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Domínios de Saúde Pública

Saúde pública (SP) – ciência que ajuda na prevenção da doença, prolongamento da vida e promoção da saúde, através de esforços da sociedade.

Trabalha com a medicina clínica, que se foca no tratamento do problema imediato e individual, a SP tem uma abordagem mais holística que visa
beneficiar a saúde de uma população inteira o que culmina regularmente em nenhuma vantagem para o indivíduo singular.

Existem 3 pilares principais da SP:

• Promoção da saúde - processo de capacitação das pessoas para que consigam exercer controlo sobre os determinantes da sua saúde.
Focaliza em 4 áreas principais:
o Educação para a saúde;
o Ação legislativa;
o Desenvolvimento da comunidade;
o Política de saúde pública (baseia-se nos determinantes de boa saúde e bem-estar).

• Proteção da saúde – foca-se na prevenção e controlo dos perigos, protege contra fatores ambientais e externos (e.g. construir
barragens);

• Prevenção da saúde - redução da probabilidade de surgir uma doença no estado de saúde focando numa gestão sustentável dos recursos
(e.g. vacinação).

Fator de risco - algo associado a um outcome particular em saúde, o objetivo da prevenção é diminuir ou eliminar este fator de risco.

Proteção da Saúde

No Reino Unido temos o NHS (National Health Service) que contém 3 domínios interligados:
• Melhoria/promoção da saúde;
• Melhoria dos serviços de saúde;
• Proteção da saúde.
o Doenças infeciosas;
o Químicos e venenos;
o Radiação;
o Respostas emergentes;
o Perigos ambientais.

“Getting ahead of the curve: a strategy for combating infectious diseases”

Define proteção da saúde como “a prevenção ou mitigação de perigos do meio ambiente para a saúde humana, incluindo doenças infeciosas,
químicos e radiação”. Sugere ainda a formação da Health Protection Agency fundada em 2003 com o intuito de dar informações e recomendações
para o público em geral. Esta organização está dividida em vários setores, entre eles – Center of infections, Center for radiation, chemical hazards
and environmental hazards, Center for emergency preparedness and response; Local and regional services; Regional microbiology network.

Autoridades relevantes na saúde portuguesa

• ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica) – inspeciona estabelecimentos para verificar se estão a cumprir as regras de
segurança e higiene;

• INFARMED - regula e supervisiona o setor dos medicamentos e produtos de saúde, assegura práticas durante a realização de ensaios
clínicos. Responsável pela comparticipação por parte do SNS e inspeção de locais de venda de medicamentos e instrumentos médicos;

• INSA (Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge)


o Alimentação e Nutrição - prevenção de doenças de origem alimentar e melhoria do estado nutricional da população com
guidelines;

o Prevenção e Controlo de Doenças Infeciosas e da resistência aos antimicrobianos - permite o estudo de vírus e bactérias
prejudiciais para a saúde humana;

o Epidemiologia - realiza estudos e analisa dados sobre o estado de saúde e doença da população;

o Genética Humana - garante o planeamento e a execução do programa nacional de diagnóstico precoce;

o Doenças não transmissíveis - atividades de investigação, formação e promoção da literacia em saúde pública;

o Saúde Ambiental - estudo do impacto dos determinantes ambientais e ocupacionais na saúde das populações.
Autoridades internacionais de saúde

• Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Brasil (1999) - comparável ao INFARMED, contudo depende muito do sistema de
vigilância sanitária de cada município pois abrange mais áreas de trabalho do que em Portugal;

• FDA (Food and Drugs Administration), EUA - regula alimentos, medicamentos, dispositivos médicos, vacinas, etc. Incorpora a MedWatch
que oferece relatórios de segurança publicados para a população se manter informada;

• Operador de Proteção da Saúde - Nova Zelândia.

Promoção da saúde

Consiste no processo de capacitação das pessoas com o objetivo de que possam controlar e melhorar os seus determinantes de saúde, incorpora
vários mecanismos para auxiliar:

• Educação em saúde – intervenções feitas por profissionais direcionadas para o indivíduo, encorajando-os a tomarem as suas próprias
decisões (e.g. campanhas de cessação tabágica e vacinação);

• Legislação – criado pelo governo de forma a proteger a saúde de uma comunidade (e.g. restrições ao consumo de tabaco);

• Desenvolvimento da comunidade – ajuda a identificar problemas locais e trabalhar para os combater;

• Políticas de saúde pública – medidas não obrigatórias focando-se nos determinantes de saúde, que podem ser sumarizados pelos pré-
requisitos da Carta de Ottawa (ecossistemas estáveis, recursos sustentáveis, etc).

Carta de Ottawa

Resultou da 1ª conferência internacional de promoção de saúde realizada em 1986. Esta carta propõe três estratégias:

• Advogar - defender os interesses da saúde pública em face de outros interesses;


• Capacitar - promover a literacia e a capacitação das pessoas para que estes sejam capazes de fazer escolhas promotoras de saúde;
• Mediar - promover a colaboração com outros sectores para criar condições de vida mais favoráveis à saúde.

Apresenta também 5 áreas de ação:

• Adoção de políticas públicas saudáveis em todos os setores – uso do cinto de segurança e medidas para prevenir o consumo de tabaco;
• Promoção de competências pessoais - desenvolvimento pessoal e social através de informação e educação;
• Reforço da ação comunitária - criação de organizações de apoio à saúde;
• Promoção de ambientes saudáveis - espaços de trabalho promotores de bem estar;
• Reorganização dos serviços de saúde - mais acessíveis, próximos e holísticos.

Declaração de Jacarta – assinada na quarta conferência internacional sobre promoção da saúde do século XX (1997), foi criada com o intuito de
servir como uma revisão da Carta de Ottawa. Apresenta 5 prioridades:

• Promover a responsabilidade social pela saúde;


• Aumentar os investimentos para o desenvolvimento da saúde;
• Ampliar as parcerias para a promoção da saúde;
• Aumentar a capacidade da comunidade e capacitar o indivíduo;
• Garantir uma infraestrutura para promoção da saúde.

Responsáveis pela promoção da saúde

Todos são responsáveis pela saúde.

Princípio da advocacia - levantar preocupações para problemas críticos de saúde pública e mobilizar comunidades e recursos para promover uma
saúde melhor. Em países em desenvolvimento temos promoção de medidas de higiene e em países desenvolvidos dietas saudáveis e exercício.

Prevenção da Doença e Níveis de Prevenção em Saúde

Conjunto de práticas para controlo dos riscos que têm em vista a proteção da saúde dos indivíduos.

Triângulo epidemiológico
• Agente - substância que deve estar presente para que uma doença ou condição ocorra;
• Fatores ambientais;
• Fatores do hospedeiro.

O poder da abordagem biomédicas, pode ser visto examinando a redução das doenças transmissíveis, mas o biopsicossocial melhora a relação
com o paciente e tem foque em problemas que podem não ser claros em primeira abordagem.

Níveis de prevenção

• Primordial - eliminar ou reduzir fatores que levam à doença (e.g saneamento básico e cinto de segurança);

• Primária - reduz a incidência da doença (e.g. vacinação, exercício físico)


o Estratégia de alto risco – foca em pessoas em grande risco apenas;
o Estratégia populacional – melhora a comunidade em geral sem grande benefício para o percentil de maior risco.
Paradoxo da prevenção - prevenção de base populacional leva a maiores benefícios para a população e poucos benefícios para o indivíduo.

• Secundária - deteção precoce da doença reduzindo a sua prevalência e duração (e.g. rastreios);

• Terciária - estado tardio da doença reduzindo as suas complicações (e.g. tratamento e reabilitação);

• Quaternária – previne a iatrogenia;

• Quinquenária – previne burnout dos profissionais de saúde.

Saúde Global

Saúde Global - área que através da colaboração interdisciplinar e internacional promove saúde e equidade em saúde para todos.

Existem 3 variáveis importantes - mobilidade, interdependência e interconexão - que facilitam uma rápida disseminação de doenças. Nas últimas
décadas temos tido um aumento das doenças transmitidas por alimentos que tendem a ter maior distribuição geográfica, alguns exemplos:

• Químicos tóxicos (África Ocidental, 2006) - despejo de 500 toneladas de resíduos petroquímicos;
• Radio nucleares (Europa Oriental, 1986) – Chernobyl;
• Ambientais (Europa, 2003) - onda de calor.

Surgem, no seguimentos destes eventos, convenções internacionais que culminam no regulamento sanitário internacional (1969) em 2007 entram
em vigor as IHR (International Health Regulations). A OMS apresenta uma Global Alert Response para acompanhar qualquer problema e fornecer
uma resposta de saúde pública ao problema.

GOARN (Rede Global de Alerta e Resposta a Surtos) – parceria global da OMS para envolver os recursos de agências técnicas além das Nações
Unidas para rápida identificação e resposta a emergências de saúde pública.
Saúde global - esforço integrador de várias disciplinas para atingir a saúde ideal para todos, e para o ambiente.

Saúde planetária - saúde da civilização humana e o estado dos sistemas naturais dos quais ela depende.

Objetivos do Milénio

Foram assumidos 8 objetivos, em setembro de 2000 pelos países membros da ONU, que deveriam ser concretizados até 2015.

1. Erradicar a extrema pobreza e a fome - redistribuição da riqueza (e.g. RSI [2003]);

2. Atingir o Ensino Básico Universal - investimento em infraestruturas e recursos escolares (e.g. Gana);

3. Promover a Igualdade Género e a Autonomia das mulheres - projeto “Berhane Hewan” que defende o fim dos casamentos de crianças
e mantém as raparigas na escola na infância;

4. Reduzir a mortalidade infantil - alargar os programas de vacinação;

5. Melhorar a Saúde Materna - alargar o acesso aos serviços de saúde materna (e.g. construção de maternidades no Egipto);

6. Combater a SIDA, malária e outras doenças - através da vacinação conjugada com a distribuição gratuita de redes mosquiteiras e
suplementação da população;

7. Garantir a Sustentabilidade Ambiental - reduzir as substâncias que destroem a camada de ozono (e.g. Protocolo de Montreal [1987]
conduziu à eliminação gradual de 98% das substâncias que destroem a camada de ozono até 2008);
8. Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento - aumentar a participação dos países em desenvolvimento mundial.
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

Tendo em conta os problemas e conquistas dos objetivos de desenvolvimento do milénio elaboraram-se os 17 objetivos do desenvolvimento
sustentável que devem ser atingidos até 2030. Entre eles - erradicar a pobreza, acabar com a fome, vida saudável.

Em particular o terceiro objetivo de obter uma vida saudável é relevante pois pretende:
● Reduzir a taxa de mortalidade materna global;
● Acabar com as mortes evitáveis de recém-nascidos e em menores de 5 anos;
● Reduzir para metade o número de mortos e feridos provocados por acidentes rodoviários;
● Aumentar substancialmente o financiamento da saúde;
● Alcançar a cobertura universal de saúde.
Principais problemas de saúde no mundo e seu enquadramento geopolítico

Saúde (1948) - completo estado de bem-estar físico, mental e social e não a mera ausência de doença ou enfermidade.

Doença - condição particular anormal que afeta negativamente o organismo (ou parte dele) e que não é causada por um trauma físico externo.

Incidência - taxa de ocorrência de novos casos num determinado período numa população específica, representa o risco de ficar doente.

Prevalência - frequência dos casos existentes numa população num dado momento, representa a probabilidade de estar doente.

• Aumenta – maior duração da doença, doentes crónicos, maior incidência, imigração de casos, emigração de saudáveis, melhor
diagnóstico;

• Diminui – o oposto do acima referido adicionando o aumento da taxa de curados.

Incidência cumulativa - probabilidade de um indivíduo desenvolver a doença numa população num período específico.

Taxa de letalidade - proporção de casos com uma determinada doença que resultam em morte.

Mortalidade - corresponde à razão entre o número de mortes num determinado período de tempo e o número de pessoas em risco de morrer no
mesmo período de tempo.

• Taxa de mortalidade neonatal - número de óbitos com menos de 28 dias;


• Taxa de mortalidade infantil - número de óbitos com menos de 1 ano de idade;
• Taxa de mortalidade na criança - número de óbitos com menos de 5 anos de idade;
• Taxa de mortalidade materna - número de óbitos de mulheres devido a complicações da gravidez;
• Taxa de mortalidade no adulto - número de óbitos de indivíduos entre 15 e 60 anos.

Morbilidade - doença ou algum desvio, subjetivo ou objetivo, de um estado psicológico ou fisiológico de bem-estar. Se um indivíduos têm um
problema existem passos sequenciais:

• Doença – problema inicial (e.g. perda de uma perna por trombose);


• Impairment – lesão que se refere à perda de estrutura ou função psicológica, física ou anatómica (e.g. perda de uma perna);
• Disability - incapacidade para realizar uma atividade (e.g. dificuldade a andar);
• Handicap – desvantagem em alguma ocasião (e.g. desemprego).

Indicadores para a Carga Global da Doença

• Years of potential life lost (YPLL) - anos de vida perdidos por morte prematura (e.g. indivíduo com 50 anos que morra num país onde a
esperança média de vida é 86, tem um YPLL de 36);

• Healthy life expectancy (HALE) - anos que o indivíduo espera viver em saúde;

• Disability-free life expectancy (DFLE) - anos que o indivíduo espera viver sem incapacidade;

• Quality-adjusted life years (QALYs) - que inclui qualidade e quantidade dos anos vividos;

• Disability-Adjusted Life Years (DALYs) - anos de vida saudável perdidos, por exemplo, no caso da DPOC moderada a carga de doença é
de 0,225, o que significa que cada ano vivido com DPOC moderada conta apenas como 0,775 anos vividos.

Partilha da informação

O Global Health Observatory (GHO) facilita a localização e o uso de dados de saúde por especialistas. A Classificação Internacional de Doença (ICD)
organiza doenças, desordens, lesões e outras condições relativas à saúde em códigos para que seja mais fácil pesquisar sobre e classificar doenças.

A maioria das causas de morte hoje em dia são doenças não transmissíveis, isto contrasta com as décadas passadas onde era mais comum morrer
por doenças transmissíveis por existência de pandemias mais regulares. Para além disso nos países em desenvolvimento continua a ser mais
comum morrer por conta de doenças infeciosas ao contrário de países desenvolvidos.

Mortalidade

• Mundialmente – doenças isquémicas do miocárdio, enfarte e DPOC;


• Países em desenvolvimento – condições neonatais, infeções respiratórias baixas e doenças isquémicas do miocárdio. Em alguns países
as diarreias são uma importante causa de morte;
• Países desenvolvidos – doenças isquémica do miocárdio, Alzheimers e enfarte sendo que na América a violência é uma importante causa
de morte. Em alguns locais do mundo os cancros têm vido a aumentar muito graças a melhores métodos de rasteiros.

Incapacidade

• Mundialmente – dor lombar e cervical estando em segundo lugar a depressão;


• Países em desenvolvimento – depressão e anemia ferropénica;
• Países desenvolvidos – dor lombar e cervical e depressão.

Doença

• Mundialmente – condições neonatais e doença cardíaca isquémica. SIDA já não está no top 10.
• Países em desenvolvimento – condições neonatais e doenças isquémicas do miocárdio;
• Países desenvolvidos – doenças isquémica do miocárdio e AVC. América continua a mostrar muita violência interpessoal.

Principais fatores de risco globais associados aos problemas de saúde

Principais fatores de risco mundiais

• Pressão arterial elevada;


• Consumo de tabaco;
• Níveis de glicémia elevados;
• Inatividade física;
• Obesidade.

Com o desenvolvimento as doenças mais problemáticas são as doenças não transmissíveis, isto ocorre por melhorias nos cuidados de saúde sendo
posteriormente mais fácil tratar problemas como a diarreia. Para além disso o facto de termos uma população mais idosa promove a existência
de problemas crónicos ao invés do infeciosos, para isto contribuem também ações como a vacinação e o saneamento moderno. Os problemas
atuais focam principalmente em fatores de risco controláveis como a obesidade ou o consumo de tabaco.

A desnutrição afeta principalmente alguns fatores como a vitamina A, o ferro, o zinco e o iodo. Em 2004 20% (112 milhões) das crianças com idade
inferior a 5 anos estavam num estado de desnutrição.

Saúde Sexual e Reprodutiva

• HIV – a nível mundial a SIDA é a 6ª principal causa de morte no mundo com 6 milhões de mortos em 2004;

• Cancro do colo do útero – correspondem a 11% das mortes devido a relações sexuais desprotegidas;

• Relações sexuais sem contraceção – 90% dos abortos tem esta causa, apenas 14% das mulheres em países em desenvolvimento e 64%
das mulheres em países desenvolvidos usam proteção;

Substâncias Aditivas

• Tabaco – nos países em desenvolvimento o número e fumadores tem vido a aumentar, nos outros países diminuiu ligeiramente, esta
hábito é responsável por 12% de todas as mortes em homens e 6% das mortes em mulheres;

• Álcool – o seu consumo é maior na Europa de Leste, e 1/10 mortes ocorre devido ao consumo de álcool nestes países sendo responsável
por 6% das mortes do sexo masculino e 1,1% das femininas;

• Drogas Ilícitas – pensa-se volta de 0,4% das mortes com maior consumo na Europa e na América.

Riscos Ambientais

• Condições de saneamento, acesso a água e higiene inadequadas – ajudam na prevenção de diarreias que são mais prevalentes nos
países africanos e no sudoeste asiático, sendo que a maioria das mortes ocorre em crianças e devido ao não tratamento das águas;

• Poluição do ar – promove o cancro do pulmão (8% das mortes), doenças cardiopulmonares (5%) e infeções respiratórias (3%);

• Fumo de combustíveis sólidos – 21% das mortes do trato inferior, 35% das por DPOC e 3% das por cancro do pulmão têm etiologia em
fumo deste tipo de combustíveis;

• Exposição a chumbo – reduz o QI se ocorre durante a gravidez e aumenta a pressão arterial em adultos (e.g. comer terra);

• Alterações climáticas – responsável por 0,2% das mortes, principalmente em países em desenvolvimento.
Riscos Ocupacionais e outros fatores de risco

• Lesões ocupacionais – morrem mais de 350 mil pessoas por ano por esta etiologia, principalmente no sudoeste asiático;

• Carcinogénicos ocupacionais – 8% dos cancros do pulmão tem origem nesta exposição;

• Partículas no ar ocupacional – causam DPOC, silicose, asbestose e pneumoconiose;

• Stressores ergonómicos – por dificuldade física dos trabalhos;

• Ruído ocupacional – causa 16% das perdas auditivas nos adultos;

• Aplicação de injeções não seguras – por equipamento não esterilizado, grande causa das infeções hepáticas;

• Abuso sexual de crianças – causam depressão, ansiedade e suicídio.

Outros fatores de risco

• Acidentes de viação – os cintos previnem 61% das mortes por acidente;


• Suicídio – 51% das mortes por lesão intencional.

Fórmula para avaliação da saúde de uma comunidade

• A - anos vividos com saúde;


• B - anos vividos com problemas de saúde;
• F - peso que estes problemas têm na vida do indivíduo.

A - (FxB) = esperança de vida saudável.

Registo vital – engloba nascimentos, mortes, rendas médias e ajuda em modelos de projeção para cooperação entre países.

O Estado das Desigualdades em Saúde na Europa


“European Health Equity Status Report 2019”

As divisões na saúde na região europeia, segundo a Organização Mundial de Saúde

Doenças específicas e poder económico - a maioria das doenças é cerca de 2x mais comum em pessoas com um grau de educação mais baixo e
em pessoas com rendimentos menores.

“Healthy, prosperous lives for all: the European Health Equity Status Report” – indica algumas razões pelas quais temos maior divisão na qualidade
de saúde na Europa:

• Rendimento seguro e proteção social (35%);


• Condições de vida (29%);
• Capital social e humano (19%);
• Acesso e qualidade dos serviços de saúde (10%);
• Emprego e condições de trabalho (7%).

Se as desigualdades diminuíssem em 50% iriamos ter benefícios no PIB que rondam os 0,3%-4,3%.

Como diminuir a divisão da saúde

• Investimento na qualidade e facilidade de compra de habitações com vizinhança segura;


• Diminuição na desigualdade entre rendimentos;
• Desenvolver sistemas de saúde mais acessíveis;
• Proatividade em promover condições de trabalho seguras e saudáveis;
• Equalizar oportunidades na educação a longo termo;
• Fortalecer a resiliência, a confiança, a participação e a voz política – valorizando conhecimento individual e comunitário e removendo a
estigmatização dos mais desfavorecidos.
Proteção da saúde. Definição de doenças transmissíveis e contagiosas - imunização.

Doença infeciosa - resultante da transmissão de um agente patogénico/infecioso ou produtos do seu metabolismo a um hospedeiro suscetível. A
transmissão pode ocorrer de duas formas:

• Direta - outros seres humanos ou animais infetados;


• Indiretamente - através de partículas aéreas, vetores ou veículos.
o Vetor - transportador é um ser vivo;
o Veículo - transportador é inanimado (e.g roupa).

Doença contagiosa - doença transmitida interpessoalmente sem a necessidade de um vetor ou veículo (e.g. DSTs). Uma doença contagiosa é
infeciosa, mas o contrário não é necessariamente verdade.

• Erradicar - reduzir globalmente a doença em todo o mundo ao eliminar o agente infecioso da natureza;
• Eliminar - reduzir a taxa de incidência para zero em determinada zona geográfica;
• Conter - é reduzir a prevalência e incidência num dado local.

Apenas algumas doenças podem ser erradicadas, temos de ter isso em conta perante a realização de planos de atuação globais.

Imunização (Health Protection Agency [HPA]) - processo de proteção dos indivíduos da infeção por meio da imunidade ativa ou passiva.

• Imunidade ativa - sistema imune produz anticorpos contra um antigénio específico oferecendo proteção duradoura;
o Natural – infeção pela doença;
o Artificial – vacinas.

• Imunidade passiva - administração de anticorpos diretamente ao indivíduo.


o Natural – passagem de anticorpos pela mãe;
o Artificial – soros com antivenenos.

Vacinação em anel - vacinação todas as pessoas não imunizadas que tiveram contato direto com um caso confirmado.

Tipos de vacina:

• Vacinas vivas atenuadas - contém um vírus “vivo” que foi atenuado de modo a não provocar doença, não pode ser dada a pessoas com
sistema imune comprometido (e.g. sarampo);

• Vacinas inativadas - inativação ou morte do vírus durante o processo de fabrico, normalmente mais do que uma dose (e.g. poliomielite);

• Toxoides - protegem de doenças provocadas por toxinas de bactérias, estas toxinas são enfraquecidas de modo a não provocarem
doença e adquirem o nome de toxoides. (e.g. difteria e tétano);

• Vacinas de subunidades - apenas algumas partes de vírus ou bactérias, apresentam menos efeitos secundários (e.g. algumas da gripe);

• Vacinas conjugadas – fabricadas unido uma proteína de reconhecimento com o antigénio aumentando a eficácia principalmente em
crianças (e.g. meningite C).

Taxa de reprodutividade (R0) - número médio de novos casos por cada caso de uma doença, basicamente o potencial de crescimento. Se R0 > 1,
a doença continuará a espalhar-se e a proporção de uma população que precisa de ser vacinada para prevenir a propagação sustentada é dada
por 1-1/R0.

Prevenção e controlo das Doenças Transmissíveis

Principais causas de morte transmissíveis:

• Infeções respiratórias agudas (3,76 milhões);


• HIV/AIDS (2,8 milhões);
• Doenças diarreicas (1,7 milhões).

A carga das doenças transmissíveis é dada pela carga de HIV/AIDS, tuberculose e malária num determinado local. O objetivo do milénio 6 (MDG
6) focava-se no controlo das epidemias do HIV, malária e tuberculose. O terceiro objetivo de desenvolvimento sustentável (SDG 3) previa o fim
destas mesmas epidemias e também tem em conta outras doenças como hepatite.
Tuberculose (TB)

• Incidência – desde 2000 diminuiu 18%, os novos casos tendem a ser dos 2-3 milhões de pessoas com infeções latentes que apresentam
um risco de 5-15% de passar para infeção ativa;

• Prevalência - diminuiu 42% entre 1990 e 2015 principalmente nas Américas, Ásia e Pacífico. Desde 2000 preveniram-se 43 milhões de
mortes por TB;

• Mortalidade - diminui 47% entre 1990 e 2015 pela adoção da estratégia DOTS (Directly Observed Treatment Shortcourse), em 2014
morreram 1.5 milhões de pessoas, 0,4 milhões com HIV.

HIV

• Incidência – até 2003 ocorreu uma diminuição de 33%, mesmo assim 2 milhões de pessoas por ano continuam a ser infetadas. A trans-
ferência vertical diminuiu imenso por uso de terapias antirretroviral, o uso de contracetivo aumentou bastante sendo que na juventude
a incidência baixou em 37%;

• Prevalência – tem vindo a aumentar porque com terapias a esperança de vida de um infetado é muito maior;

• Mortalidade – diminui 24% desde 2000, esta diminuição foi maior em crianças.

Malária

• Incidência – até 2015 diminuiu 37% mesmo com o aumento da população em risco por crescimento populacional;

• Prevalência – baixou 17% até 2015 mesmo com o aumento da população;

• Mortalidade – baixou 60% nos primeiros 15 anos do século.

Hepatites

• Incidência – 240 milhões de pessoas têm HBV e 150 milhões HCV;

• Prevalência – baixou por imunização, mas apenas regionalmente, a nível mundial é de 2,8%;

• Mortalidade – HBV é mais mortal e causa mais do que 1 milhão de mortes por ano.

The end TB strategy

A qualquer momento cerca de um quarto da população está infetada com TB, entre 2015-2018 a redução de casos foi apenas de 6,3%, longe dos
20%, a eficácia dos tratamentos aumentou em 85% (foco na India). Mesmo assim devem existir cerca de 10 milhões de caso por ano mesmo que
apenas 7 milhões sejam reportados eficazmente. A TB que agora é localizada também tende a ser multirresistente que quando temos em
consideração que a população mais em risco são HIV+ causa muita morte neste grupo mesmo que a incidência tenha diminuído 60% neste grupo.

Apenas pessoas em risco fazem tratamento preventivo, a vacina que é usada é a BCG ao nascimento, temos também a M72/AS01E usada para
pacientes com infeção latente. O objetivo é agora erradicar a TB até 2035 com objetivos secundários de:

• Cobertura do tratamento da tuberculose ≥ 90% ;


• Taxa de sucesso do tratamento da tuberculose ≥ 90%;
• Famílias afetadas por tuberculose enfrentando custos insuportáveis 0%;

Existem 3 componentes fundamentais neste plano:

• Diagnóstico precoce e tratamento da tuberculose focando nas populações de maior risco;


• Compromisso político com recursos adequados para o cuidado e prevenção da tuberculose mediado por comunidades;
• Descoberta, desenvolvimento e rápida absorção de novas ferramentas e estratégias com auxilia da investigação avançada.

De modo a conseguir atingir a meta em 2035, serão necessárias novas ferramentas e tecnologias como uma vacina eficaz em pré- e pós-exposição
pois 2 bilhões de pessoas em todo o mundo estão infetadas com TB.
O programa da OMS de prevenção e controlo da infeção por HIV/SIDA

Estimou-se que no fim de 2019 havia 38 milhões de pessoas infetadas com o vírus, 1,8 milhões eram crianças. Cerca de 1.7 milhões de indivíduos
adquiriram a doença em 2019, indicando um decréscimo de 39% de novos casos face a 2000, o número de mortes foi de 690 mil correspondendo
a uma diminuição de 51% face a 2000. Os infetados com a terapia correta não transmitem o vírus a mais ninguém (59% dos casos faz o tratamento).

Em relação ao teste de HIV, aproximadamente 81% das pessoas infetadas sabiam da sua condição em 2019. Os restantes 19% ainda precisam de
aceder aos serviços de testagem. O teste de HIV é essencial na prevenção, tratamento, cuidado e apoio para a doença. 67% dos infetados com
HIV estão a receber a terapia retroviral, tendo 59% atingido a supressão do vírus sem o risco de transmitir para outras pessoas.

Nas primeiras semanas após a infeção os doentes não apresentam qualquer sintoma, ou apenas apresentam sintomas semelhantes a uma gripe,
os sintomas tornam-se mais graves levando a perda rápida de peso, pneumonia, diarreia prolongada, etc. Na ausência de tratamento surgem
infeções com outros microrganismos.

Os meios de transmissão são os fluidos corporais de pessoas infetadas. Infetados com terapêutica antirretroviral (ART) não transmitem HIV aos
seus parceiros sexuais. Pode ser diagnosticado por testes rápidos sendo necessário um teste de confirmação PCR, no caso do recém nascido de
mãe infetada devemos fazer um teste de amplificação de ácidos nucleicos antes dos 18 meses iniciando o tratamento o mais precocemente
possível.

O diagnóstico da infeção deve ser voluntário e a pessoa tem o direito de recusar a realização do teste. Os parceiros sexuais de pessoas
diagnosticadas com infeção por HIV e as pessoas com quem possa ter partilhado objetos contaminados, por exemplo na injeção de drogas, devem
também ser testados. A OMS recomenda serviços de notificação assistida para parceiros de pessoas com HIV de modo que estas pessoas possam
receber apoio e realizar testes. Sendo uma doença de declaração obrigatória as pessoas têm de dizer ao seus parceiros para que possam ser
testados. O HIV pode ser suprimido por tratamento que não cura a infeção, mas suprime a replicação viral, permitindo assim a recuperação e
fortalecimento do sistema imune do indivíduo.

UNAIDS Fast-Track strategy, targets 90-90-90 for prevention and treatment

• 90% de todas as pessoas que vivem com o HIV saberão o seu estado de seropositividade;
• 90% dos infetados receberão terapia antirretroviral sustentada;
• 90% dos tratados atingirão a supressão viral.

As direções estratégicas são deste plano são:

• Informações para a ação focada - reforçando os programas de HIV através de informação estratégica e boa governação (quem e onde);

• Intervenções de impacto - definindo um conjunto de serviços contínuos relacionados com o HIV e realizar intervenções (o que);

• Maximizar a qualidade e atingir a equidade - fornecendo os serviços relacionados com o HIV a diferentes populações (como);

• Financiamento sustentável - implementando sistemas que minimizam o risco financeiro para aqueles que necessitem dos serviços;

• Apostar na inovação - para impulsionar o progresso rápido.

No caso do HIV como é uma DST podemos dizer que o tratamento é prevenção. Desta forma, é extremamente importante garantir um diagnóstico
precoce (prevenção secundária) para se iniciar de imediato a terapêutica antirretroviral (prevenção terciária). Os pilares de prevenção aos quais
este projeto adere são:

• Investimento em programas nacionais para jovens – reduzindo as novas infeções (prevenção primária de estratégia individual de
alto risco);

• Reforçar o serviço à população em todos os países – dar acesso a serviços de prevenção (prevenção primordial e promoção da
saúde);

• Reforçar programas de uso de preservativos - para os países de médio e baixo rendimento (prevenção primordial e promoção da
saúde);

• Circuncisão masculina voluntária nas áreas prioritárias - aumento de 25 milhões de homens voluntariamente circuncidados, pénis
circuncisado fica mais resistente a infeção (prevenção primária);

• Garantir medicação profilática de pré-exposição (PrEP) a grupos em alto risco – oferecer este tratamento a 3 milhões de pessoas
em alto risco (prevenção primária).

Promoção da Saúde - distribuição gratuita de preservativos, promoção de planos de saúde sexual e reprodutiva.
Pandemia Influenza

A pandemia por gripe em 1918-21 matou 50 milhões. Fatores relevantes que levaram a uma grande propagação foram o facto de a pandemia ter
ocorrido depois da 1ª guerra mundial sendo que as condições de saúde e habitabilidade eram insuficientes. Neste período também não existia
controlo de vacinas nem medicamentos sendo que as pessoas eram falsamente tratadas levando falsa sensação de segurança.

A pandemia ocorreu em 3 vagas epidemiológicas que ocorreram em alturas do ano e de forma muito similar às de Covid-19, contudo a influenza
nesse ano matava principalmente adultos jovens (15-34 anos). A taxa de infeção era de 28% e a de geração (início dos sintomas em caso
secundário) de 4,5 dias.

• Forma moderada – sintomas do trato superior com dor de garganta e febre durante 3 dias com epistaxes frequente;

• Forma severa – dispneia e cianose intensa com edema pulmonar agudo progressivo, mesmo assim a maioria das mortes ocorria por
infeção bacteriana subsequente, o tempo entre sintoma inicial e morte era 7-10 dias.

Algumas pessoas morriam também por toxicidade de salicilato devido ao consumo excessivo de aspirinas o que resultava no síndrome de Reye
(inchaço cerebral e insuficiência hepática).

Caracterizar a pandemia COVID-19

De notar que 25% dos infetados por SARS-CoV2 e 60% dos infetados hospitalizados apresentam comorbidades após infeção sendo as mais
frequentes hipertensão, DPC, diabetes e DCV. Cerca de 85% dos casos graves ocorre em maiores de 50 anos de idade com um tempo médio de
apresentação de 7 dias.

As principais diferenças entre Covid e a pandemia de influenza é que Covid apresenta muito menos letalidade e ataca principalmente pessoas mais
idosas, os restantes mecanismos são similares.
Doenças transmissíveis

Doença transmissível - doença causada pela transmissão (direta ou indireta) de um agente patogénico específico para um hospedeiro suscetível.

Doença contagiosa - doença que pode ser transmitida sem a intervenção de um vetor ou veículo (e.g. DSTs).

Surto – vários casos epidemiologicamente relacionados que ocorrem em locais específicos (e.g. intoxicação numa escola).

Epidemia - ocorrência de uma doença numa região superior ao que se esperava.

• Fonte comum – uma fonte comum de infeção para várias pessoas resultando num aumento rápido de casos (e.g. Londres 1854);
• Propagação – doença com transmissão entre pessoas culminado num aumento lento de casos.

Endemia - doença transmissível com padrão de ocorrência estável de elevada prevalência e incidência numa dada área geográfica (e.g malária
em países em desenvolvimento);

Pandemia - doença transmissível ultrapassa fronteiras (e.g. Covid).

Infeção emergente - infeção que surge de novo numa dada população.

Infeção re-emergente - existiu no passado, mas está a ressurgir com grande infeção e distribuição.

Infeção - entrada e desenvolvimento de um agente infecioso no hospedeiro (não causa necessáriamente doença).

Patogenicidade - capacidade de provocar doença.

Virulência - medida da severidade de doença.

Dose infecciosa - quantidade requerida para causar infecção em sujeitos suscetíveis.

Sistemas de vigilância epidemiológica

OMS - 7 de Abril de 1948.

Segundo o 13º Programa Geral de Trabalho (GPW 13) em vigor de 2019 a 2023, as metas genéricas atuais da OMS são os “triple billion targets”:

• Mil milhões a beneficiar de cuidados de cobertura de saúde universal;


• Mil milhões mais bem protegidos de emergência de saúde;
• Mil milhões a desfrutar de melhor saúde e bem-estar.

Cobertura universal de saúde - é uma idealização da OMS, contudo cerca de metade da população mundial não tem acesso a este programa,
seriam necessários esforços imensos para que este objetivo fosse alcançado.

Os CSP apresentam 3 funções principais:

• Garantir que os problemas de saúde das pessoas sejam tratados por meio de cuidados abrangentes;
• Abordar sistematicamente os determinantes mais amplos da saúde;
• Capacitar indivíduos e grupos para que protejam a sua própria saúde.

Até 2030, são necessários mais 18 milhões de profissionais de saúde para cumprir os requisitos dos ODS, por isso precisamos de investimento nos
serviços de saúde e não contratar privados. O progresso nestes objetivos é medido por:

• Proporção da população que tem acesso a serviços básicos de saúde com qualidade;
• Proporção da população que gasta uma quantidade substancial do rendimento na saúde.

Alguns marcadores mais particulares são:

• Saúde reprodutiva, materna, neonatal e infantil;


• Doenças infeciosas;
• Doenças não transmissíveis;
• Acesso e resposta dos serviços.

Parcerias da OMS

• UHC2030 – tem o objetivo de conseguir cobertura global de saúde utilizando a interligação com o Health Systems Strengthening (HSS)
para conseguir atingir o ODS 3;

• Aliance for Health Policy and Systems Research – foca na saúde de países menos desenvolvidos melhorando o conhecimento local e os
sistemas de saúde destes países. Este sistema é interdisciplinar e tenta entender como devemos mudar as políticas para que seja pos-
sível obter os melhores resultados;

• P4H Social Health Protection Network – plataforma de financiamento global em saúde;


• European Union-Luxembourg-WHO Partnership for UHC – envolve especialistas que tentam melhorar a cobertura de saúde incluindo
ministros de saúde e outros membros relevantes;

• Primary Health-Care Performance Initiative - fundado em 2015 pela Fundação Bill & Melinda Gates, a OMS e Banco Mundial sendo o
parceiro mais recente da UNICEF que se foca nos CSP.

Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) - agência da UE que pretende fortalecer as defesas da Europa contra doenças
infeciosas controlando os vetores das mesmas e parando pandemias auxiliando na vacinação. Fornece informação epidémica e coordena respostas
de avaliação assim como trabalha nas áreas de microbiologia e aconselhamento científico.

SINAVE - sistema nacional de vigilância epidemiológica auxilia no controlo da saúde pública, basicamente é o ECDC nacional com foque na
comunicação de doenças com notificação obrigatória.

Estudos de caso

1. Confirmar se é um surto;
2. Implementar medidas de confinamento imediatas e recolher mais informação;
3. Criada uma equipa de controlo de surtos, com o objetivo de investigar e planear o controlo;
4. Faz-se um estudo descritivo, de forma a obter o máximo informação e descobrir o agente etiológico;
5. Medidas de controlo mais rigorosas são implementadas.

As equipas de controlo de surtos são formadas por:

• Microbiologista – confirma causas e agente responsável;


• Representante da autoridade nacional de saúde – coordena com sistemas externos;
• Médico assistente – contacta com os doente e identifica os casos mantendo vigilância nos pacientes;
• Infeciologista – estudo o surto e a capacidade de gestão do mesmo;
• Epidemiologista – faz os relatórios diários e procede com modelos de progressão do surto;
• Administrativo;
• Técnico de saúde ambiental – organiza as recolhas ambientais e coordena com os laboratórios;
• Responsável pela comunicação – fala com os meios de comunicação.

Gripe Influenza

Causada por um vírus RNA – vírus H. influenza. Podem ser o tipo A, B ou C sendo este último mais fraco e pouco comum. A transmissão é por
partículas respiratórias e contacto com superfícies infetadas. O síndrome gripal é quando existe:

• Início súbito e sintoma sistémico - febre, mal-estar, debilidade, prostração, cefaleia ou mialgias;
• Sintoma respiratório – tosse, dor de garganta, inflamação da mucosa ou dispneia.

Gripe A (H1N1) – apenas tivemos 400 mil pessoas que se vacinaram no país graças aos negacionistas.

Rede Europeia da Vigilância da Gripe - coordenada pelo ECDC, com o objetivo de reduzir os problemas associados com a gripe, contabiliza o
número de consultas por sintomas de gripo nos CSP, os indicadores de qualidade, os dados virológicos e dos casos hospitalizados com gripe.

Sistema de Vigilância da Gripe em Portugal – formada em 1990 sendo coordenada pelo INSA, incorpora várias secções:

• Rede Médicos-Sentinela (MS) - constituída por cerca de 120 MGF que enviam dados semanais sobre pessoas com gripe assim como
amostras para análise de forma a fornecer dados epidemiológicos para identificação do subtipo de vírus;

• Rede dos Serviços de Urgência/Obstetrícia - envio de exsudados nasofaríngeos de doentes com suspeita de gripe, para identificação e
tipificação dos vírus;

• Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico do Vírus da Gripe - constituída por 20 laboratórios responsáveis por identificar a
gripe em casos mais graves ajudando no diagnóstico diferencial;

• Unidades de Cuidados Intensivos – inclui o CHUCB reportando os casos graves de gripe admitidos para dados epidemiológicos.

Uma das diversas campanhas de sensibilização criada é “Flu Awareness Week” que é uma campanha realizada em Outubro, que pretende
sensibilizar para a vacinação contra a gripe em grupos de risco. vacinação.

Doença dos legionários

Provocada por Legionella pneumophila que crescem em ambientes húmidos, sendo transmitida através da inalação de aerossóis ou aspiração de
água contaminada. É uma das doenças de notificação obrigatória em Portugal, o seu tempo de incubação da doença é de 2 a 14 dias e de forma
a prevenir a doença devemos de cuidar dos equipamentos integrantes dos sistemas de ar condicionado assim como monitorização preventiva da
doença.
Dengue

Em 2012 ocorreu um surto de Dengue na ilha da Madeira tendo sido o primeiro em quase 100 anos na UE, esta doença não é transmissível entre
humanos. Esta doença é mais comum nos países que se encontram entre as linhas isotérmicas dos países temperados do equador. O vetor
repsonsável pela transmissão é o mosquito Aedes aegypti, os sintomas têm por norma um período de incubação de 3-7 dias. O tratamento passa
por suporte e não existe vacina para esta doença.

Critérios clínicos - início agudo de febre e pelo menos dois dos seguintes sintomas - cefaleia, dor retro-orbital, mialgia, artralgia, exantema,
manifestações hemorrágicas ou leucopoenia. Se coexistir com uam viagem para uma área afetada nos últimos 21 dias anteriores temos um caso
provável. Todo o sangue doado de zonas com dengue deve ser testado para a presença do mesmo.

Caso confirmado:

• Presença de IgM específicos no sangue ou LCR;


• Aumento significativo na concentração de IgG específicos do vírus da dengue (seroconversão);
• Detecção do ácido nucleico do vírus no sangue ou LCR com RT-PCR ou outro NAAT.
Transição epidemiológica

As DNT causam cerca de 41 milhões de mortes anuais tendo sindo impulsionadas por - tabaco, sedentarismo, consumo de álcool e dietas não
saudáveis. Dentro dos ODS temos:

• Reduzir em um terço a mortalidade prematura por DNTs;

• Reforçar a prevenção e o tratamento do abuso de substâncias e controlo do tabaco;

• Reduzir mortes e doenças por exposições ambientais;

• Cobertura universal de saúde e acesso a medicamentos - meta de garantir disponibilidade de 80% dos medicamentos essenciais
necessários para tratar as principais DNTs.
Algumas das metas particulares a cumprir são:

• Redução de 25% na mortalidade prematura por DNTs até 2025;


• Redução de pelo menos 10% no consumo de álcool;
• Redução de 10% na prevalência da inatividade física;
• Redução de 30% na ingestão média de sal.

Indicadores relevantes são:

• Álcool consumido per capita em litros de álcool puro, o nosso país estava em primeiro no mundo;
• Prevalência de adolescentes ou adultos insuficientemente ativos.

Plano de Ação Global (2013) para a prevenção e controlo das DNTs:

1. Aumentar a prioridade atribuída à prevenção e controlo das DNTs – fortalecer cooperação internacional para mobilizar recursos e
aumentar a advocacia direta e indireta diminuindo a prevalência de DNTs;

2. Fortalecer a capacidade nacional para acelerar a resposta do país na prevenção e controlo das DNTs – ao melhorar a gestão
governamental, fortalecendo programas nacionais e incluindo DNTs em futuros programas de prevenção dando mais poder às
comunidades;

3. Reduzir os fatores de risco modificáveis para as DNTs e os determinantes sociais subjacentes - através da criação de ambientes
promotores da saúde tendo em contas que os principais fatores de risco são:

a. Tabaco – reduzir a acessibilidade e aumentar os impostos assim como criar regras para o consumo, proibir publicidade e
promoção do tabaco e campanhas de sensibilização;

b. Álcool – implementar melhor controlo, regular a disponibilidade, restringir publicidades e aumentar a carga fiscal;

c. Inatividade física e más dietas – sensibilização, reduzir o sal e melhorar programas de atividade física.

4. Fortalecer e orientar os sistemas de saúde para a abordagem da prevenção e controlo das DNTs por meio da cobertura nacional de
saúde – melhorando o financiamento e melhorando os cuidados paliativos para contribuir para o sofrimento dos pacientes;

5. Promover e apoiar a capacidade nacional para pesquisa na prevenção e controlo de DNTs;

6. Monitorizar as tendências e os determinantes de saúde das DNTs e avaliar o progresso na sua prevenção.

Doenças Cardiovasculares

São de vários tipos e etiologias:


• Doença coronária;
• Doença cerebrovascular;
• Doença arterial periférica;
• Doença cardíaca reumática (febre reumática);
• Cardiopatias congénitas;
• Trombose venosa profunda e embolia pulmonar.

Fatores de risco

• Ascendência - ascendência africana ou asiática corre mais risco;


• Envelhecimento – risco duplica a cada 10 anos após os 55 anos;

• Género - os homens têm um risco maior de doenças cardíacas do que as mulheres na pré-menopausa, mas as mulheres na pós-
menopausa têm o mesmo risco de doenças cardiovasculares que os homens;

• Tabaco - estima-se que fumar causa cerca de 10% das doenças cardiovasculares em todo o mundo.

A terapia medicamentosa combinada pode reduzir o risco de ataque cardíaco em 75%.

Epidemiologia - DCVs são a principal causa de morte no mundo, cerca de 17,9 milhões de vidas a cada ano.

Influência das DCVs na economia - na África do Sul os custos para DCVs são 25% de todas as despesas com saúde, mesmo assim os custos indiretos
são ainda maiores.

Cancro

Cancro é o 2º principal causador de mortalidade sendo responsável por 16% das mortes e 6,2% dos DALYs. Na Europa o risco de ter cancro antes
dos 75 é de 28,2% enquanto em África é apenas 13,7%.

• Portugal – mais comum é colorretal devido à alimentação sendo depois a próstata, mama e pulmão (sendo este o mais mortal);
• Europa – mama, colorretal, estômago e próstata;
• África – mama, colo do útero, próstata e fígado. O do colo do útero e fígado são prevalentes pois são causados por vírus que são comuns
destas zonas;
• Mundo – mama, pulmão, colorretal e próstata.

A International Agency for Research on Cancer (IARC) da OMS e a STEPwise para a vigilância de fatores de risco de doenças crónicas têm sido
usadas para prevenir problemas de cancro em todo o mundo, mas principalmente em países de alto rendimento.
Diabetes
Tipo 1 - deficiência da produção de insulina sendo comum em jovens pela sua etiologia autoimune. Sintomas são polidipsia, perda de peso e fadiga
assim como cegueira;

Tipo 2 – deficiência nos recetores de insulina sendo mais comum nos adultos. Decorre principalmente do excesso de peso e sedentarismo;

Diabetes gestacional - corresponde a hiperglicemia que surge pela primeira vez durante a gravidez.

A diabetes provoca complicações a vários níveis, tais como:

• Risco 3 vezes superior de sofrer um ataque cardíaco;


• 10 a 20% das pessoas com diabetes morre devido a insuficiência renal:
• Lesão de nervos, que provoca neuropatia diabética, afeta 50% das pessoas.

Existem cerca de 425 milhões de pessoas entre os 20 e os 79 anos têm diabetes (1/4 a um 1/3 dos adultos). Existem dois programas, o “Relatório
Global sobre Diabetes” e a “Estratégia global sobre dieta, atividade física e saúde” para dar informações e melhorar a saúde.

Doenças Respiratórias Crónicas

As doenças respiratórias correspondem a 17,4% das mortes e 13,3% dos DALYs pois são doenças que não podem ser curadas, mas apenas
melhoradas em certas circunstâncias. Alguns fatores são:

• Tabaco – terceiro principal causa de morte (7 milhões de mortes);


• Asma – devido ao estreitamento das vias afetando cerca de 350 milhões de pessoas, principalmente crianças;
• DPOC – é uma doença progressiva onde diminui o fluxo de ar, 250 milhões de pessoas apresentam esta doença causando 3 milhões de
mortes anuais principalmente em países de renda baixa;
• Bronquiectasia – alargamento das vias por excesso de muco ocorrendo por problemas hereditários, bloqueios ou infeções;
• Hipertensão pulmonar – por estenose das artérias pulmonares o que aumenta o trabalho do VD resultando em IC;
• Apneia obstrutiva do sono – normalmente associado a roncopatias resultando em tempo sem oxigénio impedindo um sono adequado.

Prevenção

• Primordial - imposto sobre o tabaco, proibir publicidades e leis contra o tabaco;


• Primária – cessação tabágica e vacinação contra Influenza para impedir infeções subsequentes;
• Secundária – deteção precoce por rastreios do pulmão;
• Terciária – reabilitação pulmonar e tratamentos para as doenças.
Aliança Global contra as DRCs da OMS (GARD) – trabalha para diminuir as DRCs.

Framework Convention para o Controlo do Tabaco - atacar a publicidade, promoção e patrocínio do tabaco.

MPOWER
● Monitorizar o consumo;
● Proteger as pessoas do fumo;
● Oferta de ajuda para deixar de consumir;
● Alertar sobre os perigos;
● Proibição da publicidade;
● Aumentar os impostos.

Mortalidade e morbilidade

• Redução de 25% na mortalidade prematura por doenças não transmissíveis até 2025;
• Redução de 10% no consumo de álcool;
• Redução de 10% na prevalência da inatividade física;
• Redução de 30% na média de ingestão de sódio;
• Redução de 30% na prevalência do uso de tabaco em pessoas > 15 anos;
• Redução de 25% na prevalência de hipertensão arterial;
• Paragem do crescimento da diabetes e obesidade.

Resposta de Sistemas Nacionais

• Pelo menos 50% das pessoas elegíveis devem receber terapia medicamentosa e aconselhamento para prevenir ataques cardíacos e AV;

• Atingir 80% de acessibilidade a tecnologias básicas e medicinas essenciais para tratar as principais DCNT.
Doenças não transmissíveis

Uma doença crónica é uma condição não tratada em 3 meses. Os principais fatores relacionados com estas doenças são:

• Tabaco – 3º risco de morte em todo o mundo com 7 milhões de mortes anuais;


• Álcool – 9º fator de risco de morte, o risco mais alto advém por consumo de 20g de álcool para mulheres e 40g para homens;
• Sedentarismo;
• Dieta não saudável – consumo de muito sal e gorduras saturadas.

Tabaco

WHO Framework Convention on Tobacco Control (FTC), apresenta categorias:

1. Aumentar os impostos e preço do tabaco, proibir publicidades, eliminar a exposição passiva e promover campanhas de educação;
2. Fornecer apoio gratuito para cessação tabágica;
3. Implementar a publicidade internacional e a fornecer cessação tabágica por telefone.

As medidas assentam em 5 princípios:

• Educação;
• Proibir a promoção;
• Penalizar financeiramente;
• Ajudar na cessação tabágica;
• Cumprir legislações existentes.

Álcool

1. Aumentar os impostos, proibir a publicidade e restringir a disponibilidade horária;


2. Aplicar postos de controlo de alcoolémia na condução e promover as intervenções psicossociais;
3. Proibir promoção de bebidas alcoólicas para jovens, garantir a prevenção e informar o consumidor dos possíveis danos.

As medidas assentam em 4 princípios:

• Educação e sensibilização;
• Limitar a promoção;
• Penalizar financeiramente;
• Dar apoio a que sofre problemas pela álcool.

Dieta

1. Reformular os consumos alimentares, apoio de campanhas e colocar rótulos informativos nas embalagens;
2. Proibir o uso de gorduras trans saturadas e reduzir o consumo de açúcar;
3. Promover a alimentação de leite materno, aumentar apoios para vegetais, limitar proporções, etc

Sedentarismo

1. Campanhas de massa para a atividade física;


2. Aconselhar;
3. Investir em melhores vias para pratica de exercício e dar mais aulas nas escolas.

Teoria do Curso de Vida

Considera os riscos sociais, físicos e os processos comportamentais que atuam em várias fases da vida e afetam o risco de doença mais tarde.
Fatores de risco como pressão arterial elevada e dislipidemia surgem também em grupos etários mais baixos levando a doenças crónicas mais
tarde na vida. A posição socioeconómica também está muito relacionada com a posição socioeconómica e a associações com crescimento fetal.

Álcool

Causa cerca de 2,5 milhões de mortes a cada ano afetando várias vertentes da vida:

• Saúde reprodutiva – a associação entre o consumo de álcool e sexo não protegido, para além disso o consumo está associado a uma
diminuição de memória e pode causar problemas académicos e eventualmente problemas parentais e depressão;
• Doenças crónicas – aumenta o risco de DCV, cancros e doenças hepáticas;
• Doenças infeciosas;
• Álcool e Saúde mental;
• Acidentes, violência, homicídios e coma alcoólico;
• Álcool e Desigualdades Socioeconómicas.

No nossa país temos 10 áreas de ação:

• Liderança, consciencialização e compromisso – informar sobre os problemas do álcool para que as pessoas possam decidir;

• Resposta dos serviços de saúde – mostrar os problemas, principalmente na gravidez;

• Ação comunitária – principalmente nas escolas;

• Políticas para condução sob o efeito do álcool – qualquer quantidade de álcool aumenta o risco de morte em acidentes;

• Disponibilidade a bebidas alcoólicas – prevenir que crianças não possam comprar álcool;

• Marketing – diminuir a publicidade;

• Preços – aumentar os preços;

• Redução dos problemas – alterar a atmosfera, aglomeração e os níveis de conforto por consumo;

• Redução do ilícito – é possivelmente contaminado;

• Monitoração e vigilância – desenvolver indicadores que possam ajudar no controlo.

A nível global 44,5% nunca beberam e 43% é consumidor corrente, nos países muçulmanos não se pode consumir álcool. A média mundial é de
6,4 L/ano de álcool puro, o número de pessoas que não bebem tem vido a aumentar. A maioria do álcool é bebido na forma de bebidas
espirituosas e depois cerveja mesmo que na Europa o vinho seja muito prevalente.

• Jovens – 26,5% das pessoas entre 15-19 consumem normalmente sendo que na europa a média é de 43,8%;
• Mulheres – as mulheres bebem menos do que os homens em média;
• Riqueza – quanto mais rico o país mais álcool é consumido.

É esperado que o consumo aumente no mundo em geral, na Europa deve ficar igual.

Escritório Regional da OMS para a Europa

• Liderança – coordenação da resposta europeia em relação a danos relacionados com o álcool na Europa;
• Construção de capacidade – aumento do investimento na implementação de medidas que se sabem ser eficazes;
• Monitorização e vigilância – análise de informação de monitorização e vigilância;
• Disseminação de conhecimento – comunicação aos estados-membros dos novos achados;
• Trabalho com outras entidades.

SAFER

• Strenghten - reforçar as restrições à disponibilidade de álcool;


• Advance - avançar e impor contramedidas para a condução sob o efeito do álcool;
• Facilitate - facilitar o acesso ao rastreio e tratamento;
• Enforce - aplicar proibições à publicidade, patrocínio e promoção do álcool;
• Raise - aumentar os preços do álcool através de impostos.

Portugal

• Consumo de álcool - a bebida de eleição é o vinho, seguido de cerveja, o consumo é de 12,6L per capita;
• Consequências na saúde – a maioria das hepatites são criadas pelo álcool, muitos cancros também são de etiologia alcoólica;
• Políticas e intervenções - a concentração máxima de alcoolemia é de 0.05 para a população geral diminuindo consumo.

Tabaco

Todos os anos morrem cerca de 8 milhões de pessoas devido ao tabagismo em todo o mundo, 7 milhões por efeitos diretos e cerca de 1,2 milhões
por estarem expostos ao fumo de outros, nos países mais desenvolvidos os homens começam a fumar antes das mulheres. A população portu-
guesa tem 17% de fumadores.

A Framework Convention on Tobacco Control (FTC) foi anunciada a 21 de Maio de 2003 com medidas:

• Implementação de políticas de preço e imposto sobre produtos com tabaco;


• Proteção contra a exposição ao fumo do tabaco;
• Regulação dos componentes de produtos com tabaco;
• Regulação para divulgação dos componentes dos produtos com tabaco;
• Embalagem e rotulagem de produtos com tabaco;
• Educação, comunicação, treino e sensibilização pública;
• Publicidade, promoção e patrocínio de tabaco;
• Redução da procura em causa de dependência e cessação tabágica.

Para diminuir a oferta de tabaco existem 3 medidas:

• Comércio ilícito de produtos com tabaco;


• Venda por/e a menores de idade;
• Providenciar apoio para atividades alternativas economicamente viáveis.

Um terço dos jovens que começa a fumar inica devido a TAPS (Tobacco ads, promotion and sponsorship).

MPOWER

• Monitorizar o uso do tabaco e as políticas preventivas;


• Proteger as pessoas do uso do tabaco;
• Oferecer ajuda para deixar de fumar;
• Warn (avisar) acerca dos perigos do tabaco;
• Enforce (Impor) a proibição da promoção e utilização de campanhas de marketing por forma a promover o uso do tabaco;
• Raise (aumentar) os impostos para o tabaco.

Política portuguesa

• Price and tax measures to reduce the demand for tobacco – são revistas todos os anos;
• Protection from exposure to tobacco smoke – proibi o fumo em escolas e em espaços fechados, o responsável por impor esta lei é a
ASAE;
• Regulation of the contents of tobacco products – pela lei 63/2017 são usados testes para controlo da quantidade máxima de cada
componente permitida nos produtos de tabaco;
• Packaging and labelling of tobacco products – obrigação de texto que seja dedicado a avisar dos perigos do tabaco que devem ocupar
65% do espaço;
• Tobacco advertising, promotion, and sponsorship – proibir a publicidade;
• Demand reduction measures concerning tobacco dependence and cessation – através de consultas de acompanhamento para
monotorização dos esforços de cessação tabágica.

Nutrição

Uma alimentação saudável, para um adulto, inclui:


• Menos de 5g de sal (1 colher de chá) por dia, sendo que este deve ser iodado;
• Menos de 10% ou 50 g (12 colheres de chá) de açúcares livres;
• Pelo menos 5 porções (400g) de fruta e legumes por dia (excluindo batatas);
• Menos de 30% do aporte de energia proveniente dos lípidos.

Particularmente em bebés estes devem comer apenas leite materno nos primeiros 6 meses de vida até aos 2 anos de idade, sendo que a partir
dos 6 meses o leite deve ser suplementado com alimentos densos.

Gorduras

• Redução das gorduras saturadas a menos de 10% do aporte energético total;


• Redução das gorduras trans a menos de 1% do aporte energético total;
• Preferir gorduras insaturadas.

Sal - a maior parte da população consome demasiado sal (9 a 12 g) e pouco potássio (menos de 3,5g)
Plano de Ação

• Redução das desigualdades no acesso à comida saudável;


• Assegurar os direitos humanos e o direito à comida;
• Promover uma abordagem ao longo da vida;
• Dar poder às pessoas e às comunidades através dum ambiente promotor da saúde.

Figura dos Objetivos

• Criar ambientes com comida e bebidas saudáveis;


• Promover a adoção de uma dieta saudável ao longo da vida - especialmente nos grupos vulneráveis;
• Reforçar sistemas de saúde que promovam dietas saudáveis;
• Apoiar a monitorização, avaliação e pesquisa.

Nutri Score - rótulo 5-Color Nutrition ou 5-CNL, é um logotipo retangular e que está dividido em cinco cores que correspondem ao valor
nutricional de um alimento.

Programa nacional para a promoção da alimentação saudável 2018/2019 - 29,6% e 12% das crianças portuguesas apresentavam excesso de
peso e obesidade. Estudos globais recentes mostram que 1 em cada 4 adultos e 81% dos adolescentes é insuficientemente ativo. Estima-se
também que 4 a 5 milhões de mortes por ano poderiam ser evitadas se a população fosse mais ativa. Por isso, a meta global é reduzir a
inatividade física em 10% até 2025 e em 15% até 2030.

Plano de ação global sobre a atividade física 2018-2030

Assegurar que toda a gente tenha acesso a ambientes seguros para poderem ser ativos fisicamente no seu dia a dia. Para tal foram criados 9
objetivos principais que iriam reduzir a prevalência da inatividade física em 10% tendo sido este objetivo expandido para 15% até 2030.

Os 4 objetivos principais são:

• Criar sociedades ativas;


• Criar ambientes seletivos;
• Criar pessoas ativas;
• Criar sistemas ativos.

O monitoramento do progresso global por meio de instrumentos como o Questionário Global de Atividade Física (GPAQ) e a Pesquisa Global de
Saúde do Aluno nas Escolas (GSHS). Alguns guidelines são:

• Corrigir os níveis cada vez menores de atividade física e reduzir as desigualdades;


• Promover uma abordagem ao longo da vida;
• Capacitar pessoas e comunidades;
• Promover a integração, multissetorial, sustentável e abordagens baseadas em parcerias;
• Garantir a adaptabilidade dos programas para diferentes contextos;
• Usar estratégias baseadas em evidências para promover atividade física e monitorizar a implementação contínua e o impacto das
medidas aplicadas.

Áreas principais:

• Fornecimento de liderança e coordenação para a promoção da atividade física;


• Promoção da atividade física entre todas as crianças e adolescentes para apoiar o desenvolvimento saudável;
• Promoção da atividade física para todos adultos como parte da vida diária;
• Promoção da atividade física entre pessoas mais velhas mantendo a sua capacidade funcional, força e equilíbrio;
• Fortalecer os sistemas de vigilância e a base de evidências para a promoção da atividade física.
Saúde Mental

Saúde Mental - estado de bem-estar, em que cada indivíduo acredita no seu potencial, consegue lidar com o stress normal da vida e consegue
apresentar trabalho produtivo e frutífero que contribui para a sua comunidade.

The Lancet Commission on Global Mental Health and Sustainable Development - as doenças mentais resultam de uma interação complexa entre
fatores psicossociais, ambientais, biológicos e genéticos ao longo do curso da vida, mas em particular durante fases sensíveis de desenvolvimento
tal como na infância e adolescência. Isto é, muitas doenças mentais iniciam em fases precoces da vida, e prolongam-se no decorrer desta, estando
associadas a elevados custos em medicação necessária por vários anos.

Promoção de Saúde Mental - proteger, apoiar e sustentar o bem-estar emocional e social, criando condições que possibilitem o desenvolvimento
psicológico e psicofisiológico ideal e melhorem a capacidade de “coping” dos indivíduos.

Prevenção de doenças mentais - reduzir fatores de risco e melhorar fatores protetores associados à doença mental.

Política de saúde mental - declaração oficial de um governo que detalha um conjunto organizado de objetivos para melhorar a saúde mental de
uma população.

Plano de saúde mental - define as estratégias para concretizar a visão e atingir os objetivos da política.

Serviços de saúde mental - meios pelos quais intervenções efetivas para a saúde mental são concretizadas.

Principais doenças mentais no mundo:

• Ansiedade;
• Depressão;
• Bipolaridade;
• Esquizofrenia.

Mais de 2.2 milhões de mortes foram associadas a depressão, 1.3 milhões de mortes a doença bipolar e 110 mil mortes a autismo. Estando
associada a 13,9 suicídios/100 000 habitantes/ano. O suicídio é 5x mais provável no homem do que na mulher.

Carga de Doença - Global Burden of Disease Study (2016) – as doenças mentais contribuem para 4,8% dos DALYs globais, a depressão e ansiedade
são 2x mais prevalentes nas mulheres representando 5,6% dos DALYs destas, esta carga também aumenta quanto mais rico é o país em questão.

Apenas 15-24% das pessoas em países em desenvolvimento com necessidade de serviços de saúde mental recebem cuidados sendo este número
entre 35-50% em países desenvolvidos. Na maioria dos países os gastos em saúde mental são apenas 1% do PIB de um país. O número médio é
de 50 especialistas em saúde mental por cada 100 000 habitantes.

Plano de Ação para a Saúde Mental 2013-2020

● Países devem apresentar planos nacionais e leis para a saúde mental;


● Serviços para pessoas com doença mental severa devem aumentar até 20% até 2020;
● Aplicadas medidas de modo a reduzir suicídios em 10% até 2020.

The Lancet Commission on Global Mental Health and Sustainable Development - recomenda fortemente que consideremos a saúde mental como
uma problemática de desenvolvimento sustentável e de direitos humanos, sendo um componente crucial para a cobertura universal de saúde. As
intervenções são mais abrangentes e focadas nos países mais ricos, em países pobres temos coisas como:

• Friendship Bench - no Zimbabwe onde profissionais se sentam num banco e ajudam as pessoas que necessitam de ajuda mental;
• Thinking Healthy Program - reduzindo a taxa de depressão perinatal em mães através de terapia cognitivo-comportamental;
• Promoção da Saúde Mental - promoção da saúde mental corresponde ao aumento da capacidade em superar frustração, stress,
problemas, e melhorar resiliência e acesso a recursos.
Prevenção de Doença Mental

• Medidas preventivas universais - desejáveis para todo o indivíduo de uma população (e.g. cuidados pré-natais);

• Medidas preventivas seletivas - aplicam-se a um subgrupo que apresenta um risco intrínseco acrescido de desenvolver doença mental
(e.g. visitas ao domicílio);

• Medidas preventivas indicadas - aplicam-se a indivíduos em que, após rastreio/inquérito, são identificados como apresentando um fator
de risco. Mesmo que assintomáticos devem entrar num plano de prevenção (e.g treino de parentalidade para pais de crianças
problemáticas).

Tratamento

O tratamento tenta impedir os episódios, caso não seja possível tenta diminuir a ocorrência de tais eventos. Assim sendo podemos ter compliance
com tratamento a curto prazo e afetercare com cuidado a longo prazo que inclui reabilitação.

Introdução ao Plano de Ação Europeu

• Justiça – todos tem o direito de alcançar o maior nível de bem-estar mental;


• Empoderamento – todos os indivíduos com doença mental têm o direito de ser autónomos;
• Segurança e eficácia – todos podem confiar que as atividades e intervenções são seguras e eficazes.

Os quatro objetivos principais são:


• Todos terem igual oportunidade de alcançar o bem-estar mental – para tal fornecer apoio para a vida familiar, estimular os pais a
valorizarem o lar e reduzir experiências adversas na infância promovendo ainda a saúde mental nas escolas e promover uma vida
saudável;
• Pessoas com problemas de saúde mental serem cidadãos cujos direitos humanos são plenamente valorizados, protegidos e promovidos;
• Serviços de saúde mental serem acessíveis e baratos;
• Pessoas com problemas de saúde mental têm direito a um tratamento respeitoso, seguro e eficaz.

Os três objetivos transversais são:


• Os sistemas de saúde fornecem bons cuidados de saúde física e mental para todos;
• Os sistemas de saúde mental funcionam em parcerias bem coordenadas com outros setores;
• A governança e prestação de saúde mental são impulsionadas por boas informações e conhecimento.

Mobilização individual e coletiva

Accountability - responsabilidade legal, por parte do Estado, em identificar mecanismos que provocam desigualdade social ao acesso à saúde,
riqueza ou outros.

Empowerment – apresentar um maior controlo sobre as decisões e ações que afetam a sua própria saúde tanto como indivíduo como comunidade.

• Conhecimento do paciente sobre os a sua condição para que possa tomar as melhore decisões na sua saúde;
• Habilidades dos pacientes
o Literacia em saúde;
o Literacia digital;
o Autoeficácia.
• Respeito mútuo;
• Consentimento informado;
• Ambiente propício.

Tipos de programas

• Educacionais – informações dadas para aumentar a informação fornecida capacitando pacientes na saúde (e.g. panfletos);
• Motivacionais – usar mecanismos de persuasão para que cumpram o que é dito (e.g. “Já lavou as mãos?”);
• Role Modelling – copiar o que uma pessoa faz, em particular o que o médico faz.

O conceito de Empowerment é um termo mais utilizado na advocacia do paciente, com o intuito de promover a interação do paciente com todo
o sistema de saúde, é importante ter em conta que o paciente só deve ser envolvido no processo até querer. A participação social diz respeito ao
envolvimento ativo da população nas decisões que afetam os seus outcomes em saúde. Este pode ser avaliado:

• Inclusividade – quem participa, ou seja, a abertura dada às pessoas para que possam participar;
• Intensidade – como participam, ou seja, ao grau de interação dos participantes;
• Influência – como as decisões causam impactos reais.

Num conceito de governação temos de:


• Discutir os problemas existentes com os cidadãos;
• Tomar decisões conjuntas;
• Implementação de medidas;
• Avaliação das medidas implementadas.

Existem várias barreiras para a implementação destas medidas:


• Paradigma da representatividade – nem sempre é possível representar toda a população levando a desigualdades;
• O facto de ser necessário que a população tenha um dado nível de capacitação para que seja possível formar uma opinião informada.

Advocacia – realizada de forma a influenciar decisões nas instituições sociais podendo passar por atividades como falar em público, basicamente
fala-se do que deveria de ser, como o aplicar e as melhorias que dai sairiam.

Saúde Ambiental

Impacto – efeito imediato de uma ação.

Impacte – efeitos que se repercutem ao longo do tempo.

Riscos ambientais - todos os ambientes externos ao indivíduo e que não podem ser controlados.

Saúde ambiental - setor da Saúde Pública que reduz a exposição a fatores de risco ambientais e promove a mudança de comportamentos de risco.

Fatores ambientais - fatores etiológicos de inúmeras patologias.

Cerca de 25% (13M por ano) das mortes globais devem-se a fatores ambientais, só a poluição contribui para 7,6% a 13% das mortes e 4,2% da
carga de doença. Os principais riscos ambientais:

● Poluição do ar ambiental - 90% da população respira ar poluído causando 4,2 milhões de mortes anuais;
● Poluição do ar doméstico – 3,8 milhões de mortes anuais;
● Água, saneamento e higiene (WASH) – água não analisada, meio milhão de mortes anuais por diarreia;
● Poluição química – 1,6 milhões de mortes;
● Radiação – cerca de 100 mil por cancro solar e de exposição;
○ Radiação não ionizante
■ Infravermelho;
■ Ultravioleta;
■ Micro-ondas;
■ Luz visível;
■ Ondas de rádio.
○ Radiação ionizante
■ Radiação Alfa;
■ Radiação Beta;
■ Radiação Gama.
● Alterações climáticas – 250 mil mortes por ano.

Estratégias para combater os riscos ambientais

● Prevenção primária – proporcionando ambientes saudáveis;


● Ação intersectorial;
● Capacitação – dando o exemplo do que é um ambiente saudável;
● Vontade política;
● Monotorização de riscos.

5 pilares de Ação da OMS

● Liderança;
● Capacitação;
● Monitorização;
● Geração de conhecimento;
● Resposta de emergência.

Handwashing with Soap in Senegal – apenas 18% lava as mãos depois de manipular comida e 23% depois de ir à casa de banho.
The Global Water Security & Sanitation Partnership (GWSP) tem como objetivo apoiar os países de baixo e médio rendimento a adquirir acesso a
serviços de saneamento sustentáveis, seguros e acessíveis. Na indonésia foi lançado o programa que aumentou em quase 50% as condições
sanitárias da população levando a uma diminuição de 30% da prevalência de diarreia e foram evitadas cerca de 220 mortes.

● Catástrofes Naturais - sismos, tsunamis, furacões, erupções vulcânicas, ondas de calor e inundações;
● Acidentes Tecnológicos - eventos não naturais em que ocorre libertação descontrolada de materiais perigosos (e.g. Chernobyl);
● Emergências complexas - incluem guerras e conflitos civis;
● Eventos deliberados - atos intencionais de libertação de substâncias perigosas (e.g. libertação de gás Sarin no metro de Tóquio);
● Envenenamento em massa – como em Gaogiao na China onde ocorreu a rutura de um poço de gás hidrogénio.

Através de diversos mecanismos:

• Prevenção – reduzir a ocorrência de emergência e o seu impacto;


• Preparação – fortalecer a capacidade de uma região para lidar com emergências;
• Deteção/alerta – melhor funcionamento ajuda a reduzir os custos para a saúde;
• Resposta – assistência à população salvando vidas.

Saúde em todas as políticas (SeTaP) em saúde pública ambiental

A SeTaP salienta quão importante é o papel da saúde pública em abordar os fatores que influenciam a saúde sendo implementada a nível
governamental, nacional e regional juntamente com os CSPs. A sua missão incorpora:

• Estipular as necessidades e prioridades para as ações transversais a todos os setores;


• Discernir estruturas e processos de apoio;
• Definir ações planeadas;
• Promover compromissos e análises;
• Aumentar capacidades;
• Estabelecer um mecanismo de monitorização e avaliação.

Populações Vulneráveis

1989 – a ONU estabeleceu normas básicas para a proteção de crianças.

1990 - World Summit for Children adota uma declaração sobre a proteção e desenvolvimento infantil.

1997 - G8 sobre a Saúde Ambiental das Crianças intensificou o compromisso de proteger a saúde das crianças dos perigos ambientais.

1998 - convenção da UNECE sobre o acesso à informação, participação pública na tomada de decisões e acesso à justiça em questões ambientais
(a Convenção de Aarhus), reconhece o importante papel das organizações não governamentais (ONGs) e o valor das crianças na participação pela
comunidade.

1999 - Terceira Conferência Ministerial sobre Meio Ambiente e Saúde, realizada em Londres enfatizou a importância de proteger as crianças de
exposições ambientais indesejáveis.

“Children´s special vulnerability to environmental health hazards: an overview” - aborda as características e fatores que tornam as crianças mais
vulneráveis a diferentes riscos ambientais:

1. Vulnerabilidade durante o crescimento e o desenvolvimento;


2. Maior dificuldade na metabolização e excreção de certas substâncias;
3. Maior exposição – aumento da unidade de exposição por peso corporal;
4. Mais tempo de exposição;
5. Efeito a longo prazo e intergeracional da bioacumulação.

Período pré-concecional – exposições a tóxicos tanto por parte da mãe como do pai podem dar problemas quando a pessoa nascer;

Período embrionário e fetal – muito sensível a tóxicos;

Período neonatal – pele é permeável, os sistemas são fracos e precisão de ser protegidos (e.g. pulmões do tabaco);

Primeiros 3 anos de vida – metabolismo elevado, início do consumo de alimentos sólidos e possível contaminação por este meio;

Período pré-escolar e escolar – exposição a asbestos e má qualidade do ar;


Adolescência – maior ingestão calórica e risco de doenças infeciosas possivelmente também riscos ocupacionais.

Variabilidade e mudanças climáticas - o Terceiro Relatório de Avaliação do IPCC (2001) estima que as temperaturas médias globais da superfície
terrestre e do mar aumentaram 0,6 ± 0,2°C desde meados do século XIX.

Desertificação - afeta diretamente a produção de alimentos e resultando numa quebra de fonte de rendimento;

Destruição do ozono estratosférico – maior risco de cancro da pele.

Alterações Climáticas

Estima-se que nos últimos 100 anos, a temperatura global tenha aumentado cerca de 0,8ºC e são estimadas cerca de 250.000 mortes adicionais
por ano, associadas às alterações climáticas, entre 2030 e 2050, das quais 38.000 são causadas por exposição a ondas de calor em idosos, 48.000
por doenças diarreicas, 60.000 por malária e 95.000 por desnutrição em crianças. O IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) das Nações
Unidas, sugere que até ao ano de 2015 as alterações climáticas tiveram um impacto limitado na saúde pública.

Globalmente, a escassez de água afeta 4 em 10 pessoas. A falta de água potável compromete a saúde e a higiene das populações, elevando o risco
de contrair doenças infeciosas transmitidas por água contaminada, como doenças diarreicas, que matam aproximadamente 2.2 milhões de
pessoas por ano, das quais 500.000 são crianças com menos de 5 anos de idade.

O aumento da temperatura global de 1,5ºC até 2050, implica que 350 milhões de pessoas irão estar expostas a um aumento de temperatura
possivelmente mortal e que 300 milhões de pessoas que sofrem de asma serão afetadas. O aquecimento global pode ainda influenciar o equilíbrio
de ecossistemas e a biodiversidade de uma determinada região. Alterando a distribuição de doenças transmitidas por vetores, como a dengue e
a malária, que mata 400.000 pessoas por ano, maioritariamente crianças com menos de 5 anos de idade.

O aumento do nível médio das águas do mar afeta já grande parte da população, uma vez que atualmente, mais de 50% da população mundial
vive a menos de 60 km do mar. O avanço do mar e as consequentes inundações podem causar danos materiais, como a destruição de
infraestruturas, de habitações e de bens materiais e danos humanos, como a ocorrência de acidentes e mortes.

1. Promoção da pesquisa e do apoio a fontes de energias renováveis.

2. Reduzir significativamente a desflorestação e a destruição florestal.

3. Redução dos resíduos agrícolas

Objetivos estratégicos

• Desvio a favor das ações de prevenção primárias


o Investimento massivo na expansão da prevenção primária;
o Integração da ação na prevenção primária em programas de doença específicos.
• Foco em ação entre setores
o Uma consideração sistemática da saúde no desenvolvimento de políticas relevantes para a mesma e que transcendem este
setor;
o Usufruto de benefícios para a saúde, derivados de decisões políticas mais sustentáveis.
• Reforço do setor da saúde
o Desenvolvimento da capacidade, no setor da saúde, de envolvimento em políticas de outros setores;
o Intensificação dos esforços do setor da saúde para ir de encontro a outros setores, no domínio da proteção e promoção da
saúde;
o Garantir serviços ambientais essenciais e locais de trabalho saudáveis nas diferentes unidades de saúde, tornando também o
setor mais ecológico.

• Construção de mecanismos para a governação e apoio político/social


o Fortalecimento dos mecanismos de governação, a fim de permitir ações sustentáveis de proteção à saúde;
o Aumento da necessidade de apoio e liderança na saúde;
o Construção de movimentos políticos de nível elevado e através da viabilização de acordos.
• Aumento da evidência e da comunicação
o Integração de monitorização ambiental e vigilância sanitária, a fim de avaliar os impactos na saúde de riscos e serviços ambi-
entais;
o Desenvolvimento de orientações baseadas em evidência, a fim de sustentar ações eficazes a nível nacional e subnacional;
o Interpretação e comunicação direcionada de evidências;
o Desenvolvimento de mecanismos e capacitação para identificar e responder a possíveis ameaças emergentes à saúde;
o Impulsionamento da inovação e moldagem da pesquisa à evidência;
o Construção de caso para adequada alocação de financiamento e, por forma, a influenciar investimentos.
• Monitorização tendo em conta os ODS
o Monitorização do progresso em direção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e outros indicadores;
o Monitorização da mudança e da implementação de estratégias relevantes a nível regional e nacional.

The impact of heat waves on mortality in 9 European cities: results from the EuroHEAT project

1. O tipo de clima e a localização geográfica influenciam o impacto das ondas de calor na mortalidade;

2. O grupo etário e o género influenciam o impacto das ondas de calor na mortalidade;

3. Diferentes causas específicas de morte têm um impacto diferente na mortalidade diária;

4. As características das ondas de calor influenciam a mortalidade;

5. Características como o isolamento social e o nível socioeconómico da população são fatores que afetam a suscetibilidade das populações
urbanas ao calor.

Ondas de Calor - quando num intervalo de pelo menos seis dias consecutivos a temperatura máxima diária é superior em 5ºC ao valor médio
diário no período de referência.

Golpes de calor - quando o corpo não consegue controlar a sua própria temperatura. Os mecanismos da sudação falham e a temperatura sobe
rapidamente, podendo, em 10-15 minutos, atingir os 39 graus Celsius levando à morte ou uma deficiência cronica se não for prestado tratamento
de forma rápida.

Esgotamento devido ao calor - esta situação deve-se à perda excessiva de líquidos e de sal pela sudação. Torna-se especialmente grave nas pessoas
idosas e nas pessoas com hipertensão arterial.

Cãibras - manifesta-se por espasmos musculares, em especial das pernas e abdómen e forte transpiração. Normalmente afeta as pessoas que
transpiram muito, devido a exercício físico intenso, podendo também acontecer, apenas, devido ao calor. As caibras são especialmente perigosas
nas pessoas com problemas cardíacos ou com dietas com pouco sal.

• A densidade dos glaciares alpinos diminuiu até 10% em 2003;


• Mudanças no permafrost afetam a estabilidade da rocha a longo prazo;
• Quase 650.000 hectares de floresta queimada.

Ondas de Calor – Mortalidade em Portugal no Verão de 2003

Desde 1999, entre 15 de maio e o final de Setembro, a proteção Civil e a direção Geral da Saúde recebem, diariamente, o valor do denominado
Índice Ícaro, o qual permite prever, com 3 dias de antecedência, a possibilidade de ocorrência de calor com intensidade suficiente para influenciar
a mortalidade. É um instrumento de observação no âmbito do qual se estuda o efeito de fatores climáticos na saúde humana sendo ativado todos
os anos entre maio e setembro. É constituído por três componentes:

● A previsão dos valores da temperatura máxima a três dias realizada pelo CAPT do IPMA e comunicada ao DEP, todas as manhãs;
● A previsão do excesso de óbitos eventualmente associados às temperaturas previstas, se elevadas, realizada pelo DEP, através de mo-
delos estatísticos desenvolvidos para esse fim;
● O cálculo do índice Alerta ÍCARO, que resume a situação para os três dias seguintes, é calculado com base na previsão dos óbitos.

Genericamente um Índice Alerta Ícaro é uma medida numérica do risco potencial que as temperaturas ambientais elevadas têm para a saúde da
população. Pode apresentar valores maiores ou iguais a zero, sendo esperados efeitos sobre a mortalidade quando este ultrapassar o valor um.

No Verão de 2003 o alerta foi acionado em 3 ocasiões, a que corresponderam as ondas de calor de 18-20 de junho, 29 de Julho a 13 de Agosto e
de 11 a 14 de Setembro.

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