Faculdade de Educação Metodologia do Ensino e Educação Comparada
EDF0292: Psicologia Histórico-Cultural e Educação
Ministrante responsável: Profa. Dra. Teresa Cristina Rebolho Rego de Moraes
Karen Cecilio Takahara Marcelino, nº USP 10328216
Reflexão individual apresentada à disciplina como forma de composição de nota.
No modo de produção capitalista, as relações sociais se estabelecem por meio do
trabalho, se para a psicologia histórico-cultural, como colocado por Vigotski, os processos humanos têm gênese nas relações sociais e devem ser compreendidos em seu caráter histórico-cultural, de mesmo modo que como o homem é produto e produtor da sociedade e de si próprio, não se pode deixar de fazer uma tentativa de relação entre os ciclos do capital e o psiquismo humano. Como colocado por Eidt (2010): A sociedade é constituída de relações materiais entre os homens, que se estabelecem principalmente por meio do trabalho. Essas relações são históricas e não podem ser compreendidas fora de seu próprio movimento, que é contraditório. Isso requer que se conheçam suas múltiplas determinações para se aproximar cada vez mais de sua essência e compreendê-la em sua totalidade (Silva, 2004). Se o psiquismo humano é produto da atividade social dos homens, para conhecê-lo é necessário conhecer a totalidade no qual ele está inserido, ou seja, a sociedade. (p. 129) Desta forma, a partir da Escola de Vigotski ao abrir uma nova perspectiva para a compreensão do psiquismo, ao introduzir a categoria de atividade, que permite ver o homem dialeticamente, podemos tentar compreender como o sitema financeiro, ou seja, como o capitalismo financeiro molda a psique humana e como o homem mantém o sistema vigente. É possível a observação que a partir do capitalismo financeiro, sobretudo, com o uso da internet, vem gerando uma sociedade imediatista, ocorrendo assim uma mudança nos próprio comportamento do homem, "e se concebemos que nos indivíduos estão consubstanciadas as características humanas comuns a cada época histórica, como mostra a psicologia histórico-cultural, entende-se que os transtornos mentais e de comportamento, entre eles o TDAH, precisam ser analisados em suas múltiplas determinações, uma vez que expressam as contradições da sociedade atual" (Eidt, 2011, p. 142). Colocado isso, impressiona o fato de que a venda de ritalina no Brasil tem um aumento de 775% de 2004 à 2014, e ocupa o segundo lugar de maior consumidor do produto no mundo em 2018. Tal qual Eidt (2011) explica: é necessário restabelecer a relação dialética existente entre indivíduo e sociedade, mente e corpo, que possibilita ver que o capi- talismo, para manter sua dinâmica e pujança, exige dos indivíduos não só o consumo de produtos em grandes quantidades [como, neste caso, os medicamentos], que são substituídos também rapidamente por outros. E que, nesse processo de produção acelerada, produzem-se também, na mesma velocidade, comportamentos humanos que são enfocados na mesma ótica do descartável. (p. 142) Diante disso, não é exclusivo do ser humano adulto ter e ser influenciado pelo sistema capitalista, as crianças também podem ter dificuldades no controle da atenção e/ou no domínio consciente da conduta, no entanto como tal questaao deve ser analisado "partir das funções psicológicas superiores, especificamente humanas, que se desenvolvem pela apropriação da cultura humana" (EIDT, 2011, p. 138). Quanto à criança o educador, isto é, o mediador entre o conteúdo cultural de uma sociedade e o aluno, possui uma função no desenvolvimento da criança, a educacao escolar, por sua vez, "contribui para o desenvolvimento do autodomínio do comportamento na criança, uma vez que, na atividade do estudante, a finalidade de cada ação (estudar para as provas, fazer tarefa de casa) mantém relação com o objetivo da atividade, que é sua própria humanização" (EIDT, 2011, p. 140). Desta forma, o modo de produção capitalista que bombardeia crianças e adultos com informações e pede reações imediatas tem um impacto na psique humana.
Bibliografia
Texto 17: MOYSÉS, M. A. A.; COLLARES, C. A. L. Controle e medicalização da infância,
Desidades, no. 1. Ano 1. Dez. 2013 p. 11-21. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/desi/v1/n1a02.pdf
Texto 18: EIDT, Nadia; TULESKI, Silvana. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade
e psicologia histórico-cultural. Cad. Pesqui. [online]. 2010, vol.40, n.139, pp. 121-146. ISSN 0100-1574. Disponível em https://www.scielo.br/pdf/cp/v40n139/v40n139a07.pdf Assistir: Nau dos Insensatos 3 – Medicalização e patologização da educação https://www.youtube.com/watch?v=aA9IwCHSYE8