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0 HOMEM

QUE
CORROMPEU
HADLEYBURG
Hadleyburg é uma pequena cidade norte-americana
conhecida pela honestidade de seus habitantes. Um
forasteiro, sentindo-se ofendido em sua passagem por
lá, põe em ação um plano de vingança que pretende
desfazer a reputação de integridade não apenas dos que
lhe ofenderam, mas da cidade inteira.

Escrito em quartos de hotel logo após a morte da filha,


enquanto o autor cumpria uma agenda de leituras na
Europa e também fugia credores de seu país, 0 homem
que corrompeu Hadleyburg desenvolve com excelência
fundamentos que definem uma sátira: a ironia fina, o
humor, o sarcasmo fazendo parecer leve uma crítica
severa às certezas de uma época, de seus hábitos, de
suas pessoas.

E como a literatura mais magistral, esta novela subverte


qualquer tentativa de conclusões fáceis: Hadleyburg
é arruinada ou libertada? 0 misterioso forasteiro é um
vilão ou um herói? É este um livro de vingança, ou de
redenção? Fica claro, porém, que se está diante da
complexidade do caráter humano vasculhado por um
mestre no auge de sua forma.
A ARTE DA NOVELA
0 HOMEM
QUE
CORROMPEU
HADLEYBURG
0 HOMEM
QUE
CORROMPEU
HADLEYBURG
MM
TRADUÇÃO DE RONALDO BRESSANE

GRUA LIVROS
COPYRIGHT THE ARTOF THE N O V E LLA © 2 0 1 5 MELVILLE HOUSE PUBLISHING

COPYRIGHT SÉRIE A ARTE DA NOVELA © 2 0 1 5 GRUA LIVROS

Essa tra d u ç ã o fo i pub lica d a a pó s acordo firm a d o co m a M elv ille


H ouse P u blishing , EUA. A s é rie T he A rt o fT h e N o v e lla e sua id e n tifi­
caç ã o v is u a l s ã o p ro p rie d a d e s da M elville H ouse P u b lis h in g , USA.

PRIMEIRA PUBLICAÇÃO: EM 1 8 9 9 NA HARPE R ’ S MONTHLY, E DEPOIS NO LIVRO THE M A N THAT


CORRUPTED HADLEYBURGANDOTHERSTORIESANDSKETCHES (HARPER BROTHERS, 1 9 0 0 )

DESIGN DA SÉRIE

DAVID KONOPKA

PREPARAÇÃO

RENATA DEL NERO


REVISÃO
ELISANDRA DE SOUZA PEDRO

www.gr ual ivr os.com.br


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RUA CLÁUDIO SOARES, 72 CJ 1605


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CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO

SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ


T913h

Twain, M ark, 1835-1910


0 hom em que corrom peu H a d le y b u rg / M ark Twain ; tra d u ç ã o Ronaldo
B ressane. - 1 . ed. - São P a u lo : Grua, 2015.
Tradução de: The m an th a t c o rru p te d H adleyburg
ISBN 978-85-61578-50-3

1. Ficção am ericana . I. Bressane, Ronaldo, 1970-, II. Título.

15-250 2? CDD: 813


CDU: 8 2 1 .1 1 1 (? 3 )-3
0 HOMEM QUE CORROMPEU HADLEYBURG
Isso se passou muito tempo atrás. Hadleyburg era a
mais honesta e certinha cidade em toda a região. Tinha
mantido sua reputação imaculada por três gerações, e
era mais orgulhosa disso do que de qualquer outro bem.
Era tão orgulhosa e tão ansiosa em assegurar a perpe­
tuação de sua honestidade, que começava a ensinar seus 0
H
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princípios a seus bebês já no berço, e fez dessas lições M
E
M
os pilares de sua educação, devotada a manter sua cul­ Q
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tura. Além disso, as tentações eram mantidas distantes C
O
R
do caminho dos jovens em seus anos de formação, para R
O
M
que sua honestidade tivesse o máximo de possibilida­ P
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des de cimentar-se e solidificar-se — até se tornar parte H
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de seus próprios ossos. As cidades vizinhas invejavam E
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demais sua honorável supremacia e adoravam debochar U
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MARK TWAIN
Seis meses depois, ele foi a Hadleyburg em um tíl-
buri; lá pelas dez da noite, chegou à casa do velho caixa
do banco. Sacou uma bolsa da carroça, levantou-a nos
ombros, carregou-a pelo jardim da casa e bateu à porta.
Uma mulher falou “Entre” e ele entrou, colocando a bol­
sa atrás do aquecedor na antessala, dizendo polidamente
à velha senhora que lia o Missionary Herald à luz de um
abajur:
— Pode ficar sentada, madame, não quero per­
turbá-la. Aqui... Agora está bem guardada; ninguém
podería saber que está aí. Posso ver seu marido um ins­
tante, madame?
Não, ele tinha ido a Brixton e não voltaria até a
manhã seguinte.
—■Muito bem, madame, sem problema. Só queria
deixar esta bolsa a seus cuidados, para ser entregue a seu
proprietário assim que ele puder ser encontrado. Venho
de fora; ele não me conhece; esta noite estou só de pas­
sagem pela cidade para resolver uma questão que esteve
em minha cabeça por um bom tempo. M inha viagem 0
H
O
agora está completa, e eu vou feliz e um pouco orgulho­ M
E
M
so. Você nunca me verá de novo. Um bilhete na bolsa Q
U
E
explicará tudo. Boa noite, madame. C
O
R
A velhinha ficou com medo do grande e miste­ R
O
M
rioso forasteiro, e se alegrou quando o viu dar o fora. P
E
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Mas sua curiosidade cresceu, e ela foi direto até a boísa H
A
D
e puxou o bilhete. Dizia o seguinte: L
E
Y
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U
R
G
A S E R P U B L IC A D O ; ou o homem certo que
conduzirá uma investigação p riva d a — ou res­
ponderá à questão a seguir. Esta bolsa contém
moedas de ouro pesando cento e sessenta libras e
quatro onças.1

— M isericórdia, e a p o rta nem está fechada!


A senhora R ichards voou para a p o rta tre m e n d o e
passou o trinco, daí baixou as persianas e ficou ali m eio
aterrorizada, preocupada, im aginando se haveria algo
que pudesse fazer para m an ter o dinheiro e si própria
em segurança. Ficou à espreita de ladrões, e, então, re n ­
d ida à curiosidade, voltou p ara debaixo da lâm pada para
term in ar de ler o bilhete:

Sou um estrangeiro e estou no momento voltando


para meu próprio país, onde vou fica r para sem­
pre. Sou muito agradecido à América pelo que
M
A
recebi de suas mãos durante m inha longa estada
R
K sob sua bandeira; e a um de seus cidadãos — um
T
W
A
IN
cidadão de Hadleyburg — sou especialmente gra­
to pela enorme gentileza que me f e z um ou dois
anos atrás. D uas grandes gentilezas, na verdade.
Vou explicar. E u era um jogador. E u disse E R A .
F ui um jogador arruinado. Cheguei a esta cida-

1 Cerca de 75 kg. (N.T.)


de à noite, fa m in to e sem nenhum centavo. Pedi
ajuda — no escuro; tinha vergonha de ser visto
mendigando à noite. M endiguei para o homem
certo. E le me deu vin te dólares — ou seja, ele me
deu vida, do modo como eu vejo. Ele também me
deu fortuna; porque f o i com aquele dinheiro que
eu fiq u e i rico num a mesa de jogo. E , finalm ente,
um comentário que ele me f e z permaneceu comigo
nesse dia, e p o rfim me conquistou; e essa conquis­
ta salvou o que sobrava de m inha moral: nunca
mais vou jogar. Agora eu não tenho a m ín im a
ideia de quem era aquele homem, mas espe­
ro encontrá-lo, e gostaria que ele recebesse este
dinheiro, o doasse, o guardasse, ou jogasse fo ra
— o que ele quiser. E somente meu je ito de tes­
tem unhar m inha gratidão p o r ele. Se eu pudesse
ficar, o encontraria eu mesmo; mas não importa,
ele será encontrado. E sta é um a cidade honesta,
um a cidade incorruptível, e sei que posso confiar
nela sem medo. Este homem pode ser identifica­ 0
H
O
do pelo comentário que me fe z ; estou convencido M
E
M
que ele v a i se lembrar dele. Q
U
E
Assim, meu plano é este: se o portador desta bolsa C
O
R
prefere conduzir esta investigação de modo p r i­ R
O
M
vado, faça-o. Fale sobre o conteúdo desta carta < P
E
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para qualquer um que possa ser o homem certo. Se H
A
D
ele responder “E u sou o homem; o comentário que L
E
Y
B
f i z era isso e isso”, aplique o teste — só p o rfa c ili- U
R
G
dade: abra a bolsa, e nela encontrará um envelo­
p e selado contendo a observação. Se o comentário
mencionado pelo candidato se encaixar, dê para
ele o dinheiro, e não fa ça mais perguntas, pois ele
é o homem certo.
M as se você preferir uma investigação p ú b li­
ca, então publique esta carta em um jo rn a l local
— com estas instruções anexadas, por garantia:
E m trinta dias, a contar de hoje, que o candida­
to apareça na praça principal às oito da noite de
sexta-feira e deixe seu comentário, em um enve­
lope selado, com o reverendo Burgess (se elefiz e r a
gentileza de ajudar); e deixe que o senhor Burgess
tire o lacre da bolsa, abra o envelope, e confira se a
observação é correta: sefo r correta, deixe que o d i­
nheiro seja entregue, com m inha sincera gratidão,
a meu benfeitor, então identificado.

A senhora Richards sentou-se, tremendo, leve­


M
A
mente empolgada, e logo se perdeu em devaneios —
R
K mais ou menos desse tipo: “Que coisa estranha! E que
T
W
A
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sorte para aquele homem gentil que lançou seu pão so­
bre as águas... Se tivesse sido meu marido! Somos tão
pobres, tão velhos e tão pobres!”. Então suspirou: “Mas
daí não seria meu Edward; não, ele não daria a urji es­
tranho vinte dólares. E também uma pena; agora que eu
vejo...”. Teve um calafrio: “Mas isso é dinheiro de jogo!
O salário do pecado; não poderiamos aceitá-lo nem po-
deríamos tocá-lo. Não gosto nem de ficar perto; parece
uma ignomínia”. Foi para outra cadeira... “Queria tanto
que Edward chegasse e levasse isso para o banco; um
ladrão poderia aparecer a qualquer momento; é horrível
ficar sozinha com isso.”
As onze horas o senhor Richards chegou, e sua es­
posa disse:
— Estou tão feliz que você esteja em casa!
— Nossa, estou tão cansado... — ele respondeu,
quase ao mesmo tempo. — Quase morto; é horrível ser
pobre e ainda ter que fazer essas jornadas cansativas
nesta fase de minha vida. Sempre revolvendo dinheiro
para ganhar um salário, tudo isso para ser escravo de
outro homem, e ele lá sentado em casa em seus chinelos,
rico e confortável.
— Puxa, lamento por você, Edward, você sabe
disso; mas console-se; ganhamos nossa vidinha; temos
nosso bom nom e...
— Sim, Mary, isso é tudo. Não se chateie com mi­
nha fala, é só um momento de irritação e não significa 0
H
O
nada. Me dá um beijo e tudo terá passado, e não estou M
E
M
reclamando mais. O que você anda ganhando? O que Q
U
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há na bolsa? C
O
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Então sua mulher contou-lhe o grande segredo. R
O
M
Aquilo o deixou atordoado por alguns instantes. Finalr P
E
U
mente, ele disse: H
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— Isso pesa cento e sessenta libras? Porque, L
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Mary, são qua-ren-ta mil dó-la-res, pense nisso, uma U
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MARK TWAIN
Porém ele já tinha ido. Não por muito tempo, no
entanto. Não muito longe de sua casa, encontrou o edi­
tor e proprietário do jornal, e mostrou o documento a
ele, dizendo:
— Olhe uma boa história pra você, Cox. Jogue na
edição de hoje.
— Acho muito tarde, senhor Richards, mas vou
ver.
De volta à sua casa, ele e sua esposa se sentaram
para conversar sobre o charmoso mistério; não havia
condições de dormir. A primeira questão era: Quem
teria sido o cidadão que deu vinte dólares ao estra­
nho? Parecia simples; ambos responderam no mesmo
fôlego...
— Barclay Goodson.
— Sim — disse Richards. — Ele pode ter feito
isso, e é bem a cara dele, não há nenhuma pessoa assim
na cidade.
— Todo mundo vai agradecê-lo por isso,
Edward, ainda que privadamente, de todo modo. Por 0
H
O
uns seis meses, agora, a cidade vai ser do jeito que ele M
E
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gosta: honesta, correta, direita e avarenta. Q
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— Assim é como ele sempre chamou a cidade, até C
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o dia de sua morte, e disse isso publicamente. R
O
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—- Sim, e foi odiado por isso. P
E
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— Ah, mas é claro: mas ele nem se importa. Êu H
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dizia que ele era o mais odiado de nós, fora o reverendo E
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u n
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co é, u d ó
n o
p R ze m im fa o aq m
MARK TWAIN
— Não acredito nisso, e não vou acreditar. Por que
você acha isso?
— Bem, aí vai uma confissão... Isso me envergo­
nha, mas preciso falar. Sou o único homem que sabe que
ele é inocente. Poderia tê-lo salvo, e... e... Bem, você
sabe o que a cidade faria se o tivesse feito, não tive co-
Ihões. Todo mundo se voltaria contra mim. Sinto muito
por isso, me sinto péssimo; mas não tive peito; não tive
a macheza de encarar.
M ary o olhou perturbada e ficou um tempo em
silêncio. Então disse, meio gaguejante:
— E u... não acho que seria legal para você...
para... Ninguém devia... H um ... A opinião pública...
As pessoas têm que ser cuidadosas... Então... — Era
um caminho difícil, e ela ficou atolada, mas depois de um
tempo começou de novo. — Foi realmente uma pena,
mas... Ei, a gente não poderia segurar essa, Edward...
Não poderia mesmo. Ah, eu não teria tido você para me
ajudar em nada!
— Isso nos teria tirado a boa vontade de tanta gen­ 0
H
O
te, Mary; e daí... daí... M
E
M
— O que me embaraça agora é o que ele acha de Q
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nós, Edward. C
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— Ele? Ele nem suspeita do fato de que eu poderia R
O
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ter livrado a cara dele. P
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— Ah! — exclamou a esposa, em tom consolado. H
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— Fico feliz por isso. Contanto que ele não saiba que L
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B
você o poderia ter salvado, ele... ele... Bem, isso muda U
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er o ça ig is a
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ta sce as m p arçaã e E d
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MARK TWAIN
— Por quê?
— Porque todo mundo acha que foi Goodson.
— Claro que acham!
— Certamente. E é claro que ele nem se importa.
Eles convenceram o pobre velho Sawlsberry a culpá-
lo, e ele foi dando aquele escândalo e fez tudo aquilo.
Goodson olhou para ele como se estivesse procurando
um lugar nele que pudesse olhar com mais desprezo;
daí disse: “Então você é do Comitê de Investigação, é?”.
Sawlsberry respondeu que era quase isso. “Hummm.
Então vocês interrogam cidadãos ou vocês supõem que
eles vão te dar um tipo geral de resposta?” “Se eles inter­
rogam cidadãos, vou voltar, senhor Goodson; vou fazer
a primeira pergunta geral primeiro.” “M uito bem, então,
diga pra eles irem pro inferno... Suponho que isso seja
geral o suficiente. E vou te dar um conselho, Sawlsberry:
quando você voltar a falar com os cidadãos, traga uma
bolsa para levar o que sobrar de você.”
— Bem típico do Goodson; tem todo o seu estilo.
Só tinha uma vaidade; pensava que podia dar conselhos 0
H
O
melhor que qualquer outra pessoa. M
E
M
— Isso ajeitou as coisas e nos salvou, Mary. A dis­ Q
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cussão estava acabada. C
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— Deus abençoe. Disso não duvido. R
O
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Então voltaram ao mistério da bolsa de ouro, ain­ P
E
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da mais interessados. Logo a conversa começou a so­ H
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frer interrupções — quebras causadas por devaneios. As E
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pausas foram ficando cada vez mais frequentes. Enfim, U
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n g m ap e co u — ob em
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R S e n s d d a se d p o to d m tã a rí ri m d a d tr
MARK TWAIN
sim ... M as... Deus, do que somos feitos... de que ma­
téria estranha somos feitos!
Acendeu o abajur, aproximou-se furtivamente,
ajoelhou-se e sentiu os montanhosos lados da bolsa, ma­
nuseando-a com amor; apareceu até uma luz luxuriosa
naqueles velhos olhos. Caiu em uma espécie de ausência;
de vez em quando voltava parcialmente para murmurar:
— Se a gente tivesse esperado! Oh, se a gente tivesse
esperado só um pouquinho, e não tivesse tanta pressa!
Nesse meio tempo, Cox tinha chegado em casa
vindo do escritório e contou à mulher todas aquelas coi­
sas estranhas que haviam acontecido, e eles conversaram
sobre o assunto com impaciência e adivinharam que
Goodson seria a única pessoa na cidade que poderia ter
ajudado um estranho com a nobre soma de vinte dólares.
Fizeram uma pausa e ficaram pensativos e silenciosos. E
pouco a pouco se enervaram, se agitaram. Finalmente a
esposa disse, como se para si mesma:
— Ninguém sabe desse segredo a não ser os Ri-
chards... e a gente... ninguém. 0
H
O
O marido saiu de seus pensamentos com um ges­ M
E
M
to leve e deu uma melancólica encarada em sua esposa, Q
U
E
cuja face tinha ficado muito pálida; levantou-se meio C
O
R
hesitante, olhou furtivamente para seu chapéu, então R
O
M
para sua mulher — como em uma muda interrogação. A P
E
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senhora Cox engoliu em seco uma ou duas vezes, a mão H
A
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na garganta, e em vez de falar meneou a cabeça. Logo L
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estava só, resmungando. U
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d g n u al co ca d
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u o
p
MARK TWAIN
A resposta veio humilde:
— Isso eu percebo agora, mas de algum jeito nun­
ca imaginei, você sabe, até que fosse tarde demais. Mas
da próxima vez...
— Próxima vez pode esquecer! Não vai ter outra
em mil anos.
Então os amigos se separaram com um boa-noite
e se arrastaram para casa com o passo de condenados
à morte. Em seus lares suas esposas os saudaram com
um impaciente “E aí?”, viram a resposta em seus olhos
e mergulharam em tristeza, sem ao menos esperar por
palavras para entender o que aconteceu. Em ambas as
casas seguiu-se uma quente discussão — algo diferente;
já haviam discutido antes, mas não desse jeito tão acalo­
rado, tampouco rude. As discussões noturnas pareciam
plagiadas uma da outra. A senhora Richards disse:
— Se você tivesse esperado um pouco, Edward...
se só tivesse parado pra pensar; mas não, você tem que
correr direto para o primeiro jornal e contar para todo
mundo. 0
H
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— A carta diz para publicar isso. M
E
M
— Nada disso; também fala pra fazer isso de modo Q
U
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privado, se você quisesse. Hein? Não é verdade? C
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— Ai, sim ... sim, é verdade; mas quando eu pensei R
O
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na comoção que isso faria e na admiração que esse estra­ P
E
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nho teria por Hadleyburg... H
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— Ah, claro, eu sei disso tudo; mas, se você tivesse E
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B
parado só um pouquinho pra pensar, teria visto que não U
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tá os sa r id iu to m
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e re o m se u cê u e u é e fe p ss te
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p lo q p p q as p p n m es su su a u
g m n
e
d se
u
q
.
te
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d
MARK TWAIN
agora. E agora, debaixo de uma verdade e grande tenta­
ção, eu... Edward, eu acredito que a honestidade desta
cidade está tão podre como a minha; tão podre como
a sua. E uma cidade mesquinha, uma cidade avarenta,
durona, e não é uma virtude para o mundo que essa ho­
nestidade seja tão celebrada e tão orgulhosa; ajude-me,
acredito que se chegar um dia em que a honestidade caia
sob uma grande tentação, sua reputação vai ruir como
um castelo de cartas. Daí, agora, te confesso que vou me
sentir bem melhor; sou uma impostora, e tenho sido as­
sim minha vida toda, sem que eu mesma soubesse. Não
vou deixar nenhum homem me chamar de honesta de
novo, porque não vou ser.
— E u ... Bem, Mary, sinto uma boa ação nisso que
você fala; certamente sinto. Parece estranho, também,
tão estranho. Nunca teria acreditado nisso... nunca.
Um longo silêncio se seguiu; ambos estavam mer­
gulhados em pensamentos. Ao fim, a esposa olhou para
o alto e disse: R

— Sei o que você está pensando, Edward. 0


H
O
Richards mostrou o envergonhado olhar de quem M
E
M
foi pego no flagra. Q
U
E
— Tenho vergonha de confessar isso, Mary, m as... C
O
R
— Não importa, Edward, estava pensando a mes­ R
O
M
ma coisa. P
E
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— Espero que sim. Desembucha.
— Você estava pensando se poderia adivinhar qual
seria o comentário que o Goodson fez para o estranho.
­ ;
er ui
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an se .M er es d el se e p
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o b ti A — v — — — N er en a f rv A ta u d v
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g te re n im
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n co — g te
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o
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d
a
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p
re ez ac ch
m
v u
MARK TWAIN
Mande-me a coisa toda, todos os detalhes em
1200palavras.

Um pedido colossal! O chefe de redação preen­


cheu um relatório; e ele era o mais orgulhoso homem
no estado. No dia seguinte, no café da manhã, o nome
de Hadleyburg, a Incorruptível, estava em cada lábio da
América, de Montreal ao Golfo, dos glaciares do Alasca
aos laranjais da Flórida; e milhões e milhões de pessoas
estavam discutindo sobre o estranho e sua bolsa de di­
nheiro, imaginando se o homem certo seria encontrado,
e esperando que mais algumas notícias sobre o assunto
chegassem logo — logo, logo.

0
H
O
M
E
M
Q
U
E
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R
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M
P
E
U
H
A
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B
U
R
G
II

Hadleyburg despertou celebrada em todo o m undo...


deslumbrada ... feliz... vaidosa. Vaidosa além da imagi­
nação. Seus dezenove principais cidadãos e suas mulheres
cumprimenta vam-se uns aos outros, sorrindo radiantes,
congratuland o-se e dizendo que esta coisa adiciona uma
M
A
nova palavra ao dicionário — Hadleyburg, sinônimo de
R
K incorruptível — destinada a viver nos dicionários para
T
W
A
IN
sempre! E os mais humildes e desimportantes cidadãos
e suas esposas passaram a agir do mesmo jeito. Todo
mundo correu para o banco para ver a bolsa de ouro;
e antes do meio-dia lamentosas e invejosas multidões
começaram a marchar de Brixton e de todas as cidades
vizinhas; e naquela tarde e no dia seguinte repórteres
chegavam de todos os lugares para conferir a bolsa e sua
história e escrever uma história totalmente nova, e fazer
retratos da bolsa, e da casa dos Richards, e do banco,
e da igreja presbiteriana, e da igreja batista, e da praça
principal, e da prefeitura onde o teste seria aplicado e o
dinheiro entregue; e terríveis retratos dos Richards, do
banqueiro Pinkerton, e do chefe de redação Cox, e do
reverendo Burgess, e do telegrafista-chefe — e mesmo
de Jack Halliday, que era o preguiçoso, gente boa, va­
gai, irreverente pescador, caçador, amigo da molecada,
pai de todos os vira-latas, o típico “Sam Lawson”2 da
cidade. O faceiro, tagarela e seboso Pinkerton mostrou
a bolsa para todo mundo, e esfregou suas macias mãos
com prazer, e expandiu a velha e refinada reputação de
honestidade da cidade e sua maravilhosa aprovação em
cima disso, e torceu e acreditou que esse exemplo fosse
espalhado para todos os lugares do mundo americano,
e que isso marcasse uma época de regeneração moral. E
isso e aquilo.
No fim da semana a coisa já se havia aquietado de s
novo; a selvagem intoxicação de orgulho e alegria tinha o
H
O
ganhado uma ressaca de doce, suave e delicioso silêncio M
E
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— uma espécie profunda, inominável, inexplicável de Q
U
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contentamento. Todas as faces se tingiam de pacífica e C
O
santa alegria. R
R
O
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P
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2 O notório personagem vagabundo de Oldtown Folks, romance de H
A
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1869 de Harriet Beecher Stowe. (N.T.) L
E
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­ , e ­ ­l - l­a ­ a i- .r
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p m d u u m o co ív e, a — m
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g u o rr g
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d m n m cer ti u h us ss a
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d g h , d se ar a n n ás
d tro e i ru .
u in n ay tu id
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de a ão gu p tia e asi p ar a al id e is
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oc m e
u oss
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od esd en ú enc idc ta en pa o ps o
h
m
o p u
qa
ex se q m b es m ci G re n h ré
MARK TWAIN
Desta vez — e das noites seguintes — a impaciência das
esposas esmorecia, e elas tentavam dizer algo. Só que
não diziam nada.
E noite após noite elas davam com a língua nos
dentes e respondiam — sem esconder o desejo:
— Ah, se a gente soubesse!
As maledicências de Halliday cresciam dia a dia,
fermentando de disparates desagradáveis. Ele persistia
nisso, rindo da cidade, fosse sozinho, fosse no meio do
povo. Sua risada, contudo, era a única que tinha sobrado
na cidade; caía em cima de uma oca e silenciosa e mor-
gada ausência. Nem mesmo um sorriso era encontrado
por ali. Halliday levava um maço de cigarros com um
tripé, brincando que fosse uma câmera, e mexia com to­
dos os transeuntes levantando a coisa e dizendo: “Pron­
to! Por favor, olhe o passarinho!”. Nem essa piadinha
surpreendia ou amolecia aquelas faces borocoxôs.
Três semanas se passaram — só faltava uma para o
prazo fatal. Noite de sábado, logo após o jantar. Em vez
de uma noite de sábado usual, vibrante, energética, ba­ 0
H
O
rulhenta, com gente fazendo compras e divertindo-se, as M
E
M
ruas estavam vazias e desoladas. Richards e sua velha es­ Q
U
E
posa se sentavam um longe do outro em sua varandinha C
O
R
— pensando miseravelmente. Aquilo se tinha tornado R
O
M
um costume, toda noite: o antigo hábito de ficar len­ P
E
U
do, reunidos, em uma conversa leve, ou receber vizinhos H
A
D
ou visitá-los, estava morto e esquecido, como se tivesse L
E
Y
B
sido há décadas — duas ou três semanas atrás; ninguém U
R
G
e ­ l s ­ a se s s to sa s, e ar a, ­
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rda e rt na
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. i nã n o e
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a ir a, at sea as e, d ca
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avl te anl su rda abc qu
! .A
ad m n e a ens a ia
fa in p co re ti m e t lh d a o su le do
MARK TWAIN
anos atrás. Passei por sua cidade aquela noite e
f u i seu convidado até que o trem da meia-noite
chegasse. E u por acaso o ouvi fa ze r aquele co­
mentário ao estranho no escuro — isso fo i em
HaleAlley.
Ele e eufalamos daquilo durante o resto da v ia ­
gem e enquanto fum ávam os em sua casa. Ele
mencionou muitas outras pessoas de sua cida­
de no curso da conversa — a maioria delas, de
modo nada lisonjeiro, mas duas ou três fa vo rá ­
veis; entre estas últimas, estava você. Digo f a ­
voravelmente”. .. mas não é bem assim. Lembro
que na verdade ele disse que N A O gostava de
nenhuma pessoa na cidade — nenhuma; mas
que você... eu A C H O que ele disse você — te­
nho quase certeza — tinha feito a ele um grande
fa v o r uma vez, possivelmente sem saber o valor
que isso tinha para ele, e ele quis ter muito di­
nheiro para deixar para você quando morresse,
e mandar uma maldição para cada um de seus 0
H
O
cidadãos. Agora, então, se fo i você mesmo quem M
E
M
prestou o tal favor, você é seu legítimo herdeiro, e Q
U
E
digno de receber a bolsa de ouro. E u sei que posso C
O
R
confiar em sua honra e honestidade, que para um R
O
M
cidadão de Hadleyburg são virtudes natas, epor P
E
U
isso vou revelar a você o comentário, certo de que H
A
D
L
se você não fo r o homem certo, irá procurá-lo e E
Y
B
encontrá-lo — e saber que a dívida de gratidão U
R
G
dopobre Goodson pelo referidofavorfo i paga. Eis
o comentário:

"VOCÊ ESTÁ L O N G E D E SER UM


M AU H O M EM ; VÁ E SE REGEN ERE."

HOW ARD L. STEPH EN SO N .

— Oh, Edward! O dinheiro é nosso! Estou tão


agradecida, oh, tão agradecida... me beija, querido, vai
ser o melhor beijo de todos... e a gente precisa tanto...
do dinheiro... e agora você está livre do Pinkerton e seu
banco, e ninguém mais vai ser escravo; acho que vou
voar de tanta felicidade!
Foi uma meia horinha feliz que o casal passou ali
na namoradeira, entre carinhos e beijinhos; pareciam os
bons velhos tempos — tempos que começam com galan-
teios e duraram sem sobressaltos até que um estranho
trouxesse aquele dinheiro fatal. A esposa dizia:
M
A
— Oh, Edward, que sorte a sua em fazer aquele
R
K favor para o pobre Goodson! Nunca gostei dele, mas
T
W
A
IN
agora eu o amo. E foi muito bacana e bonito de sua
parte nunca ter mencionado esse assunto. — Então,
com um toque de reprovação: — Mas você devia ter-
me dito, Edward, você devia ter falado para sua esposa,
você sabe disso!
— Bem, eu... hum ... bem, Mary, você sabe...
— Vai, para de ficar gaguejando, e me fale sobre
isso, Edward. Eu sempre te amei, e agora estou orgulho­
sa de você. Todo mundo acredita que só existe uma única
alma generosa nesta cidade, e agora acontece de ser você
— Edward, por que você nunca disse isso pra mim?
— Bom, é, e ... hum, Mary, não posso!
— Você nãopodét Como vocè não pode?
— Sabe o que é, ele... hum, bem, ele... ele me fez
prometer. Eu não podia!
A esposa deu uma boa encarada nele, e disse, mui­
to lentamente:
— Fez... você... prometer? Edward, então por que
você está me dizendo isso?
— Mary, você acha que eu poderia mentir?
Ela ficou confusa e em silêncio por um instante,
então deixou cair a mão sobre a dele e disse:
— N ão... não. Estamos juntos há tanto tem po...
Deus nos poupe disso! Em toda a sua vida você nunca
disse uma mentira. Mas agora — que os fundamentos
das coisas parecem estar desmoronando debaixo de nós, $
nós... nós... — Ela perdeu a voz um momento, então 0
H
O
disse, se interrompendo: — Não nos deixeis cair em ten­ M
E
M
tação. .. Acho que você fez a promessa, Edward. Deixe Q
U
E
isso pra lá. Vamos ficar distantes daquele plano. A gora... C
O
R
agora já passou; vamos ser felizes de novo; não há mais R
O
M
tempo para nuvens. P
E
U
Edward fez algum esforço para concordar, embo­ H
A
D
L
ra sua mente continuasse vagando — tentando se lem­ E
Y
B
brar de qual teria sido o favor que supostamente fez para U
R
G
i­ .
ão ro s­ ­ i­ e r a
el
a e ­ iu O l n e­ e va a -
o n ça u d o ci -s an ta
so u m n
er
u
ri
e a o
n n ei co n n p e n o ca li. o m q ta u so d
n av r co
a as h la
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r fe o id ra
d in a e g tã q er n ra la o o ia d m o re a v n so
s m d su ia d ia n o ta ro ti ve ad o
er va to co
h v p ar u o io
ra , o av is er E a a
en ei en tá ci G v n
p
te fa e p d h d
o s o ar su h e ha ro u do el o
o
h ad o h
ep
S s? in m r en d p su ro
S ir ão ia
p m en e í? ra
p r am a nfo id o as a, id n er e
s
cu co u
ti e o d a
ci
o b r em u
ta m q D da h p L o r? v nã m o id ec n ev q
al eo
r o ra
.
ra en ol ? ti — co ro ên es
o m
le
h m
er d so d ,
ze ti ti
E o
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se ho h
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A
r. ? m
an as o iu e id n
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m tã se o u
q ia en e
el A
en en ra o — n
ze íd m ch nt el ev é n , er h .
d e vo ti d ry ss an se en at o u v p o
do ar qu fa m m in a re fa ru e a
ri
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o
d rt
en st qu g e ri h va
. E ec e e, ce
da w o o
a a g M ap va u s te p p ro u S ra
or
d d e
br
m m in a de do se e : ró te ta la a. h q o r er
E a r u a ef ar se ta te S es d n
de
m o em
ac , av ra so a pr es m r o p C n co

es h
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m
u
p
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n em m
u b o m e a
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co pa an m d e e
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q ss O es e o p e
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l oc se ac fo s
o ? qu nã
b d ri es ca id in e
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el
u to vi
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e ar a de se se m é
as ro n o ui a u v
ro ão co
u
g rd — tr
v ta -l o n to
n q e al
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ss n
z
li M ta va
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es tá to e rt a
ri p a aq a p N u u ha ia
O z. — u
ca e p n , a
it ci . q o ir fo co
. fe li
n
te ta — n an q se el do
o a .. p u ic
en
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y
ar ir ão co u o
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d ên u o e o R ro e
so ar fe et q , ão qu s o id o ad
d m s el
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N o n ta e A trá
o B u d er ei e
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a? nã E es u N im r?
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ci
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o
d r
ró vo l o e re ta ic co d e o
G te m E d to co q fe h o
p ti o
p p fa ta lh el en ar es R es o u
q ac
MARK TWAIN
locar um homem numa situação como essa... ah, por
que Stephenson teria deixado aquela dúvida? Por que
ele permitiría isso?
Mais uma reflexão. Como é que o nome de Richards
permaneceu na cabeça de Stephenson indicando o ho­
mem certo, e não o nome de qualquer outro sujeito? Isso
pareceu bom. Sim, aquilo pareceu muito bom. De fato,
isso parecia cada vez melhor, de longe — até aos poucos
se transformar em uma prova positiva. E então Richar­
ds tirou o assunto da cabeça, já que tinha um instinto
de que uma prova, uma vez estabelecida, era melhor ser
deixada assim.
Ele estava sentindo-se razoavelmente confortável
agora, mas ainda havia outro detalhe chamando a sua
atenção: certamente ele havia feito o favor — aquilo es­
tava estabelecido; mas qual tinha sido o favor? Ele devia
lembrá-lo — ele devia ficar sem dormir até se lembrar
disso; só assim conseguiría pacificar a mente. Assim ele
pensou e pensou. Pensou uma dúzia de coisas — favo­
res possíveis, prováveis — , no entanto nenhum deles 0
H
O
pareceu adequado, nenhum pareceu grande o bastante, M
E
M
nenhum pareceu valer aquele dinheiro... valer a fortu­ Q
U
E
na que Goodson tinha desejado que ele tivesse em seu C
O
R
poder. E, além disso, de todo modo ele não conseguia R
O
M
lembrar de ter feito nada. Agora, então — agora, então P
E
U
— , que tipo de favor faria um homem tão extraordina­
riamente agradecido? Ah — a salvação de sua alma! D e­
via ser isso. Sim, ele podia lembrar, agora, como certa vez
.
u m a
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a
v e ar e l­ o e
el
e
el
­
la ez to as ­ e so ia r­ ­ o a
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ab so m d o h
te is so es m as e a aí h n a u e
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as ep o e er a: ão
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o
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e ,d le -v d s. u a ic u P o
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ai ão at ei ra u . id if to aq d . e d
n ; ês em co n id
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E te ro e v d m n el se n d
n an
so es im b
b u e
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m u d a E o e to ív es so ra
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m s lo el
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s.
p u o ss d u
d S o ai tr so id so
. d d o q ar
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o m m
u a. it
u m a es u
o d v is
te ar ío lv s so rt ir
o
p o a ,
ad r v
ta ! — s o a n en h
al er sa o o ce ad
m e G m m

G ês a
ar
m la so a d eu
o u p
p
ti ig e im S u
r
te tr n
ão es aí av ar G S o am ab em er
é
at su te
. o o
p aí fa h ec e a.
d
rt tr
s
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o to ad m p
er ia iu d n ão ar lh ic ar d sa m u o p
te en en en v co ,
v ir ,e
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n p fa ad en ce a u o s s p u le -o
n d u
in ad ad o R ap e n a, a e p o ai en se eq
m
am te o
co ia d e
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o . ad p h d cu
d ta e d
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am a p le g o n
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d o v ia a u a o ro ão ev a d e
el en , co
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d co
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m d h já
u sf eç to n ap
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lv im ti fa a so a in
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m d ri e
a q ac a,
u e ri ad aq d m m sa ce co e to ca te o
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s s m lh p a u u a, a aç ta o
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H o g b n
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o ro av e is m e o
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e se , a g E a is o
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su se o ad es im . d m
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el
n
ex
m
ag
o e e ad ão . e a so m e u o av lo
ta u G d d v D sa n ro el su ex d co el q ac n p m em
b
o
MARK TWAIN
ginava tudo aquilo e quase começava a se lembrar desse
ocorrido, um enxame de detalhes desqualificantes o fa­
zia colocar os pés no chão: a cidade toda conhecería essa
circunstância, M ary sabería disso, a história explodiría
como um raio em sua memória em vez de surgir como
um favor obscuro que ele possivelmente mostraria como
“desconhecendo seu valor concreto”. E nesse ponto ele
lembrava que nem ao menos sabia nadar.
Ah — lá estava um ponto que ele deixou passar
batido desde o começo: tinha que ser um favor que ele
teria feito “possivelmente desconhecendo todo o seu va­
lor concreto”. O qual, realmente, deveria ser uma coisa
fácil — muito mais fácil que todas as outras. E por certo,
uma hora ele descobriría. Goodson, muitos anos atrás,
quase se casou com uma garota muito doce e bonita, cha­
mada Nancy Hewitt, mas em certo momento o caso se
desfez; a garota morreu, Goodson continuou solteirão, e
pouco a pouco virou um azedo e desdenhoso observador
da espécie humana. Logo depois da morte da garota, a
cidade descobriu, ou pensou ter descoberto, que ela levava 0
H
O
uma gota de sangue negro nas veias. Richards trabalhou M
E
M
nesse detalhe um bom tempo, e no fim ele se lembrou Q
U
E
de coisas relativas ao episódio que talvez tivessem sido C
O
R
dissipadas em sua memória ou às quais não tivesse dado a R
O
M
devida atenção. Parecia que ele vagarosamente lembrava P
E
U
que havia sido ele quem tinha descoberto sobre o sangue H
A
D
L
negro; que havia sido ele quem contou para a cidade; E
Y
B
que a cidade teria contado a Goodson como havia sabi- U
R
G
r el ­ as a­ ­i e ar, os u a lee u a ­ o ­ s es
­ s s o o e -
sa e n u ss o d ol h es n n ão es ai taa d n fa
ca co m sce ve
o o d ot , n e p u tu ; m
a m ag in o ot fza ti m ía ad leo m ig ex n o s
se o r o; ia o ti m a
fa si ca
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so
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ite lao ssi d or m is e já i
ci v n te asi
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lee ul coa oc v ar e tre en
oã ne ia ad
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ia e o h e isa a D rt a a
p ca ai s

m h ec ci
n d d e ai u e se d r. ce to p o tas am à p
ar
so av n n u r q m M a
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u oi n , asc is
e m a
it S ap ai
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d e o ol ro etr so so
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g f ,
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q
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q se d G an a e eq si u — d ic s
sa a; en e
,
r, tu açv , ,z o e u m p d m S as o
tr to s na R
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u r co n u q u s u
l. ce
d
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a m
fi li q n loe e a s ne
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h r va o atv ru fe o
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en
n n p f
eb ao ci . in ta ca to ic
seo oc be o r en
s e a ão s a as m m o
ai sa o E d e, o te avr re ch a a o m rt — R
rea o ez
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d es ri
a p b .a es ite n di
t la e m ar n u
ca es
r
o
n . d
ta “d be
ot eus n a; sf
o b ra dó
d es p s h h p
as
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rái a,
m
se
u lee ci ac ta en as al
d
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el
o r
sa en rt tai m
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d
ar o a of re e a p m
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as id to g to
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pa
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u
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u pa
a v is a,
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d ec se u o
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o;s u n
d d
e o d à to lh rm
se
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u en it s
o — ,n d n
qa
ra ”,
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d ra o o es so o em em ig cr d
a
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s G to an rt d o da N u ez es to ai
da A
g o
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o ag ei u ce raa
m e
el
t e o o d ca n
ta
o m
oc eus
e
u ad ir q m é as a n egr am a m c
d cr q p to d e e p co at a g m os t — er m m e
a
d o ne e
d
MARK TWAIN
ziam o que seu irmão de casta Richards estava fazendo
naquele mesmo momento: punham todas as suas ener­
gias tentando se lembrar de qual favor notável eles te-
riam inconscientemente feito a Barclay Goodson. Não
era um trabalho de fim de semana; eles deram duro.
E enquanto eles estavam nessa função, o que não
era moleza, suas esposas passavam a noite gastando o di­
nheiro, o que era fácil. Durante aquela noite cada uma das
dezenove esposas torrou em média sete mil dólares dos
quarenta mil da bolsa — juntas, cento e trinta e três mil.
O dia seguinte amanheceu surpreendente para
Jack Halliday. Ele percebeu que as faces dos dezenove
chefes da cidade e de suas esposas mantinham aquela
expressão de paz e santa felicidade de novo. Não conse­
guia entender, nem mesmo era capaz de inventar qual­
quer comentário que pudesse abalar ou perturbá-los. Foi
sua vez de se sentir infeliz com a vida. Suas deduções
privadas sobre as razões daquela felicidade falharam em
todos os níveis, depois de uma longa reflexão. Quando
encontrou a senhorita Wilcox e notou o plácido êxtase 0
H
O
em seu rosto, disse para si: “Sua gata deve ter dado cria” M
E
M
— e disse isso ao cozinheiro; mas não era, o cozinheiro Q
U
E
tinha detectado a felicidade, porém não sabia a causa. C
O
R
Quando Halliday encontrou um êxtase idêntico no ros­ R
O
M
to de “Shadbelly” Billson (o apelido vinha de sua ter­ P
E
U
ra natal), teve certeza de que algum vizinho de Billson H
A
D
tinha quebrado uma perna, entretanto suas perguntas L
E
Y
B
lhe mostraram que isso de fato não havia acontecido. U
R
G
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es e ­í o ­a o m av ­r o i­r e
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r P q im , o ai a ot u Z ol d
s. e m er e no
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de u n z p ie m
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ni oã n crs ut m en
u il u hl ne oc se e
O s m — d c p q q r s p r m v n e b m
MARK TWAIN
— mas, espere. Aquele tipo de gente não costuma con­
tar com os ovos dentro das galinhas.
Os Wilson sonhavam com coisa grande —- um
baile de gala. Não fizeram nenhuma promessa real, mas
cochicharam a todos seus conhecidos, secretamente, que
estavam pensando bastante no assunto e achavam que
tinham de lançar a ideia... “e se a gente der o baile, você
será convidado, lógico”. As pessoas ficavam surpresas e
comentavam: “Uau, estão loucos, aqueles pobres W il­
son! Não vão conseguir bancar isso”. Muitas entre as
dezenove sussurravam aos maridos: “E uma boa ideia,
vamos deixar sua festinha mequetrefe acabar, aí nós €
que vamos dar uma festança que vai deixá-los doentes”.
Os dias se deslizaram, e os gastos extravagantes
cresciam mais e mais, foram ficando cada vez mais sel­
vagens, mais tolos e mais destemidos. Parecia que cada
membro dos dezenove iria não apenas gastar todos os
seus quarenta mil dólares antes do dia, como já estar
totalmente endividado quando chegasse o dinheiro. Em
alguns casos, os espíritos mais livres nem mesmo para- 0
H
O
vam para planejar o gasto, realmente gastavam, em cré­ M
E
M
dito. Adquiriram terras, hipotecaram casas, especularam O
U
E
com ações, compraram roupas, cavalos e muitas outras C
O
coisas, pagaram com suas poupanças e se responsabili­ R
R
O
M
zaram por todo o resto — por dez dias. Então logo lhes P
E
U
sobreveio um pensamento sóbrio, e Halliday percebeu H
A
D
que uma medonha ansiedade começava a aparecer em LE
Y
B
umas boas faces. De novo ele ficou encafifado e não adi- U
R
G
vinhava nada do que tinha acontecido. “Os gatinhos dos
Wilcox não estão mortos, já quem nem mesmo nasce­
ram; ninguém quebrou nenhuma perna; não existe nin­
guém noivando; nada aconteceu — é um mistério inso­
lúvel.” Havia outro homem tão encafifado quanto — o
reverendo Burgess. Por dias e dias, aonde quer que ele
fosse, as pessoas pareciam segui-lo ou observá-lo; e se
ele se encontrasse em algum lugar reservado, um mem­
bro dos dezenove poderia surgir de repente, colocando
um envelope em sua mão, e sussurrar: “Para ser aberto
na prefeitura na noite de sexta-feira”, até desaparecer
como uma alma penada. Ele imaginava que alguém sur­
gisse reclamando a bolsa — o que seria duvidoso, uma
vez que Goodson estava morto — , mas nunca lhe havia
ocorrido que toda aquela multidão fosse de reclamantes.
Quando a grande sexta-feira chegou afinal, descobriu
que tinha dezenove envelopes.

M
A
R
K
III

A prefeitura nunca esteve tão elegante. Estava toda en­


feitada com pomposas bandeiras desfraldadas; ao longo
dos muros, em intervalos, havia uma festa de bandeiras;
toda a frente da galeria estava envolta em bandeiras; as
colunas estavam enroladas em bandeiras; tudo isso era Ç

para impressionar o estrangeiro, uma vez que ele apa­ 0


H
O
recería em todo o seu poder, e certamente estaria bem M
E
M
conectado com a imprensa. A casa estava cheia. Todos Q
U
E
os 412 lugares estavam ocupados; até mesmo mais 68 C
O
R
cadeiras extras tinham sido montadas nos corredores; os R
O
M
degraus e o palco haviam sido ocupados; alguns estran­ P
E
U
geiros ganharam assentos no palco; nas quinas das me­ H
A
D
L
sas em frente e aos lados do palco sentou-se uma forte E
Y
B
equipe de correspondentes especiais que tinham vindo U
R
G
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li e e, ­ e ­ a l­ a s s e o a ­ o
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n e ca o o en
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fe ia s n en ra ia sa si
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te cu os is as lo b cu s
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ro m ta u e
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n o a e, ét o ad im a. ro re -s us
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te ca re p is d ó C m . n çã
v ro iq e sa
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a
d in co ca e
o
d ag g re so m — le
u
o lu fa
u
p
MARK TWAIN
orgulho que a cidade tinha de sua reputação. Afirmou
que essa reputação era um tesouro de valor incalculável;
que sob a Providência esse valor agora se havia elevado
a um patamar inestimável, uma vez que o recente episó­
dio havia espalhado sua fama para todos os lados, e que
havia focado os olhos do mundo americano sobre esta
cidade, e marcou este nome para sempre, como ele espe­
rava e acreditava, em um sinônimo de incorruptibilidade
comercial. [Aplausos.}
— E quem deve ser o guardião desta nobre fama?
A comunidade como um todo? Não! A responsabilidade
é individual, não comunitária. Deste dia em diante cada
um de vocês será pessoalmente seu guardião especial, e
individualmente responsável para que nenhum dano o
atinja. Aceitaria você — cada um de vocês — esta enor­
me confiança? [Confirmação tumultuosa.} Então tudo
bem. Transmitam a seus filhos e aos filhos de seus filhos.
Hoje sua pureza está além de qualquer censura, e obser­
vem que isto permanecerá assim. Hoje não existe uma
pessoa nesta comunidade que poderia ser levada a tocar 0
H
O
um centavo que não fosse seu — cumpra-se em vós a M
E
M
vossa graça. [“Será cumprida! Será cumprida!"} Este não é O
U
E
o lugar para fazer comparações entre nós e outras comu­ C
O
R
nidades, algumas delas indelicadas em relação a nós; eles R
O
M
têm seus costumes, nós temos os nossos; alegremo-nos. P
E
U
[Aplausos!} Fico por aqui. Sob minha mão, meus amigos, H
A
D
L
repousa o eloquente reconhecimento de um estranho E
Y
B
sobre o que somos; através dele o mundo sempre saberá, U
R
é as r
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el o o e­ s­ ­ s
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o e ­ e e a­ ão sa o ar te
eç h eu p re
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em p z p n av an p n o
ci aç u
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p ad n n r
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q , ão n u im h au o es v ao to v o
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re p es ro
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o!
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d ! an o is u
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d er co
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em ti , sa ti en en su ia em
b r ce en u ls re tr ; d d fr
ra co g u
ca st sa i fo n fr
q il ia n
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g
z. o su n d u m s aq m er à ia
B ar o
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ic se A e
lm a g o o si r p s; al u
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an
h s as p á
er ec o
ar to s m
v n d se o p
o ca co m
u m em o
ro
p h
n ta so en
o
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o
ev ri se ec es se n p ad é
s. ci o
aí o o a a u
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ro
u
la e m h so
o n a m sã b v — d d ar se D e o an e d o ic
u m u lo D o en o n
ta ca p en a;
e d — p ap is
m
so
n u o p . d o d , z de — m ls
d m
er tu a te
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id
m ch ,
ro m ex to ú cu to : fi co
a ir rr e
co ão
p em u e ia te es ro e : bo ls p v te en d et m n
em co a in
p
o p n en ue g u o te u s
eu e el m co a m
u
o q n o os a
n
b n
a a lm o m
o r o sa
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te -s
m m v ro ci cu e o lo u
n d a
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“V g s u d u e A v d n o —
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el
v ar p u aç o ca al i: im m ão m d ez ro
d a p es B fô d si ti v fo se x ao se d co ci
m
u v p
m
u —
MARK TWAIN
dólares para um estranho ou qualquer um. Billson! Fale
isso para os marinheiros!
E então a casa de repente segurou o fôlego em um
novo acesso de perplexidade, por descobrir que enquan­
to em uma parte do hall o diácono Billson estava em
pé com sua costumeira cabeça curvada, em outra parte
o advogado Wilson fazia o mesmo. Houve um silêncio
espantoso por um instante. Todos estavam estupefatos, e
dezenove casais estavam surpresos e indignados.
Billson e Wilson se voltaram e se mediram. Billson
perguntou, em tom mordaz:
— Por que wrése levantou, senhor Wilson?
— Porque tenho este direito. Talvez você tenha
uma boa explicação para dizer à casa por que você se
levantou.
— Com grande prazer. Porque eu escrevi o bilhete.
— Que falsidade presunçosa! Eu o escrevi.
Foi a vez de Burgess ficar paralisado. Ficou va-
o olhar de um para o outro e parecia não saber
o que fazer. 0
H
O
A casa estava espantada. O advogado W ilson disse M
E
M
mais uma vez: Q
U
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— Peço a Burgess, o presidente da casa, que leia o C
O
R
nome assinado no papel. R
O
M
Aquilo devolveu o presidente a si mesmo, e ele leu P
E
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o nome: H
A
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L
— John W harton Billson. E
Y
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— Aí!— gritou Billson. — O que você me diz dis- U
R
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e a a s ­ e! . r,
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tr ra o to e
as a m so a so i­ is asi
to na h m o
ei n ei nte is ar je o
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to s f leo id g u p oi d ár
m te u
q m r o an o isd t v ul ue
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de as sc icl u es ue
g q ce S . ra pe e d q
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es nte os r o D m
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o te el os s. o ãto O
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p u ree só o
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o co ó ag nve re te ei a!
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s, to do vo en
e id m ue v co pe . p
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u d u re u vo er a ” ! re v te oé de e , : L
q n ? h o,
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ga a re ta ia o
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ar art o p o
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h a di
rd ss v e, r d a ze
os ao an có je os
e v
ta
o
di
v a
en el
o ar o
p p d d O E m — p to p v
MARK TWAIN
Então começou, falando de um jeito meio confuso,
feito sonâmbulo:
— O comentário que fiz para o infeliz estranho
foi: “Você está longe de ser um homem mau”. — A casa
o observava aterrada. — “Vá, e se regenere.”
Murmúrios:
— Incrível? O que isso quer dizer?
— Este papel aqui — disse o presidente — é assi­
nada por Thurlow G. Wilson.
— Aí! — gritou Wilson. — Creio que isso resolva
tudo! Sabia perfeitamente que minha nota havia sido
surrupiada.
— Surrupiada! — retorquiu Billson. — Vou mos­
trar que nem você nem homem nenhum de sua laia po­
dería se aventurar a ...
O presidente:
— Ordem, cavalheiros, ordem! Voltem a seus as­
sentos, vocês dois, por favor.
Eles obedeceram, balançando suas cabeças e
resmungando raivosamente. A casa estava profun­ 0
H
O
damente confusa; não se sabia o que fazer com tão M
E
M
curiosa ocorrência. Assim, Thompson se levantou. Q
U
E
Thompson era chapeleiro. Ele gostaria de ser um dos C
O
R
dezenove; mas isso não seria possível; seu estoque de R
O
M
chapéus não era bom o suficiente para tal posição. Ele P
E
U
disse: H
A
D
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— Senhor presidente, se me permite fazer uma E
Y
B
sugestão, não estariam ambos os cavalheiros corretos? U
R
G
­ ? . o ta
l ­a r a.s a ­ a ra o s ­ ­ e o s
se o eu m cee i m fa h o id ai su en r, , ó
h p es u m
co U ni
ag d m d o u ,n
os n t ar o
rta m o s n [ r n s si h it sa
s ror m sti na cao rta se!
o
p
m a co o a re n
re o
o es e u o
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es
de p
r p se p p
b te el q ic
u r
la e, co r ta ,
es es
o ni n ia o
-s ir o g \0 o
m a e oc át er a dó sa \ a d se en iã s a
raa o u p m do m n o. in le su
e q ac ti d
o ão et te i
,u ta us m ss p de a
u p e a an p in va tu
cu se la ni o ar
q s e v n n en ja te ar
rá ra -s tai u
n o so as
v S s
ta n en es o ias
a m p
se alv
u de sa ei Is m h
o
o ra di d p
ti
h
in
u o
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to !
ar
e an gui se
a an cra
m :
se
! an n s v
rt an m e, tá .
ão p m e to tr em s re te o
v e, el is n

rd da ! so p es fu o o o u en
n
as le ;
o v d D o s es to is r it sã ir q m
es
,r d o a . p o O a ne .. o s ,e u et ir
m
o m or ti en zi alr an oa
. h en or m s
er co m ?
h es u n fa
o
a !
eid
i! m
u m en t r b
o R
g o ra
o
esn m co se ez fa é m ria de — h o em S m
o u fo m !} su d o
m
o
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d sso de ão ce u : en m B h o a em e ag
, as e s d u
E te o ão a st
C

d
do .I o n
em is E N m — es d n e rd ir te
r se s\ en si. u — r: ss a qu lo —
vo
m
ra
o me to d
o do — — d h z: o so O g o á- z:
.. id m en es se a : si di de
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D n P E d re n — N sa vo p é d ín g te v o p
MARK TWAIN
O curtidor: — Fácil. Os dois não citaram o co­
mentário exatamente com as mesmas palavras. Vocês
teriam percebido isso, caso não tivéssemos perdido um
tempão com a balbúrdia entre as duas leituras.
Uma voz: — Diga a diferença.
O curtidor: — A palavra “muito” está na nota de
Billson, mas não na outra.
Muitas vozes: — E isso... Ele tem razão!
O curtidor: — E então, caso o presidente examine
o teste do comentário na bolsa, saberemos qual dessas
duas fraudes...
O presidente: — Ordem!
— Qual desses aventureiros...
O presidente: — Ordem!
— Qual desses dois cavalheiros...
Risos e aplausos.
— ... poderá vestir a roupa da primeira pessoa de­
sonesta nunca antes nascida nesta cidade, a qual ele de­
sonrou, e para quem será um lugar bem desconfortável
para ele de hoje em diante! 0
H
O
Aplausos vigorosos. M
E
M
Muitas vozes: — Abra! Abra a bolsa! Q
U
E
O senhor Burgess fez um corte na bolsa, deslizou C
O
R
sua mão por ali e pegou um envelope. Nele estava um R
O
M
par de notas dobradas. Disse: P
E
U
— Um deles tem a seguinte nota: “Não pode ser
lido até que todas as comunicações escritas que foram
enviadas ao presidente — caso alguma — tenham sido

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ue i
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n o f fe co m e it p o
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li E m b n p q M E m W ap en ta m se pa ir F n
MARK TWAIN
faces dos cidadãos; depois de uma pausa a nuvem subiu,
e um rubor tomou conta; tentavam com tal força que o
rubor só era ocultado com grande e dolorosa dificulda­
de; os repórteres, as pessoas de Brixton, e outros estran­
geiros penderam suas cabeças para baixo e mergulharam
suas cabeças nas mãos, segurando-as com grande força
e heróica cortesia. Na hora mais inoportuna explodiu no
meio da calmaria o rugido de uma voz solitária — a de
Jack Halliday:
— Aí, sim, aparece o carimbo dessa cidade!
Então a casa se deixou cair, os estrangeiros e todo
o resto. Mesmo o ar grave do senhor Burgess quebrou-
se, então a audiência considerou-se oficialmente absol­
vida de todas as restrições, e não fez disso um privilégio.
Foi uma linda e enorme gargalhada — grande o bastante
para o senhor Burgess tentar interrompê-la, e para muitas
pessoas terem os olhos cobertos de lágrimas; então a gar­
galhada rompeu de novo, e logo em seguida, outra vez; no
fim, Burgess conseguiu tirar de si estas sérias palavras:
— E inútil tentar despistar este fato: estamos na 0
H
O
presença de uma matéria de grave importância. Isso en­ M
E
M
volve a honra de sua cidade... destrói o bom nome desta Q
U
E
cidade. A diferença de uma única palavra entre os testes C
O
R
de comentário oferecidos pelo senhor Wilson e o senhor R
O
M
Billson em si já era uma coisa séria, já que indicava que P
E
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um dos dois cavalheiros teria cometido um roubo... H
A
D
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Ambos os homens estavam sentados de um jeito E
Y
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displicente, como se não tivessem nervos, esmagados; U
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ul p ,c ss
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b en ed és ot o n x d U el o m le
s lif ne v ss so
di b b ia ei n
ra n ? p fo ad u sa pa t in ,a
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am tio se d fu so io E ca ul
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ei an — U ra B a; — en u o pe e
m o u m vá vr o s
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u o en n o
m se co p m m pa o
x si to p rê M ta tã di so e ta M di im
MARK TWAIN
geiro todas as palavras contidas no teste do comentário,
incluídas aí as depreciativas quinze palavras.
\Sensação.}
— Quando esta última expressão foi feita pública
eu me lembrei dela, e resolvi reclamar a bolsa de moe­
das porque todos os direitos me autorizam a isso. Agora
vou pedir que considerem este ponto, e o pesem bem;
que a gratidão de um estranho para mim aquela noite
não conheceu fronteiras; ele mesmo disse que não en­
contraria as palavras adequadas, e que se ele conseguis­
se ele me pagaria cem vezes o montante. Agora, então,
eu peço isto a vocês; poderia eu esperar... poderia eu
acreditar... poderia eu remotamente imaginar... que,
sentindo-se como ele se sentia, ele faria algo tão ingrato
quanto adicionar aquelas quinze desnecessárias palavras
a seu teste? M ontar uma arapuca para mim? Expor-me
como um caluniador de minha própria cidade na frente
de meus concidadãos bem no auditório público? Não
seria lógico; seria impossível. Esse teste poderia conter
somente aquela gentil oração de abertura de meu co­ 0
H
O
mentário. Disso eu não tenho sombra de dúvida. Vocês M
E
M
mesmos teriam pensado do mesmo modo que eu. Vocês Q
U
E
não poderiam esperar uma traição vinda de uma pessoa C
O
R
que você fez amigo e contra quem você não cometeu R
O
M
nenhuma ofensa. Assim, com confiança e lealdade per­ P
E
U
feitas, escrevi em um pedaço de papel as palavras que H
A
D
L
abrem o comentário, terminando com “vá, e se regene­ E
Y
B
re”, e o assinei. Quando estava quase colocando o papel U
R
G
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o e­ cê
s o l­i uas
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d ar d
li m a
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d ba d ioc ,i o u fâ se- co os
le ão e s at em h é b d
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d n d sse ai im p al m
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el n an te o ac a m et to l,
ad f a
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n im te as
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ve m to o Is o a
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s en ja a
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lli il ost er , n
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ii ei an av ! : ar fa ls h ú o ra d
fi ix a to
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o it r em ,
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n e P ro o se os c t de p Q v h m se m ap ri b
ba
MARK TWAIN
aos truques e ilusionismos da oratória. Wilson sentou-
se vitorioso. A casa o submergiu em ondas de aplauso,
aprovando-o; os amigos vieram como um enxame aper­
tar sua mão e o parabenizar, e Billson foi vaiado e não
conseguia dizer mais nenhuma palavra. O presidente
martelou e martelou e continuava gritando:
— Mas continuemos, cavalheiros, continuemos!
Ao final houve um impressionante silenciar-se, e o
chapeleiro disse:
— Mas vamos continuar o quê, senhor, se estamos
na hora de entregar o dinheiro?
Vozes: — E isso! E isso! Vá lá para a frente, Wilson!
O chapeleiro: — Três vivas para o senhor W ilson,
o símbolo da virtude especial que...
Os aplausos irromperam antes que ele pudesse
terminar; e no meio deles — e no meio do clamor das
marteladas também — , alguns mais entusiasmados co­
locaram W ilson nos ombros de seus melhores amigos e
o estavam levando em triunfo até o palco.
A voz do presidente então se levantou sobre o 0
H
O
barulho: M
E
M
— Ordem! A seus lugares! Vocês esqueceram que Q
U
E
ainda há um documento a ser lido. — Quando o silên­ C
O
R
cio se restaurou ele pegou o documento, e ia começar R
O
M
a lê-lo, mas o colocou de volta, dizendo: — Esqueci; P
E
U
isso não pode ser lido até que todas as comunicações H
A
D
L
por mim recebidas sejam lidas antes. — Pegou um en­ E
Y
B
velope no bolso, removeu seu conteúdo, olhou... pare- U
R
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a ­ ;
v o es ét os s­ ia
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ria h re ad
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an ei r an e r é v o ú ím n! ,n õer
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vo ? g h n ta n ta la d nd se m
ou aí o, io u “V
e re es n a s m ta B n!
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u as s fi sI te ,o los
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adt o le c : fo — “V li ag v h o a
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an e.t te O lee O ze ... ”. .. : A d a es e n
a . u E ibi T s! T P
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ps en V E — V — .. er e u as lt t
— ant — —
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e — V — V — O u rt a
u A — rup
ue am m
e
v
n q ó
p
g
s
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at m m r t
x r
c fi m co os re sa e co ut co te
MARK TWAIN
Uma voz poderosa: — Silêncio! O presidente pes­
cou mais alguma coisa de seu bolso.
Vozes: — Hurra! Será que é algo fresco? Leia!
Leia! Leia!
O presidente (lendo): — O comentário que fiz etc.
Você está longe de ser um mau homem. Vá etc. Assina­
do: Gregory Yates.
Tornado de vozes: — Quatro símbolos!
— Viva Yates!
— Pesque de novo!
A casa toda estava morrendo de rir e pronta para
aproveitar o máximo que a ocasião deixaria. Muitos dos
dezenove, parecendo pálidos e nervosos, se levantavam
e começavam a procurar os corredores, mas uma série de
gritos fora disparada:
— As portas, as portas. Fechem as portas; nenhum
incorruptível poderá deixar este lugar! Sentem-se, to­
dos! — E a ordem foi obedecida.
— Pesque de novo! Leia! Leia!
O presidente pescou de novo, e mais uma vez as 0
H
O
palavras familiares começaram a cair de seus lábios: M
E
M
— Você está longe de ser um homem m au... O
U
E
— Nome! Nome! Quem é? C
O
R
— L. Ingoldsby Sargent. R
O
M
— Cinco eleitos! Vai para a pilha dos símbolos! P
E
U
Continue, continue!
— Você está longe de ser u m ...
— Nome! Nome! ®
— Nicholas W hitworth.
— Hurra! Hurra! E um dia simbólico!
Alguém soltou um lamento alto e começou a can­
tar um verso da adorável ópera Mikado, o verso “W hen
a man's afraid of a beautiful maid”;3 o público se jun­
tou em massa, alegremente; então, bem na hora, alguém
contribuiu com outro verso...
— E não se esqueça, Hadleyburg...
A casa explodia. Um terceiro verso foi inventado:
—■Os corruptos não estão nem aí...
A casa veio abaixo. Bem na última nota, a voz de
Jack Halliday levantou-se alta e clara, carregando no fe­
cho de ouro:
— Mas seus símbolos estão bem aqui!
Cantaram a ária com entusiasmo vibrante. Daí a
alegre casa começou a cantar as quatro linhas dobradas,

3 Em tradução livre, “Quando um homem tem medo de uma bela


moça” verso da ópera cômica The Mikado, or The Town ofTitipu (O
M
A
Mikado, ou A Cidade de Titipu), com música de Arthur Sullivan e
R
K libreto de W.S. Gilbert. Superpopular, a produção original teve
T
W 672 récitas em dois anos; até ao final de 1885, pelo menos 150
A
I
N companhias de ópera a produziram. Narra a história do imperador
japonês Mikado, que resolvera casar seu filho com a filha de um dos
seus generais, mas o Príncipe resolve fazer uma viagem pelo interior.
Percebendo os perigos dessa viagem, a filha do general baixa uma lei
tornando o ato de namorar um crime punível com a pena de morte,
criando um terrível problema: os jovens continuaram delinquindo
em todo o império, engrossando a fila de condenados. (N. T.)
com um incrível suingue e balanço, e terminou com o
animado refrão “A incorruptível Hadleyburg e todos os
seus símbolos vão ganhar um belo carimbo até o fim da
noite”.
Então os gritos para o presidente começaram de
novo, vindos de todos os lugares:
— Vai! Continue! Leia! Leia mais! Leia tudo o
que você tem aí!
— Isso! Continue! Isso vai nos garantir uma fama
eterna!
Doze homens levantaram-se e começaram a pro­
testar. Disseram que essa farsa devia ser o trabalho de
algum palhaço decadente, e que era um insulto a toda
comunidade. Sem dúvida essas assinaturas deviam ter
sido forjadas...
— Sentem-se! Sentem-se! E calem-se! Vocês es­
tão confessando. Vamos achar seus nomes nesse lote de
envelopes.
— Senhor presidente, quantos envelopes você tem?
O presidente contou. 0
H
O
— Com aqueles que já examinei, são dezenove. M
E
M
Uma tempestade de aplausos e vaias explodiu. Q
U
E
— Talvez todos eles contenham o segredo. Eu voto C
O
R
para que você abra todos e leia cada assinatura que está R
O
M
anexada nas notas — e leia também as primeiras oito P
E
U
palavras da nota. H
A
D
— Também voto a favor! L
E
Y
B
Foi feito, e iniciou-se o tumulto. O velho e pobre U
R
G
u ­ u a s,i s ­ s o .r ! o a - a a
s. as ..
se n
oc de cê er ,os de
o h o er é
m o v e d el
m d
so m s.
a e u d vo é cê
S
enf u
n v u na ,s
ão o , n
a lh
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m s e ! i . d n ce e
d e ó u o vo dia e m o m v o
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ni
fa
tas u o r n q d d o o co en h tsa im o
m
gid zei
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se d d af ic a
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e dú o an ar s, e R
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ac d
h
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m a h
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.
.. se
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r p! ers n o o m o em es
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co s, r. êcs fa h,i d
o ça ei h , çã r
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dixa co as ers
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a, de p at am
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b
s su e
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xei
H m , ço co
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u raao
av s m e lah a !s to u iz ad
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so
p
hc cê sa
no ro q d
em ne n o d o
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m
p oi o etr so u
e ar at o de o le o u
int
b
id o ..
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ap v as e q n b m a u
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a en it ic s: H ve it u en ec ci eu
v eç e q : s d R ai de
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er — o m
le u b te eu
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d m r e es e!
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si
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s: o er as
se caq en ,d st er o m z st -s sa m e e q n ex ej p
r e, an re h es re oc to
s ve a it M eu o p P n e o
v E te m ca m d
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d u , g
se
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ta en te co lv s ar ss
ar S ço es — e O — A — A es sa O — nó G — po —
hc ia
o. ra h y em e, ei d
si an l p
p
i gu d b z ar v ad sp re ev sa m es u
e ra
o ão
R la se o v
o
M de d re p L ca te lh q h n
MARK TWAIN
— Por favor, se sente, senhor Richards. Devemos
agora examinar o resto de nossas notas por uma simples
justiça aos homens que já foram expostos aqui. Tão logo
isso termine, lhe dou minha palavra, você será ouvido.
M uitas vozes: — Certo! O presidente está certo!
Sem interromper agora! Os nomes! Os nomes! Nós
votamos!
O velho casal sentou-se relutante, e o marido sus­
surrou à mulher: — Vai ser duro esperar por isso; a ver­
gonha vai ser maior do que nunca quando eles percebe­
rem que a gente ia pedir perdão para nós mesmos.
Logo a festança animada voltou a rolar com a lei­
tura dos nomes.
— “Você está longe de ser um homem m a u . A s ­
sinado: Robert J. Tirmarsh.
— “Você está longe de ser um homem m au.. ."A s­
sinado: Eliphalet Weeks.
— “Você está longe de ser um homem m au.. ."A s­
sinado: Oscar B. Wilder.
Nessa altura, a casa teve a ideia de retirar as pri­ 0
H
O
meiras oito palavras da mão do presidente. Ele até que M
E
M
agradeceu por isso. Dali em diante ele segurou cada nota Q
U
E
em sua vez e aguardou a casa repetir monotonamen­ C
O
R
te as oito palavras em um massivo e medido e musical R
O
M
volume grave de som (fazendo uma afrontosa seme­ P
E
U
lhança com um cantochão muito conhecido): — “Você H
A
D
está loooonge de ser um maaaau homem.” — Então L
E
Y
B
o presidente dizia: — Assinado: Archibald Wilcox. E U
R
G
,e ­ ai e ... a­ ot ha ,s ;
ze - a E e e ­ e osa e ­
us r­ -
m v
m
u fa te ar e d m
u n
a etr ry :" rer ije fil s, te em o
st
u
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n
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o a sa est p — d s er o an o ju p
n da o
ca vá !” arn
dr e a a o s d di to ez e s a
s c
d
na o or a u
q sp e
u M est de st o ta eit l o n v d o
d ar se
ó a o “E
g h e q e m ent es i uj ar s p es
ap et u , d ei ic ez e m er da od et an o io e e
q o
to m R ,
em co s na m v s F r ei b rt v N
en , da m u v o te fo . rfe lá so le ”.
e a — ri re da ão le o m
m m im am v :s p a
d ra r ia n en e ão id so ri s o em
o sa ss ta ai m b
to ci o nta d os sso e p o el
a tã ir
n ch sso ar
a .” o h a en m o , m m n ed s n
, o
ri A acn inf i !
p
o
n
u a v t e n s atl o e p o a
i ir
p a
h u
g
te e. a n o n el e e iz l o d o s, n
na lo
g v er ot às ezr io ém , d
ne or p el pr f ve elh ru an o
m im m
ia F ca os o se
i o o si af ic ía p b n i er
.s . g n
d s-e n
ad an ia ad am u el s e a sí v s u
q fu ó .. io er co
zee u i in
m
er
a v e el nc n s, o eu ev jo rd v
r
o o erl q ic va aa e
tr rá d e u ree re m e, eu d
n
a e
p d d en in lee
s
im fo d m ra su o
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u
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“A , u
se sei io qu n ep ob ta e p ic q
ti s
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..e er o e
ism er do te r u s v ,a em o m g
lé ,a en ir to ar
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agt d v ir
m u
iv en spe laa ely ci si u m se vii icl m s
o iu
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em d m m m d
ri
, d ve o in co en r p o aj
a
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oc o ça
te m p ad pe p n h
li ar
o n
am fa ca
m os alr et sa es
m i co ps p sú m em m s in p b di
ia
n
va H im d o
us te a o nt os
o e ú g s sos ej as
; a
ta o cu en d u s e a idc n m ra p lu S to
d
ect ti d o o so te
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st
n
e an u
a m
ra ra em o
a. di
r es ar si riá li ar m h s té m o p sse oç o n an
o xe re
o ca an vo u li ir a s S E a T s so ers u
p s p t nr
vi p
m lu e a r.
o .s f p a
er s. o
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s,
p ne
fe
se iz A e lh o n
es ai es o q
m d e o
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n o em u nc qu ,m se fi co im p h ar
ssi to ai m
o a m in o lh
m
o o h u ím e
ste em
v
u a el g
a e m n zi co o ne ag o n d o co já d d
o e
o ca
e
d u
m
d o tr m re
MARK TWAIN
to de seu devaneio, percebendo que sua m ente estava
absorta, M ary o cutucou. A casa cantava: “Você está
loooonge etc.”
— Prepare-se — sussurrou Mary. — Nosso nome
virá agora; ele já leu dezoito.
O canto parou.
— Próximo! Próximo! Próximo! — A casa veio
agitando.
Burgess colocou a mão no bolso. O velho casal,
tremendo, começou a se erguer. Burgess hesitou um ins­
tante, depois disse:
— Acho que já li todos.
Quase desmaiando de surpresa e alegria, o casal
mergulhou em seus assentos, e M ary soprou:
— Oh, graças a Deus, estamos salvos! Ele perdeu
o nosso... Eu daria umas cem bolsas de ouro por isso!
A casa explodiu com sua paródia do Mikado e a
cantou mais três vezes com um entusiasmo ainda maior,
levantando-se quando pela terceira vez chegou a seu
verso final: 0
H
O
M
E
M
Mas os símbolos estão aqui, pode apostar! Q
U
E
C
O
R
E finalizando com vivas e um salve especial para R
O
M
a “pureza de Hadleyburg e seus dezoito imortais repre­ P
E
U
sentantes”. H
A
D
L
Daí W ingate, o seleiro, levantou-se e propôs um E
Y
B
viva “ao homem mais limpo da cidade, o único solitário U
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de a? h tio et i­ ­ ar i­ a­ al
ne o o ls in em to o iv n m
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s d A o m eg d v
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d o ot n m bo ez v m si ão p to D ão o en
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ác iv o ssi es m m
ra ge dr , o ne l q d — el ta m co
A o
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b s a u to o; u .. or
m r
se co ro o e en ei
u do u b ím í. o p p h u ar
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s a ag (c i do a an q et en rd o
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ro va am tr o u b ! h
u aln lga ár ad m a; ,e er ém
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H ra cal em co ei d al á
d o u o se ra — ste
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ra aí os e ca rem um pa B e h s T m i (
e:t
d r d in le — e
u am s. sét s os pe
ão
of D e en o t u a q ar ze es
o
.e oã p , ro m — r d E m re r
vo am en d
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iç e o z: o
s. ,o ci la p d to
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a an dó e as e! re en
q s” si ú tr te so v a cu ol
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3 M d O o
ad h it ra r- o
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e
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idc ic lee ags ô uas ov sa co ó a u l v
e ! o o
R et p n es in d su n ta d de m d
MARK TWAIN
reclamante aparecer...”— Grande coro de gemidos. —
“... desejo que vocês abram a bolsa e contem o dinheiro
para os principais cidadãos de sua cidade, para que eles
o tomem em confiança...” —■Gritos de “Oh! Oh! Oh!”
— “... e o usem da melhor maneira que considerem para
a propagação e a preservação da nobre reputação de ho­
nestidade incorruptível de sua cidade...”— Mais gritos.
— “Uma reputação para a qual seus nomes e seus esfor­
ços adicionarão um novo e inalcançável esplendor”. —
Entusiástico acesso de aplauso sarcástico. — Isso parece
ser tudo. Hum, não... tem um pós-escrito:

P. S. — Cidadãos de Hadleyburg:

Não existe nenhum teste de comentário — nin­


guém fe z nenhum comentário. [Grande como­
ção.] Nunca existiu nenhum estrangeiro pobre,
nenhuma contribuição de vinte dólares, nenhuma
bênção de despedida nem conselho — issofo i tudo 0
H
O
inventado. [Gritaria geral e balbúrdia de es­ M
E
M
panto delirante.] Permitam-me contar a vocês Q
U
E
minha história — não vai demorar muito. Pas­ C
O
R
sei pela sua cidade um tempo atrás, e recebi uma R
O
M
grande ofensa que eu não merecia. Qualquer ou­ P
E
U
tro homem se contentaria em matar um ou dois de H
A
D
L
vocês e deixar por isso mesmo, mas para mim isso E
Y
B
seria uma vingança banal e inadequada; afinal, U
R
G
os mortos não sofrem. A lém do mais eu não pode­
ría m atar vocês todos — e, de qualquer modo, do
jeito que eu sou, nem isso me satisfaria. E u queria
era destruir cada homem e cada mulher nesse lu­
gar — e não em seus corpos e em suas proprieda­
des, mas em sua vaidade — , o lugar onde pessoas
frágeis e tolas são mais vulneráveis. Assim, eu me
disfarcei para v ir estudá-los. Vocês eram moleza.
Vocês têm uma velha e arrogante reputação de ho­
nestidade, e naturalmente têm orgulho disso — é
o tesouro dos tesouros, a m enina dos seus olhos.
Tão logo eu descobri que vocês e suas crianças
m antinham -se cuidadosa e diligentemente lon­
ge de tentações, j á entendi como proceder. Porque
vocês, criaturas simples, ainda não haviam sido
testadas no fogo. Inven tei um plano e reuni uma
lista de nomes. M eu projeto era corromper H a d -
leyburg, a Incorruptível. M in h a ideia era criar
mentirosos e ladrões de uns cinquenta intocáveis
74
M homens e mulheres que nunca em suas vidas ten­
A
R
K taram uma mentira ou roubaram um centavo. Só
T
W
A tive medo de Goodson. E le não nasceu nem f o i
IN
criado em Hadleyburg. T ive medo que quando
começasse a operar meu esquema mandando m i­
nha carta para vocês, vocês dissessem: “Goodson é
o único entre nós que podería dar v in te dólares
a um pobre diabo” — e então vocês não morde­
ríam m inha isca. M as o céu levou Goodson; então
percebí que estava salvo, e armei m inha arapuca
para vocês. Pode ser que eu não tenha capturado
todos os homens para quem eu enviei ofalso teste
de comentário, mas eu devo ter pego a maioria, se
bem conheço a natureza de Hadleyburg.
[Vozes: — Certo, ele pegou todo mundo.\
Acredito que eles até mesmo poderiam ostensi­
vam ente roubar dinheiro de jogo, mais que seus
pobres, desajustados, tentados e descarrilados
concidadãos. Espero ter eterna e indefinidam en­
te esmagado sua vaidade e dar a Hadleyburg um
novo recomeço — um que dure — e que isso seja
divulgado além de suas fronteiras. Se isso acon­
tecer, abram a bolsa e que seja fu ndado o Comitê
para a Propagação e Preservação da Reputação
de Hadleyburg.

U m ciclone de vozes: — A bra! A bra! O s d ezoito


na frente! C o m itê para a Propagação da Tradição! Para 0
H
O
a frente! O s Incorruptíveis! M
E
M
O p residente rasgou a bolsa e pegou u m a porção O
U
E
de m oedas am arelas, largas e b rilhantes, pesou-as, b a ­ C
O
R
lançou-as e as exam inou bem . R
O
M
— A m igos, aqui só tem u m a porção de discos de P
E
U
chu m b o pintados! H
A
D
A s notícias foram seguidas p o r um a ensurdecedora LE
Y
B
U
explosão de delírio, e quando o baru lh o afinal se dissi- R
G
­ ­ r­
e ro
e
d o­ a­ e m a to e l­ rg
­ ­ o ar as s, o
n cu V u D u d o i
u su u ca co e tr e ai d
us
P te is
g ! s ra V re b n n
a
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n
li o fo aq y o o
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ra e. o le , le to q
ez en
ê fr ! a: a m
te ec ir
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d it . n ri h fo ém er
b ê
d m se h m
à ça so fú in a u su H as o B a n
li a
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ta m e an il se d g m e
si ar
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n o ss fi
a m a! n al a s e
u
;
te
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d p
u
p ca e
co
C su a st já . ai o ar re tu
o pa n W el ti s ta ,
,
o e p la
q
en en al ro
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d
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r
te
r d e co ! o p
ba lo s! os te d , em so ca n rá
o
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ro ay dó am es
u
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p te
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so n bo sp en m e
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s en e il te d m u
re d ei d
li te m
o n o p o m es
: o u n er u m
sí so si o h al in h s. ra n o d ia cr
u
u id d
si q ro W co p o te re
d
in d n d se
to d ei ! g te
m to H v o ar
g ão r, ta u
ri ce re o
ir n al m lo u se p d s
iç la lu la ão o
p h
in so se se se r de e ck
o — h
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ro co o su d z ,e ro
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co to so ão a a iz h P D m au S
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b er B em m
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d ir d ce s: m d — — as a — es ap em w
d ce a ec e pe a
d W ra re ze co am n e a E re su er
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o z: z: s, m o: el ê ls
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o r:
d as , ia
id os o T e
s vo ! ,
n se vo vo
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u ir o
p oc o h i o of te , am s
rt el h a o
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e le ; b ra fo d ro zi te
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n rs ia v o r n
P se
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li sa n an o ta ei an
cu le em cu p an m m al o ac e a
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o so p fa
s, ão co is cr u es h
Is
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se
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D m a o o se re d rt
u
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m is ar il d o eç p fe
o
p gó p se so cê g p
o
h ar p le ta de ch m re
m
u o os
MARK TWAIN
gradualmente sua audácia, sua determinação, e as ofertas
pularam de um dólar para cinco, então para dez, daí para
vinte, e para cinquenta, daí cem, então...
No começo do leilão Richards sussurrou angustia­
do à sua mulher:
— Oh, Mary, será que devemos? E ... você sabe, é
uma honra... uma recompensa, um testemunho de nos­
sa pureza de caráter, e... e... será que merecemos? Não
seria melhor nos levantar e... Oh, M ary... o que deve­
mos fazer? O que você acha que...
A voz de Halliday: — Quinze dólares de oferta!
Quinze para a bolsa! Vinte! Ah, obrigado! Trinta... Obri­
gado, de novo! Trinta, trinta, trinta! Ouvi quarenta? Q ua­
renta, aí está! Continue rolando a bola, cavalheiros, con­
tinuem rolando... Cinquenta! Obrigado, nobre Roman!
Vamos para cinquenta, cinquenta, cinquenta! Setenta! No­
venta! Esplêndido! Cem! Coloquem mais, coloquem mais!
Cento e vinte... cento e quarenta! Bem na hora! Duzentos!
Soberbo! Será que eu ouvi... oh! Duzentos e cinquenta!
— E outra tentação, Edward... olha como estou 0
H
O
tremendo... mas ah, acabamos de sair de uma tentação, M
E
M
e aquilo era uma advertência para nós... Q
U
E
— Seis... eu ouvi? Obrigado! Seiscentos e cin­ C
O
R
quenta, seis... Setecentos! R
O
M
— E assim, Edward, quando você pensa que... P
E
U
ninguém susp...
— Oitocentos dólares! Hurra! Vamos para nove­
centos! Senhor Parsons, eu ouvi você dizer... Obrigado!
tá a! se sa s o ­ as ­e ai e ­e s ­
ce er ­
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a ro eu el
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es p is o o
.. ens d u rad f ot e
rae u m
tê er er ém em
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o r. ,
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ág t o en “N eqr o b u e m an
m fa S o ; tio m it : p e sã so o g
al
u
q o m i rt
e o
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ém h o u el a u m
ci sos r;a h S o
g d s el d
ta fes v d m ão coi s or
u e m o. p
ir
ni u ai — ica sís s te i n b le co co m h^
v al
g . m esn ti to o o át u de er lo
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b m ar ar sa rae o sã
n o ro ri
u
di us
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z
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b h u a p co un
m ra a
me u
q ar so ac o atv e im mi p so ; d m u e n s el
e ez h
u rn
u . ex go es rae lga o qu o d rt ig
hc o
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á a e n es as
u a ecd al to et h ar ;
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d ot u ti q m a o nc ei is , h to ce st
ni S u q n
ão ci , u ro
d la ef u m em ta ic
de b ... se o o co nâ h
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a q ém co al en o
us eç n m p u ta o R h m
sal s!a
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ça r, e st an e
os en d o e b m a r m n u
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fa ze u n tr m o
g n o, qu m ue
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q u
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da o co m lo ze ssi ta u h
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b
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C . e rc co fa
a o o n ju n
re la qu .. d ci
d e ó ls ,
o d a se ti

G — as er m m r an e, é n
o tá ar o lat an rg ue m
b ! ls
a . u ci
a s u o rv ss at d b u u o re o, eu
o il .
.. dr m q la , sf re
m es u a q b ad b m
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pe so se ai
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ho ca sc o tr o in S o is ad in e i
E ec i. m d a n ad to ia ar . o v r p
co ss
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v E E el co g
r te p o ez de p H é h
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ne o u o b h d m su n am , ro m ó es ag
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N v S m em tã q ta e te in co li
a
p n sa
u
q
u
q co n so de m
o
h v
M A R K TW A IN
por direito o prêmio é dele. Vai ser uma sorte grande,
também, se eu puder ajeitar as coisas. Ele me desapon­
tou, mas vou deixar passar.”
Ele seguia observando os lances do leilão. Quando
atingiu mil, o mercado quebrou: os preços tropeçaram
rapidamente. Ele esperou, ainda observando. Um com­
petidor desistiu; depois outro, e mais outro. Ele fez um
lance ou dois então. Quando os lances atingiram dez
dólares, ele aumentou em cinco; alguém colocou mais
três; ele esperou um pouco, jogou um lance de 25 dó­
lares, e então a bolsa era sua — valendo 1.282 dólares.
A casa explodiu em aplausos — daí parou; estava a seus
pés, assim ele levantou a mão.
Começou a discursar:
— Desejo dizer uma palavra, e pedir um favor. Sou
um colecionador de raridades, e tenho negócios com
pessoas interessadas em numismática do mundo todo.
Posso ter um bom lucro com essa compra, assim mes­
mo do jeito que está; mas existe um jeito, se eu conseguir
sua aprovação, para que eu transforme cada uma dessas 0
H
O
peças de vinte dólares valer sua face em ouro, ou talvez M
E
M
mais. Deem-me seu apoio e eu repassarei parte dos meus Q
U
E
ganhos ao senhor Richards, cuja invulnerável probidade C
O
R
vocês reconheceram com tal justeza e gentileza esta noite; R
O
M
sua parte será de dez mil dólares, e eu darei o dinheiro a P
E
U
ele amanhã. — Grande aplauso da casa. — Mas a “invul­ H
A
D
nerável probidade” fez os Richards enrubescer levemen­ L
E
Y
B
te; claramente, isso ocorreu por modéstia, e não fez mal U
R
G
a sa o m ­ sê
os a o de
­ ­ l­ e a o o ra. ­ a -
ti te
o
b ca
d u en ovc st
d d u
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,
is s. m d n l ea atd en
tu gl sa in oã eln u s o u er s
a a é a m ro o u “d es ga ta
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d p er o am
m d e r co e
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h o oi is le vaa iu ri o o
p
V pa b rt
u s , o in v ... d v s m ce
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p os o as p , rb to o to
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br s rea io
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o sa sã ez to tu ce
o d ei r s ai id
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es éd a . a
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m o d en m ex na an erm
ir o
p n m ses m ar rr ia ed
do ad er m m m u s, set aeç
d o k s re
oc d o
o a
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leh ids sa e o lo t a s d ar en
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k âm a m
p
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ve em or aeç eu ta ar C a d a
ro d m am H ca
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to oi d .s b m n m m m
p rçe ne m r a o et
da a p ro r” o H u a u a
a t e cu ia m N s d m , e am o h . e n
ia a as
h pr ar u ne va ha sí u ,
eç ed to d ra “c
ni is ti
m a st a — le
ot tos e s o
tr ei er o
m acd ... al os m h
am
u o te S d ca
do n
se
re o é
p i rg an o n o d u d n fi
m se c g e fo s
elv
p o o r “d o en ca a. ta ngi .
m de n oã es eu de
u de ga o or nã C se m o at tr en
e oc cr q at d p u a si sco
asr iar
s
es os s e to se êcs a O a p o
u u
es çaa tã
o m o o ajr
e .— o ra er a m q m ne
asp a m acf ier ra p çã e
ses vo o ad e. , u a
es é ai
st u ad f n ca ro e, lt h -s
E n ja o n b
o o id .E sa lha lo p va -s u r
o an m u .

o se d o ia m tw
êcs g e
ro
n
tr u rt n rt ta o
m ar qu to n v co a rak o hl st s. to e u ta e já
, lhi
ov eu co R ei ar ca e ap m
ra
a e es o so
n e k o u k ta
adc
ot
sp p se tr m ac se ad in in e en
ei .
çoe toi
,
ro de ta H n o u 4; spi
e en la id ,
m o
S — ar re ta o a
ci or en
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P ta d P
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to p n , ne e t,
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S C te — es A E u
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o a , en en
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o e ru s
io raa
d iê aç m av esr u u
g ai uq st s d ca la ”r en am ão
o
ed st q M s
ai
al m — o in árt p do au o ap to m m n
p
o p
a
d E
o
d e 4 m
MARK TWAIN
nham um forte apetite por dinheiro; cada um dispunha
de uma enorme porção de terra, com um propósito:
planejava-se uma nova ferrovia, e cada um queria estar
na Câmara para dar uma ajuda e dirigir a rota em seu
próprio terreno; um simples voto poderia fazer a deci­
são, e duas ou três fortunas.
O investimento seria pesado, e Harkness era um
especulador destemido. Estava sentado perto do estra­
nho. Encostou-se nele enquanto um ou dois dos outros
símbolos entretinham a casa com seus protestos e ape­
los, e perguntou, sussurrando:
— Qual é o preço da bolsa?
— Quarenta mil dólares.
— Te dou vinte.
— Não.
— Vinte e cinco.
— Não.
— Digo trinta.
— O preço é quarenta mil dólares, nem um cen­
0
tavo a menos. H
O
— Tudo bem, fechado. Encontro você no hotel às M
E
M
dez da manhã. Não quero que isso venha a público; vou Q
U
E
ver você em privado. C
O
R
— M uito bem. — Então o estranho se levantou e R
O
M
disse à casa: P
E
U
— Está tarde. Os discursos desses cavalheiros não H
A
D
L
são ausentes de mérito nem de interesse nem mesmo de E
Y
B
graciosidade; mas peço desculpas, pois tenho de ir. Agra- U
R
G
­
ei
a
co a, ­ s, ê . ­ o s, ry s, os to a; .
ar m ls se m
va oc !” n tã am
y .
ac p n
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ra u
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o a o
an ad ar m
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b o r vi “V ém n h
n M ad ar e
u u n M si
m d e a a ze r E
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ei ar e. fa
e a m ta e. te cu as se a,
ta d h aa is a, en is ad
o
ra u in o ir p it
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se m ão te as
n u s s p m a n is la .. a- to al o
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ze is
o q se A ez o iê ei
n in lh a n an
em te es eu B d m a em e ta o an it fa co
d . au el d F s re d
es
d en e — e
v s sa a p m m
s.
o s
u b g ar e as
ur s. o
am a m
em se so ,h d
e
u
d
si d no d ca a m
u e o
h u o m w o as
q re
g
se ar s te a o s er é v
ti d s co d se p
r h su d r o u v at m o E la
E is
d
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A an an
o
p d
ti aa ti s ia sa p u
o
d a. d ão .T
v ao qu st la aa to ec en — d an ci e n o
fa R
.— re em x
ei
o
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s e cé te it
e o e r
te a,
s m d
ar en ar
p
, u
q s? rv ên u
o cr
d eç ã, o o d o o
el P o o e se er ir en es
n P h h
n en ei so , p m h
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ra . an se d es
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ti m p u ri s. n a b
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ão si ar co
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o iç am o
tr p , d
a s m p am m
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el et a p em al ik
e o cu a : v co ém te
p p é
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el rn
d ,
em se cê
o
it a ta n o
s a p a d M e sa e m is ri es
b e
cê h a ar eu ar fe g
ca ra e d o u tó am m g m
in ls es p h
o
tã in
o
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s v ta co
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b ar as ze ic n n o çõ fi m u , u co ta e A i
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la ra o d
ac sa n el fo
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al ir — ar a-
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o d sa r u a tu ta
sp ap
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i.
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h ar el tá ra in n w
d
a
el x tã
d ta m m p e n b p es g af se su E p u
p
s
o en
o
F
MARK TWAIN
IV

M ary relanceou o olhar para ele e o fixou, mas ele não


retornou a encarada. Então ela disse:
— Acho que parabéns e congratulações são sem­
pre bons. Mas acho que agora... Edward?
— Sim?
— Você vai continuar a trabalhar no banco?
— N ... não. 0
H
O
— De manhã. M
E
M
— Não parece a melhor coisa a fazer. Q
U
E
Richards curvou a cabeça sobre as mãos e res­ C
O
R
mungou: R
O
M
— Antes eu não tinha medo de deixar passar oce­ P
E
U
anos de dinheiro das pessoas pelas minhas mãos, m as... H
A
D
L
Mary, estou tão cansado, tão cansado... E
Y
B
U
— Vamos pra cama. R
G
­ à ­ .s
sal e oc e
ei m eu u co
­i
eu
u a ­
al
e
it
a
de de
te
v
n
d e u n
e cee o te se em or ei
x em
o
ci ro s, ev tea sa,
u n
an
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ag re o ? r s
b s
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ri crs ar
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p à en m e
u n d se es te ta
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us n u p
l e e ani ap m m is e eq em o m
e
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u
o n
o
k ed q s
o ó u,i s es u te , e ch d u m ó
ch
u
o ar p ,r d d d ez d e n v n ad
b
, an e já d V
em
it o 0 sa ar ne O se ?i so d u

d .
os
!
is H o d m 0 o a evs u ci
o
ém s s 0 so n
z,e
h tra u .5 sse h v h d i!c en d oi pe
0 is so m
u an ic s an za ti aq ta an
b m .5 ta
en re
q d tr o u 8 n R la tr ri
e h m co ep lo 8 e ei ie
re p oc 3 kr nh o ls
a pe es m ta ,d ve
u
ac
h
s es oa lo de
e pe es o : ze t d a e;t q
etp
v
o
.A
a d b iu co o S e s av vo en e se
h
xi O o ,r H a u o ru re v b l s
te m
do st
na ão S
n o C acs io ; h alt a ta e no es t m n s
ra tá el. n
ta . ai
o e
u p pe u n o e an el di E as lu r
o re
set e li esr q à es to ru e eu x a. o rt en
. de ss b o cê p la
m m is i o
el ol g qu
u
ez r e
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v
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o u m o
p la o o fo
s e e rot rt se
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p v o s
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d v
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V , de qu ra s m
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pa je , e as o es
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an e a e, s o ce na d
ci ro ro qu r
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ls p e. se u en m o en n
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rt a re d de en
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áj da g ez
e en
e u ch 1 ro u u p tã se b te c se v
u
q m de
o
d
o
n ac
MARK TWAIN
banco — mesmo que isso me pareça ter sido solicitado,
M ary — , mas nunca tive muita coragem, e não tive co-
Ihões para tentar negociar um cheque assinado com esse
nome desastroso. Pode ser uma arapuca. Esse homem
tentou me pegar; escapamos de um jeito ou outro; agora
ele está tentando de outra maneira. Se forem cheques...
— Oh, Edward, isso é j)éssimo\ — E ela pegou os
cheques e começou a chorar.
— Coloque isso no fogo! Rápido! Não nos deixe­
mos cair em tentação. E um truque para fazer o mundo
rir de nós, junto aos outros, e ... Dá pra mim, já que você
não consegue fazer isso! — Ele pegou os envelopes e os
manteve agarrados até chegar ao fogão; mas ele era hu­
mano, era um caixa de banco, e parou um momento para
ter certeza sobre a assinatura. Então quase desmaiou.
— M e abane, Mary, me abane! Eles valem ouro!
— Oh, que incrível, Edward! Mas como?
— Assinados pelo Harkness. Que mistério será
esse, Mary?
— Edward, você acha que... 0
H
O
— Olhe aqui, olhe isso! Q uinze... quinze... quin­ M
E
M
ze... trinta e quatro. Trinta e oito mil e quinhentos dó­ Q
U
E
lares! Mary, a bolsa mesmo não vale vinte dólares, e H a- C
O
R
rkmess.. aparentemente... pagou tudo isso. R
O
M
— E tudo isso vem pra gente, você acha... no lugar P
E
U
daqueles dez mil? H
A
D
L
— Sim, parece que sim. E os cheques estão ao por­ E
Y
B
U
tador, ainda por cima. R
G
­ as . s, o,
is m ão al .
d u n , r u so ra id
? e .
as ém i­ so a e ­ o ig .
.. av ec
so co
u .. d ão is ja m ov u
do is
is
q
so al rd ei u en
m e
ar al er
an ra is ,m a
ei
e b co to a u p m
é b n tá pe e iz ez e: m q rt
o ei é so es id ec ,f d, a ue ss ei ia o as r
u ço —
er su eg di u ar
. p
el te
m m q e en e a pe or a q im su
o u
g u
ad m cê m nh ri P e st b i
C al
q . h u e vo ve em o m e
ão o es p
te id i,
o se l .
di
o
ir
e . g o
g s it
s? n u st a
ne a nã a ve er o, vo em si sa ed
d em as eq
S
ne
h o
ar
h sp eu n es cr
ar s l in ga as de e á
n P
su
g no , ta co
s es M ch ta ho T da C qu o a. fo o di a
w o
-l n . en nr . ti o e id se u
d k o s o a s. ho ci as de es st d d
er re ão es e
E
cá ar ci do
d
õe
e
be n m el ac n
, ó ia Su m a
st
lç u
e. fu co u . ec e
m o H eg af aç o ca o q a áv q e .. er qu
o tr to o. nt as st E m a ec er , el d
b a ez n n gr : re o. as es ut
a er m o h
ar
rá ar ju li ia ad te m
su m id u it is A .
.. m e
p
v
al
se a ca iz nt s ,

P er nd et m u cr m .
ry w ab
se es av po da
. nc s o
co
o o es d ém s
a T d a D vo te si da ig m
cê x m ém a E
so ic st . sa e en o u u b u s
is d . m ra nc de é
as
m
co de tã vo p e ,M
, g eu
o
in am
E
co de am , s ec to m ão al D
as
a . u
at ca te ém br s
de d n ta se n
m ag ib im a u al er ta en io ar ar si en e
sa av n o n b do os a
êm P u h S e
M U
im
S
st si st re nc m m d h e E P A
— — as e? — E as E do fe si ta as ap ho ni pr ic m —
, R — , — —
te so et ia y — — y
r
n es
h
il av ar a
ta p b h M M
MARK TWAIN
uma vez — , eu poderia dar os quarenta mil dólares a
essa pessoa. E jogaria aquele papel fora, como se repre­
sentasse ouro e joias, e o manteria longe pra sempre.
Mas agora... não podemos viver à sombra dessa pre­
sença acusadora, Mary.
Jogou-o no fogo.
Um mensageiro chegou e entregou um envelope.
Richards pegou o bilhete e o leu; era de Burgess:

Você me salvou em uma época difícil. Eu salvei


você ontem à noite. Foi o preço de uma mentira,
mas eu f i z este sacrifício por livre e espontânea
vontade, por um coração agradecido. Ninguém na
cidade conhece você tão bem quanto eu — sei quão
nobre, bravo e bom você é. No fundo você não me
respeita, conhecedor que é daquele assunto em que
sou acusado, e, por muitas vozes, condenado; mas
eu peço que pelo menos você acredite que eu seja
um homem agradecido; isso vai me ajudar a car­
regar meufardo. 0
H
O
[Assinado] BURGESS M
E
M
Q
U
E
— Salvo, mais uma vez. E em que termos! — C o­ C
O
R
locou o bilhete no fogo. — E u ... eu queria estar morto, R
O
M
Mary, queria estar fora disso tudo! P
E
U
— Oh, que dias amargos, amargos, Edward. As H
A
D
L
punhaladas em sua generosidade são tão profundas — e E
Y
B
chegam tão rápido! U
R
G
li ­ : .e ­e ­ r ;
asr
a a sa e ­ i­ a as es
­ ra e 3.3
m re m m
er h m i d en ial m
ia rro u h it r
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p .E E
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n u ér o ecb es ci n
ti d ha se a õ q 19
is a 5 alv ”..
ne
h çã n d te m r aç as
o sa re il re d, n e
ass m il e
d h s pa ..i erg e b eli co re s
ai
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se
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inc afl
u
so
p s
am re ap
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ti i ag ac
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in co ilo e es 18
do n s ta o a ar se e er
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at as as p
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ra la es o e
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eit s u
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u u m a tr
m b h o
ev ; ic a
vo ob sq m m co ar ne
u u
p sa
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tu g n R u o M re lh a ,q ;
em -ds ad tr jo
R
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o so aq d . no sc ,f ão ve do o lo e
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a l “V , .
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de cu ui et ul
adc a p es o o so e se id a o rm sa ta ar ne
ia : d isd o k d
et h r ct u ó aq rc
m u
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re se o it in qu as ern an se pe se m sc in spe ci
es u gá a- m P is ci
m
es e m lm e
çõ es b a am ap co
g e as o o
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m sa o
p av sse h l e
br po ên o d ,
ja m m u en ec
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co zia
a p int ca de cis va
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ce te a aq
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e so a. ta
m a ca an re as h m ai p uo
o
tr atm D a ot da asr
n via pe an rt ig n o ia es
s id m
”. da i u co es ch ti ec e
da d o s izf es i fee o b asl h o a am ; ad rm ar
e ,d
s n
re
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cea , o
n p tr ar ho as m
u a p N er o h o p a
et ers
te ere e
ce ret n b su ca
e á im l. it ac d
sa f
qu sa m ce a ro qu e h iac
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o je oã ir la
na
rp sa fa k o oc n at es o u a at re te d dó
d
io in co
m u hl s ,q d m o p en rm r
s su a d a m
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e u q que
o
ra ina
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h
el ta te
ia a árt tr P a, as
i e ve d
az st m se in
d i m
u u ] a eç fo cae go tr b of v se m
icl
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fo m
en o o d e te ch o
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su o o o
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s — e m a ad o ca s es us da s an s m s t a
T a d
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in d te n V se ja o ém u Is ai
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lt ss ra ic
a n k b q m ve , ree o .)
ia b ce ar m ra m m m m o
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e
ar .T
esr
M
el m o
v “O v
o [A so n
ú re H ra co co ta to o
o
d
e
d
di
t d p 5 (N
MARK TWAIN
haviam cometido pecados mortais. Depois da igreja, eles
se desvencilhavam do aglomerado de congratulações o
mais rápido que podiam e se apressavam no caminho de
casa, gelados até os ossos com algo que não sabiam o que
era — medos indefinidos, vagos, obscuros. E se por aca­
so pegassem uma piscada do senhor Burgess enquanto
ele virava a esquina... ele parecia nem dar atenção aos
acenos de reconhecimento deles! Nem tinha visto; mas
eles não sabiam. O que queria dizer essa conduta? Pode­
ría. .. podería significar um monte de coisas. Seria possível
que ele soubesse que Richards pudesse tê-lo tirado a culpa
daquele negócio tão longínquo, e tivesse silenciosamente
esperando por uma chance para ficar quites? Em casa,
angustiados, eles imaginavam se a empregada tivesse,
no quarto ao lado, escutado quando Richards revelou
à esposa o segredo sobre a inocência de Burgess; depois
Richards começou a pensar que ele tinha ouvido o des­
lizar de um vestido naquela época; então, ele começou
a ter certeza de que tinha ouvido. Eles poderiam cha­
mar Sarah, por um pretexto qualquer, e investigar seu 0
H
O
rosto; se ela os tivesse traindo para o senhor Burgess, M
E
M
isso aparecería em seu comportamento. Fizeram a ela O
U
E
algumas perguntas — perguntas que eram tão aleatórias C
O
R
e incoerentes e aparentemente sem objetivo que a garo­ R
O
M
ta ficou segura de que as mentes daqueles velhos haviam P
E
U
sido afetadas pela súbita boa fortuna; os agudos e vigilan­ H
A
D
L
tes olhares fixos que eles mantinham a assustavam, e isso E
Y
B
fechou a conta. Ela enrubesceu, ficou nervosa e confusa, U
R
G
de
ar óss te a­t i- er o o
nt
­ a o .. ­ áj ia e­ e a s­ ão
.
e
en l R lh em d o
ta m r. en le úz ac
u v coi
l ga n su ag e q ta au h
na al a u ,
ers iro
u uf o co iz m ,e da so s s ex il éd
si e m a m u as or n , d co y o el rb
a am et p a g o el a ê eu i ar m os
s at a to tu
m
o id av ir m su iln
“N cl oc va
e o s o
ín v ao a ue e d u n b ca en o
u ú ste d
av e a : aqd te V .
.. êc e .M a
e
ss
ne d oã m s u
otu
ne i! st ir m s o m o
di
g tr a jeo
S
se ca vo te u e e O lh ta d
m es n n va ss! ci é m u tr so nd . e ci to o
m se el s co u os? a ue
ap
e o es is o o v e d
u , ça eg q ge le
e it u d i p ad o ex n
o en ar is
ur
u
fe ar q m
s V res
se u
eu — d pe hc
é E q
er u
e o co e o g
ec an r ão s s e B . or q a i no . a ! am u el çõ se
ar so ta aç sai
o
it u o o
ed
p m se
e
p a em nc
o hc q p la ,
or u
n b q d eb ec
át o u ol ar b u nd o tau as
p Q in co sú rc es be u ze
i m
di
os ed a.r ju b O et
e
nh ra E e p i n fo zia adr r
a as r pe co
, sa E ...
v
en os se le fa st
g s
is m o m
oc o os? h
il
h
e. is o, ,e a o di n o
os o d am o p
is eu , A le
as ..
. el esu d ic ã or oc
lh ti
p ari r a d o b ta ”. E ív a s h
d si A an éd h p im
lt
t çae ss an
di é o ra ei o fr ry rr
s
la
ve et e e, o ad e! a eu ar d . e m an te
, ú
do a ne u u et sp ud
a o u ei ja u pe s
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MARK TWAIN
A cidade estava sinceramente angustiada; para eles, só
havia sobrado a decrépita dupla para se orgulhar.
Dois dias depois, as notícias eram piores. O casal
de velhos estava delirando e fazendo coisas estranhas.
Para suas enfermeiras, Richards havia exibido seus che­
ques.. . de 8.500 dólares? Não, mas de uma extraordiná­
ria soma: 38.500 dólares! Qual seria a explicação para
tão gigantesca peça de sorte?
Nos dias seguintes as enfermeiras tinham outras
notícias... e maravilhosas. Elas tinham resolvido escon­
der os cheques, para lhes causar menos perturbações;
mas quando procuraram, não estavam mais sob os tra­
vesseiros dos pacientes — tinham desaparecido. Os pa­
cientes disseram:
— Deixem os travesseiros aí como estão, o que vo­
cês querem?
— Pensamos que seria melhor que os cheques...
— Vocês nunca verão esses cheques de novo, eles
foram destruídos. Vieram de satã. Eu vi a marca do in­
ferno neles, e sei que eles me foram enviados para que eu 0
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pecasse. — Então Richards caiu tagarelando coisas es­ M
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MARK TWAIN
Meu testemunho, unicamente meu, poderia tê-lo salvado,
e eu fui um covarde e o fiz sofrer uma desgraça...
— N ão... não... senhor Richards, você...
— M inha empregada traiu meu segredo para ele...
— Ninguém traiu nada para m im ...
— ... e então ele fez a coisa mais natural e justi­
ficável: se arrependeu de ter demonstrado sua gentileza
comigo, e me expôs.. . e eu mereci...
— Nunca! Eu juro...
— Mas do fundo do coração, eu o perdoo.
Os apaixonados protestos de Burgess caíram em
ouvidos surdos; o moribundo faleceu sem saber que
mais uma vez havia levado a mal o pobre Burgess. A
velha esposa morreu à noite.
O último dos sagrados dezenove foi rapinado pela
diabólica bolsa; a cidade foi estripada do último trapo
de sua antiga glória. O funeral não foi pomposo, mas
foi grave.
Por um ato da Câmara dos Vereadores — sob pre­
ces e petições — , permitiu-se que Hadleyburg mudasse 0
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seu nome para (deixe pra lá — não vou espalhar), e dei­ M
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xasse aquela palavra fora do lema que por gerações havia Q
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agraciado o selo oficial da cidade. C
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cisa se levantar cedo até ter direito a um novo cochilo. P
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MARK TWAIN
TÍTULOS DA COLEÇÃO
A ARTE DA NOVELA

BARTLEBY, O ESCREVENTE | HERMAN MELVILLE


A LIÇÃO DO MESTRE | HENRY JAMES
FREYA DAS SETE ILHAS | JOSEPH CONRAD
A BRIGA DOS DOIS IVANS | NIKOLAI GÓGOL
MICHAEL KOHLHAAS | HEINRICH VON KLEIST
STEMPENYU, UM ROMANCE JUDAICO | SHOLEM ALEICHEM
OS MORTOS I JAMES JOYCE
O COLÓQUIO DOS CACHORROS | MIGUEL DE CERVANTES
O VÉU ERGUIDO | GEORGE ELIOT A
A MENINA DOS OLHOS DE OURO | HONORÉ DE BALZAC A
R
UM CORAÇÃO SIMPLES | GUSTAVE FLAUBERT T
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MATHILDA | MARY SHELLEY
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O HOMEM QUE QUERIA SER REI | RUDYARD KIPLING A
UBIRAJARA | JOSÉ DE ALENCAR N
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A PEDRA DE TOQUE | EDITH WHARTON V
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O HOMEM QUE CORROMPEU HADLEYBURG | MARK TWAIN L
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A ARTE DA NO VELA
MARK TWAIN nasceu Samuel Langhorne Clemens em 1835
na pequena cidade de Florida, no Estado de Missouri,
nos Estados Unidos, e cresceu na cidade portuária de
Hannibal, às margens do rio M ississipi. Sua educação
form al se encerrou quando tinha 12 anos, logo após
a morte do pai, quando começou a trab a lh a r primeiro
como tipógrafo e, depois, como jo rna lista . Perseguindo
um sonho de infância, com 24 anos tornou-se piloto de
embarcações flu via is. Adotou o pseudônimo de Mark
Twain - derivado de um termo náutico que descrevia
condições seguras para navegação - para suas
primeiras histórias de humor. Em 1861, com a eclosão
da Guerra Civil, alistou-se no exército confederado,
desertando, após um breve período, com m ilhares
de outros soldados. Em 1865, seu conto A célebre rã
saltadora do condado de Calaveras o faz conhecido,
e com Aventuras de Tom Sawyer (1876) ganha fama
mundial. 0 príncipe e o mendigo (1881) e As Aventuras
de Huckleberry Finn (1885) o consolidariam no
im aginário de gerações. A morte da filha e da esposa,
além de dificuldades financeiras, se refle tira m em seus
últim os escritos, obras em que o escuro tom ou o lugar
do antes lum inoso humor. Ele morreu em 1910, como
escritor consagrado, em Redding, Connecticut.

SOBRE A SÉRIE
Muito curta para ser um romance, m uito longa para
ser um conto, a novela é geralmente um gênero pouco
reconhecido por acadêmicos e editores. No entanto, é
querida e praticada por grandes escritores. A série
A ARTE DA NOVELA celebra esta forma de arte renegada
publicando histórias, em muitos casos, apresentadas
como títu lo s independentes pela primeira vez.
“PORQUE VOCÊS, CRIATURAS UD
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SIMPLES, AINDA NÃO HAVIAM SIDO N w
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TESTADAS NO FOGO.” 8 ru
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PUBLICADA EM COOPERAÇÃO COM

MELVILLE HOUSE
TRADUÇÃO DE RONALDO BRESSANE

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