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contra distúrbios psíquicos em breve
RESUMO A dramaturga mineira Grace Passô já teve peças traduzidas para
seis idiomas e recebeu duas vezes o principal prêmio do teatro nacional. Em
julho, participa da Flip. Também diretora e atriz, notabilizou-se pelo arrojo de
Edição impressa
suas experimentações formais e por fazer da cena um campo de
enfrentamento da intolerância.
os mais lidos de 2017
Destaques da cena 1 de 4 Compartilhar

/Lenise Pinheiro/Folhapress
"Por Elise" (2005) - Primeira peça do grupo
Espanca!, de BH, enfileira relatos de uma
dona de casa sobre as dores e delícias de
seus vizinhos, que vão de um lixeiro e a
um cachorro. O texto valeu a Passô um
Prêmio Shell

FILOSOFIA

Judith Butler escreve sobre sua teoria


de gênero e o ataque sofrido no Brasil
DIREITO

Gilmar Mendes é contraexemplo da


discrição esperada do Judiciário
CIÊNCIA

Lattes, o brasileiro que disputou o


Nobel e nomeou base de currículos
HISTÓRIA

Conheça o 'Schindler português' que


ajudou 10 mil judeus a fugir de Hitler
CIÊNCIAS SOCIAIS

Movimentos negros repetem lógica


do racismo científico, diz antropólogo

Foi-se o tempo em que o hipopótamo que devorou o pai de família recomendações do editor
permanecia oculto. A lama na qual ele habita inundou cidades às vistas de
todo o público.

Na peça "Amores Surdos" , de 2006, a metáfora absurda envolvendo o


mamífero herbívoro embalava a história de uma família incapaz de expressar
afetos. Hoje, o teatro da dramaturga, atriz e diretora mineira Grace Passô, 37,
ousa outras linguagens. A sutileza da analogia já não basta para enfrentar o
despudor do machismo, do racismo e de outras manifestações de ódio.

"Mata Teu Pai" , em cartaz até o dia 26 no Galpão Gamboa, no Rio (e a partir
de 31/8, no teatro Poeira, na mesma cidade), é fruto dessa consciência
aflorada.

Convidada pela diretora Inez Viana e pela atriz Débora Lamm a escrever sua
versão de Medeia, Passô afastou-se da trilha aberta por Eurípedes, autor da
tragédia que perpetuou o mito grego, para se concentrar na força de
insubordinação da personagem e em sua possível transposição para o
presente. JORNALISMO

Como funciona a engrenagem das


Revoltando-se contra a ordem patriarcal, a feiticeira inflama a plateia a
notícias falsas no Brasil
enfrentar o pai traidor, Jasão –dirige-se a ela como a uma linhagem de filhas
conclamadas a se insurgirem contra o progenitor. No texto clássico, Medeia INTERNACIONAL

mata as crias para se vingar do marido, que a deixou para casar-se com uma Trump, os nerds do 4chan e a nova
princesa. direita dos Estados Unidos
MÚSICA
"É como se essa Medeia pudesse traduzir a dimensão indomável das mulheres
Em entrevistas, Caetano e Gil
do nosso tempo, que são as manifestantes feministas. É a visão delas que nos
relembram o início da tropicália
mostra a possibilidade de invertermos a lógica da nossa sociedade", diz Passô.
Há 50 anos, tropicália chegava para 'arrombar a festa'

Em cena, Medeia já não deseja a morte da noiva de Jasão, mas sim a dele, CIÊNCIA
numa reação que reconhece também a outra mulher como vítima da Computador quântico está chegando
misoginia. Recém-lançada em livro pela Cobogó, a dramaturgia do espetáculo e vai levar tecnologia a uma nova era
ecoa a do monólogo "Vaga Carne" (2016).
FILOSOFIA

"Esse foi um trabalho em que me permiti radicalizar em alguns pontos, o que Os africanos que propuseram ideias
é muito importante para um artista. Ele expandiu minha experiência de iluministas antes de Locke e Kant
escrita e de atuação", afirma, referindo-se às experimentações formais com as
quais revolve a linguagem para criar uma dissociação entre uma voz e o corpo revolução russa
do qual ela se apossa.

VOO SOLO

Com peças traduzidas para o espanhol, o inglês, o francês, o italiano, o


polonês e o chinês, e tendo recebido dois prêmios Shell (o principal do teatro
brasileiro) de melhor dramaturgia, Passô está escalada para a Flip (Festa
Literária Internacional de Paraty), em julho.

Ela participa da série de intervenções performáticas "Fruto Estranho", uma


TV FOLHA
novidade desta edição. "Vou escrever a partir da experiência do 'Vaga Carne'.
Vai ser um desdobramento da forma como trato a palavra naquele Documentário fictício imagina
espetáculo", adianta. Quem estiver por lá pode esperar um trabalho poético como seria se Stálin proibisse xadrez
de estranhamento entre o corpo que fala, a materialidade da língua e suas Especial traz vídeos sobre os 100 anos da revolução

significações.
envie sua notícia
"Mata Teu Pai" e "Vaga Carne" (a ser editado pela Javali neste ano), os
trabalhos mais recentes da autora, atestam o vigor do voo solo que ela iniciou Fotos
Vídeos
Relatos

em 2013, quando se desligou do grupo belo-horizontino Espanca!, que se


projetara com "Por Elise" (2005; primeiro Shell de texto para Passô) e os siga a folha
"Amores Surdos" da abertura desta reportagem.

Desde então, a mineira estreitou laços com antigos parceiros e encontrou RECEBA NOSSA NEWSLETTER
novos interlocutores pelo país. Digite seu email...
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Seguiu os passos de Sérgio Penna no espetáculo de dança "Rasante" (2014);


dirigiu as conterrâneas Yara de Novaes e Débora Falabella em "Contrações"
(2013); escreveu "Guerrilheiras ou Para a Terra não Há Desaparecidos"
(2015) para a direção de Georgette Fadel, em São Paulo; atuou com Renata
Sorrah, Inez Viana e a Companhia Brasileira em "Krum" (2015),
multipremiado no Rio.

Não lhe interessa, com esse périplo, tornar-se uma "artista diversificada" EM ILUSTRÍSSIMA

(versátil, porém sem profundidade), mas adensar a própria voz e aguçar sua + LIDAS + COMENTADAS ÚLTIMAS

capacidade de criação.
Racismo de negros contra brancos
1 ganha força com identitarismo
Desde a estreia de "Vaga Carne" no Festival de Curitiba de 2016, liberdade é a
palavra mais ouvida por Passô na boca de espectadores que a procuram para
'Racismo reverso' de Risério busca
dizer o que os cativou na montagem (ou o que sentiram diante dela).
2 deslegitimar luta por igualdade racial

"Esse texto funda um modo de narração na dramaturgia. Uma voz que invade
um corpo e o manipula nos coloca de novo frente à palavra e transforma o
sentido do teatro", opina Inez Viana, em alusão a uma teatralidade que já não Bem-estar via consumo individual não
se direciona nem às relações externas, como no drama, nem à interioridade 3 pode orientar a esquerda, diz Tatiana
Roque
de um eu lírico, mas à própria constituição do sujeito pela linguagem. Esquerda associou-se à intolerância e a
4 dogmas obscuros, diz jornalista

VIRADA
Movimentos negros repetem lógica do
Para o diretor da Companhia Brasileira, Marcio Abreu, o solo marca um 5 racismo científico, diz antropólogo

ponto de virada –e de abertura– na carreira da escritora, que experimenta


estruturas diferentes daquelas fundadas em fábulas contemporâneas e
personagens. "Grace escava a experiência do teatro, faz emergir a voz dela e
tem a coragem de ir para um lugar mais desconhecido como linguagem",
afirma.
Larissa Manoela - Up
Além da complexidade formal, chama atenção o modo como a artista avança Tour (DVD)
"na investigação da identidade, sem abandonar suas contradições", conforme Larissa Manoela
descreve Aline Vila Real, produtora do Espanca! desde 2008 e diretora da
Comprar
nova peça do grupo, "Passarão".

Na visão de Isabel Diegues, diretora editorial da Cobogó, que publicou cinco


textos de Passô, as experimentações formais ensaiadas nas primeiras peças
com o Espanca! deram à autora propriedade para incorporar "a condição de Ainda Sou Eu
mulher, negra, atriz e diretora" a sua escrita. Jojo Moyes

Comprar
Se é verdade que todo artista orbita ao redor de um ou de alguns poucos
temas ao longo de sua trajetória profissional, o mote principal de Grace Passô
seria o descompasso entre corpos, palavras e imagens.

"A língua do mundo sempre me foi muito penosa, e a minha ideia de


Star Wars - Os Últimos
comunicação é um abismo. Meu contato com a arte tem a dimensão de Jedi
descoberta de uma língua –e isso não é uma metáfora", diz Passô, escolhendo Jason Fry
com cuidado suas palavras. "Quando escrevo ou atuo, me sinto falando mais a
verdade do que aqui e agora", acrescenta, num café no centro de Belo Comprar

Horizonte.

Norte de sua obra, a ideia de invenção é levada ao paroxismo em "Congresso


Internacional do Medo" (2008), em que a autora criou um idioma para cada O Que o Sol Faz Com
personagem. "Ela tinha post-its espalhados pela casa toda, com desenhos, as Flores

coisas escritas ao contrário, palavras inventadas", lembra a iluminadora Rupi Kaur

Nadja Naira, integrante da Companhia Brasileira. "Demorou anos para [o Comprar


espetáculo] amadurecer e chegar ao que era proposto. Ela tinha uma visão de
futuro ali."

Criada no bairro Alípio de Melo, na periferia de Belo Horizonte, Passô conta Box Pink Floyd -
que o contato com a literatura na infância, quando a irmã professora a Special Edition (DVD)
obrigava a ler, abriu-lhe as portas para escrever sem pudor. Pink Floyd

"Sou a filha mais nova de uma família de operários vindos do interior de Comprar

Minas e da Bahia, pessoas com aptidões artísticas enormes. Fui a única com
oportunidade real de experimentar a arte como trabalho", diz a caçula de seis.

SEMENTES

Quem lhe trouxe a "noção radical de inventividade", ainda nas leituras de


infância, não foi outro senão Guimarães Rosa. "Ele carrega um olhar sobre
um tipo de sujeito no qual consigo me reconhecer –o sertanejo– e toca em
lugares pelos quais minha história familiar já passou, como mineira. Foi meu
encorajamento para inventar", afirma.

E ela não mais se conteve. Dona de "uma imaginação muito solta", nas
palavras de Marcelo Castro, ator e cofundador do Espanca!, Passô fez valer a
infância desfrutada ao ar livre, aquela "vida com espaço para o pensamento".

"Consigo imaginar essa menina fabulando no quintal. O jeito como escreve


não vem de nada que leu. Ela está à frente, criando a partir do inconsciente.
Sempre me impressionam seus 'insights'", afirma Castro.

Para Aline Vila Real, a dramaturga realizou a difícil travessia entre "os
estudos teóricos de homens brancos europeus", aprendidos nos bancos da
escola de teatro (o Centro de Formação Artística e Tecnologia da Fundação
Clóvis Salgado), e uma escrita que representasse sua própria personalidade,
sustentada por raízes profundas e trabalhada à exaustão.

Em seus processos criativos, Passô costuma investir as 24 horas do dia. Para


"Congresso Internacional do Medo", dirigia improvisações de manhã e à tarde
e escrevia à noite. Essa propensão à imersão a levou a dividir um apartamento
com os integrantes do grupo paulista XIX por seis meses para conceber
"Marcha para Zenturo" (2010) e a se mudar para Buenos Aires por "O Líquido
Tátil" (2012).

No teatro da mineira, essa tensão entre exterior e interior, objetivo e


subjetivo, caminha ao lado de uma convicção da qual ela não arreda pé: "Não
deixar a ficção se sobrepor à consciência de que estou presente diante do
público". Com isso em mente, busca questionar os automatismos do rito
teatral, criando formas de direcionar a atenção à situação de encontro com os
espectadores.

Desde "Por Elise", os processos criativos do Espanca! se detinham em


questões como "o que acontece depois que as cortinas se abrem?", "elas se
abrem?", "como soam os sinais?", "como transformar essas formalidades e
convenções?", recorda Marcelo Castro.

Esse tipo de metalinguagem e autorreflexão escapa do hermetismo graças à


fluidez poética das metáforas criadas. O expediente instiga a imaginação tanto
pelos elementos materiais da cena quanto pelos jogos com a linguagem.

RÓTULOS

Outra obsessão da autora é a de "explicitar o que não se consegue ver na


imagem de alguém". Para Nadja Naira, o que Passô faz é desmontar rótulos e
estereótipos impostos às imagens. "Mesmo eu, você, qualquer pessoa tem
essas travas. Estão cravadas em nós, é difícil ver de onde vêm e saber como
lutar contra elas", diz a iluminadora e atriz.

Passô conta sentir nela mesma a força perversa dessas etiquetas. "Sempre
achei que havia uma distância enorme entre o que a minha imagem sugere à
sociedade racista e machista e o que ela [efetivamente] é capaz de fazer",
afirma, comparando-se ao silencioso hipopótamo de "Amores Surdos", que
"guarda uma fera muito grande dentro de si".

Por ter lutado para estar em instituições "mais ricas ou mais brancas", a
dramaturga e atriz não subestima a importância de sua presença em cena ser
posta em evidência. Sabe que, de alguma forma, encarna a superação da
opressão. "'Vaga Carne', para mim, é esse grito da imagem do corpo, com tudo
o que ele significa."

A destreza com que ela transita entre a escrita, a direção e a atuação é fruto de
uma formação fora do ambiente acadêmico, num tempo em que a faculdade
de teatro ainda dava os primeiros passos em Belo Horizonte.

Passô conciliava o curso técnico no Centro de Formação Artística e


Tecnológica (Cefart), no prestigioso Palácio das Artes, com tentativas de criar
companhias teatrais. "Ia buscando as referências enquanto fazia. Comecei a
trabalhar antes de pensar em função [específica]", lembra.

Foi na mesma época, em 2002, que Marcelo Castro assistiu à peça "Todas as
Belezas do Mundo", da Cia. Clara, e se encantou pelo desempenho de Passô –
com tal intensidade que logo tratou de se juntar ao grupo. Pouco depois,
acompanhou-a na fundação do Espanca!, em que a artista acumularia funções
de atriz, dramaturga e encenadora. "Essa totalidade já estava colocada",
observa o ator.

Apesar de "Por Elise", com texto de Passô, ter sido sucesso de público e
crítica, os integrantes da companhia cogitaram outros autores para o segundo
projeto da trupe, que originalmente seria dirigido por Marcio Abreu. "No
último momento, a Grace, meio tímida, disse 'eu tenho um texto' e mostrou o
esboço de 'Amores Surdos'", lembra Castro. Ao que Abreu reagiu: "Você tem
que montar isso!".

Ali já estavam dados os contornos do fino comentário social que viria a ser
sua marca. "Grace tem um olhar poético para questões agudas da sociedade,
[cria] uma poética da violência, sem camuflar contradições", avalia Aline Vila
Real.

Com o tempo, os primeiros espetáculos da artista se abriram a novos sentidos.


"Visitando fotos antigas de 'Amores Surdos', vemos que a mãe tinha o cabelo
escovado. Hoje, a Grace faz [a personagem] de cabelos crespos. Aquele olhar
crítico está ainda mais direto", completa Vila Real.
COMO UM CACHORRO

Entre 2004 e 2013, o Espanca! encenou cinco espetáculos –quatro deles com
textos assinados pela autora. Única peça que ela não escreveu, "O Líquido
Tátil" representou também sua despedida da companhia.

Texto e direção eram do argentino Daniel Veronese , em quem a diligência de


Passô deixou forte impressão. "Podia-se ver através dos olhos e da expressão
do rosto como ela processava, entendia e executava. Eu a definiria como uma
atriz potente e muito profissional", recorda, em e-mail.

"Levo [o ofício] a sério como uma criança", define a artista, em busca de uma
comparação que dê conta da ideia de se entregar por inteiro àquilo que se faz.
"Ou como um cachorro."

Nadja Naira, parceira na criação de "Vaga Carne" e "Mata Teu Pai", faz coro.
"Ela não consegue realizar nenhum trabalho que não mobilize todas as suas
células. Quando está perdida ou insegura, não esconde. É até engraçado fazer
teatro, lugar da simulação, exatamente o que ela não é."

Atualmente, Passô entrega suas células a projetos que iluminam questões


identitárias. Ela dirige "Eras", novo show das Negras Autoras. "É uma reunião
de mulheres negras. Não existe nenhum discurso que dê conta desse fato.
Essa convivência é extremamente revolucionária", diz a diretora.

Ao lado de Marcio Abreu, ela inicia a criação do próximo espetáculo da


Companhia Brasileira. Será um desdobramento do "projeto brasil" (que
abrangeu ações realizadas em capitais das cinco regiões do país e a montagem
do espetáculo homônimo), provisoriamente batizado de "Preto" e realizado
em coprodução com teatros de Dresden e Frankfurt, na Alemanha.

A pesquisa debruça-se sobre o passado escravocrata do país e seus ecos no


presente, escavando tabus e violências veladas infligidas aos negros. Além de
atriz, a mineira será uma das dramaturgas da montagem.

Ao mesmo tempo, ela prepara uma nova peça do projeto "Grãos de Imagem",
o mesmo que originou "Vaga Carne". O mote agora é a tentativa de um
escritor de colonizar o corpo de uma atriz –ponto de partida que ganha outra
camada de leitura pelo fato de ser ela, uma autora, a "parir" esse personagem.

Além de buscar os palcos, Passô aventura-se cada vez mais no cinema. Em


"Praça Paris", de Lúcia Murat (de "A Memória que me Contam"), interpretará
sua primeira protagonista, ao lado da atriz portuguesa Joana de Verona. A
personagem é uma ascensorista da Universidade Federal do Rio de Janeiro
que faz terapia num programa de assistência a carentes.

"Nunca tenho noção da direção que um filme vai tomar. Essa é a grande
diferença para mim [em relação ao teatro]: não estar na concepção das
coisas", diz a atriz.

Ela estará também em dois longas-metragens da produtora mineira Filmes de


Plástico: "No Coração do Mundo", de Gabriel Martins e Maurílio Martins, e
"Temporada", de André Novais Oliveira. E no próximo filme de Ricardo Alves
Jr. –parceiro de longa data, com quem já manteve um blog (Senhora K) e
montou uma versão teatral para "Sarabanda" (2013), de Ingmar Bergman,
além de atuar sob a direção dele no filme "Elon Não Acredita na Morte".

Para a atriz, dramaturga e diretora que inventa línguas teatrais como


estratégia de resistência numa sociedade organizada por relações de opressão,
"a época é perigosa em todos os níveis –tanto político quanto subjetivo–, mas,
ao mesmo tempo, profundamente transformadora".

É sua maneira de sugerir (esperar?) que a lama que tudo impregnava em


"Amores Surdos" e hoje engolfa o país arraste de vez comportamentos
antidemocráticos e gestos de intolerância, sobre os quais nenhuma língua
(consagrada ou inventada no ato) pode silenciar.

LUCIANA ROMAGNOLLI, 34, é jornalista, crítica de teatro e editora do site Horizonte da Cena.

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