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Dissertação de Mestrado

CONTRIBUIÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA


METODOLOGIA DE ANÁLISE, GESTÃO E
CONTROLE DE RISCOS GEOTÉCNICOS PARA A
ÁREA URBANA DA CIDADE DE OURO PRETO

AUTOR: MICHEL MOREIRA MORANDINI FONTES

ORIENTADOR: Prof. Dr. Romero César Gomes (UFOP)

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOTECNIA DA UFOP

OURO PRETO - ABRIL DE 2011


F683c Fontes, Michel Moreira Morandini.
Contribuição para o desenvolvimento da metodologia de análise, gestão e
controle de riscos geotécnicos para a área urbana da cidade de Ouro Preto
[manuscrito] / Michel Moreira Morandini Fontes - 2011.
xxi, 132f.: il., color.; grafs.; tabs.; mapas.

Orientador: Prof. Dr. Romero César Gomes.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto.


Escola de Minas. NUGEO.
Área de concentração: Geologia de Engenharia e Geotecnia Ambiental.

1. Geotecnia - Gestão de riscos - Teses. 2. Escorregamentos (Geologia) –


Ouro Preto (MG) - Teses. 3. Deslizamento - Teses. 4. Inclinômetro - Teses.
5. Clinômetro - Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto. II. Título.

CDU: 624.131.537(815.1)

Catalogação: sisbin@sisbin.ufop.br
“Vivemos em uma época perigosa. O homem domina a natureza antes que
tenha aprendido a dominar a si mesmo.”

Albert Schweitzer (1875-1965)

iii
DEDICATÓRIA

Aos meus queridos pais, sempre presentes, e ao amor de minha vida Michelle,
pelo apoio incondicional.

iv
AGRADECIMENTOS
A Deus, por estar sempre ao meu lado e permitir a conclusão de mais esta etapa.

A Engenheira Geotécnica Michelle, minha mulher, pela inesgotável fonte de apoio e


incentivo, luz que me conduziu a esta conquista. Por acreditar e dedicar-se
incondicionalmente a mim em todos os momentos de nossa vida.

A meus Pais, pelo apoio, carinho e principalmente educação, sendo através da qual
estabeleço minha conduta pessoal frente às adversidades da vida.

Ao Professor Romero, mestre a quem estimo sinceros agradecimentos pela iniciação na


engenharia geotécnica na UFOP. Foi e sempre será pessoa de grande relevância
educacional e profissional, referência primária dos conceitos obtidos antes e durante o
desenvolvimento deste trabalho, tive a honra de tê-lo como meu Orientador.

Ao Núcleo de Geotecnia Aplicada, NUGEO, e a Escola de Minas, pelo ensino público


de qualidade.

À Prefeitura Municipal de Ouro Preto, através da Secretaria Municipal de Obras na


pessoa da Sra. Cecília, à Defesa Civil de Ouro Preto e ao Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) pelo apoio e disponibilidade de dados para
consolidação da metodologia utilizada.

A Fundação Gorceix pelo apoio financeiro a instalação de verticais de inclinômetro nas


encostas da cidade de Ouro Preto-MG.

Ao Geólogo Alaor Ribeiro de Abreu pela contribuição e ensinamentos quando da


utilização do software ArcGIS.

Aos meus irmãos por fazerem parte de minha história apoiando e por agora
compartilhar comigo mais este momento.

v
Aos alunos de Graduação, bolsistas do Nucleo de Geotecnia Aplicada que contribuíram
significativamente durante os trabalhos de campo.

A minha segunda família, o Sr Wiston e Sra Sônia, pelo apoio e carinho sempre
oferecidos.

E a todos aqueles que contribuíram e torceram por mim em mais esta jornada!

vi
RESUMO
O intenso processo de urbanização vivido no Brasil a partir da década de 70, aliado à
falta de recursos e de políticas habitacionais adequadas, proporcionou um amplo
processo de ocupação de áreas urbanas, resultando em graves situações de risco. Este
contexto se aplica integralmente à área urbana do município de Ouro Preto/MG,
ambiente moldado num cenário de elevada complexidade geológica e geomorfológica,
passível, portanto, de potenciais mecanismos de movimentos de massa e impactos
diretos sobre a infra-estrutura local e à população. O objeto deste trabalho consistiu em
aplicar os princípios e as bases conceituais das análises de risco a escorregamentos ao
sítio urbano da cidade, visando contribuir para a prevenção/mitigação dos riscos e para
a gestão político-ambiental deste espaço. A proposta metodológica desenvolvida incluiu
a utilização de ferramentas SIG por meio do Programa ArcGis. Os atributos e
parâmetros admitidos como potencialmente indutores dos mecanismos de
escorregamentos foram os seguintes: declividade, forma das encostas e litologia. Dentre
os fatores analisados, a declividade exerceu maior influência, seguida pela litologia e
pela morfologia local. Os resultados foram sistematizados em um mapa de
suscetibilidade a escorregamentos e um mapa de perigo a escorregamentos. O primeiro
traduz a predisposição do espaço físico induzir movimentos de massa. O mapa de
perigo a escorregamentos representa a probabilidade da ocorrência destes processos e
suas conseqüências em termos de danos físicos e patrimoniais, além de perdas de vidas
humanas. O trabalho incluiu ainda os estudos e resultados obtidos com programa de
controle e monitoramento do espaço urbano da cidade, por meio de inspeções in situ e
instalação de inclinômetros em áreas críticas. Tais procedimentos, integrados aos
estudos dos condicionantes geológico-geotécnicos locais, propiciaram a definição do
zoneamento de áreas de risco da área estudada, levando-se em consideração a influência
direta das ocorrências registradas ao longo do tempo.

Palavras Chave: Risco; Suscetibilidade; Escorregamento; Inclinômetro; Ouro Preto/MG

vii
ABSTRACT

The intense process of urbanization that has occurred in Brazil since the 70s, together
with the lack of resources and appropriate housing policies, provided an extensive
process of occupation of urban areas, resulting in serious risk conditions. This context is
fully applicable to the urban area of Ouro Preto / MG, environment framed against a
backdrop of highly complex geological and geomorphological, liable, therefore,
potential mechanisms of mass movements and direct impacts on local infrastructure and
population . The object of this study was to apply the principles and conceptual basis of
the analysis of landslide risk to the urban city, aiming to prevent / mitigate the risks and
the management of political-environmental space. The methodology developed included
the use of GIS tools using the ArcGIS program. The attributes and parameters accepted
as potentially inducing mechanisms of the landslides were the following: slope
inclination, lithology and the shape of the slopes. Among the factors analyzed, the slope
inclination had a greater influence, followed by the lithologies and by the local
morphology. The results were summarized in a landslide susceptibility map and a map
of the landslide hazard. The first reflects the predisposition of the physical space to
induce mass movements. The landslide hazard map to represent the likelihood of such
processes and their consequences in terms of physical damage and property, and loss of
life. The work has included studies and results of program monitoring and control of
urban space in the city, through site inspections and installation of inclinometers in
critical areas. Such procedures, integrated with studies of geological and geotechnical
local constraints zoning enabled the definition of risk conditions in the local site, taking
into account the direct influence of the geotechnical invents recorded over time.

Keywords: Risk; Susceptibility; Slip; Inclinometer, Ouro Preto / MG

viii
Lista de Figuras

CAPÍTULO 2

Figura 2.1 − Classificação de riscos ambientais (Cerri, 1993; Cerri e Amaral, 1998) .. 11
Figura 2.2 − Mapa de suscetibilidade a movimentos de massa do Estado de São Paulo
(DAEE/IPR,1985)............................................................................................................16
Figura 2.3 − Classificação de métodos de avaliação de perigos a escorregamentos
(modificado de Aleotti & Chowdhury, 1999) ............................................................... 20
Figura 2.4 − Exemplo de mapeamento de risco em Ubatuba (IG/SMA, 2006) ............ 29

CAPÍTULO 3

Figura 3.1 − Planta da cidade de Ouro Preto - 1888 (fonte:acervo cartográfico do


arquivo público mineiro) ............................................................................................. 33
Figura 3.2 − Planta da cidade de Ouro Preto escala 1:20.000 - 1939 (fonte:acervo
cartográfico do arquivo público mineiro) ..................................................................... 33
Figura 3.3 − Evolução da ocupação da área urbana de Ouro Preto (Castro, 2006) ...... 34
Figura 3.4 − Distribuição espacial da malha urbana da cidade de Ouro Preto (2010) ... 35
Figura 3.5 − Mapa geológico da área urbana da cidade de Ouro Preto/MG (Lobato et
al., 2005) ..................................................................................................................... 37
Figura 3.6 − Mapa Hipsométrico da cidade de Ouro Preto .......................................... 42
Figura 3.7 − Mapa de Declividades da cidade de Ouro Preto ..................................... 43
Figura 3.8 − Classificação de solos da área urbana de mariana/MG (Souza, 2004) ..... 48
Figura 3.9 − Evolução de vertente / bairro Piedade (Fonseca e Sobreira, 1997,
modificado) ................................................................................................................ 49
Figura 3.10 − Ruptura do talude da Avenida Perimetral (Gomes, 2002, modificado) . 50
Figura 3.11 − Escorregamento na Rua padre Rolim em 1979 (IPHAN, 1979) ............ 51
Figura 3.12 − Evolução da ocupação da encosta no Bairro Jardim Alvorada .............. 52

ix
CAPÍTULO 4

Figura 4.1 − Modelo do cadastro dos registros de MGM na área urbana de Ouro Preto56
Figura 4.2 − Registro Fotográfico da ruptura ocorrida na Rua Padre Rolim ................ 59
Figura 4.3 − Exemplo de solução estrutural inadequada (Rua René Gianetti) .............. 60
Figura 4.4 − Distribuição das ocorrências cadastradas por tipologia dos eventos
geotécnicos.................................................................................................................. 61
Figura 4.5 − Modelo da ficha de campo utilizada nas inspeções in situ ....................... 62
Figura 4.6 − Exemplo de grid regular ......................................................................... 66
Figura 4.7 − Mapa Geomorfológico da área urbana da cidade de Ouro Preto .............. 70
Figura 4.8 − Mapa de Uso e ocupação do solo da área urbana da cidade de Ouro Preto71
Figura 4.9 − Classificaçaõ das formações geológicas pelo Diagrama Triangular (Souza,
2004) ........................................................................................................................... 73
Figura 4.10 – Arquitetura de referência em ambiente ArcGis........................................73
Figura 4.11 – Fluxograma do sistema de tratamento, integração e análise de dados ..... 76
Figura 4.12 – Fluxograma das etapas de obtenção da proposta de zoneamento de riscos77

CAPÍTULO 5

Figura 5.1 − Mapa Topográfico da área urbana da cidade de Ouro Preto..................... 79


Figura 5.2 − Modelo Digital da Elevação da área urbana da cidade de Ouro Preto/MG80
Figura 5.3 − Mapa de Declividade da área urbana da cidade de Ouro Preto/MG. ........ 80
Figura 5.4 − Mapa de Inventário de ocorrências registradas na área urbana da cidade de
Ouro Preto/MG............................................................................................................ 82
Figura 5.5 − Ocupação Desordenada e de baixo Padrão Construtivo – Bairro Piedade 83
Figura 5.6 − Ocupação Inadequada e de Baixo Padrão Construtivo – Bairro Santa
Efigênia ....................................................................................................................... 83
Figura 5.7 − Ocupação Planejada de Médio Padrão Construtivo – Bairro Pilar ........... 84
Figura 5.8 − Ocupação Planejada de Alto Padrão Construtivo – bairro Vila dos
Engenheiros...... ........................................................................................................... 84
Figura 5.9 − Distribuição das classes de suscetibilidade/Km2 para a área urbana de
Ouro Preto ................................................................................................................... 86
Figura 5.10 – Distribuição das ocorrências por bairro da cidade de Ouro Preto ............ 90

x
CAPÍTULO 6

Figura 6.1 − Esquema geral da instrumentação de uma encosta por meio de


inclinômetros............................................................................................................... 92
Figura 6.2 − Tubo de inclinõmetro instalado ao lado do antigo prédio da Santa casa de
Misericórdia ................................................................................................................ 93
Figura 6.3 − Inclinômetro utilizado nos estudos de campo .......................................... 94
Figura 6.4 − Instalação de tubo de inclinômetro em campo ......................................... 94
Figura 6.5 − Ranhuras internas dos tubos-guias .......................................................... 95
Figura 6.6 − Parâmetros de leituras de um inclinômetro.............................................. 96
Figura 6.7 − Ambiente de trabalho do software Digipro.............................................. 97
Figura 6.8 − Exemplo dos gráficos de checagem (checksum) dos dados coletados ...... 99
Figura 6.9 − Exemplos de gráficos de deslocamentos acumulados fornecidos pelo
software Digipro........................................................................................................ 101
Figura 6.10 – Exemplos de gráficos de deslocamentos incrementados fornecidos pelo
software Digipro........................................................................................................ 102
Figura 6.11 – Exemplos de gráficos de tempos de deslocamentos fornecidos pelo
software Digipro........................................................................................................ 103
Figura 6.12 – Tubos de inclinômetro instalados nas adjacências da Santa Casa de
Misericórdia .............................................................................................................. 107
Figura 6.13 − Deslocamentos acumulados (1979 a 2010): Inclinômetro I2 – Santa
Casa .......................................................................................................................... 108
Figura 6.14 – Deslocamentos acumulados (2000 a 2010): Inclinômetro I2 – Santa
Casa .......................................................................................................................... 108
Figura 6.15 – Gráficos dos deslocamentos acumulados: Inclinômetro I6 – Santa
Casa .......................................................................................................................... 109
Figura 6.16 – Deslocamentos x tempo para a vertical de inclinômetro I6 – Santa
Casa .......................................................................................................................... 110
Figura 6.17 – Deslocamentos acumulados (1979 a 2011) - Inclinômetro I1 / São
Francisco de Assis ..................................................................................................... 110
Figura 6.18 – Deslocamentos acumulados (2000 a 2011) - Inclinômetro I1 / São
Francisco de Assis ..................................................................................................... 111
Figura 6.19 – Deslocamentos acumulados (2000 a 2010): Inclinômetro I1 – Igreja São
José ........................................................................................................................... 112

xi
Figura 6.20 − Deslocamentos acumulados - Inclinômetro I1 / Igreja Nossa Senhora das
Mercês de Cima ........................................................................................................ 113
Figura 6.21 – Furo instalado no cemitério da Igreja de Nossa Senhora das Mercês de
cima .......................................................................................................................... 114
Figura 6.22 – Instabilizações e danos estruturais / Cemitério da Igreja das Mercês de
Cima ......................................................................................................................... 114
Figura 6.23 – Deslocamentos acumulados para a vertical de Inclinômetro I1 – Ponte
Seca .......................................................................................................................... 110
Figura 6.24 – Soterramento dos inclinômetros instalados na região Ponte Seca.......... 110
Figura 6.25 – Localização dos tubos de inclinômetro na encosta adjacente a Igreja São
José ........................................................................................................................... 116
Figura 6.26 – Deslocamentos acumulados –Inclinômetro I1 / Rua Getúlio Vargas ..... 117
Figura 6.27 – Gráficos dos deslocamentos acumulados – Inclinômetro I2 do Museu da
Inconfidência.................................................................................................................118
Figura 6.28 – Gráficos de deslocamentos x tempos – Inclinômetro I2 do Museu da
Inconfidência............................................................................................................. 118
Figura 6.29 – Tráfego de caminhões na rua Costa Sena próximo ao Museu da
Inconfidência.................................................................................................................119

CAPÍTULO 7

Figura 7.1 − Distribuição das ocorrências por processo deflagrador dos movimentos de
massa ........................................................................................................................ 122
Figura 7.2 − Ruptura e obra de estabilização de encosta da Vila S. José (Gomes e
Fontes, 2008)............................................................................................................. 124

xii
Lista de Tabelas

CAPÍTULO 2

Tabela 2.1 − Classificação de Perigos- Hazard (ONU, 2004) ....................................... 8


Tabela 2.2 − Termos básicos utilizados em análises de riscos naturais (ONU, 2004) .... 9
Tabela 2.3 − Conceitos de Termos referente às Análises de Risco (Zuquette, 1993) ... 10
Tabela 2.4 − Principais processos geológicos causadores de acidentes no Brasil
(Tominaga, 2007) ........................................................................................................ 12
Tabela 2.5 − Classificação de encostas de acordo com as características de estabilidade
(baseado em Cooke e Doorkamp, 1190)....................................................................... 15
Tabela 2.6 − Caracterização dos graus de risco utilizados (adaptados de FUNDUNESP,
2003; Macedo et al., 2004; Canil et al., 2004 e Cerri et al., 2004)................................ 29

CAPÍTULO 3

Tabela 3.1 − Coluna estratigráfica simplificada da área urbana de Ouro Preto/MG ..... 37
Tabela 3.2 − Classes de Declive e Formas de relevo para a área urbana de Ouro
Preto/MG .................................................................................................................... 43
Tabela 3.3 − Graus de alteração de maciços rochosos (ISRM, 1983) .......................... 47
Tabela 3.4 − Registros de movimentos de massa na área urbana de ouro Preto: 1988 a
2009 (Defesa Civil de Ouro Preto, 2010) ..................................................................... 53

CAPÍTULO 4

Tabela 4.1 − Planos de informação do banco de dados criados para a cidade de Ouro
Preto............................................................................................................................ 68

CAPÍTULO 5

Tabela 5.1 − Fatores do terreno e índices de ponderação ............................................. 85


Tabela 5.2 − Fatores de ponderação dos atributos do meio físico local ........................ 85
Tabela 5.3 − Caracterização dos fatores do terreno por classes de suscetibilidade ....... 86
Tabela 5.4 − Correlação entre ocorrências e probabilidade de ocorrências
(Castro, 2006) ............................................................................................................. 87

xiii
Tabela 5.5 − Valores dos parâmetros (Ipi) em função dos modos de usos e ocupação do
solo ............................................................................................................................. 88
Tabela 5.6 − Valores dos parâmetros (Ipi) em função dos tipos de cobertura vegetal ... 88
Tabela 5.7 − Classificação dos Índices de Perigo ........................................................ 89
Tabela 5.8 − Distribuição das ocorrências por bairro da cidade de Ouro Preto ............ 90

CAPÍTULO 6

Tabela 6.1 − Exemplo da relação de desvios padrões máximos para leituras (eixos A e
B do inclinômetro) ................................................................................................... 100
Tabela 6.2 − Dados disponíveis de levantamento anteriores...................................... 105

xiv
Lista de Símbolos, Nomenclatura e Abreviações
AHP − Analytical Hierarchy Process (Processo Analítico Hierárquico)
CEFET – Centro Federal de Educação Tecnológica
DMM – DataMate Manager – software da Slope Indicator Company
DP – Dano Potencial
ENE – És-nordeste
FS − Fator de Segurança
GPS – Global Positioning System
HP – Probabilidade de Perigo
Ipe – Índice de perigo
IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Ipi – Índice Potencial de indução
ISRM – International Society for Rock Mechanics (Sociedade Internacional de
Mecânica das Rochas)
Ist – Índice de suscetibilidade do terreno
MCT – Ministério da Ciência e Tecnologia
MDE – Modelo Difital de elevação
MGM – Movimentos gravitacionais de massa
MNT – Modelo numérico de terreno
NA − Nível de água subterrânea
NW – Noroeste
ONU – Organização das Nações Unidas
Pch – Probabilidade de ocorrências de chuva
PMOP – Prefeitura Municipal de Ouro Preto
PPDC – Plano preventivo de Defesa Civil
PUCE – Padrão – Unidade – Componente - Avaliação
SE – Sudeste
SIG − Sistema de Informações Geográficas
SW– Sudoeste
TIN – Triangular Irregular Network (Rede Irregular Triangular)

xv
UBC – Unidades Básicas de Compartimentação
UFOP – Universidade Federal de Ouro Preto
UNESCO – United Nations Educational, Scientific, and Cultural Organization
(Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura)
WNW – Nor-Noroeste

xvi
Lista de Anexos
Anexo I − Relação dos dados cadastrados com as informações de cada ocorrência
considerada nas análises.

Anexo II – Mapas e Carta de Risco proposta.

xvii
ÍNDICE

CAPÍTULO 1 − INTRODUÇÃO

1.1.OBJETIVOS .......................................................................................................... 2

1.2.ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO ................................................................. 3

CAPÍTULO 2 – CONCEITOS E METODO LOGIAS DE ANÁLISES DE RISCOS


EM ESCORREGAMENTOS

2.1.BASES CONCEITUAIS E TERMINOLOGIA DE RISCOS NATURAIS .............. 5

2.2.METODOLOGIAS DE ANÁLISES DE RISCO A ESCORREGAMENTOS ....... 13

2.2.1.Escorregamentos................................................................................................ 13

2.2.2.Mapas de Suscetibilidade a Escorregamentos ..................................................... 14

2.2.3.Mapas de Perigo a Escorregamentos .................................................................. 19

2.2.4.Mapas de Risco a Escorregamentos ................................................................... 24

CAPÍTULO 3 – CONDICIONANTES GEOTÉCNICOS DA ÁREA URBANA


DA CIDADE DE OURO PRETO/MG

3.1.HISTÓRICO DO DESENVOLVIMENTO URBANO DE OURO PRETO ........... 31

3.2.CONTEXTO GEOAMBIENTAL DA CIDADE ................................................... 35

3.2.1.Contexto Fisiográfico ........................................................................................ 35

3.2.2.Arcabouço Geológico Local............................................................................... 36

3.2.3.Aspectos Geomorfológicos ................................................................................ 41

3.2.4.Aspectos Climáticos e Hidrogeológicos ............................................................. 45

3.2.5.Condicionantes Geotécnicos .............................................................................. 46

3.3.HISTÓRICO DE MOVIMENTOS DE MASSA EM OURO PRETO ................... 50

xviii
CAPÍTULO 4 – METODOLOGIA DO TRABALHO

4.1.FASES DA METODOLOGIA PROPOSTA ......................................................... 55

4.2.INVENTÁRIO E ANÁLISE DOS DADOS EXISTENTES .................................. 57

4.3.TRABALHOS DE CAMPO ................................................................................. 58

4.4.TRATAMENTO DOS DADOS E TÉCNICAS DE MAPEAMENTO .................. 65

4.5.ORGANIZAÇÃO DO BANCO DE DADOS........................................................ 67

4.5.1.Tratamento do Mapa Topográfico ...................................................................... 68

4.5.2.Mapa de Declividades ........................................................................................ 69

4.5.3.Mapa Geomorfológico ....................................................................................... 69

4.5.4.Mapa de Uso e Ocupação do Solo ...................................................................... 70

4.6.ATRIBUTOS E PARÂMETROS DE ANÁLISE .................................................. 72

4.6.1.Forma das Encostas ........................................................................................... 72

4.6.2.Declividade Média ............................................................................................. 72

4.6.3.Materiais (Litologias) de Cobertura.................................................................... 73

4.7.MAPA DE SUSCETIBILIDADE A ESCORREGAMENTOS .............................. 74

4.8.CONCEPÇÃO DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES ........................................... 75

4.9.ANÁLISE E DIAGNÓSTICO DO MEIO FÍSICO ................................................ 76

CAPÍTULO 5 – RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1.MAPAS BÁSICOS............................................................................................... 78

5.1.1.MAPA TOPOGRÁFICO ................................................................................... 78

5.2.MAPAS DE COMPARTIMENTAÇÃO DO TERRENO ...................................... 79

5.2.1.Modelo Digital de Elevação (MDE) ................................................................... 79

5.2.2.Mapa de Declividades ........................................................................................ 79

5.2.3.Mapa de Inventário de Escorregamentos ............................................................ 81

5.3.MAPAS DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO ...................................................... 81

xix
5.4.MAPA DE SUSCETIBILIDADE A ESCORREGAMENTOS .............................. 84

5.5.MAPA DE PERIGO A ESCORREGAMENTOS.................................................. 87

5.6.MAPA DE RISCO A ESCORREGAMENTOS .................................................... 89

CAPÍTULO 6 – INSTRUMENTAÇÃO E MONITORAMENTO DAS


ENCOSTAS

6.1.INSTRUMENTAÇÃO GEOTÉCNICA DE ENCOSTAS ..................................... 91

6.2.PRINCÍPIOS GERAIS DA INSTRUMENTAÇÃO UTILIZADA ........................ 93

6.3.AQUISIÇÃO E TRATAMENTO DOS DADOS .................................................. 96

6.4.APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................................ 98

6.4.1.Análise Estatística de Validação de Dados ......................................................... 98

6.4.2.Média das Somas das Leituras ........................................................................... 99

6.4.3.Desvio Padrão .................................................................................................. 100

6.4.4.Deslocamentos Acumulados ............................................................................ 101

6.4.5.Deslocamento Incremental ............................................................................... 102

6.4.6.Tempos de Deslocamento ................................................................................ 103

6.5.ANÁLISES DOS RESULTADOS DO MONITORAMENTO ............................ 104

6.5.1.Santa Casa de Misericórdia (Prédio Antigo) ..................................................... 108

6.5.2.Igreja de São Francisco de Assis ...................................................................... 111

6.5.3.Igreja de São José ............................................................................................ 113

6.5.4.Igreja de Nossa Senhora das Mercês de Cima .................................................. 114

6.5.5.Ponte Seca ....................................................................................................... 116

6.5.6.Avenida Getúlio Vargas ................................................................................... 117

6.5.7.Museu da Inconfidência ................................................................................... 118

xx
CAPÍTULO 7 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES FINAIS

7.1.CONCLUSÕES .................................................................................................. 121

7.2.RECOMENDAÇÕES FINAIS ........................................................................... 124

7.3.SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................... 126

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 127

xxi
CAPÍTULO 1

1. INTRODUÇÃO

O termo “área de risco” vem, aos poucos, sendo incorporado ao vocabulário comum da
população brasileira, face aos noticiários sobre acidentes associados a escorregamentos
e inundações, muito frequentes nas ocupações das encostas serranas e nos centros
urbanos, durante os períodos chuvosos, principalmente na Região Sudeste do Brasil.

As cidades brasileiras cresceram e ainda crescem sem planejamento e gestão territorial


adequados, com a população resolvendo por si só seus problemas mais imediatos de
moradia e acesso aos serviços básicos (luz, água, disposição de lixo e esgotamento
sanitário). A consequência mais imediata desta expansão desordenada são os problemas
relacionados à utilização do meio físico, principalmente em termos da estabilidade de
encostas, inundações em áreas urbanas e desperdício de recursos naturais (Souza, 2004).

As consequências provocadas pela ocupação desordenada no Brasil têm demonstrado a


necessidade urgente de se adotar políticas públicas integradas para o ordenamento
urbano. A Lei Federal de Nº 10.257, aprovada em 2001 (BRASIL. Diário Oficial [da
República Federativa do Brasil], Brasília, DF, 2001), estabelece diretrizes e tem a
finalidade de organizar a expansão urbana por meio de uma política de desenvolvimento
urbano, objetivando, desta forma, o ordenamento e o desenvolvimento das funções
sociais da cidade e garantindo o bem-estar de seus habitantes.

Para uma devida ocupação de áreas instáveis, impõe-se o conhecimento das condições
geológico-geotécnicas locais, caracterizando-se os processos e parâmetros envolvidos e
sistematizando-se as informações sobre a suscetibilidade do meio a eventos geotécnicos.
Quando as áreas já estão ocupadas, surge um novo elemento a ser considerado no
estudo, a vulnerabilidade, que expressa as perdas materiais e socioambientais
envolvidas nos processos. O conjunto das informações da suscetibilidade associado à
vulnerabilidade dimensiona o risco.

1
Torna-se, portanto, necessário promover sistemáticas capazes de minimizar e/ou
resolver os problemas já instalados, bem como ordenar futuras expansões, por meio da
realização de estudos que caracterizem o meio físico natural, de forma a subsidiar o
planejamento e o gerenciamento do uso do solo. O mapa de risco é um importante
instrumento para o planejamento municipal, na medida em que permite a hierarquização
dos problemas e a avaliação de custos de investimentos e dão suporte técnico às
negociações com a comunidade.

Neste contexto, o presente trabalho abordou uma sistemática de caracterização dos


problemas e dos riscos geotécnicos passíveis de ocorrência na área urbana da cidade
histórica de Ouro Preto/MG, contemplando estudos de investigação geotécnica dos
solos, mapeamento geológico-geotécnico das encostas e adoção de procedimentos para
controle e monitoramento das áreas mais críticas.

Neste estudo, foram aplicadas técnicas de geoprocessamento utilizando-se os programas


ArcMap 9.3 do pacote ArcGis (ESRI) e AutoCAD Civil 3D 2011 para a produção das
bases cartográficas e o material inventariado foi trabalhado e os dados sistematizados
com base na utilização dos programas Microsoft Excel e Access, ambos do pacote
Microsoft Office 2007.

O cruzamento de informações e mapas possibilitou a elaboração de cartas temáticas


derivadas, que constituíram a base para a análise final do meio físico e a proposição de
medidas mais adequadas em relação ao uso e ocupação territorial a partir do
planejamento municipal, tendo como premissa a carta de risco elaborada.

1.1. OBJETIVOS

Este trabalho tem como premissa que a ocorrência de processos de movimentos


gravitacionais de massa está relacionada à complexa interação dos fatores naturais e dos
decorrentes de intervenções antrópicas. Como fatores naturais, consideram-se,
simplificadamente: o substrato geológico, o solo, o relevo, a vegetação, a água e o
clima; e como fatores humanos: os padrões de uso e ocupação do solo, as modificações
do relevo, as alterações geoambientais, infra-estrutura e outros componentes sócio-
econômicos.

2
Desta forma, pretende-se demonstrar que, a partir do método de avaliação de terrenos
em bases geomorfológicas (landforms), associadas às características dos fatores
condicionantes dos escorregamentos e correlacionando-os com a distribuição temporal
das ocorrências, torna-se possível estabelecer a probabilidade de ocorrência do perigo e
representá-la espacialmente, a fim de gerar as cartas de perigo e de risco.

O trabalho técnico de cunho científico é instrumento competente para funcionar como


orientações gerais para o legislador. O principal objetivo deste trabalho está em avaliar
os métodos empregados em análises de risco a escorregamentos e aplicar uma proposta
metodológica de avaliação de risco a escorregamentos, de forma a contribuir para a
prevenção e mitigação dos riscos e para a gestão ambiental da região urbana da cidade
de Ouro Preto/MG, através da elaboração da carta de risco de erosão e escorregamentos.
Complementarmente, o trabalho subsidia os gestores municipais avaliar e considerar os
riscos dessa ocupação no âmbito do planejamento urbano.

Por meio da identificação dos processos de movimentos de massa, a precisão dos


resultados é função direta do perfeito entendimento dos mecanismos de instabilizações
associados. O mapeamento das áreas mais susceptíveis a movimentos de massa
fornecem uma boa fonte para subsidiar medidas preventivas, corretivas e mitigadoras
dos problemas detectados.

1.2. ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

O trabalho foi desenvolvido em sete capítulos e dois anexos, que descrevem todos os
procedimentos e dados adotados na pesquisa. Os conteúdos dos capítulos e dos anexos
estão resumidamente descritos abaixo.

No Capítulo 1 são apresentadas as considerações iniciais da pesquisa e uma introdução


geral do assunto, contendo os objetivos a serem atingidos e a estruturação da
dissertação.

O Capítulo 2 apresenta uma revisão bibliográfica sobre os conceitos gerais e principais


terminologias aplicadas a estudos de perigos e riscos geoambientais e uma breve análise
das metodologias decorrentes da instabilização de encostas por escorregamentos.

3
O Capítulo 3 discorre sobre os diversos estudos já existentes nas encostas da cidade de
Ouro Preto-MG, buscando caracterizar o meio físico e contextualizá-lo geológica e
geotecnicamente. Neste capítulo, buscou-se ainda efetuar uma análise temporal do
histórico de ocorrências relacionando os movimentos de massa registrados pelos órgãos
públicos no domínio do espaço urbano da cidade de Ouro Preto/MG.

O Capítulo 4 apresenta a metodologia proposta de trabalho, ajustada e adaptada das


diversas metodologias abordadas previamente no contexto do Capítulo 2, inserida nas
realidades complexas e bastante diferenciadas do domínio físico da área urbana da
cidade.

O Capítulo 5 apresenta os resultados da aplicação da sistemática proposta, centrado


numa proposição de zoneamento de riscos da área urbana de Ouro Preto/MG.

O Capítulo 6 discute sobre os princípios e as premissas de proposição de um programa


de instrumentação, capaz de permitir monitoramento e gestão de áreas de risco, de
forma a fornecer subsídios para procedimentos de priorização de recursos em termos de
prevenção e enfrentamento dos impactos associados a possíveis acidentes geotécnicos
na área urbana da cidade de Ouro Preto.

O capítulo 7 descreve as conclusões obtidas a partir dos resultados encontrados, as


sugestões para pesquisas futuras e algumas recomendações complementares, visando
subsidiar a prevenção de acidentes relacionados aos movimentos de massa para o
município.

O Anexo I apresenta a relação dos dados cadastrados com as informações de cada


ocorrência considerada nas análises e utilizadas para a correlação entre as cartas
desenvolvidas.

No Anexo II, são apresentados os mapas derivados do estudo, incluindo a Carta de


Risco proposta, na qual os efeitos potenciais dos riscos foram classificados em ‘baixo’,
‘médio’, ‘alto’ e ‘muito alto’. Com base nestas classificações, foram estabelecidos os
respectivos domínios associados ao zoneamento de riscos da área urbana da cidade de
Ouro Preto / MG.

4
CAPÍTULO 2

2. CONCEITOS E METODOLOGIAS DE ANÁLISES DE RISCOS EM


ESCORREGAMENTOS

Conceitualmente, estudos sobre análises de riscos naturais têm sido amplamente


discutidos por diversos autores, podendo ser citados: Varnes, 1984; Einstein, 1988,
Waterstone, 1989; Augusto Filho et al., 1990a e 1990b; Zuquette, 1993; Carvalho,
1996;; Cerri & Amaral, 1998; Rodrigues, 1998; Ragozin, 1998; Alheiros, 1998; ONU,
2004; Gomes et al., 2006; Tominaga, 2007, etc. Neste capítulo, serão apresentadas as
principais terminologias aplicadas a perigos e riscos geoambientais e formulada uma
breve análise das análises de riscos associadas a mecanismos de instabilização de
encostas por escorregamentos, abordando-os de maneira a padronizar os conceitos que
envolvem a natureza destes eventos.

2.1. BASES CONCEITUAIS E TERMINOLOGIA DE RISCOS NATURAIS

No início dos anos 60, ocorreram os estudos pioneiros que trataram a avaliação de risco
de um evento natural pela identificação dos processos sócio-econômicos envolvidos e
dos processos físicos (perigos geomórficos) e seus parâmetros de análise: magnitude,
frequência, duração, extensão em área, velocidade de assentamento, disposição espacial
e intervalo de tempo de recorrência (Gares et al., 1994).

Apesar do número expressivo de trabalhos produzidos desde então, nota-se que os


métodos de estudo e a interpretação de conceitos sobre riscos naturais ainda apresentam
controvérsias. Um exemplo disso é a frequente utilização do termo risco para indicar
suscetibilidade natural ou induzida. O termo perigo é outro que gera confusão por ter
duas conotações distintas em Português: ‘danger’ e ‘hazard’. O primeiro refere-se a um
fenômeno natural, de natureza variada, ou a um processo tecnológico, potencialmente
danoso em si mesmo (Rodrigues Carvalho, 1998; ONU, 2004). O segundo refere-se à
possibilidade de um processo ou fenômeno natural potencialmente danoso ocorrer num

5
determinado local e num período de tempo especificado (Varnes, 1984; Einsten, 1988).
Outro exemplo: o termo Geological Hazard tem sido muitas vezes impropriamente
traduzido para a língua portuguesa como Risco Geológico (Rodrigues Carvalho, 1998).

No contexto dos estudos realizados envolvendo perigos e riscos associados a


movimentos de massa em taludes, as bases conceituais foram firmadas pelo estudo de
Varnes (1984), abordando os seguintes conceitos:

 Perigo Natural – H (Natural Hazard): corresponde à probabilidade de um


fenômeno natural potencialmente danoso ocorrer dentro de um determinado
intervalo de tempo e numa dada área;

 Vulnerabilidade - V (Vulnerability): refere-se ao grau de perda de um


determinado elemento ou um conjunto de elementos em risco, resultante da
ocorrência de um fenômeno natural de uma dada magnitude. É expressa
numa escala variável de 0 a 1, correspondentes a ‘nenhum dano’ e ‘perda
total’, respectivamente;

 Risco Específico – Rs (Specific risk): corresponde ao grau esperado de perda


devido a um fenômeno natural particular, podendo ser expresso em termos
do produto entre Perigo (Hazard) e Vulnerabilidade (H x V);

 Elementos em Risco – E (elements at risk): são aqueles relativos à


população, propriedades e atividades econômicas, incluindo serviços
públicos, em risco em uma dada área;

 Risco total – Rt (total risk): refere-se ao número esperado de perdas de


vidas, de pessoas afetadas, danos a propriedades, ou interrupção de
atividades econômicas devido a um fenômeno natural específico. Pode ser
expresso pela seguinte expressão:

Rt  ( E )  ( Rs ) (2.1)

Como Rs  H  V , então, o risco total pode ser expresso por:

Rt  ( E )  ( H  V ) (2.2)

6
Por outro lado, Einstein (1988), apresenta que os termos ‘danger’, ‘hazard’ e ‘risk’
devem ser utilizados para caracterizar fenômeno, imprevisibilidade e consequências,
respectivamente, adotando os seguintes conceitos:

 Perigo (Danger) – fenômeno natural que, neste caso, corresponde ao


escorregamento (movimento de massa);
 Perigo (Hazard) – probabilidade de um fenômeno (danger) ocorrer dentro
de um dado período de tempo;
 Risco (Risk) – Perigo (hazard) x dano potencial (perdas).

A avaliação de risco contempla o uso de informações para determinar a probabilidade


de que certos eventos ocorram e a magnitude de suas possíveis consequências. Como
norteador desta avaliação podemos admitir as seguintes etapas:

a) Identificação da natureza, localização, intensidade e probabilidade de uma


ameaça ou perigo;
b) Determinação do grau de vulnerabilidade e de exposição aos perigos,
identificando-se concomitantemente a capacidade de tratamento destes perigos;
c) Determinação do nível de risco aceitável.

Assim, dois elementos são essenciais na formulação do risco: o perigo (hazard) de se ter
um evento, fenômeno ou atividade humana potencialmente danosa e a vulnerabilidade,
ou seja, o grau de suscetibilidade do elemento exposto ao perigo. Com base nestas
premissas, o risco pode ser expresso pela relação Perigo x Vulnerabilidade. Por exigir a
determinação da probabilidade de ocorrência de um evento perigoso (tanto espacial
como temporal), bem como a vulnerabilidade dos elementos expostos e o valor desses
elementos, Einstein (1988) considera muito difícil a aplicação direta dos conceitos de
Varnes na elaboração de cartas de risco.

Desta maneira, pode-se afirmar que o impacto de um evento danoso dependerá das
características, probabilidade e intensidade do perigo, bem como da vulnerabilidade das
condições físicas, sociais, econômicas e ambientais dos elementos expostos. A
investigação dos perigos que ocorreram no passado e o monitoramento da situação do
presente possibilitam entender e prever a ocorrência de futuros perigos, permitindo que
uma comunidade/poder público possa minimizar o risco de um desastre (ONU, 2004).

7
Ainda segundo a ONU (2004), o entendimento dos perigos naturais envolve a
consideração de quase todos os fenômenos físicos da Terra, contemplando uma ampla
gama de perigos, tais como, os geofísicos, meteorológicos, hidrológicos, ambientais,
tecnológicos, biológicos e até mesmo sócio-políticos, individualmente ou em complexas
interações. Os perigos naturais por sua vez, são divididos em três grandes categorias:
geológicos, hidrometeorológicos e biológicos (Tabela 2.1).

Tabela 2.1 – Classificação de Perigos – Hazard (ONU, 2004)

PERIGO (HAZARD)
Um evento, fenômeno ou atividade humana potencialmente danosa, o qual pode causar perda de vidas
ou ferimentos a pessoa, danos a propriedades, rupturas sócio econômicas ou degradação ambiental.

PERIGOS NATURAIS (NATURAL HAZARDS)


Processos ou fenômenos naturais que ocorrem na biosfera e que podem constituir-se em um evento
danoso. Os perigos naturais podem ser classificados quanto à origem em: geológico, hidrometeorológico
e biológico.

ORIGEM EXEMPLOS DE FENÔMENOS


Perigos geológicos (geological hazards)  Terremotos, tsunamis;
Processos ou fenômenos naturais que  Atividade e emissões vulcânicas;
podem ser de origem endógena ou  Movimentos de massa, escorregamentos, queda
exógena. de blocos rochosos, liquefação;
 Colapso superficial, atividade de falha geológica.
Perigos hidrometeorológicos  Inundações/enchentes, corridas de lama/detritos;
(hydrometeorological hazards)  Ciclones tropicais, tempestades marinhas,
Processos ou fenômenos naturais de ventanias, chuvas de tempestades, nevasca,
natureza atmosférica, hidrológica ou relâmpagos;
oceanográfica.  Secas, desertificação, fogo, temperaturas
extremas, tempestade de areias;
 Permafrost, avalanches de neve.
Perigo biológico (biological hazard)  Eclosão de doenças epidêmicas, contágios de
Processo de origem biológica ou aqueles plantas ou de animais e de infestações
transmitidos por vetores biológicos, extensivas.
incluindo exposição aos micro-organismos
patogênicos, tóxicos e substâncias
bioativas.

PERIGO TECNOLÓGICO (TECHNOLOGICAL HAZARDS)


Perigo associado com acidentes tecnológicos ou industriais, rompimento de infraestrutura ou atividades
humanas que podem causar perda de vidas ou ferimentos a pessoa, danos a propriedades, rupturas
sócio econômicas ou degradação ambiental. Exemplos: poluição industrial, radioatividade, resíduo tóxico,
queda de barragens, acidentes industriais, etc.

A terminologia adotada pela ONU (2004) está sistematizada na Tabela 2.2. Nesta
concepção, vulnerabilidade corresponde às condições impostas por fatores ou processos
físicos, sociais, econômicos e ambientais que tendem a aumentar a suscetibilidade de
uma comunidade ao impacto do perigo. O completo entendimento dos riscos potenciais
e sua avaliação incluem conhecimento quantitativo e qualitativo do risco, dos fatores
acima mencionados e de suas consequências.

8
Tabela 2.2 – Termos básicos utilizados em análises de riscos naturais (ONU, 2004).
TERMO DEFINIÇÃO
Evento físico, fenômeno ou atividade humana potencialmente
danosa que pode causar a perda de vidas ou ferimentos, danos a
Perigo (Hazard)
propriedades, rupturas sociais e econômicas ou degradação
ambiental.
Processos ou fenômenos naturais que ocorrem na biosfera e que
podem contirtuir-se em um evento danoso. Os perigos naturais
Perigos naturais (natural hazard)
podem ser classificados quanto a origem em: geológico,
hidrometereológico e biológico.
Processos induzidos pela atividade humana que causam danos
aos recursos naturais ou que alteram adversamente os processos
naturais ou os ecossistemas. Seus efeitos podem contribuir para o
Degradação ambiental
aumento de vulnerabilidade e a frequencia e intensidade dos
(environmental degradation)
perigos naturais. Exemplos: degradação do solo, desmatamento,
desertificação, poluição do solo, do ar e da água, perda da
biodiversidade, etc.
Trata-se de uma séria ruptura do funcionamento de uma
comunidade ou sociedade causando perdas humanas, materiais,
Desastre (disaster) econômicos ou ambientais de grande extensão de tal forma que
excede a capacidade de comunidade ou sociedade enfrentar com
seus próprios recursos.
A capacidade de um sistema, comunidade ou sociedade,
potencialmente exposto ao perigo, adaptar-se, pela resistência ou
mudança para conseguir e manter um nível aceitável de estrutura e
Resiliência (resilience/resilisnt) funcionamento. Isto é determinado pelo grau com que um sistema
social é capaz de se organizar aumentando sua capacidade pelo
aprendizado com desastres anteriores para melhorar a proteção
futura e aperfeiçoar medidas de redução de risco.
Probabilidade de consequencias prejudiciais ou danos esperados
(morte,ferimentos,danos a propriedades, interrupção de atividade
Risco (risk) economica ou danos ambientais) resultantes da interação entre
perigos naturais ou induzidos pelo homem e as condições de
vulnerabilidade.
Uma metodologia para determinar a natureza e extensão do risco
Avaliação/análise de risco(risk pela análise do perigo potencial e avalição das condições de
assessment/analysis) vulnerabilidade que poderiam apresentar uma ameaça potencial de
danos a população, a propriedade, a economia e ao ambiente.

O processo sistemático de utilização de decisões administrativas,


organização, habilidade operacional e capacidade para
implementar políticas, estratégias e capacidade de enfrentamento
Gerenciamento do risco de desastres da sociedade e comunidades para diminuir os impactos de perigos
(disaster risk management) naturais e dos desastres ambientais e tecnológicos. isto
compreende todas formas de atividade, incluindo medidas
estruturais e não estruturais para evitar (prevenção) ou para limitar
(mitigar e enfrenatr) os efeitos adversos do perigo.
Estrutura conceitual dos elementos considerados com a
possibilidade de reduzir vulnerabilidade e riscos de desastres de
Redução do risco de desastre
uma sociedade, para evitar (prevenção) ou para limitar (mitigar ou
(disaster risk reduction)
enfrentar) os impactos adversos do perigo, dentro de um amplo
contexto de desenvolvimento sustentável.
As condições determinadas pelos fatores ou processos físicos,
Vulnerabilidade (vulnerability) sociais, econômicos e ambientais, os quais aumentam a
suscetibilidade de uma comunidade ao impacto dos perigos.

9
Os primeiros trabalhos de avaliação de risco geológico no Brasil são do final da década
de 80 (Prandini et al., 1987; Sobreira, 1989). Nos anos 90, o tema ganha maior destaque
nos trabalhos técnicos publicados nos anais dos principais eventos científicos relativos à
Geotecnia e Geologia de Engenharia, realizadas à época no Brasil.

Desde então, diversos autores nacionais têm feito propostas de homogeneização das
bases conceituais para estudos de riscos naturais. Por exemplo, Augusto Filho et al.
(1990) propuseram a distinção entre ‘natural events’ e ‘hazard/disasters’. A diferença
entre ambos estaria relacionada à ocorrência ou não de danos sócio-econômicos. O
termo ‘hazard’ refere-se a uma condição potencial, enquanto o termo ‘disaster’ refere-
se ao acontecimento propriamente dito. Zuquette (1993) discute uma série de conceitos
e definições dos termos empregados em trabalhos de análise de riscos (Tabela 2.3).

Tabela 2.3 – Conceitos de Termos Referente às Análises de Riscos (Zuquette, 1993)

TERMOS CONCEITOS
Fenômeno com características, dimensões e localização geográfica
Evento
registrada no tempo.
Representa um perigo (latente) que se associa a um fenômeno de
Evento
origem natural, que se manifesta em um lugar específico, em tempo
Perigoso
determinado, produzindo efeitos adversos nas pessoas, nos bens
(Hazard)
e/ou no meio ambiente.
Processo Conjunto de fenômenos que antecedem o evento perigoso puro
Perigoso hazard, e que é tomado erroneamente como sinônimo deste.
Característica intrínseca de um sistema ou elemento que estão
expostos a um evento perigoso (hazard), correspondendo à pré-
Vulnerabilidade disposição destes em serem afetados ou susceptíveis a perdas. É
expressa em uma escala que varia de 0 (sem perdas) a 1 (perdas
totais).
É a probabilidade de que ocorram perdas (econômicas, sociais e
ambientais), além de um valor limite (admitido normal ou aceitável),
para um lugar específico, durante um período de tempo
Risco
determinado. Expressa o resultado da relação entre um hazard e a
vulnerabilidade dos elementos expostos (seres humanos,
residências, etc.).

10
Cerri & Amaral (1998) consideram que um fenômeno geológico pode tornar-se um
acidente ao gerar consequências sociais e econômicas (perdas e danos). Desta forma, a
suscetibilidade de uma área a um determinado fenômeno geológico corresponde à
possibilidade de sua ocorrência como um evento sem danos, enquanto risco está
relacionado à possibilidade de que a ocorrência do fenômeno tenha consequências
sócio-econômicas. Em seus estudos, estes autores apresentam uma classificação de
risco, em que consideram uma subdivisão em classes e subclasses a partir dos riscos
ambientais (Figura 2.1).

RISCOS AMBIENTAIS

RISCOS TECNOLÓGICOS RISCOS NATURAIS RISCOS SOCIAIS

Vazamentos de produtos tóxicos, Assaltos, guerras, conflitos,


inflamáveis, radioativos, colisão atentados, etc
de veículos, queda de aviões, etc.

RISCOS FISICOS RISCOS BIOLÓGICOS

RISCOS ATMOSFÉRICOS RISCOS HIDROLÓGICOS RISCOS ASSOCIADOS À


FLORA
Furacões, secas, tempestades,
Enchentes e Inundações.
granizo, etc.

RISCOS GEOLÓGICOS RISCOS ASSOCIADOS À


FAUNA

EXÓGENOS
ENDÓGENOS
Escorregamentos,
Terremotos, tsunamis e erosão/assoreamento, subsidências,
atividades vulcânicas colapsos de solos, solos
expansivos, etc.

Figura 2.1 – Classificação de riscos ambientais (Cerri, 1993; Cerri e Amaral, 1998).

Estes autores destacaram ainda os principais processos geológicos causadores de


acidentes no Brasil (Tabela 2.4), associando processos de instabilização à natureza das
encostas e às ações antrópicas no domínio local.

11
Tabela 2.4 – Principais processos geológicos causadores de acidentes no Brasil
(Tominaga, 2007).
PROCESSO CONDICIONANTES AÇÕES ANTRÓPICAS
DANOS POTENCIAIS
GEOLÓGICO EXEMPLOS DE NATURAIS INDUTORAS
Escorregamentos Encostas com inclinação Eliminação da cobertura vegetal; Queda, ruptura e
elevada; depósitos de tálus cortes instabilizadores; soterramentos bruscos de
e colúvios; Concentração do lançamento de lixo; aterro construções, moradias,
escoamento d’água de construído sem controle; estradas, etc.; soterramento
superfície e de lançamento de água não e morte de pessoas.
subsuperfície; pluviometria controlado; construção de
média anual elevada. reservatórios (instablização das
margens).
Erosão hídrica Solos arenosos e siltosos Eliminação da cobertura vegetal; Queda de moradias;
(Assoreamento) pouco coesivos inclinações lançamento concentrado e não destruição de ruas e
acentuadas dos terrenos; dissipado de águas servidas e de equipamentos urbanos;
concentração chuvas; cortes e aterros não perda de solo agricultável;
doescoamento d’água de protegidos; construção de vias, soterramento de estradas e
superfície e caminhos e trilhas que de plantações de várzeas;
subsuperfície(piping); concentram o escoamento; impactos diversos nos
chuvas intensas e mal construção de reservatórios recursos hídricos (poluição,
distribuídas no espaço e (impactos nas margens e a perda de volume
tempo jusante) armazenado etc.),
Subsidência por Planícies ou baixadas com Obras com fundações Inutilização de construções
adensamento presença de solos moles, inadequadas; escavações sem devido a recalques
continentais ou marinhos contenção apropriada; excessivos ou mesmo
rebaixamento não controlado do rupturas; rompimento de
lençol freático, super exploração galerias, encanamentos e
de água subterrânea. tubos subterrâneos;
vazamentos
Colapso de solos Presença de solos que Obras que provocam a saturação Idem acima.
apresentam recalques dos solos de fundação;
importantes quando rompimento de dutos
saturados e submetidos a
sobrecargas
Subsidência e Feições cársticas, Alterações das condições de fluxo Idem acima, porém de maior
colapso devido a principalmente, cavernas; de água subterrânea; super intensidade e velocidade de
cavidades minerações subterrâneas exploração de água subterrânea; manifestação.
subterrâneas escavações subterrâneas
instáveis
Expansão de terrenos Presença de rochas e solos Cortes que eliminam camadas Instabilizações de taludes,
que apresentam aumento de superficiais protetoras ou de fundações e de
volume ao serem desconfinam o material; cortes cavidades subterrâneas;
desconfinados e sob a ação que permitem a ação das ruptura de pavimentos.
da umidade; presença de intempéries.
argilominerais expansíveis.

No contexto exposto e tomando-se como referências os trabalhos de Varnes (1984),


Einstein (1988) e Anbalagan & Singh (1996), e as discussões de Rodrigues-Carvalho
(1998), Tominaga et al. (2001), Augusto Filho (2001) e Tominaga et al. (2004), entre
outros, propõe-se a adoção dos seguintes conceitos no escopo dessa pesquisa:

 Perigo  possibilidade de um processo ou fenômeno natural potencialmente


danoso ocorrer num determinado local e num período de tempo
especificado.

 Vulnerabilidade  Conjunto de processos e condições resultantes de fatores


físicos, sociais, econômicos e ambientais, o qual aumenta a suscetibilidade
de uma comunidade (elemento em risco) ao impacto dos perigos.

12
 Risco  possibilidade de se ter consequências prejudiciais ou danosas em
função de perigos naturais ou induzidos pelo homem. Assim, considera-se o
Risco (R) como uma função do Perigo (P), da Vulnerabilidade (V) e do
Dano Potencial (DP), expresso por:

R = P x V x DP (2.3)

2.2. METODOLOGIAS DE ANÁLISES DE RISCO A ESCORREGAMENTOS

Dentre os processos de movimentos de massa, os mais frequentes na região em estudo


são os escorregamentos. Assim, a exposição a seguir dá ênfase à conceituação destes
processos, uma vez que já se têm disponíveis diversos trabalhos que apresentam
revisões sobre os movimentos de massa em geral, tais como Guidicini & Nieble, (1984);
Augusto Filho (1992); Fernandes & Amaral (1996); Araújo, (2004) e Lopes, (2006),
entre outros.

2.2.1. Escorregamentos

De acordo com a definição de Guidicini & Nieble (1984), escorregamentos são


movimentos rápidos, de duração relativamente curta, de massas de terreno geralmente
bem definidas quanto ao seu volume, cujo centro de gravidade se desloca para baixo e
para fora do talude.

Os escorregamentos são classificados com base na forma do plano de ruptura e no tipo


de material movimentado. Quanto à forma do plano de ruptura, dividem-se em
rotacionais e translacionais. O material mobilizado pode ser constituído por solo, rocha
ou por misturas de solo e rocha em proporções variadas (Fernandes & Amaral, 1996).

Os fatores condicionantes dos movimentos de massa correspondem aos elementos do


meio físico principalmente e, secundariamente, do meio biótico, os quais contribuem
para o desencadeamento do processo. Estes elementos são parte integrante da própria
dinâmica dos processos naturais (Wolle, 1988; Wolle e Carvalho, 1989; Selby, 1993;
Fernandes e Amaral, 1996; Araújo, 2004), sendo chamados comumente de agentes
predisponentes (Guidicini e Nieble, 1984).

13
As causas básicas da instabilidade de encostas, incluindo os escorregamentos, são bem
conhecidas há muito tempo a partir de estudos de caso específicos. Alguns são inerentes
aos tipos de rocha ou solo, quanto à sua composição e estrutura; outros, como a
inclinação de vertentes naturais, são relativamente constantes ou variam com os níveis
de água subterrânea (NA); alguns podem ser transientes (vibrações sísmicas) e outros,
impostos por novos eventos, tais como atividades construtivas. A maioria destas
condições pode ser reconhecida e seus efeitos podem ser avaliados, determinados ou
ainda podem ser mapeados e correlacionados entre eles ou com eventos anteriores. De
qualquer forma, a ação antrópica exerce importante influência favorecendo a ocorrência
de processos ou minimizando seus efeitos.

Considerando-se a grande diversidade de abordagens e procedimentos metodológicos de


mapeamentos de risco a escorregamentos, são discutidas neste contexto algumas
propostas que têm sido adotadas como principais referências, com ênfase especial às
metodologias de obtenção dos mapas de perigo e de suscetibilidade, uma vez que
consistem em etapas fundamentais do processo de avaliação de risco.

2.2.2. Mapas de Suscetibilidade a Escorregamentos

O mapa de suscetibilidade a escorregamentos desenvolvido por Brabb et al. (1972) foi


conceitualmente expandido por diversos autores. Neste estudo, os autores adotaram uma
metodologia quantitativa, com base em análises estatísticas, para avaliar a influência
dos fatores considerados como condicionantes de escorregamentos na estabilidade de
vertentes, utilizando as seguintes técnicas de mapeamento e de análises quantitativas:

 Medidas da área de afloramento de cada tipo litológico;


 Medidas das áreas de escorregamentos por litologia, pela superposição de
um mapa de inventário de escorregamento sobre o mapa geológico;
 Ordenamento dos tipos litológicos, segundo a porcentagem de
escorregamentos, do maior para a menor porcentagem, os quais foram
avaliados quanto ao grau de suscetibilidade a escorregamentos;
 Sobreposição de um mapa de declividade ao de geologia local e de
escorregamentos para determinar a associação entre eles;

14
 Definição de classes de perigo com base na suscetibilidade dos tipos
litológicos e das classes de declividade das vertentes avaliadas, a partir da
associação com os escorregamentos.

A avaliação da suscetibilidade é o resultado da combinação de informações do meio


físico (tipo de solo, declividade, clima) e do mapa de inventário de escorregamentos
existente. Os atributos prescritos neste mapa são analisados em termos qualitativos
denotando em baixa, média ou alta suscetibilidade. Alguns autores, como Einstein
(1988), Cooke & Doorkamp (1990), Fernandes e Amaral (1996), consideram que o
mapa de suscetibilidade refere-se também ao mapa de perigo de escorregamento
(landslide hazard), uma vez que representam as probabilidades de ocorrência de
determinados eventos.

Para Cooke & Doorkamp (1990), mapas de suscetibilidade representam um estágio


além do mapa de inventário, ou do mapa geomorfológico, nos quais se definem
tendências à instabilidade em adição às encostas que já sofreram escorregamentos. Uma
classificação típica é indicada na Tabela 2.5. Este mapa expressa em sua análise o
quanto próximo se encontra a encosta do limiar de instabilidade. Na Figura 2.2,
apresenta-se um exemplo de mapa de suscetibilidade a movimentos de massa para o
estado de São Paulo, elaborado por DAEE/IPT (1985).

Tabela 2.5 - Classificação de encostas de acordo com as características de estabilidade (baseado


em Cooke e Doorkamp, 1990).
Encostas com escorregamentos ativos. Movimentos
Classe I
podem ser contínuos ou sazonais.
Encostas frequentemente sujeitos a novos
escorregamentos ou a reativação de antigos. Os
Classe II
intervalos de recorrência dos eventos de
escorregamentos são de até cinco anos.
Encostas sujeitos a escorregamentos (novos ou a
Classe III reativação de antigos) pouco frequentes. Os intervalos
de recorrência são maiores que cinco anos.
Encostas com evidência de atividade de
Classe IV escorregamentos prévios, mas que não sofreram nenhum
movimento nos últimos 100 anos.
Encostas que não mostram evidências de atividade
prévia de escorregamento mas são consideradas como
Classe V prováveis áreas para desenvolver escorregamentos no
futuro. O potencial de escorregamentos é indicado pela
análise de esforços ou por analogia com outras vertentes.
Encostas que não mostram evidências de atividade
prévia de escorregamento e que pela análise de esforços
Classe VI
ou por analogia com outras vertentes, são consideradas
estáveis.

15
Figura 2.2 - Mapa de suscetibilidade a movimentos de massa do Estado de São Paulo
(DAEE/IPT, 1985).

O desenvolvimento de SIG’s e dos modernos métodos de modelamento espacial


permitiram um considerável aumento na produção de estudos sobre metodologias de
avaliação de perigos e de previsão de área instáveis. Tais estudos podem ser agrupados
em três tipos principais: os puramente empíricos; os probabilísticos com bases
empíricas e com bases estatísticas; e os analítico-determinísticos (Barredo et al., 2000;
Fernandes et al., 2001; Savage et al., 2004, entre outros).

 Métodos Empíricos

O método empírico baseia-se na distribuição das cicatrizes recentes e nos depósitos


associados como indicativos das áreas que podem apresentar futuras instabilizações. Por
meio da produção de mapas de inventários ou mapas de densidade de ocorrências de um
único evento ou de uma série temporal, são indicadas as áreas com potencial de
instabilização (Campbell, 1973; Gao, 1993; Larsen e Torres Sanchez, 1998; Amaral,
1996, citados por Fernandes et al., 2001).

16
Esta metodologia consiste em realizar de maneira estimada a distribuição espacial e
temporal das diversas variáveis (dados pluviométricos, mapas geológicos, parâmetros
geomecânicos) e concluir acerca da instabilidade das encostas.

Uma segunda abordagem baseia-se em correlações estatísticas multivariáveis dos


condicionantes (ângulo do talude, curvatura da encosta, substrato litológico, tipo de solo
e morfologia da bacia) a instabilização das encostas com o histórico de eventos já
registrados e analisados. Isto permite a análise de outras áreas que apresentem fatores
com características semelhantes, as quais podem tornar-se futuras áreas de
instabilização (Carrara et al., 1995; Guzzetti et al. 1999).

Em um de seus estudos Barredo et al. (2000) aplicaram análises estatísticas


multivariáveis, onde a combinação dos fatores que causaram escorregamentos no
passado fora determinada estatisticamente, permitindo avaliações quantitativas para
áreas ainda não passíveis de escorregamentos. Este método requer uma coleção de
grande número de dados para que os resultados sejam confiáveis, sendo mais apropriado
para mapas de escala média entre 1:25.000 e 1:50.000, ou seja, em macro análises.

Usando-se de outros artifícios, este método, também denominado de heurístico, baseia-


se em análise de especialista que decide o tipo e grau de perigo para cada área através
de técnicas de integração de dados, incluindo combinação de parâmetros qualitativos.
Barredo et al. (2000) utilizaram uma análise denominada analytical hierarchy process
(AHP), em que foram atribuídos pesos para diversos parâmetros do terreno com
influência no desenvolvimento de escorregamentos. Os layers dos parâmetros foram,
então, combinados em SIG para se determinar os “valores” de perigo (Tominaga,2007).

O desenvolvimento dos SIG’s, que permite a combinação de vários mapas e de


atribuição de pesos, estão sendo muito utilizados recentemente. Entretanto, alguns
autores como Guzzetti et al. (1999); Van Westen (1993); Gee (1992); Fernandes et al.
(2001) entre outros, consideram que este tipo de análise caracteriza-se por uma grande
subjetividade, condicionado a experiência e ao nível de conhecimento do problema pelo
investigante. Há acrescentar ainda, que cada especialista adota diferentes critérios, o que
dificulta a comparação e análise dos resultados quanto à importância relativa dos
parâmetros empregados.

17
 Métodos Probabilísticos

Análises com bases estatísticas conferem menor subjetividade aos mapeamentos,


baseados no princípio de que fatores que causaram a instabilidade de um determinado
local no passado poderão gerar novas instabilizações no futuro (Carrara et al. 1991, Van
Westen, 1993; Carrara et al, 1995; Guzzetti et al., 1999; Tominaga,2007).

Esta metodologia associa registros históricos de eventos geotécnicos às bases empíricas


para prever espacial e temporalmente, os futuros escorregamentos. Os resultados das
análises com bases empíricas são representados em mapas baseados em SIG (Savage et
al., 2004).

Deve-se destacar que, como os critérios e as regras de combinação nestes métodos


baseiam-se em padrões mensuráveis a partir de observações e/ou ensaios de campo,
torna-se necessária a disponibilidade de extensos bancos de dados sobre os processos
estudados, o que é muito raro no contexto da realidade brasileira (Fernandes et al.,
2001).

 Métodos Determinísticos

Os métodos analíticos ou determinísticos são abordagens que utilizam modelos


matemáticos em bases físicas, ou seja, que descrevem alguns dos processos e leis físicas
que controlam a estabilidade de vertentes (Fernandes et al., 2001; Tominaga,2007).

Muitos programas computacionais baseiam-se neste método analítico, dentre os quais se


destacam os softwares SINMAP, (Pack et al., 1998); SHALSTAB (Montgomery e
Dietrich, 1994); TRIGRS (Savage et al., 2003), entre outros.

Segundo Tominaga (2007), a heterogeneidade mecânica, geométrica e hidrológica dos


solos restringe a utilização dos métodos com base somente em SIG para fornecer uma
avaliação detalhada do perigo a escorregamentos. Mapeamentos das variações sub-
superficiais da espessura, do grau de saturação, das propriedades hidráulicas, da
resistência ao cisalhamento, e outros parâmetros dos solos com efeitos sobre a
estabilidade de encosta, são muito difíceis de serem obtidos.

18
Desta forma os métodos atuais de modelagem da estabilidade de encosta com base em
SIG são úteis apenas para avaliações preliminares da estabilidade para grandes
extensões de áreas. Para áreas específicas ou localizadas, a avaliação de estabilidade da
encosta necessita de estudos mais detalhados (Savage et al., 2004).

Fernandes et al. (2001) consideram que as limitações na aplicação destes procedimentos


são decorrentes do conhecimento incompleto de muitos dos processos envolvidos,
associado às dificuldades de obtenção dos dados exigidos pelos modelos,
principalmente quando aplicados a áreas mais extensas.

Outra abordagem determinística utiliza-se de modelos de estabilidade de encostas para


determinar o perigo de escorregamento, por meio de cálculo do fator de segurança. Os
Modelos determinísticos são apropriados para fornecer as informações quantitativas do
perigo de escorregamentos, as quais podem ser usadas diretamente em projetos de
engenharia ou na quantificação do risco.

É notório que este método requer uma grande quantidade de dados detalhados,
derivados de testes de laboratório e de medidas de campo, os quais podem ser aplicados
apenas para estudos em grande escala aplicados a áreas restritas (Van Westen, 2004).

Contudo, o uso de modelos físicos para zoneamento de perigo a escorregamentos com


uso de SIG também tem seus problemas. Como pondera Van Westen (2004), os dados
utilizados normalmente têm um alto grau de incerteza, os valores que resultam dos
cálculos não devem ser considerados como valores absolutos para a ocorrência de
escorregamentos e, por conseguinte, não podem servir diretamente para a avaliação
quantitativa do risco.

2.2.3. Mapas de Perigo a Escorregamentos

Uma das classificações mais completas dos métodos de avaliação de suscetibilidade e


de perigo a escorregamentos (Figura 2.3) foi proposta por Aleotti e Chowdhury (1999),
formulada com base em classificações anteriores de Carrara (1983); Hansen (1984);
Leroi (1996) e Soeters e Van Westen (1996). De acordo com esta proposta, os métodos
são divididos em dois grandes grupos: métodos qualitativos e quantitativos.

19
Figura 2.3 – Classificação de métodos de avaliação de perigos a escorregamentos
(modificado de Aleotti & Chowdhury, 1999).

 Métodos Qualitativos

Os Métodos qualitativos são baseados no julgamento do profissional que está realizando


a avaliação. Os dados considerados são usualmente derivados de observações de campo
e de foto interpretação. Os métodos qualitativos ou como denominado por Leroi (1996),
Métodos de Avaliação de Especialista podem ser baseados em análises geomorfológicas
de campo ou em análise de combinação por meio da superposição de mapas de índices.

Análises geomorfológicas

A análise geomorfológica utilizada nos métodos qualitativos consiste na avaliação de


campo, pelo investigador, baseado em sua experiência e conhecimento científico. Neste
caso, o mapa de estabilidade das encostas é resultado das análises das informações de
um mapa geomorfológico de detalhe.

20
Segundo Aleotti e Chowdhury, (1999), este método permite uma avaliação rápida de
uma dada área, levando em consideração um grande número de fatores e pode ser
utilizada em variadas escalas e adaptada aos requisitos específicos de cada localidade.

Leroi (1996) destaca algumas desvantagens desta abordagem:

a) Subjetividade na escolha das regras e dos dados envolvidos na estabilidade de


vertentes ou no perigo de instabilização;
b) Uso de regras implícitas em preferência às explícitas impede a análise crítica dos
resultados e dificulta a atualização do sistema de avaliação com novos dados; e,
c) Necessidade de pesquisas de campo prolongadas.

A principal finalidade da avaliação é identificar os locais que estão na iminência de


ruptura, ou seja, as encostas onde o fator de segurança (FS) está próximo de 1 (um). Os
procedimentos mais utilizados nesta abordagem incluem as seguintes fases: análise
local (in situ) com investigação sistemática dos principais fatores associados aos
escorregamentos e registro das propriedades da vertente; análise estatística ou seleção
de técnicas de cartografia; elaboração de mapa de escorregamentos (inventário das
ocorrências); elaboração de mapa geomorfológico e elaboração de mapa de
suscetibilidade e perigo a escorregamentos (Cooke e Doorkamp, 1990).

 Métodos Quantitativos

Análises Estatísticas

O método de análise estatística, dado por meio da comparação da distribuição espacial


dos escorregamentos com os parâmetros considerados, procura superar a subjetividade
na atribuição de valores ponderados para os fatores associados com a estabilidade de
encostas das abordagens qualitativas. Os resultados podem ser aplicados para áreas que
atualmente não apresentam escorregamentos, mas onde existem condições de
suscetibilidade de futuras instabilidades (Tominaga,2007).

A principal vantagem é a possibilidade de distinguir a importância de cada fator e


decidir a forma de entrada do mesmo no mapa final de maneira interativa. A realização

21
destas operações é facilitada pela utilização de SIG e, em grande parte a ‘popularidade’
da abordagem estatística se deve ao incremento nas aplicações destas técnicas (Aleotti e
Chowdhury,1999). A análise estatística pode ser bivariável ou multivariável (Tominaga,
2007) como descrito a seguir.

- Análise estatística bivariável

A análise estatística bivariável, cada fator é aferido com o mapa de escorregamentos


(inventário). Os valores que por sua vez foram ponderados das classes usadas para
categorizar cada parâmetro são determinados com base na densidade de
escorregamentos em cada classe individual.

Este método é amplamente utilizado nos estudos das geociências, nos quais se considera
um grande número de parâmetros, tais como: litologia, ângulo de inclinação dos taludes,
altura, uso do solo, morfologia do relevo, densidade de drenagem, etc. Esta abordagem
tem sido adotada também com sucesso nos trabalhos de mapeamento de perigos a
escorregamentos e processos correlatos.

Esta análise requer as seguintes operações: (a) seleção e mapeamento de parâmetros


significativos e sua categorização em um número de classes relevantes; (b) mapeamento
dos escorregamentos; (c) sobreposição do mapa de escorregamentos com os mapas de
cada parâmetro; (d) determinação de densidade de escorregamentos em cada classe dos
parâmetros e definição dos valores ponderados; (e) atribuição dos valores de
ponderação para os vários mapas de parâmetros; (f) mapeamento final por sobreposição
e cálculo do valor final de perigo ou suscetibilidade para cada unidade de terreno
identificado (Aleotti e Chowdhury, 1999).

- Análise estatística multivariável

Aleotti e Chowdhury (1999) basearam seus procedimentos de análise estatística


multivariável segundo os trabalhos de Carrara (1983) e Carrara et al. (1991). Estes
procedimentos envolvem várias etapas preliminares, as quais são experimentadas em
áreas testes. Verificados a veracidade dos resultados, estes são estendidos para toda a
área de estudo.

22
As etapas requeridas são as seguintes: (1) classificação da área de estudo em unidades
de terreno (land units); (2) identificação dos fatores significativos e criação dos mapas
de dados; (3) construção do mapa de inventário de escorregamentos; (4) identificação da
porcentagem da área afetada por escorregamentos em cada unidade de terreno e sua
classificação em unidades estáveis ou instáveis; (5) combinação dos mapas de
parâmetros com o mapa de unidades de terreno e organização de uma matriz de
presença/ausência de uma dada classe, de um dado parâmetro em cada unidade de
terreno; (6) análise estatística multivariável: devido à grande quantidade de dados, esta
análise é efetuada com o uso de software específico que, atualmente encontra-se
incluído no pacote de programas do SIG; (7) reclassificação das unidades de terreno
baseado nos resultados obtidos na fase preliminar e determinação das classes de
suscetibilidade (Tominaga, 2007).

Modelos Geotécnicos Determinísticos

Os Modelos geotécnicos determinísticos são voltados para a análise das encostas ou de


locais específicos para fins da engenharia. Conforme Aleotti e Chowdhury (1999), as
principais propriedades físicas são quantificadas por meio de ensaios e aplicadas em
modelo matemático específico para cálculo do fator de segurança.

Estes modelos são amplamente empregados em engenharia civil e em geologia de


engenharia e tem sido utilizado para o mapeamento de perigo de escorregamentos,
especialmente após a introdução de SIG. O índice de estabilidade utilizado é o já bem
conhecido fator de segurança, baseado em modelo geotécnico apropriado.

A obtenção do fator de segurança (FS) requer dados geométricos do terreno, parâmetros


geomecânicos (coesão e ângulo de fricção) e informação de poropressões. Na análise o
investigador deverá decidir entre os parâmetros de pico ou residual da resistência ao
cisalhamento para partes específicas da superfície de escorregamento. O fator de
segurança precisa ser calculado para cada encosta ou área individual antes de se
preparar o mapa de perigo, o que limita estes métodos a apluicação em pequenas áreas e
em escalas de detalhe. A utilização de SIG facilita a simulação de múltiplos cenários
baseados em fatores variáveis (usualmente fatores deflagradores de escorregamentos),
bem como a construção de mapas de perigos confiáveis (Aleotti e Chowdhury, 1999).

23
2.2.4. Mapas de Risco a Escorregamentos

Devido à complexidade das informações embutida nas análises, a grande maioria dos
mapeamentos de risco tem sido feita apenas em áreas de extensão limitada, atribui-se
ainda às dificuldades de se fazer a composição do perigo e do potencial de perda, o que
resulta em poucos métodos para avaliação de mapeamento de risco a escorregamentos.

Com base nas propostas de Varnes (1984); Brabb (1984) e USGS (1983), Einstein
(1988) propõe uma estrutura de mapeamento de risco a escorregamentos em cinco
etapas ou níveis:

Nível 1 – Mapas do Estado da Natureza (state of nature maps). Correspondem às


informações básicas compostas de dados coletados em campo ou na literatura, e
que não foram submetidas a interpretações ou sínteses. Incluem neste contexto:
mapas topográficos; mapas geológicos; mapas de vegetação; mapas hidrológicos
(chuva, drenagens, água subterrânea); mapas geotécnicos, e outros.

Nível 2 - Mapas de Inventário de Escorregamentos (danger maps). Resumem as


áreas que já apresentaram escorregamentos e as com potencial de instabilidade e a
tipologia dos processos. São desenvolvidas a partir dos mapas do nível 1 e das
informações adicionais sobre instabilidade das encostas.

Nível 3 – Mapas de Perigo (hazard maps). Representam tanto o potencial do terreno


em gerar escorregamentos como a probabilidade de sua ocorrência, que pode ser
expressa em valores quantitativos ou qualitativos. Estes mapas também são
chamados mapas de suscetibilidade relativa. A estimativa da probabilidade pode ser
feita objetiva, subjetivamente ou pela combinação de ambas.

Nível 4 – Mapas de Risco (risk maps). reunem a interação do perigo e suas


consequências potenciais, relacionadas a perda de vidas humanas, prejuízos
econômicos ou induzem mudanças ambientais. Uma determinada área sujeita ao
mesmo perigo pode apresentar consequências diversas dependendo do tipo de uso
do solo. O método mais simples e mais comum na obtenção de um mapa de risco é
pela sobreposição do mapa de perigo e do mapa de uso do solo.

24
Nível 5 – Mapas de Gerenciamento de Escorregamentos (landslide management
maps). Derivado dos mapas de perigo e risco constitui-se nas bases para decisão de
políticas públicas. São instrumentos técnicos para ações regulatórias e de
gerenciamento, tais como zoneamentos, adoção de medidas de mitigação ou de
estabilização, implantação de sistemas de monitoramento, entre outros.

De acordo com Anbalagan (1996), uma avaliação de risco refere-se a uma estimativa da
extensão dos prováveis danos que podem resultar se o escorregamento ocorrer. Os
danos podem ser na forma de perdas de vidas ou ferimentos, danos aos recursos da terra
e propriedades. Portanto, risco é uma função da probabilidade de ocorrência do perigo
(hazard) e da provável consequência (dano potencial), podendo ser expresso como:

R = f(HP, DP) (2.4)

sendo HP  probabilidade de perigo (hazard probability) e DP  dano potencial. A


avaliação do risco é modelada a partir de uma matriz onde as classes de diferentes graus
de Dano Potencial (DP) são associadas às de Perigo (HP), resultando em cinco classes
de risco: muito baixo, baixo, moderado, alto e muito alto. Cartas de risco específicas
são, então, elaboradas para cada tipo de dano potencial, por exemplo, danos à
população, às terras e propriedades, às rodovias, etc.

Bocquet et al. (1984 apud Eisntein 1988), utilizaram três principais componentes para
avaliação de risco em áreas consideradas montanhosas: 1) o perigo (hazard); 2) a
modificação do perigo pela interferência humana; 3) o efeito potencial sobre os fatores
econômicos e presença humana (potencial de perda). Os níveis de perigo foram
descritos por uma escala de a (alto) a d (muito baixo), combinando a intensidade do
perigo e sua probabilidade. A ação humana nos três níveis pode tanto reduzir ou
aumentar o perigo. As perdas potenciais e o perigo modificado são então associados
para avaliação do risco da área analisada feita de forma qualitativa e subjetiva.

Um dos mais importantes insumos para a análise quantitativa da vulnerabilidade e risco


a escorregamentos é a coleção histórica de informações de eventos de escorregamentos
e a manutenção destas informações em banco de dados em SIG, incluindo informações
sobre os prejuízos resultantes do escorregamento (Dikau et al., 1996).

25
No Brasil, conforme já mencionado previamente, os estudos de elaboração de cartas de
risco, associadas aos movimentos de massa, são bastante recentes. Numa fase inicial, as
cartas de risco foram elaboradas em geral por meio de combinação de mapas temáticos,
baseadas em análises essencialmente qualitativas e produzidas manualmente.

Cerri (1990), por exemplo, propôs a elaboração de mapas de risco geológico em duas
etapas principais. A primeira refere-se à produção do mapa de suscetibilidade pelo
cruzamento entre mapas temáticos do meio físico e entre o mapa de uso e ocupação do
solo como indutor dos processos geológicos. A segunda etapa envolve o cruzamento do
mapa de suscetibilidade com o mapa de uso e ocupação do solo, representando nesta
etapa, as consequências (danos) potenciais associados.

Em síntese, as cartas de risco geológico representam a distribuição, os tipos, a


frequência, as características, o grau e a hierarquização do risco associado a
escorregamentos (Fernandes e Amaral, 1996). O risco pode ser considerado como o
resultado da combinação entre a probabilidade de ocorrência do escorregamento e as
consequências potenciais, sociais e econômicas, e ser expressa pela equação 2.5:

RPxC (2.5)

sendo R o risco de escorregamento, P a probabilidade ou suscetibilidade e C as


consequências do escorregamento.

Existem diversas propostas de roteiro para elaboração de cartas de risco, como exemplo
podemos citar o proposto por Augusto Filho (1994) para o município de Ilhabela (SP),
desenvolvido em quatro etapas: inventário, investigação, análise e síntese. IG-SMA
(1996) elaborou Carta de Risco a Movimentos de Massa de São Sebastião/SP, na escala
1:10.000, como subsídio ao planejamento de medidas mitigadoras pelo poder público
municipal. Para uma setorização preliminar do risco foram analisados: padrões e tipos
de relevo; aspectos morfométricos representados nas cartas hipsométricas e
clinográficas; as feições de movimentos de massa e de instabilidade de vertente; feições
antrópicas indutoras dos processos de movimentos de massa e as estruturas geológicas.
Esta setorização preliminar foi confrontada com as unidades de uso e ocupação do solo,
visando diferenciar e hierarquizar os riscos em função do tipo e padrão da ocupação e
definir a setorização final do risco (Moura-Fujimoto et al., 1996).

26
A metodologia proposta por Fernandes e Amaral (1996) pode ser aplicada em diversas
escalas, porém seu uso é mais adequado para escalas maiores que 1:5.000, quando
atendem ao planejamento e/ou implantação de infra-estrutura para áreas habitadas.
Trabalhos mais recentes e no contexto de uma tendência mundial, fizeram uso intenso
das técnicas SIG’s (Anjos, 1999); Guimarães et al., 1999). As metodologias, então,
tornaram-se cada vez mais abrangentes, incluindo métodos de quantificação para análise
tanto da probabilidade de perigos como das consequências (riscos geológicos). Exemplo
típico é a proposta de Augusto Filho (2001), para elaboração de cartas de risco de
escorregamentos quantificadas em ambiente de SIG, subdividida em três etapas:

Etapa de Inventário:

 Cadastro de eventos e acidentes de escorregamentos;


 Definição dos modelos de instabilização (qualitativos);
 Seleção dos condicionantes ambientais (chuva, geologia, declividade, uso e
ocupação do solo, etc.).

Etapa de Análise de Perigo:

 Definição e aplicação dos modelos qualitativos e quantitativos determinísticos


para a definição dos níveis de suscetibilidade (índices, retroanálises, cálculos de
Fator de Segurança, etc.);
 Definição e aplicação de modelos qualitativos e quantitativos para a definição do
raio de alcance dos escorregamentos analisados;
 Definição e aplicação de modelos probabilísticos formais e não formais, para a
estimativa das probabilidades de deflagração dos movimentos de massa
analisados;
 Elaboração da Carta de Perigo de Escorregamentos.

Etapa de Análise de Risco:

 Definição e aplicação dos modelos quantitativos e qualitativos, para a avaliação


da vulnerabilidade e a valoração dos elementos sujeitos aos níveis de perigo,
identificados na etapa anterior;
 Definição e aplicação de modelos quantitativos para o cálculo dos níveis de risco
de escorregamento dos elementos da ocupação, expressos em danos/ano;

27
 Apresentação do risco individual (por elemento) e do risco regional;
 Elaboração da Carta de Risco de Escorregamentos.

Apesar dos avanços metodológicos na avaliação de risco geológico verificados nos


últimos anos, tem sido adotados métodos expeditos e mais pragmáticos nos
mapeamentos de risco em municípios, voltados para planos de prevenção e erradicação
de riscos e/ou planos preventivos de Defesa Civil. Na esfera nacional, a Ação de Apoio
à Prevenção e Erradicação de Riscos em Assentamentos Precários, proposição do
Ministério das Cidades procura articular, desde 2003, juntamente com o sistema
Nacional de Defesa Civil, um conjunto de ações visando à redução de risco nas áreas
urbanas. Estas ações têm como etapa prioritária a realização do diagnóstico de risco por
meio de uma avaliação qualitativa do risco, a partir de análise empírica dos
condicionantes e indícios de ocorrência dos processos de instabilização observados. A
hierarquização das situações de risco é baseada na experiência e no julgamento
profissional, em função da possibilidade de ocorrência do processo num determinado
período de tempo.

Outros procedimentos metodológicos de mapeamento de risco consistem em avaliações


e análises de risco qualitativas, a partir de observações diretas em campo (Fundunesp,
2003; Cerri et al., 2004; Canil et al., 2004; Macedo et al, 2004; Marchiori-Faria et al.,
2005; Santoro et al., 2005). Nesta abordagem (Figura 2.4), são avaliados os seguintes
fatores admitidos como essenciais à análise do risco: probabilidade ou possibilidade de
ocorrência de escorregamentos e inundações/enchentes, a vulnerabilidade em relação às
formas de uso e ocupação e o potencial de dano.

A probabilidade de ocorrência de fenômenos de inundações/enchentes e instabilidades


do terreno é estimada a partir da identificação e análise de feições e características do
terreno, indicadoras de maior ou menor grau de suscetibilidade, combinadas a
observações sobre as formas de uso e de ocupação do terreno. A vulnerabilidade do
elemento em risco refere-se ao padrão construtivo das residências, qualidade da infra-
estrutura local e capacidade da população de enfrentar as situações de risco. O potencial
de dano considera o número de moradias e moradores (elementos em risco)
potencialmente sujeitos a serem afetados pela ocorrência de um determinado evento
(Marchiori-Faria et al., 2005).

28
Figura 2.4 – Exemplo de mapeamento de risco em Ubatuba (IG/SMA, 2006).

Para a delimitação dos setores de risco e a definição dos graus de risco, são adotados
neste trabalho os critérios indicados na Tabela 2.6 (adaptados de FUNDUNESP, 2003;
Macedo et al., 2004; Canil et al., 2004 e Cerri et al., 2004).

Tabela 2.6 - Caracterização dos graus de risco utilizados


(adaptados de FUNDUNESP, 2003; Macedo et al., 2004; Canil et al., 2004 e Cerri et al., 2004).

Risco Descrição
Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes (declividade,
tipo de terreno, etc.) e o nível de intervenção no setor, são de baixo
potencial para o desenvolvimento de processos de escorregamentos,
solapamentos e inundações. Não há indícios de processos de instabilização
R1
de encostas e em margens de drenagens. Os registros de eventos tendem a
Baixo
ser raros (condição menos crítica). Mantidas as condições existentes, são
muito reduzidas as possibilidades de ocorrência de eventos destrutivos no
período de 1 ano.
Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes e o nível de
R2 intervenção no setor são de médio potencial para desenvolvimento de
Médio processos de escorregamentos, solapamentos e inundações. Observa-se a
presença de algumas evidências de instabilidade (encostas e margens de

29
drenagens), porém incipientes. Processo de instabilização em estágio
R2 inicial de desenvolvimento, sendo os registros de eventos nos últimos anos
Médio mais comuns. Mantidas as condições existentes, são médias as
possibilidades de ocorrência de eventos destrutivos durante episódios de
chuvas intensas e prolongadas, no período de 1 ano.
Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes e o nível de
intervenção no setor são de alto potencial para desenvolvimento de
processos de escorregamentos, solapamentos e inundações. Observa-se a
presença de significativas evidências de instabilidade (trincas no solo,
degraus de abatimento em taludes, marcas de água em paredes e muros,
R3
erosão das margens dos cursos d'água, etc.). Processo de instabilização em
Alto
pleno desenvolvimento, ainda sendo possível monitorar a evolução do
processo. Mantidas as condições existentes, é perfeitamente possível a
ocorrência de eventos destrutivos durante episódios de chuvas intensas e
prolongadas, no período de 1 ano.
Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes e o nível de
intervenção no setor são de potencial muito alto para o desenvolvimento
de processos de escorregamentos, solapamentos e inundações. As
evidências de instabilidade (trincas no solo, degraus de abatimento em
taludes, trincas em moradias ou em muros de contenção, árvores ou postes
inclinados, cicatrizes de escorregamento, feições erosivas, proximidade da
R4
moradia em relação à margem de córregos, marcas de água em paredes e
Muito Alto
muros, etc) são expressivas e estão presentes em grande número ou
magnitude. Processos de instabilização em avançado estágio de
desenvolvimento. É a condição mais crítica, necessitando de intervenção
imediata dada seu elevado estágio de desenvolvimento. Mantidas as
condições existentes, é muito provável a ocorrência de eventos destrutivos
durante episódios de chuvas intensas e prolongadas, no período de 1 ano.

Esta caracterização de riscos irá subsidiar a proposta da análise de riscos, no âmbito da


área urbana do município de Ouro Preto/MG, escopo deste trabalho, de forma a validar
as metodologias comumente aplicadas e contextualizar a sua implementação como uma
linguagem de Sistema de Informações Geográficas, também desenvolvida na presente
pesquisa.

30
CAPÍTULO 3

3. CONDICIONANTES GEOTÉCNICOS DA ÁREA URBANA DA CIDADE


DE OURO PRETO/MG

Este capítulo constitui uma síntese de diferentes estudos já desenvolvidos em relação


aos aspectos críticos dos condicionantes geológico-geotécnicos da área urbana da cidade
de Ouro Preto/MG, no contexto de eventos detectados e potenciais zonas de riscos.
Estes estudos deverão subsidiar posteriormente a proposta de elaboração do zoneamento
de risco da cidade. Ainda, neste contexto, apresenta-se um breve descritivo a respeito do
desenvolvimento da malha urbana da cidade e um histórico de diversos problemas de
ordem geotécnica ocorridos no seu núcleo urbano.

A investigação dos perigos que ocorreram no passado, a caracterização do meio físico e


o monitoramento da situação atual possibilitam caracterizar e prevenir a ocorrência de
futuros perigos. No contexto em que a maior parte dos perigos naturais é inevitável, mas
os desastres não o são, tais estudos podem contribuir bastante para a minimização dos
processos desencadeadores de instabilizações e/ou eventos críticos, com inequívocos
impactos positivos sobre o meio físico e social.

3.1. HISTÓRICO DO DESENVOLVIMENTO URBANO DE OURO PRETO

A cidade de Ouro Preto, tombada pela UNESCO como Patrimônio Histórico e Cultural
da Humanidade, localiza-se na região central do Estado de Minas Gerais, distando cerca
de 90 km de Belo Horizonte e 800 km de Brasília. A cidade situa-se na extremidade
sudeste de região conhecida como Quadrilátero Ferrífero, zona minero-metalúrgica do
Estado de Minas Gerais.

Fundada em 1698, a cidade nasceu da aglomeração dos arraiais surgidos nas áreas de
mineração nas encostas dos montes Ouro Preto e Itacorumim, no vale do rio Funil, o
que deu origem às ruas tortuosas e ladeiras íngremes. Desenvolveu-se, então, a partir da

31
descoberta de depósitos de ouro aluvionar no final do século XVII, tornando-se, à
época, o segundo maior centro populacional na América Latina e a capital da Província
de Minas Gerais (IPHAN, 2004 apud Pinheiro et al., 2004).

A ocupação e a expansão urbana da cidade estão condicionadas ao limite de três áreas


de proteção ambiental: as reservas ecológicas Parque do Tripuí e Parque do Itacolomi e
a APA das Andorinhas, onde nasce o Rio das Velhas, um dos principais afluentes do
Rio São Francisco. Outro fator condicionante ao processo de expansão, entendido aqui
como o processo de desenvolvimento da malha urbana, é a garantia de manutenção das
características arquitetônicas vinculadas ao processo de tombamento da cidade como
Patrimônio Histórico da Humanidade. Entretanto, estes condicionantes supracitados não
foram capazes de garantir à cidade um crescimento ordenado de sua malha urbana.

Entre as décadas de 50 a 90 do século passado, ocorreu um grande crescimento


populacional, vinculado basicamente pelo potencial mineralógico da região, o que
resultou na implantação de indústrias voltadas para este setor, reaquecendo a economia
local.

Desta forma, pode-se perceber que Ouro Preto encerra atualmente duas realidades
antagônicas, que cada vez mais têm sido objetos de estudo e preservação. De um lado,
um magnífico acervo barroco do século XVIII, que ostenta importantes monumentos da
Inconfidência Mineira, igrejas e casarões; de outro, o inevitável crescimento urbano
associado aos setores econômico e industrial. Neste contexto, locais com características
morfológicas e geotécnicas desfavoráveis foram ocupados de forma acelerada e
inadequada, ocasionando um quadro problemático no que se refere à segurança do meio
físico urbano e da população local.

Estes condicionantes naturais desfavoráveis foram agravados em muito por uma ação
antrópica predatória, que propiciaram cenários para desenvolvimento de mecanismos de
instabilização das encostas e ocorrências de inúmeros eventos de movimentos de massa
e processos correlatos. As conseqüências imediatas destes processos foram agravar
ainda mais os riscos crescentes sobre a infra-estrutura local, os monumentos históricos
e, particularmente, sobre as comunidades assentadas ao longo destas encostas,
especificamente ao longo da Serra de Ouro Preto.

32
Os primeiros registros históricos associam o desenvolvimento da cidade a partir da
corrida pelo ouro. No final do Século XIX, o núcleo urbano se espalhava ao longo dos
vales dos sítios rochosos, com direção predominantemente NW – SE (Figura 3.1).

Figura 3.1 – Planta da cidade de Ouro Preto – 1888


Fonte: Acervo Cartográfico do Arquivo Público Mineiro

No final da década de 1940, o desenvolvimento urbano concentra-se no entorno da


estação ferroviária, situada na parte baixa da cidade (Figura 3.2), fase marcada pelo
início do crescimento urbano a partir da recuperação do potencial mínero – metalúrgico
regional, iniciada em 1938, com o apoio do governo Vargas. A primeira produção de
alumina e alumínio no país, em escala industrial, ocorreu em Ouro Preto em 1944,
durante a 2ª Grande Guerra Mundial.

Figura 3.2 – Planta da cidade de Ouro Preto escala 1:20.000 – 1939


Fonte: Acervo Cartográfico do Arquivo Público Mineiro

33
Castro (2006; modificado de Farias, 1996) apresenta um quadro da formação e evolução
da malha urbana em Ouro Preto (Figura 3.3): o arranjo inicial (figura a) refere-se ao
início do povoamento no período da descoberta do ouro, que evolui para a concentração
da população em torno das áreas mineradas (figura b). A formação do centro da cidade e
o desenvolvimento circunvizinho são apresentados na figura (c). A implantação da
estação ferroviária e a ocupação do seu entorno são representados na figura (d), com a
ocupação do Morro do Cruzeiro e a expansão da malha urbana no Bairro Saramenha na
figura (e).

(a) (b) (e)

(c) (d)

Figura 3.3 – Evolução da ocupação da área urbana de Ouro Preto (Castro, 2006)

O crescimento populacional da cidade induzido pelos processos de industrialização,


turismo e a expansão dos centros acadêmicos (ensino técnico e superior), resultou, em
longo prazo, num cenário de ocupação desordenada das áreas periféricas, incluindo as
encostas e tipificada por edificações com baixos padrões construtivos.

A malha urbana atual apresenta uma distribuição espacial muito maior do que em
passado recente, tendendo a ocupar tanto o vale principal, como as vertentes e os
contrafortes das serras limítrofes, principalmente ao longo da Serra de Ouro Preto
(Figura 3.4). Como conseqüência direta, esta evolução desordenada da ocupação urbana
levou a uma igual evolução da gravidade dos riscos geotécnicos.

34
Figura 3.4 – Distribuição espacial da malha urbana da cidade de Ouro Preto (2010)
Fonte: Prefeitura Municipal de Ouro Preto – Base de Referência cadastral

3.2. CONTEXTO GEOAMBIENTAL DA CIDADE

3.2.1. Contexto Fisiográfico

Implantada em um vale limitado pela Serra de Ouro Preto ao norte e a Serra do


Itacolomi ao sul, por onde corre o Ribeirão do Funil, a morfologia local caracteriza-se
por altas escarpas e montanhas representando cerca de 75% de todo o sítio urbano da
cidade (Gomes et al.,1998).

O principal elemento fisiográfico local é a Serra de Ouro Preto, limite norte da malha
urbana e divisor das bacias de drenagem do Rio das Velhas e do Rio Doce. A Serra de
Ouro Preto representa o flanco sul de uma grande estrutura regional conhecida como
Anticlinal de Mariana. Esta grande estrutura apresenta direção geral oeste - leste e eixo
inclinado para sudeste até Mariana, passando, então, a infletir na direção noroeste. A
parte externa da estrutura, na qual se situa o núcleo urbano de Ouro Preto, é constituída
pelas litologias do Supergrupo Minas, com mergulhos para SW e SE e exibindo vários
falhamentos e dobramentos que condicionam a complexidade geológica da área.

35
Em muitas áreas da Serra de Ouro Preto, as atividades de mineração do ouro alteraram
brutalmente a morfologia das encostas, as calhas naturais de drenagem e o regime
hidrogeológico original. Com a exaustão dos veios auríferos e o crescente esvaziamento
das lavras, estas áreas de lavra desordenada foram abandonadas, formando depósitos de
materiais não consolidados. Ao longo dos contrafortes da serra e distribuídos pelos seus
flancos, foram assentadas as principais estruturas da cidade, como igrejas, prédios
públicos, praças e ruas principais.

Os vales que permeiam toda a encosta condicionam a drenagem das águas que descem
da serra em direção às partes baixas da cidade (Ribeirão Tripuí), constituindo-se em
tributários da Bacia do Rio Doce. Da margem direita do Ribeirão Tripuí, evoluem os
alteamentos mais moderados das rochas do Grupo Sabará, a íngreme encosta do Morro
do Cruzeiro e a Serra do Itacolomi, limite sul da malha urbana.

A Serra do Itacolomi constitui o flanco sul de outra estrutura regional conhecida como
Sinclinal Dom Bosco, de direção geral este - oeste e que se estende até o Anticlinal de
Mariana a leste. É constituída pelas litologias do Grupo Itacolomi (quartzitos sericíticos
e intercalações de espessas lentes de filitos). Na borda sudeste da área, eleva-se o Pico
do Itacolomi, feição exponencial do relevo local.

É, portanto, num cenário de relevo acidentado e comprimido entre serras antagônicas


que se desenvolveu o núcleo urbano da cidade de Ouro Preto. Com o crescimento
natural da cidade e, em função da inexistência de zonas de expansão consistentes, a
ocupação das vertentes e encostas tornou-se a opção possível e irreversível, gerando
cenários propícios a eventos geotécnicos críticos.

3.2.2. Arcabouço Geológico Local

O arcabouço geológico da área urbana de Ouro Preto reflete a geologia regional do


Quadrilátero Ferrífero, incluindo litologias diversas e vários níveis transicionais, muitas
vezes indivisos. Um resumo simplificado da sequência estratigráfica e um mapa
geológico atualizado da zona urbana da cidade de Ouro Preto/MG são apresentados na
Tabela 3.1 e na Figura 3.5 (modificado de Lobato et al., 2005 e reproduzido no Anexo
I), respectivamente.

36
Tabela 3.1 – Coluna estratigráfica simplificada da área urbana de Ouro Preto/MG

Figura 3.5 – Mapa geológico da área urbana da cidade de Ouro Preto/MG (Lobato et al., 2005)

37
O substrato geológico local é constituído pelos seguintes padrões litológicos (Carvalho,
1987; Lobato et al., 2005):

 Grupo Nova Lima  A4rn

Sequência composta basicamente por xistos com complexa variabilidade litológica e


diferentes padrões de estratificação. Ocorrem localmente como pequenas incidências no
extremo norte da área urbana da cidade, a montante dos limites setentrionais da
sequência das litologias do Supergrupo Minas, na Serra de Ouro Preto. As rochas
exibem avançado estado de alteração em superfície e elevados padrões de anisotropia e
diaclasamento. Na área, há incidências das unidades Córrego da Paina (A4rncp) e
Catarina Mendes (A4rncm) do Grupo Nova Lima.

 Grupo Caraça  PP1mc

Esta sequência ocorre nos flancos e nas partes mais elevadas da Serra de Ouro Preto, em
seções com dimensões muito variadas. É composta por quartzitos, filitos, quartzo-
sericita xistos e conglomerados. Os quartzitos tendem a apresentar xistosidade bem
definida, permitindo o desmonte sob a forma de placas. Os filitos constituem feições
limitadas, mas relevantes no contexto geológico-geotécnico da área por se tratar de
formações praticamente impermeáveis.

 Grupo Itabira  PP1mi

Esta sequência é composta por itabiritos e itabiritos filíticos e dolomíticos quando


indiviso. A Formação Cauê é tipificada localmente por itabiritos modelados em
encostas de perfil convexo na região da Serra de Ouro Preto. As feições expostas
tendem a ser escarpadas e recobertas por uma capa de canga limonítica resultante da
alteração in situ. São materiais bastante vulneráveis à ação erosiva da água e a presença
de diáclases catalisa estes efeitos.

A Formação Gandarela é constituída por dolomitos e itabiritos dolomíticos, com


ocorrências também de xistos, filitos, itabiritos e quartzitos. Têm ocorrência limitada na
área, em fundos de vales, concentrada na borda leste do perímetro urbano da cidade,
tendendo a formar paredões abruptos na margem direita do Rio Funil, entre Ouro Preto
e Passagem de Mariana.

38
 Grupo Piracicaba  PP1mp

Esta sequência pode apresentar filitos, quartzitos, dolomitos, quartzitos ferruginosos e


formação ferrífera quando indiviso. A Formação Cercadinho do Grupo Piracicaba
apresenta grande complexidade litológica na área, compreendendo uma seqüência
composta por camadas centimétricas a métricas de quartzitos ferruginosos intercalados
com níveis de filitos prateados.

A maior distribuição espacial refere-se à parte superior da sequência, compreendendo


intercalações de quartzitos ferruginosos e filitos prateados, que se estende por todo o
núcleo histórico e bairros do Rosário e Cabeças, que tende a se estreitar em direção ao
Bairro Antônio Dias e adiante (feição mpc na Figura 3.5). Os quartzitos encontram-se
muito alterados e em feições escarpadas, com as zonas com predominância de filitos
tendendo a formar relevos mais abatidos. Intercalações dolomíticas tendem a ocorrer na
base desta unidade, mas possuem exposições limitadas no domínio urbano da cidade.

A Formação Fecho do Funil é representada principalmente por filitos dolomíticos, com


quartzitos e formação ferrífera subordinados, em contato gradacional com a Formação
Cercadinho subjacente e em contato abrupto com as formações sobrejacentes. No
perímetro urbano, as litologias ocorrem na forma de lentes na região do Morro do
Cruzeiro (aproximadamente entre os terrenos do CEFET ao campus da UFOP)
sobrepostos às litologias do Grupo Sabará (situadas na base e em meia encosta do
morro) por falhas de cavalgamento.

A Formação Taboões é composta por quartzitos finos interestratificados e possui uma


expressão muito limitada na área (lentes descontínuas). A Formação Barreiro tem maior
expressão e persistência na zona urbana da cidade (feições lenticulares adjacentes às
litologias da Formação fecho do Funil), sendo composta predominamente por filitos e
xistos grafitosos.

 Grupo Sabará  PP2ms

Trata-se da sequência de maior distribuição espacial na área, apresentando alteamentos


expressivos ao longo de todo o flanco sul e sudoeste do perímetro urbano da cidade.
Esta unidade apresenta uma combinação complexa e transicional de xistos com vários

39
outros tipos litológicos. Trata-se de uma seqüência metavulcanossedimentar, constituída
de mica xistos e clorita xistos, com intercalações de quartzitos, quartzitos feldspáticos,
quartzitos ferruginosos, formação ferrífera e metaconglomerados. Embora alterados,
tendem a apresentar maciços com comportamento geotécnico muito favorável. No
perímetro urbano da cidade, existem inúmeros exemplos de taludes de corte verticais,
com mais de 10m de altura, que se mostram bastante estáveis e sem quaisquer sinais de
processos de instabilização em curso.

 Grupo Itacolomi  PP2i

As rochas do Grupo Itacolomi ocorrem na porção sul da Cidade de Ouro Preto, na


forma de grandes afloramentos rochosos ao longo de toda a Serra do Itacolomi, sendo o
Pico do Itacolomi sua feição mais marcante. Sobrepostas discordantemente sobre as
litologias do Supergrupo Minas, compõem-se de quartzitos de granulação média a
grossa, com ocorrência comum de conglomerados polimíticos.

Uma feição estrutural bastante relevante nesta área é a presença de um dique de rocha
intrusiva (basalto e diabásio), cortando transversalmente os quartzitos locais e se
estendendo até as sequências litológicas do Supergrupo Minas (dique (d) indicado na
Figura 3.5). Esta estrutura constitui um bom exemplo dos condicionantes geológicos na
estabilidade geotécnica das encostas locais (caso da Avenida Perimetral).

 Coberturas Recentes

As coberturas recentes são representadas por depósitos superficiais de aluviões e tálus,


capeamentos de canga e de detritos ferruginosos não cimentados, lateritas e solos
coluvionares. Têm maior distribuição espacial na região do Morro do Cruzeiro,
principalmente na forma de capeamentos de canga e de detritos ferruginosos não
cimentados.

De uma forma geral, entretanto, as coberturas apresentam uma ampla disposição como
depósitos de vertentes, corpos aluvionares oriundos de antigas zonas de lavras
expeditas, carapaças de canga e zonas de colúvio em vários pontos do sítio urbano da
cidade, particularmente ao longo das encostas da Serra de Ouro Preto.

40
A complexidade do arcabouço estrutural correlaciona-se à superposição de várias fases
de deformação que configuraram a estruturação geológica do Quadrilátero Ferrífero. O
número de eventos e a magnitude dos mesmos são ainda hoje objeto de estudo de vários
pesquisadores, existindo diferentes interpretações acerca da evolução tectônica desta
importante província mineral brasileira.

As estruturas geológicas apresentam direções de acamamento e xistosidade WNW e


ENE, com mergulhos para sul da ordem de 30º (localmente até 45º). Muitas delas
exibem elevados padrões de fraturamento (itabiritos, por exemplo), suscitando, além do
desenvolvimento de zonas escarpadas, a potencial liberação de blocos e/ou lascas
rochosas, fenômeno bastante comum em várias áreas da Serra de Ouro Preto e do Morro
do Cruzeiro.

3.2.3. Aspectos Geomorfológicos

O relevo urbano reflete os condicionantes geológicos locais, caracterizado por vertentes


bem íngremes, áreas aplainadas em diferentes altitudes e vales profundos e encaixados.
As vertentes condicionam a drenagem das águas superficiais em direção ao Ribeirão do
Funil e os contrafortes dos flancos da Serra de Ouro Preto serviram de fundação para as
principais construções e monumentos da cidade. O perfil geomorfológico da área urbana
é condicionado pelos padrões irregulares e erráticos em termos de alteração superficial e
erodibilidade diferencial dos tipos litológicos presentes, induzindo um variado modelo
de declividades e das feições morfológicas das encostas. Zonas escarpadas são comuns
em toda a área urbana.

Visando a uma representação específica do padrão de declividades da área urbana da


cidade, elaborou-se inicialmente um mapa hipsométrico retratando a morfologia geral
da área em estudo, com base na distinção de seis classes de declividades específicas e na
definição dos principais níveis das altitudes locais.

O mapa hipsométrico foi elaborado com auxílio do software ArcGis 9.3 e AutoCAD
Civil 3D Land Desktop Companion (2009), a partir de mapa topográfico da área em
escala 1:5.000 (eqüidistância das curvas de nível de 10 em 10m), definindo-se faixas de
altitudes a cada 100 m (Figura 3.6).

41
Figura 3.6 – Mapa Hipsométrico da Cidade de Ouro Preto

As feições mais marcantes da área são as regiões da serras de Ouro Preto e Itacolomi,
com altitudes entre os 1.200 m e 1.500 m. Nestas faixas, a quebra de relevo é marcante,
registrando-se variações bruscas até 1.060 m. As menores altitudes são observadas na
região central do Cidade, com valores inferiores a 1000 m, na faixa de domínio direto
do Ribeirão Funil.

A declividade expressa a inclinação de uma encosta em relação a um plano horizontal


ou a relação entre a altura da encosta e a sua projeção horizontal, podendo ser medida
em graus ou em porcentagens (neste caso, com valores que podem ser superiores a
100%). A representação gráfica da distribuição espacial das declividades de um dado
meio físico constitui um mapa clinográfico ou de declividades, cuja elaboração é muito
relevante para análises geomorfológicas e para subsidiar a adoção de parâmetros para o
ordenamento territorial do mesmo. Além disso, tais dados são imprescindíveis para a
avaliação das possibilidades de ocorrência de processos de remobilização de formações
superficiais ou de instabilização de maciços rochosos, tais como escorregamentos,
queda de blocos, efeitos de creep, etc.

42
Para a definição de classes de declives, procedeu-se a correlações entre as unidades
morfológicas locais e os declives da área urbana da cidade de Ouro Preto, mediante a
caracterização de seis diferentes faixas de declividades do terreno (Tabela 3.2). O mapa
obtido está apresentado na Figura 3.7.

Tabela 3.2 – Classes de Declives e Formas de Relevo para a área urbana de Ouro Preto/MG.

Cor Classe Declividade (%) Padrão do relevo % da área urbana

1 0 a 10 Planalto 9
2 10 a 20 Suave Ondulado 13
3 20 a 40 Ondulado 36
4 40 a 60 Montanhoso 23,5
5 60 a 100 Escarpado 14,4
6 >100 Serra 4,1

Figura 3.7 – Mapa de Declividades da Cidade de Ouro Preto/MG

Cerca de 42% da área urbana exibe feições muito acidentadas (declividades superiores a
40%), 36% tem feições de relevo moderado (declividades entre 20 a 40%) e apenas
22% de terrenos com declividades baixas (entre 5 e 20%). Estas características
permitem uma classificação prévia do grau de risco por meio de correlações diretas
entre declividades e a qualidade do terreno (Carvalho, 1984).

43
As unidades morfológicas expressam superfícies do terreno formadas por processos
naturais, com composição definida e conjunto de características físicas e naturais
distintas, frente aos processos erosivos, intempéricos e tectônicos (MOPT, 1992). Neste
trabalho, a morfologia foi contextualizada buscando-se sintetizar as principais formas
do relevo através da conjugação de trabalhos de campo, da utilização do modelo digital
de terreno estabelecido (Figura 3.7) e de fotointerpretações em escala 1:5.000, levando-
se em consideração a morfologia e amplitude das vertentes e topos das encostas e a rede
de drenagem. Foram delimitadas, então, cinco principais unidades: Relevo de Serra,
Relevo Escarpado, Relevo Ondulado, Relevo Suave-Ondulado e Relevo de Planalto.

 Relevo de Serra

A unidade Relevo de Serra representa as porções do território com altitudes superiores a


1400 m e declividades acentuadas, geralmente superiores a 100%, com formação de
‘paredões’ rochosos que culminam em cristas ou plataformas que se destacam na
paisagem. A estruturação geológica condiciona a rede de drenagem. Ocorre em
aproximadamente 4% do espaço urbano, sendo as porções mais representativas a Serra
de Ouro Preto e Serra do Itacolomi.

 Relevo Escarpado a Montanhoso

A unidade Relevo Escarpado/Montanhoso ocorre em aproximadamente 38% do


território, sendo predominante nas bordas NW (região da Serra de Ouro Preto) e SE
(Serra do Itacolomi) da área em estudo. As elevações alongadas com vertentes
íngremes e topos em crista são as feições mais marcantes. As altitudes encontram-se
entre 1200 e 1400 m, com desníveis dos topos para os fundos dos vales entre 200 e 300
m. As declividades ocorrem predominantemente na faixa entre 40% e 90%.

 Relevo Ondulado

Essa unidade representa 36% do território. Embora ocorram altitudes superiores a


1200m, na porção sul da área urbana da cidade, os desníveis dos topos para os vales são
menores que aqueles registrados na unidade Relevo Escarpado. Os declives ocorrem na
faixa de 20% a 40% nas pendentes, assumindo valores menores em direção ao topo.

44
O padrão de drenagem é essencialmente dendrítico. Representa a morfologia mais
marcante dentro do território urbano da cidade de Ouro Preto, juntamente com o relevo
escarpado, totalizando aproximadamente 75% da área total.

 Relevo Suave-Ondulado

A Unidade Relevo Suave-Ondulado corresponde a 13% da área urbana da cidade.


Predominam declives inferiores a 20%, com distribuição espacial no setor nordeste e
sudoeste da área urbana do Cidade. A baixa declividade, conseqüência de um
desnivelamento entre o topo e os vales da ordem de dezenas de metros, reflete as
elevações típicas do planalto dissecado, posteriormente severamente erodido, formando
conjunções de morros com vertentes mais suaves que as unidades anteriores. O padrão
de drenagem típico é o dendrítico.

 Relevo de Planalto

Essa unidade responde por menos de 10% da área urbana, apresentando declividades
inferiores a 10% e altitudes variadas, sendo típicas dos platôs e bordas mais niveladas
dos morros e alteamentos, como resultado da exposição e manutenção de rochas mais
resistentes aos processos erosivos (tipicamente chapadas de canga, como na região do
Morro do Cruzeiro). A drenagem é rarefeita e sem um padrão definido.

3.2.4. Aspectos Climáticos e Hidrogeológicos

As condições climáticas locais são marcadas por elevada pluviosidade, particularmente


entre os meses de outubro a março. Segundo Gomes et al. (1998), o regime
pluviométrico da região é do tipo tropical, com uma média de 1.723,6 mm anuais (série
1919 a 1990). Dados mais recentes mostram uma redução das médias anuais, com
1.610,1 mm para a série de 1988 a 2004 (Castro, 2006). Entretanto, a ocorrência de
eventos excepcionais não é incomum. Durante as estações chuvosas de 1996/97, por
exemplo, as precipitações pluviométricas foram muito intensas e, particularmente, nos
primeiros dias de 1997, os índices foram alarmantes, de acordo com os dados da estação
pluviométrica local: 89,6 mm em 02/01, 114,2 mm em 03/01 e 110,2 mm em 04/01, ou
seja, com uma precipitação acumulada de 314 mm em apenas três dias.

45
Os verões apresentam temperaturas mais suaves e concentram cerca de 90% da
precipitação anual (O trimestre de chuvas mais intensas estende-se de dezembro a
fevereiro com 53,3% do total anual) e os invernos chegam a registrar temperaturas
negativas, com elevada umidade atmosférica. A temperatura média anual em Ouro Preto
é de 17,4° C, enquanto a máxima e a mínima chegam a 21,2 °C (janeiro) e 15,5 °C
(junho), respectivamente (Pinheiro et al.,2004).

Os potenciais aqüíferos da área urbana da cidade são representados pelas formações


Cauê, Cercadinho e Moeda, em maciços de itabiritos e quartzitos. As infiltrações são
limitadas, ao norte, pelas unidades impermeáveis do Grupo Nova Lima, presentes nas
zonas de cumeadas da Serra de Ouro Preto e, ao sul, pelas sequências do Grupo Sabará,
que podem ser consideradas como sendo praticamente impermeáveis. Assim, as zonas
de recarga estão associadas às litologias permeáveis do Supergrupo Minas assentes nos
flancos da Serra de Ouro Preto, induzindo fluxos subterrâneos com direção geral norte -
sul aproximadamente e gerando surgências que alimentam os tributários da margem
direita do Ribeirão Funil.

Adicionalmente, uma vez que estes aqüíferos estão em contato com outras sequências
litológicas praticamente impermeáveis, torna-se bastante provável a formação de lençóis
encapsulados. Por outro lado, estes condicionantes hidrogeológicos são decisivos em
termos de potenciais mecanismos de instabilização das encostas locais (Fonseca e
Sobreira, 1997).

3.2.5. Condicionantes Geotécnicos

As condições geomorfológicas da cidade de Ouro Preto, aliadas às condições geológicas


complexas, propiciam graves problemas geotécnicos no domínio do sítio urbano.
Entretanto, não constitui tarefa fácil estabelecer correlações específicas entre padrões
litológicos, unidades morfológicas e condicionantes geotécnicos para a área urbana de
Ouro Preto, em função da variabilidade litológica das sequências, zonas transicionais,
padrões estruturais complexos (diáclases, diques intrusivos, falhamentos), condições
diversas de alteração dos maciços, regime hidrogeológico, etc. agravados
substancialmente pela ocupação desordenada e por ações antrópicas potencialmente
agressivas ao meio físico local.

46
Neste contexto, os estudos realizados em maior escala na área optaram por soluções de
base qualitativa, utilizando como parâmetros de referência dados de fácil e imediata
caracterização. Assim, por exemplo, a sistematização dos padrões de alteração das
rochas pode ser feita a partir dos critérios clássicos estabelecidos pela ISRM (1983) para
classificação geomecânica de maciços rochosos (Tabela 3.3).

Tabela 3.3 – Graus de alteração de maciços rochosos (ISRM, 1983)

Em termos dos solos de cobertura, os estudos podem ser baseados em simples


procedimentos de identificação táctil-visual ou em parâmetros de ensaios rápidos de
caracterização dos solos, tipicamente análise granulométrica completa (peneiramento e
sedimentação) e limites de consistência. Com base nos resultados destes ensaios, os
solos podem ser classificados usando-se uma sistemática de classificação qualquer.
Uma variante possível seria usar a metodologia MCT de classificação.

Souza (2004), por exemplo, utilizou o Diagrama Triangular para caracterizar, de forma
simplificada, as amostras de solos oriundos de diferentes litologias da área urbana do
município de Mariana, situado próximo a Ouro Preto e com litologias similares. A
classificação obtida, baseada apenas na distribuição granulométrica dos solos ensaiados,
está dada na Figura 3.8.

47
Figura 3.8 – Classificação de solos da área urbana de Mariana/MG (Souza, 2004).

Embora viabilizem muitas correlações, há que se ter bastante cautela na utilização


ampla e generalista destes resultados, uma vez que muitos mecanismos potenciais de
movimentos de massa são induzidos por especificidades locais. Um exemplo típico é o
mecanismo hidrogeológico de instabilização bem conhecido (Carvalho, 1982, Sobreira
et al., 1990; Gomes et al., 1998): as águas precipitadas, infiltrando-se através da crosta
laterítica fraturada, percolam através do itabirito mais permeável até o contato com o
filito subjacente, praticamente impermeável, tendendo a percolar ao longo desta
interface em direção a uma vertente em escarpa.

Este fenômeno induz forças de percolação e erosão interna (“piping”) no itabirito


quando alterado, descalçando grandes blocos de canga. Com a queda destes blocos,
ocorre o recuo da escarpa, iniciando novo ciclo de erosão diferenciada e solapamento de
blocos (Figura 3.9). Estes eventos são acompanhados pela erosão superficial do material
alterado exposto, induzindo escorregamentos e movimentos de blocos rochosos
depositados a meia encosta. Um evento deste tipo, ocorrido no Bairro Piedade, causou a
morte de 12 pessoas em 1997. O movimento de massa compreendeu cerca de 800 m3 de
blocos de itabirito friável, blocos de canga e material inconsolidado ao longo de encosta
local, para um deslocamento da ordem de 50m (Fonseca e Sobreira,1997).

48
Figura 3.9 – Evolução de vertente / Bairro Piedade (Fonseca e Sobreira, 1997, modificado)

Um problema especialmente complexo afeta a região da chamada Avenida Perimetral


(Bairro Bauxita), em talude da Estrada de Contorno de Ouro Preto (limite sul do
perímetro urbano) com 40m de altura, analisado em detalhe por Gomes (2002). O autor
mostra que a presença do dique de rocha máfica (indicado na Figura 3.5), com direção
N40ºW e mergulho de 45º a 70º para SW, seccionando as litologias do Grupo Sabará,
atua como uma barreira natural, truncando bruscamente o fluxo subterrâneo local em
direção ao talude da Rodovia do Contorno.

Nos termos do laudo, tem-se que “A magnitude deste fenômeno é condicionada pelas
vazões de fluxo e pela permeabilidade desta interface, função do fraturamento do dique
aos processos de falhamento posteriormente ocorridos na área e à eventual continuidade
ou não das zonas de brechação ao longo do dique. Assim, é bastante provável que se
tenha uma condição de fluxo bastante complexa nesta zona, de natureza francamente
multidirecional. Embora de caráter permanente, este processo tende a apresentar
comportamento crítico sob chuvas torrenciais” (Gomes, 2002).

Em profundidade, o domínio do fluxo é limitado pela baixa permeabilidade do saprolito


de filito, presente na base do talude, resultando, portanto, na elevação do lençol freático
e saturação da porção superior do talude (profundidades variáveis ente 4,0m e 10,0m).
Análises de estabilidade preliminares feitas pelo autor demonstraram que esta massa de
solo deslocado e saturado tem comportamento geotécnico instável e tende a se deslocar
com facilidade superficialmente. O material mobilizado é, então, prensado e empurrado
continuamente contra o filito da base até uma eventual ruptura, evento realmente
ocorrido na estação chuvosa deste ano (Figura 3.10).

49
2011

Figura 3.10 – Ruptura do talude da Avenida Perimetral (Gomes, 2002, modificado)

3.3. HISTÓRICO DE MOVIMENTOS DE MASSA EM OURO PRETO

A avaliação de riscos geotécnicos pode incorporar, entretanto, uma sistemática inversa,


ou seja, a sistematização e retroanálise de eventos ocorridos. A síntese histórica dos
movimentos de massa registrados na área urbana do Cidade pode ser correlacionada aos
condicionantes do meio físico local, subsidiando, assim, o zoneamento de riscos do
perímetro urbano da cidade.

A cidade de Ouro Preto possui um alto índice de acidentes relacionados a movimentos


de massa que datam ainda do período colonial. De acordo com Von Eschwege (Pinheiro
et al., 2004), dentre outros eventos, um acidente em 1814 causou o soterramento do
proprietário de uma lavra e todos os seus escravos. A cata, onde se minerava ouro, foi
soterrada pela encosta do morro que deslizou, destruindo outras casas e parte da estrada
que interligava as cidades de Ouro Preto e Mariana.

Face aos baixos recursos técnicos disponíveis e do desconhecimento da geologia local à


época, o processo de lavra do ouro era executado por meio de grandes desmontes,
escavações, transporte e deposição aleatória do material removido para áreas a jusante,
além da abertura de poços, galerias e canais e do desmatamento generalizado, o que
induziu diversas ocorrências de acidentes similares. Estes eventos certamente se
repetiram em muitos pontos da Serra de Ouro Preto, envolvendo tanto terrenos naturais
como materiais remobilizados e oriundos da lavra de ouro, agravados por efeitos de
subsidências e colapsos de escavações subterrâneas, erosões e carreamento de finos e
fraturamento e liberação de blocos rochosos.

50
Dos registros mais recentes, evento particularmente crítico ocorreu em 1979, associado
a elevados índices de precipitação pluviométrica (cerca de 1.216 mm) concentrados nos
meses de janeiro e fevereiro daquele ano. Vários acidentes afetaram muitas áreas
habitadas, provocando grandes perdas materiais, obstruções de ruas e danos parciais ao
patrimônio artístico e cultural da cidade. Entre os monumentos afetados, podem ser
citadas as igrejas de São Francisco de Assis, São José e Mercês, que posteriormente
foram objeto de grandes obras de contenção (Capítulo V). Ao longo da Rua Padre
Rolim, trecho final da rodovia que interliga a capital Belo Horizonte à cidade, diversas
ocorrências foram registradas (Figura 3.11).

Figura 3.11 – Escorregamento na Rua Padre Rolim em 1979 (IPHAN, 1979)

Na fase do inventário destes eventos, foram descritos com maior detalhe e rigor
científicos os movimentos de massa ocorridos, em termos dos principais aspectos
geológicos, volumes mobilizados, danos causados e propostas de soluções, tendo sido
realizadas parte delas, compreendendo a suavização de encostas e execução de cortinas
atirantadas (Tecnosolo, 1979). Dez anos depois, novo evento crítico evidenciou a não
adoção de medidas adequadas em função da experiência anterior e chuvas contínuas
promoveram a repetição dos acidentes anteriores, com reincidência de 80% dos casos
anteriormente registrados, particularmente na região dos bairros São Cristóvão, Padre
Faria, Taquaral e Piedade.

51
Adicionalmente, dezenas de escorregamentos e movimentações em maciços de solos e
rochas ocorreram principalmente nos bairros periféricos, tendo como conseqüência
várias casas destruídas ou ameaçadas. Estas ocorrências foram, em grande parte, de
caráter localizado, envolvendo geralmente cortes inadequados e aterros inconsolidados.
Outros pontos com registros após 1979 tornaram-se altamente problemáticos devido à
ocupação desordenada local e livre indução de processos erosivos e da instabilização
das encostas.

A mencionada falta de áreas de expansão adequadas, propicia a verticalização da


ocupação desordenada, com a execução de grandes cortes verticais e a construção de
muros de contenção escalonados, modificando substancialmente a morfologia das
vertentes. Exemplo típico é a alteração significativa da encosta da Vila São José (Figura
3.12) num curto período de 25 anos (Pinheiro et al., 2004). Em 2004, a ruptura de um
talude local causou a destruição completa de uma residência, que foi estabilizado por
meio de retaludamento e execução de sistemas de drenagem superficial e cobertura
vegetal (Gomes et al., 2004)

1980 1990

2004 2005
Figura 3.12 – Evolução da ocupação da encosta no Bairro Jardim Alvorada.

52
A Tabela 3.4 apresenta a listagem das ocorrências relacionadas a movimentos de massa
registrados pelos órgãos públicos da cidade em diversas épocas. Muitos destes eventos
foram objetos de trabalhos específicos; alguns destes trabalhos formularam medidas
preventivas e corretivas dos problemas analisados, na forma de laudos técnicos e/ou
projetos de estabilização dos taludes (Sobreira, 1990; Sobreira et al., 1992; Fonseca e
Sobreira, 1997; Gomes et al, 1998; Bonuccelli e Zuquette, 1999; Fernandes, 2000;
Gomes, 2002; Fernandes et al, 2002; Pinheiro et al , 2004; Gomes et al., 2004).

Tabela 3.4  Registros de movimentos de massa na área urbana de Ouro Preto: 1988 a 2009.
(Defesa Civil de Ouro Preto, 2010)

Nº de Nº de
Ano Locais
Ocorrências Mortes
Bairros São Cristóvão, Padre Faria, Taquaral,
1989 32 3 Piedade e áreas do que no futuro seria denominado
Bairro Santa Cruz.
Bairros São Francisco, Antônio Dias, Pilar, Alto da
1991 32 -
Cruz, piedade e Padre Faria.
Bairros São Francisco, Piedade, Alto da Cruz, Padre
1992 54 2
Faria e Santa Cruz.
Bairros São Cristóvão, Piedade, Padre Faria, Santa
1995 40 3 Cruz, Antônio Dias, Água Limpa, Bauxita e Nossa
Senhora das Dores.
Bairros Taquaral, São Cristóvão, São Francisco, Alto
1996/97 123 13 da Cruz, Piedade, Padre Faria, Santa Cruz e Vila
Aparecida.
Bairros São Cristóvão, Alto da Cruz, Piedade, Padre
2001/03 100 -
Faria, Santa Cruz e Morro Santana.
Bairros São Francisco, São Cristóvão. Piedade, Padre
2005 54 - Faria, Santa Cruz, Morro Santana, Taquaral, Bauxita
e Nossa Senhora das Dores.
Bairros São Francisco, São Cristóvão. Piedade, Padre
2006/07 312 -
Faria, Santa Cruz, Morro Santana e Taquaral.
2008 193 - Idem ao Ano Anterior
2009 89 - Idem ao Ano Anterior

A ocorrência de altos índices pluviométricos em curtos períodos de tempo propiciou um


ano trágico em 1997, com 13 vítimas fatais e eventos danosos em vários pontos do
perímetro urbano da cidade.

53
Recentemente, em um estudo realizado pelo Ministério das Cidades (Nogueira et al.,
2005), a cidade de Ouro Preto foi incluída na lista de municípios brasileiros mais
suscetíveis a escorregamentos em encostas urbanas. Estes estudos tiveram como base
três indicadores considerados fundamentais:

a. histórico de acidentes com vítimas, com base em registros dos organismos de


Defesa Civil e em informações de mídia;
b. suscetibilidade do meio físico marcado por relevos mais acidentados;
c. presença de áreas de ocupação subnormal (em especial, favelas) em encostas,
com condições precárias de qualidade construtiva, urbana e ambiental,
sinalizando condições propícias a acidentes associados a escorregamentos
induzidos de solo, rocha e depósitos artificiais de encosta.

Neste contexto, torna-se imprescindível o fomento de estudos abrangentes da realidade


complexa do meio físico da cidade, escopo deste trabalho, visando estabelecer critérios
de zoneamento de riscos e de ocupação criteriosa do espaço urbano. Tal instrumento é
imprescindível, mas demanda, principalmente, a adoção de premissas rígidas no sentido
de adotar os pressupostos nele estabelecidos como ferramentas de planejamento e de
gestão pelo poder público municipal.

54
CAPÍTULO 4

4. METODOLOGIA DO TRABALHO

A síntese do estudo proposto consiste na proposição de um modelo de avaliação e


representação espacial das probabilidades de ocorrência do perigo, de modo a gerar as
cartas de perigo e de risco para o espaço urbano da cidade de Ouro Preto, com base na
caracterização do terreno em unidades geomorfológicas e dos fatores geológico-
geotécnicos condicionantes dos potenciais movimentos de massa, correlacionados ainda
com a distribuição temporal das ocorrências registradas ao longo do tempo.

4.1. FASES DA METODOLOGIA PROPOSTA

Para a viabilização deste modelo, a metodologia proposta foi desenvolvida com base em
três fases distintas: inventário e pesquisa dos dados prévios, investigação de campo e
tratamento, interpretação e sistematização dos resultados. As fases foram realizadas em
conjunto, de acordo com a necessidade de complementação das informações obtidas.

Na fase de inventário e pesquisa de dados, buscou-se acessar todo o material técnico


bibliográfico e cartográfico disponível da área, além dos registros históricos relativos
aos movimentos gravitacionais de massa (MGM) ocorridos na cidade de Ouro Preto,
obtidos junto ao Arquivo Municipal, Cadastro de Registro da Prefeitura Municipal de
Ouro Preto, Corpo de Bombeiros e Defesa Civil. Durante esta fase foram realizadas as
análises das bases cartográficas e os trabalhos de fotointerpretação.

Os dados relativos às ocorrências dos movimentos de massa foram sistematizados em


um cadastro geral, na forma de um banco de dados digital, por meio da aplicação do
Programa Microsoft Access segundo uma estruturação funcional (Figura 4.1). O
cadastro elaborado englobou 1029 ocorrências registradas entre os anos de 1988 a 2009,
cujos laudos de avaliação de áreas de risco foram obtidos das diversas fontes já citadas.
Os problemas mais comuns registrados foram escorregamentos de massas de solo,
movimentação de blocos, inundações, trincas em solo e em construções.

55
Figura 4.1 – Modelo do cadastro dos registros de MGM na área urbana de Ouro Preto

No contexto da realidade brasileira, os escorregamentos e os deslizamentos de terra


constituem os fenômenos naturais mais comuns, envolvendo uma grande variedade de
materiais, processos e fatores condicionantes. A condição básica para se definir
corretamente medidas mitigadoras a esses problemas é o entendimento dos fatores
responsáveis pela deflagração dos movimentos, destacando-se os fatores geológicos,
entre os muitos fatores que podem contribuir e influenciar na ocorrência final de tais
processos.

A caracterização minuciosa dos movimentos gravitacionais de massa e processos


correlatos, além da formulação e manutenção de um banco de dados confiável, são
premissas fundamentais para a etapa final deste trabalho, representada pela obtenção da
carta de risco da área urbana do município. A partir desta base cartográfica, assente em
dados consistentes e integrados, torna-se possível estabelecer diretrizes gerais de
ocupação do solo urbano e avaliar as probabilidades de ocorrência de eventuais
repetições de eventos previamente registrados.

56
A segunda fase deste estudo contemplou vistorias diretas dos locais de ocorrência dos
movimentos de massa registrados, associando-se os dados das análises in situ com a
investigação sistemática dos principais fatores associados aos escorregamentos e os
registros das características das vertentes (encostas naturais). Esta fase permitiu o
tratamento dos dados obtidos na realização do inventário e a distinção, do conjunto total
das ocorrências registradas, daquelas efetivamente relacionadas a movimentos de massa
em locais potencialmente instáveis.

Bonuccelli (1999) destaca as bases metodológicas de uma proposta para a minimização


dos problemas relacionados à ocorrência dos movimentos de massa: levantamento dos
processos e dos atributos influenciantes, análise da relação entre processos e atributos,
elaboração de um zoneamento ou de uma hierarquização das áreas sujeitas à ocorrência
desses fenômenos e realização de levantamento/hierarquização dos danos associados à
deflagração de novos eventos ou reativação de antigos.

Na fase final, realizou-se a interpretação dos resultados com base em técnicas de


mapeamento, resumidas da seguinte maneira: medidas da área de afloramento de cada
tipo litológico; medidas das áreas de escorregamentos dentro de cada litologia, pela
superposição de um mapa de inventário de escorregamento sobre o mapa geológico;
ordenamento dos tipos litológicos, segundo a porcentagem de escorregamentos, do
maior para a menor porcentagem, que foram avaliados quanto ao grau de suscetibilidade
a escorregamentos; sobreposição de um mapa de declividades ao de geologia e de
escorregamentos para determinar a associação entre eles; definição de classes de perigo
com base na suscetibilidade dos tipos litológicos e das classes de declividades de
vertentes, avaliadas a partir da associação com os movimentos de massa.

4.2. INVENTÁRIO E ANÁLISE DOS DADOS EXISTENTES

Com o intuito de se avaliar os riscos decorrentes da suscetibilidade de deflagração de


movimentos gravitacionais de massa e processos correlatos na área urbana de Ouro
Preto, realizou-se previamente um levantamento e cadastramento dos processos
ocorridos, complementados com dados obtidos por informações de moradores locais e
pesquisas feitas em diferentes órgãos municipais (Arquivo Municipal, Cadastro de
Registro da Prefeitura Municipal de Ouro Preto, Corpo de Bombeiros, etc.).

57
A partir do levantamento, foram identificados e catalogados os eventos ocorridos e
registrados pelos órgãos municipais, realizando-se estudos caso a caso, interpretando-se
os dados obtidos e distinguindo-se os problemas correlatos dos movimentos de massa
propriamente ditos. Nas análises, foram levados em consideração a natureza do material
e dos mecanismos de instabilização dos movimentos de massa.

A análise da cartografia existente englobou as bases topográficas e os levantamentos


geológico-geotécnicos existentes, a análise preliminar das fotos aéreas e ortofotos. Na
fase de interpretação, foram analisados e interpretados os conjuntos de fotos aéreas e de
mapas da cidade (escala 1:5.000 e escala 1:10.000). Foram estabelecidos também os
processos de evolução da ocupação das encostas, buscando-se correlações entre as
formas de ocupação e sua influência nos processos de instabilização.

Nesta fase, constata-se a grande influência de uma ocupação de forma desordenada, sem
critérios de uso e de ocupação do solo, como elemento principal dos processos de
escorregamento observados. Apesar da predisponência das encostas a eventos de
movimentos de massa, muitos dos processos mobilizados foram inicializados por efeitos
associados a ações antrópicas danosas ao meio físico.

4.3. TRABALHOS DE CAMPO

Com base no banco de dados dos registros de movimentos de massa ocorridos no


espaço urbano da cidade de Ouro Preto, devidamente compilados e sistematizados,
foram efetuadas inspeções técnicas de campo e coleta de informações junto a moradores
dos locais atingidos, para complementação dos dados e organização sistêmica do
cadastro final.

Estas visitas aos locais dos eventos foram feitas, de forma sistemática, por grupos de
alunos do curso de graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Ouro
Preto, devidamente instruídos e qualificados para proceder a aferição e complementação
dos dados do inventário. Os dados coletados foram registrados em planilha própria,
procedendo-se também a uma documentação fotográfica das áreas (Figura 4.2),
enfocando-se o arranjo geral da situação, condicionantes geotécnicos locais e eventuais
obras de estabilização e/ou contenção, executadas no local.

58
Figura 4.2 – Registro Fotográfico da ruptura ocorrida na Rua Padre Rolim

Constatou-se que muitos dos processos ocorridos mostram potencial de repetição a


curto e médio prazo, principalmente porque as intervenções adotadas por diferentes
gestões do poder público municipal (retaludamento, drenagem superficial, drenagem
subterrânea, aterros compactados, muro de gabiões, etc), mostraram-se inadequadas. A
inconsistência destas soluções está diretamente relacionada à percepção equivocada dos
potenciais mecanismos de instabilização da encosta.

Considere-se, por exemplo, as encostas associadas às litologias do Grupo Sabará. Em


geral, estes taludes tendem a apresentar excelente comportamento geotécnico, mesmo
para cortes verticais elevados. Entretanto, em horizontes superiores mais intemperizados
de feições morfológicas desfavoráveis (na direção da xistosidade), as zonas de oscilação
de umidades pode induzir intensa ação erosiva e a mobilização de escorregamentos
superficiais.

Em geral, obras de contenção convencionais têm sido propostas para a solução dos
problemas, sem levar em consideração as especificidades locais, a absoluta necessidade
de uma ampla investigação geotécnica prévia e a influência decisiva da geologia local
na natureza dos processos de movimentos de massa (Figura 4.3).

59
2007

2007

2008

Figura 4.3 – Exemplo de solução estrutural inadequada (Rua René Gianetti)

Os trabalhos de campo possibilitaram caracterizar estas incongruências entre os


condicionantes geológico-geotécnicos locais e as soluções adotadas e, assim, avaliar
projeções em termos da repetição de eventos danosos.

A síntese destes trabalhos consistiu na elaboração de um mapa geotécnico,


representando os processos (escorregamentos, queda e rolamento de blocos, corrida de
tálus e erosão fluvial), estado de atividade atual (ativa, inativa/latente e estabilizada),
assim como os materiais envolvidos (solos, rocha, rocha / detritos e depósitos de tálus).
A etapa de campo foi auxiliada pelos mapas topográficos inventariados na escala
1:5.000, fotografias aéreas (escala 1:5.000), ortofotos e uso de GPS (Global Positioning
System) para localização precisa das ocorrências. O datum utilizado foi o Córrego
Alegre apresentando, quanto à qualidade do sinal, uma oscilação com erro aproximado
de até 7,0m.

60
Uma avaliação preliminar incluiu a diferenciação entre ocorrências e possibilidades de
ocorrências: as primeiras referem-se à deflagração efetiva do processo, com ou sem
relato de prejuízos econômicos; as segundas referem-se à potencialidade de uma dada
ocorrência, avaliando-se a gravidade da situação em relação à iminência de deflagração
efetiva. Estas considerações permitiram distinguir os movimentos de massa mobilizados
e os que subsidiam análises de susceptibilidade do meio.

As ocorrências propriamente ditas foram sistematizadas, tomando-se como referência


apenas o conjunto de eventos passíveis de contextualização completa, sendo descartadas
aquelas que apresentavam dados insuficientes e/ou incompletos para uma caracterização
plena. Neste contexto, 254 ocorrências foram efetivamente listadas e correlacionadas
com a natureza correspondente do evento geotécnico (Figura 4.4).

Figura 4.4 – Distribuição das ocorrências cadastradas por tipologia dos eventos geotécnicos

Os escorregamentos (rotacionais e translacionais) constituem os eventos predominantes


por excelência no ambiente urbano da cidade, com relevância também para as quedas e
tombamento de blocos rochosos. Os demais eventos têm incidências mais limitadas e de
abrangências específicas.

61
Nas vistorias de campo, etapa de complementação dos dados aferidos a partir dos
eventos ocorridos, elaborou-se ficha de campo (Figura 4.5 e reproduzida no Anexo I),
visando otimizar a coleta e a sistematização das informações.

Figura 4.5 – Modelo da ficha de campo utilizada nas inspeções in situ

Em síntese, as principais informações coletadas foram as seguintes:

 Informações cadastrais, incluindo codificação da ocorrência, locação, etc;


 Diagnóstico da situação local, com informações relativas à locação, drenagem,
ocupação e tipo de vegetação;
 Natureza e descrição do evento geotécnico;
 Litologia;

62
 Mecanismos potenciais de instabilização e riscos associados;
 Avaliação do risco, em termos de potenciais perdas de vidas humanas, danos
construtivos, moradias envolvidas, riscos ambientais ou mesmo remotos;
 Prioridade de intervenção em caso de evolução dos problemas detectados;
 Principais recomendações que possam solucionar ou reduzir a evolução da atual
condição para uma condição mais crítica do ponto de vista geotécnico.

O diagnóstico de cada evento foi feito identificando-se as principais características


locais e ponderando fatores de risco, de forma a caracterizar a susceptibilidade do meio
em relação à mobilização de um dado movimento de massa. Nesta abordagem, foram
identificados os agentes predisponentes e efetivos e as causas internas, intermediárias e
externas dos movimentos de massa.

Os agentes predisponentes são entendidos como o conjunto de fatores inerentes ao meio


físico local (litologia, declividade, etc.), enquanto os agentes efetivos referem-se ao
conjunto de fatores diretamente responsáveis pelo desencadeamento do movimento de
massa, incluindo-se a ação humana.

Quanto aos condicionantes geológicos, são analisados a composição mineralógica e


físico-química das diferentes litologias, graus de alteração, atitudes das camadas,
padrões estruturais e famílias de descontinuidades. Os materiais (solos e rochas) são
classificados com base em padrões de distribuição granulométrica (no caso dos solos)
ou geomecânicos (caso de rochas). Especial relevância deve ser dada à aferição da
posição do lençol freático no terreno e faixas de oscilação. Os fatores geomorfológicos,
muitas vezes denominados de parâmetros topográficos, incluem declividades, forma da
encosta (em planta e em perfil), orientação, espessuras do solo, amplitude da encosta,
elevação, etc.

A cobertura vegetal é considerada como fator de estabilização de encostas não somente


em relação aos escorregamentos, como também em relação a movimentos lentos de
rastejo. Apresenta efeitos benéficos em áreas atingidas por escorregamentos, através da
retenção da massa mobilizada e atua também como sistema dissipador de energia,
diminuindo a velocidade do material em deslocamento e minimizando os danos em
terrenos situados a jusante.

63
A ação do homem, como importante agente modificador da dinâmica natural do relevo,
atua como elemento de grande relevância na ocorrência de movimentos de massa, das
seguintes formas: remoção da cobertura vegetal; lançamento e concentração das águas
servidas; vazamentos na rede de abastecimento, esgoto e presença de fossas; execução
de cortes com geometria inadequada quanto a altura e inclinação; execução de aterros
de modo inadequado quanto a compactação, geometria e fundação; lançamento de lixo e
entulho nas encostas; vibrações produzidas por tráfego pesado, etc.

As causas internas são aquelas que induzem condições de colapso da encosta sem
quaisquer mudanças da sua geometria, resultando de processos de redução da resistência
interna do material (acréscimos de poropressões, diminuição da coesão e atrito interno
por processo de alteração, etc). As causas externas são aquelas que induzem acréscimos
das tensões atuantes, sem uma concomitante diminuição da resistência do material
(cortes do terreno, efeitos de sobrecargas, etc). Causas intermediárias são aquelas que
envolvem efeitos conjugados de aumento dos esforços atuantes e redução da resistência
intrínseca dos materiais (exemplo típico é a liquefação do material por efeitos de
vibrações externas).

Os depósitos potencialmente instáveis são aqueles que tendem a apresentar elementos


críticos ou combinações de elementos críticos em suas feições geomorfológicas,
geológicas, geotécnicas e/ou oriundas de ocupação antrópica. Assim, taludes íngremes e
altos com lençol freático elevado (elevadas poropressões induzidas no maciço);
horizontes superficiais de solos muito intemperizados; descalçamento da base de
taludes; material friável ou incoerente aflorando abaixo de material mais resistente;
maciços rochosos intensamente fraturados; concentração de núcleos habitacionais em
áreas acidentadas e de difícil acesso; condições climatológicas desfavoráveis (chuvas
torrenciais), etc são exemplos destes condicionantes.

Após as investigações de campo e o preenchimento completo das fichas de campo, o


passo seguinte foi a digitalização e a sistematização dos registros, envolvendo processos
complementares de tratamento dos dados em escritório. Esta etapa dos trabalhos
permitiu a geração de um sistema de informação georeferenciado, base para elaboração
de um posterior sistema de informações geográficas aplicado para a área urbana da
cidade de Ouro Preto/MG.

64
4.4. TRATAMENTO DOS DADOS E TÉCNICAS DE MAPEAMENTO

Conforme exposto no Capitulo 2, o mapeamento geotécnico corresponde ao processo de


avaliação capaz de fornecer subsídios técnicos adequados a uma ampla gama de
solicitações relacionadas às questões de uso e ocupação do solo, tanto para fins de
planejamento como de gestão de risco.

Esta pesquisa foi desenvolvida com o uso de Sistemas de Informações Geográficas


(SIG), que constituem sistemas destinados ao tratamento de dados espacialmente
referenciados, possibilitando manipular dados de diversas fontes como mapas, imagens
de satélite, fotos aéreas, cadastros, etc, permitindo relacionar informações de diversas
naturezas e obter variados tipos de análises integradas destes dados.

Na definição do zoneamento geotécnico, utilizou-se a abordagem fisiográfica ou de


paisagem preconizada na metodologia PUCE (Pattern – Unit – Component –
Evoluation) (Padrão - Unidade - Componente - Avaliação) cujo objetivo é racionalizar
e unificar os procedimentos de investigação geotécnica, visando fornecer informações
de engenharia para o planejamento da ocupação do meio físico (Grant, 1975), com base
no Sistema de Classificação de Terrenos adaptado por Ross (1996) e Vedovello (2000),
para aplicações em análises de produtos de sensoriamento remoto.

A etapa de produção das bases cartográficas consistiu no reconhecimento da área em


estudo por meio de diferentes mapas, cuja sobreposição permitiu a elaboração das
análises de perigo e de risco. O ajuste das informações disponíveis para as ocorrências
cadastradas na fase anterior em uma base cartográfica foi feito por meio da definição
preliminar de áreas mínimas para enquadramento das análises de movimentos de massa.

Este procedimento consiste comumente na definição de um dado grid (Figura 4.6), área
regular de dimensões definidas (comumente quadrada) e específicas para a região e os
objetivos do estudo proposto, no sentido de focar as análises e as soluções propostas,
sem a preocupação de se estar superestimando ou subestimando a extensão a ser
contemplada nos estudos. Historicamente, a opção por trabalhar com área mínima do
tipo grid é recomendada por autores como Chung et. al. (1995); Mark et. al. (1995);
Baeza e Corominas (2001); Dai e Lee (2001); Rodrigues (2003).

65
200

200

Figura 4.6 – Exemplo de grid regular.

Apesar disto, uma vez que os fenômenos ou características naturais dos terrenos não
estão condicionados a este tipo de padrão, alguns dos parâmetros selecionados para a
caracterização dos eventos poderão apresentar incompatibilidade (ou problemas quanto
à análise, definição de sua influência) com este tipo de área mínima. Exemplos típicos
destes problemas são a obtenção de parâmetros como comprimento da encosta ou a
amplitude de relevo. Tais limitações podem ser relevantes e deverão ser levadas em
consideração quando da análise dos dados.

A justificativa principal para o uso do grid como área mínima, entretanto, é o potencial
uso do SIG como ferramenta da análise espacial, uma vez que este tipo de programa
individualiza a área em pixels, sendo a precisão diretamente ligada ao tamanho do pixel
fixado (quanto menor seu tamanho, maior a precisão). Em síntese, a adoção do critério
de área mínima permite definir, a partir das ocorrências, zonas de influência de áreas
afetadas por movimentos de massa, que subsidiarão a definição de áreas de risco para o
ambiente em estudo.

66
No desenvolvimento da metodologia, o primeiro mapa a ser inventariado foi o mapa
topográfico da cidade de Ouro Preto, na escala 1:5.000, que incluiu as principais
drenagens e curvas de nível distanciadas de 10 em 10 metros. O mapa cadastral de Ouro
Preto, contendo o arruamento, edifícios, nomes das ruas, escolas, igrejas, dentre outros
atributos, foi disponibilizado pela Prefeitura Municipal. Preliminarmente, fez-se um
tratamento de ajuste e filtragem do mapa para torná-lo mais simples e contendo apenas
os atributos essenciais às análises seguintes.

As bases cartográficas compiladas e produzidas foram digitalizadas através do software


ArcMap Versão 9.3 e os dados coletados em campo tratados e integrados. Basicamente,
as informações de entrada foram categorizadas e dispostas em layers (camadas). Cada
plano de informação foi georeferenciado individualmente, o que tornou possível
executar sobreposições, de forma que, em todos os mapas, toda localização foi
precisamente ajustada às localizações homólogas. O layer inferior do conjunto é o que
representa o sistema de referência plani-altimétrico, ao qual todos os demais mapas
foram ajustados.

É importante ressaltar que, à exceção do mapa geológico do município, que foi


compilado e digitalizado a partir do Projeto ‘Geologia do Quadrilátero Ferrífero,
Integração e Correção Cartográfica SIG’ (Lobato et al, 2005) e dos mapas topográficos
e da ortofoto da mancha urbana da cidade, compilados do banco de dados fornecido
pela Prefeitura Municipal de Ouro Preto (2007), todos os outros foram elaborados no
âmbito desta dissertação de mestrado como subsídio às análises geológico-geotécnicas
então implementadas.

4.5. ORGANIZAÇÃO DO BANCO DE DADOS

A elaboração de um banco de dados georreferenciados teve como finalidade armazenar


e gerenciar todas as informações coletadas e geradas via processamentos posteriores. O
material inventariado foi trabalhado com a utilização dos programas Microsoft Excel e
Access, ambos do pacote Microsoft Office 2007, ArcMap 9.3 do pacote ArcGis (ESRI) e
AutoCAD Civil 3D 2011, de modo a produzir um sistema de informações preliminar
com ênfase na análise do meio físico, tendo como resultado os mapas de suscetibilidade
a escorregamentos e de risco da área urbana do município.

67
Todo o banco de dados utilizado foi georreferenciado como projeto na base UTM,
modelo SAD 69, Zona 23S. Todos os materiais digitais (mapas, cadastros e imagens)
foram convertidos e importados para este projeto em planos de informação (PI’s) na
forma de imagens e mapas vetoriais (Tabela 4.1), que foram utilizados para posteriores
processamentos e geração de mapas derivados.

Tabela 4.1 – Planos de informação do banco de dados criados para a cidade de Ouro Preto/MG
Modelo de
Categoria PI Dados
Dados
Numérico Altimetria Altimetria Isolinhas e Pontos Cotados
Hipsometria Mapa Topográfico
Uso e Ocupação
Arruamentos/Prédios/Ocupação
Base (Mancha Urbana)
Temático
Topográfica Declividade Mapa de declividade
Geomorfologia Mapa de Curvatura
Ocorrências Registro de ocorrências
Projeto Geologia Mapa geológico (SIG 2005)
Imagem
Ortofoto Ortofoto 2007 Foto aérea ortorretificada

4.5.1. Tratamento do Mapa Topográfico

O tratamento do mapa topográfico fornecido consistiu no armazenamento das isolinhas


e inserção de pontos cotados no banco de dados, que permitiu processamentos que
visaram melhorar suas qualidades para posterior geração do modelo numérico de
terreno (MNT), mapa de declividade, hipsométrico e geomorfológico. Estes
processamentos consistiram na utilização de um algoritmo de suavização por
adensamento de pontos das isolinhas, pelo programa AutoCAD Civil 3D 2011, e na
inserção de pontos cotados onde a distância entre as curvas tornou-se muito grande.

Como as representações de modelos numéricos de terreno são baseadas em superfícies


na forma de grades triangulares (TIN’s), o primeiro processamento permitiu que se
gerassem pontos suficientes ao longo das isolinhas para a geração dos triângulos,
evitando-se que as arestas dos triângulos apresentassem mesmo valor de cota, o que
tornaria a declividade nula nestas áreas.

68
4.5.2. Mapa de Declividades

O mapa de declividades foi confeccionado a partir do mapa topográfico digital, por


meio de rotinas de geoprocessamento no Sistema ArcGIS. O processo de composição do
mapa consistiu, primeiramente, na geração do modelo digital de elevação (MDE). Os
dados de entrada para a obtenção do MDE foram as curvas de nível, com distância entre
curvas de 5,0m. As drenagens foram usadas como linhas de quebra para a configuração
dos vales, utilizando-se como interpolador ferramenta do Arctoolbox do Programa
ArcGIS 9.3.

Com base neste MDE, gerou-se uma grade triangular de declividade em percentagem. O
Mapa de Declividade foi produzido, então, a partir do fatiamento desta grade de
declividades em intervalos de valores correspondentes às classes adotadas: 0 a 10%, de
10% a 20%, de 20 a 40%, de 40 a 60%, de 60 a 100% e maior que 100% (apresentado
previamente na Figura 3.7 e reproduzido no Anexo II).

4.5.3. Mapa de Curvatura

O Mapa de Curvatura (Figura 4.7 e reproduzido no Anexo I; idem para todos os mapas
gerados neste trabalho) foi confeccionado também a partir do mapa topográfico digital,
por meio de rotinas de geoprocessamento no Sistema ArcGIS, definido após diversos
testes para adequação dos tipos de curvatura às informações das curvas de nível,
dividindo-as em côncavas, retilíneas e convexas. Nesta etapa, os cálculos adotados pelo
programa fornecem valores positivos ou negativos para as curvaturas convexas e
côncavas, de acordo com o mapa, e valores nulos para a curvatura retilínea.

Valeriano (2003) e Valeriano & Carvalho Júnior (2003) utilizando outro método, mas
que fornece padrões de valores semelhantes, afirmam que uma parcela muito pequena
do que estimamos ser retilíneo apresenta realmente curvatura rigorosamente nula, sendo
necessária, portanto, a adoção de faixas de tolerância. Os valores definidos, assim, para
cada classe, foram os seguintes:

 Classe convexa: > 0,10


 Classe Retilínea: valores entre -0,10 e 0,10
 Classe Côncava: < -0,10

69
Figura 4.7 – Mapa de Curvatura da área urbana da cidade de Ouro Preto

4.5.4. Mapa de Uso e Ocupação do Solo

As diversas atividades humanas (ações antrópicas) implicam em modificações na


dinâmica da paisagem que, muitas vezes, levam à indução dos processos naturais. As
ocupações irregulares e desordenadas de ambientes urbanos são caracterizadas pelo
desmatamento de encostas, pela execução de obras de corte e aterro sem obras de
contenção e pela implantação de moradias precárias destituídas de infra-estrutura de
drenagem de águas pluviais, pavimentação e saneamento básico. Esses fatores de
ocupação alteram as condições de equilíbrio do meio resultando em instabilidade das
encostas.

A ocupação inadequada de áreas com características impróprias amplia a magnitude e a


frequência de ocorrência dos processos de escorregamentos, inundações e erosões,
causadores de acidentes e desastres, ao mesmo tempo em que intensificam a
vulnerabilidade da área à ocorrência destes fenômenos perigosos (Marchiorifaria et al.,
2005; Santoro et al., 2005; Rossini-Penteado et al., 2007).

70
Os mapas de uso do solo urbano e do padrão de ocupação residencial foram produzidos
visando fornecer os fatores considerados na avaliação de risco, que são: o potencial de
indução do uso e ocupação do solo, a vulnerabilidade e o dano potencial do elemento
em risco.

No entanto, o fator de indução de perigo deve ser definido para toda a área de análise e
não somente para as de uso estritamente urbano. Desse modo, foi necessário mapear a
cobertura vegetal e outros tipos de ocupação não contemplados no mapa de uso inicial.
As unidades de uso e ocupação foram definidas conforme as seguintes categorias:
cobertura vegetal (distinguidas quanto ao porte arbóreo e rasteiro); áreas urbanas; áreas
comerciais; industriais e de mineração, avaliando-se nestes casos o tipo de solo exposto
e de afloramento rochoso (Figura 4.8).

Figura 4.8 – Mapa de Uso e Ocupação do solo da área urbana da cidade de Ouro Preto

As áreas urbanas foram caracterizadas quanto ao tipo de uso e padrão da ocupação em


seus aspectos físicos e sócio-econômicos, permitindo definir os Modos de Ocupação e
os Estágios de Ocupação. Estes fatores foram classificados de acordo com seu potencial
de indução aos processos de escorregamentos por meio de notas ponderadas e ou
normalização, definidas em função das características específicas de cada fator.

71
4.6. ATRIBUTOS E PARÂMETROS DE ANÁLISE

Esta etapa consistiu na identificação e sistematização dos atributos do terreno


(características e/ou propriedades) relevantes para as análises previstas. A definição dos
atributos de caracterização das Unidades Básicas de Compartimentação (UBC) foi feita
em função da avaliação pretendida. Em relação à suscetibilidade de processos de
movimentos de massa, foram considerados como fatores relevantes a declividade média
das encostas, forma da encosta e material de cobertura.

Os atributos que caracterizam as unidades básicas de compartimentação (UBC) e que


correspondem aos parâmetros de análise da suscetibilidade foram obtidos de fontes
diversas. As informações relativas às formas das encostas foram obtidas a partir da
análise de fotografias aéreas e das curvas de altimetria da base topográfica, enquanto os
dados dos materiais foram descritos a partir da caracterização geotécnica de cada
litologia e a partir de levantamentos de campo.

4.6.1. Forma das encostas

A definição das formas das encostas foi obtida a partir da interpretação computacional
da disposição das curvas de altimetria da base topográfica conjugada à fotointerpretação
e às observações de campo. Para cada UBC, definiu-se a forma da encosta
predominante, sendo identificados três tipos básicos: convexo, côncavo e retilíneo. Para
a inserção desta informação na análise de suscetibilidade, ponderou-se um valor
referente à sua influência na suscetibilidade do terreno ao processo de escorregamento,
gerando-se um plano de informação numérico para a forma das encostas.

4.6.2. Declividade Média

Na fase inicial de compartimentação fisiográfica do terreno, a declividade foi analisada


apenas de forma visual a partir do mapa topográfico. Nesta etapa de caracterização,
procurou-se determinar um valor representativo para cada UBC. A declividade média
para cada polígono (UBC) foi obtida por meio de cálculos realizados pelo sistema
ArcGis. Os valores de influência de cada classe de declividade foram tomados como
sendo o valor médio zonal ponderado a partir da distribuição de intervalos equivalentes,
numa escala de 0 a 1, distribuídos para as 6 classes definidas.

72
Tal abordagem visou normalizar os valores, permitindo o tratamento em ambiente SIG e
redistribuir os valores obtidos de um determinado parâmetro dentro de um intervalo
desejado. Neste trabalho, todos os valores dos fatores quantitativos determinados foram
normalizados ou distribuídos em um intervalo de 0 a 1. Este tipo de procedimento é
adotado para permitir o cálculo do índice de suscetibilidade em números puros, uma vez
que são considerados parâmetros diferenciados como declividades em graus, tipos de
solos e outros.

4.6.3. Materiais (litologias) de Cobertura

Os materiais de cobertura foram caracterizados com base nas inspeções de campo, nos
trabalhos de laudos técnicos (Gomes, 2002) e, na ausência destes dados, na classificação
textural baseada no Diagrama Triangular de Classificação (Souza, 2004), mediante a
caracterização das seguintes classes texturais: argila, argila arenosa, argila siltosa, areia
argilosa, silte argiloso, areia, areia siltosa, silte arenoso e silte (Figura 4.9). De maneira
similar à forma das encostas, a fim de se gerar um plano de informação numérico,
procedeu-se à ponderação de valores para os tipos de solos quanto à sua influência na
suscetibilidade do terreno (litologias) aos processos de escorregamento.

Figura 4.9 – Classificação das formações geológicas pelo Diagrama Triangular (Souza, 2004).

73
4.7. MAPA DE SUSCETIBILIDADE A ESCORREGAMENTOS

A suscetibilidade do terreno à ocorrência de escorregamentos ou processos similares é


definida a partir da análise dos fatores do meio físico que atuam como condicionantes
destes processos e correlatos às propriedades e características das unidades básicas de
compartimentação (UBC’s).

Conforme exposto previamente, as análises de suscetibilidade consistem em técnicas de


sobreposição ou de combinação de mapas de índices ou parâmetros, sendo atribuídos
valores ponderados aos fatores que afetam a estabilidade das encostas,
proporcionalmente a contribuição relativa de cada um destes na indução de eventos
geotécnicos críticos. Para a entrada dos diversos fatores na análise de suscetibilidade,
foram ponderados os valores correspondentes, o que permitirá gerar, portanto, um plano
de informação numérico para cada atributo. Esta técnica facilita a aplicação do método
de sobreposição de mapas de índices e permite o processamento automatizado.

Os fatores de suscetibilidade foram hierarquizados e classificados conforme a


magnitude da sua influência relativa nos processos dos movimentos de massa. Para os
fatores qualitativos, ou seja, forma das encostas e natureza do material de cobertura
(solos de cobertura), os valores foram ponderados numa escala de 0 (zero) a 1 (um),
sendo que 0 (zero) significa nenhuma influência do fator ou parâmetro e 1 (um) total
influência do fator ou parâmetro.

Para uma melhor caracterização dos fatores, a escala geral foi subdividida em 3 ou 4
classes, adotando-se o valor médio do intervalo para cada classe. Assim, no tratamento
das formas das encostas, o intervalo de 0 a 1 foi subdivido em três níveis, com valores
médios iguais a 0,165; 0,495 e 0,725, que foram atribuídos às encostas definidas com
morfologias côncava, retilínea e convexa, respectivamente.

No que se refere ao tratamento dado ao tipo de cobertura em solo, o intervalo de 0 a 1


foi subdividido em 4 classes, com os seguintes limites: 0 – 0,25; 0,25 – 0,50; 0,50 –
0,75; e 0,75 – 1,00. Os valores ponderados corresponderam aos valores médios dos
intervalos (por exemplo, valor de 0,125 para a classe de menor suscetibilidade, relativa
ao intervalo entre 0 a 0,25).

74
4.8. CONCEPÇÃO DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES

A concepção do sistema de informação concerne na estruturação básica de sustentação,


definindo-se previamente os atributos componentes, os critérios de análise empregados
e as classificações necessárias para a geração dos produtos cartográficos
georreferenciados e seus bancos de dados relacionais. A concepção deste sistema
comportou duas fases distintas: uma referente à arquitetura do próprio sistema e outra
para a geração dos produtos do sistema.

A arquitetura de referência determina a forma de gerenciamento dos diferentes tipos de


objetos geográficos. Utilizou-se uma conformação em camadas funcionais dentro do
espaço de trabalho do software ArcGis 9.3 (Figura 4.10), definida para sistemas de
gerência de bancos de dados, complementados por subsistemas especializados.

Resultado em
andamento

Figura 4.10 – Arquitetura de referência em ambiente ArcGis.

A diferenciação em camadas visa a separação das questões de visualização das funções


de manipulação, oferecendo abstrações referentes a geo-objetos, geo-campos e mapas
de geo-objetos, separando componentes espacial e convencional dos dados geográficos,
armazenando e manipulando os elementos de representação, além de implementar
formas de armazenamento matricial e vetorial (Câmara, 1996).

75
4.9. ANÁLISE E DIAGNÓSTICO DO MEIO FÍSICO

A obtenção e o tratamento dos dados contemplaram as etapas de compartimentação


fisiográfica dos terrenos e sua caracterização geotécnica, denominados como ‘Produtos
Básicos’. Estes produtos retratam as características básicas do meio físico e do meio
antrópico.

A cartografia temática específica ‘Produtos Intermediários’ compreende os produtos


desenvolvidos com a função de diagnósticos e prognósticos sobre os problemas acerca
dos riscos geológicos e dos conflitos (capacidade x atividade). A concentração das
ocorrências dos riscos geológicos (movimentos de massa, inundação e erosões) foi
analisada conjuntamente com os atributos necessários aos critérios de classificação de
riscos. Os produtos desenvolvidos foram o Mapa de Suscetibilidade a Escorregamentos
e o Inventário de Ocorrências.

Os produtos finais compreenderam as cartas derivadas da integração dos produtos


básicos e intermediários, sendo direcionados à ação dos planejadores, dos gestores e dos
executores de políticas públicas (Figura 4.11).

Figura 4.11 – Fluxograma do sistema de tratamento, integração e análise dos dados

76
Nestes produtos, estão sintetizadas as informações constantes em todos os produtos
anteriores, a partir de uma análise integrada e crítica dos diversos agentes que interagem
na área estudada. Para a delimitação dos setores de risco e definição dos graus de risco,
foram adotados os critérios já descritos no Capítulo 2 (Tabela 2.6) deste trabalho. A
carta resultante é uma proposta de um Sistema de Zoneamento de Riscos Geotécnicos
para o espaço urbano da cidade de Ouro Preto, visando subsidiar o ordenamento
territorial da sede do município a partir de premissas criteriosas de planejamento e
gestão pelo poder público local.

Em síntese, a proposta metodológica apresentada neste trabalho, relativa às análises de


riscos em espaços urbanos associadas aos processos de geodinâmica externa, compõe-se
das seguintes fases de estudo, que culminam na proposição de um sistema de
hierarquização de riscos (Figura 4.12).

Morfologia

Figura 4.12 – Fluxograma das etapas de obtenção da proposta de zoneamento de riscos.

77
CAPÍTULO 5

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com base na abordagem metodológica apresentada no capítulo anterior, baseada na


proposta de uma compartimentação ou zoneamento de riscos geotécnicos do espaço
urbano da cidade de Ouro Preto, montou-se inicialmente um banco de dados no Sistema
ArcGis Versão 9.3, que foi utilizado, então, em todas as etapas seguintes da proposta,
para a aquisição de dados por meio da interpretação de imagens acopladas às bases
digitais, obtenção dos parâmetros morfométricos (declividade, morfologia), análise e
integração das informações espaciais, geração de modelo numérico de terreno (MNT) e
obtenção dos produtos finais como a classificação de suscetibilidade e os mapas de
suscetibilidade e risco.

Os tópicos seguintes apresentam e analisam os resultados obtidos, subdivididos em


Mapas Básicos; Mapas de Compartimentação do Terreno; Mapas de Uso do Solo; Mapa
de Suscetibilidade a Escorregamentos e Mapa de Riscos Geotécnicos, associado aos
movimentos de massa na área estudada.

5.1. MAPAS BÁSICOS

5.1.1. Mapa Topográfico

A base topográfica do Município de Ouro Preto na escala 1:5.000 (2007) foi obtida em
formato digital, com eqüidistância das curvas de nível de dez em dez metros,
posteriormente processada de forma a melhorar suas qualidades e permitir a geração do
MNT, refinando-se a malha topográfica para curvas de nível de cinco em cinco metros.

A Figura 5.1 apresenta a base topográfica ajustada e com a delimitação da área urbana
da cidade de Ouro Preto, selecionada para aplicação da sistemática de avaliação de
riscos geotécnicos proposta neste trabalho.

78
Figura 5.1 – Mapa Topográfico da área urbana da cidade de Ouro Preto/MG

5.2. MAPAS DE COMPARTIMENTAÇÃO DO TERRENO

5.2.1. Modelo Digital de Elevação (MDE)

O Modelo Digital de Elevação (MDE) da área de estudo foi gerado pelo Programa
ArcGIS 9.3, com a utilização do interpolador do aplicativo Arctoolbox, . O modelo foi
gerado tendo como dados de entrada as curvas de nível e os pontos cotados da base
topográfica devidamente tratada da sede do município. A confecção do MDE permite,
por outro lado, a obtenção do mapa de declividade, além de possibilitar com a aplicação
do sombreamento uma visualização do relevo em 3D (Figura 5.2).

5.2.2. Mapa de Declividades

O mapa de declividade (Figura 5.3) foi obtido a partir do MDE com aplicação de uma
grade triangular de declividades expressas em porcentagens. As classes de declividades
definidas para subsidiar as análises da ocorrência de escorregamentos foram
representadas nos seguintes intervalos: 0 a 10%, de 10% a 20%, de 20 a 40%, de 40 a
60%, de 60 a 100% e declividades maiores que 100%.

79
Figura 5.2 – Modelo Digital de Elevação da área urbana da cidade de Ouro Preto/MG

Figura 5.3 – Mapa de Declividades da área urbana da cidade de Ouro Preto/MG

80
5.2.3. Mapa de Inventário de Escorregamentos

O mapa de inventário de escorregamentos (Figura 5.4) foi organizado com o intuito de


representar e localizar as ocorrências de escorregamentos na área de estudo. Foram
obtidos dados de três fontes principais: Arquivo Municipal (dados disponibilizados pelo
Corpo de Bombeiros e Defesa Civil); levantamento das áreas de risco no espaço urbano
de Ouro Preto executado por Sobreira et al. (1990); laudos geotécnicos diversos e
levantamentos de campo realizados nesta pesquisa.

5.3. MAPAS DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

O mapa de uso e ocupação do solo da área urbana de Ouro Preto contempla, além dos
aspectos físicos e sócio-econômicos característicos do meio físico local, categorias
como cobertura vegetal (diferenciadas quanto ao porte arbóreo ou rasteiro), áreas de
mineração e áreas com foco comercial e/ou industrial. Dessa forma, o levantamento
permite definir os índices de potencial de indução para todos os tipos de uso e ocupação
do solo na área de estudo.

As áreas urbanas foram caracterizadas quanto ao tipo de uso e padrão da ocupação em


seus aspectos físicos e sócio-econômicos visando fornecer os elementos relacionados ao
uso e ocupação do solo para a análise do perigo e risco a escorregamentos. Estes fatores,
como exposto previamente, correspondem ao potencial de indução, à vulnerabilidade e
ao dano potencial do elemento em risco. O mapa de uso e ocupação do solo urbano para
a área de estudo, com a complementação dos tipos de vegetação, está apresentado no
Anexo I deste trabalho.

A probabilidade de ocorrência de escorregamentos e processos correlatos é estimada a


partir da identificação e análise de feições e características do terreno, indicadoras de
maior ou menor grau de suscetibilidade, combinadas a observações sobre as formas de
uso e ocupação do terreno. A vulnerabilidade do elemento em risco refere-se ao padrão
construtivo das residências, qualidade da infra-estrutura local e capacidade da
população de enfrentar as situações de risco. O potencial de dano considera o número de
moradias e moradores (elementos em risco) potencialmente sujeitos a serem afetados
pela ocorrência de um dado evento.

81
Figura 5.4 – Mapa de Inventário de Ocorrências registradas na área urbana da cidade de Ouro Preto/MG

82
As Figuras 5.5 a 5.8 ilustram aspectos dos diferentes tipos de ocupação presentes na
área urbana da cidade.

Figura 5.5 – Ocupação Desordenada e de Baixo Padrão Construtivo – Bairro Piedade

Intervenção antrópica modificando o


meio. Em detalhe muro em construção
no talvegue de drenagem

Figura 5.6 – Ocupação Inadequada e de Baixo Padrão Construtivo – Bairro Santa Efigênia

83
Figura 5.7 – Ocupação Planejada de Médio Padrão Construtivo – Bairro Pilar

Figura 5.8 – Ocupação Planejada de Alto Padrão Construtivo – Bairro Vila dos Engenheiros

5.4. MAPA DE SUSCETIBILIDADE A ESCORREGAMENTOS

O mapa de suscetibilidade para a área urbana de Ouro Preto foi elaborado a partir da
fixação dos índices de suscetibilidade definidos com base na hierarquização dos fatores
do terreno e ponderados em função das especificidades do meio físico local, de acordo
como os valores indicados na Tabela 5.1 (valores adaptados pelo autor, a partir da
proposição inicial de Tominaga, 2007).

84
Tabela 5.1 – Fatores do terreno e índices de ponderação

Fatores do Terreno  Peso Adotado 
Declividade  0,60 
Forma da Encosta  0,10 
Litologia  0,30 

O Índice de Suscetibilidade, para cada unidade compartimentada de terreno (UBC), foi


obtido pela ponderação relativa aos atributos considerados do meio físico local (Tabela
5.2), com base na seguinte relação:

IST = (DE x 0,60) + (FE x 0,10) + (LI x 0,30) (5.1)

sendo IST  Índice de Suscetibilidade; DE  Declividade; FE  Forma da Encosta e LI


 Litologia (classificação dos solos).

Tabela 5.2 – Fatores de ponderação dos atributos do meio físico local

Atributos Classes de análise Valores ponderados (escala 0 a 1)


Convexa 0,725
Forma da
Retilínea 0,165
Encosta
Côncava 0,495
Arenosos 0,125
Litologias Silto-arenosos 0,375
(tipos de solos) Silto-argilosos 0,625
Argilosos 0,875
0 – 10% 0,083
10 – 20% 0,250
20 – 40% 0,417
Declividades
40 – 60% 0,584
60 – 100% 0,750
>100% 0,958

Os valores dos índices IST permitem a classificação, por meio de processamento no


Programa ArcGIS 9.3 com a opção de análise de multicritérios, das unidades básicas de
compartimentação do terreno em quatro classes de suscetibilidade: Baixa, Média, Alta e
Muito Alta. Estas classes são representadas, então, no Mapa de Suscetibilidade a
Escorregamentos, gerado pelo mesmo programa.

A Tabela 5.3 apresenta a síntese da caracterização dos principais aspectos associados


aos atributos do meio físico local, considerados na análise adotada e distribuídos por
classes de suscetibilidade.

85
Tabela 5.3 – Caracterização dos fatores do terreno por classes de suscetibilidade.
Atributos do terreno 
Classe de 
Forma da 
Suscetibilidade  Declividades Tipos de Solo (Litologia) 
Encosta 
Argila arenosa 
Convexa 
0 a 20%  Argila arenosa a siltosa 
Baixa  Retílinea 
10 a 20%  (Filito, Filito Dolomítico, 
Côncava 
Quartzito) 
Convexa  Areia siltosa 
Areia argilosa (Xistos) 

Média  20 a 40% 
Côncava 
Argila arenosa (Itabiritos) 

Convexa  Areia silto‐argilosa 
Alta  40 a 60% 
Côncava  Areia argilosa (Dolomitos) 
60 a 100%  Areia siltosa 
Areia argilo‐siltosa 
Muito Alta  Côncava 
>100%  (Quartzito ferruginoso e 
filito prateado) 

O Mapa de Suscetibilidade a Escorregamentos da área urbana do município de Ouro


Preto, gerado pelo Programa ArcGIS 9.3, é apresentado no Anexo I, juntamente com
todos os demais produtos gerados neste trabalho. A Figura 5.9 apresenta a distribuição
das classes de suscetibilidade em termos de áreas (em km²), obtida para o espaço urbano
da cidade.

Figura 5.9 – Distribuição das classes de suscetibilidade/km2 para a área urbana de Ouro Preto

86
5.5. MAPA DE PERIGO A ESCORREGAMENTOS

A análise do perigo foi desenvolvida com base no método de combinação de mapas de


índices e de cálculos de probabilidade (Augusto Filho, 2001), com base na seguinte
relação:

IPE = [(IST + IPI)/2] . PCh (5.2)

Nesta relação, o Índice de Perigo (IPE) expressa a probabilidade de ocorrer um dado


escorregamento (movimento de massa); os índices de suscetibilidade do terreno (IST) e
do potencial de indução do uso e ocupação do solo (IPI) representam a probabilidade
espacial da ocorrência de escorregamentos, enquanto a probabilidade de ocorrência de
chuva (PCh) corresponde à probabilidade temporal de ocorrer um determinado evento
chuvoso capaz de gerar escorregamentos na área de estudo, considerando-se o período
de um ano de monitoramento.

Segundo Castro (2006), o valor mínimo de precipitação acumulada em cinco dias para a
área urbana de Ouro Preto, capaz de desencadear movimentos de massa, foi de 22,0mm.
O valor de chuva acumulada para o nível de atenção, encontrado na curva de correlação
entre precipitação diária e a precipitação acumulada de 5 dias, foi de 39,4 mm. O valor
de chuva acumulada em cinco dias, cuja possibilidade de ocorrer escorregamentos em
maior escala foi 124,0mm. Este valor foi admitido como um limite para caracterização
de nível de alerta em épocas de chuvas.

A Tabela 5.4 apresenta uma correlação entre número e tipo de ocorrências para área
estudada, permitindo a caracterização das probabilidades de ocorrência (Castro, 2006).

Tabela 5.4 – Correlação entre ocorrências e probabilidade de ocorrência (Castro, 2006)


Número diário de Nº de
Natureza dos eventos Probabilidade
ocorrências acidentes
Isolados Uma 42 15,6%
Pequeno Porte Entre duas e cinco 79 29,3%
Médio Porte De seis a nove 77 28,5%
Grande Porte Acima de 10 72 26,7%
Total - 270 100%

87
Com base nestes resultados, adotou-se um valor acumulado de chuva de 124 mm em
120 horas, como um limiar crítico a partir do qual a possibilidade de ocorrência de
escorregamentos aumenta consideravelmente. O Plano Preventivo de Defesa Civil de
Ouro Preto (PPDC) também utiliza este parâmetro como referência na operação do
plano na região.

Considerando que a precipitação acumulada de 124mm/120 horas é o agente


deflagrador dos escorregamentos e que o tempo de retorno da mesma na área de estudo
é anual, a probabilidade de que um evento deste tipo ocorra no período de um ano é de 1
(um) ou 100%. Portanto, na área de estudo, o perigo é função apenas dos índices de
suscetibilidade do terreno (IST) e de potencial de indução do uso do solo (IPI), pois a
probabilidade da chuva de 124mm/120h (PCh) possui valor unitário.

A Tabela 5.5 e 5.6 apresentam os valores adotados no trabalho para o parâmetro Índice
Potencial de Indução (IPI), em função das diferentes condições de uso e ocupação do
meio físico local.

Tabela 5.5 – Valores dos parâmetros (IPI) em função dos modos de usos e ocupação do solo

Modo de Uso e Ocupação Valores de IPI

Áreas Industriais e Comerciais 0,125


Ocupação Planejada – Alto Padrão
Construtivo 0,375
Planejado/Espontâneo – Médio Padrão
Construtivo 0,625
Espontâneo c/Baixo Padrão Construtivo
e áreas de lavra já abandonadas 0,875

Tabela 5.6 – Valores dos parâmetros (IPI) em função dos tipos de cobertura vegetal

Formas de Cobertura Vegetal Valores de IPI

Arbórea ( > 60% da área de mata densa ) 0,250


Rasteira (presença de herbáceas e de
pequenos arbustos) 0,750

88
Os índices de perigo obtidos pela relação (5.2) expressam a probabilidade de ocorrência
de escorregamentos no período de um ano. Estes índices variaram entre 0,1144 e 0,8924
e foram divididos em quatro classes: Baixo, Moderado, Alto e Muito Alto (Tabela 5.7).
A classificação foi processada no Programa ArcGIS e o Mapa de Perigo a
Escorregamentos resultante está apresentado no Anexo I.

Tabela 5.7 – Classificação dos Índices de Perigo

Índices de Perigo Classificação do Perigo


0,1144 a 0,3240 Baixo
0,3240 a 0,4912 Moderado
0,4912 a 0,6553 Alto
0,6553 a 0,8924 Muito Alto

5.6. MAPA DE RISCO A ESCORREGAMENTOS

A avaliação de risco envolve uma estimativa da extensão dos prováveis danos que
podem resultar de um dado escorregamento (movimento de massa). Os danos podem ser
tanto econômicos como envolver comprometimento da infra-estrutura e perdas de vidas
humanas.

Para a determinação das zonas de risco e de sua classificação, de acordo com os níveis
de evolução dos processos instabilizadores no terreno, foram confrontadas as
características físicas, geológicas e geotécnicas da área, com o mapeamento dos agentes
instabilizadores presentes (cadastro de escorregamentos e inundações) e das ações
antrópicas identificadas como potenciais agentes de indução ao risco. As áreas de risco
englobam porções com formas e tamanhos irregulares, com características geológico-
geotécnicas e tipologia ocupacional próprias. Abrangem áreas ocupadas e podem ou não
conter zonas de risco de graus diferentes.

A avaliação final do risco desenvolvido neste estudo priorizou a população como


elemento de foco central; por esta razão, o mapa de risco abrange apenas áreas de
vertentes ocupadas por residências e algumas áreas em potencial para ocupação. Estas
áreas foram analisadas quanto ao perigo, vulnerabilidade e dano potencial às pessoas
potencialmente afetadas pelo risco. O mapa de risco a escorregamentos para o espaço
urbano da cidade de Ouro Preto está dado no Anexo I.

89
Cada uma das zonas delimitadas foi avaliada em termos da predisposição à ocorrência
dos diferentes tipos de processos atuantes, por meio do cruzamento com os mapas de
Inventário, Suscetibilidade e Perigo elaborados previamente para a área urbana. Para a
delimitação dos setores de risco e definição dos graus de risco, foram adotados os
critérios discutidos anteriormente (Risco R1 – Baixo; Risco R2 – Médio; Risco R3 –
Alto e Risco R4 – Muito Alto). Os mapas temáticos previamente digitalizados
(inventário de ocorrências e cadastral) foram superpostos para a análise da freqüência de
ocorrências por bairro (Figura 5.10 e Tabela 5.8).

Figura 5.10 – Distribuição das ocorrências por bairro da cidade de Ouro Preto

Tabela 5.8 – Distribuição das ocorrências por bairro da cidade de Ouro Preto
Bairro  Zoneamento  % 
Água Limpa  AGL  2%
Antônio Dias  ANT  7%
Alto da Cruz  ATC  2%
Barra  BAR  6%
Bauxita  BAU  1%
Cabeças  CAB  3%
Morro Santana  MSN  14%
Padre Faria  PDF  1%
Piedade  PIE  9%
São Cristovão  SCR  12%
Santa Cruz  STC  26%
Santa Efigênia  STF  1%
Taquaral  TAQ  13%
Vila Aparecida  VAP  4%

90
CAPÍTULO 6

6. INSTRUMENTAÇÃO E MONITORAMENTO DAS ENCOSTAS

O histórico e a discussão de alguns estudos de casos mostrados neste trabalho ilustram


bem a grande diversidade das causas, a complexidade dos processos envolvidos e a
multiplicidade dos ambientes urbanos afetados pela ocorrência de eventos geotécnicos
nas encostas da cidade de Ouro Preto. Mais do que isso, justificam e impõem a
necessidade de se estabelecer, em alguns locais críticos, dispositivos para controle da
susceptibilidade a movimentos de massa.

Estes estudos visam assegurar a representatividade do zoneamento das áreas de risco


geotécnico e, consequentemente, antecipar a magnitude dos problemas e a natureza das
eventuais intervenções corretivas, ações que justificam a proposição deste trabalho. A
metodologia da instrumentação adotada e a apresentação dos resultados preliminares
constituem o escopo deste capítulo.

6.1. INSTRUMENTAÇÃO GEOTÉCNICA DE ENCOSTAS

As características morfológicas e geotécnicas desfavoráveis da área urbana da cidade de


Ouro Preto, associadas à ação antrópica inadequada destes locais, induziram variados
eventos de movimentos de massa e processos correlatos, agravando ainda mais os riscos
geotécnicos potenciais que afetam a infra-estrutura local, os monumentos históricos e as
comunidades assentadas ao longo das encostas, particularmente ao longo da Serra de
Ouro Preto.

Dada a extrema diversidade das causas e a complexidade dos processos envolvidos,


torna-se imprescindível estabelecer formas de controle e de gestão da susceptibilidade a
movimentos de massa nas áreas mais críticas. Para minimizar os efeitos de intervenções
emergenciais e/ou de caráter essencialmente preventivos, impõe-se a implementação de
estudos de mapeamento geológico-geotécnico, zoneamento das áreas de risco e de
diretrizes de ocupação para toda a área urbana da cidade de Ouro Preto (Fontes, 2006).

91
A instrumentação geotécnica de obras de engenharia constitui uma das ferramentas mais
adequadas para a observação, detecção e caracterização de eventuais deteriorações que
constituem risco potencial às condições da segurança global do empreendimento. Ela
permite fazer um processo de aquisição, registro e processamento sistemático dos dados
obtidos, a partir dos instrumentos de medida instalados em diferentes seções e zonas dos
maciços investigados.

Em encostas urbanas, estes princípios se aplicam integralmente, pela relevância de se


monitorar o comportamento de taludes em largos períodos de tempo. A partir dos dados
obtidos pela instrumentação, torna-se possível, mediante um adequado processamento e
interpretação dessas leituras, envolvendo freqüência e abrangência das mesmas,
estabelecer bases consistentes para reavaliações dos critérios da sua estabilidade e
formular diretrizes para eventuais intervenções nos taludes potencialmente instáveis.

Um modelo básico de instrumentação geotécnica envolve a instalação de inclinômetros


(Figura 6.1) e a medida de deslocamentos sub-superficiais. Estes instrumentos são
formados por tubos segmentados inseridos ao longo de furos de sondagens que
permitem o monitoramento dos deslocamentos horizontais do maciço ao longo da
profundidade e a consequente localização da superfície crítica de ruptura envolvendo o
talude.

Figura 6.1 – Esquema geral da instrumentação de uma encosta por meio de inclinômetros

92
Na região das encostas e das vizinhanças de prédios históricos, tem sido adotada a
prática de se instalar inclinômetros ao longo de seções representativas das áreas, a
exemplo dos procedimentos originalmente adotados quando das obras de estabilização
dos eventos decorrentes das grandes chuvas de 1979. A Figura 6.2 apresenta, por
exemplo, a localização de um dos furos de inclinômetro instalados no domínio do
terreno no qual está situado o antigo prédio da Santa Casa de Misericórdia (século
XIX), que tem sido afetado em larga escala, por movimentações periódicas ao longo dos
últimos 30 anos.

Figura 6.2 – Tubo de inclinômetro instalado ao lado do antigo prédio da Santa Casa de
Misericórdia

6.2. PRINCÍPIOS GERAIS DA INSTRUMENTAÇÃO UTILIZADA

Um inclinômetro (Figura 6.3) consiste basicamente em um pêndulo atuando sob a ação


da gravidade, que mede a inclinação de um “torpedo” (no interior do qual o pêndulo é
instalado) em relação à vertical. A inclinação do torpedo é obtida via uso de servo-
acelerômetros, conectados em ponte completa. Por meio de um transdutor, essa
grandeza é convertida em sinal elétrico e enviada a um equipamento de leitura em
superfície.

Torna-se importante enfatizar que as análises dos registros com este tipo de instrumento
não estão associadas especificamente à movimentação do tubo em relação à vertical, e

93
sim à mudança da posição e da inclinação do tubo em relação a uma dada condição
inicial (condição de instalação), caracterizada pela série de leituras iniciais. As leituras
permitem quantificar a movimentação do tubo e, consequentemente, do terreno
circunvizinho.

Figura 6.3 – Inclinômetro utilizado nos estudos de campo

Um tubo, montado em segmentos e possuindo uma maleabilidade mínima suficiente


para acompanhar a movimentação do terreno, é instalado no terreno (Figura 6.4),
engastando-se sua extremidade inferior em meio rígido, que se torna referência para as
leituras subseqüentes.

Figura 6.4 – Instalação de tubo de inclinômetro em campo

94
O tubo segmentado dispõe de quatro ranhuras internas longitudinais, situadas
diametralmente opostas (Figura 6.5), que servem de guias para o deslocamento das
‘rodas do torpedo’ ao longo do tubo. A cada profundidade de 0,5m são efetuadas pares
de leituras, girando-se o aparelho posteriormente de 180º; desta forma, são eliminados
erros inerentes à operacionalização do dispositivo, uma vez que se toma a média
aritmética das leituras.

Figura 6.5 – Ranhuras internas dos tubos - guia

Os levantamentos com inclinômetros utilizam-se basicamente dos seguintes


equipamentos:

 Tubos de plástico ABS ou de aço galvanizado, conectados na forma de


segmentos independentes (junções móveis) segundo um alinhamento vertical,
devidamente vedado e protegido;

 “Torpedo cego” (dispositivo de referência, adotado para aferição da


profundidade e do alinhamento do tubo);

 Torpedo dotado de sonda e acelerômetros internos (no caso, modelo Digitilit


Inclinometer Probe 50302599);

 Roldana e dispositivo de apoio para descida do torpedo no interior do tubo;

95
 Aparelho de leitura, coleta e gravação de dados em superfície (no caso,
modelo Digitilt Datamate 50310999);

 Cabo de sustentação e conexões ao torpedo.

As variações do perfil do tubo representam o perfil dos deslocamentos do próprio


terreno em profundidade, sendo expressas pelos valores acumulados dos desvios laterais
registrados para os sucessivos intervalos de leitura. Desta forma, a partir de um
alinhamento inicial (posição de instalação vertical do tubo-guia engastado no terreno
pela base, torna-se possível medir a evolução da posição relativa dos diferentes
segmentos do tubo, quantificando-se, então, o padrão de deslocamentos do maciço em
profundidade.

6.3. AQUISIÇÃO E TRATAMENTO DOS DADOS

Como resultado dos trabalhos de monitoramento, obtém-se gráficos dos deslocamentos


ocorridos entre as sucessivas leituras, nas duas direções dos eixos A e B do
inclinômetro, ou seja, na direção longitudinal e transversal da encosta, respectivamente.
Tratam-se de registros padrões deste tipo de instrumento aqueles obtidos a partir de
softwares de apoio fornecidos pela fabricante do aparelho.

Os desvios laterais do tubo são obtidos a partir dos valores do intervalo de leitura
(grandeza L; no caso igual a 0,50m) e do ângulo de inclinação do torpedo (), sendo
expressos por (Figura 6.6):

Desvio Lateral  L x sen  (6.1)

sendo:

Média Aritmética das Leituras (A0 e A180)


sen   (6.2)
Constante do Instrumento

com a constante do instrumento sendo igual a 25.000 (SI).

O deslocamento horizontal sofrido pelo talude (encosta) é dado pela Equação 6.3.

96
Leitura Combinada Final - Leitura Combinada Inicial
Deslocamento  L x (6.3)
2 x Constante do Instrumento

Figura 6.6 – Parâmetros de leituras de um inclinômetro

A “leitura combinada” representa a média aritmética entre as leituras nas direções A0 e


A180 e a média aritmética entre as leituras combinada inicial e final é obtida pela
introdução do valor 2 no denominador. O grau, a magnitude e a profundidade em que
ocorrem os deslocamentos são obtidos pela comparação entre gráficos correspondentes
ao estágio inicial e final do levantamento.

O software utilizado é o DMM (Slope Indicator Company) que permite a obtenção das
leituras de saída do inclinômetro, recuperando as leituras armazenadas pelo DataMate e,
em sequência, armazenando as leituras no disco rígido, em uma base de dados ou em
um arquivo tipo ASCII. O programa permite também a edição e o tratamento da base de
dados por meio de análises estatísticas, possuindo ainda função gráfica simples para
comparar duas análises. As leituras obtidas pelo DMM são processadas e trabalhadas no
software DigiPro, que gera gráficos em alta resolução e permite a correção de erros
sistemáticos (Figura 6.7).

97
Figura 6.7 – Ambiente de trabalho do software Digipro.

6.4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

A partir das leituras obtidas por meio de leituras mensais, torna-se possível a elaboração
de gráficos que relacionam, em função da profundidade de instalação do torpedo e do
eixo escolhido:

 Os desvios laterais experimentados pelo tubo;


 A evolução dos deslocamentos horizontais sofridos pelo tubo, ao longo de um
período considerado;
 Os deslocamentos horizontais sofridos pelo tubo segundo ambos os eixos de
análise, simultaneamente, em um dado período de tempo.

6.4.1. Análise Estatística de Validação de Dados

Foram adotados procedimentos estatísticos a fim de se avaliar a representatividade e a


dispersão dos dados, que podem ser afetadas por diversos fatores, tais como
imperfeições no tubo-guia, mau posicionamento da sonda, problemas de calibragem,
presença de fragmentos, grânulos ou pedras no interior das ranhuras do tubo-guia, tubos
desalinhados ou separados na junção entre eles ou, ainda, a passagem da “roda” do
torpedo em alguma saliência porventura existente na junção entre tubos.

98
6.4.2. Média das Somas das Leituras

A média da soma das leituras, efetuadas à mesma profundidade segundo os eixos 0º e


180º, é calculada pela relação:

ΣX i
X  (6.4)
n

sendo X a média das somas das leituras, Xi a leitura obtida para cada profundidade
observada e n é o número de leituras efetuadas para cada furo de inclinômetro.

A condição ideal requer uma soma das leituras igual à zero, mas este critério, embora
recomendável na avaliação da homogeneidade dos dados coletados, é insuficiente por si
só para uma validação completa dos resultados ou das análises de eventuais erros
durante a operação dos inclinômetros.

Tomando-se as variações admissíveis nas somas das leituras propostas (± 10 do valor


médio para o eixo A e ± 20 para o eixo B), a análise dos gráficos resultantes (Figura 6.8)
permite avaliar a uniformidade dos dados coletados, relacionando as médias das somas
das leituras nas diversas datas de levantamento.

Na análise dos erros, estes gráficos indicam a ocorrência de erros sistemáticos devido a
deslocamentos na diagonal e uma inclinação pode indicar problemas com o sensor
eletrônico. Os gráficos de checagem (checksum) promovem as correções necessárias e
refinam os resultados finais. Assim, quanto menor for a média, maior será a
confiabilidade dos dados. Os valores mais altos encontrados para o eixo B, bem como
uma maior tolerância em sua variação, decorrem do fato de que tais medidas são
tomadas de forma automática pelo acelerômetro que mede inclinações segundo este
eixo.

99
Figura 6.8 – Exemplo dos gráficos de checagem (checksum) dos dados coletados

6.4.3. Desvio Padrão

O desvio padrão das leituras é calculado segundo a relação abaixo:

S 2

X - X 
i
2

(6.5)
n

sendo S o desvio padrão dos dados obtidos, Xi a soma das leituras para cada

profundidade de instalação da sonda, X a média das somas das leituras por eixo de
coordenada e n o número de leituras efetuadas por eixo de inclinômetro.

100
Procurou-se relacionar os desvios padrões máximos observados a cada intervalo de
cinco leituras por furo de inclinômetro, a cada data de coleta de dados e segundo os dois
eixos ortogonais A e B. Esse tipo de análise, baseada na obtenção e interpretação dos
desvios padrões possibilitou a geração de tabelas com a do exemplo abaixo (Tabela
6.1), que indicam os valores dos desvios-padrão observados em cada zona de
investigação, bem como a freqüência de cada ocorrência.

Trata-se de uma estimativa acerca dos valores mais representativos para cada furo de
inclinômetro, possibilitando sua consulta futura, uma vez que se torna um referencial
relevante no processo de validação dos dados.

Tabela 6.1 – Exemplo da relação de desvios padrões máximos para leituras (eixos A e B do
inclinômetro)
Profundidade (m) Eixo A Eixo B
1,0-3,0 0,8 2,0
3,5-5,5 0,6 1,2
6,0-8,0 0,7 1,9
8,5-10,5 0,3 1,2
11,0-13,0 0,5 1,4
13,5-15,5 0,4 1,3
16,0-18,0 0,4 0,9
18,5-20,5 11,7 1,9

A ocorrência de valores maiores de desvio padrão evidencia um caráter


permanentemente instável das leituras coletadas nessa zona, traduzidas pela oscilação
dos gráficos de deslocamento horizontal; quando tais problemas assumem uma
magnitude relevante, ocorre um comprometimento da interpretação dos resultados.

6.4.4. Deslocamentos Acumulados

Os deslocamentos são mudanças na posição do tubo e admitidos como movimentos do


terreno circunvizinho. Um gráfico do deslocamento requer pelo menos duas análises:
uma análise prévia (inicial) e uma análise atual, sendo que a primeira não aparece no
gráfico.

No gráfico de deslocamentos acumulados, um dado ponto do perfil representa a soma


dos deslocamentos incrementais em relação ao ponto de referência (tipicamente a base

101
engastada do instrumento). Uma vez que a escala horizontal não é proporcional à escala
vertical, os deslocamentos acumulados podem apresentar variações abruptas, de forma
a caracterizar facilmente mecanismos de ruptura e/ou problemas correlatos (Figura
6.9). Em alguns casos, erros sistemáticos podem mascarar a interpretação, induzindo
uma falsa inclinação do perfil dos deslocamentos acumulados.

Figura 6.9 – Exemplos de gráficos de deslocamentos acumulados fornecidos pelo software


Digipro

6.4.5. Deslocamento incremental

Este gráfico mostra deslocamentos em profundidades discretas. Um “ponto crescente”


indica o movimento e a variação contínua de sua posição denota a evolução dos
movimentos (Figura 6.10). Neste caso, os deslocamentos apresentados são pontuais e
nenhuma soma de dados é envolvida, permitindo, desta maneira, que erros sistemáticos
sejam minimizados.

102
Figura 6.10 – Exemplos de gráficos de deslocamentos incrementais fornecidos pelo software
Digipro

Com estes resultados, é possível avaliar as movimentações relativas segundo as duas


direções de investigação, a orientação final resultante e a evolução do processo ao longo
do tempo, facilitando a caracterização da presença de erros sistemáticos e a correta
compreensão da fenomenologia dos processos em andamento.

6.4.6. Tempos de Deslocamento

Este gráfico mostra a taxa de movimentação em uma ou mais zonas do maciço


analisado. Um degrau de inclinação representa movimentos de aceleração. O valor
traçado para cada zona é a diferença entre os valores dos deslocamentos acumulados
para o período contabilizado (Figura 6.11).

103
Figura 6.11 – Exemplos de gráficos de tempos de deslocamentos fornecidos pelo software
Digipro

A identificação dos processos de movimentos de massa constitui uma atividade de


campo na qual a precisão dos resultados é função direta do perfeito entendimento dos
mecanismos de instabilizações associados. O monitoramento das áreas mais
susceptíveis a movimentos de massa fornecem uma boa fonte para subsidiar medidas
preventivas, corretivas e mitigadoras dos problemas detectados.

Há que se considerar, entretanto, que tais análises não devem ficar restritas à
identificação dos locais críticos em termos das ocorrências destes processos, devendo
ser avaliadas também as dimensões das conseqüências potenciais em termos de danos
materiais e dos riscos associados para a população e o patrimônio artístico e cultural
afetados.

6.5. ANÁLISES DOS RESULTADOS DO MONITORAMENTO

Como exposto previamente, esta metodologia de controle e monitoramento das encostas


do espaço urbano da cidade de Ouro Preto teve início em 1979, época de ocorrência de
grandes escorregamentos locais, que causaram diversos danos à infraestrutura urbana e
exigiram a execução de obras de estabilização de grande porte.

104
Atualmente, um convênio envolvendo a Universidade federal e a Prefeitura Municipal
foi firmado no sentido de não apenas dar continuidade a este trabalho, mediante a
instalação de novos instrumentos, como prover o município com dados de registros
mensais de todos os inclinômetros instalados (em número de 15 atualmente).

Como fase integrante destes estudos, todas as leituras efetuadas nos tubos instalados em
outras épocas foram recuperadas, sistematizadas e digitalizadas, constituindo-se assim
um banco de dados de controle bastante consolidado. Além da recuperação das leituras,
tornou-se imperativo a adoção de procedimentos para a verificação e validação da
operacionalidade dos instrumentos existentes, uma vez que alguns destes datam de
1979. Esta etapa constituiu-se das seguintes operações:

 Inspeção visual da topografia e caracterização da geologia local; condições de


instalação, isolamento e vedação dos equipamentos fixados (furos de
inclinômetro);
 Descida de “torpedo cego” nos tubos instalados, para confirmação da
profundidade de instalação dos mesmos e eventuais limpezas dos mesmos devido
a obstruções de quaisquer naturezas;
 Descida do inclinômetro (torpedo dotado de sonda) nos tubos e execução de
leituras atualizadas e contínuas;
 Transferência dos dados coletados in situ para um PC, seguida de análises
gráficas e impressas dos resultados;
 Acompanhamento complementar com base em estudos geológico-geotécnicos
das áreas e correlações com resultados oriundos da instrumentação geotécnica.

Estes trabalhos permitiram que análises fossem feitas com base nos resultados obtidos
pela série de leituras atuais correlacionadas às leituras de referência. Os locais de
instalação, a relação de dados disponibilizados e os dados relativos às campanhas de
monitoramento já realizadas estão apresentados na Tabela 6.2 e 6.3 respectivamente.

A importância deste banco de dados está em permitir análises qualitativas e


quantitativas de áreas críticas da área urbana do município, consubstanciadas pela
caracterização geológico- geotécnica e pela ponderação dos atributos do meio físico
local, propiciando informações integradas que permitem a implementação de análises da

105
estabilidade das encostas, aferição dos condicionantes geológico-geotécnicos dos
eventos, evolução de potenciais eventos de ordem geotécnica e adoção de ações
mitigadoras para controle e prevenção contra possíveis acidentes futuros.

Tabela 6.2 – Dados disponíveis de levantamentos anteriores


Data da
Local Dados Disponíveis Referência
Instalação
1. Perfis geotécnicos das adjacências do prédio
Santa Casa de (sondagem a percussão e mista);
Abril de 1979
Misericórdia 2. Leituras de inclinômetro; IPHAN
(prédio antigo) 3. Croqui de locação dos furos de sondagem e
de inclinômetro.
Igreja São José
Igreja das 1. Perfis geotécnicos das adjacências das igrejas
Mercês (sondagem a percussão);
Junho de 1979 IPHAN
2. Leituras de inclinômetro;
Igreja São
3. Croqui de locação dos furos de sondagem e
Francisco de de inclinômetro.
Assis
1. Perfis geotécnicos na locação dos
inclinômetros;
2. Perfis geotécnicos das adjacências do prédio
Museu da Museu da
Julho de 1996 (sondagem a percussão);
Inconfidência Inconfidência
3. Leituras de inclinômetro;
4. Croqui de locação dos furos de sondagem e
de inclinômetro.
1. Perfis geotécnicos das adjacências
(sondagem a percussão e mista);
Abril de 2000 Ponte Seca 2. Leituras de inclinômetro; IPHAN
3. Croqui de locação dos furos de sondagem e
de inclinômetro.
Santa Casa de
1. Perfis geotécnicos das adjacências
Misericórdia (sondagem a percussão e mista);
Abril de 2010 (prédio antigo) 2. Leituras de inclinômetro; PMOP
3. Croqui de locação dos furos de sondagem e
Rua Getúlio
de inclinômetro.
Vargas

106
Tabela 6.3 – Data e locais de realização das leituras
LOCAL
São 
Getulio Vargas Ponte Seca Mercês Museu São Jose Santa Casa
Francis
PONTOS I1 I2 I1 I2 I1 I1 I2 I1 I1 I1 I2 I3 I4 I5 I6
‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 17/5 17/5 ‐ ‐ ‐ ‐
‐ ‐ ‐ ‐ 08 e 20/6 ‐ ‐ 20/6 07 e20/6 20/6 20/6 ‐ ‐ ‐ ‐
‐ ‐ ‐ ‐ 13/7 ‐ ‐ 12/7 13/7 13/7 12/7 ‐ ‐ ‐ ‐
1996 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 10/7 10/7 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐
1997 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 19/7 19/7 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐
‐ ‐ 7/4 7/4 ‐ ‐ ‐ ‐ 7/4 ‐ 7/4 ‐ ‐ ‐ ‐
‐ ‐ ‐ ‐ 7/5 ‐ ‐ 7/5 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐
2000
‐ ‐ 10/9 10/9 10/9 ‐ ‐ 10/9 10/9 10/9 10/9 ‐ ‐ ‐ ‐
‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐
‐ ‐ ‐ 11/11 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐
2003
‐ ‐ ‐ 22/12 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐
Data

‐ ‐ 10/2 6/2 ‐ 10/2 9/2 9/2 ‐ ‐ ‐ ‐


‐ ‐ 17/3 10/3 17/3 13/3 10/3 9/3 ‐ ‐ ‐ ‐
2006 ‐ ‐ ‐ 20/4 ‐ ‐ 20/4 20/4 ‐ ‐ ‐ ‐
Tubo danificado
Tubo soterrado

Tubo soterrado

‐ ‐ ‐ ‐ 21/4 ‐ ‐ 21/4 ‐ ‐ ‐ ‐
‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 4/12 ‐ ‐ ‐ ‐
‐ ‐ ‐ 16/2 ‐ 13/2 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐
‐ ‐ ‐ 13/3 ‐ 13/3 13/3 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐
‐ 21/4 ‐ 20/4 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 21/4 ‐
2010
‐ 27/6 ‐ 27/6 27/6 27/6 ‐ 28/6 28/6 28/6 28/6 28/6
15/7 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐
8/12 8/12 ‐ ‐ ‐ 8/12 11/12 11/12 11/12 11/12 11/12 11/12
2011 12/1 12/1 ‐ 12/1 12/1 12/1

107
6.5.1. Santa Casa de Misericórdia (Prédio Antigo)

A localização e a distribuição dos tubos de inclinômetro instalados nas adjacências do antigo


prédio da Santa Casa de Misericórdia de Ouro Preto estão apresentadas na Figura 6.12. A
encosta circunvizinha foi alvo de ocorrências de escorregamentos e instabilizações diversas
no passado.

I3
I4

I1

I5

I6 I2

Figura 6.12 – Tubos de inclinômetro instalados nas adjacências da Santa Casa de Misericórdia.

A geologia local é constituída comumente por filitos e quartzitos da formação Cercadinho,


característicos da Serra de Ouro Preto. Nas sondagens realizadas para a instalação dos novos
tubos dos inclinômetros, constatou-se a existência de aterros de matérias remobilizados,
provavelmente devido às obras de estabilização da encosta (retaludamento). A condição
crítica local está intimamente ligada às condições geológicas e geomorfológicas da área,
associadas a eventos de pluviosidade intensa na região.

Nas primeiras campanhas de monitoramento (1979), foram observadas pequenas


movimentações dos tubos de inclinômetro. Os registros efetuados em 2000 indicaram
deslocamentos acumulados de aproximadamente 70mm no eixo A e de 180mm no eixo B (em
relação aos dados de 1979). As velocidades destes movimentos podem ser classificadas como
muito lentas para a direção resultante entre os eixos A e B; registros atuais, entretanto,
evidenciam aumentos localizados de tais movimentações, particularmente durante os períodos
chuvosos e concentrados no período de outubro a março (Figuras 6.13 e 6.14).

108
Figura 6.13 – Deslocamentos acumulados (1979 a 2010): Inclinômetro I2 – Santa Casa

Figura 6.14 – Deslocamentos acumulados (2000 a 2010): Inclinômetro I2 – Santa Casa

109
Neste sentido, a execução de quaisquer obras no local deve estar associada à implantação de
adequados projetos de sistemas de drenagem pluvial e subterrânea, visando menores vazões
de infiltração e da exposição dos filitos locais a ações de expansão e de erodibilidade ao longo
da encosta. A encosta deverá ser confinada por solo coesivo e/ou por cobertura vegetal, de
forma a inibir os processos desencadeadores de instabilização local.

Durante o período monitorado, constatou-se a ocorrência de um abatimento da ordem de 10


centímetros na pista da Rua Padre Rolim, em frente ao prédio, caracterizado por uma trinca
côncava que atingia até a região central da pista, numa extensão aproximada de 25 metros. A
feição descrita está inserida no domínio das leituras da instrumentação. Atualmente a trinca
encontra-se recoberta por nova pavimentação, mera solução paliativa.

Os registros dos novos inclinômetros instalados no local mostram picos de deslocamentos


importantes (Figuras 6.15 e 6.16), sinal de que a área está submetida a uma movimentação
global e constitui, portanto, área de elevado risco geotécnico.

Figura 6.15 – Gráficos dos deslocamentos acumulados: Inclinômetro I6 – Santa Casa

110
Figura 6.16 – Deslocamentos x tempos para a vertical de inclinômetro I6 – Santa Casa

6.5.2. Igreja de São Francisco de Assis

A análise dos deslocamentos para o período entre 1979 e 2010 (Figura 6.17) apresenta uma
nítida estabilização dos movimentos a partir de 2000, como reflexo direto da execução de
estruturas de contenção no terreno de implantação da igreja.

Figura 6.17 – Deslocamentos acumulados (1979 a 2011) – Inclinômetro I1 / São Francisco de Assis

111
Os dados referentes ao atual período de monitoramento, mostrados na Figura 6.18,
apresentam distorções angulares muito pequenas. A vistoria realizada no local não identificou
problemas visíveis de deslocamentos e quaisquer outras feições do terreno; neste local,
portanto, propõe-se tão somente a continuidade das leituras de inclinômetro.

Figura 6.18 – Deslocamentos acumulados (2000 a 2011) – Inclinômetro I1 / São Francisco de Assis

Em consulta a documentos disponibilizados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico


Nacional (IPHAN), verifica-se que, em 2000, foram reanalisadas as cargas atuantes nos
tirantes da cortina de contenção executada no local e localizada nos fundos da igreja, tendo
sido confirmada a situação de normalidade de todos os tirantes ensaiados.

112
6.5.3. Igreja de São José

Os dados do inclinômetro instalado no adro da igreja, relativos ao período entre 1979 e 2000,
não atestam movimentos significativos da encosta local. A partir de 2000, verifica-se um
aumento dos deslocamentos (Figura 6.19), refletidos na presença de uma trinca extensa com
abatimento do piso do adro, atingindo inclusive a mureta lateral de pedra argamassada.

Figura 6.19 - Deslocamentos acumulados (2000 a 2011) – Inclinômetro I1 / Igreja São José

Em princípio, portanto, os dados da instrumentação indicam que os problemas detectados


referem-se exclusivamente a eventos de recalques no aterro que constitui o terreno de
fundação do adro da igreja, recomendando-se, então, a sua remoção (e recomposição da
estrutura original desta área da igreja) ou sua reconstrução em solo compactado.

113
6.5.4. Igreja de Nossa Senhora das Mercês de Cima

Neste local, não foi possível a recuperação dos dados relativos aos levantamentos de 1979,
uma vez que os registros da época encontram-se em condições muito ruins de leitura e de
reprodução (‘registros apagados’). Numa análise global dos dados disponíveis, entretanto, é
possível constatar que os registros não indicam a ocorrência de movimentos significativos do
terreno local. Em 2000, foram feitas novas leituras do inclinômetro (Figura 6.20) instalado na
área do cemitério e adjacente ao prédio do templo (Figura 6.21), que também não indicaram
leituras de deslocamentos elevados e nem dados de evolução relevante das magnitudes dos
registros ao longo deste período de monitoramento.

Figura 6.20 – Deslocamentos acumulados – Inclinômetro I1 / Igreja Nossa Senhora das Mercês de Cima

114
Figura 6.21 – Furo instalado no cemitério da Igreja de Nossa Senhora das Mercês de Cima.

Entretanto, não é isso que se observa atualmente no domínio do cemitério da igreja.


Problemas de movimentação severa são observados à superfície do terreno, incluindo
depressões generalizadas, trincas de tração, basculamento de lápides e instabilização
estrutural da ‘capela ossário’ situada nos fundos do cemitério (Figura 6.22).

Deslocamento lateral da

Figura 6.22 – Instabilizações e danos estruturais / Cemitério da Igreja das Mercês de Cima

Trata-se de evento provavelmente associado ao comprometimento parcial da cortina de


contenção executada no local em 1979 e que demanda, assim, uma reavaliação imediata de
suas condições de operação. Em função do número elevado de trincas e subsidências na área,
tende a ocorrer elevada infiltração das águas de chuva, carreando materiais e solapando ainda
mais as características de suporte e estruturação dos solos locais.

115
6.5.5. Ponte Seca

Nesta área, não foram executados levantamentos com inclinômetro em 1979. Os dados
referentes a 2000 (Figura 14) indicaram deslocamentos ao longo de toda a profundidade do
terreno (espessura de 11,50m), com magnitudes de até 18mm. Num segundo furo, foram
constatados também grandes deslocamentos, evidenciando processo geral de instabilização da
área, afetando diretamente a chamada ‘Ponte Seca’.

Obras gerais de reforço da ponte e dos sistemas de drenagem superficial e subterrânea foram
executadas em 2003, no sentido de correção dos problemas detectados. Entretanto, estes
serviços resultaram no completo soterramento dos tubos de inclinômetros (Figura 6.24),
inviabilizando quaisquer medidas futuras de controle e de monitoramento da obra.
Atualmente, em parceria com a Prefeitura Municipal de Ouro Preto, a equipe técnica do
NUGEO – UFOP está buscando recuperar os instrumentos para continuidade das leituras.

Figura 6.23 – Deslocamentos acumulados para a vertical de inclinômetro I1 – Ponte Seca

116
Figura 6.24 – Soterramento dos inclinômetros instalados na região da Ponte Seca

6.5.6. Avenida Getúlio Vargas

Em 2010, no âmbito do convênio firmado entre o NUGEO – UFOP com a Prefeitura


Municipal de Ouro Preto (com interveniência da Fundação Gorceix), foram instalados dois
tubos de inclinômetro na região do Largo da Alegria, em alinhamento com o instrumento já
existente no adro da Igreja de São José (Figura 6.25). O primeiro foi locado no domínio da
Rua Getúlio Vargas e o segundo em terreno adjacente a esta rua, conformando uma seção de
monitoramento representativa de toda a encosta local.

São José I1

Get Var I1
Get Var I2

Figura 6.25 – Localização dos tubos de inclinômetro na encosta adjacente a Igreja São José.

117
Os primeiros levantamentos realizados mostram deslocamentos incipientes (Figura 6.26),
inferiores a 5mm no trecho superior do perfil. São necessários registros acumulados em
maiores intervalos de tempo para se aferir problemas de natureza localizada ou de domínio
mais geral. Em princípio, as movimentações detectadas por estes instrumentos são
independentes daquelas caracterizadas pelo instrumento localizado no adro da Igreja de São
José, indicando, portanto, problemas específicos e restritos aos aterros das faixas de domínio
dos respectivos instrumentos.

Figura 6.26 – Deslocamentos acumulados – Inclinômetro I1 / Rua Getúlio Vargas

6.5.7. Museu da Inconfidência

Estudos realizados ao entorno da área permitem uma avaliação dos problemas de ordem
geotécnica associados às movimentações do terreno de fundação deste importante prédio do
acervo arquitetônico da cidade de Ouro Preto. A Figura 6.27 apresenta os gráficos de
deslocamentos acumulados para a vertical I2 de inclinômetro, instalado no terreno de
fundação do prédio.

118
Foram registrados deslocamentos horizontais acentuados, segundo um dos eixos e até uma
profundidade de 4 metros, que alcançaram quase 15mm (Figura 6.28), verificando-se uma
menor movimentação na direção do eixo secundário.

Figura 6.27 – Gráficos dos deslocamentos acumulados - Inclinômetro I2 do Museu da Inconfidência

Figura 6.28 – Gráficos de deslocamentos x tempos - Inclinômetro I2 do Museu da Inconfidência

119
Os mecanismos desencadeadores dessa instabilização superficial se devem à presença de
material de aterro, resultante do processo de aplainamento da Praça Tiradentes. Embora
francamente consolidado, o aterro apresenta movimentações adicionais oriundas dos efeitos
das vibrações contínuas induzidas pelo tráfego pesado em áreas próximas ao prédio. Os
gráficos apontam para uma movimentação contínua, mesmo que de pequena magnitude na
fase atual. Entretanto, a evolução dos registros torna-se relevante quando se avalia o gráfico
dos tempos dos deslocamentos (Figura 6.28), que evidencia evoluções contínuas. Atos de
vandalismo resultaram na obstrução do inclinômetro I1 instalado no local (abertura não
autorizada e lançamento de pedras no interior do furo). A equipe técnica do projeto está
tentando recuperar o instrumento atualmente desativado (locado nas vizinhanças imediatas do
prédio do Museu da Inconfidência) para a continuidade das leituras.

Ações mitigadoras de curto prazo, visando restringir a evolução do problema, podem incluir a
limitação ou mesmo interrupção do tráfego local para veículos de grande porte (Figura 6.29),
como ônibus e caminhões, visando garantir uma plena estabilidade da encosta local. Por outro
lado, os registros foram pouco afetados em épocas de maior precipitação pluviométrica,
evidenciando, assim, a natureza crítica devido ao trânsito local.

Figura 6.29 – Tráfego de caminhões na Rua Costa Sena próximo ao Museu da Inconfidência

120
CAPÍTULO 7

7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES FINAIS

No Brasil, a legislação estabelece que a ocupação nas encostas é um ato de ‘degradação


ambiental’ que provoca alterações adversas às características do meio ambiente. A
análise dos instrumentos legais (leis, decretos, portarias) evidencia que as encostas com
declives superiores a 30% constituem áreas impróprias a uma ocupação direta (Lei
Federal n0 6.766/79). Por outro lado, as prescrições legais delegam competência ao
poder público para coibir tais ocupações e criar mecanismos de defesa e proteção às
comunidades nestas condições. A realidade, entretanto, é bem diversa e, na maioria das
vezes, é o próprio poder público que agrega infra-estrutura a áreas potencialmente
susceptíveis a riscos geotécnicos.

Os exemplos citados no Capítulo 3 são ilustrativos da extrema diversidade das causas,


da complexidade dos processos envolvidos e da multiplicidade dos ambientes urbanos
afetados pela ocorrência de eventos geotécnicos nas encostas da cidade de Ouro Preto.
A relevância histórica da cidade e o ambiente topográfico amplamente desfavorável
constituem justificativas óbvias para uma mobilização contínua e planejada de políticas
públicas para avaliação, controle e monitoramento das áreas urbanas mais susceptíveis a
eventos de movimentos de massa.

7.1. CONCLUSÕES

O presente trabalho abordou uma sistemática de caracterização dos problemas e dos


riscos geotécnicos passíveis de ocorrência na área urbana da cidade histórica de Ouro
Preto/MG, contemplando estudos de investigação geotécnica dos solos, mapeamento
geológico-geotécnico das encostas e o controle/monitoramento das áreas mais críticas.
A avaliação de riscos constituiu a etapa final de um processo que envolveu previamente
a análise das ocorrências de escorregamentos e sua relação com os atributos do espaço
urbano da cidade.

121
A sistemática proposta mostrou-se bastante útil e de grande aplicação prática, tanto em
termos de se obter um diagnóstico dos cenários locais, como também de prover
subsídios para previsão de escorregamentos futuros e da estimativa da probabilidade
temporal destes eventos. Particularmente no caso de Ouro Preto, os atributos
geológicos, geomorfológicos e hidrogeológicos do ambiente local são muito complexos
e decisivos nestes estudos.

As etapas iniciais, que correspondem às análises de suscetibilidade e de perigo do meio


físico a escorregamentos (movimentos de massa em termos gerais), mostraram-se
também de grande relevância tanto quanto as avaliações dos riscos, uma vez que os
mapas de suscetibilidade e de perigo podem ser extremamente úteis para o planejamento
do uso e ocupação do solo e a gestão ambiental do município. Por outro lado, como o
mapa de risco depende do tipo e das condições antrópicas do meio, o mesmo possui
caráter dinâmico e agrega uma inevitável validade temporária.

No contexto dos processos geodinâmicos inerentes à área urbana da cidade, os


escorregamentos em solo são muito predominantes, correspondendo a uma freqüência
da ordem de 67% das ocorrências, principalmente associados a rupturas em taludes de
corte com declividades acentuadas. A caracterização dos processos geodinâmicos
(movimentos gravitacionais de massa) e a integração destas informações com o cadastro
de ocorrências permitiram avançar sobremaneira na análise da natureza e do processo de
evolução do comportamento geotécnico dos materiais na área em estudo. Os trabalhos
de campo permitiram, por sua vez, identificar que as ocorrências de escorregamentos
naturais significativos e inesperados são restritas, sendo a ação antrópica (inadequada e
descontrolada) fator decisivo para a sua plena mobilização.

O mapeamento e a setorização das unidades do terreno permitiram a delimitação de sub-


áreas distintas, em função das diferenças morfológicas, morfométricas e da natureza dos
materiais inconsolidados presentes. Estes mapas consistem na representação espacial do
terreno em unidades de compartimentação associadas a banco de dados com diversas
informações do terreno local. A estruturação desses dados e informações em forma de
banco de dados georeferenciados permitiu a operacionalização dos procedimentos de
aquisição dos mapas de suscetibilidade e, posteriormente, dos mapas de perigo e de
risco a escorregamentos.

122
O uso de técnicas de geoprocessamento digital é imprescindível em todas as atividades
que utilizam mapas de variáveis distribuídas no espaço. O programa AutoCadMap,
utilizado para a conversão das informações para o formato digital, facilitou a
digitalização e a edição dos dados existentes em formato analógico, em especial em
escalas grandes e no sistema de coordenadas UTM.

Quanto aos escorregamentos, constatou-se uma concentração destes eventos ao longo de


depósitos de encostas nos domínios de filitos, depósitos coluvionares e de tálus e,
principalmente, nas zonas de interface entre as Formações Cercadinho e Barreiro e do
Grupo Sabará com depósitos coluvionares. Os mecanismos de instabilização incluem
liberações de massas rochosas (mecanismo hidrogeológico descrito no Capítulo 3) e
escorregamentos superficiais em filitos da Formação Cercadinho e nos xistos do Grupo
Sabará, neste último caso, sempre associados a zonas de oscilação do lençol freático
induzindo a saturação da porção superior de taludes com atitudes desfavoráveis.

A ação antrópica constitui fator decisivo para a deflagração de eventos geológico-


geotécnicos no espaço urbano da cidade, respondendo por 45% das ocorrências (Figura
7.1). Os problemas mais críticos destas intervenções são representados pela execução de
taludes de corte com geometria totalmente incompatível com a realidade geológica local
e pela implantação de obras de construção ou de contenção sem quaisquer dispositivos
de drenagem.

Figura 7.1 – Distribuição das ocorrências por processo deflagrador dos movimentos de massa

123
Os produtos obtidos (mapas do espaço urbano da cidade sob diferentes abordagens)
constituem ferramentas relevantes para o planejamento e a gestão deste espaço pelo
poder público municipal, fornecendo diretrizes básicas para a proposição e revisão das
Leis de Uso e Ocupação do Solo, expansão das comunidades e intervenções de
estabilização. O programa de monitoramento das encostas e de outras zonas críticas da
cidade, por meio da instalação de inclinômetros, constitui uma referência adicional no
sentido de controle, acompanhamento e prevenção de acidentes geotécnicos na cidade.

7.2. RECOMENDAÇÕES FINAIS

Um sistema de aferição e zoneamento de riscos urbanos constitui essencialmente uma


visão unificada dos vários cenários possíveis, possuindo, portanto, um intrínseco caráter
relativo, pautado por algumas premissas que nortearam o foco das análises e da
proposição final. Sua inevitável característica de relatividade é superada ao máximo
quando se consideram os aspectos realmente primários dos problemas analisados.

No caso da cidade de Ouro Preto, inúmeros trabalhos de campo demonstram a


relevância dos condicionantes geológicos e geomorfológicos locais na utilização do
espaço urbano, associados a um domínio muito acanhado em termos de uma ocupação
humana em condições aceitáveis. Uma abordagem de riscos geotécnicos nesta área,
portanto, não pode prescindir de incorporar o arcabouço geológico local, as feições
morfológicas induzidas por diferentes eventos erosivos e as condições previsíveis de
uma ocupação restrita e forçada das encostas da cidade. Neste contexto, foram firmadas
as bases da proposta apresentada neste trabalho.

Por si só, entretanto, a par sua relevância como instrumento de orientação de políticas
públicas, o mapa de zoneamento de riscos é uma mera diretriz, que não dispensa ou
minimiza a necessidade de estudos quantitativos da maior ou menor estabilidade (ou
risco) de uma determinada encosta. Por isso, a proposição acoplada de monitoramento
das áreas críticas da cidade por meio de inclinômetros é entendida como parte integrante
da proposta, por permitir a aferição contínua, direta e in situ de potenciais mecanismos
de instabilização das encostas. Esse trabalho envolve atualmente a instalação de muitos
outros inclinômetros e a aquisição sistemática dos registros de todos os instrumentos
instalados na região.

124
A avaliação do todo não dispensa a aferição das partes, mesmo porque o mapa de riscos
é um instrumento dinâmico e relativo. No caso de áreas potencialmente críticas (áreas
de risco alto e muito alto), a presença do especialista é indispensável para nortear as
possíveis intervenções, sejam preventivas, mitigadoras ou corretivas. Em alguns casos,
inclusive, a feição geológica pode ser determinante para a própria fenomenologia do
evento geotécnico, como ocorre na Avenida Perimetral (Gomes, 2002). Portanto, muitas
áreas, inadequadas a princípio, podem permitir uma ocupação controlada, caso sejam
adotadas as devidas cautelas. Em outros, o remanejamento de moradias pode apresentar
uma muito melhor relação custo-benefício em face de uma obra para estabilização do
terreno.

No caso de obras de intervenção, constata-se um apelo quase automático pela solução


convencional de estruturas de arrimo, quando, na maioria das vezes, um adequado
controle das drenagens subterrânea e superficial seriam soluções conclusivas. Ou o
confinamento da área por uma camada de solo com propriedades mecânicas adequadas
(caso de muitas exposições de filitos). Ou o simples retaludamento da encosta (Figura
7.2), solução adotada com a participação do autor deste trabalho numa encosta da Vila
São José (Gomes et al., 2005). Em outros casos, obras de contenção são inevitáveis,
sejam convencionais, sejam por meio de maciços reforçados com geossintéticos.

Figura 7.2 – Ruptura e obra de estabilização de encosta da Vila S. José (Gomes et al., 2005)

Neste sentido recomenda-se a implantação na cidade de um Programa de Prevenção e


Controle de Áreas de Riscos, com pessoal técnico adequado, para a realização de
vistorias, elaboração de diagnósticos e execução de obras de pequeno porte para sanar
os problemas mais imediatos e de detecção mais simples.

125
7.3. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Nesta dissertação, foi apresentada e desenvolvida uma metodologia para análise, gestão,
controle e monitoramento de riscos geotécnicos para o espaço urbano da cidade de Ouro
Preto, consubstanciada por diferentes mapas, que incluem mapas de suscetibilidade,
perigo e risco a escorregamentos (movimentos de massa). Neste contexto, são sugeridos
alguns temas para pesquisas futuras e complementares ao estudo atual:

 Representação dos mapas sobre bases mais atualizadas da cidade, com a


exclusão de todos os elementos/informações nos mapas consideradas
dispensáveis;

 Refinamento do mapa de riscos, mediante o aporte contínuo de novos eventos,


da execução de obras de estabilização e de novas condicionantes em termos de
ocupação humana das áreas de risco;

 Refinamento do mapa de riscos, mediante o aporte contínuo dos resultados da


instrumentação geotécnica (tubos de inclinômetro) instalada na área urbana do
município;

 Reajustes da ponderação adotada para os atributos físicos do meio físico local,


num processo seqüenciado e coordenado de ‘ajuste fino’ do sistema proposto de
zoneamento de riscos geotécnicos para a cidade;

 Adoção de técnicas analíticas (tal como a técnica AHP - Analytical Hierarchy


Process), estatísticas (Barredo et al., 2000) ou de geoprocessamento digital para
aferir a contribuição relativa de cada um dos fatores intervenientes no processo
global, no âmbito de uma estrutura hierárquica de decisões.

126
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135
Anexo I
Apresenta-se neste anexo a relação das ocorrências cadastradas e uma planilha modelo
devidamente preenchida com as informações consideradas nas análises.

A Tabela a seguir sintetiza todas as ocorrências envolvendo processos geodinâmicos,


devidamente compiladas e sistematizadas em Fontes (2011), as quais foram objetos de
inspeções técnicas de campo e coleta de informações junto a moradores dos locais
atingidos, para complementação dos dados e organização sistêmica do cadastro final.

Tabela Anexo I – Lista das Ocorrências Mapeadas


Ponto Código da Coordenada Coordenada Data da Eventos Geotécnicos
Ocorrência X Y Ocorrência Observados
E1 290 657289 7744134 04/11/1990
E2 291 657164 7744133
Demais ocorrências:
E3 292 657251 7744225 03/01/1997
23/12/1996.
E4 293 657259 7744214
E5 294 657245 7744221
E6 295 657295 7744175 25/10/1993
E7 296 657529 7744161
E8 297 657353 7744003 21/11/1996
E9 298 657376 7743948 06/02/1998
E10 299 657422 7743916
E11 324 657326 7744274
E12 301 657305 7744242
E13 303 657428 7744266
Problema ao longo de toda a
E14 304 657421 7744254 Rua dos Bosques e Trilha
Paralela acima.
E15 305 657566 7744248
E16 306 657396 7744232
E17 307 657443 7744238
E18 308 657411 774398 02/01/1996
E19 309 657162 7743848
E20 310 657362 7743919
Início de um processo erosivo
E21 311 657607 7744322 04/01/1997 no lote vizinho, que pode
prejudicá-los.
E22 312 657612 7744353 04/01/1997

I-1
Continuação da Tabela Anexo I – Lista das Ocorrências Mapeadas
Código da Coordenada Coordenada Data da
Ponto Eventos Geotécnicos Observados
Ocorrência X Y Ocorrência
Ao longo de toda a Rua das Violetas
E23 313 657591 7744363
existem erosões superficiais.
E24 315 657406 7744108
Nos fundos da Casa 113há entulhos
E25 316 657434 7744121 depositados, segurados por uma
barreira (paliçada) e pela vegetação.
E26 317 657429 7744129 02/11/1996
E27 314 657483 7744133
E28 318 657382 7744152
E29 319 657472 7744180
E30 320 657471 7744213

E31 321 657214 7744650 06/01/1997

E32 322 657255 7744562


E33 323 658042 7746000 15/12/1995
E34 325 657373 7744070 01/02/1997
Formou-se um grande bota-fora, no
qual encontra-se muito lixo, entulho,
material transportado, dentro de uma
drenagem natural. Todo esse
E35 337 657997 7746016
material escoa para jusante,
assoreando as casas próximas. Há
sinais de movimento de massa
(árvores inclinadas).
E36 327 657718 7744175
Dimensão da feição,
E37 328 657622 7744132
aproximadamente, 10 x 25m.
E38 329 657168 7744132
Feição muito grande ocasionada por
execução de taludes de mineração de
pirita. Observa-se várias trincas de
E39 330 657251 7743807 tração no solo de montante e
ocorrência de escorregamentos, em
função do descalçamento dos taludes
por ação das águas.
E40 331 657419 7743955
E41 332 657544 7744240
E42 333 657479 7744147
E43 336 657648 7744251
Demais datas de Ocorrência:
340 658004 7745987 01/04/1993
E44 15/12/95, 21/01/97
E45 341 658105 7745836
Subsidência do Terreno devido a
existência de uma galeria, "sari",
342 657675 7745628
dentro da qual é lançado o esgoto
E46 das casas vizinhas.
Subsidência gerada pela presença
de galeria, com
aproximadamente 5m de
E47 343 657927 7745481 profundidade. Há uma caixa
d'água muito próxima do local
onde houve a queda da laje da
galeria.

I-2
Continuação da Tabela Anexo I – Lista das Ocorrências Mapeadas
Código da Coordenada Coordenada Data da Eventos Geotécnicos
Ponto
Ocorrência X Y Ocorrência Observados
E48 344 658150 7745604
E49 345 658395 7745775
E50 346 659271 7744980 17/06/1991
E51 347 659166 7745006 02/01/1997
Presença de água, caracterizado
devido a presença de vegetação
349 659072 7745029 02/01/1997
típica como Bananeiras e
E52 Mariazinhas.
Presença de água, caracterizado
pela existência de vegetação
353 659042 7745042 21/11/1996 característica como Bananeiras
e Mariazinhas. Demais datas de
E53 ocorrência: 28/11/89, 02/01/97.
E54 351 659015 7745021 11/12/1989 Presença de Bananeiras
E55 354 658786 7745061 13/12/1989 Presença de Entulho, lixo.
E56 355 658439 7745089
Existência de indicativos de
356 658477 7745078 14/12/1989 movimento, árvores tombadas, e
E57 de presença de água, bananeiras.
E58 357 658392 7745138
Demais datas de Ocorrência:
359 658420 7745103 15/12/1995
E59 29/12/94
E60 367 658369 7745162 23/01/1992
E61 365 658385 7745169
E62 364 658299 7745179
E63 363 658152 7745063 02/04/1998
E64 361 658194 7745045 17/12/1996
Antes da Construção da
canaleta, existiam problemas
constantes. Entre a rua e a
360 658198 7745052 Rodovia, ainda ocorrem
problemas devido a falta de
bueiros. Os cortes realizados na
E65 Rodovia prejudicaram a rua.
Foi encontrada uma mina nos
fundos da Residência, cujo salão
possui grandes dimensões
(alguns lugares com até 6m de
369 656975 7745280
altura). Uma grande quantidade
de água escoa pela mina.
Observa-se partes do teto
E66 desmoronados.
Observa-se um movimento de
massa no terreno, caracterizado
372 657369 7745377 23/01/1992 por árvores inclinadas. Demais
datas de ocorrência: 26/12/95,
E67 31/01/91, 24/01/92.
A casa foi construída dentro de
374 657460 7745396 uma drenagem superficial (na
E68 beira de um Córrego).
E69 375 657571 7745416 24/10/1989

I-3
Continuação da Tabela Anexo I – Lista das Ocorrências Mapeadas
Código da Coordenada Coordenada Data da Eventos Geotécnicos
Ponto
Ocorrência X Y Ocorrência Observados
E70 377 657164 7745241
E71 376 657642 7745430
E72 378 658142 7745655
E73 379 658251 774386
E74 380 658226 7745420
Ponto caracterizado por três
minas subterrâneas, uma delas
de enomes proporções (3 de
381 658229 7745507
largura e 5 profundidade),
contendo um grande volume de
E75 água.
Não foi possível descrever a
383 658018 7745440 15/01/1992
E76 natureza do evento.
Subsidência de uma Mina
382 658051 7745441
E77 Subterrânea.
E78 384 658171 7745421
E79 385 657204 7745389 25/11/1992
E80 397 657824 7745053
E81 400 658141 7745115
E82 401 658124 7745092
E83 402 658110 7745073 22/11/1996
Foi construído um muro sem
403 658106 7745084 23/01/1992 drenos para conter os
E84 escorregamentos.
E85 404 658091 7745092 29/10/1989
E86 405 658146 7745118
E87 406 657980 7745167 15/01/1991
E88 407 658176 7745294
E89 399 657819 7745169
E90 398 657887 7745138 27/12/1995 04/03/1997
E91 390 657876 7745182 10/01/1992
E92 395 657969 7745176 21/11/1996 Datas: 19/11/1996 e 27/02/1996
E93 394 658049 7745302
Demais datas de ocorrência:
392 658042 7745279 26/10/1989
E94 29/11/89.
E95 389 656592 7745351
E96 408 658102 7745285 21/12/1995
Os moradores da região captam
água de uma fenda atrás da casa
388 657906 7745252 15/12/1995
41. Demais datas de ocorrência:
E97 27/08/97, 27/04/90.
E98 393 657443 7745286
E99 418 654889 7746086 03/01/1997
E100 417 654963 7746267 14/12/1989
E101 416 655152 7746060 16/01/1997
E102 415 655474 7745939 17/01/1991
E103 414 655474 7745939 16/01/1997

I-4
Continuação da Tabela Anexo I – Lista das Ocorrências Mapeadas
Código da Coordenada Coordenada Data da Eventos Geotécnicos
Ponto
Ocorrência X Y Ocorrência Observados
E104 413 655656 7746072 03/01/1997
E105 411 655859 7745788 14/01/1997
E106 410 655680 7746104 24/01/1992
E107 409 655723 7746202 01/04/1997
E108 426 654985 7746023 12/05/1996 05/01/1997 e 30/01/1997.
E109 424 655575 7745873 16/01/1997
E110 423 655666 7746095
E111 422 655720 7746228
E112 421 655792 7746236
E113 420 655749 7746167
E114 419 655313 7745825 16/02/1998
E115 412 655883 7745872 24/01/1992
E116 425 655646 7745842 09/03/1998
E117 427 654888 7746422
E118 428 654876 7746299
E119 490 654641 7746405 28/12/1995
E120 430 655591 7746076 14/01/1991
E121 432 655165 7746048
E122 431 654944 7746073
E123 433 654776 7746010 02/01/1997
E124 434 654913 7746308 14/12/1995
E125 435 654943 7746281 02/01/2000 09/01/2000.
Observa-se árvores inclinadas
436 655043 7746162 05/01/1997
E126 no terreno.
E127 438 654943 7746073 03/01/1997
E128 439 654813 7746044 20/01/1992
Presença de bananeiras e
440 654787 7746048 02/01/1997
E129 mamonas.
Existem bananeiras no lote 194-
441 654862 7746114 31/10/1989
E130 B.
Existência de afloramento de
442 654824 7746425 24/01/1992 água e árvores inclinadas. O
E131 esgoto é lançado encosta abaixo.
Terreno totalmente construído,
443 654819 7746316 20/12/1988 impossibilitando a determinação
E132 da litologia.
Movimento de massa
444 654939 7746026 27/12/1995 evidenciado por tronco de
E133 árvores tombados.
A casa localiza-se em uma área
445 654907 7746142 05/01/1997
E134 de drenagem.
E135 446 655614 7746014
E136 447 655558 7745923 04/06/1993
A voçoroca recebe um elevado
448 6574444 7743883 fluxo de água, que desemboca
E137 em sulcos nas rochas a jusante.
E138 449 657614 7744450 21/11/1996

I-5
Continuação da Tabela Anexo I – Lista das Ocorrências Mapeadas
Código da Coordenada Coordenada Data da Eventos Geotécnicos
Ponto
Ocorrência X Y Ocorrência Observados
Presença de ávores incinadas e
451 657651 7744433 26/12/1995
E139 bananeiras.
E140 452 657634 7744394 02/01/1997
E141 453 657537 7744482 21/11/1996
E142 454 657587 7744501 09/01/1997
E143 456 657592 7744529 22/01/1997
E144 457 657542 7744552 23/01/1992
E145 458 657282 7744758 02/02/1997
Demais ocorrências:
459 657315 774478 26/12/1995
E146 13/12/1989.
Demais ocorrências:
460 657383 7744653 23/01/1992
E147 08/01/1997.
E148 461 657425 7744604 08/01/1997
E149 462 657464 7744573 14/12/1995
E150 463 657449 7744537 08/01/1997
E151 464 657387 7744571 17/01/1991
E152 465 657406 7744512
Demais ocorrências:
466 657520 7744590 15/12/1995 10/01/1992, 23/01/1992,
E153 15/01/1991.
E154 467 657561 7744568 20/01/1992
E155 468 657587 7744582 16/12/1989
E156 469 657493 7744672 03/01/1997
E157 470 657685 7744373 18/01/1991
Abatimento do aterro de entrada
471 657992 7744025
E158 e saída da ponte.
E159 472 657224 7744429
E160 473 657213 7744299
E161 474 657699 7744174
E162 476 656793 7745133 02/02/1992
E163 477 656779 7744987 24/02/1997
E164 478 656524 7745289 23/01/2000
E165 479 656556 7745268 27/12/1995
E166 480 656524 7745245 02/02/1992
E167 481 656466 7745143 04/08/1993
E168 482 656438 7745218 28/02/1995
E169 483 656401 7744889 28/01/2000
E170 484 656996 7745075 21/11/1996
E171 485 656938 7744641 15/12/1995
E172 486 657062 7744992
E173 489 656826 7744727 09/04/1997
E174 488 656760 7745152 07/11/1989
E175 491 656921 7744950 22/01/1991 Presença de lixo, entulho.
E176 492 657288 7744624 10/02/1997
E177 493 656878 7745176 17/01/1991

I-6
Continuação da Tabela Anexo I – Lista das Ocorrências Mapeadas
Código da Coordenada Coordenada Data da Eventos Geotécnicos
Ponto
Ocorrência X Y Ocorrência Observados
E178 494 656772 7745224 21/04/1997
E179 496 655700 7744810
E180 500 658754 7745085
E181 499 659250 7744965
E182 498 659239 7745017
E183 497 658307 7745048
E184 507 658210 7745008
Presença de grande sulco onde
506 658865 7745102
E185 toda a água pluvial escoa.
E186 505 658259 7745027
E187 503 659247 7744988
E188 502 658942 7745098
Observou-se que há junto ao
maciço dois blocos de canga,
501 658223 7745133
aproximadamente 2m de
E189 diâmetro, descalçados na base.
E190 508 657739 7744286 17/01/1991
E191 509 657754 7744453 27/12/1995
Bota-fora sendo formado
510 657234 7744228
E192 encosta abaixo.
Demais ocorrências: Casa 265:
511 655303 7745083 06/01/1997 08/02/1995. Casa 272:
E193 28/10/1993.
Presença de árvores inclinadas.
512 655590 7744957 10/01/1997 Demais ocorrências:
E194 05/10/1993.
Segundo moradora o muro da
513 655519 7745480 25/01/1992 rua está suspenso, causando
E195 preocupações aos moradores.
Árvores inclinadas e bananeiras
ao longo do terreno. Segundo a
propriétaria existe uma falha,
devido a uma galeria de água,
514 655678 7745390 08/01/1997 perpendicular ao sentido da rua,
que volta e meia funcionários da
prefeitura preenchem com
pedras e areia, reconstruindo a
E196 rua.
E197 515 655038 7745317 07/01/1997
E198 516 655089 7745309 06/01/1997
E199 517 655127 7745329 23/01/1992
As casas se encontram em uma
área de drenagem, onde observa-
519 655110 7745532 07/01/1997
se árvores tombadas, indicando
E200 um movimento de massa.
E201 520 655156 7745316 06/01/1997 Presença de árvores inclinadas.
As árvores encontram-se
inclinadas, indicando um
521 655089 7745347 07/01/1997 movimento de massa no terreno.
Presença de muito lixo e
E202 entulho.

I-7
Continuação da Tabela Anexo I – Lista das Ocorrências Mapeadas
Código da Coordenada Coordenada Data da Eventos Geotécnicos
Ponto
Ocorrência X Y Ocorrência Observados
Trata-se de uma área de
drenagem, onde o corrégo
encontra-se assoreado. No
523 654338 7745796 terreno observa-se movimento
de massa indicado pelos platores
formados na encosta. Presença
E203 de muito lixo e entulho.
E204 524 657620 7745288 06/02/1992
E205 525 657429 7745357
E206 526 657337 7445216 13/11/1990
E207 522 658197 7745109
E208 527 655512 7745479 28/01/2000
Aterro mal compactado,
528 654999 7745624 causando o tombamento do
E209 muro.
Observa-se que existe
movimento de massa no terreno
acima da casa, pois as árvores
encontram-se inclinadas. O solo
529 655556 7745752 21/01/1992 sobre o quartzito está descendo
até próximo ao muro de arrimo
construído no fundo da casa.
Demais datas de ocorrência:
E210 Casa 288: 15/07/1991.
E211 530 655172 7745571 03/01/1997 Existência de árvores inclinadas.
As árvores encontram-se
532 655974 7744927 14/12/1995 inclinadas, indicando um
E212 movimento de massa.
Presença de bananeiras na divisa
533 656035 7745030 14/12/1989
E213 do lote acima com a casa 506.
Presença de uma mina de água
534 656239 7745517 14/12/1989
E214 subterrânea.
E215 535 655167 7745915
Existência de árvores tombadas
536 656339 7744207
E216 e muito lixo e entulho.
E217 537 656360 7744328
Presença de muito lixo, entulho.
538 656358 7744362 01/05/1993 Demais ocorrências:
E218 14/01/1991.
Demais ocorrências: Casa nº
539 656370 7744425 19/01/1991 252, Rua Amarantina, em
E219 14011997.
Demais ocorrências: 30/01/1997
540 656388 7744301 04/02/1997
E220 e 05/01/1997.
E221 541 656334 7744337 13/01/1997 Presença de árvores inclinadas.
Demais ocorrências: 18/01/1991
542 656264 7744580 02/12/1993
E222 e 29/01/1991.
E223 543 656612 7744351 20/01/1998
Demais ocorrências:
545 656688 7744302 02/01/1997 26/12/1995, 24/11/1996,
E224 23/01/1992, 14/12/1995.
E225 546 656520 7744387

I-8
Continuação da Tabela Anexo I – Lista das Ocorrências Mapeadas
Código da Coordenada Coordenada Data da Eventos Geotécnicos
Ponto
Ocorrência X Y Ocorrência Observados
E226 548 656404 7744412 04/01/1997
Erosão causada pela força da
547 656417 7744584 02/01/1997 água do rio. Demais
E227 ocorrências: 13/03/1996.
E228 549 656584 7744298 05/01/1997
Parte da água coletada pela
drenagem pluvial da rua acima
550 655818 7744510 01/12/1993
(Curva do Vento) escoa para
E229 dentro do lote.
As margens do rio, lateral da
551 655684 7744561 30/01/1997 casa, estão sendo erodidas pela
E230 força das águas do rio.
O solo localizado na frente e
552 655732 7744564 lateral da casa está sendo
E231 erodido pela água do rio.
E232 553 656243 7744286 12/03/1989
E233 556 656271 7744313 15/01/1991
E234 557 657449 7744973 25/04/1991
E235 558 657750 7744920 22/01/1997
E236 559 659191 7745008
E237 560 659053 7745015
E238 561 658160 7745050
E239 564 653534 7742494 04/01/1997
E240 565 653486 7742593 04/01/1997
E241 566 653686 7742587 30/12/1996
E242 567 653635 7742632 06/01/1997
E243 568 653794 7742527 26/12/1995
E244 569 65437 7743020 05/01/1997
E245 570 654747 7742845 01/02/1997
E246 571 654766 7744156
Demais ocorrências:
572 65616 7743003 04/01/1998 04/01/1998, 02/01/1997,
E247 24/01/1997.
E248 573 657464 7743082 29/03/1997
E249 574 656297 7743197 19/01/1998
Demais ocorrências:
02/01/1997, 24/01/1992,
563 655688 7742982 03/01/1997
26/12/1995, todas tendo
E250 ocorrido na casa de número 464.
E251 562 6566426 7743378 20/12/1996
E252 576 656622 7745331 20/01/1997
E253 577 657024 7745025
E254 575 657364 7745417

A Figura I a seguir sintetiza o modelo de planilha adotado e devidamente preenchida


para a ocorrência de numero 290, ponto E1.

I-9
Figura I –Planilha de Campo devidamente preenchida para o ponto E1

I-10
Ficha de Campo - Vistoria Técnica
Zoneamento NumeroPonto CoordenadaX CoordenadaY Data
AGL 01 655512,093 7745479,093 10/02/2000
Local
Talude de Corte
Rua Numero
Rua Professor de Paula Ribas 44
Complemento
Fundos

Diagnóstico da Condição Local


Situação Drenagem Ocupação Vegetação
Alto de Encosta Natural Baixa
Meia Encosta Esparsa
Construída Superficial Média
Pé de Encosta Média
Construída Profunda Elevada
Talude de Mineração
Densa
Talude de Escavação Eficiente
Controlada Rasteira
Cortes Parcialmente Obstruída
Aterros Desordenada Arbórea
Totalmente Obstruída
Baixadas
Outra Inexistente Inexistente Inexistente

Data Ocorrência
Natureza e Descrição de Evento Geotécnico 28/01/2000
Natureza Dimensão
Escorregamento Rotacional Erosão Superficial Superficial (<2,0m)
Escorregamento Translacional Ravinas e Voçorocas
Média (>2,0m e <10,0m
Queda e/ou Rolamento de Blocos Inundação Assoreamento
Escoamentos (Rastejos e Corridas) Processo Complexo Profunda (>10,0m)

Declividade da Encosta Estado de Atividades e Materiais


< 30% 30% a 60% Ativo Inativo Dormente Inativo Estabilizado
60% a 100% >100% Blocos Detritos Solo Misturas

Litologia
Mistura (Colúvio) disposto sobre quartzito friável.

Xisto Filito Itabirito Quatzito Canga Solo


Mecanismos Potenciais de Instabilização e Riscos Associados
Deficiência de Cobertura Vegetal Ocupação de Bacias Naturais de Drenagem
Comprometimento da Rede de Água Pluvial Inundação e Assoreamento
Deficiência do Sistema de Drenagem Superficial Ocupação Desordenada do Meio Físico
Desestabilização por Desagregação Superficial Natureza Inadequada das Construções
Fraturamento do Maciço Rochoso Existência de Ravinas e/ou Voçorocas
Fluxo de Água Subterrâneo Ruptura de Obra de Contenção Inadequada
Descalçamento de Talude por Corte Ruptura de Obra de Contenção Mal Executada
Fundações com Baixa Capacidade de Carga Acumulação de Lixo ou Entulho
Execução de Botaforas ou Aterros Mal Compactados
Outros (Especificar)

Danos Associados
Obstrução da via pública / Danos a residência

Avaliação de Riscos
Existe Risco Potencial de Perda de Vida Humana Estimativa de Perdas de Vidas
0
Existe Risco Potencial de Perda de Danos Construtivos Moradias Envolvidas
Existe Risco Potencial de Perda de Infraestrutura Urbana 1
Existe Risco Ambiental
Probabilidade de Danos Ocasionais
Probabilidade Remota de Danos

Natureza e Descrição de Evento Geotécnico


Prioridade de Intervenção Soluções Recomendadas
Imediata Manutenção do Sistema de Drenagem Existente
Médio Prazo Sem Evolução Execução de Drenagem Superficial
Médio Prazo Com Evolução Excecução de Drenagem Profunda
Observação a Longo Prazo Excução de Cobertura Vegetal
Praticamente Nula Retaludamento
Nenhuma Reconstrução do Aterro
Estabilização de Blocos Isolados
Obras de Contenção
Remoção de Construções / Realocação de Pessoal

Outra Solução (Especificar)


Monitoramento periódico, retirada do entulho.
Anexo II

Mapas Básicos e Mapa de Risco a Escorregamentos.

II-1
Mapa de Declividades da Cidade de Ouro Preto/MG

II-2
7747000

7747000
653000 653500 654000 654500 655000 655500 656000 656500 657000 657500 658000 658500 659000 659500

MAPA DE DECLIVIDADES
DA CIDADE DE
PARQUE DA CACHOEIRA
CAMPO GRANDE DE VILA RICA
OURO PRETO/MG
DAS ANDORINHAS
JARDIM HORTO-BOTÂNICO
7746500

7746500
SÃO
CRISTOVÃO

PASSA DEZ DE CIMA MORRO


SÃO SEBASTIÃO
MORRO
SÃO JOÃO

µ
7746000

7746000
SÃO
FRANCISCO

MORRO SANTANA

VILA
PEREIRA ÁGUA
LIMPA

PASSA DEZ
DE BAIXO CABEÇAS
MORRO DA
QUEIMADA
LEGENDA
7745500

7745500
Classes de Declividades
0 - 10 %
PIEDADE

ROSÁRIO 10 - 20 %
CENTRO
ANTÔNIO
DIAS 20 - 40 %
NOSSA SENHORA
DE LOURDES ALTO
DA CRUZ
40 - 60 %
7745000

7745000
JARDIM
ALVORADA
VILA
SÃO JOSÉ
60 - 100 %
TAQUARAL
PILAR
>100 %
PADRE
FARIA

CONVENÇÕES
BARRA

Perímetro Urbano
7744500

7744500
DORES

VILA
Limite dos Bairros
APARECIDA

Construções

VITORINO
MORRO DO CRUZEIRO
DIAS
7744000

7744000
SANTA CRUZ

NOVELIS BAIRRO
DA LAGOA
7743500

7743500
Fonte: FONTES, M.M.M, CONTRIBUIÇÃO PARA O
DESENVOLVIMENTO DA METODOLOGIA DE ANÁLISE,
VILA STA. ISABEL
VILA ITACOLOMY GESTÃO E CONTROLE DE RISCOS GEOTÉCNICOS
PARA A ÁREA URBANA DA CIDADE DE
POCINHO OURO PRETO, 2011
VILA DOS
ENGENHEIROS
7743000

7743000
SARAMENHA

NOVO HORIZONTE
SARAMENHA
DE CIMA

NOSSA SENHORA
DO CARMO
7742500

7742500
LAGOA TAVARES

PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI

653000 653500 654000 654500 655000 655500 656000 656500 657000 657500 658000 658500 659000 659500

0 125 250 500 750 1.000


Metros

Projeção: UTM
Datum Horizontal: SAD 1969, Zona 23S
Ouro Preto, 2011
Mapa de Forma das Vertentes para a Cidade de Ouro Preto/MG

II-4
7747000

7747000
653000 653500 654000 654500 655000 655500 656000 656500 657000 657500 658000 658500 659000 659500

MAPA DE CURVATURA DAS


VERTENTES PARA A CIDADE
PARQUE DA CACHOEIRA
CAMPO GRANDE DE VILA RICA
DE OURO PRETO/MG
DAS ANDORINHAS
JARDIM HORTO-BOTÂNICO
7746500

7746500
SÃO
CRISTOVÃO

PASSA DEZ DE CIMA MORRO


SÃO SEBASTIÃO
MORRO
SÃO JOÃO

µ
7746000

7746000
SÃO
FRANCISCO

MORRO SANTANA

VILA
PEREIRA ÁGUA
LIMPA

PASSA DEZ
MORRO DA
DE BAIXO CABEÇAS
QUEIMADA
7745500

7745500
PIEDADE

ROSÁRIO LEGENDA
CENTRO
ANTÔNIO
DIAS
Classes de Curvatura
NOSSA SENHORA
DE LOURDES ALTO
DA CRUZ
Convexa
7745000

7745000
JARDIM
ALVORADA
VILA
SÃO JOSÉ
Côncava
TAQUARAL
PILAR
Retílinea
PADRE
FARIA

CONVENÇÕES
BARRA

Perímetro Urbano
7744500

7744500
DORES

VILA
Limite dos Bairros
APARECIDA

Construções

VITORINO
MORRO DO CRUZEIRO
DIAS
7744000

7744000
SANTA CRUZ

NOVELIS BAIRRO
DA LAGOA
7743500

7743500
Fonte: FONTES, M.M.M, CONTRIBUIÇÃO PARA O
DESENVOLVIMENTO DA METODOLOGIA DE ANÁLISE,
VILA STA. ISABEL
VILA ITACOLOMY GESTÃO E CONTROLE DE RISCOS GEOTÉCNICOS
PARA A ÁREA URBANA DA CIDADE DE
POCINHO OURO PRETO, 2011
VILA DOS
ENGENHEIROS
7743000

7743000
SARAMENHA

NOVO HORIZONTE
SARAMENHA
DE CIMA

NOSSA SENHORA
DO CARMO
7742500

7742500
LAGOA TAVARES

PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI

653000 653500 654000 654500 655000 655500 656000 656500 657000 657500 658000 658500 659000 659500

0 125 250 500 750 1.000


Metros

Projeção: UTM
Datum Horizontal: SAD 1969, Zona 23S
Ouro Preto, 2011
Mapa Geológico da Cidade de Ouro Preto/MG

II-6
7747000 653000 653500 654000 654500 655000 655500 656000 656500 657000 657500 658000 658500 659000 659500

7747000
MAPA GEOLÓGICO DA
CIDADE DE OURO PRETO/MG
7746500

7746500
µ
7746000

7746000
CONVENÇÕES
7745500

7745500
Perímetro Urbano
os Direção e mergulho das camadas
Direção e mergulho de camadas invertidas
}» Direção e mergulho das camadas, determinados por foto-interpretação
Acamamento com foliação sub-paralela
v
¹ Direção de camadas verticais
Foliação com mergulho medido
¦ Foliação com mergulho medido, fase 2
³
µ Direção e mergulho de xistosidade
Direção de xistosidade vertical

ÜÜ
Direção e caimento de lineação
7745000

7745000
58 Lineação de estiramento ou mineral

Construções
7744500

7744500
7744000

7744000
Fonte: LOBATO ET AL. PROJETO GEOLOGIA DO
7743500

7743500
QUADRILÁTERO FERRÍFERO - INTEGRAÇÃO E
CORREÇÃO CARTOGRÁFICA EM SIG COM NOTA
EXPLICATIVA, 2005.
7743000

7743000
7742500

7742500
653000 653500 654000 654500 655000 655500 656000 656500 657000 657500 658000 658500 659000 659500

0 125 250 500 750 1.000


Metros

Projeção: UTM
Datum Horizontal: SAD 1969, Zona 23S
Ouro Preto, 2011
Mapa Hipsométrico da Cidade de Ouro Preto/MG

II-8
7747000

7747000
653000 653500 654000 654500 655000 655500 656000 656500 657000 657500 658000 658500 659000 659500

MAPA HIPSOMÉTRICO DA
CIDADE DE OURO PRETO/MG
CAMPO GRANDE DE VILA RICA
PARQUE DA CACHOEIRA
DAS ANDORINHAS
JARDIM HORTO-BOTÂNICO
7746500

7746500
SÃO
CRISTOVÃO

PASSA DEZ DE CIMA MORRO


SÃO SEBASTIÃO
MORRO
SÃO JOÃO

µ
7746000

7746000
SÃO
FRANCISCO

MORRO SANTANA

VILA
PEREIRA ÁGUA
LIMPA

PASSA DEZ
MORRO DA
DE BAIXO CABEÇAS
QUEIMADA
7745500

7745500
PIEDADE

ROSÁRIO

CENTRO
ANTÔNIO
NOSSA SENHORA
DE LOURDES
DIAS
ALTO
CONVENÇÕES
DA CRUZ
7745000

7745000
Perímetro Urbano
JARDIM VILA
ALVORADA SÃO JOSÉ

PILAR
TAQUARAL Limite dos Bairros
PADRE
FARIA Construções

BARRA
7744500

7744500
DORES

VILA
APARECIDA

VITORINO
MORRO DO CRUZEIRO
DIAS
7744000

7744000
SANTA CRUZ

NOVELIS BAIRRO
DA LAGOA
7743500

7743500
Fonte: FONTES, M.M.M, CONTRIBUIÇÃO PARA O
DESENVOLVIMENTO DA METODOLOGIA DE ANÁLISE,
VILA STA. ISABEL
VILA ITACOLOMY GESTÃO E CONTROLE DE RISCOS GEOTÉCNICOS
PARA A ÁREA URBANA DA CIDADE DE
POCINHO OURO PRETO, 2011
VILA DOS
ENGENHEIROS
7743000

7743000
SARAMENHA

NOVO HORIZONTE
SARAMENHA
DE CIMA

NOSSA SENHORA
DO CARMO
7742500

7742500
LAGOA TAVARES

PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI

653000 653500 654000 654500 655000 655500 656000 656500 657000 657500 658000 658500 659000 659500

LEGENDA 0 125 250 500 750 1.000


Elevações Metros

Projeção: UTM
Datum Horizontal: SAD 1969, Zona 23S
Ouro Preto, 2011
30

50

70

90

0
01

03

05

07

09

11

13

15

17

19

21

23

25

27

29

31

33

35

37

39

41

43

45

47

49

51
-9

-9

-9

-9

-1

-1

-1

-1

-1
-1

-1
-1

-1

-1

-1

-1

-1

-1

-1

-1

-1

-1

-1

-1

-1

-1

-1

-1

-1

-1
0

90

10

0
91

93

95

97

10

30

50

70

90

10

30

50

70

90

10

30

50

70

90

10

30

50

70

90
3

7
99

10

11

11

11

11
10

10

10

10

11

12

12

12

12

12

13

13

13

13

13

14

14

14

14

14
Mapa de Uso e Ocupação da Cidade de Ouro Preto/MG

II-10
7747000

7747000
653000 653500 654000 654500 655000 655500 656000 656500 657000 657500 658000 658500 659000 659500

MAPA DE USO E OCUPAÇÃO


DO SOLO DA CIDADE DE
PARQUE DA CACHOEIRA
CAMPO GRANDE DE VILA RICA
OURO PRETO/MG
DAS ANDORINHAS
JARDIM HORTO-BOTÂNICO
7746500

7746500
SÃO
CRISTOVÃO

PASSA DEZ DE CIMA MORRO


SÃO SEBASTIÃO
MORRO
SÃO JOÃO

µ
7746000

7746000
SÃO
FRANCISCO

MORRO SANTANA

VILA
PEREIRA ÁGUA
LIMPA

PASSA DEZ
MORRO DA
DE BAIXO CABEÇAS
QUEIMADA
7745500

7745500
PIEDADE

ROSÁRIO

CENTRO
ANTÔNIO
NOSSA SENHORA
DE LOURDES
DIAS
ALTO
CONVENÇÕES
DA CRUZ
7745000

7745000
Perímetro Urbano
JARDIM VILA
ALVORADA SÃO JOSÉ

PILAR
TAQUARAL Limite dos Bairros
PADRE
FARIA Construções

BARRA
7744500

7744500
DORES

VILA
APARECIDA

VITORINO
MORRO DO CRUZEIRO
DIAS
7744000

7744000
SANTA CRUZ

NOVELIS BAIRRO
DA LAGOA
7743500

7743500
Fonte: FONTES, M.M.M, CONTRIBUIÇÃO PARA O
DESENVOLVIMENTO DA METODOLOGIA DE ANÁLISE,
VILA STA. ISABEL
VILA ITACOLOMY GESTÃO E CONTROLE DE RISCOS GEOTÉCNICOS
PARA A ÁREA URBANA DA CIDADE DE
POCINHO OURO PRETO, 2011
VILA DOS
ENGENHEIROS
7743000

7743000
SARAMENHA

NOVO HORIZONTE
SARAMENHA
DE CIMA

NOSSA SENHORA
DO CARMO
7742500

7742500
LAGOA TAVARES

PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI

653000 653500 654000 654500 655000 655500 656000 656500 657000 657500 658000 658500 659000 659500

LEGENDA
Ocupação Planejada - Alto Padrão Construtivo 0 125 250 500 750 1.000
Metros
Planejado/Espontâneo - Médio padrão Construtivo
Projeção: UTM
Espontâneo com Baixo Padrão Construtivo e Áreas de lavra já abandonadas Datum Horizontal: SAD 1969, Zona 23S
Áreas Industriais e Comerciais Ouro Preto, 2011

Vegetação Abórea - >60% de área de Mata Densa

Vegetação Rasteira - Presença de Herbáceas e Pequenos Arbustos


Orto-Foto da Cidade de Ouro Preto/MG

II-12
Mapa de Suscetibilidade a Escorregamentos da Cidade de Ouro Preto/MG

II-14
7747000

7747000
653000 653500 654000 654500 655000 655500 656000 656500 657000 657500 658000 658500 659000 659500

MAPA DE SUSCETIBILIDADE
A ESCORREGAMENTOS PARA
PARQUE DA CACHOEIRA
CAMPO GRANDE DE VILA RICA
A CIDADE DE OURO PRETO/MG
DAS ANDORINHAS
JARDIM HORTO-BOTÂNICO
7746500

7746500
SÃO
CRISTOVÃO

PASSA DEZ DE CIMA MORRO


SÃO SEBASTIÃO
MORRO
SÃO JOÃO

µ
7746000

7746000
SÃO
FRANCISCO

MORRO SANTANA

VILA
PEREIRA ÁGUA
LIMPA

PASSA DEZ
MORRO DA
DE BAIXO CABEÇAS
QUEIMADA
LEGENDA
7745500

7745500
Classes de Suscetibilidade
PIEDADE Baixa
ROSÁRIO

CENTRO
Média
ANTÔNIO
DIAS
NOSSA SENHORA
DE LOURDES ALTO
DA CRUZ
Alta
7745000

7745000
Muito Alta
JARDIM VILA
ALVORADA SÃO JOSÉ
TAQUARAL
PILAR

PADRE
FARIA

CONVENÇÕES
BARRA

Perímetro Urbano
7744500

7744500
DORES

Limite dos Bairros


VILA
APARECIDA

Construções

VITORINO
MORRO DO CRUZEIRO
DIAS
7744000

7744000
SANTA CRUZ

NOVELIS BAIRRO
DA LAGOA
7743500

7743500
Fonte: FONTES, M.M.M, CONTRIBUIÇÃO PARA O
DESENVOLVIMENTO DA METODOLOGIA DE ANÁLISE,
VILA STA. ISABEL
VILA ITACOLOMY GESTÃO E CONTROLE DE RISCOS GEOTÉCNICOS
PARA A ÁREA URBANA DA CIDADE DE
POCINHO OURO PRETO, 2011
VILA DOS
ENGENHEIROS
7743000

7743000
SARAMENHA

NOVO HORIZONTE
SARAMENHA
DE CIMA

NOSSA SENHORA
DO CARMO
7742500

7742500
LAGOA TAVARES

PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI

653000 653500 654000 654500 655000 655500 656000 656500 657000 657500 658000 658500 659000 659500

0 125 250 500 750 1.000


Metros

Projeção: UTM
Datum Horizontal: SAD 1969, Zona 23S
Ouro Preto, 2011
Mapa de Perigo a Escorregamentos da Cidade de Ouro Preto/MG

II-16
7747000

7747000
653000 653500 654000 654500 655000 655500 656000 656500 657000 657500 658000 658500 659000 659500

MAPA DE PERIGO
A ESCORREGAMENTOS PARA
PARQUE DA CACHOEIRA
CAMPO GRANDE DE VILA RICA
A CIDADE DE OURO PRETO/MG
DAS ANDORINHAS
JARDIM HORTO-BOTÂNICO
7746500

7746500
SÃO
CRISTOVÃO

PASSA DEZ DE CIMA MORRO


SÃO SEBASTIÃO
MORRO
SÃO JOÃO

µ
7746000

7746000
SÃO
FRANCISCO

MORRO SANTANA

VILA
PEREIRA ÁGUA
LIMPA

PASSA DEZ
MORRO DA
DE BAIXO CABEÇAS
QUEIMADA
LEGENDA
7745500

7745500
Classes de Perigo
PIEDADE Baixo
ROSÁRIO

CENTRO
Moderado
ANTÔNIO
DIAS
NOSSA SENHORA
DE LOURDES ALTO
DA CRUZ
Alto
7745000

7745000
Muito Alto
JARDIM VILA
ALVORADA SÃO JOSÉ
TAQUARAL
PILAR

PADRE
FARIA

CONVENÇÕES
BARRA

Perímetro Urbano
7744500

7744500
DORES

Limite dos Bairros


VILA
APARECIDA

Construções

VITORINO
MORRO DO CRUZEIRO
DIAS
7744000

7744000
SANTA CRUZ

NOVELIS BAIRRO
DA LAGOA
7743500

7743500
Fonte: FONTES, M.M.M, CONTRIBUIÇÃO PARA O
DESENVOLVIMENTO DA METODOLOGIA DE ANÁLISE,
VILA STA. ISABEL
VILA ITACOLOMY GESTÃO E CONTROLE DE RISCOS GEOTÉCNICOS
PARA A ÁREA URBANA DA CIDADE DE
POCINHO OURO PRETO, 2011
VILA DOS
ENGENHEIROS
7743000

7743000
SARAMENHA

NOVO HORIZONTE
SARAMENHA
DE CIMA

NOSSA SENHORA
DO CARMO
7742500

7742500
LAGOA TAVARES

PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI

653000 653500 654000 654500 655000 655500 656000 656500 657000 657500 658000 658500 659000 659500

0 125 250 500 750 1.000


Metros

Projeção: UTM
Datum Horizontal: SAD 1969, Zona 23S
Ouro Preto, 2011
Mapa de Risco a Escorregamentos da Cidade de Ouro Preto/MG

II-18

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