qual os credores devem ser tratados em condições de igualdade
dentro das respectivas classes. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
PROCESSO: (412) HC 199.322 - SP (acórdão ainda não divulgado)
DADOS: STF, Monocrática, Min. Gilmar Mendes, d. 19/04/2021.
Por meio de HC, a defesa da impetrante atacava decisão do STJ que inadmitiu agravo regimental
contra a decisão monocrática (proferida também em sede de HC) por não ter sido juntada a
CONTEXTUALIZAÇÃO
procuração quando da interposição. No STF, os advogados da impetrante sustentaram que, no
FÁTICA:
âmbito de habeas corpus, não estavam obrigados a apresentar procuração para obter a análise
monocrática nem para recorrer ao colegiado ou à instância superior.
QUESTÃO CENTRAL A interposição de recurso no bojo de habeas corpus exige juntada de procuração?
CONTROVERSA:

=> a prova do mandato é inexigível tanto para o recurso quanto para a impetração,
INFORMAÇÕES independentemente de o pedido ser feito a Tribunal de apelação ou de instância (HC 86.307, rel.
LÍQUIDAS:
Carlos Britto, 1ª Turma, DJ 26.5.2006; HC 84.719, Min. Marco Aurélio, 1ª Turma, DJ 26.11.2004);
PROCESSO: (413) HC 455.097 – PR (acórdão ainda não divulgado)
DADOS: STJ, Terceira Seção, Min. Laurita Vaz, d. 22/04/2021.
HC atacava decisão do TJPR contra decisão que negou detração dos dias em que o paciente permaneceu em
CONTEXTUALIZAÇÃO recolhimento domiciliar com monitoramento eletrônico. A defesa, insatisfeita, alegava que o art. 42 deveria ser
FÁTICA: lido em conjunto com o art. 44, §4º, do CP, o qual garante a detração penal nos casos de conversão de pena
restritiva de direitos em pena privativa de liberdade.
QUESTÃO CENTRAL O tempo de recolhimento domiciliar com tornozeleira pode ser contabilizado para fins de detração penal?
CONTROVERSA:
=> Deve ser contabilizado para fins de detração penal o período de recolhimento domiciliar com uso de
tornozeleira eletrônica (pois se assemelha ao cumprimento de pena em regime prisional semiaberto e o art. 42 do
CP assegura o direito de descontar da pena privativa de liberdade o tempo de prisão provisória cumprida no Brasil
ou no exterior), mas apenas o tempo de efetivo recolhimento em casa (horas serão convertidas em dias);
INFORMAÇÕES
LÍQUIDAS: Art. 42 (CP) - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no
estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior.

Art. 319 (CPP). São medidas cautelares diversas da prisão:


(...)
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos;
(....)
IX - monitoração eletrônica.
PROCESSO: (414) ADI 6123 – PE, ADI 3214 - DF, ADI 6220 - PE, ADI 6333 – PE (acórdão ainda não divulgado)

DADOS: STF, Plenário, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, sessão de 26/03/2021 a 07/04/2021.
Trata-se de ADIs questionando a inconstitucionalidade de dispositivos do Código Estadual de Defesa do Consumidor de
Pernambuco. Na ADI 6123, ajuizada por Confederação, questionava-se a inconstitucionalidade de dispositivos da lei
que vedam às operadoras de planos e seguros de saúde a exigência de caução e honorários médicos e as obrigam a
procurar vagas em unidades conveniadas que atendam os pacientes assegurados. Questionava-se também a validade
da norma que obriga os fornecedores a exibir, em seus sites, tabela de preço de consultas, exames, procedimentos e
CONTEXTUALIZAÇÃO demais serviços médicos prestados. Na ADI 6214, ajuizada por uma Associação, questionava-se dispositivo em relação
FÁTICA: aos serviços de telecomunicação que obriga o fornecedor a informar os dados de identificação dos funcionários
designados para realizar reparos na casa do cliente, até uma hora antes do atendimento. Também questionava quanto à
obrigação de que a nota fiscal do telefone celular contenha o código IMEI do produto e que aparelho seja entregue
junto de informativo impresso que indique a importância do código; e de dispositivo que criou indevidamente uma
definição para produtos essenciais não prevista na legislação federal. Na ADI 6220, proposta por Associação e outras
entidades, questionava-se dispositivo que obrigar montadoras, importadoras e concessionárias de motocicletas a
ofertar curso de formação de condutores, invadiu competência privativa da União para legislar sobre trânsito e
transporte. Na ADI 6333, movida por Confederação, questionava dispositivo que obriga os fornecedores de serviços
prestados de forma contínua, entre eles as instituições de ensino privado, a estenderem aos clientes preexistentes os
benefícios de promoções e liquidações oferecidos a novos clientes.
Código de Defesa do Consumidor Estadual pode fixar regras locais para planos de saúde (obrigar a localizar vagas) e
QUESTÕES CENTRAIS serviços de telecomunicação (inserir dados adicionais em notas fiscais), além de impor a montadoras o dever de
CONTROVERSAS: oferecer cursos de formação de condutores e às instituições de ensino a obrigação de estender aos clientes
preexistentes os benefícios voltados à captação de novos consumidores?
=> Declarados inconstitucionais dispositivos que vedavam às operadoras de planos e seguros de saúde a
exigência de caução e honorários médicos, bem como as obrigavam a procurar vagas em unidades conveniadas
que atendam os pacientes assegurados, pois compete privativamente à União legislar sobre direito civil,
contratual e política de seguros e, no caso, as regras, embora acessórias e complementares às normas gerais de
direito do consumidor, alcançavam a própria operacionalização dos contratos;

=> Declarada a validade da obrigação de exibição, em sites, das tabelas contendo o preço de consultas, exames,
procedimentos e demais serviços médicos prestados (ampliam o direito à informação dos consumidores e
garantem maior transparência);

INFORMAÇÕES => Declarada a inconstitucionalidade das regras que atribuíam às operadoras de serviços telefônicos a obrigação
LÍQUIDAS: de classificar serviços e produtos de modo diferenciado do padrão nacional (competência da União para legislar
sobre telecomunicações);

=> Declarada a constitucionalidade (interpretação conforme) da inclusão na nota fiscal de informações adicionais
sobre serviços telefônicos prestados no território de Pernambuco (proteção do consumidor);

=> Por ser competência da União para legislar sobre trânsito e transporte, é inconstitucional obrigar montadoras,
importadoras e concessionárias de motocicletas a ofertar curso de formação de condutores;

=> Declarada constitucional a obrigação de estender aos clientes preexistentes os benefícios de promoções e
liquidações oferecidos a novos clientes (consumidor);
PROCESSO: (415) REsp.1.819.075 – RS (acórdão ainda não divulgado)
DADOS: STJ, Quarta Turma, Min. Raul Araújo, d. 20/04/2021.
Os recorrentes suscitam violação aos arts. 47 e 48 da Lei 8.245/91, art. 1.335, I do CC e art. 19 da Lei
4.591/64, afirmando que o TJRS deu interpretação equivocada aos dispositivos supracitados ao
considerar que as recorrentes "destinariam seus apartamentos para fins não residenciais (contrato
atípico de hospedagem), o que afastaria a relação jurídica da legislação que rege as “locações urbanas".
CONTEXTUALIZAÇÃO Alegam que a atividade de locar quartos em seus imóveis não caracteriza-se como contrato de
FÁTICA:
hospedagem, mas sim como locação de temporada, acrescentando que "a locação por curto espaço de
tempo, com alguma rotatividade de inquilinos, não configura contrato de hospedagem e o fato de os
recorrentes auferirem renda com as locações não demonstra que tenha havido exploração comercial ou,
mais importante, afronta à destinação residencial do edifício".
A reserva de imóveis residenciais localizados em condomínios por meio da plataforma digital (“Airbnb”)
QUESTÕES CENTRAIS configura contrato de locação por temporada ou contrato atípico de hospedagem? Condomínios podem
CONTROVERSAS: vedar essa espécie de contratação?
=> o sistema de reserva de imóveis por meio de plataforma digital (Airbnb”) é caracterizado como uma
espécie de contrato atípico de hospedagem (distinto da locação por temporada e da hospedagem
INFORMAÇÕES oferecida em hotéis, que possuem regulamentações específicas); razão pela qual, nos condomínios com
LÍQUIDAS: destinação residencial, salvo disposição expressa em contrário (na respectiva convenção), é vedada essa
modalidade de aluguel;
PROCESSO: REsp.1.819.075 – RS
=> a Lei de Locações considera aluguel para temporada aquele destinado à residência temporária do
locatário, por prazo não superior a 90 dias;

=> a legislação não trata da hipótese de oferta de imóveis com alta rotatividade nem da possibilidade
de divisão de uma mesma unidade entre pessoas sem vínculo;

=> as atividades realizadas por meio de plataformas como o Airbnb não possuem o modelo de
negócio, nem a estrutura ou o profissionalismo suficientes para serem enquadradas na Lei 11.771/08
INFORMAÇÕES (Política Nacional de Turismo), embora as características desse tipo de locação lembrem um contrato
LÍQUIDAS: de hospedagem na modalidade atípica;

=> o contrato atípico de hospedagem realizado por meio de plataformas como o Airbnb não configura
atividade ilícita, desde que exercida nos limites da legislação;

=> o Código Civil, ao mesmo tempo em que reconhece ao proprietário o direito de dispor livremente
de sua unidade residencial, também lhe impõe o dever de observar a sua destinação e usá-la de
maneira não abusiva, com respeito à convenção do condomínio – instrumento com força normativa,
segundo o próprio código;
PROCESSO: REsp.1.819.075 – RS

Art. 1.228 (CC). O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de
quem quer que injustamente a possua ou detenha.

Art. 1.335 (CC). São direitos do condômino:

INFORMAÇÕES I - usar, fruir e livremente dispor das suas unidades;


LÍQUIDAS:
II - usar das partes comuns, conforme a sua destinação, e contanto que não exclua a utilização dos demais
compossuidores;

III - votar nas deliberações da assembléia e delas participar, estando quite.

Art. 19 (Lei 4.591/64). Cada condômino tem o direito de usar e fruir, com exclusividade, de sua unidade autônoma,
segundo suas conveniências e interesses, condicionados, umas e outros às normas de boa vizinhança, e poderá usar as
partes e coisas comuns de maneira a não causar dano ou incômodo aos demais condôminos ou moradores, nem
obstáculo ou embaraço ao bom uso das mesmas partes por todos.
PROCESSO: (416) ADI 6517 – SP (acórdão ainda não divulgado)
DADOS: STF, Plenário, Min. Cármen Lúcia, sessão 09.04.2021 a 16.04.2021.
ADI interposta para suspender dispositivos da Constituição de São Paulo que garantia foro por
CONTEXTUALIZAÇÃO prerrogativa de função a autoridades não listadas na CF, como defensores públicos e delegado-geral
FÁTICA: de polícia civil.
QUESTÃO CENTRAL Defensores Públicos estaduais e Delegado-Geral da Polícia estadual podem ter garantido foro por
CONTROVERSA: prerrogativa de função na Constituição local?
=> A partir da ADI 2553, o STF passou a entender que as Constituições Estaduais não podem estender
o foro por prerrogativa de função a autoridades diversas daquelas listadas na CF/88, que não cita
INFORMAÇÕES defensores públicos nem delegado–geral da polícia civil;
LÍQUIDAS:
=> as normas que estabelecem o foro por prerrogativa de função são excepcionais e devem ser
interpretadas restritivamente;
PROCESSO: (417) ADC 49 – RN (acórdão ainda não divulgado)
DADOS: STF, Plenário, Min. Edson Fachin, sessão de 09/04/2021 a 16/04/2021.
Por meio de ADC, o governador do Rio Grande do Norte buscava a validação da cobrança ICMS
CONTEXTUALIZAÇÃO na transferência interestadual de mercadorias entre estabelecimentos de um mesmo
FÁTICA:
contribuinte.
QUESTÃO CENTRAL Incide ICMS no deslocamento de mercadorias entre estabelecimentos do mesmo contribuinte
CONTROVERSA: localizados em diferentes Estados?

=> A mera circulação física de uma mercadoria não gera incidência do ICMS, pois não há
transmissão de propriedade de bens, ainda que implique transporte interestadual;
INFORMAÇÕES
LÍQUIDAS:
4º SPOILER (julgado 11) ARE 1255885 – Repercussão Geral Tema 1.099:

TEMA 1.099: “Não incide ICMS no deslocamento de bens de um estabelecimento para outro
do mesmo contribuinte localizados em estados distintos, visto não haver a transferência da
titularidade ou a realização de ato de mercancia”.
PROCESSO: ADI 5520 - SC

=> o mero deslocamento de mercadorias entre estabelecimentos de propriedade do mesmo


contribuinte não configura circulação de mercadoria, pois não representa mercancia e/ou
transferência de propriedade jurídica, descaracterizando-se, portanto, o fato gerador de ICMS,
ainda que os estabelecimentos estejam situados em estados diversos;

=> no julgamento do RE 540829 (Tema 297), o STF fixou a tese de que não incide o ICMS na
INFORMAÇÕES operação de arrendamento mercantil internacional, salvo na hipótese de antecipação da opção de
LÍQUIDAS:
compra, quando configurada a transferência da titularidade do bem;

=> Naquele julgamento, ficou assentado que, para fins de incidência do ICMS, prevalece a definição
jurídica da expressão “circulação de mercadorias”, somente caracterizada pela transferência de
titularidade do bem;

=> Para o STF, o mero deslocamento de mercadorias entre estabelecimentos de propriedade do


mesmo contribuinte não configura circulação de mercadoria;

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