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Manual de

Ecoturismo
de Base
Comunitária
Ferramentas para um planejamento responsável
Arquivo pdf com 540 k
48 páginas, capa e verso da capa

Todos os direitos reservados. Parte integrante do livro Manual de Ecoturismo de Base Comunitária:
ferramentas para um planejamento responsável, do WWF-Brasil.
Para conhecer os outros capítulos do Manual, o método de elaboração, os projetos parceiros
e demais informações sobre este livro, visite o site do WWF-Brasil – www.wwf.org.br.

SECÇÃO 3
GESTÃO INTEGRADA:
instrumentos para controle, administração e participação
CAPÍTULO 3.9
Monitoramento e controle de impactos de visitação
Autora: Sylvia Mitraud

PARCERIA:

APOIO:
MANUAL DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITÁRIA
FERRAMENTAS PARA UM PLANEJAMENTO RESPONSÁVEL

Publicação do Programa de Turismo e Meio Ambiente do WWF-Brasil

FICHA TÉCNICA

Organizadora do Manual Coordenação das Oficinas


Sylvia Mitraud Sylvia Mitraud

Autores Consultores do Projeto


Anna Paula Santos, Ariane Janer, Gilberto Jane Vasconcelos, Roberto Mourão, Verônica
Fidelis, Jane Vasconcelos, Johan van Lengen, Toledo, Waldir Joel de Andrade, Ariane Janer,
Leandro Ferreira, Marcos Borges, Max Dante, Gilberto Fidelis, Marcos Martins Borges
Monica Corulón, Roberto Mourão, Sérgio
Salazar Salvati, Sylvia Mitraud, Timothy Coordenação Editorial
Molton, Verônica Toledo, Waldir Joel de Alexandre Marino - Varanda Edições Ltda
Andrade.
Projeto Gráfico, capa e edição em pdf
Edição Técnica Paulo Andrade
Robert Buschbacher, Sérgio Salazar Salvati,
Sylvia Mitraud, Leonardo Lacerda Fotos da capa:
Sérgio Salazar Salvati
Coordenador do Programa de Turismo e Meio
Ambiente do WWF-Brasil Tiragem: 3.000 exemplares
Sérgio Salazar Salvati Novembro de 2003

Esta publicação, "Manual de Ecoturismo de Base Comunitária: ferramentas para um planejamento responsável” é pu-
blicada com o apoio da USAID - Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional - com sede na
Embaixada Americana no Brasil, nos termos do acordo nº 512-0324-G-00-604. As opiniões expressas do(s) autor(es)
não necessariamente refletem as opiniões da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional.
Esta publicação contou com o apoio da Kodak Company, USA, nos termos do acordo de cooperação técnica celebra-
do para apoio ao desenvolvimento dos projetos do Programa de Ecoturismo de Base Comunitária do WWF-Brasil. As
opiniões expressas do(s) autor(es) não necessariamente refletem as opiniões da Kodak Company.
A viabilidade desta publicação contou com a participação da Companhia Suzano de Papel e Celulose, por meio de
convênio de parceria entre o WWF-Brasil e o Instituto Ecofuturo. As opiniões expressas do(s) autor(es) não necessa-
riamente refletem a opinião desta Companhia.

Publicado em papel Reciclato - 100% reciclado

M294e Manual de Ecoturismo de Base Comunitária: ferramentas para um planejamen-


to responsável. /
[Organização: Sylvia Mitraud] - [Brasília]: WWF Brasil, c2003. 470p.: il.
Color. ;21x14 cm.

Bibliografia
ISBN: 85-86440-12-4

1. Ecoturismo - Brasil. 2. Turismo Comunitário. 3. Metodologia de Planejamento e Gestão


– Ecoturismo. 4. Capacitação Comunitária. 5. Conservação.

CDU 504.31
GESTÃO INTEGRADA

9. Monitoramento e controle
de impactos de visitação
Sylvia Mitraud

I. O BJETIVO 1. O princípio básico

desafio para se controlar o impacto de


objetivo deste capítulo é oferecer
O
O um instrumento prático e viável que
possibilite o monitoramento e con-
trole dos impactos de visitação por parte dos
visitação em áreas naturais não deve
ser menosprezado. Problemas ambientais
decorrentes da interferência humana
exigem uma postura preventiva, para equili-
responsáveis pela gestão de áreas naturais.
O método aqui proposto – Monito- brar o uso, e pró-ativa, de forma que a 9
ramento do Impacto de Visitação (MIV) – solução venha em tempo hábil.
incorpora as principais e mais conhecidas Em geral, para se resolver um problema
metodologias existentes para gestão do uso isolam-se suas causas, elaboram-se estraté-
recreativo de áreas naturais. gias para eliminá-las ou minimizá-las, esta-
belecem-se metas a serem cumpridas e
II. I NTRODUÇÃO CONCEITUAL acompanham-se os eventos de implemen-
tação, até que tenham sido atingidas as
Como foi visto na Introdução e no capí- metas ou o problema tenha sido resolvido.
tulo de Planejamento do Ecoturismo deste Esse processo, tão simples e cotidiano,
Manual, há uma série de princípios rela- torna-se complexo quando se trata de con-
cionados às questões sócio-econômicas e à trole de impactos de visitação, pois o
conservação ambiental que orientam o impacto ambiental indesejável no local visi-
desenvolvimento do ecoturismo. tado é muitas vezes difícil de ser percebido.
A visitação causa alterações ao ambiente Além disso, o conhecimento disponível
natural. É necessário adotar medidas de sobre os processos e relações entre os diver-
controle para protegê-lo, e ao mesmo tempo sos elementos de um determinado ecossis-
assegurar qualidade à visita. tema geralmente é insuficiente para se
O método proposto neste capítulo con- entender que determinada alteração é inde-
templa o princípio da viabilidade ambiental, sejada ou proveniente de causas não natu-
segundo o qual o ecoturismo deve ser rais. A alteração na população de uma
desenvolvido com o controle dos impactos, determinada espécie animal pode ser provo-
de forma a não gerar danos irreversíveis ao cada por ações antrópicas, ou pela própria
local visitado, inclusive como forma de não dinâmica populacional da espécie, ou por
comprometer o próprio negócio. outras mudanças no ecossistema (no solo,
Os dados recolhidos por meio do moni- na vegetação, nos recursos hídricos, em ou-
toramento ou acompanhamento das alte- tras espécies de fauna, no clima etc.) das
rações podem subsidiar a formulação de quais não se tem qualquer conhecimento,
medidas de proteção. ou não se é permitido conhecer.
Sem que determinada situação seja diag-
nosticada como um “problema”, como é
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MANUAL DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITÁRIA • Ferramentas para um planejamento responsável

possível identificar causas e traçar estraté- meio do acompanhamento criterioso e sis-


gias para solucioná-la? E mais importante, se temático de alterações observáveis no ambi-
não há problema perceptível, por que se ente visitado, e seu controle, espera-se que
preocupar com a situação? problemas maiores, mais complexos e
A resposta é simples: o fato de não se pouco perceptíveis sejam detectados com
identificar um problema não significa que maior facilidade.
este não exista. Usualmente, quando se O enfoque na prevenção de problemas
percebe um problema ambiental, este já implica alterações nos procedimentos mais
atingiu tal nível de gravidade que é comum comumente seguidos para os processos de
ter se tornado irreversível, ou de solução monitoramento de projetos.
somente a longo prazo e/ou de alto custo. Para aqueles que já possuem experiência
Assim, no monitoramento e manejo de em monitoramento de projetos, a seguir
impactos de visitação, o esforço dos respon- apresentamos um quadro que contrasta as
sáveis pela gestão deve ser voltado para a duas abordagens e aponta as diferenças
antecipação e prevenção de problemas. Por entre elas.

1 QUADRO 1
9 MONITORAMENTO DE PROJETOS E DE IMPACTOS

MONITORAMENTO DE PROJETOS MONITORAMENTO DE IMPACTOS DE VISITAÇÃO

1 Identificam-se problemas 1 Planeja-se ou inicia-se a visitação


e diagnosticam-se causas em uma área natural
2 Define-se a estratégia de ação 2 Define-se a situação desejada
para resolver os problemas para uma área natural visitada
3 Definem-se metas a serem alcançadas 3 Definem-se indicadores e meios de
acompanhar o estado atual de acordo
com o desejado
4 Definem-se indicadores 4 Definem-se parâmetros máximos
de monitoramento das metas aceitáveis de alteração, os quais não
se quer alcançar
5 Monitora-se o alcance dos resultados 5 Monitoram-se as alterações
nos indicadores
6 Caso não sejam alcançados, 6 Caso sejam atingidos os parâmetros,
elaboram-se novas estratégias de ação elaboram-se estratégias de ação

2. As características do sistema modelo experimental, como o início de um


processo de construção de um método que
desenvolvimento e a aplicação de deverá ser refinado após sua implementação
O métodos de monitoramento e controle
(ou seja, o manejo) de impactos de visitação
monitorada em diversos contextos.
O método ora proposto possui duas ca-
em áreas naturais são processos ainda em racterísticas básicas:
elaboração e teste, não só no Brasil como
em todo o mundo. Dessa forma, o método ❒ É FLEXÍVEL e VERSÁTIL, podendo ser
aqui apresentado deve ser visto como um adaptado a uma diversidade de si-
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Monitoramento e controle de impactos de visitação – GESTÃO INTEGRADA

tuações – desde o manejo de uma da, para atender às características citadas


pequena propriedade particular, acima. Por isso, optou-se pela associação de
sem pessoal ou recursos para manter quatro métodos: um desenvolvido para a
um sistema sofisticado de monitora- elaboração de planos de manejo em par-
mento e controle de impactos, até ques nacionais nos Estados Unidos; dois
um parque nacional marinho. Ao desenvolvidos especificamente para o
longo do capítulo serão utilizados manejo dos impactos de visitação em áreas
exemplos ilustrativos desses dois naturais protegidas; e um "importado" da
tipos de casos. área de acompanhamento e avaliação de
❒ Sendo um método flexível, o resulta- projetos. A esses foram acrescentadas
do de sua implementação depende, pequenas contribuições de outros métodos
em grande parte, da ABRANGÊNCIA e existentes. O quatro métodos são:
da COMPLEXIDADE do sistema definidas
por aqueles que o aplicam. A. LAC OU LIMITES DE MUDANÇA ACEITÁVEL -
desenvolvido por George Stankey, David
Independentemente da complexidade do Cole, Robert Lucas, Margaret Petersen e
sistema montado, este deve ser: Sidney Frissell, para o Serviço Florestal
dos Estados Unidos, publicado em 1985.
❒ PRÁTICO, com procedimentos e B. CAPACIDADE DE CARGA DE VISITAÇÃO 9
instrumentos de monitoramento o RECREATIVA EM ÁREAS PROTEGIDAS - desen-
mais simples possível. volvido por Miguel Cifuentes, apresenta-
❒ DINÂMICO, permitindo a fácil ade- da de forma sistemática pela primeira
quação do sistema de acordo com o vez em 1992.
aprendizado gerado pela sua apli- C. VIM OU MANEJO DE IMPACTO DE VISITAÇÃO -
cação. desenvolvido por Fred Kuss, Alan Graefe
❒ ACESSÍVEL aos proprietários, gerentes, e Jerry Vaske, para a National Parks and
ou pessoas responsáveis pela apli- Conservation Association – USA
cação do sistema. (Associação de Parques Nacionais e
❒ CONFIÁVEL, com coleta e registro de Conservação dos EUA), publicado em
dados realizados nos prazos e na 1990.
forma definida no sistema. D. MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS
❒ FOCALIZADO NO MANEJO DA VISITAÇÃO e - modelo de matriz de monitoramento de
não em pesquisa em geral. projetos utilizado pela Interamerican
❒ GERADOR DE INFORMAÇÕES CUMULATI- Foundation – IAF.
VAS, ou seja, seu objetivo é observar
mudanças em um mesmo elemento Fundamentalmente, esses métodos não
ao longo do tempo. se contrapõem. Devido às suas diferentes
❒ SISTEMATICAMENTE ORGANIZADO para abordagens, são complementares, gerando
não haver perda ou mistura de infor- subsídios para o manejo.
mações sobre os dados coletados. O LAC – LIMITES DE MUDANÇA ACEITÁVEL,
❒ DE APLICAÇÃO IMEDIATA, sem estar desenvolveu-se com base no princípio de
condicionado à realização de que qualquer ação de manejo ou uso (inclu-
pesquisas prévias, ou do alcance de sive visitação recreativa) em um ambiente
condições ótimas de gestão. natural necessariamente gera alterações no
mesmo. Portanto, o objetivo do gestor não
3. Os métodos utilizados deve ser evitar ou eliminar as alterações no
ambiente natural causadas pela ação
enhum dos métodos até agora desen-
N volvidos foi suficiente, de forma isola-
humana, mas sim mantê-las dentro de
parâmetros aceitáveis. No caso da visitação
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MANUAL DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITÁRIA • Ferramentas para um planejamento responsável

recreativa, os gestores devem estabelecer a 5. Satisfação do visitante em sua experiên-


quantidade e o tipo admissíveis ou cia recreativa dentro da unidade.
aceitáveis. Outro ponto chave do método, é
que ele não define os limites em termos de Além de relacionar os critérios acima
quantidade e tipo de uso da área, mas sim para nortear o limite de uso recreativo de
em termos de impactos gerados pelo uso. uma determinada área, o método define que
A CAPACIDADE DE CARGA desenvolveu-se o manejo da visitação não pode ser conside-
com o objetivo de gerar um indicador quan- rado um elemento independente do restante
titativo, uma espécie de “termômetro”, para do manejo da unidade de conservação (UC),
os gestores de áreas onde nunca se fez o ou da propriedade. Ao contrário, deve ser
acompanhamento sistemático dos impactos organizado levando-se em conta todas as
de visitação: os gestores da área devem atividades ali realizadas, buscando um equi-
manter o número de visitantes em uma área líbrio de qualidade. A preocupação é de que
protegida abaixo da capacidade de carga o investimento na propriedade – de pessoal,
estabelecida, ou seja, do número máximo infra-estrutura e financeiro – não seja dire-
de visitantes que a área pode receber, esta- cionado exclusivamente para o ecoturismo,
belecido pelo método. A capacidade de evitando assim o enfraquecimento econômi-
carga garante um instrumento de controle co, social e ambiental da propriedade.
9 mínimo para iniciar a implementação do Uma outra contribuição desse método é
sistema de monitoramento e controle de a inclusão da capacidade de gestão como
impacto de visitação. A determinação da fator de manejo de impacto da visitação. É
capacidade de carga de visitação de uma um fator importante, considerando-se que
área pode também auxiliar no estudo de as propriedades com potencial ecoturístico
viabilidade econômica do ecoturismo no no Brasil, em sua maior parte, não possuem
local. Por exemplo, em um atrativo, público atividades voltadas para a pesquisa, têm
ou privado, onde a única infra-estrutura para limitados recursos humanos e financeiros
visitação é uma trilha, a capacidade de para investir no manejo de visitação e care-
carga dessa trilha será o fator limitante do cem de instalações e equipamentos sofisti-
faturamento. cados para controle de impactos.
Este método representa a busca de alter- O VIM aceita o princípio fundamental do
nativas para o manejo sustentável de visi- LAC. Sua principal contribuição para o méto-
tação em áreas protegidas, dentro de um do proposto neste capítulo é o esta-
contexto latino-americano. Dessa forma, belecimento dos mecanismos e procedimen-
baseia-se na conjunção de cinco fatores: tos para fazer do manejo de visitação um
processo dinâmico para diagnóstico de
1. Conhecimento existente sobre a biodi- impactos, subsidiando a tomada de decisões.
versidade protegida na unidade de con- Na definição das variáveis e padrões
servação, especialmente espécies para a determinação de parâmetros
endêmicas e/ou ameaçadas, e sobre os aceitáveis de mudança, os pesquisadores
processos ecológicos do ecossistema envolvidos no desenvolvimento do VIM
protegido e suas características físico- chegaram às seguintes conclusões:
ambientais.
2. Disponibilidade de pessoal em número ❒ Dentre as variáveis biológicas, sociais, físi-
adequado e capacitado para desen- cas, etc., não é possível estabelecer uma
volver atividades técnicas de manejo de única resposta previsível dos impactos do
visitação. uso recreativo. Os impactos são geral-
3. Disponibilidade de recursos financeiros. mente identificados por uma relação entre
4. Infra-estrutura e equipamentos ade- diversos fatores. Em outras palavras, é
quados. muito difícil identificar variáveis que iso-
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Monitoramento e controle de impactos de visitação – GESTÃO INTEGRADA

ladamente indiquem a ocorrência de III. C AIXA DE FERRAMENTAS


algum dano inaceitável (ou seja, que
descaracteriza o ambiente ou alguma de Esta caixa de ferramentas apresenta as três
suas partes de forma irreversível). principais etapas do processo de desenvolvi-
❒ Para a maioria dos impactos, não se mento e implementação do MIV, quais sejam:
pode estabelecer uma relação direta e
linear com a intensidade de uso 1. Montando o Sistema de
(número de visitantes). A relação varia Monitoramento e Controle de
de acordo com diversos outros fatores, Impactos de Visitação (MIV);
podendo ser mais ou menos forte. Essa 2. Aprendendo a desenvolver
conclusão indica que os métodos de o MIV para uma área; e
aferição da capacidade de carga são 3. Ensinando outros a desenvolver o MIV.
instrumentos limitados de controle de
impactos inaceitáveis. 1. Montando o Sistema
❒ Um dos principais fatores que influen- de Monitoramento e Controle
ciam a determinação da capacidade de de Impactos de Visitação (MIV)
carga (ou limite de uso) é a tolerância
desenvolvimento do MIV envolve a
diferenciada dos elementos do ecossis-
tema (resiliência) e dos diferentes grupos
de visitantes às alterações ambientais. A
O realização de 10 passos: 9
intensidade de uso pode beneficiar 1 Montar equipe multidisciplinar, de
alguns elementos/grupos, enquanto pre- acordo com as características levan-
judica outros. tadas no planejamento e mapeamento.
❒ Algumas atividades geram impactos mais 2 Revisar a legislação e as políticas am-
rapidamente do que outras, e a forma bientais e de turismo relevantes para a
como a atividade é realizada pode ace- UC (Unidade de Conservação) ou pro-
lerar ou desacelerar esse processo. Ou priedade.
seja, dependendo do comportamento do 3 Analisar ou elaborar objetivos gerais
visitante e do tipo de atividade, um para o uso da área protegida ou pro-
único visitante pode causar mais priedade, objetivos específicos para a
impacto ao ambiente do que um grupo atividade de ecoturismo e definir obje-
com 20 ou mais pessoas. tivos específicos por trilha ou local de
❒ Os impactos do uso recreativo também visitação.
são influenciados por fatores específicos 4 Determinar indicadores para moni-
de cada local visitado, como o clima, a toramento de cada área.
topografia ou o solo. 5 Determinar parâmetros de impactos
aceitáveis para cada indicador, in-
O SISTEMA DE MONITORAMENTO DE PROJETOS cluindo as unidades de medida.
permite a sistematização da coleta e registro 6 Determinar a capacidade de carga.
de dados de forma contínua e confiável, 7 Elaborar a Matriz de Monitoramento,
sendo um instrumento que possibilita a iden- incluindo os instrumentos de coleta e
tificação de problemas potenciais ou efetivos compilação de dados.
relacionados à visitação. É constituído de uma 8 Coletar dados iniciais para o monitora-
tabela, chamada Matriz de Monitoramento, mento de todos os indicadores, ajustar
que orienta o que se deve acompanhar, onde, os instrumentos de coleta e compi-
quando, e por quem. A Matriz é complemen- lação de dados e realizar a primeira
tada por diversos formulários que auxiliam a etapa de treinamento dos responsáveis
coleta e registro dos dados, de acordo com as pelo manejo.
determinações da Matriz. 9 Analisar os usos conflituosos ou exces-
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MANUAL DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITÁRIA • Ferramentas para um planejamento responsável

sivos observados durante a coleta de Caso seja necessário, e isto é importante


dados iniciais para o monitoramento e destacar, fazer correções nos locais de visi-
determinar ações de manejo corretivas. tação, e caso os gestores da UC ou da pro-
10 Treinar os responsáveis para imple- priedade desejem providenciá-las imediata-
mentar o MIV. mente, convém aguardar sua conclusão
antes de realizar os passos 3 a 5 da mon-
tagem do sistema de monitoramento, pois
O MIV não pode ser desenvolvido iso-
podem haver alterações em locais de coleta
ladamente dentro de uma unidade de con- de dados e no estado dos indicadores.
servação (UC) ou propriedade. Ao contrário, Deve-se levar em conta que atividades cor-
algumas ações prévias são condições para retivas que implicam melhor comportamen-
que se possa implementá-lo: to por parte do visitante (p. ex. sua edu-
cação via folhetos e placas), assim como a
❒ Planejamento da UC ou propriedade instalação de equipamentos e infra-estru-
como um todo, para definir as áreas turas na área, podem vir a alterar a capaci-
onde será desenvolvido o uso recreativo, dade de carga dessas áreas ou alterar os
tais como trilhas. indicadores. Entretanto, a análise da legis-
❒ Mapeamento da área de visitação, no lação (passo 1), a descrição de objetivos
caso de trilhas, p. ex., levantamento do (passo 2) e a capacidade de carga (passo 6)
9 comprimento, direção, declividade e devem ser desenvolvidos antes de qualquer
alteração corretiva no local de visitação.
identificação de tipos de solo predomi-
nantes ao longo da trilha (ver capítulo
Manejo de Trilhas).

1 QUADRO 2
EXEMPLOS A SEREM UTILIZADOS NESTE CAPÍTULO

OS EXEMPLOS A SEREM UTILIZADOS NESTE CAPÍTULO:

Para auxiliar na compreensão deste capítulo, os MIVs de duas áreas serão utilizados
para ilustrar os passos do método.
Um foi desenvolvido pelo Projeto Veadeiros (ver apresentação na Introdução)
durante a elaboração deste manual. O MIV foi elaborado para uma trilha de 1.500m
numa área chamada Vale da Lua, cujos proprietários possuem baixa capacidade de
investimentos financeiros e pela qual há apenas um responsável permanente.
O outro foi elaborado como parte do Planejamento e Implantação do Uso
Recreativo no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, projeto realizado
pelo WWF-Brasil em parceria com o MMA/IBAMA. O Parque possui oito trilhas, 20
pontos de mergulho e uma equipe de funcionários correspondente a 70% do ideal
e contou com financiamento específico para o desenvolvimento das atividades pro-
postas em caráter piloto.
Apesar das diferenças extremas entre os casos, ambos são considerados bons exemplos
de MIV, cumprindo com os critérios expostos no item II.2 (Características do Sistema). Ao
longo desta Caixa de Ferramentas, serão apresentados trechos selecionados dos trabalhos
em cada área. Como anexo, serão apresentados os resultados do MIV do Parque
Nacional Marinho de Fernando de Noronha para uma de suas trilhas. A apresentação na
íntegra do MIV de qualquer uma das áreas utilizadas como exemplos é impossível por
tratarem-se de documentos mais extensos do que este capítulo.

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Monitoramento e controle de impactos de visitação – GESTÃO INTEGRADA

Passo 1 – Montar equipe muito extensa em ambiente frágil,


multidisciplinar, de acordo uma extensa rede de trilhas ou de
com as características locais de visitação geralmente
levantadas no planejamento indicam a necessidade de cuidados
e mapeamento maiores no controle dos impactos
causados pela visitação. A diversi-
A elaboração do MIV começa com a dade na oferta de atividades de eco-
montagem da equipe que realizará o traba- turismo, como por exemplo uma
lho. Uma equipe com especialidades varia- caminhada aliada a escalada e
das é determinante para a qualidade e pro- canyoning, também implica um sis-
fundidade de detalhamento do sistema. tema mais complexo.
Quanto mais completa for a equipe de tra- ❒ A disponibilidade de recursos finan -
balho, mais completo será o sistema. Note- ceiros. Uma equipe de especialistas
se também que essa equipe poderá, em uma pode ter alto custo, não só em hono-
mesma visita, colaborar com o desenvolvi- rários como também em transporte,
mento do programa de interpretação ambi- hospedagem e alimentação. Uma
ental (ver capítulo específico) do local. alternativa natural é conseguir a co-
Porém, uma equipe multidisciplinar com laboração de voluntários e estagiá-
conhecimentos prévios sobre a área pode rios, ou estabelecer convênios com 9
ter alto custo, e o resultado do trabalho ONG's e institutos de ensino e pes-
pode tornar-se complexo ou demorado quisas (ver capítulos Voluntariado
demais, impossibilitando sua implantação em projetos de ecoturismo e Pesquisa
pela equipe responsável pela gestão. Cabe na atividade de ecoturismo).
aos gestores da UC ou ao proprietário pon- ❒ Os recursos humanos disponíveis
derar os diversos fatores para decidir sobre o para a implementação do MIV. Caso
tamanho e nível de especialização da seja desenvolvido um sistema mais
equipe de montagem do monitoramento, complexo do que a capacidade e o
entre eles: tamanho da equipe disponível, o sis-
tema certamente não será imple-
❒ A necessidade de um trabalho mais mentado. Nesse caso, é preferível
detalhado e cuidadoso. Uma elaborar um sistema simples, dentro
Unidade de Conservação, uma área da capacidade de implementação
dos proprietários ou responsáveis.
EXEMPLO 1 - EQUIPES DE TRABALHO
Projeto Veadeiros PARNAMAR/Noronha
A equipe que elaborou o MIV A equipe do Projeto Noronha contou
do Vale da Lua era constituída por com um total de 18 técnicos, cobrindo
um técnico e pela coordenadora 14 áreas de especialidades diferentes,
do Projeto Veadeiros / WWF-Brasil. tais como história e arqueologia,
ecossistemas terrestres (flora e fauna)
e marinhos (corais, ictiofauna, golfinhos
e tartarugas), geologia, engenharia
e arquitetura (para a infra
e os equipamentos), educação
e interpretação ambiental,
comunicação visual
(para sinalização e folhetos) etc.
321
MANUAL DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITÁRIA • Ferramentas para um planejamento responsável

Passo 2 – Revisar a legislação A equipe deve concentrar-se, principal-


e as políticas ambientais mente, no estabelecimento de objetivos
e de turismo relevantes para cada trilha ou local de visitação.
para UC ou propriedade Quanto mais específicos os objetivos, mais
fáceis serão os passos seguintes e, mais
Com a equipe de tamanho e característi- importante, mais claro será para os respon-
cas adequados, o segundo passo é realizar sáveis identificar como deve ser utilizado o
uma cuidadosa revisão da legislação e políti- local visitado. Para ilustração, os objetivos
cas de conservação, de turismo e de uso do de trilhas podem referir-se a:
solo pertinentes ao local e propriedade. A
revisão deve abranger os níveis federal, ❒ Infra-estrutura e manutenção de tri -
estadual e municipal. Convém também co- lhas (largura da trilha, tipo de mate-
nhecer acordos ou práticas não-formais da riais, construção, locais de descan-
comunidade local. O objetivo é assegurar so, colocação de bancos, mirantes,
que as atividades propostas e desenvolvidas pontes etc.).
para o uso recreativo não estejam em con- ❒ Interpretação ambiental (trilha guia-
tradição com as normas vigentes ou com os da ou não, tipo, quantidade e locali-
costumes locais, e que ao mesmo tempo se zação de sinalização, materiais de
9 possa tirar melhor proveito das políticas que interpretação etc.).
favorecem e incentivam a atividade ecoturís- ❒ Experiência do visitante (tipo de
tica. Essa revisão deve ser realizada durante atividade, tipo de visitante, faixa
o diagnóstico e planejamento do ecoturismo etária, encontros com outros grupos,
(ver capítulos referentes). visitas de excursões, permanência
em mirantes, visualização de infra-
Passo 3 – Analisar ou elaborar estrutura etc.).
objetivos gerais para o uso ❒ Proteção contra usos indevidos (van-
da área protegida ou dalismo, danos aos recursos naturais,
propriedade, objetivos danos em sinalização, lixo, etc.).
específicos para a atividade ❒ Proteção biológica e/ou ecológica
de ecoturismo e definir (proteção de espécies endêmicas, de
objetivos específicos por espécies que ocorrem ao longo da
trilha ou local de visitação trilha, período de reprodução, pro-
teção da paisagem, refúgios e
A definição de objetivos específicos por ninhos etc.).
trilha ou área de visitação deve receber
cuidadosa atenção, pois todas as demais Passo 4 – Determinar indicadores
etapas do monitoramento e avaliação dos para monitoramento
impactos de visitação são feitas com base de cada área
nesses objetivos.
No caso das propriedades particulares, Os indicadores limitam a abrangência
dificilmente haverá clareza na definição de do MIV. Por meio deles, definimos os itens
objetivos. Deve-se ter o cuidado de não ou aspectos sobre os quais faremos o acom-
“inventar” objetivos que nada representam panhamento de alterações, permitindo a
para o proprietário. Em casos como este, basta prevenção de danos considerados ina-
identificar ou elaborar um objetivo que reflita ceitáveis. Os indicadores devem ser esta-
o potencial da área para receber visitantes e o belecidos a partir dos objetivos específicos
interesse do proprietário em trabalhar com o de cada trilha, pois eles são a referência
ecoturismo (evitando restringir-se à resposta para a condição desejada em cada local.
óbvia e simplista do interesse econômico).
322
Monitoramento e controle de impactos de visitação – GESTÃO INTEGRADA

EXEMPLOS DE OBJETIVOS:
Projeto Veadeiros PARNAMAR/Noronha
1) Objetivo da propriedade e de visitação: 1) Objetivo de uso recreativo do Parque:
Promover o uso adequado da área para Minimizar os impactos negativos
a sua conservação, educação ambiental resultantes do uso público.
e uso recreativo. (Há 4 outros objetivos, não citados aqui).
2) Objetivos da trilha do Vale da Lua: 2) Objetivos da Trilha dos Golfinhos:
a) orientar o visitante por um percurso a) manter a área do costão entre
que promova a interpretação das Golfinhos e Sancho como área de
características geológicas e botânicas reprodução de aves;
do local; b) propiciar experiência de visitação
b) delimitar o espaço de trânsito e de apropriada para grupos com prováveis
mirantes interpretativos, impedindo encontros com outros grupos e
o alargamento e duplicação de trilhas. compartilhamento de mirantes.
(Há 3 outros objetivos, não citados aqui). (Há 4 outros, não citados aqui).

objetivo é facilitar a percepção e controle de 9


É importante notar que, impactos indesejados que tenham relação
apesar dos indicadores serem definidos direta com a visitação recreativa.
por decisões de manejo, tendo portanto Nesse sentido, é especialmente difícil o
um nível de subjetividade, eles não são monitoramento de indicadores biológicos
ou ecossistêmicos. Como apontado pelos
aleatórios ou generalizados para qualquer
pesquisadores que desenvolveram o MIV, é
ambiente ou mesmo para todas as trilhas muito difícil estabelecer correlação direta
de uma mesma unidade. entre alterações populacionais e impactos
de visitação. Assim, além de ser difícil cole-
Como em qualquer contexto, indi- tar dados para indicadores biológicos de
cadores devem ser: forma confiável, a sua análise irá requerer
auxílio de especialistas.
❒ Claros, sendo apresentados com No entanto, sempre que possível
detalhes suficientes para não haver devem-se estabelecer alguns indicadores
dúvida sobre o que se quer moni- biológicos. Ao fazê-lo, além de observar se
torar. o mesmo está de acordo com o previsto nos
❒ Específicos, devendo tratar de ape- objetivos, outros fatores devem ser levados
nas um aspecto. em consideração:
❒ Práticos, buscando a maneira mais
simples e direta de acompanhar o ❒ Utilizar apenas espécies sobre as quais
aspecto desejado. haja conhecimento razoável em ecolo-
❒ Relevantes, tratando apenas dos gia e dinâmica de população, de prefe-
aspectos centrais apontados nos rência gerado em pesquisas no próprio
objetivos identificados ou definidos local. Se possível, deve haver alguma
no Passo 3, acima. pesquisa em andamento sobre a espé-
cie no local, de forma a poder contar
No estabelecimento dos indicadores de com a assessoria eventual de um
monitoramento, deve-se ter em mente que pesquisador especializado para a coleta
os dados serão coletados e analisados pelos e análise dos dados.
responsáveis pela gestão da área, e que o ❒ Apenas monitorar indicadores biológi-
323
MANUAL DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITÁRIA • Ferramentas para um planejamento responsável

cos caso os objetivos da propriedade e/ou ❒ Ao definir o indicador, a equipe deve se


do uso recreativo para aquele local deter- perguntar para que servirá a informação
minem explicitamente a espécie que se que este indicador gerará. Por mais
deseja estabelecer como indicador. interessante ou tentador que possa ser o
❒ Como os funcionários da propriedade acúmulo de informações sobre espécies
serão os responsáveis pela coleta, regis- de fauna ou flora, o objetivo do moni-
tro, armazenamento e análise inicial toramento é o manejo de impactos de
dos dados de monitoramento, é visitação e não a pesquisa científica.
necessário que os métodos e instrumen-
tos de coleta e registro sejam adequa- Os indicadores aos quais se deve dar
dos à capacidade do pessoal. Indi- preferência são os físicos e sociais. A seguir,
cadores que não possam ser acompa- são listadas as principais variáveis sociais,
nhados não devem ser utilizados. físicas e biológicas sobre as quais geral-
mente se elaboram indicadores:
1 QUADRO 3
VARIÁVEIS COMUMENTE UTILIZADAS PARA INDICADORES

9 SOCIAIS FÍSICOS BIOLÓGICOS


● Número de encontros com ● Compactação do solo ● Porcentagem de perda de
outros indivíduos por dia ● pH do solo cobertura do solo
● Número de encontros ● Quantidade de húmus ● Densidade de cobertura
por tipo de transporte no solo do solo
● Número de encontros ● Área de solo desnudado ● Diversidade de espécies
por tipo de atividade ● Área total de camping de plantas
realizada ● Tamanho dos restos ● Composição de espécies
● Número de encontros de fogueiras de plantas
por tamanho de grupo ● Erosão visível ● Proporção de espécies
● Número de encontros ● Drenagem do solo exóticas de plantas (com -
com outros grupos por dia ● Química do solo parado com as nativas)
● Percepção do visitante ● Profundidade ● Altura das plantas
quanto a “multidão” do húmus no solo ● Vigor de espécies de
● Número de encontros ● Número de locais plantas selecionadas
por local de encontro de fogueira ● Extensão da vegetação
● Número de reclamações ● Número de trilhas doente
feitas por visitantes paralelas ou duplicadas ● Extensão de árvores com
● Percepção do visitante (ou picadas) cicatrizes ou mutiladas
quanto a impacto ambiental ● Fauna e microflora ● Número de mudas no vas
● Quantidade do solo e árvores jovens
de lixo no local ● Raízes expostas
● Satisfação do visitante ● Abundância de espécies
● Relatos de visitantes de vida silvestre sele-
quanto a comportamento cionadas
indesejável de outros ● Presença / ausência de
visitantes espécies selecionadas
● Freqüência de avistamen-
to de fauna

324
Monitoramento e controle de impactos de visitação – GESTÃO INTEGRADA

Uma vez definidos os indicadores, a possíveis estejam além da capacidade


equipe deve descrever os meios de verifi- dos responsáveis ou então sejam muito
cação dos mesmos e a técnica a ser utiliza- dispendiosas.
da para a coleta de dados. O objetivo desta ❒ Refletir sobre a utilidade do indicador
etapa não é somente detalhar mais os indi- respondendo à seguinte pergunta:
cadores, mas sim: Quais resultados serão obtidos utilizan-
❒ Verificar a viabilidade de se utilizar o do-se este indicador, por meio desta
indicador. Talvez as únicas técnicas técnica de coleta?

EXEMPLO 3 – INDICADORES PARA MONITORAMENTO:


Projeto Veadeiros PARNAMAR/Noronha
1) Metragem da largura da trilha 1) Número médio de indivíduos por
O indicador será verificado com espécie (de aves) observados em dias de
a medição em trechos propensos a visitação comparado com dias sem
alagamentos, tomando três medidas visitação. O indicador será verificado
para cada local, sendo a segunda por meio do estabelecimento de área
medida 5 metros após a primeira controle com características similares
e a terceira 5 metros após a segunda. à área visitada.
2) Número de danos à infra-estrutura e/ou
9
2) Quantidade de lixo encontrado na trilha
O indicador será medido por meio da sinalização provocados por visitantes
coleta e contagem das unidades de em uso não adequado (depredação
lixo, verificando seu volume sem voluntária). O indicador será verificado
compactação em saco de lixo de 30 por meio de contagem absoluta
litros. O lixo encontrado deverá ser de ocorrências ao longo da trilha.
retirado do local sempre
que for observado.

Passo 5 – Determinar parâmetros de forte tendência dos membros da


impactos aceitáveis para equipe – especialmente de pesquisadores
cada indicador, incluindo especializados em flora ou fauna –
as unidades de medida
a colocar limites “zero”, ou então muito
O primeiro pressuposto básico no mane- próximos a isto. Esta atitude
jo de visitação é que, se há visitação, neces- é compreensível. Dizer que aceitamos
sariamente haverá alterações ou impactos
no ambiente. O segundo é que o ambiente a perda de “x” por cento na vegetação ao
natural possui capacidade relativa de recu- longo da trilha, ou a presença de “x” litros
perar-se (resiliência), incorporando alte- de lixo, ou alguma variação
rações, antrópicas ou não, desde que não no comportamento de determinada ave
ocorram perdas biológicas ou de processos
é uma ação contrária à que geralmente
ecológicos significativos.
os profissionais envolvidos com
NÃO EXISTE PARÂMETRO ACEITÁVEL a conservação ambiental realizam ao longo
DE MUDANÇA “ZERO”. de toda sua carreira. Caso verifique-se
algum impacto realmente inadmissível,
No momento de definir os parâmetros a área deverá ser fechada ou não deverá ser
aceitáveis de mudança, observa-se uma aberta à visitação recreativa.
325
MANUAL DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITÁRIA • Ferramentas para um planejamento responsável

Cabe aos manejadores da área determi- ❒ Estabelecer parâmetros com base no


nar, para os indicadores estabelecidos, os bom senso da equipe e testá-los por
limites ou parâmetros de impacto aceitáveis. meio de um monitoramento intensivo
Este é o ponto crucial do monitoramento durante os primeiros meses.
de impacto de visitação, onde mais se evi-
dencia a subjetividade da elaboração do
MIV. A definição de parâmetros aceitáveis de
impacto é sempre uma decisão de manejo, A aplicabilidade e efetividade
que envolve maior ou menor grau de subje- dos parâmetros definidos
tividade, dependendo dos conhecimentos deve ser avaliada no primeiro ciclo
acumulados pelos responsáveis e/ou equipe de monitoramento
sobre determinados fenômenos na área.
e avaliação dos impactos.
Deve-se evitar ao máximo a definição de
parâmetros aleatórios ou “chutados”.
Quando a equipe não estiver certa sobre os
níveis aceitáveis de mudança em determina- Para determinar os limites aceitáveis de
dos indicadores, deve: impacto, a equipe deve rever os objetivos
gerais e específicos da área e depois quan-
9 ❒ Consultar a bibliografia e estudos de tificar e/ou qualificar, dentro de um período
caso para observar os parâmetros uti- de tempo, cada indicador.
lizados em outras áreas. A quantificação deve ser feita segundo a
❒ Consultar um especialista na área mesma unidade apresentada no indicador
temática de que trata o indicador. (porcentagem, número absoluto, diferença
❒ Fazer pesquisa com visitantes para le- significativa, observações etc.).
vantar a opinião deles, especialmente Deve haver apenas um parâmetro por
no que se refere aos indicadores sociais. indicador:

EXEMPLO 4 – PARÂMETROS ACEITÁVEIS PARA IMPACTO:


Projeto Veadeiros PARNAMAR/Noronha
1) Metragem da largura da trilha 1) Número médio de indivíduos por
1,5m como trilha desenvolvida e até espécie (de aves) observados em dias
0,5m de cada lado com impactos de de visitação comparado com dias
visitação, desde que a cobertura do solo sem visitação.
(vegetação) não seja eliminada Ausência de diferença significativa
2) Quantidade de lixo encontrado na trilha entre médias de número de indivíduos
Até 30 litros por semestre por espécies principais entre áreas
(não compactado) visitadas e de controle.
2) Número de danos à infra-estrutura
e/ou sinalização provocados por
visitantes em uso não adequado
(depredação voluntária).
Até uma ocorrência por trimestre
no primeiro ano.

326
Monitoramento e controle de impactos de visitação – GESTÃO INTEGRADA

Passo 6 – Determinar necessário revê-la periodicamente de acordo


a capacidade de carga com as instruções do próprio método.
Também não é um número mágico, cujo
O passo seguinte é a determinação da cumprimento absoluto resolve e previne
capacidade de carga por área. Essa etapa irá todo e qualquer impacto inaceitável. Muitas
indicar a quantidade máxima de uso que vezes o tipo de uso e o comportamento do
uma trilha ou local visitado pode receber visitante são fatores que oferecem um risco
sem correr riscos elevados de gerar danos muito mais elevado do que a quantidade de
irreversíveis ou impactos inaceitáveis no visitantes. Soma-se a isto o fato de que o
ambiente natural. cálculo da capacidade de carga envolve a
O resultado da aplicação desta etapa do tomada de decisões de manejo, gerando
método é um número, que não se pretende assim um grau de subjetividade no resultado
estanque ou inquestionável. Como foi dito final, como no caso da definição de indi-
na introdução, a capacidade de carga de cadores e parâmetros.
uma trilha vai se alterando com as condições Assim, mesmo com o cumprimento rigo-
de infra-estrutura e gestão da área. É roso da capacidade de carga, é indispensável

9
CAPACIDADE DE CARGA DE VISITAÇÃO
EM ÁREAS DE MERGULHO NO PARQUE NACIONAL MARINHO DE FERNANDO
DE NORONHA – O PRINCÍPIO DO MANEJO CONSERVADOR DA VISITAÇÃO

urante a realização dos cálculos da capacidade de carga das áreas de mergulho, a


equipe técnica que estava desenvolvendo o MIV para o Parque observou ser bas-
tante difícil a adaptação do método para o ambiente submarino. A dificuldade foi
observada já na determinação da Capacidade de Carga Física, visto que o método, elabora-
do para trilhas no ambiente terrestre, considera apenas o solo e o ambiente às suas margens
como áreas possíveis de serem ocupadas pelos visitantes. No ambiente submarino, há tam-
bém a coluna da água. Uma segunda grande dificuldade encontrada foi a mobilidade dos
elementos no ambiente submarino, com presença abundante e diversificada de fauna.
Terceiro, como o ambiente marinho no Parque é ainda menos conhecido do que o terrestre,
mesmo a consulta aos especialistas não conseguiu resolver as dificuldades anteriores.
Finalmente, por determinação do diagnóstico e planejamento do uso recreativo no Parque,
as áreas de mergulho não possuem trilhas demarcadas.
Estas quatro características somadas levaram a equipe a adotar o princípio do manejo con-
servador da visitação, segundo o qual, em não se podendo estabelecer a capacidade de carga,
deve-se determinar um limite máximo de visitação bastante restritivo.
Assim, foi recomendado que os níveis de uso fossem pré-determinados pelas seguintes
ações de manejo: 1) limitação do número de mergulhadores presentes a qualquer momento
em um local de mergulho autônomo (com garrafa) por meio de poitas (no máximo duas por
área, com capacidade para 2 barcos cada); 2) mergulho livre (snorkel), na maioria dos locais,
feito com acompanhamento de guia, e sinalização de que há mergulhadores, por meio de
bóia. Também foi limitado o número de mergulhadores por guia (cinco).
O sistema de monitoramento deverá gerar dados que possibilitem averiguar a efetividade
dessas medidas para manter os níveis de impacto dentro de parâmetros aceitáveis e conser-
vadores.
327
MANUAL DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITÁRIA • Ferramentas para um planejamento responsável

que os responsáveis realizem ao menos um ❒ O mesmo raciocínio se aplica ao uso


monitoramento simplificado de impactos. das trilhas pelos responsáveis, por indi-
A determinação da capacidade de carga víduos a trabalho ou isentos de paga-
tem três funções importantes: mento: do ponto de vista da capacidade
de carga, todos os eventos são consi-
❒ Quando não bem manejada, a intensi- derados visitas.
dade de uso é um fator que oferece
riscos de alterações aceleradas no ambi- a) Determinação da Capacidade
ente visitado, especialmente na fauna. de Carga Física (CCF).
Portanto, é mais um fator que deve ser A CCF estima a capacidade máxima de
monitorado pelos responsáveis. uma trilha em receber visitas, baseado no seu
❒ Para as propriedades com baixa capaci- comprimento, distância entre grupos e no pe-
dade de gestão, a capacidade de carga ríodo em que a trilha fica aberta à visitação.
é um instrumento forte de controle de
impactos, apesar de não eliminar a A CCF é calculada por meio da fórmula:
necessidade do monitoramento.
❒ A capacidade de carga é um instrumen- CCF = S x T
to chave para que proprietários de áreas s.v. t.v.
9 com trilhas possam avaliar a viabilidade
econômica de sua operação. Onde:

O método adotado para determinação da Sa A superfície total da trilha, ou seja,


capacidade de carga foi originalmente desen- a distância total entre o começo e
volvido para aplicação em trilhas no ambi- o fim da trilha.
ente terrestre. Assim, sua aplicação em outros s.v.a A superfície ocupada por um visi-
ambientes exige adaptação, e pode nem ser tante (1m linear é o padrão mais
viável. No exemplo abaixo, são apresentados comumente empregado, indepen-
os resultados da tentativa de aplicação do dente da real largura da trilha),
método em um ambiente marinho. Há tam- adicionado do espaço ideal entre
bém experiências de aplicação em áreas de grupos de 10 pessoas, de forma
praia, mirantes e áreas de descanso – o exem- que um grupo não interfira na
plo mais completo é o do Parque Nacional de experiência do outro com ruídos
Galápagos, no Equador. A equipe deverá ou visualização ao longo da trilha.
adequar o método quando necessário. O intervalo entre grupos varia de
A capacidade de carga é determinada em acordo com o tamanho do grupo e
três etapas, ao final das quais chega-se ao com os objetivos relacionados à
número máximo de visitas a uma trilha por experiência do visitante em cada
dia. Uma quarta etapa refere-se à definição trilha. Por exemplo, em uma trilha
das formas de manejo desse número. Duas onde pode haver alguns encontros
observações importantes sobre o entendi- entre grupos, mas onde espera-se
mento da capacidade de carga: que seja raro um grupo ouvir a
conversa do outro, em geral esti-
❒ A capacidade de carga é definida com ma-se que a distância mínima
base no número de visitas e não de visi- entre grupos de 10 pessoas deve
tantes. Um mesmo visitante pode ser de 100m. Assim, cada pessoa
realizar mais de uma visita por dia a ocupa 1m linear adicionado de 10
uma mesma trilha. O que importa é metros referentes a 100m do grupo
quantas vezes ela foi percorrida, e não dividido pelo número de pessoas
quantas pessoas a percorreram. no grupo, ou seja, 10. Em outras
328
Monitoramento e controle de impactos de visitação – GESTÃO INTEGRADA

palavras, cada visitante ocupa 11 acordo com a experiência dos


metros lineares de trilha. mesmos no local. Geralmente, em
Ta O tempo total em que a área está uma área já utilizada para uso
aberta para visitação pública. Por recreativo há algum tempo, os
exemplo, se uma UC está aberta gestores (ou guias do local) sabem
das 8:00 às 16:00, o tempo total é dizer qual é a média aproximada
de 8 horas. Ou então, em uma de tempo que a maioria das pes-
RPPN (Reserva Particular do soas leva para percorrer a trilha.
Patrimônio Natural) o horário de
funcionamento para o público é Deve-se lembrar que a estimativa
também no período de 8:00 às considera a velocidade do público preferen-
16:00, mas há um fechamento de cial da trilha. Ou seja, se a trilha foi dese-
1 hora para almoço, das 12:00 às nhada para atender ao público de terceira
13:00, o tempo total “T” é de 7 idade, deve-se estimar a média de tempo
horas. que este público leva para percorrer a trilha.
t.v.a O tempo necessário para percorrer Por outro lado, uma trilha voltada para o
a trilha (no caso de trilhas de ida e público mais aventureiro, com muitos tre-
volta, conta-se apenas o trecho de chos difíceis ou desafiadores, deve consi-
ida porque está-se contando a derar a média de tempo que o público aven- 9
superfície total da trilha apenas tureiro leva para percorrer a trilha, mesmo
uma vez). Assim como no caso da que o público de terceira idade também uti-
s.v. (superfície ocupada pelo visi- lize a trilha. Deve-se levar em conta as pa-
tante), esta medida deverá ser esti- radas necessárias para a interpretação ambi-
mada pelos gestores da área, de ental, atividades específicas ou descanso.

EXEMPLO 5 – CÁLCULO DE CAPACIDADE DE CARGA FÍSICA


Projeto Veadeiros PARNAMAR/Noronha
1) S è 1.202m 1) S è 2.843m
2) s.v. è 6m (1m linear por pessoa mais 2) s.v. è 6m (1m linear por pessoa mais
5m referentes ao espaço entre grupos 5m referentes ao espaço entre grupos
de 50m para grupos de 10 pessoas). de 50m para grupos de 10 pessoas)
3) T è 10 hs (das 8:00 às 18:00) 3) T è 10 hs (das 8:00 às 18:00)
4) t.v è 3 hs (a trilha é curta e para todos 4) t.v è2,5 hs (a trilha foi desenhada
os públicos, mas os visitantes param para todos os tipos de público)
em média por 2 horas nas áreas de
banho ao longo da trilha).

CCF = 666 visitas por dia CCF = 1.895 visitas por dia

b) Determinação da Capacidade Onde:


de Carga Real (CCR).
A CCR reduz a CCF com base em diversos FL1 a FLn a Fatores limitantes da
fatores limitantes do ambiente ou específi- capacidade de carga física, ou se-
cos de cada área. ja, fatores que limitarão o núme-
A CCR é calculada da seguinte forma: ro de pessoas que terão acesso
a determinada trilha. Esses fato-
CCR = CCF x 100 - FL1 x 100 - FL2 x 100 - FLn res consideram o ambiente visi-
100 100 100 tado e não o visitante em si.
329
MANUAL DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITÁRIA • Ferramentas para um planejamento responsável

Podem ser: biofísicos (vulnerabilidade a pode tornar-se tão reduzida que será inviá-
erosão de acordo com declividade e tipo de vel permitir a visitação. Por outro lado, há
solo; distúrbio na fauna; dificuldade de mesmo situações de ambientes demasiada-
acesso etc.), ambientais (precipitação, mente frágeis nos quais a visitação não deve
intensidade de sol, marés etc.), e de mane- ser permitida.
jo (fechamentos para manutenção, entre Para lidar com essa questão, a equipe
outros). deve selecionar apenas aqueles fatores que
Calculam-se os fatores limitantes para cada realmente implicam uma redução da visi-
trilha, de acordo com a seguinte fórmula: tação, seja por exigirem o fechamento per-
iódico (manutenção, épocas de reprodução
FL1 = q.l. x 100 de alguma espécie muito sensível e ameaça-
Q.T. da, risco de enxurrada etc.), por tornarem a
visitação impossível (alagamento da trilha,
chuvas torrenciais, calor de mais de 40º
Onde: etc.), ou por dificultarem o acesso (alta
declividade, locais de segurança limitada
q.l. a Quantidade limitante do fator etc.). Geralmente, há entre 4 e 7 fatores li-
considerado (ex.: horas de sol mitantes.
9 intenso por mês por ano; metros A capacidade de carga real pode ser
de trilha em alta declividade com calculada para diferentes períodos do ano.
solo argiloso; período de repro- Esta é uma importante decisão de manejo
dução de pássaros etc.). que a equipe que desenvolve o MIV de
uma UC ou propriedade deverá tomar.
Q.T. a Quantidade total em que se con- Acima recomendou-se o uso do número de
sidera o fator limitante (ex.: total dias por ano como a base do cálculo da
de horas por mês e ano do par- CCR. Isto quer dizer que apesar de alguns
que aberto; total de metros da fatores limitantes serem condicionados a
trilha; total de meses etc.). A determinados períodos do ano (por exem-
mesma unidade de medida uti- plo, mêses de reprodução de fauna, perío-
lizada para estimar a quantidade dos de inundação, etc.) ou do dia (por
limitante deve ser utilizada para exemplo, horas do dia em que considera-se
a quantidade total. No caso de a intensidade do sol muito grande para vis-
medidas de tempo, tanto para a itação), o cálculo da CCR representa a
quantidade limitante quanto para média para todo o ano. Assim, deve-se
a quantidade total, utiliza-se, entender a capacidade de carga como um
preferencialmente, o número de indicador para os gestores da UC ou pro-
horas em que a área visitada está priedade do nível de visitação que a área
aberta durante o ano. pode receber, uma vez considerados os
fatores que reduzirão em alguns períodos a
O resultado é a porcentagem em que visitação recreativa.
aquele fator irá diminuir a capacidade de Esta é a forma mais fácil de aplicação e
carga física. Ao se considerar esta porcen- controle da CCR. Porém, a CCR pode ser
tagem na fórmula da CCR, observa-se que calculada de duas outras formas, de acordo
não será calculada a limitação da CCF, mas com a gravidade do fator limitante: a CCR
a quantidade não limitante. pode ser baseada no fechamento total da
Todo fator limitante incluído no cálculo, área por certos períodos de tempo, ou então
necessariamente reduz a CCF. Assim, caso a pode ser diferenciada para períodos dife-
equipe elabore uma grande quantidade de rentes do ano.
fatores limitantes, a capacidade de carga
330
Monitoramento e controle de impactos de visitação – GESTÃO INTEGRADA

1 QUADRO 4
COMO CALCULAR O NÍVEL DE VULNERABILIDADE
À EROSÃO E TRANSFORMÁ-LA EM FATOR LIMITANTE.
Uma trilha se torna mais ou menos suscetível à erosão de acordo com o tipo de solo, a
declividade do terreno e o tipo de atividade que nela se desenvolve. Para o caso de cami-
nhada, o quadro a seguir mostra o nível de vulnerabilidade considerando a relação entre
tipo de solo e declividade:

Tipo Declividade (Dec)


de Solo Dec < 10% 10% < Dec < 20% 20% < Dec
Pedregoso Baixa Baixa Alta
Argiloso Baixa Média Alta
Areno-argiloso Média Alta Alta

Usualmente, são considerados limitantes os trechos de média e alta vulnerabilidade.


Deve-se consultar o formulário de levantamento de trilha e verificar quantos trechos se
encaixam nesta categoria. A soma de todos eles será equivalente à quantidade limitante (q.l.). 9
Em alguns casos onde há curtos trechos de alta vulnerabilidade, que no entanto são sig-
nificativamente limitantes, a equipe pode optar por multiplicá-lo por um fator de 2 ou 3. Por
exemplo: um trecho de 100m muito vulnerável, dentro de uma trilha de 2.000m, seria
muito pouco representativo; para melhor representar o potencial limitante deste trecho na
CCR, pode-se multiplicá-lo por 2, considerando-o um q.l. de 200m. Esta é mais uma
decisão de manejo da equipe responsável.
A mesma relação pode ser utilizada para definir nível de dificuldade da trilha:
a declividade < 10% è sem dificuldade
a 10% £ declividade < 20% è dificuldade mediana
a declividade ≥ 20% è grande dificuldade

EXEMPLO 6 – CÁLCULO DE CAPACIDADE DE CARGA REAL


Projeto Veadeiros PARNAMAR/Noronha
1) Cálculo do fator limitante para 1) Cálculo do fator limitante para fauna
dificuldade de acesso: (período de reprodução de aves)
Q.T. = 1.202m Q.T. è 365 dias
q.l. = 210,42m q.l. è 60 dias
FL = 17,30% FL è 16,44%

2) Fatores limitantes e CCR: 2) Fatores limitantes e CCR:


Intensidade do sol = 7,39% Intensidade do sol è 17,26%
Vulnerabilidade à erosão = 11,10% Vulnerabilidade à erosão è 21,17%
Dificuldade de acesso = 17,30% Dificuldade de acesso è 4,29%
Intensidade de chuva = 16,43% Distúrbio na fauna è 16,44%
Fechamento para manutenção = 3,28% Fechamento para manutenção è 3,29%

CCR = 666 x 0,92 x 0,88 x 0,82 x 0,83 x CCR = 1.895 x 0,83 x 0,79 x 0,96 x 0,84 x
0,96 = 352 visitas por dia 0,97 è 972 visitas por dia
331
MANUAL DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITÁRIA • Ferramentas para um planejamento responsável

O cálculo da CCR tendo por base o da para o período de chuvas intensas. A


fechamento completo da área em determi- opção por esta estratégia é especialmente
nados períodos deve ser adotado quando a recomendada para os casos das UCs ou pro-
equipe que desenvolve o MIV verificar um priedades que não terão condições de
fator tão limitante em determinado período desenvolver mecanismos de monitoramento
que a melhor opção para a proteção da área de impactos (ou seja, uma matriz de moni-
é a não utilização para a visitação recreati- toramento). Ademais, para que a capaci-
va. Neste caso, o cálculo dos fatores limi- dade de carga possa ser utilizada como
tantes que envolvem unidades de tempo em principal instrumento de controle da visi-
dias ou meses passam a ser feitos com base tação de uma determinada área, devem-se
no período em que a UC ou propriedade desenvolver mecanismos para o efetivo con-
estão abertos à visitação recreativa. Por trole de acesso às áreas (por exemplo, entra-
exemplo, no Parque de Noronha, conside- da numerada por dia, funcionário disponí-
rou-se que o período de reprodução de duas vel para controle de entrada, cercamento da
espécies de aves, abundantes ao longo da área para impedir acesso por áreas não con-
Trilha dos Golfinhos, representava um fator troladas etc.).
limitante de visitação na trilha durante dois Caso a equipe que desenvolve o MIV
meses. A equipe que desenvolvia o MIV optar pelo cálculo da CCR por períodos dife-
9 considerou a possibilidade de fechamento rentes no ano, a Capacidade de Carga Efetiva
total da trilha durante estes dois meses. deverá ser calculada para cada período.
Neste caso, a base de cálculo para a CCR
anual da Trilha dos Golfinhos seria de 10 c) Determinação da Capacidade
meses ou 305 dias, e a trilha passaria a ser de Carga Efetiva (CCE).
interditada durante o período. Entretanto, a Esta etapa considera que uma área tem
especialista em aves que integrava a equipe outros objetivos e atividades além da visi-
fez alguns testes ao longo da trilha que não tação pública e que, para o cumprimento de
indicaram um nível significante de pertur- todos os objetivos e atividades com igual
bação das aves em decorrência da visitação. nível de qualidade, são necessários pessoal,
A isto somou-se o conhecimento dos infra-estrutura e equipamentos passíveis de
gestores da área, que testemunharam não serem contabilizados.
haver diminuição aparente na população Os responsáveis por uma área não
das aves ou no nível de anidação ao longo devem concentrar-se exclusivamente na
da trilha desde que o Parque começou a operação do ecoturismo em detrimento dos
receber visitantes (1988), observação par- demais objetivos da UC ou propriedade.
cialmente reforçada pelos resultados de le- Observa-se que, geralmente, os demais
vantamentos científicos da população e objetivos são gravemente afetados quando
comportamento das aves no arquipélago de uma operação rentável de visitação inicia-
Fernando de Noronha. Portanto, a equipe se, e todos os recursos humanos, físicos e
do MIV optou por manter a trilha aberta financeiros são consumidos ou orientados
todo o ano, utilizando a CCR média para o para o manejo da visitação. Um dos princí-
ano todo, sendo que a matriz de monitora- pios do ecoturismo é que o mesmo não seja
mento incorporou medidas específicas para a única atividade econômica de uma pro-
acompanhar e controlar possíveis impactos priedade, mas uma alternativa adicional na
de visitação na reprodução das aves. busca de estabilidade econômica e finan-
Outra opção para o cálculo da CCR é a ceira para a gestão sustentável da área.
adoção de níveis diferenciados por períodos Calcula-se a CCE de acordo com a
do ano. Por exemplo, uma propriedade de seguinte fórmula:
solo e topografia muito vulneráveis à
erosão, poderia adotar uma CCR diferencia-
332
Monitoramento e controle de impactos de visitação – GESTÃO INTEGRADA

CCE = CCR x CM A multiplicação por 100 aqui visa apre-


100 sentar um resultado em porcentagem. Ou
seja, o resultado final é a capacidade de
manejo como uma porcentagem da capaci-
Onde: dade adequada.
No caso de um sistema de trilhas em um
CM a Capacidade de manejo da área. determinada área, e uma vez que se deter-
Este número é encontrado por mine a CCE de cada trilha, é necessária uma
meio da elaboração de duas análise da capacidade de controle dos
listagens: primeiramente, lista- responsáveis sobre o acesso a este sistema.
gem de todos os recursos hu- Ou seja, todas as trilhas a que se tem aces-
manos, de equipamentos e de so através de uma mesma entrada devem ser
infra-estrutura necessários para a monitoradas por uma só contagem. Isso
implementação de toda a área porque uma vez que o visitante tenha pas-
protegida. A seguir, contam-se os sado pelo ponto de controle da área, não se
recursos disponíveis de acordo pode impedir que ele visite todas as trilhas
com a lista. A CM será igual à daquele sistema.
porcentagem da capacidade Pode-se pesquisar junto aos visitantes, na
instalada em relação à capaci- entrada e/ou saída da área, quais trilhas 9
dade adequada: foram visitadas, mas até que se tenha segu-
rança de que esses dados são confiáveis,
Capacidade Instalada (CI) deve-se considerar a medida conservadora,
CM = x 100 tendo como limite de uso a CCE mais restri-
Capacidade Adequada (CA) tiva de todas as trilhas.

EXEMPLO 7 – CÁLCULO DE CAPACIDADE DE CARGA EFETIVA


Projeto Veadeiros PARNAMAR/Noronha

1) Pessoal è CA = 7; CI = 6 1) Pessoal è CA = 26; CI = 18


Instalações è CA = 5; CI = 3 Instalações è CA = 8; CI = 2
Equipamentos è CA = 15; CI = 10 Equipamentos è CA = 151; CI = 71

Total : CA = 27; CI = 19 Total = CA = 197; CI = 91


CM = 70,37% CM = 46,19%
CCE da trilha = 247 visitas por dia CCE da trilha = 449 visitas por dia

EXEMPLO 8 – CÁLCULO DE CAPACIDADE DE CARGA EFETIVA POR SETOR


Projeto Veadeiros PARNAMAR/Noronha

Por ser apenas uma trilha, não há A Trilha dos Golfinhos faz parte
alterações na CCE já mencionada de 247 de um setor que possui 3 outras trilhas.
visitas por dia. A seguir a CCE de todas elas:
è Golfinhos = 449 visitas por dia
è Farol = 159 visitas por dia
è Baía dos Porcos = 87 visitas por dia
è Capim-açu = 192 visitas por dia
333
MANUAL DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITÁRIA • Ferramentas para um planejamento responsável

O setor Golfinhos, como é chamado, trolado para que o evento não se repita.
possui uma capacidade de carga de 87 visi- Nesse caso, é indispensável intensificar o
tas por dia. Em outras palavras, mesmo que monitoramento e a avaliação de impactos.
o visitante queira visitar apenas a Trilha dos A terceira maneira de utilizar a CCE refe-
Golfinhos, que possui capacidade de carga re-se aos casos onde os responsáveis
efetiva de 449 visitas ao dia, é impossível optaram pela determinação de CCR diferen-
impedir que ele visite também a trilha da ciada de acordo com o período do ano.
Baía dos Porcos uma vez que ele tenha Neste caso, a CCE deverá ser calculada para
entrado no Setor Golfinhos. Portanto, para cada período escolhido. Uma vez que isto
proteger adequadamente a trilha da Baía tenha sido feito, os responsáveis ainda deve-
dos Porcos, é necessário controlar o acesso rão determinar se o controle será feito diária
a todas as outras trilhas no nível dela. ou mensalmente dentro de cada período.
Em resumo, a ultrapassagem dos níveis
d) Como utilizar o resultado de uso estabelecidos deve ser encarada
da capacidade de carga pelos responsáveis como um alerta de que
Há três formas de utilizar o resultado da podem estar ocorrendo mudanças no ambi-
capacidade de carga. A primeira é o con- ente natural e que medidas corretivas de
trole diário de uso da área. Isso só é possível manejo são necessárias. O desenvolvimento
9 para aquelas áreas que possuem um con- da matriz de monitoramento vem comple-
trole de ingressos numerados, com registro mentar este parâmetro geral de alerta por
diário de quantos foram vendidos. meio da identificação de mudanças – que
A segunda é o controle mensal de aces- podem estar em níveis aceitáveis ou não –
so. Nesse caso, o controle de uso é cumula- nos indicadores adotados no Passo 4
tivo para o mês, podendo até mesmo, em (Determinar indicadores para monitoramen-
algumas ocasiões (dias), exceder o limite to de cada trilha).
estabelecido pela CCE diária, desde que o
limite da CCR mensal não seja excedido. A Passo 7 – Elaborar a Matriz
vantagem de fazer este tipo de controle é de Monitoramento
que relativizam-se as diferenças entre visi-
tação em dias de semana e fins de semana. A principal função da matriz é a organi-
Por outro lado, caso a visitação de fim de zação visual de todas as informações sobre
semana ou de feriados seja muito maior do a área de visitação. Em um só instrumento,
que aquela dos dias de semana, freqüente- pode-se facilmente verificar os objetivos
mente ultrapassando a CCE diária, deve-se gerais e específicos da área, indicadores,
determinar um monitoramento intensivo de parâmetros e informações sobre a coleta e
impactos e opinião de visitantes durante os análise de dados. Para cada trilha ou área de
dias de pico. É possível que seja necessário visitação, recomenda-se que seja elaborada
restringir a visitação durante esses períodos. uma matriz própria.
Em ambos os casos, uma vez que se Toda matriz de monitoramento de
comece a monitorar o número de visitas, impactos deve ter, pelo menos, os seguintes
caso se observe ligeiro excesso em compara- campos referentes à etapa de planejamento:
ção à CCE, antes de tomar decisões de mane-
jo restritivas do número de visitas é preciso ❒ Objetivos gerais.
acumular resultados ao menos durante um ❒ Objetivos específicos da trilha ou
período de duas a quatro semanas. área de visitação.
O limite estabelecido para a Capacidade ❒ Indicadores.
de Carga Real Diária da trilha, em hipótese ❒ Parâmetros aceitáveis de impacto.
alguma pode ser ultrapassado. Isso ocorren- ❒ CCR e CCE do ponto de controle
do, o acesso deve ser imediatamente con- para a trilha.
334
Monitoramento e controle de impactos de visitação – GESTÃO INTEGRADA

Outros campos são flexíveis, de acordo cadores durante o ano, deve-se atentar
com especificidades do local e da intensi- para mudanças que os indicadores, indi-
dade de monitoramento. Especialmente vidualmente, não captam:
flexível é a forma de nomear os campos, 2 Avaliar a utilidade dos indicadores
que deve ser adequada à compreensão dos que estão sendo monitorados e a
responsáveis pelo monitoramento. Geral- necessidade de se criar novos.
mente, a matriz de monitoramento possui 2 Rever a Capacidade de Carga das
também os seguintes campos: trilhas em áreas visitadas.
2 Rever os objetivos e a possibilidade
❒ Localização de pontos de monitora- de abertura ou fechamento de áreas
mento (pode ser identificado em seg- de visitação.
mentos da trilha ou na trilha inteira).
❒ Valor de início de monitoramento. Para a avaliação anual deve-se reunir o
❒ Nº da ficha de coleta (que é levada maior número possível de pessoas envolvidas
para o campo). com o manejo da área. Também recomenda-
❒ Nº da ficha de registro dos dados se que sejam convidados técnicos envolvidos
(onde se registram as informações na elaboração inicial do MIV e especialistas
trazidas nas fichas de coleta). em áreas relevantes para a área.
❒ Responsáveis envolvidos (de prefe- Geralmente a matriz é organizada como 9
rência nomear a(s) pessoa(s), ao uma tabela, onde cada campo é uma colu-
invés de apontar um segmento ou na. Como é impossível organizar a tabela
departamento). para que todas as colunas fiquem lado a
❒ Freqüência mínima de coleta (há lado, recomenda-se que seja montada uma
indicadores cujos dados devem ser tabela para os campos de planejamento e
coletados todas as vezes que os outra para os campos de monitoramento.
responsáveis visitam a área – é o A seguir, as tabelas elaboradas para o
caso do lixo; há outros que devem Parque Nacional Marinho de Fernando de
ter um período mínimo de coleta – Noronha. No Anexo deste capítulo é apre-
geralmente trimestral; entretanto, sentada na íntegra a Matriz de Monito-
todos eles podem ser coletados a ramento da Trilha dos Golfinhos.
qualquer momento se os respon- A matriz de monitoramento tem como
sáveis identificarem necessidade complemento indispensável os instrumentos
para tanto). de coleta e compilação de dados. Antes que
❒ Data de análise para ações de mane- se possa iniciar o monitoramento, estes
jo (ou de avaliação dos dados). instrumentos, geralmente chamados de
❒ Nº do documento com decisões de fichas, devem ser esboçados pela equipe
manejo. que desenvolve o MIV, com base nos indi-
cadores e parâmetros definidos.
A avaliação deve ser feita em duas Para elaborar as fichas (e também ajustá-
ocasiões: las, trabalho descrito no próximo passo),
deve-se estar atento para os seguinte aspectos:
a) Todas as vezes que, ao voltar do campo
e registrar os dados, os responsáveis a) O objetivo das fichas de coleta é levan-
observarem que algum parâmetro tar os dados especificamente apontados
aceitável de impacto foi extrapolado. nos indicadores: nem mais, nem menos!
b) Uma vez por ano, mesmo que os Como são preparadas separadamente, há
parâmetros individualmente não tenham uma tendência em incluir mais um ou
sido extrapolados. Nessa ocasião, outro detalhe nas fichas, o que pode
avaliando os dados de todos os indi- resultar em grande quantidade adicional
335
MANUAL DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITÁRIA • Ferramentas para um planejamento responsável

TABELA 1
MATRIZ DE MONITORAMENTO – PARTE 1
(objetivos, indicadores e parâmetros de impacto aceitáveis)

Identificação da trilha ou área de visitação:


CCR da trilha: CCE da trilha: CCR do ponto CCE do ponto
de controle: de controle:
Objetivos específicos de visitação na trilha:
G1 -
G2 -
Indicadores de verificação: Parâmetros de mudança aceitável:
G1.1 - G1.1.1 -
G1.2 - G1.2.1 -
G2.1 - G2.1.1 -
G2.2 - G2.2.1 -
9

TABELA 2
MATRIZ DE MONITORAMENTO – Parte 2
(Orientação para coleta e compilação dos dados)

Identificação da trilha ou área de visitação:


Monitoramento Avaliação
Nº de ficha Freqüência
Nº de ficha Respon- Nº do
Indicador Localização Valor de de coleta de
de registro sáveis Data doctº de
do ponto início de dados co leta
registro
G.1.1
G.1.2
G.2.1
G.2.2

de trabalho para coletar informações que ponsáveis. Por outro lado, as fichas de-
na prática não têm utilidade dentro da vem ser claras, de fácil leitura e interpre-
matriz de monitoramento. tação.
b) Deve-se aglutinar o máximo possível de c) As instruções de como coletar os dados
indicadores em uma mesma ficha. Uma devem ser inseridas na própria ficha de
quantidade muito grande de fichas difi- coleta ou em uma ficha exclusiva para
culta o trabalho de campo e gera tal, que possa ser levada a campo. A
impacto psicológico negativo nos res- segunda opção é mais recomendável,
336
Monitoramento e controle de impactos de visitação – GESTÃO INTEGRADA

porque, com a prática daqueles que vão EXEMPLOS DE FICHAS


coletar os dados, a ficha de instruções DE COLETA E COMPILAÇÃO
torna-se dispensável.
d) Há situações em que se pode deixar vários A seguir são apresentadas uma ficha de
campos para serem preenchidos com texto coleta e uma de compilação para cada um
durante a coleta. Entretanto, deve-se evitar dos projetos que exemplificam este capítu-
ao máximo a elaboração de fichas cujos lo. Essas fichas foram adequadas para o uso
dados dependam inteiramente da opinião exclusivo nesses projetos (esse assunto será
(observação) de quem faz a coleta, o que abordado no próximo passo). Devem ser uti-
eleva bastante o grau de subjetividade. lizadas como ponto de partida para que a
Deve-se eliminar, ao máximo e sempre que equipe elabore os materiais para a área
possível, a necessidade de escrever, privile- específica. Não se recomenda o uso direto,
giando-se números ou marcação de itens. sem revisão, de nenhuma das fichas.

EXEMPLO 9 – FICHA DE COLETA – PROJETO VEADEIROS


Ficha de Coleta de dados
Trilha: Responsável: 9
Data: Início do monitoramento:
Identifi-
Estaca Meio de
(i) Ponto Indicador cação da Medida Observações
nº coleta
medida

EXEMPLO 10 – FICHA DE COMPILAÇÃO – PROJETO VEADEIROS


Ficha de compilação de dados de monitoramento por indicador
Trilha: Indicador:
Responsável: Data:
Início do monitoramento:

Estaca
(i) Ponto __/__/__ __/__/__ __/__/__ __/__/__ __/__/__ __/__/__

337
MANUAL DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITÁRIA • Ferramentas para um planejamento responsável

EXEMPLO 11 – FICHA DE COLETA - PARNAMAR NORONHA

Ficha de coleta Formulário B _____


Nome do responsável:
Marque o problema específico
Nome da Localização
Data Dano de Comentários
Trilha do problema Vandalismo Picadas
animais

9
EXEMPLO 12 – FICHA DE COMPILAÇÃO - PARNAMAR NORONHA
Trilha:
Data do início do uso da ficha: Data de último registro nesta ficha:
nº de nº de nº de
casos em Obs. casos em casos em
Indicador Obs. Obs.
(*)
----/----/---- ----/----/---- ----/----/----
Limpeza
Conserto
Drenagem
Vandalismo
Estragos feitos
por animais

Picadas feitas por


visitantes

(*) Nesta coluna você deve indicar se na ficha de coleta foi feita alguma observação para este dia. Coloque “S”
para sim e “N” para não. Se colocar “S”, anote também o número do formulário de coleta (no canto direito, na
parte superior da ficha de coleta há um código de letra e número).

No Projeto Veadeiros, como a equipe de indicadores, e várias fichas descrevendo os


coleta de dados era de técnicos com treina- pontos ou tipos de coleta.
mento específico, foi adotada apenas uma A seguir uma das fichas com instruções
ficha de coleta, adequada para todos os de coleta:
338
Monitoramento e controle de impactos de visitação – GESTÃO INTEGRADA

1 QUADRO 5
FICHA DE DESCRIÇÃO DO PONTO DE MONITORAMENTO –
PROJETO VEADEIROS
PONTO: Início do monitoramento:
Indicadores monitorados:
Trilha:
Objetivo de monitoramento:
Número da estaca (localização do ponto):
Outras informações:

Frequência de monitoramento: Frequência de avaliação:

Meio Identificação Medida Instruções de posicionamento 9


de coleta da medida inicial para a medição

Instruções para usar a ficha 4 Marque com um “x” o tipo de problema


e coletar os dados: que você encontrou (vandalismo - de
sinalização, de infra-estrutura, de
A mesma ficha pode ser usada para todas árvores, pedras, etc.; problemas de
as trilhas e para mais de um dia. Leve-a danos de animais – pisoteio das trilhas,
junto com você todos os dias que for para as destruição de infra-estrutura ou de mar -
trilhas. cação de trilhas, etc.; picadas – trilhas ou
caminhos não planejados abertos pelos
1 Anote o seu nome no espaço reservado visitantes).
para “nome do responsável”.
5 Marque mais de uma coluna se houver
2 Ao encontrar problemas em alguma tri - mais de um problema no mesmo local.
lha, anote o nome da trilha e a data das
anotações nas colunas específicas. 6 O espaço para comentários serve para
você anotar alguma observação especial.
3 Anote onde o problema está. Procure a
marcação das estacas em metros. 7 Organize com seus colegas o trabalho de
manutenção necessário para corrigir os
problemas observados!

339
MANUAL DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITÁRIA • Ferramentas para um planejamento responsável

1 QUADRO 6
QUANDO E COMO APRESENTAR A MATRIZ DE MONITORAMENTO
E OS MATERIAIS DE COLETA E REGISTRO PARA OS RESPONSÁVEIS?

A equipe deve preparar-se para enfrentar o espanto e receio dos responsáveis quando os
mesmos virem estes materiais. Primeiro, eles imediatamente pensarão que o monitoramen-
to representará grande quantidade de trabalho extra, necessariamente uma sobrecarga para
o pessoal. Também é comum pensarem que será muito complicado fazer o trabalho, tendo
que preencher, ler e entender “aquele monte de fichas!”.
A esse receio, justificado em vista do tipo e quantidade de materiais que compõem este
e qualquer sistema de monitoramento, soma-se o fato de que, a não ser em raras ocasiões,
os responsáveis não vêem a utilidade de “fazer todo este trabalho!”. Quando muito, há uma
compreensão geral de que é preciso controlar os impactos inaceitáveis.
Recomenda-se, então, que se evite tentar explicar a matriz de monitoramento no abstra-
to. Sequer é recomendável que se mostre aos responsáveis todas as fichas iniciais pensadas
pela equipe que desenvolve o MIV antes de ter os primeiros dados concretos. Ao invés
disso, cada material deve ser apresentado na ocasião da primeira coleta de dados.
9 Especialmente importante é realizar a primeira reunião de avaliação logo após passar os
dados das fichas de coleta para as fichas de registro. Assim, os gestores da área poderão ver
na prática como o processo de monitoramento relaciona-se com o trabalho deles e, mais
importante, qual a sua utilidade.
Mostrar como na prática o monitoramento auxilia e facilita o trabalho de manutenção
da área é de responsabilidade da equipe que desenvolve o MIV.

Passo 8 – Coletar dados iniciais para chegar às fichas adequadas, a equipe do MIV
o monitoramento de todos deve adotar uma postura flexível quanto ao
os indicadores, ajustar os formato e linguagem utilizadas. Somente
instrumentos de coleta e depois de uma série de aplicações práticas e
compilação de dados e de pelo menos um evento de avaliação será
realizar a primeira etapa de possível considerar que as fichas estão prontas.
treinamento dos responsáveis A coleta inicial dos dados é feita por
membros da equipe do MIV juntamente com
A coleta de dados iniciais para o monitora- os indivíduos que serão responsáveis pela
mento é também a ocasião em que se faz a realização do monitoramento. Este é o início
adequação das fichas de coleta e compilação. efetivo do monitoramento, quando inicia-se
Este passo exige um trabalho muito próximo o levantamento de informações seguindo a
entre a equipe que desenvolve o MIV e os matriz de monitoramento. Assim, deve-se
responsáveis pela coleta e compilação dos proceder à coleta de dados da forma como se
dados. As fichas que foram esboçadas pela deverá fazer uma vez que a equipe do MIV
equipe do MIV visando apenas a geração dos tenha terminado seu trabalho. Ou seja, neste
dados necessários para o indicador, de forma passo inicia-se o treinamento prático daque-
confiável e clara, agora deverão ser ajustadas les que assumirão a responsabilidade de
para que possam ser compreendidas por aque- fazer o monitoramento da área.
les que as preencherão.
Um aspecto chave durante a adequação de O processo de coleta de dados envolve:
fichas de coleta e compilação é entender que
não há um tipo universal de ficha. Para se ❒ Consultar a matriz de monitoramento
340
Monitoramento e controle de impactos de visitação – GESTÃO INTEGRADA

para identificar quais indicadores deve-


rão ser tratados em quais trilhas. A COLETA DE DADOS INICIAIS
❒ Selecionar as fichas de coleta neces- DE MONITORAMENTO E A PRIMEIRA AVALIAÇÃO
sárias para cada indicador e cada trilha. PODEM LEVAR A ALTERAÇÕES DA MATRIZ
❒ Caso as instruções de coleta para cada DE MONITORAMENTO.
indicador não constem da ficha de cole-
ta, selecionar as instruções a serem le-
vadas para campo. No PARNAMAR Noronha,durante o trabalho
❒ Preparar os equipamentos necessários de levantamento de dados iniciais
para coletar as informações (por exem- e treinamento dos fiscais para a coleta
plo, prancheta, trena, lápiz, relógio,
dos dados, foi adicionado um novo objetivo
binóculo, máquina fotográfica, etc.). As
fichas de instruções devem conter em todas as trilhas, seguido de indicadores
informações necessárias para identificar de monitoramento. O objetivo em questão
quais equipamentos são necessários, refere-se a um uso conflitante do Parque:
podendo inclusive apresentar uma lista presença de animais domésticos nas trilhas,
de equipamentos.
especialmente vacas.Ao percorrer as trilhas,
Nesta etapa não só as fichas de coleta recém construídas, os fiscais 9
sofrem mudanças. É comum também que em treinamento apontaram para a equipe
sejam identificadas necessidades de ade- do MIV que a grande maioria dos estragos
quação dos locais de monitoramento e dos observados haviam sido feitos
procedimentos para coleta de dados – pro-
postos durante a definição dos indicadores por animais domésticos.
(passo 4) – que apresentem necessidade de Portanto, apesar de não ser um objetivo
adequação. de uso recreativo na área,decidiu-se
Após a coleta de dados, é feito também incluir o objetivo “Manter o ambiente
o primeiro evento de registro dos dados
visitado livre da presença e impactos
coletados nos instrumentos de compilação.
Há duas diferenças principais entre os de animais domésticos”na matriz
instrumentos de coleta e os de compilação. de monitoramento de cada trilha
O primeiro é que, nos instrumentos de com- do Parque.
pilação para cada indicador em cada trilha,
os dados de coleta em diferentes datas são
apresentados lado a lado, o que facilita a Passo 9 Analisar os usos
visualização sobre a ocorrência de conflituosos ou excessivos
mudanças. A segunda diferença é que as observados durante a coleta
fichas de compilação nunca são levadas a de dados iniciais para
campo. Um sistema de arquivo em pastas – o monitoramento
que pode ser bastante simplificado – deve e determinar ações
ser elaborado para guardar todos os mate- de manejo corretivas
riais referentes ao monitoramento, especial-
mente as fichas de compilação. Esta é a etapa de comparação dos dados
É no momento do registro das infor- coletados e compilados com os parâmetros
mações iniciais para monitoramento que as aceitáveis de impactos negativos. Para
fichas são ajustadas; é também nessa realizar esse trabalho, são necessários pro-
ocasião que os responsáveis pela aplicação cedimentos sistemáticos de discussão dos
do MIV fazem seu primeiro treinamento problemas, elaboração de propostas de
sobre como registrar os dados coletados. solução, decisão e planejamento de ação e
341
MANUAL DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITÁRIA • Ferramentas para um planejamento responsável

1 QUADRO 7
DISCUTINDO E DEFININDO AÇÕES PARA CORRIGIR OU PREVENIR IMPACTOS
DE VISITAÇÃO (Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha)

a) Junte as fichas de compilação de dados e as matrizes de monitoramento para cada trilha.

b) Compare os dados observados na trilha para cada indicador com os parâmetros


(ou limites) indicados como aceitáveis.

c) Caso os dados observados sejam maiores, reúna alguns colegas de trabalho para
discutir a situação, as prováveis causas e possíveis soluções.

d) Em uma folha de papel em branco, anote a data, o seu nome, o nome dos participantes
da reunião. A reunião deverá ser registrada. Comece escrevendo qual ou quais
problemas serão discutidos.

e) Apresente para seus colegas um problema de cada vez.


9
f) Juntos, pensem as possíveis soluções para o problema. Anotem na folha de registro da
reunião todas as sugestões para cada problema. As soluções podem ser de tipos diferentes:

2 Mudanças ou trabalhos físicos – infra-estrutura, consertos, mudança de caminho


da trilha, novos guarda-corpos etc..
2 Distribuição de informações – informações passadas pelos guias, campanhas
nas escolas, folhetos, novas placas etc..
2 Limitações econômicas – cobrança de taxas diferenciadas (mais caras para uns que
para outros) ou aumento geral do ingresso.
2 Limitações de uso – determinação de número máximo de pessoas que podem entrar
em um lugar a cada dia; restrição para uso acompanhado de guia etc..
2 Limitação do tipo de atividade – impedir determinados tipos de atividades ou limi-
tar o acesso; impedir o uso de cavalos ou entrada de animais; proibir o banho etc..

g) Sejam criativos: tentem pensar ao menos em duas soluções!

h) Façam uma análise de cada solução e registrem a conversa. Pensem nos seguintes
aspectos:

2 Adequação aos objetivos – esta solução está de acordo com os objetivos do


parque, de uso recreativo e da trilha (consulte a matriz de monitoramento da trilha)?
2 Custos – quanto vai custar para implementar a solução?
2 Trabalho envolvido – é uma solução fácil de se aplicar?
2 Responsabilidade – quem vai fazer? O parque mesmo ou outros?
2 Probabilidade de dar bons resultados – esta solução tem boa chance de dar certo?
2 Conseqüências ou impactos em outros indicadores – ao aplicar esta solução, vocês
estarão criando um problema em outro indicador ou lugar?
2 Provável impacto para o visitante – a solução vai ser muito desagradável para
o visitante? Será que a solução é mais radical do que o problema pede?

342
Monitoramento e controle de impactos de visitação – GESTÃO INTEGRADA

i) Uma vez escolhida a solução, planejem a sua aplicação (se houver necessidade de
pedir autorização para realizar o trabalho, o pedido será uma etapa do trabalho).
Registrem a solução escolhida e o plano de trabalho.

Guardem os papéis onde foi registrada a discussão e a escolha da solução junto


com a ficha de compilação do indicador que apresentou problemas.
Se mais de um indicador for discutido em um só dia e houver apenas um documento
de registro da discussão, tirem cópias do documento para guardar junto com as fichas
de compilação de cada indicador.

EXEMPLO 13 – RESULTADO DE REUNIÃO DE AVALIAÇÃO – PARNAMAR Noronha


Durante a primeira reunião de avaliação realizada após a coleta inicial de dados, seguin-
do as matrizes de monitoramento de todas as trilhas do Parque, os fiscais em treinamento
apresentaram ao grupo maior de fiscais do Parque um problema de conflito de uso com a
comunidade local em duas trilhas.
Tradicionalmente, as trilhas do Farol e do Capim-açu são utilizadas como vias de aces-
so de pescadores a uma das áreas de pesca de determinado tipo de peixes. Por ser um longo 9
caminho (mais de 3.000m), os pescadores geralmente usam o cavalo como meio de trans-
porte até o mirante do Capim-açu, ponto final da Trilha do Capim-açu, que por sua vez tem
seu início quase no final da Trilha do Farol. Como a coleta de dados iniciais foi realizada
durante o período das chuvas, foi possível observar o imenso dano que esta forma de trans-
porte estava causando às trilhas.
Durante a reunião, houve intensa discussão sobre os interesses da comunidade e a neces-
sidade de manutenção das trilhas (especialmente porque no caso de Fernando de Noronha
os fiscais são da própria comunidade local, por vezes também pescadores). Seguindo o
princípio de que há sempre alguma medida possível ao alcance dos próprios fiscais, chegou-
se a um acordo no qual os cavalos seriam utilizados apenas no trecho da Trilha do Farol
(aproximadamente três quartos de todo o percurso), poupando a Trilha do Capim-açu, que
apresentou danos significativamente maiores. O grupo de fiscais também definiu um proces-
so para informar os pescadores e comunidade em geral, buscando conscientizá-los de que
durante o período de chuvas, o impacto do uso de cavalo na Trilha do Farol é demasiado
grande. Os fiscais entenderam que com a demonstração de flexibilidade por parte do Parque
e o trabalho de conscientização será possível dentro de uma ou duas temporadas convencer
os pescadores a utilizar outros locais de pesca durante o período de chuvas.

registro das reuniões. A seguir, observe que, Passo 10 Treinar os responsáveis


assim como nas etapas anteriores, os passos para implementar o MIV
sugeridos devem ser desenvolvidos para se
adequar à capacidade dos responsáveis e Como foi visto, o treinamento para uti-
não o contrário. lizar os materiais, assim como a compreen-
A primeira reunião deve ser feita ainda são mínima sobre o que é o MIV, deve ser
durante o passo oito, como forma de feito nas etapas anteriores.
demonstrar na prática como o levantamento Para assegurar a continuidade do proces-
dos dados pode facilitar e gerar informações so e um formato adequado para os ajustes,
para o trabalho de gerenciamento diário que recomenda-se que seja elaborado um crono-
os responsáveis já realizam na área. grama de implementação assessorada do
343
MANUAL DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITÁRIA • Ferramentas para um planejamento responsável

MIV, com visitas periódicas ou consultas à b) Procure montar uma equipe, mesmo que
equipe que elaborou o sistema (caso não seja pequena (três a quatro técnicos além de
a mesma que o vai implementar), a partici- você), que possua conhecimentos
pação da equipe durante as avaliações deter- prévios sobre diferentes aspectos ambi-
minadas, além de eventuais cursos de treina- entais relevantes. De preferência, sele-
mento em uma ou outra técnica, de acordo cione ao menos um profissional que
com a identificação das necessidades. tenha alguma experiência prévia com
Essa implementação assessorada deve monitoramento de projetos.
durar preferencialmente um ano, para c) Este é um trabalho que deve ser feito
abranger a coleta de dados durante todas as estritamente no campo. Há que se per-
estações do ano. correr a área várias vezes, que se co-
nhecer bem cada trecho de todas as tri-
2. Aprendendo a desenvolver lhas e, de preferência, conhecer a área
o MIV para uma área em diferentes estações climáticas. Caso
você não tenha esse nível de conheci-
método proposto neste capítulo não é
O difícil de ser aplicado, mas é dividido
em diversas etapas, que por sua vez pos-
mento, assegure-se de consultar pessoas
que o tenham.
d) A escolha da primeira área de visitação
9 suem vários estágios de desenvolvimento. O para aplicação do método não deve ser
método envolve muitas decisões de manejo demasiadamente complexa. No caso de
por parte da equipe responsável por seu uma trilha, esta não deve ser nem
desenvolvimento. Há duas formas de asse- demasiadamente longa, nem demasiada-
gurar que o resultado do MIV de uma área mente curta (entre 1.000m e 2.500m é
não seja demasiado subjetivo: uma boa margem).
e) Participe diretamente da realização de
❒ Conhecimentos prévios variados sobre todas as etapas, desde as prévias ao MIV
os aspectos ambientais da área. (levantamento de trilha) até a coleta,
❒ Experiência acumulada no compilação e avaliação de dados. Assim
desenvolvimento de MIV. você poderá ter noção do tipo de traba-
lho envolvido, possibilitando a melhor
Na primeira vez em que um indivíduo adequação do MIV às condições locais.
ou equipe realiza esse tipo de trabalho f) Faça, juntamente com os membros da
surgem várias dúvidas. Há um grande receio equipe e os responsáveis pela gestão da
de não se estar tomando a decisão apropri- área, uma avaliação geral sobre todo o
ada. Esta é uma reação saudável, já que o processo.
método é muito dependente das decisões de
quem o implementa. Recomendam-se as 3. Ensinando outros
seguintes precauções na primeira vez em a desenvolver o MIV
que se usa o método:
ara ensinar outras pessoas a aplicar o
a) Selecione uma propriedade, particular
ou pública, que possua um programa de
P método do MIV, são feitas as seguintes
recomendações:
visitação não muito complexo. Caso não
seja possível, selecione uma área parcial ❒ É necessário, primeiro, que o técnico
da UC ou propriedade para começar o esteja bastante familiarizado com todas
trabalho. Em outras palavras, evite iniciar as etapas, limites e possibilidades do mé-
o aprendizado com um projeto como o todo. Isso implica não só conhecer bem
do Parque Nacional Marinho de Fer- todas as etapas e a bibliografia referente
nando de Noronha. ao assunto, mas principalmente ter apli-
344
Monitoramento e controle de impactos de visitação – GESTÃO INTEGRADA

cado o método pelo menos duas vezes. mais importante, de avaliações metodológi-
❒ Antes de iniciar o treinamento, o técnico cas baseadas em pelo menos dois anos de
deve selecionar cuidadosamente o local aplicação dos sistemas implantados.
que será utilizado para tal. Após a O processo proposto baseia-se em
seleção, o técnico deve procurar conhe- grande parte na visão e entendimento da
cer bem a área, se necessário fazendo equipe que desenvolve o MIV e dos respon-
consultas bibliográficas, consultas a es- sáveis pela gestão da área. As decisões de
pecialistas e à comunidade local. manejo que os responsáveis tomarão, ape-
❒ Outro passo é a orientação para a sele- sar de embasadas em informações práticas e
ção de participantes do curso. É impor- coletadas com rigor, não deixarão de
tante que os mesmos sejam entrevista- envolver um grau de subjetividade inerente
dos, pessoalmente ou por meio de ques- ao "julgamento" de um processo de tomada
tionário, para levantamento de informa- de decisão. Assim, os desafios apresentados
ções sobre o tipo de público que será pelo processo são grandes e, de certa forma,
treinado (lembrando que o MIV pode ter imprevisíveis.
diferentes “caras”, dependendo da capa- Vários aspectos com os quais se deve ter
cidade da equipe responsável pela sua cuidado já foram abordados no corpo do
implantação), e também para se ter a capítulo. Convém, entretanto, lembrar algu-
oportunidade de falar um pouco sobre o mas questões adicionais a que estão sujeitos 9
tipo de trabalho envolvido. os responsáveis pela área. Uma vez que o
❒ O curso deve ser montado em etapas, MIV é implementado, novas questões
realizadas em ocasiões diferentes. Tentar poderão ocorrer. O que fazer se o sistema
cobrir todas as etapas do método em um de monitoramento indicar impactos que fre-
só curso é demasiado ambicioso, pois a qüentemente extrapolam tanto a Capa-
quantidade de informações e novidades cidade de Carga Efetiva como os limites
é muito grande. O melhor é pensar em aceitáveis de impacto em diversos indi-
cadores, mesmo após repetidas tentativas de
três fases: 1) Passos 1 a 5; 2) Passo 6; 3)
Passos 7 a 10. Durante o intervalo entre controle? Ou, ainda, o que fazer se a
cada fase, deve ser elaborado um crono- capacidade de carga de uma área for muito
grama de trabalho prático para os partici-pequena, indicando grande fragilidade e
pantes do curso. Reconhece-se que é potencial para impactos de visitação?
muito difícil realizar um curso nesse for- No caso de uma unidade de conser-
mato ideal. Assim, caso não seja possível vação, é difícil uma resposta para essas per-
fazê-lo, o técnico deve elaborar cuida- guntas, mas é indiscutivelmente ainda mais
dosamente uma grade para o curso, difícil para um proprietário particular.
intercalando cada etapa com o trabalho Porque no caso de uma UC não há obriga-
de campo. toriedade de receber visitação, e um Parque
❒ Finalmente, vale para os participantes de Nacional não deveria ser criado em um
um curso a mesma observação feita para local que não pode suportar a visitação
quem aprende sozinho: somente a apli- recreativa (ou seja, uma outra categoria de
cação prática de todas as etapas, ao unidade de conservação seria apropriada).
menos duas vezes, poderá garantir uma Assim, em resposta às duas questões, a UC
capacitação adequada na implementação poderia, em caso extremo, ser fechada para
do método para efeitos de multiplicação. a visitação recreativa.
No caso de áreas particulares, o propri-
IV. CUIDADOS E RECOMENDAÇÕES etário geralmente desenvolve a atividade de
ecoturismo como alternativa econômica
O método proposto neste capítulo carece ambientalmente correta. A sua interrupção
ainda de testes em variados contextos e, pode gerar redução na receita, talvez até
345
MANUAL DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITÁRIA • Ferramentas para um planejamento responsável

afetando sua subsistência. Pode ainda gerar Áreas Protegidas. Série técnica. Informe
impactos socioeconômicos na comunidade técnico nº 194. Centro Agronómico de
local que presta serviços integrados à visi- Investigación y Ensenanza CATIE.
tação da área. Turrialba, Costa Rica.
Para lidar com essas questões, é preciso DRIVER, B.L., BROWN, Perry. 1978. The
basear-se no princípio definidor do ecoturis- Opportunity Spectrum Concept and
mo: essa atividade deve obrigatoriamente Behavioral Information in Outdoor
promover a conservação do local visitado e Recreation Resource Supply Inventories: a
ser realizada com controle de impacto e Rational. Paper apresentado durante a
zelo pela qualidade do ambiente. oficina "Integrated Inventories of Renew-
Assim, em última instância, o ecoturismo able Natural Resources". Anais da oficina.
deve ser descartado como atividade em um 8 a 12 de janeiro de 1978. Tucson, AZ.
local demasiado frágil ou em uma situação KUSS, Fred, GRAEFE, Alan e VASKE, Jerry.
em que não se consiga manejar os impactos 1990. Visitor Impact Management.
dentro de limites aceitáveis. Ao menos até National Parks and Conservation
que se possa atingir condições de gestão Association. Washington, DC.
adequadas. MILLER,K.1980 Planificacion de Parques
Essas considerações nos remetem a uma Nacionales para el Ecodesarrollo en
9 questão de ética na motivação para o desen- Latinoamerica, Madrid, FEPMA. 500 p.
volvimento do ecoturismo: qual é o com- WWF-Brasil. 2001. Uso Recreativo no
promisso daqueles que promovem o ecotu- Parque Nacional Marinho de Fernando
rismo com a qualidade do ambiente natural de Noronha: um exemplo de planeja -
aberto à visitação pública? Essa pergunta mento e implementação. [Coordenação:
deve ser respondida por todos os atores, Sylvia F. Mitraud] WWF-Brasil, vol. 8.
desde o proprietário, passando pelos técni- Brasília, DF.
cos envolvidos no planejamento e imple- MOORE, Roger. 1994. Conflicts on multi-
mentação das atividades, pelas agências e use trails: a survey of national park serv -
operadoras, até o ecoturista. Uma decisão ice managers. Report nº HWA-PD-94-
referente à visitação de uma área natural 031. Federal Highway Administration.
(seja em termos de quantidade ou tipo de Washington, DC.
atividade recreativa) que se manifeste con- STANKEY, George, COLE, David, LUCAS,
trária à conservação do ambiente visitado Robert, PETERSEN, Margaret, FRISSELL,
desqualifica a atividade como ecoturismo. Sidney. 1985. The Limits of Acceptable
Change (LAC) System for Wilderness
V. B IBLIOGRAFIA Planning. General Technical Report INT
– 176. United States Department of
CIFUENTES, Miguel. 1992. Determinacion Agriculture, Forest Service. Ogden, UT.
de Capacidade de Carga Turística en

346
Monitoramento e controle de impactos de visitação – GESTÃO INTEGRADA

SISTEMA DE MONITORAMENTO E CONTROLE DE IMPACTOS


DE VISITAÇÃO DA TRILHA DOS GOLFINHOS DO PARNAMAR
FERNANDO DE NORONHA
.

N este anexo apresentamos alguns dos instrumentos de monitoramento desenvolvidos


para o Sistema de Monitoramento e Controle de Impactos de Visitação – MIV da
Trilha dos Golfinhos, no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha.
Considerando que os diversos passos para desenvolver o MIV foram suficientemente
abordados no corpo do capítulo, apresentamos a seguir a Matriz de Monitoramento e os
instrumentos de coleta e compilação de dados. Eles fazem parte do Plano de Uso Recreativo
do Parque, desenvolvido entre 1997 e 2000 pela parceria WWF-Brasil e IBAMA / MMA e
vem sendo aplicados atualmente.
É importante lembrar que, para se chegar a estes instrumentos específicos, deve-se seguir
os passos recomendados pelo MIV (ver abaixo). No caso do sistema desenvolvido para a
Trilha dos Golfinhos, os passos desenvolvidos que podem ser encontrados no documento
“Uso Recreativo no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha: um exemplo de
planejamento e implementação” , lançado pelo WWF-Brasil em fevereiro de 2002, por
ocasião do lançamento do sistema pelo MMA. Para obter este documento, contate o WWF- 9
Brasil. Para obter os resultados integrais do MIV para o Parque, solicite ao Departamento de
Unidades de Conservação – DEUC, no IBAMA-Brasília.
Dos 10 passos propostos no MIV, os anexos do documento acima citado apresenta os
resultados do sistema aplicado na Trilha dos Golfinhos para os passos de número 3 a 6. Os
instrumentos gerados nos passos de número 7 são apresentado neste anexo, conforme segue:

1. Montar equipe multidisciplinar, de acordo com as características levantadas no plane-


jamento e mapeamento.
2. Revisar a legislação e as políticas ambientais e de turismo relevantes para a UC
(Unidade de Conservação) ou propriedade.
3. Analisar ou elaborar objetivos gerais para o uso da área protegida ou propriedade, obje-
tivos específicos para a atividade de ecoturismo e definir objetivos específicos por trilha
ou local de visitação.
4. Determinar indicadores para monitoramento de cada trilha.
5. Determinar parâmetros de impactos aceitáveis para cada indicador, incluindo as uni-
dades de medida.
6. Determinar a capacidade de carga.
7. Elaborar a Matriz de Monitoramento, incluindo os instrumentos de coleta e compilação
de dados (apresentado a seguir).
8. Coletar dados iniciais para o monitoramento de todos os indicadores, ajustar os instru-
mentos de coleta e compilação de dados e realizar a primeira etapa de treinamento dos
responsáveis pelo manejo.
9. Analisar os usos conflituosos ou excessivos observados durante a coleta de dados ini-
ciais para o monitoramento e determinar ações de manejo corretivas.
10. Treinar os responsáveis para implementar o MIV.

BIBLIOGRAFIA
CIFUENTES, Miguel. 1992. Determinacion de Capacidade de Carga Turística en Áreas
Protegidas. Série técnica. Informe técnico nº 194. Centro Agronómico de Investigación y
347
MANUAL DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITÁRIA • Ferramentas para um planejamento responsável

SISTEMA DE MONITORAMENTO E CONTROLE DE IMPACTOS…

Ensenanza CATIE. Turrialba, Costa Rica.


FUNATURA. 1990. Plano de Manejo do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha,
IBAMA / FUNATURA. Brasília.
WWF-BRASIL. 2001. Uso Recreativo no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha:
um exemplo de planejamento e implementação. [Coordenação: Sylvia F. Mitraud] WWF-
Brasil, vol. 8. Brasília, DF.

MATRIZ DE MONITORAMENTO - Parte 1


(Descrição de objetivos, indicadores de monitoramento
e parâmetros aceitáveis de mudança)

IDENTIFICAÇÃO DA TRILHA OU ÁREA DEVISITAÇÃO : Trilha dos Golfinhos


OBJETIVOS ESPECÍFICOS DEVISITAÇÃO NA TRILHA:
G1 - Manter a área do costão entre Golfinhos e Sancho como área de reprodução de aves;
9 G2 - Aumentar e manter a área de cobertura vegetal nativa;
G3 - Desenvolver trilha do tipo intensiva de acordo com o ROS, que favoreça a interpretação ambiental
ao longo da trilha para todas idades, com segurança e conforto para caminhadas;
G4 - Manter os ambientes visitados livres de danos ou ações danosas por parte dos visitantes.
G5 - Propiciar experiência de visitação apropriada para grupos, com prováveis encontros com outros grupos,
e compartilhamento de mirantes
G6 - Concentrar o esforço interpretativo nos temas de avifauna e golfinhos.
G7 - Manter o ambiente visitado livre da presença e impactos de animais domésticos (vacas, carneiros, cabra

INDICADORES DEVERIFICAÇÃO : PARÂMETROS DE MUDANÇA ACEITÁVEL:

G1.1 - Número de inivíduos adultos de viuvinhas G1.1.1 - Ausência de diferença significativa


(anous minutus) avistados em ponto fixo observada entre área visitada
selecionado por tempo.
G1.2 - Número de indivíduos por espécie G1.2.1 - Ausência de diferença significativa
avistados em transecto em movimento. entre médias de índices de diversidade
entre áreas visitadas e de controle.
G1.3 - Número médio de indivíduos por espécie G1.3.1 - Ausência de diferença significativa
observados em dias de visitação comparado entre médias de número de indivíduos
com dias sem visitação. por espécies principais entre áreas visitadas
e de controle.
G2.1 - Metragem da trilha com predominância G2.1.1 - Atualmente, a maior parte da trilha.
de espécies exóticas e invasoras. Procurar recuperar a área para ter até 10%
de suas bordas com predominância de
invasoras apenas.
G2.2 - Sobrevivência de mudas de árvores nativas G2.2.1 - 50% de taxa de mortalidade (máximo).
plantadas por área plantada ao longo
da trilha.
G3.1 - Metragem da largura da trilha. G3.1.1 - 1,5 a 2 m como trilha desenvolvida
e até 50 cm de cada lado como o impacto
de visitação (sendo que a vegetação/solo
podem estar danificados, mas não
eliminados ou expostos)
348
Monitoramento e controle de impactos de visitação – GESTÃO INTEGRADA

SISTEMA DE MONITORAMENTO E CONTROLE DE IMPACTOS…

MATRIZ DE MONITORAMENTO - Parte 1 (continuação)


INDICADORES DE VERIFICAÇÃO: PARÂMETROS DE MUDANÇA ACEITÁVEL:

G3.2 - Número de trechos de trilha em estado G3.2.1 - Até 3 por trimestre


inadequado, de insegurança,
ou com estruturas danificadas.
G4.1 - Número de picadas ou trilhas sociais G4.1.1 - Até 1 por trimestre
(caminhos que o visitante faz quando
sai da trilha demarcada)
G4.2 - Número de observações de vandalismo G4.2.1 - Até 1 incidente/ocorrência por trimestre
a recursos naturais, infra-estrutura
ou sinalização.
G5.1 - Número de encontros entre grupos G5.1.1 - Encontros com 5 outros grupos
de visitantes.
G5.2 - Número de grupos em um só momento G5.2.1 - Até 3 grupos ou 15 pessoas,
nos mirantes Golfinho 1 e Sancho. o que ocorrer primeiro
G5.3 - Número de reclamações referentes à trilha. G5.3.1 - Até 3 por trimestre 9
G5.4 - Quantidade de lixo encontrado G5.4.1 - Até 15 unidades por trimestre
ao longo da trilha.
G6.1- Número, tipo e descrição dos meios G6.1.1 - Materiais interpretativos sobre aves
interpretativos disponíveis. e golfinhos suficientes para no míinimo
3 meses de visitação
G7.1 - Número de observações de danos à trilha G7.1.1 -
(naturais ou infra-estrutura) causados.
G7.2 - Número de avistamentos de animais G7.2.1 -
domésticos na trilha.

MATRIZ DE MONITORAMENTO - Parte 2


(Elementos de orientação para coleta e compilação de dados)

Identificação da trilha
ou área de visitação:

I L 1 V f.CD 3 f.CO Responsáveis 4 Freqüência Data de Nº Doc


de Coleta avaliação R. A.
realizada 5
G1.1 1 - Mirante dos
José Silva e Trimestral
Golfinhos II – N/a 2
Maria Ferreira
área controle
2 - Mirante dos
N/a “
Golfinhos I
3 - Mirante IV N/a “
G1.2 “ Trimestral
G1.3 “ Trimestral

G2.1 Contagem total 650m D 2 “ Trimestral


ao longo da trilha
G2.2 “ Trimestral
G3.1 F 3 “ Trimestral
349
MANUAL DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITÁRIA • Ferramentas para um planejamento responsável

SISTEMA DE MONITORAMENTO E CONTROLE DE IMPACTOS…

MATRIZ DE MONITORAMENTO - Parte 2 (continuação)

Data de
I L1 V f.CD 3 f.CO Responsáveis 4 Freqüência
avaliação
Nº Doc
de Coleta R. A.
realizada 5
G3.2 C 5 “ Trimestral
G4.1 B 5 “ Trimestral
G4.2 B 5 “ Trimestral
Trimestral e em
G5.1 E 4 “ dias de grande
movimento
Trimestral e em
G5.2 E 1 “ dias de grande
movimento
Sempre que
9 G5.3 A 4 “ houver
ocorrência
Coleta: todos Sempre que
os funcionários houver
G5.4 A 4 Registro: ocorrência
José Silva e
Maria Ferreira
Semestralmente
G6.1 “ e a cada
ocorrência
G7.1 B 5 “ Trimestral
G7.2 A 4 “ Trimestral

ONDE:

I Indicador.
L1 L é Local da coleta de dados e 1 : no caso destas duas colunas, apresentamos apenas alguns valores
a título de ilustração. Como cada indicador é monitorado em vários locais da trilha, a parte 2 da
matriz de monitoramento fica muito extensa, tornando-se impossível a sua reprodução total neste
anexo.
2 Até a elaboração deste capítulo, os dados iniciais de monitoramento destes indicadores não haviam
sido ainda coletad os.
V Valor inicial de monitoramento.
f.CD 3 f.CD é Número da Ficha de Coleta de Dados e 3 indica que algumas das fichas ainda não haviam
sido concluídas até a elaboração deste capítulo. Aquelas que já haviam sido adequadas
são indicadas por letras do alfabeto. As fichas são apresentadas a seguir.
f.CO Número da Ficha de Compilação .
4 Dois fiscais são responsáveis pela coleta e compilação dos dados de monitoramento do MIV do
Parque. Porém, os nomes aqui apresentados foram inventados.
5 Cada vez que os dados de um indicador forem discutidos em uma avaliação, a data da avaliação
deve ser anotada nesta coluna. A cada novo evento de avaliação, a data deve ser anotada abaixo
da anterior. O mesmo procedimento vale para a coluna seguinte.

350
Monitoramento e controle de impactos de visitação – GESTÃO INTEGRADA

SISTEMA DE MONITORAMENTO E CONTROLE DE IMPACTOS…

Monitoramento a Permanente Formulário: A______


FICHA DE COLETA

Nome do responsável
Marque as unidades de cada
Data da Nome problema que encontrar na trilha
coleta da trilha Comentários
Animais
Lixo Reclamações domésticos

INSTRUÇÕES PARA USAR A FICHA E COLETAR OS DADOS:

A mesma ficha pode ser usada para todas as trilhas e para mais de um dia. Leve-a junto com você todos os
dias que for para as trilhas. Quando terminar os espaços vazios na ficha, troque-a por uma nova.

1u Anotar o seu nome no espaço reservado para “nome do responsável”.


2u Ao encontrar lixo, animais domésticos, ou receber alguma reclamação de visitante em alguma trilha,
anote a data e o nome da trilha nos espaços indicados.
3u Anote a quantidade de lixo ou animais ou reclamações nas colunas indicadas (o que importa é a
quantidade).
4u Pode usar apenas uma linha por trilha, por dia.
5u No caso de reclamações, anote na coluna de “comentários” o assunto da reclamação.
6u Use o espaço de comentários para anotar outras informações que você ache importante, como local
onde achou uma grande quantidade de lixo, ou o tipo de animal encontrado, etc.
7u Se no mesmo dia você encontrar tanto lixo quanto animais domésticos NA MESMA TRILHA, pode
usar a mesma linha para anotar.

INDICADORES u LIXO
u RECLAMAÇÕES DE VISITANTES
u PRESENÇA DE ANIMAIS DOMÉSTICOS
351
MANUAL DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITÁRIA • Ferramentas para um planejamento responsável

SISTEMA DE MONITORAMENTO E CONTROLE DE IMPACTOS…

Monitoramento a Permanente Formulário: B______


FICHA DE COLETA

Nome do responsável
Marque o problema
Data da Nome Localização específico
coleta da trilha do problema Comentários
Dano
Vandalismo Picadas
de animais

INSTRUÇÕES PARA USAR A FICHA E COLETAR OS DADOS:

A mesma ficha pode ser usada para todas as trilhas e para mais de um dia. Leve-a junto com você todos os
dias que for para as trilhas.

1u Anote o seu nome no espaço reservado para “nome do responsável”.


2u Ao encontrar problemas em alguma trilha, anote o nome da trilha e a data das anotações
nas colunas específicas.
3u Anote a localização onde o problema está. Procure a marcação das estacas em metros.
4u Marque com um “x” o tipo de problema que você encontrou (vandalismo – de sinalização,
de infra-estrutura, de árvores, pedras etc. –, problemas de danos de animais – pisoteamento
das trilhas, destruição de infra-estrutura, ou de marcação de trilhas etc. –, ou picadas – trilhas ou
caminhos não planejados abertos pelos visitantes).
5u Marque mais de uma coluna se houver mais de um problema no mesmo local.
6u O espaço para comentários serve para você anotar alguma observação especial.
7u Ao terminar a trilha, conte o total de casos de cada tipo de problema e anote na linha de TOTAL.
8u Organize com seus colegas o trabalho de manutenção necessário para corrigir os problemas observados!

INDICADORES u VANDALISMO
u ESTRAGO FEITO POR ANIMAIS DOMÉSTICOS
u PICADAS FEITAS POR VISITANTES

352
Monitoramento e controle de impactos de visitação – GESTÃO INTEGRADA

SISTEMA DE MONITORAMENTO E CONTROLE DE IMPACTOS…

Monitoramento a Permanente Formulário: C______


FICHA DE COLETA

Nome do responsável
Nome da trilha Data da coleta:

Localização Escolha um problema abaixo


do problema Comentários
Dano
Vandalismo Picadas
de animais

TOTAL

INSTRUÇÕES PARA USAR A FICHA E COLETAR OS DADOS:

Use uma ficha para cada dia e para cada trilha.


Antes de sair do escritório, verifique na ficha de registro destes indicadores se há algum local específico que
você precisa checar. Pode ser um local onde foi feita alguma correção anteriormente, pode ser um local onde
há risco de problemas de manutenção, etc. Se houver, anote na ficha a localização e marque um “x” se for
limpeza, drenagem, ou conserto.

1u Anotar o seu nome, o nome da trilha e a data das anotações nos espaços específicos.
2u Antes de sair, anote os dados de locais que devem ser monitorados.
3u Nestes locais, anote na coluna de “comentários” a situação atual (pode ser que continue o problema,
pode ser que tenha sido consertado, etc.)
4u Ao caminhar a trilha, também observe se há novos problemas. Anote a de acordo com a marcação
das estacas em metros.
5u Marque com um “x” o tipo de problema que você encontrou (limpeza de trilha, problemas
de drenagem – escoamento, erosão, alagamento –, ou necessidades de conserto – de infra-estrutura,
de estrutura de trilha).
6u O espaço para comentários serve para você anotar alguma observação especial.
7u Ao terminar a trilha, conte o total de casos de cada tipo de problema e anote na linha de TOTAL.
8u Organize com seus colegas o trabalho de manutenção necessário para corrigir os problemas observados!

INDICADORES u LIMPEZA DE TRILHA


u DRENAGEM
u CONSERTO DE INFRA-ESTRUTURA
353
MANUAL DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITÁRIA • Ferramentas para um planejamento responsável

SISTEMA DE MONITORAMENTO E CONTROLE DE IMPACTOS…

Monitoramento a Periódico Formulário: D______


(ver a data de monitoramento na matriz por trilha)

FICHA DE COLETA

Nome do responsável
Nome da trilha Data da coleta:

Localização dos pedaços total em


de trilha com invasoras -
metros de
Nome verificar localização nas estacas
da trilha cada pedaço Comentários ou espécie
da trilha
início em final em
com invasoras
metros metros

INSTRUÇÕES PARA USAR A FICHA E COLETAR OS DADOS:

Esta ficha deve ser preenchida nas datas indicadas pela matriz de monitoramento de cada trilha. Antes de ir
para a trilha, copie da matriz de monitoramento, os locais anteriores onde já foram observados estes mesmos
indicadores. Não se esqueça de levar a trena!

1u Anote o seu nome e data da coleta.


2u Nos pontos já anotados para invasoras, verifique se os locais de início e fim do trecho
marcado continuam os mesmos. Anote na coluna de “comentários” as novas medidas – maiores ou
menores. Se não houve mudança, escreva “sem mudança”.
3u No caso de novos locais com invasoras, marque o local na trilha onde elas começam
e onde terminam – procure as estacas marcadoras.
4u Quando você voltar para o escritório, calcule o tamanho em metros dos trechos anotados
(diferença entre o final e o começo da marcação do trecho).

INDICADOR u INVASORAS
354
Monitoramento e controle de impactos de visitação – GESTÃO INTEGRADA

SISTEMA DE MONITORAMENTO E CONTROLE DE IMPACTOS…

Monitoramento a Periódico Formulário: E______


(ver a data de monitoramento na matriz por trilha)

FICHA DE COLETA

Nome do responsável
Nome da trilha Data da coleta:

Encontros com grupos durante a caminhada Total

INSTRUÇÕES PARA COLETA:

Ao caminhar ao longo da trilha, marque com um “x” ou um “/” todas as vezes que cruzar com um grupo de
pessoas. O número de pessoas por grupo não interessa. Se a trilha for linear (ida e volta pelo mesmo camin-
ho) e se você encontrar com o mesmo grupo duas vezes, marque as duas vezes. Não inclua nesta parte os
encontros nos mirantes. No final do dia, anote na coluna de “TOTAL” o número de grupos que você viu
durante a caminhada. 9
NÚMERO DE GRUPOS E NÚMERO DE PESSOAS NOS MIRANTES AO MESMOTEMPO

Mirante: Mirante:

nº pessoas por grupo nº pessoas por grupo


Total Total
grp grp grp grp grp pes/grps grp grp grp grp grp pes/grps
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
0’a10’ / 0’a10’ /
11’a20’ / 11’a20’ /
21’a30’ / 21’a30’ /
31’a40’ / 31’a40’ /
41’a50’ / 41’a50’ /
51’a60’ / 51’a60’ /
INSTRUÇÕES PARA USAR A FICHA E COLETAR OS DADOS:
Esta ficha deve ser preenchida nas datas indicadas pela matriz de monitoramento de cada trilha. Antes de sair,
verifique na matriz de monitoramento para cada trilha os mirantes que devem ser monitorados e anote nos
espaços indicados acima. Prepare-se para ficar uma hora parado em cada mirante, coletando os dados
necessários! Leve um relógio que marque os minutos.
1u Anotar o seu nome, nome da trilha e data da coleta nos espaços reservados.
2u Ao chegar aos mirantes em que deve coletar os dados, anote o nome do mirante no local específico
e marque a hora de começo do monitoramento.
3u A cada 10 minutos, marque o número de pessoas por grupo novo que aparecer no mirante dentro
dos quadradinhos na tabela daquele mirante. A cada novo grupo que chegar, mesmo que seja mais
tarde, utilize uma outra coluna.
4u Quando o grupo sair, cruze o quadradinho na fração de hora em que eles saíram.
5u Ao final, some o número de pessoas que esteve no mirante a cada fração de hora e marque na
posição “pes” da coluna de total. Some o número de grupos e coloque na posição “grps”.
INDICADORES u ENCONTROS COM GRUPOS
u GRUPOS EM MIRANTES
355
MANUAL DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITÁRIA • Ferramentas para um planejamento responsável

SISTEMA DE MONITORAMENTO E CONTROLE DE IMPACTOS…

Monitoramento a Periódico Formulário: F______


(ver a data de monitoramento na matriz por trilha)

FICHA DE COLETA

Nome do responsável
Nome da trilha Data da coleta:

Localização Medida Instruções para pegar a medida

Total

INSTRUÇÕES PARA USAR A FICHA E COLETAR OS DADOS:

Esta ficha deve ser preenchida nas datas indicadas pela matriz de monitoramento de cada trilha. Antes de ir
para a trilha, copie da matriz de monitoramento, a localização de pontos que começaram a ser monitorados
anteriormente. Anote também as instruções para pegar as medidas de largura nestes pontos. Não se esqueça
de levar a trena!

1u Anotar o seu nome, nome da trilha e data da coleta nos espaços reservados.
2u Ao caminhar na trilha, procure os locais anotados, onde o monitoramento começou anteriormente.
Tome as medidas seguindo com precisão as instruções indicadas.
3u Preste atenção para outros locais ainda não anotados onde você acha que a trilha está se alargando.
Anote a localização de acordo com a marcação das estacas.
4u Tome ao menos duas medidas da largura da trilha, 5 ou 10 metros na frente uma da outra. Anote a
metragem da largura e descreva com precisão as instruções para que você ou um colega possam
tirar as medidas exatamente nos mesmos locais da próxima vez.
5u Ao terminar a trilha, conte o total de casos anotados onde a trilha está se alargando e coloque
na última linha, ao lado do “TOTAL”.

INDICADOR u LARGURA DE TRILHA

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Monitoramento e controle de impactos de visitação – GESTÃO INTEGRADA

SISTEMA DE MONITORAMENTO E CONTROLE DE IMPACTOS…

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Monitoramento e controle de impactos de visitação – GESTÃO INTEGRADA

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Monitoramento e controle de impactos de visitação – GESTÃO INTEGRADA

SISTEMA DE MONITORAMENTO E CONTROLE DE IMPACTOS…

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MANUAL DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITÁRIA • Ferramentas para um planejamento responsável

✑ TOME NOTA:

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