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Universidade de São Paulo

Faculdade de Educação
Metodologia do Ensino e Educação Comparada

EDF0292: Psicologia Histórico-Cultural e Educação


Ministrante responsável: Profa. Dra. Teresa Cristina Rebolho Rego de Moraes

Karen Cecilio Takahara Marcelino, nº USP 10328216

Reflexão individual apresentada à disciplina como forma de composição de nota.

De início Yves de La Taille indica que estamos vivendo a pós-modernidade, dentro de


uma cultura da vaidade e do consumo. Tecendo comentários a respeito da palestra, tenho uma
principal divergência, esta, relacionada a um debate acadêmico sobre qual período histórico
hoje estamos vivendo: modernidade ou pós-modernidade. Com base nos estudos geográficos
e a partir do método científico do materialismo dialético, tendo a aproximar-se dos
pesquisadores que afirmam que estamos na modernidade.
No entanto, quando Taille diz que existe e vivemos em uma cultura da vaidade e do
consumo, já não possuo discordâncias, uma vez que é notória a semelhança com um método
materialista-dialético. A relação de proximidade ocorre em um mesmo sentido, por exemplo,
quando Taille inicia sua explicação perguntando "qual tipo de pessoa inspira os desejos das
maiorias das pessoas?" e a responde dizendo que esta pessoa é, por uma definição da
sociedade, "vencedor", em outras palavras faz um entrave do que são as relações sociais de
produção, ou seja, o vencedor é aquele que não apenas é rico, mas é o que a partir de uma
ideologia controla e faz a manutenção do sistema de produção capitalista.
Desta forma, podemos dizer que produção e consumo são dois pólos de uma relação
complexa e, em linhas gerais, dialética, no sentido de que para Marx é a produção que cria o
consumo, mas o consumo não existe sem a produção. Estar em uma "cultura do consumo",
como pensado por Taille, seria também dizer que hoje estamos dentro de um sistema de
produção, uma vez que o produto somente torna-se produto na acepção precisa do termo no
momento do consumo e tal consumo cria a necessidade de uma nova produção.
Assim, podemos afirmar que os conceitos de cultura e ideologia são articulados,
utilizados na elaboração das propagandas televisivas e nas propagandas virtuais, de tal forma
que os valores culturais de uma sociedade são modelados pela ideologia, assim, tornando as
propagandas um importante vetor do capitalista na divulgação das mercadorias e
consequentemente na venda desses produtos, para o consumo e para a fetichização da
mercadoria.
De acordo com a primeira geração da Escola de Frankfurt, Adorno e Horkheimer
(1985) colocam que toda cultura de massas é idêntica quando advinda do monopólio. Assim,
com o debate central colocado e o poder absoluto do capital, as unidades giram em torno do
macrocosmo e do microcosmo colocados para o proletariado e o modelo de cultura. Dessa
forma, parte do debate de cinema, rádio e revistas constituído-se de um mesmo sistema -
coerente e conjunto, o qual passa e perpassa pela falsa identidade do universal e particular,
isto é, uma falsa identidade colocada sobretudo para a prole como culturas idênticas
fabricadas pela indústria cultural.
Esta falsa identidade tem como objetivo perpetuar o indivíduo como se ele fosse
independente, mas submetem-no ainda ao capital. Essa submissão derivada de uma luta de
classes adormecida em decorrência da fetichização da mercadoria, pensada nos termos de
Adorno e Horkheimer, moldam o lugar do proletariado no papel dentro do sistema, atendendo
aos interesses da indústria cultural dentro do liberalismo e do sistema capitalista de produção,
uma vez que o sistema da indústria cultural provém dos países industriais liberais, em que
neles são moldados. Sendo não apenas de modelagem e dominação dos proletários, mas uma
demonstração de força do poder que exercem na sociedade, sendo esta racionalidade a da
própria dominação, sendo ela o “caráter compulsivo da sociedade alienada de si mesma”. Esta
mesma indústria cultural revela-se justamente como a meta do liberalismo, ao qual se censura
a falta de estilo; um exemplo disto ocorre no documentário Criança, a alma do negócio, em
uma das suas breves entrevistas Taille faz o paralelo da diferença da necessidade de ter um
sapato para a necessidade de ter um sapato importado.
Entendendo a centralidade da indústria cultural, o produto cultural por sua vez também
tem o mesmo tom de importância perante ao capital, desta forma, podemos observar então
que a cultura cede espaço à ideologia, por exemplo, quando Taille menciona a ideia de
visibilidade social, isto é, a visibilidade social ocorrendo a partir de mercadorias, ou como
chama "cultura da vaidade". Esta relação torna-se mais complexa nos dias de hoje, tendo em
vista as redes sociais e suas propagandas pagas, bem como a forma de propagandear uma
determinada mercadoria através de, em suas palavras, um "vencedor". Este movimento
observado é potencializado ao atingir as crianças e adolescentes.

Bibliografia
11ª. Aula: Infância, cultura da vaidade e do consumo
Assistir os documentários:
a. Crianças a alma do negócio https://www.youtube.com/watch?v=ur9lIf4RaZ4
b. Mundo além do peso https://www.youtube.com/watch?v=8UGe5GiHCT4

Assistir a palestra com o prof. Yves de La Taille (Cultura da vaidade e consumo)


https://vimeo.com/14962560

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