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CDU: 624.131.537(815.1)
Catalogação: sisbin@sisbin.ufop.br
“Vivemos em uma época perigosa. O homem domina a natureza antes que
tenha aprendido a dominar a si mesmo.”
iii
DEDICATÓRIA
Aos meus queridos pais, sempre presentes, e ao amor de minha vida Michelle,
pelo apoio incondicional.
iv
AGRADECIMENTOS
A Deus, por estar sempre ao meu lado e permitir a conclusão de mais esta etapa.
A meus Pais, pelo apoio, carinho e principalmente educação, sendo através da qual
estabeleço minha conduta pessoal frente às adversidades da vida.
Aos meus irmãos por fazerem parte de minha história apoiando e por agora
compartilhar comigo mais este momento.
v
Aos alunos de Graduação, bolsistas do Nucleo de Geotecnia Aplicada que contribuíram
significativamente durante os trabalhos de campo.
A minha segunda família, o Sr Wiston e Sra Sônia, pelo apoio e carinho sempre
oferecidos.
E a todos aqueles que contribuíram e torceram por mim em mais esta jornada!
vi
RESUMO
O intenso processo de urbanização vivido no Brasil a partir da década de 70, aliado à
falta de recursos e de políticas habitacionais adequadas, proporcionou um amplo
processo de ocupação de áreas urbanas, resultando em graves situações de risco. Este
contexto se aplica integralmente à área urbana do município de Ouro Preto/MG,
ambiente moldado num cenário de elevada complexidade geológica e geomorfológica,
passível, portanto, de potenciais mecanismos de movimentos de massa e impactos
diretos sobre a infra-estrutura local e à população. O objeto deste trabalho consistiu em
aplicar os princípios e as bases conceituais das análises de risco a escorregamentos ao
sítio urbano da cidade, visando contribuir para a prevenção/mitigação dos riscos e para
a gestão político-ambiental deste espaço. A proposta metodológica desenvolvida incluiu
a utilização de ferramentas SIG por meio do Programa ArcGis. Os atributos e
parâmetros admitidos como potencialmente indutores dos mecanismos de
escorregamentos foram os seguintes: declividade, forma das encostas e litologia. Dentre
os fatores analisados, a declividade exerceu maior influência, seguida pela litologia e
pela morfologia local. Os resultados foram sistematizados em um mapa de
suscetibilidade a escorregamentos e um mapa de perigo a escorregamentos. O primeiro
traduz a predisposição do espaço físico induzir movimentos de massa. O mapa de
perigo a escorregamentos representa a probabilidade da ocorrência destes processos e
suas conseqüências em termos de danos físicos e patrimoniais, além de perdas de vidas
humanas. O trabalho incluiu ainda os estudos e resultados obtidos com programa de
controle e monitoramento do espaço urbano da cidade, por meio de inspeções in situ e
instalação de inclinômetros em áreas críticas. Tais procedimentos, integrados aos
estudos dos condicionantes geológico-geotécnicos locais, propiciaram a definição do
zoneamento de áreas de risco da área estudada, levando-se em consideração a influência
direta das ocorrências registradas ao longo do tempo.
vii
ABSTRACT
The intense process of urbanization that has occurred in Brazil since the 70s, together
with the lack of resources and appropriate housing policies, provided an extensive
process of occupation of urban areas, resulting in serious risk conditions. This context is
fully applicable to the urban area of Ouro Preto / MG, environment framed against a
backdrop of highly complex geological and geomorphological, liable, therefore,
potential mechanisms of mass movements and direct impacts on local infrastructure and
population . The object of this study was to apply the principles and conceptual basis of
the analysis of landslide risk to the urban city, aiming to prevent / mitigate the risks and
the management of political-environmental space. The methodology developed included
the use of GIS tools using the ArcGIS program. The attributes and parameters accepted
as potentially inducing mechanisms of the landslides were the following: slope
inclination, lithology and the shape of the slopes. Among the factors analyzed, the slope
inclination had a greater influence, followed by the lithologies and by the local
morphology. The results were summarized in a landslide susceptibility map and a map
of the landslide hazard. The first reflects the predisposition of the physical space to
induce mass movements. The landslide hazard map to represent the likelihood of such
processes and their consequences in terms of physical damage and property, and loss of
life. The work has included studies and results of program monitoring and control of
urban space in the city, through site inspections and installation of inclinometers in
critical areas. Such procedures, integrated with studies of geological and geotechnical
local constraints zoning enabled the definition of risk conditions in the local site, taking
into account the direct influence of the geotechnical invents recorded over time.
viii
Lista de Figuras
CAPÍTULO 2
Figura 2.1 − Classificação de riscos ambientais (Cerri, 1993; Cerri e Amaral, 1998) .. 11
Figura 2.2 − Mapa de suscetibilidade a movimentos de massa do Estado de São Paulo
(DAEE/IPR,1985)............................................................................................................16
Figura 2.3 − Classificação de métodos de avaliação de perigos a escorregamentos
(modificado de Aleotti & Chowdhury, 1999) ............................................................... 20
Figura 2.4 − Exemplo de mapeamento de risco em Ubatuba (IG/SMA, 2006) ............ 29
CAPÍTULO 3
ix
CAPÍTULO 4
Figura 4.1 − Modelo do cadastro dos registros de MGM na área urbana de Ouro Preto56
Figura 4.2 − Registro Fotográfico da ruptura ocorrida na Rua Padre Rolim ................ 59
Figura 4.3 − Exemplo de solução estrutural inadequada (Rua René Gianetti) .............. 60
Figura 4.4 − Distribuição das ocorrências cadastradas por tipologia dos eventos
geotécnicos.................................................................................................................. 61
Figura 4.5 − Modelo da ficha de campo utilizada nas inspeções in situ ....................... 62
Figura 4.6 − Exemplo de grid regular ......................................................................... 66
Figura 4.7 − Mapa Geomorfológico da área urbana da cidade de Ouro Preto .............. 70
Figura 4.8 − Mapa de Uso e ocupação do solo da área urbana da cidade de Ouro Preto71
Figura 4.9 − Classificaçaõ das formações geológicas pelo Diagrama Triangular (Souza,
2004) ........................................................................................................................... 73
Figura 4.10 – Arquitetura de referência em ambiente ArcGis........................................73
Figura 4.11 – Fluxograma do sistema de tratamento, integração e análise de dados ..... 76
Figura 4.12 – Fluxograma das etapas de obtenção da proposta de zoneamento de riscos77
CAPÍTULO 5
x
CAPÍTULO 6
xi
Figura 6.20 − Deslocamentos acumulados - Inclinômetro I1 / Igreja Nossa Senhora das
Mercês de Cima ........................................................................................................ 113
Figura 6.21 – Furo instalado no cemitério da Igreja de Nossa Senhora das Mercês de
cima .......................................................................................................................... 114
Figura 6.22 – Instabilizações e danos estruturais / Cemitério da Igreja das Mercês de
Cima ......................................................................................................................... 114
Figura 6.23 – Deslocamentos acumulados para a vertical de Inclinômetro I1 – Ponte
Seca .......................................................................................................................... 110
Figura 6.24 – Soterramento dos inclinômetros instalados na região Ponte Seca.......... 110
Figura 6.25 – Localização dos tubos de inclinômetro na encosta adjacente a Igreja São
José ........................................................................................................................... 116
Figura 6.26 – Deslocamentos acumulados –Inclinômetro I1 / Rua Getúlio Vargas ..... 117
Figura 6.27 – Gráficos dos deslocamentos acumulados – Inclinômetro I2 do Museu da
Inconfidência.................................................................................................................118
Figura 6.28 – Gráficos de deslocamentos x tempos – Inclinômetro I2 do Museu da
Inconfidência............................................................................................................. 118
Figura 6.29 – Tráfego de caminhões na rua Costa Sena próximo ao Museu da
Inconfidência.................................................................................................................119
CAPÍTULO 7
Figura 7.1 − Distribuição das ocorrências por processo deflagrador dos movimentos de
massa ........................................................................................................................ 122
Figura 7.2 − Ruptura e obra de estabilização de encosta da Vila S. José (Gomes e
Fontes, 2008)............................................................................................................. 124
xii
Lista de Tabelas
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
Tabela 3.1 − Coluna estratigráfica simplificada da área urbana de Ouro Preto/MG ..... 37
Tabela 3.2 − Classes de Declive e Formas de relevo para a área urbana de Ouro
Preto/MG .................................................................................................................... 43
Tabela 3.3 − Graus de alteração de maciços rochosos (ISRM, 1983) .......................... 47
Tabela 3.4 − Registros de movimentos de massa na área urbana de ouro Preto: 1988 a
2009 (Defesa Civil de Ouro Preto, 2010) ..................................................................... 53
CAPÍTULO 4
Tabela 4.1 − Planos de informação do banco de dados criados para a cidade de Ouro
Preto............................................................................................................................ 68
CAPÍTULO 5
xiii
Tabela 5.5 − Valores dos parâmetros (Ipi) em função dos modos de usos e ocupação do
solo ............................................................................................................................. 88
Tabela 5.6 − Valores dos parâmetros (Ipi) em função dos tipos de cobertura vegetal ... 88
Tabela 5.7 − Classificação dos Índices de Perigo ........................................................ 89
Tabela 5.8 − Distribuição das ocorrências por bairro da cidade de Ouro Preto ............ 90
CAPÍTULO 6
Tabela 6.1 − Exemplo da relação de desvios padrões máximos para leituras (eixos A e
B do inclinômetro) ................................................................................................... 100
Tabela 6.2 − Dados disponíveis de levantamento anteriores...................................... 105
xiv
Lista de Símbolos, Nomenclatura e Abreviações
AHP − Analytical Hierarchy Process (Processo Analítico Hierárquico)
CEFET – Centro Federal de Educação Tecnológica
DMM – DataMate Manager – software da Slope Indicator Company
DP – Dano Potencial
ENE – És-nordeste
FS − Fator de Segurança
GPS – Global Positioning System
HP – Probabilidade de Perigo
Ipe – Índice de perigo
IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Ipi – Índice Potencial de indução
ISRM – International Society for Rock Mechanics (Sociedade Internacional de
Mecânica das Rochas)
Ist – Índice de suscetibilidade do terreno
MCT – Ministério da Ciência e Tecnologia
MDE – Modelo Difital de elevação
MGM – Movimentos gravitacionais de massa
MNT – Modelo numérico de terreno
NA − Nível de água subterrânea
NW – Noroeste
ONU – Organização das Nações Unidas
Pch – Probabilidade de ocorrências de chuva
PMOP – Prefeitura Municipal de Ouro Preto
PPDC – Plano preventivo de Defesa Civil
PUCE – Padrão – Unidade – Componente - Avaliação
SE – Sudeste
SIG − Sistema de Informações Geográficas
SW– Sudoeste
TIN – Triangular Irregular Network (Rede Irregular Triangular)
xv
UBC – Unidades Básicas de Compartimentação
UFOP – Universidade Federal de Ouro Preto
UNESCO – United Nations Educational, Scientific, and Cultural Organization
(Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura)
WNW – Nor-Noroeste
xvi
Lista de Anexos
Anexo I − Relação dos dados cadastrados com as informações de cada ocorrência
considerada nas análises.
xvii
ÍNDICE
CAPÍTULO 1 − INTRODUÇÃO
1.1.OBJETIVOS .......................................................................................................... 2
2.2.1.Escorregamentos................................................................................................ 13
xviii
CAPÍTULO 4 – METODOLOGIA DO TRABALHO
5.1.MAPAS BÁSICOS............................................................................................... 78
xix
5.4.MAPA DE SUSCETIBILIDADE A ESCORREGAMENTOS .............................. 84
xx
CAPÍTULO 7 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES FINAIS
xxi
CAPÍTULO 1
1. INTRODUÇÃO
O termo “área de risco” vem, aos poucos, sendo incorporado ao vocabulário comum da
população brasileira, face aos noticiários sobre acidentes associados a escorregamentos
e inundações, muito frequentes nas ocupações das encostas serranas e nos centros
urbanos, durante os períodos chuvosos, principalmente na Região Sudeste do Brasil.
Para uma devida ocupação de áreas instáveis, impõe-se o conhecimento das condições
geológico-geotécnicas locais, caracterizando-se os processos e parâmetros envolvidos e
sistematizando-se as informações sobre a suscetibilidade do meio a eventos geotécnicos.
Quando as áreas já estão ocupadas, surge um novo elemento a ser considerado no
estudo, a vulnerabilidade, que expressa as perdas materiais e socioambientais
envolvidas nos processos. O conjunto das informações da suscetibilidade associado à
vulnerabilidade dimensiona o risco.
1
Torna-se, portanto, necessário promover sistemáticas capazes de minimizar e/ou
resolver os problemas já instalados, bem como ordenar futuras expansões, por meio da
realização de estudos que caracterizem o meio físico natural, de forma a subsidiar o
planejamento e o gerenciamento do uso do solo. O mapa de risco é um importante
instrumento para o planejamento municipal, na medida em que permite a hierarquização
dos problemas e a avaliação de custos de investimentos e dão suporte técnico às
negociações com a comunidade.
1.1. OBJETIVOS
2
Desta forma, pretende-se demonstrar que, a partir do método de avaliação de terrenos
em bases geomorfológicas (landforms), associadas às características dos fatores
condicionantes dos escorregamentos e correlacionando-os com a distribuição temporal
das ocorrências, torna-se possível estabelecer a probabilidade de ocorrência do perigo e
representá-la espacialmente, a fim de gerar as cartas de perigo e de risco.
O trabalho foi desenvolvido em sete capítulos e dois anexos, que descrevem todos os
procedimentos e dados adotados na pesquisa. Os conteúdos dos capítulos e dos anexos
estão resumidamente descritos abaixo.
3
O Capítulo 3 discorre sobre os diversos estudos já existentes nas encostas da cidade de
Ouro Preto-MG, buscando caracterizar o meio físico e contextualizá-lo geológica e
geotecnicamente. Neste capítulo, buscou-se ainda efetuar uma análise temporal do
histórico de ocorrências relacionando os movimentos de massa registrados pelos órgãos
públicos no domínio do espaço urbano da cidade de Ouro Preto/MG.
4
CAPÍTULO 2
No início dos anos 60, ocorreram os estudos pioneiros que trataram a avaliação de risco
de um evento natural pela identificação dos processos sócio-econômicos envolvidos e
dos processos físicos (perigos geomórficos) e seus parâmetros de análise: magnitude,
frequência, duração, extensão em área, velocidade de assentamento, disposição espacial
e intervalo de tempo de recorrência (Gares et al., 1994).
5
determinado local e num período de tempo especificado (Varnes, 1984; Einsten, 1988).
Outro exemplo: o termo Geological Hazard tem sido muitas vezes impropriamente
traduzido para a língua portuguesa como Risco Geológico (Rodrigues Carvalho, 1998).
Rt ( E ) ( Rs ) (2.1)
Rt ( E ) ( H V ) (2.2)
6
Por outro lado, Einstein (1988), apresenta que os termos ‘danger’, ‘hazard’ e ‘risk’
devem ser utilizados para caracterizar fenômeno, imprevisibilidade e consequências,
respectivamente, adotando os seguintes conceitos:
Assim, dois elementos são essenciais na formulação do risco: o perigo (hazard) de se ter
um evento, fenômeno ou atividade humana potencialmente danosa e a vulnerabilidade,
ou seja, o grau de suscetibilidade do elemento exposto ao perigo. Com base nestas
premissas, o risco pode ser expresso pela relação Perigo x Vulnerabilidade. Por exigir a
determinação da probabilidade de ocorrência de um evento perigoso (tanto espacial
como temporal), bem como a vulnerabilidade dos elementos expostos e o valor desses
elementos, Einstein (1988) considera muito difícil a aplicação direta dos conceitos de
Varnes na elaboração de cartas de risco.
Desta maneira, pode-se afirmar que o impacto de um evento danoso dependerá das
características, probabilidade e intensidade do perigo, bem como da vulnerabilidade das
condições físicas, sociais, econômicas e ambientais dos elementos expostos. A
investigação dos perigos que ocorreram no passado e o monitoramento da situação do
presente possibilitam entender e prever a ocorrência de futuros perigos, permitindo que
uma comunidade/poder público possa minimizar o risco de um desastre (ONU, 2004).
7
Ainda segundo a ONU (2004), o entendimento dos perigos naturais envolve a
consideração de quase todos os fenômenos físicos da Terra, contemplando uma ampla
gama de perigos, tais como, os geofísicos, meteorológicos, hidrológicos, ambientais,
tecnológicos, biológicos e até mesmo sócio-políticos, individualmente ou em complexas
interações. Os perigos naturais por sua vez, são divididos em três grandes categorias:
geológicos, hidrometeorológicos e biológicos (Tabela 2.1).
PERIGO (HAZARD)
Um evento, fenômeno ou atividade humana potencialmente danosa, o qual pode causar perda de vidas
ou ferimentos a pessoa, danos a propriedades, rupturas sócio econômicas ou degradação ambiental.
A terminologia adotada pela ONU (2004) está sistematizada na Tabela 2.2. Nesta
concepção, vulnerabilidade corresponde às condições impostas por fatores ou processos
físicos, sociais, econômicos e ambientais que tendem a aumentar a suscetibilidade de
uma comunidade ao impacto do perigo. O completo entendimento dos riscos potenciais
e sua avaliação incluem conhecimento quantitativo e qualitativo do risco, dos fatores
acima mencionados e de suas consequências.
8
Tabela 2.2 – Termos básicos utilizados em análises de riscos naturais (ONU, 2004).
TERMO DEFINIÇÃO
Evento físico, fenômeno ou atividade humana potencialmente
danosa que pode causar a perda de vidas ou ferimentos, danos a
Perigo (Hazard)
propriedades, rupturas sociais e econômicas ou degradação
ambiental.
Processos ou fenômenos naturais que ocorrem na biosfera e que
podem contirtuir-se em um evento danoso. Os perigos naturais
Perigos naturais (natural hazard)
podem ser classificados quanto a origem em: geológico,
hidrometereológico e biológico.
Processos induzidos pela atividade humana que causam danos
aos recursos naturais ou que alteram adversamente os processos
naturais ou os ecossistemas. Seus efeitos podem contribuir para o
Degradação ambiental
aumento de vulnerabilidade e a frequencia e intensidade dos
(environmental degradation)
perigos naturais. Exemplos: degradação do solo, desmatamento,
desertificação, poluição do solo, do ar e da água, perda da
biodiversidade, etc.
Trata-se de uma séria ruptura do funcionamento de uma
comunidade ou sociedade causando perdas humanas, materiais,
Desastre (disaster) econômicos ou ambientais de grande extensão de tal forma que
excede a capacidade de comunidade ou sociedade enfrentar com
seus próprios recursos.
A capacidade de um sistema, comunidade ou sociedade,
potencialmente exposto ao perigo, adaptar-se, pela resistência ou
mudança para conseguir e manter um nível aceitável de estrutura e
Resiliência (resilience/resilisnt) funcionamento. Isto é determinado pelo grau com que um sistema
social é capaz de se organizar aumentando sua capacidade pelo
aprendizado com desastres anteriores para melhorar a proteção
futura e aperfeiçoar medidas de redução de risco.
Probabilidade de consequencias prejudiciais ou danos esperados
(morte,ferimentos,danos a propriedades, interrupção de atividade
Risco (risk) economica ou danos ambientais) resultantes da interação entre
perigos naturais ou induzidos pelo homem e as condições de
vulnerabilidade.
Uma metodologia para determinar a natureza e extensão do risco
Avaliação/análise de risco(risk pela análise do perigo potencial e avalição das condições de
assessment/analysis) vulnerabilidade que poderiam apresentar uma ameaça potencial de
danos a população, a propriedade, a economia e ao ambiente.
9
Os primeiros trabalhos de avaliação de risco geológico no Brasil são do final da década
de 80 (Prandini et al., 1987; Sobreira, 1989). Nos anos 90, o tema ganha maior destaque
nos trabalhos técnicos publicados nos anais dos principais eventos científicos relativos à
Geotecnia e Geologia de Engenharia, realizadas à época no Brasil.
Desde então, diversos autores nacionais têm feito propostas de homogeneização das
bases conceituais para estudos de riscos naturais. Por exemplo, Augusto Filho et al.
(1990) propuseram a distinção entre ‘natural events’ e ‘hazard/disasters’. A diferença
entre ambos estaria relacionada à ocorrência ou não de danos sócio-econômicos. O
termo ‘hazard’ refere-se a uma condição potencial, enquanto o termo ‘disaster’ refere-
se ao acontecimento propriamente dito. Zuquette (1993) discute uma série de conceitos
e definições dos termos empregados em trabalhos de análise de riscos (Tabela 2.3).
TERMOS CONCEITOS
Fenômeno com características, dimensões e localização geográfica
Evento
registrada no tempo.
Representa um perigo (latente) que se associa a um fenômeno de
Evento
origem natural, que se manifesta em um lugar específico, em tempo
Perigoso
determinado, produzindo efeitos adversos nas pessoas, nos bens
(Hazard)
e/ou no meio ambiente.
Processo Conjunto de fenômenos que antecedem o evento perigoso puro
Perigoso hazard, e que é tomado erroneamente como sinônimo deste.
Característica intrínseca de um sistema ou elemento que estão
expostos a um evento perigoso (hazard), correspondendo à pré-
Vulnerabilidade disposição destes em serem afetados ou susceptíveis a perdas. É
expressa em uma escala que varia de 0 (sem perdas) a 1 (perdas
totais).
É a probabilidade de que ocorram perdas (econômicas, sociais e
ambientais), além de um valor limite (admitido normal ou aceitável),
para um lugar específico, durante um período de tempo
Risco
determinado. Expressa o resultado da relação entre um hazard e a
vulnerabilidade dos elementos expostos (seres humanos,
residências, etc.).
10
Cerri & Amaral (1998) consideram que um fenômeno geológico pode tornar-se um
acidente ao gerar consequências sociais e econômicas (perdas e danos). Desta forma, a
suscetibilidade de uma área a um determinado fenômeno geológico corresponde à
possibilidade de sua ocorrência como um evento sem danos, enquanto risco está
relacionado à possibilidade de que a ocorrência do fenômeno tenha consequências
sócio-econômicas. Em seus estudos, estes autores apresentam uma classificação de
risco, em que consideram uma subdivisão em classes e subclasses a partir dos riscos
ambientais (Figura 2.1).
RISCOS AMBIENTAIS
EXÓGENOS
ENDÓGENOS
Escorregamentos,
Terremotos, tsunamis e erosão/assoreamento, subsidências,
atividades vulcânicas colapsos de solos, solos
expansivos, etc.
Figura 2.1 – Classificação de riscos ambientais (Cerri, 1993; Cerri e Amaral, 1998).
11
Tabela 2.4 – Principais processos geológicos causadores de acidentes no Brasil
(Tominaga, 2007).
PROCESSO CONDICIONANTES AÇÕES ANTRÓPICAS
DANOS POTENCIAIS
GEOLÓGICO EXEMPLOS DE NATURAIS INDUTORAS
Escorregamentos Encostas com inclinação Eliminação da cobertura vegetal; Queda, ruptura e
elevada; depósitos de tálus cortes instabilizadores; soterramentos bruscos de
e colúvios; Concentração do lançamento de lixo; aterro construções, moradias,
escoamento d’água de construído sem controle; estradas, etc.; soterramento
superfície e de lançamento de água não e morte de pessoas.
subsuperfície; pluviometria controlado; construção de
média anual elevada. reservatórios (instablização das
margens).
Erosão hídrica Solos arenosos e siltosos Eliminação da cobertura vegetal; Queda de moradias;
(Assoreamento) pouco coesivos inclinações lançamento concentrado e não destruição de ruas e
acentuadas dos terrenos; dissipado de águas servidas e de equipamentos urbanos;
concentração chuvas; cortes e aterros não perda de solo agricultável;
doescoamento d’água de protegidos; construção de vias, soterramento de estradas e
superfície e caminhos e trilhas que de plantações de várzeas;
subsuperfície(piping); concentram o escoamento; impactos diversos nos
chuvas intensas e mal construção de reservatórios recursos hídricos (poluição,
distribuídas no espaço e (impactos nas margens e a perda de volume
tempo jusante) armazenado etc.),
Subsidência por Planícies ou baixadas com Obras com fundações Inutilização de construções
adensamento presença de solos moles, inadequadas; escavações sem devido a recalques
continentais ou marinhos contenção apropriada; excessivos ou mesmo
rebaixamento não controlado do rupturas; rompimento de
lençol freático, super exploração galerias, encanamentos e
de água subterrânea. tubos subterrâneos;
vazamentos
Colapso de solos Presença de solos que Obras que provocam a saturação Idem acima.
apresentam recalques dos solos de fundação;
importantes quando rompimento de dutos
saturados e submetidos a
sobrecargas
Subsidência e Feições cársticas, Alterações das condições de fluxo Idem acima, porém de maior
colapso devido a principalmente, cavernas; de água subterrânea; super intensidade e velocidade de
cavidades minerações subterrâneas exploração de água subterrânea; manifestação.
subterrâneas escavações subterrâneas
instáveis
Expansão de terrenos Presença de rochas e solos Cortes que eliminam camadas Instabilizações de taludes,
que apresentam aumento de superficiais protetoras ou de fundações e de
volume ao serem desconfinam o material; cortes cavidades subterrâneas;
desconfinados e sob a ação que permitem a ação das ruptura de pavimentos.
da umidade; presença de intempéries.
argilominerais expansíveis.
12
Risco possibilidade de se ter consequências prejudiciais ou danosas em
função de perigos naturais ou induzidos pelo homem. Assim, considera-se o
Risco (R) como uma função do Perigo (P), da Vulnerabilidade (V) e do
Dano Potencial (DP), expresso por:
R = P x V x DP (2.3)
2.2.1. Escorregamentos
13
As causas básicas da instabilidade de encostas, incluindo os escorregamentos, são bem
conhecidas há muito tempo a partir de estudos de caso específicos. Alguns são inerentes
aos tipos de rocha ou solo, quanto à sua composição e estrutura; outros, como a
inclinação de vertentes naturais, são relativamente constantes ou variam com os níveis
de água subterrânea (NA); alguns podem ser transientes (vibrações sísmicas) e outros,
impostos por novos eventos, tais como atividades construtivas. A maioria destas
condições pode ser reconhecida e seus efeitos podem ser avaliados, determinados ou
ainda podem ser mapeados e correlacionados entre eles ou com eventos anteriores. De
qualquer forma, a ação antrópica exerce importante influência favorecendo a ocorrência
de processos ou minimizando seus efeitos.
14
Definição de classes de perigo com base na suscetibilidade dos tipos
litológicos e das classes de declividade das vertentes avaliadas, a partir da
associação com os escorregamentos.
15
Figura 2.2 - Mapa de suscetibilidade a movimentos de massa do Estado de São Paulo
(DAEE/IPT, 1985).
Métodos Empíricos
16
Esta metodologia consiste em realizar de maneira estimada a distribuição espacial e
temporal das diversas variáveis (dados pluviométricos, mapas geológicos, parâmetros
geomecânicos) e concluir acerca da instabilidade das encostas.
17
Métodos Probabilísticos
Métodos Determinísticos
18
Desta forma os métodos atuais de modelagem da estabilidade de encosta com base em
SIG são úteis apenas para avaliações preliminares da estabilidade para grandes
extensões de áreas. Para áreas específicas ou localizadas, a avaliação de estabilidade da
encosta necessita de estudos mais detalhados (Savage et al., 2004).
É notório que este método requer uma grande quantidade de dados detalhados,
derivados de testes de laboratório e de medidas de campo, os quais podem ser aplicados
apenas para estudos em grande escala aplicados a áreas restritas (Van Westen, 2004).
19
Figura 2.3 – Classificação de métodos de avaliação de perigos a escorregamentos
(modificado de Aleotti & Chowdhury, 1999).
Métodos Qualitativos
Análises geomorfológicas
20
Segundo Aleotti e Chowdhury, (1999), este método permite uma avaliação rápida de
uma dada área, levando em consideração um grande número de fatores e pode ser
utilizada em variadas escalas e adaptada aos requisitos específicos de cada localidade.
Métodos Quantitativos
Análises Estatísticas
21
destas operações é facilitada pela utilização de SIG e, em grande parte a ‘popularidade’
da abordagem estatística se deve ao incremento nas aplicações destas técnicas (Aleotti e
Chowdhury,1999). A análise estatística pode ser bivariável ou multivariável (Tominaga,
2007) como descrito a seguir.
Este método é amplamente utilizado nos estudos das geociências, nos quais se considera
um grande número de parâmetros, tais como: litologia, ângulo de inclinação dos taludes,
altura, uso do solo, morfologia do relevo, densidade de drenagem, etc. Esta abordagem
tem sido adotada também com sucesso nos trabalhos de mapeamento de perigos a
escorregamentos e processos correlatos.
22
As etapas requeridas são as seguintes: (1) classificação da área de estudo em unidades
de terreno (land units); (2) identificação dos fatores significativos e criação dos mapas
de dados; (3) construção do mapa de inventário de escorregamentos; (4) identificação da
porcentagem da área afetada por escorregamentos em cada unidade de terreno e sua
classificação em unidades estáveis ou instáveis; (5) combinação dos mapas de
parâmetros com o mapa de unidades de terreno e organização de uma matriz de
presença/ausência de uma dada classe, de um dado parâmetro em cada unidade de
terreno; (6) análise estatística multivariável: devido à grande quantidade de dados, esta
análise é efetuada com o uso de software específico que, atualmente encontra-se
incluído no pacote de programas do SIG; (7) reclassificação das unidades de terreno
baseado nos resultados obtidos na fase preliminar e determinação das classes de
suscetibilidade (Tominaga, 2007).
23
2.2.4. Mapas de Risco a Escorregamentos
Devido à complexidade das informações embutida nas análises, a grande maioria dos
mapeamentos de risco tem sido feita apenas em áreas de extensão limitada, atribui-se
ainda às dificuldades de se fazer a composição do perigo e do potencial de perda, o que
resulta em poucos métodos para avaliação de mapeamento de risco a escorregamentos.
Com base nas propostas de Varnes (1984); Brabb (1984) e USGS (1983), Einstein
(1988) propõe uma estrutura de mapeamento de risco a escorregamentos em cinco
etapas ou níveis:
24
Nível 5 – Mapas de Gerenciamento de Escorregamentos (landslide management
maps). Derivado dos mapas de perigo e risco constitui-se nas bases para decisão de
políticas públicas. São instrumentos técnicos para ações regulatórias e de
gerenciamento, tais como zoneamentos, adoção de medidas de mitigação ou de
estabilização, implantação de sistemas de monitoramento, entre outros.
De acordo com Anbalagan (1996), uma avaliação de risco refere-se a uma estimativa da
extensão dos prováveis danos que podem resultar se o escorregamento ocorrer. Os
danos podem ser na forma de perdas de vidas ou ferimentos, danos aos recursos da terra
e propriedades. Portanto, risco é uma função da probabilidade de ocorrência do perigo
(hazard) e da provável consequência (dano potencial), podendo ser expresso como:
Bocquet et al. (1984 apud Eisntein 1988), utilizaram três principais componentes para
avaliação de risco em áreas consideradas montanhosas: 1) o perigo (hazard); 2) a
modificação do perigo pela interferência humana; 3) o efeito potencial sobre os fatores
econômicos e presença humana (potencial de perda). Os níveis de perigo foram
descritos por uma escala de a (alto) a d (muito baixo), combinando a intensidade do
perigo e sua probabilidade. A ação humana nos três níveis pode tanto reduzir ou
aumentar o perigo. As perdas potenciais e o perigo modificado são então associados
para avaliação do risco da área analisada feita de forma qualitativa e subjetiva.
25
No Brasil, conforme já mencionado previamente, os estudos de elaboração de cartas de
risco, associadas aos movimentos de massa, são bastante recentes. Numa fase inicial, as
cartas de risco foram elaboradas em geral por meio de combinação de mapas temáticos,
baseadas em análises essencialmente qualitativas e produzidas manualmente.
Cerri (1990), por exemplo, propôs a elaboração de mapas de risco geológico em duas
etapas principais. A primeira refere-se à produção do mapa de suscetibilidade pelo
cruzamento entre mapas temáticos do meio físico e entre o mapa de uso e ocupação do
solo como indutor dos processos geológicos. A segunda etapa envolve o cruzamento do
mapa de suscetibilidade com o mapa de uso e ocupação do solo, representando nesta
etapa, as consequências (danos) potenciais associados.
RPxC (2.5)
Existem diversas propostas de roteiro para elaboração de cartas de risco, como exemplo
podemos citar o proposto por Augusto Filho (1994) para o município de Ilhabela (SP),
desenvolvido em quatro etapas: inventário, investigação, análise e síntese. IG-SMA
(1996) elaborou Carta de Risco a Movimentos de Massa de São Sebastião/SP, na escala
1:10.000, como subsídio ao planejamento de medidas mitigadoras pelo poder público
municipal. Para uma setorização preliminar do risco foram analisados: padrões e tipos
de relevo; aspectos morfométricos representados nas cartas hipsométricas e
clinográficas; as feições de movimentos de massa e de instabilidade de vertente; feições
antrópicas indutoras dos processos de movimentos de massa e as estruturas geológicas.
Esta setorização preliminar foi confrontada com as unidades de uso e ocupação do solo,
visando diferenciar e hierarquizar os riscos em função do tipo e padrão da ocupação e
definir a setorização final do risco (Moura-Fujimoto et al., 1996).
26
A metodologia proposta por Fernandes e Amaral (1996) pode ser aplicada em diversas
escalas, porém seu uso é mais adequado para escalas maiores que 1:5.000, quando
atendem ao planejamento e/ou implantação de infra-estrutura para áreas habitadas.
Trabalhos mais recentes e no contexto de uma tendência mundial, fizeram uso intenso
das técnicas SIG’s (Anjos, 1999); Guimarães et al., 1999). As metodologias, então,
tornaram-se cada vez mais abrangentes, incluindo métodos de quantificação para análise
tanto da probabilidade de perigos como das consequências (riscos geológicos). Exemplo
típico é a proposta de Augusto Filho (2001), para elaboração de cartas de risco de
escorregamentos quantificadas em ambiente de SIG, subdividida em três etapas:
Etapa de Inventário:
27
Apresentação do risco individual (por elemento) e do risco regional;
Elaboração da Carta de Risco de Escorregamentos.
28
Figura 2.4 – Exemplo de mapeamento de risco em Ubatuba (IG/SMA, 2006).
Para a delimitação dos setores de risco e a definição dos graus de risco, são adotados
neste trabalho os critérios indicados na Tabela 2.6 (adaptados de FUNDUNESP, 2003;
Macedo et al., 2004; Canil et al., 2004 e Cerri et al., 2004).
Risco Descrição
Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes (declividade,
tipo de terreno, etc.) e o nível de intervenção no setor, são de baixo
potencial para o desenvolvimento de processos de escorregamentos,
solapamentos e inundações. Não há indícios de processos de instabilização
R1
de encostas e em margens de drenagens. Os registros de eventos tendem a
Baixo
ser raros (condição menos crítica). Mantidas as condições existentes, são
muito reduzidas as possibilidades de ocorrência de eventos destrutivos no
período de 1 ano.
Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes e o nível de
R2 intervenção no setor são de médio potencial para desenvolvimento de
Médio processos de escorregamentos, solapamentos e inundações. Observa-se a
presença de algumas evidências de instabilidade (encostas e margens de
29
drenagens), porém incipientes. Processo de instabilização em estágio
R2 inicial de desenvolvimento, sendo os registros de eventos nos últimos anos
Médio mais comuns. Mantidas as condições existentes, são médias as
possibilidades de ocorrência de eventos destrutivos durante episódios de
chuvas intensas e prolongadas, no período de 1 ano.
Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes e o nível de
intervenção no setor são de alto potencial para desenvolvimento de
processos de escorregamentos, solapamentos e inundações. Observa-se a
presença de significativas evidências de instabilidade (trincas no solo,
degraus de abatimento em taludes, marcas de água em paredes e muros,
R3
erosão das margens dos cursos d'água, etc.). Processo de instabilização em
Alto
pleno desenvolvimento, ainda sendo possível monitorar a evolução do
processo. Mantidas as condições existentes, é perfeitamente possível a
ocorrência de eventos destrutivos durante episódios de chuvas intensas e
prolongadas, no período de 1 ano.
Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes e o nível de
intervenção no setor são de potencial muito alto para o desenvolvimento
de processos de escorregamentos, solapamentos e inundações. As
evidências de instabilidade (trincas no solo, degraus de abatimento em
taludes, trincas em moradias ou em muros de contenção, árvores ou postes
inclinados, cicatrizes de escorregamento, feições erosivas, proximidade da
R4
moradia em relação à margem de córregos, marcas de água em paredes e
Muito Alto
muros, etc) são expressivas e estão presentes em grande número ou
magnitude. Processos de instabilização em avançado estágio de
desenvolvimento. É a condição mais crítica, necessitando de intervenção
imediata dada seu elevado estágio de desenvolvimento. Mantidas as
condições existentes, é muito provável a ocorrência de eventos destrutivos
durante episódios de chuvas intensas e prolongadas, no período de 1 ano.
30
CAPÍTULO 3
A cidade de Ouro Preto, tombada pela UNESCO como Patrimônio Histórico e Cultural
da Humanidade, localiza-se na região central do Estado de Minas Gerais, distando cerca
de 90 km de Belo Horizonte e 800 km de Brasília. A cidade situa-se na extremidade
sudeste de região conhecida como Quadrilátero Ferrífero, zona minero-metalúrgica do
Estado de Minas Gerais.
Fundada em 1698, a cidade nasceu da aglomeração dos arraiais surgidos nas áreas de
mineração nas encostas dos montes Ouro Preto e Itacorumim, no vale do rio Funil, o
que deu origem às ruas tortuosas e ladeiras íngremes. Desenvolveu-se, então, a partir da
31
descoberta de depósitos de ouro aluvionar no final do século XVII, tornando-se, à
época, o segundo maior centro populacional na América Latina e a capital da Província
de Minas Gerais (IPHAN, 2004 apud Pinheiro et al., 2004).
Desta forma, pode-se perceber que Ouro Preto encerra atualmente duas realidades
antagônicas, que cada vez mais têm sido objetos de estudo e preservação. De um lado,
um magnífico acervo barroco do século XVIII, que ostenta importantes monumentos da
Inconfidência Mineira, igrejas e casarões; de outro, o inevitável crescimento urbano
associado aos setores econômico e industrial. Neste contexto, locais com características
morfológicas e geotécnicas desfavoráveis foram ocupados de forma acelerada e
inadequada, ocasionando um quadro problemático no que se refere à segurança do meio
físico urbano e da população local.
Estes condicionantes naturais desfavoráveis foram agravados em muito por uma ação
antrópica predatória, que propiciaram cenários para desenvolvimento de mecanismos de
instabilização das encostas e ocorrências de inúmeros eventos de movimentos de massa
e processos correlatos. As conseqüências imediatas destes processos foram agravar
ainda mais os riscos crescentes sobre a infra-estrutura local, os monumentos históricos
e, particularmente, sobre as comunidades assentadas ao longo destas encostas,
especificamente ao longo da Serra de Ouro Preto.
32
Os primeiros registros históricos associam o desenvolvimento da cidade a partir da
corrida pelo ouro. No final do Século XIX, o núcleo urbano se espalhava ao longo dos
vales dos sítios rochosos, com direção predominantemente NW – SE (Figura 3.1).
33
Castro (2006; modificado de Farias, 1996) apresenta um quadro da formação e evolução
da malha urbana em Ouro Preto (Figura 3.3): o arranjo inicial (figura a) refere-se ao
início do povoamento no período da descoberta do ouro, que evolui para a concentração
da população em torno das áreas mineradas (figura b). A formação do centro da cidade e
o desenvolvimento circunvizinho são apresentados na figura (c). A implantação da
estação ferroviária e a ocupação do seu entorno são representados na figura (d), com a
ocupação do Morro do Cruzeiro e a expansão da malha urbana no Bairro Saramenha na
figura (e).
(c) (d)
Figura 3.3 – Evolução da ocupação da área urbana de Ouro Preto (Castro, 2006)
A malha urbana atual apresenta uma distribuição espacial muito maior do que em
passado recente, tendendo a ocupar tanto o vale principal, como as vertentes e os
contrafortes das serras limítrofes, principalmente ao longo da Serra de Ouro Preto
(Figura 3.4). Como conseqüência direta, esta evolução desordenada da ocupação urbana
levou a uma igual evolução da gravidade dos riscos geotécnicos.
34
Figura 3.4 – Distribuição espacial da malha urbana da cidade de Ouro Preto (2010)
Fonte: Prefeitura Municipal de Ouro Preto – Base de Referência cadastral
O principal elemento fisiográfico local é a Serra de Ouro Preto, limite norte da malha
urbana e divisor das bacias de drenagem do Rio das Velhas e do Rio Doce. A Serra de
Ouro Preto representa o flanco sul de uma grande estrutura regional conhecida como
Anticlinal de Mariana. Esta grande estrutura apresenta direção geral oeste - leste e eixo
inclinado para sudeste até Mariana, passando, então, a infletir na direção noroeste. A
parte externa da estrutura, na qual se situa o núcleo urbano de Ouro Preto, é constituída
pelas litologias do Supergrupo Minas, com mergulhos para SW e SE e exibindo vários
falhamentos e dobramentos que condicionam a complexidade geológica da área.
35
Em muitas áreas da Serra de Ouro Preto, as atividades de mineração do ouro alteraram
brutalmente a morfologia das encostas, as calhas naturais de drenagem e o regime
hidrogeológico original. Com a exaustão dos veios auríferos e o crescente esvaziamento
das lavras, estas áreas de lavra desordenada foram abandonadas, formando depósitos de
materiais não consolidados. Ao longo dos contrafortes da serra e distribuídos pelos seus
flancos, foram assentadas as principais estruturas da cidade, como igrejas, prédios
públicos, praças e ruas principais.
Os vales que permeiam toda a encosta condicionam a drenagem das águas que descem
da serra em direção às partes baixas da cidade (Ribeirão Tripuí), constituindo-se em
tributários da Bacia do Rio Doce. Da margem direita do Ribeirão Tripuí, evoluem os
alteamentos mais moderados das rochas do Grupo Sabará, a íngreme encosta do Morro
do Cruzeiro e a Serra do Itacolomi, limite sul da malha urbana.
A Serra do Itacolomi constitui o flanco sul de outra estrutura regional conhecida como
Sinclinal Dom Bosco, de direção geral este - oeste e que se estende até o Anticlinal de
Mariana a leste. É constituída pelas litologias do Grupo Itacolomi (quartzitos sericíticos
e intercalações de espessas lentes de filitos). Na borda sudeste da área, eleva-se o Pico
do Itacolomi, feição exponencial do relevo local.
36
Tabela 3.1 – Coluna estratigráfica simplificada da área urbana de Ouro Preto/MG
Figura 3.5 – Mapa geológico da área urbana da cidade de Ouro Preto/MG (Lobato et al., 2005)
37
O substrato geológico local é constituído pelos seguintes padrões litológicos (Carvalho,
1987; Lobato et al., 2005):
Esta sequência ocorre nos flancos e nas partes mais elevadas da Serra de Ouro Preto, em
seções com dimensões muito variadas. É composta por quartzitos, filitos, quartzo-
sericita xistos e conglomerados. Os quartzitos tendem a apresentar xistosidade bem
definida, permitindo o desmonte sob a forma de placas. Os filitos constituem feições
limitadas, mas relevantes no contexto geológico-geotécnico da área por se tratar de
formações praticamente impermeáveis.
38
Grupo Piracicaba PP1mp
39
outros tipos litológicos. Trata-se de uma seqüência metavulcanossedimentar, constituída
de mica xistos e clorita xistos, com intercalações de quartzitos, quartzitos feldspáticos,
quartzitos ferruginosos, formação ferrífera e metaconglomerados. Embora alterados,
tendem a apresentar maciços com comportamento geotécnico muito favorável. No
perímetro urbano da cidade, existem inúmeros exemplos de taludes de corte verticais,
com mais de 10m de altura, que se mostram bastante estáveis e sem quaisquer sinais de
processos de instabilização em curso.
Uma feição estrutural bastante relevante nesta área é a presença de um dique de rocha
intrusiva (basalto e diabásio), cortando transversalmente os quartzitos locais e se
estendendo até as sequências litológicas do Supergrupo Minas (dique (d) indicado na
Figura 3.5). Esta estrutura constitui um bom exemplo dos condicionantes geológicos na
estabilidade geotécnica das encostas locais (caso da Avenida Perimetral).
Coberturas Recentes
De uma forma geral, entretanto, as coberturas apresentam uma ampla disposição como
depósitos de vertentes, corpos aluvionares oriundos de antigas zonas de lavras
expeditas, carapaças de canga e zonas de colúvio em vários pontos do sítio urbano da
cidade, particularmente ao longo das encostas da Serra de Ouro Preto.
40
A complexidade do arcabouço estrutural correlaciona-se à superposição de várias fases
de deformação que configuraram a estruturação geológica do Quadrilátero Ferrífero. O
número de eventos e a magnitude dos mesmos são ainda hoje objeto de estudo de vários
pesquisadores, existindo diferentes interpretações acerca da evolução tectônica desta
importante província mineral brasileira.
O mapa hipsométrico foi elaborado com auxílio do software ArcGis 9.3 e AutoCAD
Civil 3D Land Desktop Companion (2009), a partir de mapa topográfico da área em
escala 1:5.000 (eqüidistância das curvas de nível de 10 em 10m), definindo-se faixas de
altitudes a cada 100 m (Figura 3.6).
41
Figura 3.6 – Mapa Hipsométrico da Cidade de Ouro Preto
As feições mais marcantes da área são as regiões da serras de Ouro Preto e Itacolomi,
com altitudes entre os 1.200 m e 1.500 m. Nestas faixas, a quebra de relevo é marcante,
registrando-se variações bruscas até 1.060 m. As menores altitudes são observadas na
região central do Cidade, com valores inferiores a 1000 m, na faixa de domínio direto
do Ribeirão Funil.
42
Para a definição de classes de declives, procedeu-se a correlações entre as unidades
morfológicas locais e os declives da área urbana da cidade de Ouro Preto, mediante a
caracterização de seis diferentes faixas de declividades do terreno (Tabela 3.2). O mapa
obtido está apresentado na Figura 3.7.
Tabela 3.2 – Classes de Declives e Formas de Relevo para a área urbana de Ouro Preto/MG.
1 0 a 10 Planalto 9
2 10 a 20 Suave Ondulado 13
3 20 a 40 Ondulado 36
4 40 a 60 Montanhoso 23,5
5 60 a 100 Escarpado 14,4
6 >100 Serra 4,1
Cerca de 42% da área urbana exibe feições muito acidentadas (declividades superiores a
40%), 36% tem feições de relevo moderado (declividades entre 20 a 40%) e apenas
22% de terrenos com declividades baixas (entre 5 e 20%). Estas características
permitem uma classificação prévia do grau de risco por meio de correlações diretas
entre declividades e a qualidade do terreno (Carvalho, 1984).
43
As unidades morfológicas expressam superfícies do terreno formadas por processos
naturais, com composição definida e conjunto de características físicas e naturais
distintas, frente aos processos erosivos, intempéricos e tectônicos (MOPT, 1992). Neste
trabalho, a morfologia foi contextualizada buscando-se sintetizar as principais formas
do relevo através da conjugação de trabalhos de campo, da utilização do modelo digital
de terreno estabelecido (Figura 3.7) e de fotointerpretações em escala 1:5.000, levando-
se em consideração a morfologia e amplitude das vertentes e topos das encostas e a rede
de drenagem. Foram delimitadas, então, cinco principais unidades: Relevo de Serra,
Relevo Escarpado, Relevo Ondulado, Relevo Suave-Ondulado e Relevo de Planalto.
Relevo de Serra
Relevo Ondulado
44
O padrão de drenagem é essencialmente dendrítico. Representa a morfologia mais
marcante dentro do território urbano da cidade de Ouro Preto, juntamente com o relevo
escarpado, totalizando aproximadamente 75% da área total.
Relevo Suave-Ondulado
Relevo de Planalto
Essa unidade responde por menos de 10% da área urbana, apresentando declividades
inferiores a 10% e altitudes variadas, sendo típicas dos platôs e bordas mais niveladas
dos morros e alteamentos, como resultado da exposição e manutenção de rochas mais
resistentes aos processos erosivos (tipicamente chapadas de canga, como na região do
Morro do Cruzeiro). A drenagem é rarefeita e sem um padrão definido.
45
Os verões apresentam temperaturas mais suaves e concentram cerca de 90% da
precipitação anual (O trimestre de chuvas mais intensas estende-se de dezembro a
fevereiro com 53,3% do total anual) e os invernos chegam a registrar temperaturas
negativas, com elevada umidade atmosférica. A temperatura média anual em Ouro Preto
é de 17,4° C, enquanto a máxima e a mínima chegam a 21,2 °C (janeiro) e 15,5 °C
(junho), respectivamente (Pinheiro et al.,2004).
Adicionalmente, uma vez que estes aqüíferos estão em contato com outras sequências
litológicas praticamente impermeáveis, torna-se bastante provável a formação de lençóis
encapsulados. Por outro lado, estes condicionantes hidrogeológicos são decisivos em
termos de potenciais mecanismos de instabilização das encostas locais (Fonseca e
Sobreira, 1997).
46
Neste contexto, os estudos realizados em maior escala na área optaram por soluções de
base qualitativa, utilizando como parâmetros de referência dados de fácil e imediata
caracterização. Assim, por exemplo, a sistematização dos padrões de alteração das
rochas pode ser feita a partir dos critérios clássicos estabelecidos pela ISRM (1983) para
classificação geomecânica de maciços rochosos (Tabela 3.3).
Souza (2004), por exemplo, utilizou o Diagrama Triangular para caracterizar, de forma
simplificada, as amostras de solos oriundos de diferentes litologias da área urbana do
município de Mariana, situado próximo a Ouro Preto e com litologias similares. A
classificação obtida, baseada apenas na distribuição granulométrica dos solos ensaiados,
está dada na Figura 3.8.
47
Figura 3.8 – Classificação de solos da área urbana de Mariana/MG (Souza, 2004).
48
Figura 3.9 – Evolução de vertente / Bairro Piedade (Fonseca e Sobreira, 1997, modificado)
Nos termos do laudo, tem-se que “A magnitude deste fenômeno é condicionada pelas
vazões de fluxo e pela permeabilidade desta interface, função do fraturamento do dique
aos processos de falhamento posteriormente ocorridos na área e à eventual continuidade
ou não das zonas de brechação ao longo do dique. Assim, é bastante provável que se
tenha uma condição de fluxo bastante complexa nesta zona, de natureza francamente
multidirecional. Embora de caráter permanente, este processo tende a apresentar
comportamento crítico sob chuvas torrenciais” (Gomes, 2002).
49
2011
50
Dos registros mais recentes, evento particularmente crítico ocorreu em 1979, associado
a elevados índices de precipitação pluviométrica (cerca de 1.216 mm) concentrados nos
meses de janeiro e fevereiro daquele ano. Vários acidentes afetaram muitas áreas
habitadas, provocando grandes perdas materiais, obstruções de ruas e danos parciais ao
patrimônio artístico e cultural da cidade. Entre os monumentos afetados, podem ser
citadas as igrejas de São Francisco de Assis, São José e Mercês, que posteriormente
foram objeto de grandes obras de contenção (Capítulo V). Ao longo da Rua Padre
Rolim, trecho final da rodovia que interliga a capital Belo Horizonte à cidade, diversas
ocorrências foram registradas (Figura 3.11).
Na fase do inventário destes eventos, foram descritos com maior detalhe e rigor
científicos os movimentos de massa ocorridos, em termos dos principais aspectos
geológicos, volumes mobilizados, danos causados e propostas de soluções, tendo sido
realizadas parte delas, compreendendo a suavização de encostas e execução de cortinas
atirantadas (Tecnosolo, 1979). Dez anos depois, novo evento crítico evidenciou a não
adoção de medidas adequadas em função da experiência anterior e chuvas contínuas
promoveram a repetição dos acidentes anteriores, com reincidência de 80% dos casos
anteriormente registrados, particularmente na região dos bairros São Cristóvão, Padre
Faria, Taquaral e Piedade.
51
Adicionalmente, dezenas de escorregamentos e movimentações em maciços de solos e
rochas ocorreram principalmente nos bairros periféricos, tendo como conseqüência
várias casas destruídas ou ameaçadas. Estas ocorrências foram, em grande parte, de
caráter localizado, envolvendo geralmente cortes inadequados e aterros inconsolidados.
Outros pontos com registros após 1979 tornaram-se altamente problemáticos devido à
ocupação desordenada local e livre indução de processos erosivos e da instabilização
das encostas.
1980 1990
2004 2005
Figura 3.12 – Evolução da ocupação da encosta no Bairro Jardim Alvorada.
52
A Tabela 3.4 apresenta a listagem das ocorrências relacionadas a movimentos de massa
registrados pelos órgãos públicos da cidade em diversas épocas. Muitos destes eventos
foram objetos de trabalhos específicos; alguns destes trabalhos formularam medidas
preventivas e corretivas dos problemas analisados, na forma de laudos técnicos e/ou
projetos de estabilização dos taludes (Sobreira, 1990; Sobreira et al., 1992; Fonseca e
Sobreira, 1997; Gomes et al, 1998; Bonuccelli e Zuquette, 1999; Fernandes, 2000;
Gomes, 2002; Fernandes et al, 2002; Pinheiro et al , 2004; Gomes et al., 2004).
Tabela 3.4 Registros de movimentos de massa na área urbana de Ouro Preto: 1988 a 2009.
(Defesa Civil de Ouro Preto, 2010)
Nº de Nº de
Ano Locais
Ocorrências Mortes
Bairros São Cristóvão, Padre Faria, Taquaral,
1989 32 3 Piedade e áreas do que no futuro seria denominado
Bairro Santa Cruz.
Bairros São Francisco, Antônio Dias, Pilar, Alto da
1991 32 -
Cruz, piedade e Padre Faria.
Bairros São Francisco, Piedade, Alto da Cruz, Padre
1992 54 2
Faria e Santa Cruz.
Bairros São Cristóvão, Piedade, Padre Faria, Santa
1995 40 3 Cruz, Antônio Dias, Água Limpa, Bauxita e Nossa
Senhora das Dores.
Bairros Taquaral, São Cristóvão, São Francisco, Alto
1996/97 123 13 da Cruz, Piedade, Padre Faria, Santa Cruz e Vila
Aparecida.
Bairros São Cristóvão, Alto da Cruz, Piedade, Padre
2001/03 100 -
Faria, Santa Cruz e Morro Santana.
Bairros São Francisco, São Cristóvão. Piedade, Padre
2005 54 - Faria, Santa Cruz, Morro Santana, Taquaral, Bauxita
e Nossa Senhora das Dores.
Bairros São Francisco, São Cristóvão. Piedade, Padre
2006/07 312 -
Faria, Santa Cruz, Morro Santana e Taquaral.
2008 193 - Idem ao Ano Anterior
2009 89 - Idem ao Ano Anterior
53
Recentemente, em um estudo realizado pelo Ministério das Cidades (Nogueira et al.,
2005), a cidade de Ouro Preto foi incluída na lista de municípios brasileiros mais
suscetíveis a escorregamentos em encostas urbanas. Estes estudos tiveram como base
três indicadores considerados fundamentais:
54
CAPÍTULO 4
4. METODOLOGIA DO TRABALHO
Para a viabilização deste modelo, a metodologia proposta foi desenvolvida com base em
três fases distintas: inventário e pesquisa dos dados prévios, investigação de campo e
tratamento, interpretação e sistematização dos resultados. As fases foram realizadas em
conjunto, de acordo com a necessidade de complementação das informações obtidas.
55
Figura 4.1 – Modelo do cadastro dos registros de MGM na área urbana de Ouro Preto
56
A segunda fase deste estudo contemplou vistorias diretas dos locais de ocorrência dos
movimentos de massa registrados, associando-se os dados das análises in situ com a
investigação sistemática dos principais fatores associados aos escorregamentos e os
registros das características das vertentes (encostas naturais). Esta fase permitiu o
tratamento dos dados obtidos na realização do inventário e a distinção, do conjunto total
das ocorrências registradas, daquelas efetivamente relacionadas a movimentos de massa
em locais potencialmente instáveis.
57
A partir do levantamento, foram identificados e catalogados os eventos ocorridos e
registrados pelos órgãos municipais, realizando-se estudos caso a caso, interpretando-se
os dados obtidos e distinguindo-se os problemas correlatos dos movimentos de massa
propriamente ditos. Nas análises, foram levados em consideração a natureza do material
e dos mecanismos de instabilização dos movimentos de massa.
Nesta fase, constata-se a grande influência de uma ocupação de forma desordenada, sem
critérios de uso e de ocupação do solo, como elemento principal dos processos de
escorregamento observados. Apesar da predisponência das encostas a eventos de
movimentos de massa, muitos dos processos mobilizados foram inicializados por efeitos
associados a ações antrópicas danosas ao meio físico.
Estas visitas aos locais dos eventos foram feitas, de forma sistemática, por grupos de
alunos do curso de graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Ouro
Preto, devidamente instruídos e qualificados para proceder a aferição e complementação
dos dados do inventário. Os dados coletados foram registrados em planilha própria,
procedendo-se também a uma documentação fotográfica das áreas (Figura 4.2),
enfocando-se o arranjo geral da situação, condicionantes geotécnicos locais e eventuais
obras de estabilização e/ou contenção, executadas no local.
58
Figura 4.2 – Registro Fotográfico da ruptura ocorrida na Rua Padre Rolim
Em geral, obras de contenção convencionais têm sido propostas para a solução dos
problemas, sem levar em consideração as especificidades locais, a absoluta necessidade
de uma ampla investigação geotécnica prévia e a influência decisiva da geologia local
na natureza dos processos de movimentos de massa (Figura 4.3).
59
2007
2007
2008
60
Uma avaliação preliminar incluiu a diferenciação entre ocorrências e possibilidades de
ocorrências: as primeiras referem-se à deflagração efetiva do processo, com ou sem
relato de prejuízos econômicos; as segundas referem-se à potencialidade de uma dada
ocorrência, avaliando-se a gravidade da situação em relação à iminência de deflagração
efetiva. Estas considerações permitiram distinguir os movimentos de massa mobilizados
e os que subsidiam análises de susceptibilidade do meio.
Figura 4.4 – Distribuição das ocorrências cadastradas por tipologia dos eventos geotécnicos
61
Nas vistorias de campo, etapa de complementação dos dados aferidos a partir dos
eventos ocorridos, elaborou-se ficha de campo (Figura 4.5 e reproduzida no Anexo I),
visando otimizar a coleta e a sistematização das informações.
62
Mecanismos potenciais de instabilização e riscos associados;
Avaliação do risco, em termos de potenciais perdas de vidas humanas, danos
construtivos, moradias envolvidas, riscos ambientais ou mesmo remotos;
Prioridade de intervenção em caso de evolução dos problemas detectados;
Principais recomendações que possam solucionar ou reduzir a evolução da atual
condição para uma condição mais crítica do ponto de vista geotécnico.
63
A ação do homem, como importante agente modificador da dinâmica natural do relevo,
atua como elemento de grande relevância na ocorrência de movimentos de massa, das
seguintes formas: remoção da cobertura vegetal; lançamento e concentração das águas
servidas; vazamentos na rede de abastecimento, esgoto e presença de fossas; execução
de cortes com geometria inadequada quanto a altura e inclinação; execução de aterros
de modo inadequado quanto a compactação, geometria e fundação; lançamento de lixo e
entulho nas encostas; vibrações produzidas por tráfego pesado, etc.
As causas internas são aquelas que induzem condições de colapso da encosta sem
quaisquer mudanças da sua geometria, resultando de processos de redução da resistência
interna do material (acréscimos de poropressões, diminuição da coesão e atrito interno
por processo de alteração, etc). As causas externas são aquelas que induzem acréscimos
das tensões atuantes, sem uma concomitante diminuição da resistência do material
(cortes do terreno, efeitos de sobrecargas, etc). Causas intermediárias são aquelas que
envolvem efeitos conjugados de aumento dos esforços atuantes e redução da resistência
intrínseca dos materiais (exemplo típico é a liquefação do material por efeitos de
vibrações externas).
64
4.4. TRATAMENTO DOS DADOS E TÉCNICAS DE MAPEAMENTO
Este procedimento consiste comumente na definição de um dado grid (Figura 4.6), área
regular de dimensões definidas (comumente quadrada) e específicas para a região e os
objetivos do estudo proposto, no sentido de focar as análises e as soluções propostas,
sem a preocupação de se estar superestimando ou subestimando a extensão a ser
contemplada nos estudos. Historicamente, a opção por trabalhar com área mínima do
tipo grid é recomendada por autores como Chung et. al. (1995); Mark et. al. (1995);
Baeza e Corominas (2001); Dai e Lee (2001); Rodrigues (2003).
65
200
200
Apesar disto, uma vez que os fenômenos ou características naturais dos terrenos não
estão condicionados a este tipo de padrão, alguns dos parâmetros selecionados para a
caracterização dos eventos poderão apresentar incompatibilidade (ou problemas quanto
à análise, definição de sua influência) com este tipo de área mínima. Exemplos típicos
destes problemas são a obtenção de parâmetros como comprimento da encosta ou a
amplitude de relevo. Tais limitações podem ser relevantes e deverão ser levadas em
consideração quando da análise dos dados.
A justificativa principal para o uso do grid como área mínima, entretanto, é o potencial
uso do SIG como ferramenta da análise espacial, uma vez que este tipo de programa
individualiza a área em pixels, sendo a precisão diretamente ligada ao tamanho do pixel
fixado (quanto menor seu tamanho, maior a precisão). Em síntese, a adoção do critério
de área mínima permite definir, a partir das ocorrências, zonas de influência de áreas
afetadas por movimentos de massa, que subsidiarão a definição de áreas de risco para o
ambiente em estudo.
66
No desenvolvimento da metodologia, o primeiro mapa a ser inventariado foi o mapa
topográfico da cidade de Ouro Preto, na escala 1:5.000, que incluiu as principais
drenagens e curvas de nível distanciadas de 10 em 10 metros. O mapa cadastral de Ouro
Preto, contendo o arruamento, edifícios, nomes das ruas, escolas, igrejas, dentre outros
atributos, foi disponibilizado pela Prefeitura Municipal. Preliminarmente, fez-se um
tratamento de ajuste e filtragem do mapa para torná-lo mais simples e contendo apenas
os atributos essenciais às análises seguintes.
67
Todo o banco de dados utilizado foi georreferenciado como projeto na base UTM,
modelo SAD 69, Zona 23S. Todos os materiais digitais (mapas, cadastros e imagens)
foram convertidos e importados para este projeto em planos de informação (PI’s) na
forma de imagens e mapas vetoriais (Tabela 4.1), que foram utilizados para posteriores
processamentos e geração de mapas derivados.
Tabela 4.1 – Planos de informação do banco de dados criados para a cidade de Ouro Preto/MG
Modelo de
Categoria PI Dados
Dados
Numérico Altimetria Altimetria Isolinhas e Pontos Cotados
Hipsometria Mapa Topográfico
Uso e Ocupação
Arruamentos/Prédios/Ocupação
Base (Mancha Urbana)
Temático
Topográfica Declividade Mapa de declividade
Geomorfologia Mapa de Curvatura
Ocorrências Registro de ocorrências
Projeto Geologia Mapa geológico (SIG 2005)
Imagem
Ortofoto Ortofoto 2007 Foto aérea ortorretificada
68
4.5.2. Mapa de Declividades
Com base neste MDE, gerou-se uma grade triangular de declividade em percentagem. O
Mapa de Declividade foi produzido, então, a partir do fatiamento desta grade de
declividades em intervalos de valores correspondentes às classes adotadas: 0 a 10%, de
10% a 20%, de 20 a 40%, de 40 a 60%, de 60 a 100% e maior que 100% (apresentado
previamente na Figura 3.7 e reproduzido no Anexo II).
O Mapa de Curvatura (Figura 4.7 e reproduzido no Anexo I; idem para todos os mapas
gerados neste trabalho) foi confeccionado também a partir do mapa topográfico digital,
por meio de rotinas de geoprocessamento no Sistema ArcGIS, definido após diversos
testes para adequação dos tipos de curvatura às informações das curvas de nível,
dividindo-as em côncavas, retilíneas e convexas. Nesta etapa, os cálculos adotados pelo
programa fornecem valores positivos ou negativos para as curvaturas convexas e
côncavas, de acordo com o mapa, e valores nulos para a curvatura retilínea.
Valeriano (2003) e Valeriano & Carvalho Júnior (2003) utilizando outro método, mas
que fornece padrões de valores semelhantes, afirmam que uma parcela muito pequena
do que estimamos ser retilíneo apresenta realmente curvatura rigorosamente nula, sendo
necessária, portanto, a adoção de faixas de tolerância. Os valores definidos, assim, para
cada classe, foram os seguintes:
69
Figura 4.7 – Mapa de Curvatura da área urbana da cidade de Ouro Preto
70
Os mapas de uso do solo urbano e do padrão de ocupação residencial foram produzidos
visando fornecer os fatores considerados na avaliação de risco, que são: o potencial de
indução do uso e ocupação do solo, a vulnerabilidade e o dano potencial do elemento
em risco.
No entanto, o fator de indução de perigo deve ser definido para toda a área de análise e
não somente para as de uso estritamente urbano. Desse modo, foi necessário mapear a
cobertura vegetal e outros tipos de ocupação não contemplados no mapa de uso inicial.
As unidades de uso e ocupação foram definidas conforme as seguintes categorias:
cobertura vegetal (distinguidas quanto ao porte arbóreo e rasteiro); áreas urbanas; áreas
comerciais; industriais e de mineração, avaliando-se nestes casos o tipo de solo exposto
e de afloramento rochoso (Figura 4.8).
Figura 4.8 – Mapa de Uso e Ocupação do solo da área urbana da cidade de Ouro Preto
71
4.6. ATRIBUTOS E PARÂMETROS DE ANÁLISE
A definição das formas das encostas foi obtida a partir da interpretação computacional
da disposição das curvas de altimetria da base topográfica conjugada à fotointerpretação
e às observações de campo. Para cada UBC, definiu-se a forma da encosta
predominante, sendo identificados três tipos básicos: convexo, côncavo e retilíneo. Para
a inserção desta informação na análise de suscetibilidade, ponderou-se um valor
referente à sua influência na suscetibilidade do terreno ao processo de escorregamento,
gerando-se um plano de informação numérico para a forma das encostas.
72
Tal abordagem visou normalizar os valores, permitindo o tratamento em ambiente SIG e
redistribuir os valores obtidos de um determinado parâmetro dentro de um intervalo
desejado. Neste trabalho, todos os valores dos fatores quantitativos determinados foram
normalizados ou distribuídos em um intervalo de 0 a 1. Este tipo de procedimento é
adotado para permitir o cálculo do índice de suscetibilidade em números puros, uma vez
que são considerados parâmetros diferenciados como declividades em graus, tipos de
solos e outros.
Os materiais de cobertura foram caracterizados com base nas inspeções de campo, nos
trabalhos de laudos técnicos (Gomes, 2002) e, na ausência destes dados, na classificação
textural baseada no Diagrama Triangular de Classificação (Souza, 2004), mediante a
caracterização das seguintes classes texturais: argila, argila arenosa, argila siltosa, areia
argilosa, silte argiloso, areia, areia siltosa, silte arenoso e silte (Figura 4.9). De maneira
similar à forma das encostas, a fim de se gerar um plano de informação numérico,
procedeu-se à ponderação de valores para os tipos de solos quanto à sua influência na
suscetibilidade do terreno (litologias) aos processos de escorregamento.
Figura 4.9 – Classificação das formações geológicas pelo Diagrama Triangular (Souza, 2004).
73
4.7. MAPA DE SUSCETIBILIDADE A ESCORREGAMENTOS
Para uma melhor caracterização dos fatores, a escala geral foi subdividida em 3 ou 4
classes, adotando-se o valor médio do intervalo para cada classe. Assim, no tratamento
das formas das encostas, o intervalo de 0 a 1 foi subdivido em três níveis, com valores
médios iguais a 0,165; 0,495 e 0,725, que foram atribuídos às encostas definidas com
morfologias côncava, retilínea e convexa, respectivamente.
74
4.8. CONCEPÇÃO DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES
Resultado em
andamento
75
4.9. ANÁLISE E DIAGNÓSTICO DO MEIO FÍSICO
76
Nestes produtos, estão sintetizadas as informações constantes em todos os produtos
anteriores, a partir de uma análise integrada e crítica dos diversos agentes que interagem
na área estudada. Para a delimitação dos setores de risco e definição dos graus de risco,
foram adotados os critérios já descritos no Capítulo 2 (Tabela 2.6) deste trabalho. A
carta resultante é uma proposta de um Sistema de Zoneamento de Riscos Geotécnicos
para o espaço urbano da cidade de Ouro Preto, visando subsidiar o ordenamento
territorial da sede do município a partir de premissas criteriosas de planejamento e
gestão pelo poder público local.
Morfologia
77
CAPÍTULO 5
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A base topográfica do Município de Ouro Preto na escala 1:5.000 (2007) foi obtida em
formato digital, com eqüidistância das curvas de nível de dez em dez metros,
posteriormente processada de forma a melhorar suas qualidades e permitir a geração do
MNT, refinando-se a malha topográfica para curvas de nível de cinco em cinco metros.
A Figura 5.1 apresenta a base topográfica ajustada e com a delimitação da área urbana
da cidade de Ouro Preto, selecionada para aplicação da sistemática de avaliação de
riscos geotécnicos proposta neste trabalho.
78
Figura 5.1 – Mapa Topográfico da área urbana da cidade de Ouro Preto/MG
O Modelo Digital de Elevação (MDE) da área de estudo foi gerado pelo Programa
ArcGIS 9.3, com a utilização do interpolador do aplicativo Arctoolbox, . O modelo foi
gerado tendo como dados de entrada as curvas de nível e os pontos cotados da base
topográfica devidamente tratada da sede do município. A confecção do MDE permite,
por outro lado, a obtenção do mapa de declividade, além de possibilitar com a aplicação
do sombreamento uma visualização do relevo em 3D (Figura 5.2).
O mapa de declividade (Figura 5.3) foi obtido a partir do MDE com aplicação de uma
grade triangular de declividades expressas em porcentagens. As classes de declividades
definidas para subsidiar as análises da ocorrência de escorregamentos foram
representadas nos seguintes intervalos: 0 a 10%, de 10% a 20%, de 20 a 40%, de 40 a
60%, de 60 a 100% e declividades maiores que 100%.
79
Figura 5.2 – Modelo Digital de Elevação da área urbana da cidade de Ouro Preto/MG
80
5.2.3. Mapa de Inventário de Escorregamentos
O mapa de uso e ocupação do solo da área urbana de Ouro Preto contempla, além dos
aspectos físicos e sócio-econômicos característicos do meio físico local, categorias
como cobertura vegetal (diferenciadas quanto ao porte arbóreo ou rasteiro), áreas de
mineração e áreas com foco comercial e/ou industrial. Dessa forma, o levantamento
permite definir os índices de potencial de indução para todos os tipos de uso e ocupação
do solo na área de estudo.
81
Figura 5.4 – Mapa de Inventário de Ocorrências registradas na área urbana da cidade de Ouro Preto/MG
82
As Figuras 5.5 a 5.8 ilustram aspectos dos diferentes tipos de ocupação presentes na
área urbana da cidade.
Figura 5.6 – Ocupação Inadequada e de Baixo Padrão Construtivo – Bairro Santa Efigênia
83
Figura 5.7 – Ocupação Planejada de Médio Padrão Construtivo – Bairro Pilar
Figura 5.8 – Ocupação Planejada de Alto Padrão Construtivo – Bairro Vila dos Engenheiros
O mapa de suscetibilidade para a área urbana de Ouro Preto foi elaborado a partir da
fixação dos índices de suscetibilidade definidos com base na hierarquização dos fatores
do terreno e ponderados em função das especificidades do meio físico local, de acordo
como os valores indicados na Tabela 5.1 (valores adaptados pelo autor, a partir da
proposição inicial de Tominaga, 2007).
84
Tabela 5.1 – Fatores do terreno e índices de ponderação
Fatores do Terreno Peso Adotado
Declividade 0,60
Forma da Encosta 0,10
Litologia 0,30
85
Tabela 5.3 – Caracterização dos fatores do terreno por classes de suscetibilidade.
Atributos do terreno
Classe de
Forma da
Suscetibilidade Declividades Tipos de Solo (Litologia)
Encosta
Argila arenosa
Convexa
0 a 20% Argila arenosa a siltosa
Baixa Retílinea
10 a 20% (Filito, Filito Dolomítico,
Côncava
Quartzito)
Convexa Areia siltosa
Areia argilosa (Xistos)
Média 20 a 40%
Côncava
Argila arenosa (Itabiritos)
Convexa Areia silto‐argilosa
Alta 40 a 60%
Côncava Areia argilosa (Dolomitos)
60 a 100% Areia siltosa
Areia argilo‐siltosa
Muito Alta Côncava
>100% (Quartzito ferruginoso e
filito prateado)
Figura 5.9 – Distribuição das classes de suscetibilidade/km2 para a área urbana de Ouro Preto
86
5.5. MAPA DE PERIGO A ESCORREGAMENTOS
Segundo Castro (2006), o valor mínimo de precipitação acumulada em cinco dias para a
área urbana de Ouro Preto, capaz de desencadear movimentos de massa, foi de 22,0mm.
O valor de chuva acumulada para o nível de atenção, encontrado na curva de correlação
entre precipitação diária e a precipitação acumulada de 5 dias, foi de 39,4 mm. O valor
de chuva acumulada em cinco dias, cuja possibilidade de ocorrer escorregamentos em
maior escala foi 124,0mm. Este valor foi admitido como um limite para caracterização
de nível de alerta em épocas de chuvas.
A Tabela 5.4 apresenta uma correlação entre número e tipo de ocorrências para área
estudada, permitindo a caracterização das probabilidades de ocorrência (Castro, 2006).
87
Com base nestes resultados, adotou-se um valor acumulado de chuva de 124 mm em
120 horas, como um limiar crítico a partir do qual a possibilidade de ocorrência de
escorregamentos aumenta consideravelmente. O Plano Preventivo de Defesa Civil de
Ouro Preto (PPDC) também utiliza este parâmetro como referência na operação do
plano na região.
A Tabela 5.5 e 5.6 apresentam os valores adotados no trabalho para o parâmetro Índice
Potencial de Indução (IPI), em função das diferentes condições de uso e ocupação do
meio físico local.
Tabela 5.5 – Valores dos parâmetros (IPI) em função dos modos de usos e ocupação do solo
Tabela 5.6 – Valores dos parâmetros (IPI) em função dos tipos de cobertura vegetal
88
Os índices de perigo obtidos pela relação (5.2) expressam a probabilidade de ocorrência
de escorregamentos no período de um ano. Estes índices variaram entre 0,1144 e 0,8924
e foram divididos em quatro classes: Baixo, Moderado, Alto e Muito Alto (Tabela 5.7).
A classificação foi processada no Programa ArcGIS e o Mapa de Perigo a
Escorregamentos resultante está apresentado no Anexo I.
A avaliação de risco envolve uma estimativa da extensão dos prováveis danos que
podem resultar de um dado escorregamento (movimento de massa). Os danos podem ser
tanto econômicos como envolver comprometimento da infra-estrutura e perdas de vidas
humanas.
Para a determinação das zonas de risco e de sua classificação, de acordo com os níveis
de evolução dos processos instabilizadores no terreno, foram confrontadas as
características físicas, geológicas e geotécnicas da área, com o mapeamento dos agentes
instabilizadores presentes (cadastro de escorregamentos e inundações) e das ações
antrópicas identificadas como potenciais agentes de indução ao risco. As áreas de risco
englobam porções com formas e tamanhos irregulares, com características geológico-
geotécnicas e tipologia ocupacional próprias. Abrangem áreas ocupadas e podem ou não
conter zonas de risco de graus diferentes.
89
Cada uma das zonas delimitadas foi avaliada em termos da predisposição à ocorrência
dos diferentes tipos de processos atuantes, por meio do cruzamento com os mapas de
Inventário, Suscetibilidade e Perigo elaborados previamente para a área urbana. Para a
delimitação dos setores de risco e definição dos graus de risco, foram adotados os
critérios discutidos anteriormente (Risco R1 – Baixo; Risco R2 – Médio; Risco R3 –
Alto e Risco R4 – Muito Alto). Os mapas temáticos previamente digitalizados
(inventário de ocorrências e cadastral) foram superpostos para a análise da freqüência de
ocorrências por bairro (Figura 5.10 e Tabela 5.8).
Figura 5.10 – Distribuição das ocorrências por bairro da cidade de Ouro Preto
Tabela 5.8 – Distribuição das ocorrências por bairro da cidade de Ouro Preto
Bairro Zoneamento %
Água Limpa AGL 2%
Antônio Dias ANT 7%
Alto da Cruz ATC 2%
Barra BAR 6%
Bauxita BAU 1%
Cabeças CAB 3%
Morro Santana MSN 14%
Padre Faria PDF 1%
Piedade PIE 9%
São Cristovão SCR 12%
Santa Cruz STC 26%
Santa Efigênia STF 1%
Taquaral TAQ 13%
Vila Aparecida VAP 4%
90
CAPÍTULO 6
91
A instrumentação geotécnica de obras de engenharia constitui uma das ferramentas mais
adequadas para a observação, detecção e caracterização de eventuais deteriorações que
constituem risco potencial às condições da segurança global do empreendimento. Ela
permite fazer um processo de aquisição, registro e processamento sistemático dos dados
obtidos, a partir dos instrumentos de medida instalados em diferentes seções e zonas dos
maciços investigados.
Figura 6.1 – Esquema geral da instrumentação de uma encosta por meio de inclinômetros
92
Na região das encostas e das vizinhanças de prédios históricos, tem sido adotada a
prática de se instalar inclinômetros ao longo de seções representativas das áreas, a
exemplo dos procedimentos originalmente adotados quando das obras de estabilização
dos eventos decorrentes das grandes chuvas de 1979. A Figura 6.2 apresenta, por
exemplo, a localização de um dos furos de inclinômetro instalados no domínio do
terreno no qual está situado o antigo prédio da Santa Casa de Misericórdia (século
XIX), que tem sido afetado em larga escala, por movimentações periódicas ao longo dos
últimos 30 anos.
Figura 6.2 – Tubo de inclinômetro instalado ao lado do antigo prédio da Santa Casa de
Misericórdia
Torna-se importante enfatizar que as análises dos registros com este tipo de instrumento
não estão associadas especificamente à movimentação do tubo em relação à vertical, e
93
sim à mudança da posição e da inclinação do tubo em relação a uma dada condição
inicial (condição de instalação), caracterizada pela série de leituras iniciais. As leituras
permitem quantificar a movimentação do tubo e, consequentemente, do terreno
circunvizinho.
94
O tubo segmentado dispõe de quatro ranhuras internas longitudinais, situadas
diametralmente opostas (Figura 6.5), que servem de guias para o deslocamento das
‘rodas do torpedo’ ao longo do tubo. A cada profundidade de 0,5m são efetuadas pares
de leituras, girando-se o aparelho posteriormente de 180º; desta forma, são eliminados
erros inerentes à operacionalização do dispositivo, uma vez que se toma a média
aritmética das leituras.
95
Aparelho de leitura, coleta e gravação de dados em superfície (no caso,
modelo Digitilt Datamate 50310999);
Os desvios laterais do tubo são obtidos a partir dos valores do intervalo de leitura
(grandeza L; no caso igual a 0,50m) e do ângulo de inclinação do torpedo (), sendo
expressos por (Figura 6.6):
sendo:
O deslocamento horizontal sofrido pelo talude (encosta) é dado pela Equação 6.3.
96
Leitura Combinada Final - Leitura Combinada Inicial
Deslocamento L x (6.3)
2 x Constante do Instrumento
O software utilizado é o DMM (Slope Indicator Company) que permite a obtenção das
leituras de saída do inclinômetro, recuperando as leituras armazenadas pelo DataMate e,
em sequência, armazenando as leituras no disco rígido, em uma base de dados ou em
um arquivo tipo ASCII. O programa permite também a edição e o tratamento da base de
dados por meio de análises estatísticas, possuindo ainda função gráfica simples para
comparar duas análises. As leituras obtidas pelo DMM são processadas e trabalhadas no
software DigiPro, que gera gráficos em alta resolução e permite a correção de erros
sistemáticos (Figura 6.7).
97
Figura 6.7 – Ambiente de trabalho do software Digipro.
A partir das leituras obtidas por meio de leituras mensais, torna-se possível a elaboração
de gráficos que relacionam, em função da profundidade de instalação do torpedo e do
eixo escolhido:
98
6.4.2. Média das Somas das Leituras
ΣX i
X (6.4)
n
sendo X a média das somas das leituras, Xi a leitura obtida para cada profundidade
observada e n é o número de leituras efetuadas para cada furo de inclinômetro.
A condição ideal requer uma soma das leituras igual à zero, mas este critério, embora
recomendável na avaliação da homogeneidade dos dados coletados, é insuficiente por si
só para uma validação completa dos resultados ou das análises de eventuais erros
durante a operação dos inclinômetros.
Na análise dos erros, estes gráficos indicam a ocorrência de erros sistemáticos devido a
deslocamentos na diagonal e uma inclinação pode indicar problemas com o sensor
eletrônico. Os gráficos de checagem (checksum) promovem as correções necessárias e
refinam os resultados finais. Assim, quanto menor for a média, maior será a
confiabilidade dos dados. Os valores mais altos encontrados para o eixo B, bem como
uma maior tolerância em sua variação, decorrem do fato de que tais medidas são
tomadas de forma automática pelo acelerômetro que mede inclinações segundo este
eixo.
99
Figura 6.8 – Exemplo dos gráficos de checagem (checksum) dos dados coletados
S 2
X - X
i
2
(6.5)
n
sendo S o desvio padrão dos dados obtidos, Xi a soma das leituras para cada
profundidade de instalação da sonda, X a média das somas das leituras por eixo de
coordenada e n o número de leituras efetuadas por eixo de inclinômetro.
100
Procurou-se relacionar os desvios padrões máximos observados a cada intervalo de
cinco leituras por furo de inclinômetro, a cada data de coleta de dados e segundo os dois
eixos ortogonais A e B. Esse tipo de análise, baseada na obtenção e interpretação dos
desvios padrões possibilitou a geração de tabelas com a do exemplo abaixo (Tabela
6.1), que indicam os valores dos desvios-padrão observados em cada zona de
investigação, bem como a freqüência de cada ocorrência.
Trata-se de uma estimativa acerca dos valores mais representativos para cada furo de
inclinômetro, possibilitando sua consulta futura, uma vez que se torna um referencial
relevante no processo de validação dos dados.
Tabela 6.1 – Exemplo da relação de desvios padrões máximos para leituras (eixos A e B do
inclinômetro)
Profundidade (m) Eixo A Eixo B
1,0-3,0 0,8 2,0
3,5-5,5 0,6 1,2
6,0-8,0 0,7 1,9
8,5-10,5 0,3 1,2
11,0-13,0 0,5 1,4
13,5-15,5 0,4 1,3
16,0-18,0 0,4 0,9
18,5-20,5 11,7 1,9
101
engastada do instrumento). Uma vez que a escala horizontal não é proporcional à escala
vertical, os deslocamentos acumulados podem apresentar variações abruptas, de forma
a caracterizar facilmente mecanismos de ruptura e/ou problemas correlatos (Figura
6.9). Em alguns casos, erros sistemáticos podem mascarar a interpretação, induzindo
uma falsa inclinação do perfil dos deslocamentos acumulados.
102
Figura 6.10 – Exemplos de gráficos de deslocamentos incrementais fornecidos pelo software
Digipro
103
Figura 6.11 – Exemplos de gráficos de tempos de deslocamentos fornecidos pelo software
Digipro
Há que se considerar, entretanto, que tais análises não devem ficar restritas à
identificação dos locais críticos em termos das ocorrências destes processos, devendo
ser avaliadas também as dimensões das conseqüências potenciais em termos de danos
materiais e dos riscos associados para a população e o patrimônio artístico e cultural
afetados.
104
Atualmente, um convênio envolvendo a Universidade federal e a Prefeitura Municipal
foi firmado no sentido de não apenas dar continuidade a este trabalho, mediante a
instalação de novos instrumentos, como prover o município com dados de registros
mensais de todos os inclinômetros instalados (em número de 15 atualmente).
Como fase integrante destes estudos, todas as leituras efetuadas nos tubos instalados em
outras épocas foram recuperadas, sistematizadas e digitalizadas, constituindo-se assim
um banco de dados de controle bastante consolidado. Além da recuperação das leituras,
tornou-se imperativo a adoção de procedimentos para a verificação e validação da
operacionalidade dos instrumentos existentes, uma vez que alguns destes datam de
1979. Esta etapa constituiu-se das seguintes operações:
Estes trabalhos permitiram que análises fossem feitas com base nos resultados obtidos
pela série de leituras atuais correlacionadas às leituras de referência. Os locais de
instalação, a relação de dados disponibilizados e os dados relativos às campanhas de
monitoramento já realizadas estão apresentados na Tabela 6.2 e 6.3 respectivamente.
105
estabilidade das encostas, aferição dos condicionantes geológico-geotécnicos dos
eventos, evolução de potenciais eventos de ordem geotécnica e adoção de ações
mitigadoras para controle e prevenção contra possíveis acidentes futuros.
106
Tabela 6.3 – Data e locais de realização das leituras
LOCAL
São
Getulio Vargas Ponte Seca Mercês Museu São Jose Santa Casa
Francis
PONTOS I1 I2 I1 I2 I1 I1 I2 I1 I1 I1 I2 I3 I4 I5 I6
‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 17/5 17/5 ‐ ‐ ‐ ‐
‐ ‐ ‐ ‐ 08 e 20/6 ‐ ‐ 20/6 07 e20/6 20/6 20/6 ‐ ‐ ‐ ‐
‐ ‐ ‐ ‐ 13/7 ‐ ‐ 12/7 13/7 13/7 12/7 ‐ ‐ ‐ ‐
1996 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 10/7 10/7 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐
1997 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 19/7 19/7 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐
‐ ‐ 7/4 7/4 ‐ ‐ ‐ ‐ 7/4 ‐ 7/4 ‐ ‐ ‐ ‐
‐ ‐ ‐ ‐ 7/5 ‐ ‐ 7/5 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐
2000
‐ ‐ 10/9 10/9 10/9 ‐ ‐ 10/9 10/9 10/9 10/9 ‐ ‐ ‐ ‐
‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐
‐ ‐ ‐ 11/11 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐
2003
‐ ‐ ‐ 22/12 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐
Data
Tubo soterrado
‐ ‐ ‐ ‐ 21/4 ‐ ‐ 21/4 ‐ ‐ ‐ ‐
‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 4/12 ‐ ‐ ‐ ‐
‐ ‐ ‐ 16/2 ‐ 13/2 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐
‐ ‐ ‐ 13/3 ‐ 13/3 13/3 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐
‐ 21/4 ‐ 20/4 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 21/4 ‐
2010
‐ 27/6 ‐ 27/6 27/6 27/6 ‐ 28/6 28/6 28/6 28/6 28/6
15/7 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐
8/12 8/12 ‐ ‐ ‐ 8/12 11/12 11/12 11/12 11/12 11/12 11/12
2011 12/1 12/1 ‐ 12/1 12/1 12/1
107
6.5.1. Santa Casa de Misericórdia (Prédio Antigo)
I3
I4
I1
I5
I6 I2
Figura 6.12 – Tubos de inclinômetro instalados nas adjacências da Santa Casa de Misericórdia.
108
Figura 6.13 – Deslocamentos acumulados (1979 a 2010): Inclinômetro I2 – Santa Casa
109
Neste sentido, a execução de quaisquer obras no local deve estar associada à implantação de
adequados projetos de sistemas de drenagem pluvial e subterrânea, visando menores vazões
de infiltração e da exposição dos filitos locais a ações de expansão e de erodibilidade ao longo
da encosta. A encosta deverá ser confinada por solo coesivo e/ou por cobertura vegetal, de
forma a inibir os processos desencadeadores de instabilização local.
110
Figura 6.16 – Deslocamentos x tempos para a vertical de inclinômetro I6 – Santa Casa
A análise dos deslocamentos para o período entre 1979 e 2010 (Figura 6.17) apresenta uma
nítida estabilização dos movimentos a partir de 2000, como reflexo direto da execução de
estruturas de contenção no terreno de implantação da igreja.
Figura 6.17 – Deslocamentos acumulados (1979 a 2011) – Inclinômetro I1 / São Francisco de Assis
111
Os dados referentes ao atual período de monitoramento, mostrados na Figura 6.18,
apresentam distorções angulares muito pequenas. A vistoria realizada no local não identificou
problemas visíveis de deslocamentos e quaisquer outras feições do terreno; neste local,
portanto, propõe-se tão somente a continuidade das leituras de inclinômetro.
Figura 6.18 – Deslocamentos acumulados (2000 a 2011) – Inclinômetro I1 / São Francisco de Assis
112
6.5.3. Igreja de São José
Os dados do inclinômetro instalado no adro da igreja, relativos ao período entre 1979 e 2000,
não atestam movimentos significativos da encosta local. A partir de 2000, verifica-se um
aumento dos deslocamentos (Figura 6.19), refletidos na presença de uma trinca extensa com
abatimento do piso do adro, atingindo inclusive a mureta lateral de pedra argamassada.
Figura 6.19 - Deslocamentos acumulados (2000 a 2011) – Inclinômetro I1 / Igreja São José
113
6.5.4. Igreja de Nossa Senhora das Mercês de Cima
Neste local, não foi possível a recuperação dos dados relativos aos levantamentos de 1979,
uma vez que os registros da época encontram-se em condições muito ruins de leitura e de
reprodução (‘registros apagados’). Numa análise global dos dados disponíveis, entretanto, é
possível constatar que os registros não indicam a ocorrência de movimentos significativos do
terreno local. Em 2000, foram feitas novas leituras do inclinômetro (Figura 6.20) instalado na
área do cemitério e adjacente ao prédio do templo (Figura 6.21), que também não indicaram
leituras de deslocamentos elevados e nem dados de evolução relevante das magnitudes dos
registros ao longo deste período de monitoramento.
Figura 6.20 – Deslocamentos acumulados – Inclinômetro I1 / Igreja Nossa Senhora das Mercês de Cima
114
Figura 6.21 – Furo instalado no cemitério da Igreja de Nossa Senhora das Mercês de Cima.
Deslocamento lateral da
Figura 6.22 – Instabilizações e danos estruturais / Cemitério da Igreja das Mercês de Cima
115
6.5.5. Ponte Seca
Nesta área, não foram executados levantamentos com inclinômetro em 1979. Os dados
referentes a 2000 (Figura 14) indicaram deslocamentos ao longo de toda a profundidade do
terreno (espessura de 11,50m), com magnitudes de até 18mm. Num segundo furo, foram
constatados também grandes deslocamentos, evidenciando processo geral de instabilização da
área, afetando diretamente a chamada ‘Ponte Seca’.
Obras gerais de reforço da ponte e dos sistemas de drenagem superficial e subterrânea foram
executadas em 2003, no sentido de correção dos problemas detectados. Entretanto, estes
serviços resultaram no completo soterramento dos tubos de inclinômetros (Figura 6.24),
inviabilizando quaisquer medidas futuras de controle e de monitoramento da obra.
Atualmente, em parceria com a Prefeitura Municipal de Ouro Preto, a equipe técnica do
NUGEO – UFOP está buscando recuperar os instrumentos para continuidade das leituras.
116
Figura 6.24 – Soterramento dos inclinômetros instalados na região da Ponte Seca
São José I1
Get Var I1
Get Var I2
Figura 6.25 – Localização dos tubos de inclinômetro na encosta adjacente a Igreja São José.
117
Os primeiros levantamentos realizados mostram deslocamentos incipientes (Figura 6.26),
inferiores a 5mm no trecho superior do perfil. São necessários registros acumulados em
maiores intervalos de tempo para se aferir problemas de natureza localizada ou de domínio
mais geral. Em princípio, as movimentações detectadas por estes instrumentos são
independentes daquelas caracterizadas pelo instrumento localizado no adro da Igreja de São
José, indicando, portanto, problemas específicos e restritos aos aterros das faixas de domínio
dos respectivos instrumentos.
Estudos realizados ao entorno da área permitem uma avaliação dos problemas de ordem
geotécnica associados às movimentações do terreno de fundação deste importante prédio do
acervo arquitetônico da cidade de Ouro Preto. A Figura 6.27 apresenta os gráficos de
deslocamentos acumulados para a vertical I2 de inclinômetro, instalado no terreno de
fundação do prédio.
118
Foram registrados deslocamentos horizontais acentuados, segundo um dos eixos e até uma
profundidade de 4 metros, que alcançaram quase 15mm (Figura 6.28), verificando-se uma
menor movimentação na direção do eixo secundário.
119
Os mecanismos desencadeadores dessa instabilização superficial se devem à presença de
material de aterro, resultante do processo de aplainamento da Praça Tiradentes. Embora
francamente consolidado, o aterro apresenta movimentações adicionais oriundas dos efeitos
das vibrações contínuas induzidas pelo tráfego pesado em áreas próximas ao prédio. Os
gráficos apontam para uma movimentação contínua, mesmo que de pequena magnitude na
fase atual. Entretanto, a evolução dos registros torna-se relevante quando se avalia o gráfico
dos tempos dos deslocamentos (Figura 6.28), que evidencia evoluções contínuas. Atos de
vandalismo resultaram na obstrução do inclinômetro I1 instalado no local (abertura não
autorizada e lançamento de pedras no interior do furo). A equipe técnica do projeto está
tentando recuperar o instrumento atualmente desativado (locado nas vizinhanças imediatas do
prédio do Museu da Inconfidência) para a continuidade das leituras.
Ações mitigadoras de curto prazo, visando restringir a evolução do problema, podem incluir a
limitação ou mesmo interrupção do tráfego local para veículos de grande porte (Figura 6.29),
como ônibus e caminhões, visando garantir uma plena estabilidade da encosta local. Por outro
lado, os registros foram pouco afetados em épocas de maior precipitação pluviométrica,
evidenciando, assim, a natureza crítica devido ao trânsito local.
Figura 6.29 – Tráfego de caminhões na Rua Costa Sena próximo ao Museu da Inconfidência
120
CAPÍTULO 7
7.1. CONCLUSÕES
121
A sistemática proposta mostrou-se bastante útil e de grande aplicação prática, tanto em
termos de se obter um diagnóstico dos cenários locais, como também de prover
subsídios para previsão de escorregamentos futuros e da estimativa da probabilidade
temporal destes eventos. Particularmente no caso de Ouro Preto, os atributos
geológicos, geomorfológicos e hidrogeológicos do ambiente local são muito complexos
e decisivos nestes estudos.
122
O uso de técnicas de geoprocessamento digital é imprescindível em todas as atividades
que utilizam mapas de variáveis distribuídas no espaço. O programa AutoCadMap,
utilizado para a conversão das informações para o formato digital, facilitou a
digitalização e a edição dos dados existentes em formato analógico, em especial em
escalas grandes e no sistema de coordenadas UTM.
Figura 7.1 – Distribuição das ocorrências por processo deflagrador dos movimentos de massa
123
Os produtos obtidos (mapas do espaço urbano da cidade sob diferentes abordagens)
constituem ferramentas relevantes para o planejamento e a gestão deste espaço pelo
poder público municipal, fornecendo diretrizes básicas para a proposição e revisão das
Leis de Uso e Ocupação do Solo, expansão das comunidades e intervenções de
estabilização. O programa de monitoramento das encostas e de outras zonas críticas da
cidade, por meio da instalação de inclinômetros, constitui uma referência adicional no
sentido de controle, acompanhamento e prevenção de acidentes geotécnicos na cidade.
Por si só, entretanto, a par sua relevância como instrumento de orientação de políticas
públicas, o mapa de zoneamento de riscos é uma mera diretriz, que não dispensa ou
minimiza a necessidade de estudos quantitativos da maior ou menor estabilidade (ou
risco) de uma determinada encosta. Por isso, a proposição acoplada de monitoramento
das áreas críticas da cidade por meio de inclinômetros é entendida como parte integrante
da proposta, por permitir a aferição contínua, direta e in situ de potenciais mecanismos
de instabilização das encostas. Esse trabalho envolve atualmente a instalação de muitos
outros inclinômetros e a aquisição sistemática dos registros de todos os instrumentos
instalados na região.
124
A avaliação do todo não dispensa a aferição das partes, mesmo porque o mapa de riscos
é um instrumento dinâmico e relativo. No caso de áreas potencialmente críticas (áreas
de risco alto e muito alto), a presença do especialista é indispensável para nortear as
possíveis intervenções, sejam preventivas, mitigadoras ou corretivas. Em alguns casos,
inclusive, a feição geológica pode ser determinante para a própria fenomenologia do
evento geotécnico, como ocorre na Avenida Perimetral (Gomes, 2002). Portanto, muitas
áreas, inadequadas a princípio, podem permitir uma ocupação controlada, caso sejam
adotadas as devidas cautelas. Em outros, o remanejamento de moradias pode apresentar
uma muito melhor relação custo-benefício em face de uma obra para estabilização do
terreno.
Figura 7.2 – Ruptura e obra de estabilização de encosta da Vila S. José (Gomes et al., 2005)
125
7.3. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Nesta dissertação, foi apresentada e desenvolvida uma metodologia para análise, gestão,
controle e monitoramento de riscos geotécnicos para o espaço urbano da cidade de Ouro
Preto, consubstanciada por diferentes mapas, que incluem mapas de suscetibilidade,
perigo e risco a escorregamentos (movimentos de massa). Neste contexto, são sugeridos
alguns temas para pesquisas futuras e complementares ao estudo atual:
126
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135
Anexo I
Apresenta-se neste anexo a relação das ocorrências cadastradas e uma planilha modelo
devidamente preenchida com as informações consideradas nas análises.
I-1
Continuação da Tabela Anexo I – Lista das Ocorrências Mapeadas
Código da Coordenada Coordenada Data da
Ponto Eventos Geotécnicos Observados
Ocorrência X Y Ocorrência
Ao longo de toda a Rua das Violetas
E23 313 657591 7744363
existem erosões superficiais.
E24 315 657406 7744108
Nos fundos da Casa 113há entulhos
E25 316 657434 7744121 depositados, segurados por uma
barreira (paliçada) e pela vegetação.
E26 317 657429 7744129 02/11/1996
E27 314 657483 7744133
E28 318 657382 7744152
E29 319 657472 7744180
E30 320 657471 7744213
I-2
Continuação da Tabela Anexo I – Lista das Ocorrências Mapeadas
Código da Coordenada Coordenada Data da Eventos Geotécnicos
Ponto
Ocorrência X Y Ocorrência Observados
E48 344 658150 7745604
E49 345 658395 7745775
E50 346 659271 7744980 17/06/1991
E51 347 659166 7745006 02/01/1997
Presença de água, caracterizado
devido a presença de vegetação
349 659072 7745029 02/01/1997
típica como Bananeiras e
E52 Mariazinhas.
Presença de água, caracterizado
pela existência de vegetação
353 659042 7745042 21/11/1996 característica como Bananeiras
e Mariazinhas. Demais datas de
E53 ocorrência: 28/11/89, 02/01/97.
E54 351 659015 7745021 11/12/1989 Presença de Bananeiras
E55 354 658786 7745061 13/12/1989 Presença de Entulho, lixo.
E56 355 658439 7745089
Existência de indicativos de
356 658477 7745078 14/12/1989 movimento, árvores tombadas, e
E57 de presença de água, bananeiras.
E58 357 658392 7745138
Demais datas de Ocorrência:
359 658420 7745103 15/12/1995
E59 29/12/94
E60 367 658369 7745162 23/01/1992
E61 365 658385 7745169
E62 364 658299 7745179
E63 363 658152 7745063 02/04/1998
E64 361 658194 7745045 17/12/1996
Antes da Construção da
canaleta, existiam problemas
constantes. Entre a rua e a
360 658198 7745052 Rodovia, ainda ocorrem
problemas devido a falta de
bueiros. Os cortes realizados na
E65 Rodovia prejudicaram a rua.
Foi encontrada uma mina nos
fundos da Residência, cujo salão
possui grandes dimensões
(alguns lugares com até 6m de
369 656975 7745280
altura). Uma grande quantidade
de água escoa pela mina.
Observa-se partes do teto
E66 desmoronados.
Observa-se um movimento de
massa no terreno, caracterizado
372 657369 7745377 23/01/1992 por árvores inclinadas. Demais
datas de ocorrência: 26/12/95,
E67 31/01/91, 24/01/92.
A casa foi construída dentro de
374 657460 7745396 uma drenagem superficial (na
E68 beira de um Córrego).
E69 375 657571 7745416 24/10/1989
I-3
Continuação da Tabela Anexo I – Lista das Ocorrências Mapeadas
Código da Coordenada Coordenada Data da Eventos Geotécnicos
Ponto
Ocorrência X Y Ocorrência Observados
E70 377 657164 7745241
E71 376 657642 7745430
E72 378 658142 7745655
E73 379 658251 774386
E74 380 658226 7745420
Ponto caracterizado por três
minas subterrâneas, uma delas
de enomes proporções (3 de
381 658229 7745507
largura e 5 profundidade),
contendo um grande volume de
E75 água.
Não foi possível descrever a
383 658018 7745440 15/01/1992
E76 natureza do evento.
Subsidência de uma Mina
382 658051 7745441
E77 Subterrânea.
E78 384 658171 7745421
E79 385 657204 7745389 25/11/1992
E80 397 657824 7745053
E81 400 658141 7745115
E82 401 658124 7745092
E83 402 658110 7745073 22/11/1996
Foi construído um muro sem
403 658106 7745084 23/01/1992 drenos para conter os
E84 escorregamentos.
E85 404 658091 7745092 29/10/1989
E86 405 658146 7745118
E87 406 657980 7745167 15/01/1991
E88 407 658176 7745294
E89 399 657819 7745169
E90 398 657887 7745138 27/12/1995 04/03/1997
E91 390 657876 7745182 10/01/1992
E92 395 657969 7745176 21/11/1996 Datas: 19/11/1996 e 27/02/1996
E93 394 658049 7745302
Demais datas de ocorrência:
392 658042 7745279 26/10/1989
E94 29/11/89.
E95 389 656592 7745351
E96 408 658102 7745285 21/12/1995
Os moradores da região captam
água de uma fenda atrás da casa
388 657906 7745252 15/12/1995
41. Demais datas de ocorrência:
E97 27/08/97, 27/04/90.
E98 393 657443 7745286
E99 418 654889 7746086 03/01/1997
E100 417 654963 7746267 14/12/1989
E101 416 655152 7746060 16/01/1997
E102 415 655474 7745939 17/01/1991
E103 414 655474 7745939 16/01/1997
I-4
Continuação da Tabela Anexo I – Lista das Ocorrências Mapeadas
Código da Coordenada Coordenada Data da Eventos Geotécnicos
Ponto
Ocorrência X Y Ocorrência Observados
E104 413 655656 7746072 03/01/1997
E105 411 655859 7745788 14/01/1997
E106 410 655680 7746104 24/01/1992
E107 409 655723 7746202 01/04/1997
E108 426 654985 7746023 12/05/1996 05/01/1997 e 30/01/1997.
E109 424 655575 7745873 16/01/1997
E110 423 655666 7746095
E111 422 655720 7746228
E112 421 655792 7746236
E113 420 655749 7746167
E114 419 655313 7745825 16/02/1998
E115 412 655883 7745872 24/01/1992
E116 425 655646 7745842 09/03/1998
E117 427 654888 7746422
E118 428 654876 7746299
E119 490 654641 7746405 28/12/1995
E120 430 655591 7746076 14/01/1991
E121 432 655165 7746048
E122 431 654944 7746073
E123 433 654776 7746010 02/01/1997
E124 434 654913 7746308 14/12/1995
E125 435 654943 7746281 02/01/2000 09/01/2000.
Observa-se árvores inclinadas
436 655043 7746162 05/01/1997
E126 no terreno.
E127 438 654943 7746073 03/01/1997
E128 439 654813 7746044 20/01/1992
Presença de bananeiras e
440 654787 7746048 02/01/1997
E129 mamonas.
Existem bananeiras no lote 194-
441 654862 7746114 31/10/1989
E130 B.
Existência de afloramento de
442 654824 7746425 24/01/1992 água e árvores inclinadas. O
E131 esgoto é lançado encosta abaixo.
Terreno totalmente construído,
443 654819 7746316 20/12/1988 impossibilitando a determinação
E132 da litologia.
Movimento de massa
444 654939 7746026 27/12/1995 evidenciado por tronco de
E133 árvores tombados.
A casa localiza-se em uma área
445 654907 7746142 05/01/1997
E134 de drenagem.
E135 446 655614 7746014
E136 447 655558 7745923 04/06/1993
A voçoroca recebe um elevado
448 6574444 7743883 fluxo de água, que desemboca
E137 em sulcos nas rochas a jusante.
E138 449 657614 7744450 21/11/1996
I-5
Continuação da Tabela Anexo I – Lista das Ocorrências Mapeadas
Código da Coordenada Coordenada Data da Eventos Geotécnicos
Ponto
Ocorrência X Y Ocorrência Observados
Presença de ávores incinadas e
451 657651 7744433 26/12/1995
E139 bananeiras.
E140 452 657634 7744394 02/01/1997
E141 453 657537 7744482 21/11/1996
E142 454 657587 7744501 09/01/1997
E143 456 657592 7744529 22/01/1997
E144 457 657542 7744552 23/01/1992
E145 458 657282 7744758 02/02/1997
Demais ocorrências:
459 657315 774478 26/12/1995
E146 13/12/1989.
Demais ocorrências:
460 657383 7744653 23/01/1992
E147 08/01/1997.
E148 461 657425 7744604 08/01/1997
E149 462 657464 7744573 14/12/1995
E150 463 657449 7744537 08/01/1997
E151 464 657387 7744571 17/01/1991
E152 465 657406 7744512
Demais ocorrências:
466 657520 7744590 15/12/1995 10/01/1992, 23/01/1992,
E153 15/01/1991.
E154 467 657561 7744568 20/01/1992
E155 468 657587 7744582 16/12/1989
E156 469 657493 7744672 03/01/1997
E157 470 657685 7744373 18/01/1991
Abatimento do aterro de entrada
471 657992 7744025
E158 e saída da ponte.
E159 472 657224 7744429
E160 473 657213 7744299
E161 474 657699 7744174
E162 476 656793 7745133 02/02/1992
E163 477 656779 7744987 24/02/1997
E164 478 656524 7745289 23/01/2000
E165 479 656556 7745268 27/12/1995
E166 480 656524 7745245 02/02/1992
E167 481 656466 7745143 04/08/1993
E168 482 656438 7745218 28/02/1995
E169 483 656401 7744889 28/01/2000
E170 484 656996 7745075 21/11/1996
E171 485 656938 7744641 15/12/1995
E172 486 657062 7744992
E173 489 656826 7744727 09/04/1997
E174 488 656760 7745152 07/11/1989
E175 491 656921 7744950 22/01/1991 Presença de lixo, entulho.
E176 492 657288 7744624 10/02/1997
E177 493 656878 7745176 17/01/1991
I-6
Continuação da Tabela Anexo I – Lista das Ocorrências Mapeadas
Código da Coordenada Coordenada Data da Eventos Geotécnicos
Ponto
Ocorrência X Y Ocorrência Observados
E178 494 656772 7745224 21/04/1997
E179 496 655700 7744810
E180 500 658754 7745085
E181 499 659250 7744965
E182 498 659239 7745017
E183 497 658307 7745048
E184 507 658210 7745008
Presença de grande sulco onde
506 658865 7745102
E185 toda a água pluvial escoa.
E186 505 658259 7745027
E187 503 659247 7744988
E188 502 658942 7745098
Observou-se que há junto ao
maciço dois blocos de canga,
501 658223 7745133
aproximadamente 2m de
E189 diâmetro, descalçados na base.
E190 508 657739 7744286 17/01/1991
E191 509 657754 7744453 27/12/1995
Bota-fora sendo formado
510 657234 7744228
E192 encosta abaixo.
Demais ocorrências: Casa 265:
511 655303 7745083 06/01/1997 08/02/1995. Casa 272:
E193 28/10/1993.
Presença de árvores inclinadas.
512 655590 7744957 10/01/1997 Demais ocorrências:
E194 05/10/1993.
Segundo moradora o muro da
513 655519 7745480 25/01/1992 rua está suspenso, causando
E195 preocupações aos moradores.
Árvores inclinadas e bananeiras
ao longo do terreno. Segundo a
propriétaria existe uma falha,
devido a uma galeria de água,
514 655678 7745390 08/01/1997 perpendicular ao sentido da rua,
que volta e meia funcionários da
prefeitura preenchem com
pedras e areia, reconstruindo a
E196 rua.
E197 515 655038 7745317 07/01/1997
E198 516 655089 7745309 06/01/1997
E199 517 655127 7745329 23/01/1992
As casas se encontram em uma
área de drenagem, onde observa-
519 655110 7745532 07/01/1997
se árvores tombadas, indicando
E200 um movimento de massa.
E201 520 655156 7745316 06/01/1997 Presença de árvores inclinadas.
As árvores encontram-se
inclinadas, indicando um
521 655089 7745347 07/01/1997 movimento de massa no terreno.
Presença de muito lixo e
E202 entulho.
I-7
Continuação da Tabela Anexo I – Lista das Ocorrências Mapeadas
Código da Coordenada Coordenada Data da Eventos Geotécnicos
Ponto
Ocorrência X Y Ocorrência Observados
Trata-se de uma área de
drenagem, onde o corrégo
encontra-se assoreado. No
523 654338 7745796 terreno observa-se movimento
de massa indicado pelos platores
formados na encosta. Presença
E203 de muito lixo e entulho.
E204 524 657620 7745288 06/02/1992
E205 525 657429 7745357
E206 526 657337 7445216 13/11/1990
E207 522 658197 7745109
E208 527 655512 7745479 28/01/2000
Aterro mal compactado,
528 654999 7745624 causando o tombamento do
E209 muro.
Observa-se que existe
movimento de massa no terreno
acima da casa, pois as árvores
encontram-se inclinadas. O solo
529 655556 7745752 21/01/1992 sobre o quartzito está descendo
até próximo ao muro de arrimo
construído no fundo da casa.
Demais datas de ocorrência:
E210 Casa 288: 15/07/1991.
E211 530 655172 7745571 03/01/1997 Existência de árvores inclinadas.
As árvores encontram-se
532 655974 7744927 14/12/1995 inclinadas, indicando um
E212 movimento de massa.
Presença de bananeiras na divisa
533 656035 7745030 14/12/1989
E213 do lote acima com a casa 506.
Presença de uma mina de água
534 656239 7745517 14/12/1989
E214 subterrânea.
E215 535 655167 7745915
Existência de árvores tombadas
536 656339 7744207
E216 e muito lixo e entulho.
E217 537 656360 7744328
Presença de muito lixo, entulho.
538 656358 7744362 01/05/1993 Demais ocorrências:
E218 14/01/1991.
Demais ocorrências: Casa nº
539 656370 7744425 19/01/1991 252, Rua Amarantina, em
E219 14011997.
Demais ocorrências: 30/01/1997
540 656388 7744301 04/02/1997
E220 e 05/01/1997.
E221 541 656334 7744337 13/01/1997 Presença de árvores inclinadas.
Demais ocorrências: 18/01/1991
542 656264 7744580 02/12/1993
E222 e 29/01/1991.
E223 543 656612 7744351 20/01/1998
Demais ocorrências:
545 656688 7744302 02/01/1997 26/12/1995, 24/11/1996,
E224 23/01/1992, 14/12/1995.
E225 546 656520 7744387
I-8
Continuação da Tabela Anexo I – Lista das Ocorrências Mapeadas
Código da Coordenada Coordenada Data da Eventos Geotécnicos
Ponto
Ocorrência X Y Ocorrência Observados
E226 548 656404 7744412 04/01/1997
Erosão causada pela força da
547 656417 7744584 02/01/1997 água do rio. Demais
E227 ocorrências: 13/03/1996.
E228 549 656584 7744298 05/01/1997
Parte da água coletada pela
drenagem pluvial da rua acima
550 655818 7744510 01/12/1993
(Curva do Vento) escoa para
E229 dentro do lote.
As margens do rio, lateral da
551 655684 7744561 30/01/1997 casa, estão sendo erodidas pela
E230 força das águas do rio.
O solo localizado na frente e
552 655732 7744564 lateral da casa está sendo
E231 erodido pela água do rio.
E232 553 656243 7744286 12/03/1989
E233 556 656271 7744313 15/01/1991
E234 557 657449 7744973 25/04/1991
E235 558 657750 7744920 22/01/1997
E236 559 659191 7745008
E237 560 659053 7745015
E238 561 658160 7745050
E239 564 653534 7742494 04/01/1997
E240 565 653486 7742593 04/01/1997
E241 566 653686 7742587 30/12/1996
E242 567 653635 7742632 06/01/1997
E243 568 653794 7742527 26/12/1995
E244 569 65437 7743020 05/01/1997
E245 570 654747 7742845 01/02/1997
E246 571 654766 7744156
Demais ocorrências:
572 65616 7743003 04/01/1998 04/01/1998, 02/01/1997,
E247 24/01/1997.
E248 573 657464 7743082 29/03/1997
E249 574 656297 7743197 19/01/1998
Demais ocorrências:
02/01/1997, 24/01/1992,
563 655688 7742982 03/01/1997
26/12/1995, todas tendo
E250 ocorrido na casa de número 464.
E251 562 6566426 7743378 20/12/1996
E252 576 656622 7745331 20/01/1997
E253 577 657024 7745025
E254 575 657364 7745417
I-9
Figura I –Planilha de Campo devidamente preenchida para o ponto E1
I-10
Ficha de Campo - Vistoria Técnica
Zoneamento NumeroPonto CoordenadaX CoordenadaY Data
AGL 01 655512,093 7745479,093 10/02/2000
Local
Talude de Corte
Rua Numero
Rua Professor de Paula Ribas 44
Complemento
Fundos
Data Ocorrência
Natureza e Descrição de Evento Geotécnico 28/01/2000
Natureza Dimensão
Escorregamento Rotacional Erosão Superficial Superficial (<2,0m)
Escorregamento Translacional Ravinas e Voçorocas
Média (>2,0m e <10,0m
Queda e/ou Rolamento de Blocos Inundação Assoreamento
Escoamentos (Rastejos e Corridas) Processo Complexo Profunda (>10,0m)
Litologia
Mistura (Colúvio) disposto sobre quartzito friável.
Danos Associados
Obstrução da via pública / Danos a residência
Avaliação de Riscos
Existe Risco Potencial de Perda de Vida Humana Estimativa de Perdas de Vidas
0
Existe Risco Potencial de Perda de Danos Construtivos Moradias Envolvidas
Existe Risco Potencial de Perda de Infraestrutura Urbana 1
Existe Risco Ambiental
Probabilidade de Danos Ocasionais
Probabilidade Remota de Danos
II-1
Mapa de Declividades da Cidade de Ouro Preto/MG
II-2
7747000
7747000
653000 653500 654000 654500 655000 655500 656000 656500 657000 657500 658000 658500 659000 659500
MAPA DE DECLIVIDADES
DA CIDADE DE
PARQUE DA CACHOEIRA
CAMPO GRANDE DE VILA RICA
OURO PRETO/MG
DAS ANDORINHAS
JARDIM HORTO-BOTÂNICO
7746500
7746500
SÃO
CRISTOVÃO
µ
7746000
7746000
SÃO
FRANCISCO
MORRO SANTANA
VILA
PEREIRA ÁGUA
LIMPA
PASSA DEZ
DE BAIXO CABEÇAS
MORRO DA
QUEIMADA
LEGENDA
7745500
7745500
Classes de Declividades
0 - 10 %
PIEDADE
ROSÁRIO 10 - 20 %
CENTRO
ANTÔNIO
DIAS 20 - 40 %
NOSSA SENHORA
DE LOURDES ALTO
DA CRUZ
40 - 60 %
7745000
7745000
JARDIM
ALVORADA
VILA
SÃO JOSÉ
60 - 100 %
TAQUARAL
PILAR
>100 %
PADRE
FARIA
CONVENÇÕES
BARRA
Perímetro Urbano
7744500
7744500
DORES
VILA
Limite dos Bairros
APARECIDA
Construções
VITORINO
MORRO DO CRUZEIRO
DIAS
7744000
7744000
SANTA CRUZ
NOVELIS BAIRRO
DA LAGOA
7743500
7743500
Fonte: FONTES, M.M.M, CONTRIBUIÇÃO PARA O
DESENVOLVIMENTO DA METODOLOGIA DE ANÁLISE,
VILA STA. ISABEL
VILA ITACOLOMY GESTÃO E CONTROLE DE RISCOS GEOTÉCNICOS
PARA A ÁREA URBANA DA CIDADE DE
POCINHO OURO PRETO, 2011
VILA DOS
ENGENHEIROS
7743000
7743000
SARAMENHA
NOVO HORIZONTE
SARAMENHA
DE CIMA
NOSSA SENHORA
DO CARMO
7742500
7742500
LAGOA TAVARES
653000 653500 654000 654500 655000 655500 656000 656500 657000 657500 658000 658500 659000 659500
Projeção: UTM
Datum Horizontal: SAD 1969, Zona 23S
Ouro Preto, 2011
Mapa de Forma das Vertentes para a Cidade de Ouro Preto/MG
II-4
7747000
7747000
653000 653500 654000 654500 655000 655500 656000 656500 657000 657500 658000 658500 659000 659500
7746500
SÃO
CRISTOVÃO
µ
7746000
7746000
SÃO
FRANCISCO
MORRO SANTANA
VILA
PEREIRA ÁGUA
LIMPA
PASSA DEZ
MORRO DA
DE BAIXO CABEÇAS
QUEIMADA
7745500
7745500
PIEDADE
ROSÁRIO LEGENDA
CENTRO
ANTÔNIO
DIAS
Classes de Curvatura
NOSSA SENHORA
DE LOURDES ALTO
DA CRUZ
Convexa
7745000
7745000
JARDIM
ALVORADA
VILA
SÃO JOSÉ
Côncava
TAQUARAL
PILAR
Retílinea
PADRE
FARIA
CONVENÇÕES
BARRA
Perímetro Urbano
7744500
7744500
DORES
VILA
Limite dos Bairros
APARECIDA
Construções
VITORINO
MORRO DO CRUZEIRO
DIAS
7744000
7744000
SANTA CRUZ
NOVELIS BAIRRO
DA LAGOA
7743500
7743500
Fonte: FONTES, M.M.M, CONTRIBUIÇÃO PARA O
DESENVOLVIMENTO DA METODOLOGIA DE ANÁLISE,
VILA STA. ISABEL
VILA ITACOLOMY GESTÃO E CONTROLE DE RISCOS GEOTÉCNICOS
PARA A ÁREA URBANA DA CIDADE DE
POCINHO OURO PRETO, 2011
VILA DOS
ENGENHEIROS
7743000
7743000
SARAMENHA
NOVO HORIZONTE
SARAMENHA
DE CIMA
NOSSA SENHORA
DO CARMO
7742500
7742500
LAGOA TAVARES
653000 653500 654000 654500 655000 655500 656000 656500 657000 657500 658000 658500 659000 659500
Projeção: UTM
Datum Horizontal: SAD 1969, Zona 23S
Ouro Preto, 2011
Mapa Geológico da Cidade de Ouro Preto/MG
II-6
7747000 653000 653500 654000 654500 655000 655500 656000 656500 657000 657500 658000 658500 659000 659500
7747000
MAPA GEOLÓGICO DA
CIDADE DE OURO PRETO/MG
7746500
7746500
µ
7746000
7746000
CONVENÇÕES
7745500
7745500
Perímetro Urbano
os Direção e mergulho das camadas
Direção e mergulho de camadas invertidas
}» Direção e mergulho das camadas, determinados por foto-interpretação
Acamamento com foliação sub-paralela
v
¹ Direção de camadas verticais
Foliação com mergulho medido
¦ Foliação com mergulho medido, fase 2
³
µ Direção e mergulho de xistosidade
Direção de xistosidade vertical
ÜÜ
Direção e caimento de lineação
7745000
7745000
58 Lineação de estiramento ou mineral
Construções
7744500
7744500
7744000
7744000
Fonte: LOBATO ET AL. PROJETO GEOLOGIA DO
7743500
7743500
QUADRILÁTERO FERRÍFERO - INTEGRAÇÃO E
CORREÇÃO CARTOGRÁFICA EM SIG COM NOTA
EXPLICATIVA, 2005.
7743000
7743000
7742500
7742500
653000 653500 654000 654500 655000 655500 656000 656500 657000 657500 658000 658500 659000 659500
Projeção: UTM
Datum Horizontal: SAD 1969, Zona 23S
Ouro Preto, 2011
Mapa Hipsométrico da Cidade de Ouro Preto/MG
II-8
7747000
7747000
653000 653500 654000 654500 655000 655500 656000 656500 657000 657500 658000 658500 659000 659500
MAPA HIPSOMÉTRICO DA
CIDADE DE OURO PRETO/MG
CAMPO GRANDE DE VILA RICA
PARQUE DA CACHOEIRA
DAS ANDORINHAS
JARDIM HORTO-BOTÂNICO
7746500
7746500
SÃO
CRISTOVÃO
µ
7746000
7746000
SÃO
FRANCISCO
MORRO SANTANA
VILA
PEREIRA ÁGUA
LIMPA
PASSA DEZ
MORRO DA
DE BAIXO CABEÇAS
QUEIMADA
7745500
7745500
PIEDADE
ROSÁRIO
CENTRO
ANTÔNIO
NOSSA SENHORA
DE LOURDES
DIAS
ALTO
CONVENÇÕES
DA CRUZ
7745000
7745000
Perímetro Urbano
JARDIM VILA
ALVORADA SÃO JOSÉ
PILAR
TAQUARAL Limite dos Bairros
PADRE
FARIA Construções
BARRA
7744500
7744500
DORES
VILA
APARECIDA
VITORINO
MORRO DO CRUZEIRO
DIAS
7744000
7744000
SANTA CRUZ
NOVELIS BAIRRO
DA LAGOA
7743500
7743500
Fonte: FONTES, M.M.M, CONTRIBUIÇÃO PARA O
DESENVOLVIMENTO DA METODOLOGIA DE ANÁLISE,
VILA STA. ISABEL
VILA ITACOLOMY GESTÃO E CONTROLE DE RISCOS GEOTÉCNICOS
PARA A ÁREA URBANA DA CIDADE DE
POCINHO OURO PRETO, 2011
VILA DOS
ENGENHEIROS
7743000
7743000
SARAMENHA
NOVO HORIZONTE
SARAMENHA
DE CIMA
NOSSA SENHORA
DO CARMO
7742500
7742500
LAGOA TAVARES
653000 653500 654000 654500 655000 655500 656000 656500 657000 657500 658000 658500 659000 659500
Projeção: UTM
Datum Horizontal: SAD 1969, Zona 23S
Ouro Preto, 2011
30
50
70
90
0
01
03
05
07
09
11
13
15
17
19
21
23
25
27
29
31
33
35
37
39
41
43
45
47
49
51
-9
-9
-9
-9
-1
-1
-1
-1
-1
-1
-1
-1
-1
-1
-1
-1
-1
-1
-1
-1
-1
-1
-1
-1
-1
-1
-1
-1
-1
-1
0
90
10
0
91
93
95
97
10
30
50
70
90
10
30
50
70
90
10
30
50
70
90
10
30
50
70
90
3
7
99
10
11
11
11
11
10
10
10
10
11
12
12
12
12
12
13
13
13
13
13
14
14
14
14
14
Mapa de Uso e Ocupação da Cidade de Ouro Preto/MG
II-10
7747000
7747000
653000 653500 654000 654500 655000 655500 656000 656500 657000 657500 658000 658500 659000 659500
7746500
SÃO
CRISTOVÃO
µ
7746000
7746000
SÃO
FRANCISCO
MORRO SANTANA
VILA
PEREIRA ÁGUA
LIMPA
PASSA DEZ
MORRO DA
DE BAIXO CABEÇAS
QUEIMADA
7745500
7745500
PIEDADE
ROSÁRIO
CENTRO
ANTÔNIO
NOSSA SENHORA
DE LOURDES
DIAS
ALTO
CONVENÇÕES
DA CRUZ
7745000
7745000
Perímetro Urbano
JARDIM VILA
ALVORADA SÃO JOSÉ
PILAR
TAQUARAL Limite dos Bairros
PADRE
FARIA Construções
BARRA
7744500
7744500
DORES
VILA
APARECIDA
VITORINO
MORRO DO CRUZEIRO
DIAS
7744000
7744000
SANTA CRUZ
NOVELIS BAIRRO
DA LAGOA
7743500
7743500
Fonte: FONTES, M.M.M, CONTRIBUIÇÃO PARA O
DESENVOLVIMENTO DA METODOLOGIA DE ANÁLISE,
VILA STA. ISABEL
VILA ITACOLOMY GESTÃO E CONTROLE DE RISCOS GEOTÉCNICOS
PARA A ÁREA URBANA DA CIDADE DE
POCINHO OURO PRETO, 2011
VILA DOS
ENGENHEIROS
7743000
7743000
SARAMENHA
NOVO HORIZONTE
SARAMENHA
DE CIMA
NOSSA SENHORA
DO CARMO
7742500
7742500
LAGOA TAVARES
653000 653500 654000 654500 655000 655500 656000 656500 657000 657500 658000 658500 659000 659500
LEGENDA
Ocupação Planejada - Alto Padrão Construtivo 0 125 250 500 750 1.000
Metros
Planejado/Espontâneo - Médio padrão Construtivo
Projeção: UTM
Espontâneo com Baixo Padrão Construtivo e Áreas de lavra já abandonadas Datum Horizontal: SAD 1969, Zona 23S
Áreas Industriais e Comerciais Ouro Preto, 2011
II-12
Mapa de Suscetibilidade a Escorregamentos da Cidade de Ouro Preto/MG
II-14
7747000
7747000
653000 653500 654000 654500 655000 655500 656000 656500 657000 657500 658000 658500 659000 659500
MAPA DE SUSCETIBILIDADE
A ESCORREGAMENTOS PARA
PARQUE DA CACHOEIRA
CAMPO GRANDE DE VILA RICA
A CIDADE DE OURO PRETO/MG
DAS ANDORINHAS
JARDIM HORTO-BOTÂNICO
7746500
7746500
SÃO
CRISTOVÃO
µ
7746000
7746000
SÃO
FRANCISCO
MORRO SANTANA
VILA
PEREIRA ÁGUA
LIMPA
PASSA DEZ
MORRO DA
DE BAIXO CABEÇAS
QUEIMADA
LEGENDA
7745500
7745500
Classes de Suscetibilidade
PIEDADE Baixa
ROSÁRIO
CENTRO
Média
ANTÔNIO
DIAS
NOSSA SENHORA
DE LOURDES ALTO
DA CRUZ
Alta
7745000
7745000
Muito Alta
JARDIM VILA
ALVORADA SÃO JOSÉ
TAQUARAL
PILAR
PADRE
FARIA
CONVENÇÕES
BARRA
Perímetro Urbano
7744500
7744500
DORES
Construções
VITORINO
MORRO DO CRUZEIRO
DIAS
7744000
7744000
SANTA CRUZ
NOVELIS BAIRRO
DA LAGOA
7743500
7743500
Fonte: FONTES, M.M.M, CONTRIBUIÇÃO PARA O
DESENVOLVIMENTO DA METODOLOGIA DE ANÁLISE,
VILA STA. ISABEL
VILA ITACOLOMY GESTÃO E CONTROLE DE RISCOS GEOTÉCNICOS
PARA A ÁREA URBANA DA CIDADE DE
POCINHO OURO PRETO, 2011
VILA DOS
ENGENHEIROS
7743000
7743000
SARAMENHA
NOVO HORIZONTE
SARAMENHA
DE CIMA
NOSSA SENHORA
DO CARMO
7742500
7742500
LAGOA TAVARES
653000 653500 654000 654500 655000 655500 656000 656500 657000 657500 658000 658500 659000 659500
Projeção: UTM
Datum Horizontal: SAD 1969, Zona 23S
Ouro Preto, 2011
Mapa de Perigo a Escorregamentos da Cidade de Ouro Preto/MG
II-16
7747000
7747000
653000 653500 654000 654500 655000 655500 656000 656500 657000 657500 658000 658500 659000 659500
MAPA DE PERIGO
A ESCORREGAMENTOS PARA
PARQUE DA CACHOEIRA
CAMPO GRANDE DE VILA RICA
A CIDADE DE OURO PRETO/MG
DAS ANDORINHAS
JARDIM HORTO-BOTÂNICO
7746500
7746500
SÃO
CRISTOVÃO
µ
7746000
7746000
SÃO
FRANCISCO
MORRO SANTANA
VILA
PEREIRA ÁGUA
LIMPA
PASSA DEZ
MORRO DA
DE BAIXO CABEÇAS
QUEIMADA
LEGENDA
7745500
7745500
Classes de Perigo
PIEDADE Baixo
ROSÁRIO
CENTRO
Moderado
ANTÔNIO
DIAS
NOSSA SENHORA
DE LOURDES ALTO
DA CRUZ
Alto
7745000
7745000
Muito Alto
JARDIM VILA
ALVORADA SÃO JOSÉ
TAQUARAL
PILAR
PADRE
FARIA
CONVENÇÕES
BARRA
Perímetro Urbano
7744500
7744500
DORES
Construções
VITORINO
MORRO DO CRUZEIRO
DIAS
7744000
7744000
SANTA CRUZ
NOVELIS BAIRRO
DA LAGOA
7743500
7743500
Fonte: FONTES, M.M.M, CONTRIBUIÇÃO PARA O
DESENVOLVIMENTO DA METODOLOGIA DE ANÁLISE,
VILA STA. ISABEL
VILA ITACOLOMY GESTÃO E CONTROLE DE RISCOS GEOTÉCNICOS
PARA A ÁREA URBANA DA CIDADE DE
POCINHO OURO PRETO, 2011
VILA DOS
ENGENHEIROS
7743000
7743000
SARAMENHA
NOVO HORIZONTE
SARAMENHA
DE CIMA
NOSSA SENHORA
DO CARMO
7742500
7742500
LAGOA TAVARES
653000 653500 654000 654500 655000 655500 656000 656500 657000 657500 658000 658500 659000 659500
Projeção: UTM
Datum Horizontal: SAD 1969, Zona 23S
Ouro Preto, 2011
Mapa de Risco a Escorregamentos da Cidade de Ouro Preto/MG
II-18