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ENGENHEIRO COELHO - SP
2007
ENGENHEIRO COELHO - SP
2007
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Profª. Cecília Eller Rodrigues Nascimento - Orientadora
_________________________________________________________
Profª. Ms. Ana Maria de Moura Schäffer
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AGRADECIMENTOS
• A Deus por ter cuidado de nós durante estes quatro anos de luta e estudo, e nos
ajudar a desenvolver nossas faculdades mentais e espirituais. E pela oportunidade
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de estudarmos nesta instituição de ensino. E por nos dar força para realizar este
trabalho;
• A nossa orientadora Profª. Cecília Eller por ter aceitado a orientação deste
trabalho, e ter dedicado o seu tempo tão curto nos ajudando e dando as
orientações necessárias para a realização deste trabalho científico;
• A Profª. Ana Schäffer por ter nos incentivado com o tema e por aceitar a
participar da nossa banca e dedicar seu precioso tempo de doutorado, para avaliar
o nosso trabalho;
• Aos nossos familiares pelo apoio e paciência nos momentos de stress e
dificuldade que passamos, os conselhos dados e as viagens feitas da casa de uma
para outra. Obrigada sem o apoio de vocês não teríamos conseguido;
• As minhas companheiras de quarto (da Mônica) Suellen, Liege e Manu, vocês
são especiais para mim, obrigada mesmo, pelo apoio de vocês ao me ajudarem
quando eu mais precisei. Aos nossos corretores Liege e Danilo obrigado por
dedicar o tempo escasso de vocês para corrigem nossos capítulos e abstract;
• Enfim, a todos aqueles que nos apoiaram direta e indiretamente e nos ajudaram
a realizar este trabalho, MUITO OBRIGADA a todos.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
CAPÍTULOS
IV. CONCLUSÃO.................................................................................................35
LISTA DE SIGLAS
IP – Inglês Padrão
IVAA – Inglês Vernacular Afro-Americano
LC - Língua de Chegada
LP – Língua de Partida
NT- Nossa Tradução
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RESUMO
Este trabalho tem como objetivo analisar o léxico da língua de ebonics e sua equivalência no
Português na legendagem do filme 8 Mile: Rua das Ilusões. Cientes de que a tradução de
legendagem é regida por regras estabelecidas pelas agências de tradução, e das características
próprias da linguagem usada no trabalho audiovisual a ser legendado, consideramos também o
aspecto cultural, que é um fator importante na tradução de legenda, pois não concebemos a
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tradução dissociada da cultura. E essa precisa ser transmitida para o espectador, de modo que
ele entre em contato com a realidade da língua de partida. A metodologia incluiu uma
pesquisa bibliográfica a fim de levantar dados que nos auxiliaram no estudo, com o intuito de
descobrir quais as contribuições já feitas sobre o ebonics e suas características, bem como
elucidar questões referentes à tradução para legendas. Também procedemos a uma análise das
legendas do filme supra-mencionado, utilizando material audiovisual e dicionários on-line
como ferramentas de apoio para a mesma. É importante dispor o conhecimento do ebonics
para os profissionais da área de tradução, a fim de mostrar-lhes como os falantes dessa língua
atuam na sociedade, oferecendo, a partir de então, condições de reconhecer as marcas de sua
forte cultura. Levar os tradutores a traduzirem o ebonics para o português como uma língua
especial e não apenas como o português padrão, apresentar novos meios de tradução para a
essa língua, por meio do olhar sobre um trabalho já realizado, é a intenção de nossos esforços
com esse trabalho. Sua valia se estende desde uma tradução mais consciente das variáveis e,
portanto, mais fidedigna, até a contribuição para a preservação dessa variante lingüística.
Palavras-chave: Ebonics, legenda, tradução, equivalência, cultura.
ABSTRACT
This paper has aimed to analyze the Ebonics language lexicon and its equivalence into
Portuguese in the subtitles of the movie 8 Mile’s. Knowing that the translation of subtitles
has guidelines and rules established by translation agencies, and considering the peculiar
characteristics of the language used at the audiovisual work which is submitted to subtitling,
we considered the cultural aspect, that constitutes an important factor in the subtitling
process, for we can’t conceive translation detached from culture. And it must be transmitted
to the viewer, in order to put him/her in contact with the reality of the original language. The
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methodology included a bibliographic research in order to raise useful data for this research,
aiming to find out which contributions scholars have already made in what concerns
Ebonics, its characteristics and issues regarding subtitling. We have analyzed the movies
subtitles using online dictionaries and other audiovisual material as tools which supported
our analysis. It is important to show the knowledge of this language called Ebonics to the
professionals of the translation field, so that it can become clear how Ebonics speakers act in
the society as well as give to translators conditions to acknowledge traits of their strong
culture. It is our intention as we present this research to convey to the translator that the
Ebonics must be translated into Portuguese as a special language, and not only as the
standard Portuguese, presenting a new ways to translate into this language. The value of this
study extends from a bigger awareness of the translation differences, what implies in a more
authentic work, to a wider contribution to preserve this specific linguistic variant.
Key-words: Ebonics, subtitle, translation, equivalence, culture
INTRODUÇÃO
é através da legendagem que essa língua é transmitida para o espectador, pois a mesma é uma
forma de comunicação entre o filme e o espectador, pois nela o mesmo apreende novas
expressões, conhece uma nova cultura ou costume de um povo que não tinha entendimento
anteriormente. Contudo o tradutor tem um papel importante que não é só passar de uma
língua para outra, mas sim desverbalizar essas diferenças lingüísticas presentes.
Diante disso é importante mostrar o conhecimento dessa nova linguagem chamada
ebonics para os profissionais da área de tradução mostrando como os falantes dessa língua
atuam na sociedade deixando marcas de sua forte cultura. Este estudo pretende levar os
tradutores a traduzirem o ebonics para o português como uma língua especial e não apenas
como o português padrão, apresentar novos meios de tradução para a essa língua, de maneira
que não comprometa o sentido do original e preserve a cultura dos povos falantes dessa
língua, fazendo com que o receptor aceite e seja influenciado por ela.
O interesse por este estudo surgiu no primeiro semestre de 2005, ao lermos um artigo
em sala de aula que falava sobre a língua do gueto, no caso o ebonics, nesse momento tivemos
conhecimento dessa linguagem que até então, pensávamos ser gírias do inglês padrão. A partir
desse momento nos dedicamos a pesquisar sobre o ebonics e ver as diferenças existentes entre
o inglês padrão e qual foi a origem dessa língua.
Nossa intenção nesse trabalho é analisar a maneira como essa língua é traduzida para
o português, se a língua perde a suas características próprias ou se existe uma maneira de
retratá-la no processo de tradução utilizando recursos lingüísticos e técnicas de tradução a fim
de transmitir a mensagem. Para realização deste trabalho fizemos pesquisas bibliográficas, a
fim de levantar dados que nos auxilie no estudo e com a intenção de descobrir qual a
contribuição que outros teóricos e estudiosos tem a dizer sobre a língua de ebonics e suas
características, e o que já realizaram na tradução para legendas. Também utilizamos um
material audiovisual e dicionários on-line para a análise quantitativa das legendas.
O trabalho se divide em três capítulos o primeiro introduz a linguagem de ebonics,
suas características e origem, a maneira como essa língua conquistou espaço nos Estados
Unidos a polêmica que a rodeia e como está se difundido no mundo através do cinema e da
música.
O segundo capitulo esclarece um pouco sobre o que é a legendagem seus conceitos e
as regras regidas pelas empresas audiovisuais e a influência da cultura na legendagem a partir
do momento que o espectador vê o filme e recebe a informação.
No terceiro é realizado uma análise lexical e a equivalência em português na
legendagem do filme 8 Mile – Rua das Ilusões e como o aspecto cultural é importante na
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tradução da legenda. A análise foi divida em cinco tópicos sendo estes: neologismo, omissão
e adaptação, estrutura gramatical e uso de língua padrão, aspecto cognitivo e cultural e uso de
gíria.
Com este trabalho pretendemos mostrar que há possibilidade de transmitir a
linguagem de ebonics e suas diferenças e aspectos lingüísticos para Língua de Chegada.
Unidos. Então reservamos todo o capítulo 1 para explicar o que é IVAA e aproveitamos
para apresentar a maneira como essa linguagem é conhecida popularmente e mostrar mais
de perto essa polêmica que a rodeia.
Achamos interessante o estudo do IVAA porque é uma língua que está se
expandindo a cada dia nos Estados Unidos e no mundo, através da música e do cinema.
Contudo quando muitos de nós entramos em contato com essa língua não a reconhecemos,
pensamos ser essa algum tipo de expressão idiomática ou de gíria, e não nos damos conta
que se trata de uma variante lingüística do inglês. Posteriormente neste trabalho
analisaremos como é feita a tradução de legendas de filmes nos quais essa linguagem se faz
presente. Pretendemos ponderar sobre a maneira como o IVAA é traduzido para o
português, se o tradutor ao traduzir essa linguagem consegue transmitir também as suas
características peculiares de forma que fique explícito para o telespectador as diferenças
lingüísticas existentes no audiovisual. Isso será feito no terceiro capítulo, dedicado a análise.
Por ora nos deteremos em importantes considerações sobre o IVAA e seu status (ou não) de
variante lingüística.
por habitantes do lado oeste da África. Entretanto, ainda é importante focalizar a questão da
origem do crioulo, pois segundo lingüistas como Salikoko, Rickford e Baugh (1998:1-2)
essa é a melhor e mais antiga hipótese de surgimento do ebonics, que continua a inspirar
muitas controvérsias e novas pesquisas.
Antes de tudo é necessário saber que o pidgin e o crioulo foram novas variedades de
língua criadas em situações nas quais diferentes línguas entraram em contato. Como no caso
dos escravos que foram trazidos do oeste da África para as colônias no sul dos Estados
Unidos. Esses escravos, quando ali foram postos, entraram em contato com os habitantes
daquela região. Os donos das plantações precisavam se comunicar com os escravos. No
entanto, um não entendia a língua do outro, dessa forma tentavam manter um tipo de
comunicação entre si; esse foi o primeiro contato de línguas que houve, no caso o gullah e o
inglês. Dessas duas línguas surgiram variantes que esses dois grupos diferentes de pessoas
utilizavam para se comunicarem. Nessas circunstâncias ocorre o pigdin, ou seja, os pidgins
são as variantes lingüísticas que surgem do contato entre duas línguas distintas por haver
necessidade de comunicação. Rickford (1992: 224) contribui para maiores esclarecimentos:
Podemos notar que o pidgin é a mistura de duas ou mais línguas diferentes que
foram adaptadas à situação para que houvesse um entendimento entre os falantes dessas
línguas. No entanto, é importante esclarecer que o desenvolvimento do crioulo ocorre à
medida que o pidgin passa por um processo de transformação. Tal processo é possível a
partir do momento que os falantes nativos – até então usando o pidgin como meio de
comunicação primário – passam a utilizá-la como primeira língua. A partir daí temos um
crioulo. Os estudos realizados por Hall (1996) corroboram a autenticidade desse
1
A pidgin is sharply restricted in social role, used for limited communication between speakers or two or more
languages who have repeated or extended contacts with each other, for instance through trade, enslavement, or
migration. A pidgin usually combines elements of the native languages of its users and is typically simpler than
those native languages insofar as it has fewer words, less morphology, and a more restricted range of
phonological and syntactic options (Rickford 1992a:224).
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mecanismo, pois o crioulo já possuía um vocabulário típico e uma fonte gramatical mais
complexa e extensa do que o pigdin.
Uma das evidências que o ebonics se originou do crioulo são as condições sócio-
históricas. Os escravos vindos do oeste da África foram postos em colônias no sul dos
Estados Unidos e entraram em contato com poucos falantes nativos. Assim, mantiveram um
contato limitado com o modelo gramatical do inglês. Muitos escravos que ali foram postos
já falavam algumas variações do inglês, ou seja, o crioulo, tendo em vista a necessidade de
comunicação entre eles e os falantes nativos do inglês; isso ocasionou o processo de
descrioulização. O ebonics foi desenvolvido durante esse processo. Em relação a esse
assunto Stewart (1967), Rickford (1997: 331) e Schneider (1991: 30-31) declaram:
Esses escravos que ali foram deixados passaram por uma mistura de línguas e de
descrioulização e aprenderam o inglês rapidamente, dando à língua uma característica
2
Processo de mudança das línguas crioulas.
3
The hypothesis that many slaves arrived in the American colonies and the Caribbean already speaking some
variety of West African Pidgin English (WAPE) or Guinea Coast Creole English (GCCE).. However, the case
for significant creole importation from the Caribbean in the founding period has been bolstered by recent
evidence that slaves brought in from Caribbean colonies where creole English is spoken were the predominant
segments of the early Black population in so many American colonies, including Massachussetts, New York,
South Carolina, Georgia, Virginia and Maryland in particular." (Rickford 1997:331) (Stewart 1967) e (Schneider
1991: 30-31).
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peculiar; porque nessas regiões o inglês falado não era o puro4, mas sim um inglês cheio de
misturas e características das línguas de origem dos escravos. Os cativos da África
Ocidental falavam muitas línguas além dos dialetos. Durante a viagem eles desenvolveram o
que hoje é chamado de pidgin, que é a mistura de duas ou mais línguas diferentes como já
mencionamos anteriormente.
Através do contato próximo de falantes de tribos de línguas diversas se formaram os
pidgins, que os ajudaram a se comunicar, pois mantinham a característica das línguas de
origem, ou seja, usavam variantes dessas linguagens para que houvesse entendimento entre
eles e seus captores, porém, muitos donos de escravos mantinham preferência por uma tribo
em particular, sendo assim, a mistura de linguagem no navio algumas vezes era mínima.
Vimos o que é pidgin e crioulo e como se deu o surgimento do ebonics, o qual
ocorreu pelo contato de línguas diferentes por haver necessidade de comunicação entre os
escravos e seus captores. Podemos notar que a origem dessa língua está diretamente ligada
com o comercio de escravos e com a escravidão em si. Hoje em dia existe muita polêmica
relacionada ao ebonics veremos mais adiante qual foi a causa dessa polêmica e o que os dois
lados do debate dizem sobre todo esse acontecimento em relação à linguagem do ebonics.
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Inglês puro ou inglês padrão segundo o dicionário Merriam-Webster é o inglês que diz respeito a ortografia,
gramática, pronúncia, e o vocabulário é substancialmente uniforme, embora não seja destituído de diferenças
regionais. É bem estabelecido pelo uso em discurso e escrita formais e informais de pessoas instruídas, e é
altamente reconhecido e aceitável em qualquer lugar onde o inglês é falado e entendido.
5
A decisão do Distrito Escolar de Oakland realizada em 18 de dezembro de 1996 foi publicada pelo San
Francisco Chronicle no dia 02 de janeiro de 1997, numa terça-feira. O artigo se encontra na página A18. E
também está disponível no site do Distrito Escolar de Oakland. http://webportal.ousd.k12.ca.us/.
19
preconceituoso tratar os jovens negros como bilíngües, pois segundo ele isso os segrega, os
diferencia dos brancos e os estigmatiza mais ainda6. Já para muitos lingüistas como
Fillmore, Ervin-Tripp e Clark (1997:1-5) entre outros é um sinal positivo, pois existe um
senso comum (sendo esse um meio de introduzir o IP nas escolas através do uso Ebonics)
no plano do distrito escolar de Oakland. Um fator importante que está diretamente ligado a
essa discussão é o modo como os lingüistas se referem à palavra língua. Fillmore (1997: 1 e
2) argumenta que ambos os lados no debate da decisão de Oakland usam a palavra língua
para facilitar a comunicação, enquanto poderiam introduzir alguns esclarecimentos
necessários sobre o significado dessa palavra, pois língua e dialeto são palavras ambíguas e
isso causa uma grande confusão na sociedade, porque enquanto os lingüistas estão
acostumados com essa ambigüidade existente entre língua e dialeto, os leigos no assunto
não conseguem fazer distinção alguma entre uma e outra e isso abre margens para
especulações e idéias precipitadas, como observa Fillmore (1997: 1 e 2).
A decisão tomada pelo Distrito Escolar de Oakland não deseja estabelecer
parâmetros que definam o ebonics como língua, e sim conscientizar a sociedade. Enquanto
lingüistas, leigos e a mídia debatem essa questão, vinte e sete mil crianças afro-americanas
enfrentam problemas com a linguagem adquirida em casa. O distrito de Oakland encontrou
um meio de solucionar a situação enfrentada por essas crianças, introduzindo o ebonics
como língua nas escolas com a finalidade de ensinar o Inglês Padrão. A intenção é que cada
criança reconheça a diferença entre a língua materna e a língua padrão utilizada, dessa
forma poderá distinguir onde e como melhor usar cada uma das linguagens.
Ervin-Tripp (1997), através de uma experiência, observou que as crianças não são
capazes de ouvir e entender a diferença entre shit e sheet, bitch e beach. As crianças
enfrentam tanto dificuldades fonéticas quanto gramaticais. Esse problema não é revelado
pela mídia, a qual tem uma idéia errônea sobre a decisão de Oakland. Sendo assim fazem
uma falsa interpretação da real situação enfrentada pelos professores e pela sociedade afro-
americana, afirmam assim que o distrito educacional de Oakland excluiu o Inglês padrão
como forma de ensino e aprendizagem. Perry (1998:4-5) argumenta que tal atitude por parte
da mídia agride diretamente e desorienta os educadores e os militantes políticos que estão
preocupadíssimos com o bem-estar das crianças afro-americanas.
Podemos notar que a polêmica está diretamente ligada à decisão do distrito de
Oakland, que com o objetivo de aderir o ebonics como método para ensinar o IP acabou
6
Entrevista realizada com o professor John McWhorter pelo jornal Black Issues In Higher Education em 10 de
maio de 2001.
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causando rivalidade entre os lingüistas que não apóiam esse método, pois não aceitam que o
ebonics seja reconhecido como língua, mesmo sendo um método de ensino, e os que são a
favor porque através dele as crianças afro-americanas poderão ter um desempenho maior ao
se depararem com o IP em sala de aula, e não encontrarão dificuldades se a língua utilizada
como método de ensino for a mesma que falam em casa. E o que torna a discussão entre
ambas as partes mais acirrada é a posição da mídia.
7
Como exemplos de sites dedicados ao ebonics, destacamos os seguintes:
www.urbandictionary.com; http://www.ebonics-translator.com/. php;
http://www.angelfire.com/ak2/nsyncountryusa/ebonicsdictionary.html; http://joel.net/EBONICS/translator.asp;
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II - LEGENDAGEM O QUE É?
compreende determinada LP, ler e entender o material audiovisual”, mas o espectador que
conhece bem a LC acaba se concentrando mais no que é dito na LP, sendo assim e
preocupando mais com o que foi traduzido. A segunda é a intralingual. Este recurso segundo
Pinho (idem) “é utilizado especialmente por pessoas com deficiência auditiva, ou por
imigrantes e pessoas que querem aprender uma nova língua”. Quando assistimos a um filme
com a legendagem intralingual, é possível aprender novas expressões e palavras novas dentro
de um contexto. E isso ajuda ao telespectador a entender essas novas expressões e ter um
interesse para aprender mais sobre a LP.
Carvalho apresenta outros tipos de tradução audiovisual além das categorias
citadas acima, por exemplo: “interpretação simultânea ou consecutiva, transmitida em eventos
ao vivo; voice over no qual a voz de um intérprete se sobrepõe ao áudio original, mas sem
apagá-lo; closed caption, semelhante à legendagem, porém feito na mesma língua do produto.
Este recurso auxilia deficientes auditivos e pessoas que possuem alguma dificuldade de
compreensão da língua oral; surtiling similar a legendagem, porém é exibido sobre o palco de
peças teatrais e óperas como um auxilio ao ator na hora de falar os textos que são
interpretados; áudio vision é um tipo de dublagem onde são feitos comentários e descrições
das cenas, auxiliando deficientes visuais” (2006:19). Estes recursos tradutórios ajudam ao
legendista no desenvolvimento de seu trabalho, podendo assim transmitir de várias maneiras
ao espectador.
Ao receber um novo projeto para o cinema o tradutor recebe roteiro-guia com uma
marcação chamada “pietagem”. Este termo técnico se refere à indicação das partes que o rolo
de filme é divido, como se fossem camadas, enquanto a cópia-vídeo se situa no decorrer da
história pela contagem do tempo que é chamada de time-code. Os roteiros das falas são
dividas em feets (pés), facilitando os diálogos para o tradutor. Os números de caracteres para
cinema podem variar de 35 a 40 por linha, com um máximo de duas linhas por legenda. No
caso do vídeo e televisão, o material chega em forma de vídeo, DVD ou CD e, se houver o
roteiro que também é gravado em time-code, a legenda é exibida na parte superior ou inferior
da tela, que é registrado pelo segundo em que aparecerá em cada fala. Caso o tradutor passe
do tempo determinado no espaço no subtitle box, a legenda não é validada. No DVD,
televisão e vídeo as regras são as mesmas. O que difere o DVD dos outros é o acréscimo de
materiais extras, dublagem e formato da tela, em widescreen - na maioria das vezes.
O autor mostra que a legendagem não é somente transmitir o que está sendo
dito naquela língua, mas sim o sentido, pois o espectador necessita entender também o que
acontece, e como o aspecto cultural em um determinado filme é importante. O legendista tem
o papel de transmitir esse entendimento de uma maneira clara sendo que muitas vezes acaba
ocultando alguns destes pelo limite que lhe é imposto.
Em muitas ocasiões, o tradutor tem de restringir a pontuação, omitir palavras, utilizar
palavras menores que transmitam o sentido e não se limitar à literalidade, omitido assim
expressões idiomáticas, gírias, etc. A legenda deve ter uma sincronia com a imagem
aparecendo e desaparecendo a cada novo diálogo. É preciso lembrar que isso ocorre porque o
tempo de leitura é maior do que o tempo gasto para escutar enunciados orais. Assim, o
legendista precisa possuir capacidade de síntese.
25
8
Do not use regionalisms or expressions that may impede the viewers’ full understanding.
9
Subtitling is the process of translating the meaning of the original spoken language of a film into another
language. T must be done while watching the film. The translation of a film up to three or four days.
10
The objective of the translator is to give the most accurate and concise interpretation of the original English
text. Regardless of the language, the translation should not be longer than the English text. Translate the
meaning of the original text in the fewest number of words possible (General Subtitling Rules:01)
26
Gambier compara as duas formas de tradução mostrando aqui que o espectador tem
essa idéia de simultânea, que para o legendista é como uma interpretação intermitente, em que
cada diálogo fica dentro de uma subtitlle box e com o vídeo acompanha esse diálogos que está
na LP e a traduz para LC, e assim por diante até que tenha feito todos os diálogos.
Legendagem não é somente passar de uma língua para a outra, ou um trabalho que possa ser
feito por qualquer pessoa que saiba falar fluentemente a LP e LC, pelo contrário, é um
trabalho que requer muita atenção do tradutor como um intérprete de intermitente ou de
simultânea, pois ele transmite o que é essencial para o público. Ao colocarmos as informações
27
na tela para o espectador temos que ser concisos para que o mesmo possa entender as cenas
com os diálogos ao mesmo tempo.
Percegueiro (2007) sugere que os tradutores audiovisuais precisam entrar em contato
com “... elementos básicos para citação de um roteiro traduzido para a legendagem: uma
sessão de exibição do filme em película, com o som original, em seu ambiente apropriado,
isto é, no escurinho da cabine de projeção do distribuidor; o roteiro na língua original, pietado
em feet & frames nossos “faróis” no alto mar de nossa escolha; e uma versão do título do
vídeo ou DVD” (idem). Dessa maneira o tradutor sente à vontade em poder colocar suas
idéias e traduzir com calma. A empresa deve disponibilizar ao tradutor os recursos
necessários tanto para obra escrita como em vídeo. Deve fornecer também tempo para
pesquisas do contexto do discurso, investigações e pré-produções dos roteiros que serão
traduzidos. O tradutor pode praticá-los e examinar de forma intensa com o roteiro preliminar
do filme e sua imagem e áudio, o qual é uma das etapas mais difíceis. Há também as
correções, omissões, falhas, cortes de cenas e às vezes remontagem da legenda que foi
traduzida.
O tradutor adapta a estilística da tradução à riqueza de informações extralingüísticas
chamados de recursos semióticos, que estão presentes em: imagens, encenações, vestuário etc.
“O tradutor necessita ter conhecimento das regras de editoração eletrônica a legendagem de
cinema.” (idem)
A autora do artigo mostra que o tradutor tem todos os recursos disponíveis para poder
executar o seu trabalho, pois é necessário que o tradutor e a empresa interajam de forma
harmônica, trabalhem como um time que produz um trabalho sério e prestigioso. Ainda
segundo Pecegueiro (2007), esse time é composto por tradutores, distribuidores, revisores,
equipe de produção, laboratórios etc. Enfim, todas as pessoas envolvidas no projeto precisam
ter um grande conhecimento sobre o que é a tradução e o que é legendagem. A empresa, ao
contratar o tradutor, coloca toda sua confiança e credibilidade nele, pois o legendista ao fazer
o seu trabalho expõe seu conhecimento tanto gramatical como cultural. Pois o mesmo tem
uma tarefa muito difícil que é se concentrar para poder captar o que está sendo dito, uma vez
que boa parte das empresas disponibiliza ao tradutor o roteiro das falas. O tradutor tem
conhecer também expressões idiomáticas e termos que variam de um país ao outro.
A tradução é como uma transposição de uma produção audiovisual para uma forma
escrita que é a tradução de filmes, o trabalho do tradutor é transpor esta forma de uma
maneira segura e consciente do seu trabalho.
28
de simplicidade. Por trás dessa simplicidade há, na verdade, domínio da técnica, que é tão
importante quanto o domínio do idioma. Esse é o ”plus” dessa atividade”. Isso é verdade, pois
o tradutor, dependendo do contexto cultural, tem de transpor ao expectador o sentido do que
está sendo dito, pois não adianta traduzir uma palavra ou expressão por ser bonita e ou se
encaixar bem no português se o público não a entende e não absorve as informações propostas
pelo filme.
A tradução de cultura é um dos grandes desafios para o tradutor, pois este tipo de
trabalho exige do mesmo um conhecimento das estruturas lexicais presentes no texto e como
certas expressões farão sentido ao expectador. Mesmo traduzindo no seu sentido literal a
cultura presente no filme tem de ser transmitida, em algumas ocasiões faz-se necessário fazer
uma “adaptação”, para que assim possa se manter a graça e o estilo de um diálogo ou uma
narração.
Este capítulo apresentou o que é a legendagem, suas regras, seu relacionamento entre
o legendador, tradutor e a empresa, como se harmonizam e o aspecto cultural, um dos grandes
desafios do tradutor. No próximo capítulo será feita uma análise da legendagem do filme “8
mile – Ruas das Ilusões” . Refletiremos sobre como a presença do ebonics foi tratada na
legendagem, que recursos foram usados, tendo em vista as especificidades da tradução
audiovisual e do ebonics como variação lingüística.
aspecto cognitivo e aspecto cultural e uso de gíria. Pretendemos com esse trabalho mostrar
se há uma maneira de traduzir o ebonics para a LC retratando as diferenças lingüísticas
utilizando os recursos de linguagem como auxílio no ato tradutório. É importante ressaltar
que nosso objetivo não é criticar a tradução realizada, e sim analisar se existe uma forma de
traduzir o ebonics mostrando suas diferenças tanto lingüísticas quanto culturais sem ser
através do uso desse recurso.
Antes de tudo é preciso saber o que se entende por léxico. Segundo Vilela (1979: 09-
11), léxico é entendido como o conjunto de unidades lingüísticas básicas (morfemas,
palavras e locuções) próprias de uma língua. É considerada como conjunto de palavras
lexicais. Neste estudo iremos analisar as palavras lexemáticas, pois pretendemos verificar
quais as estratégias usadas para traduzir o ebonics, e quais delas é capaz de retratar melhor o
contexto de usos dessa linguagem. Primeiramente, queremos situar os leitores quanto ao
filme que será analisado. O filme conta a história da vida de Jimmy, mais conhecido por
Rabbit, um garoto branco que vive em uma comunidade negra no subúrbio de Detroit 313,
lugar considerado perigoso, onde mora em um trailer com sua mãe Stephanie e irmã mais
nova na rua 8 Mile. Ele tem um grupo de amigos: Cheddar, Future (melhor amigo), DJ Iz e
Sol George. Rabbit escreve e canta músicas no estilo hip hop e tem o sonho de gravar um
CD. Mas a única diferença é que ele é branco e isso causa conflito com uma das gangues da
região que é a Free World (Mundo Livre). O lugar mais freqüentado por Rabbit e seus
amigos é o The Shelter onde acontecem as batalhas de hip hop. Essas batalhas são muito
comuns nos guetos americanos. Normalmente os cantores de hip hop marcam um duelo, no
qual cada um tem 40 segundos para criar uma rima. As palavras na batalha são as armas,
pois eles as usam para ofender diretamente o adversário. É interessante notar que quando
alguém perde a batalha é como se tivesse perdido algo muito importante.
Iremos nos focalizar no momento final do filme, a partir da cena 16, analisando
alguns diálogos em que se faz presente o ebonics. Dos 302 diálogos presentes na parte
selecionada do filme faremos a análise de 23 deles, sendo que nos focaremos nas palavras
grifadas em negrito apenas o que for relevante será analisado. No filme há presença de
ebonics, contudo o inglês padrão é que predomina a fala dos personagens, pois se a língua
do audiovisual fosse apenas o ebonics grande parte da sociedade norte americana não
entenderia a mensagem, porque mesmo o ebonics sendo uma variante do inglês padrão, este
possui características próprias e específicas. Então quando falamos que iremos analisar o
que for relevante, estamos querendo dizer que existem falas em que há apenas um termo em
ebonics e o restante é inglês padrão e não faria sentido analisar apenas uma palavra.
32
Contudo haverá casos em que analisaremos somente um termo porque o sentido deste
compromete todo o sentido da sentença. Agora passaremos a analise.
3.1 Neologismo
Este tópico apresenta os diálogos nos quais foi utilizado como recurso lingüístico o
neologismo tanto na LP quanto na LC.
Rabbit começa a suas rimas contra o adversário e no meio delas insulta LC:
• To spiggy, spiggity
split lickety
A primeira palavra em destaque acima é específica do ebonics e quer dizer “chewing
gum”, em português significa “mascar chiclete” e a segunda é um termo que foi criado na
hora por Rabbit para que houvesse rima com a primeira palavra, este termo não existe em
ebonics nem no inglês padrão.
Lotto termina suas rimas e o publico aplaude, depois disso Rabbit começa com suas
rimas ofensivas quando em um momento diz:
• I ain´t hear a word you say
Hippety hoo-plah
As palavras em destaque não têm definição no ebonics e nem no inglês padrão
Trata-se de uma expressão inserida por fins fonéticos, que entra no contexto
musical.
33
Rabbit acaba ganhando a disputa e passa para a última etapa com Papa Doc. Todos
estão empolgados com a próxima etapa, então Future se vira para o público e diz:
• Future: Okay, lotta love, lotta love
A expressão acima é uma abreviação da frase “a lot of” que quer dizer “um monte de
amor”, no ebonics o artigo “a” e a preposição “of” foram removidos e um “ta” foi
acrescentado o final da palavra que deixa de ser frase e fica “lotta”, isso é também uma
característica intrínseca do ebonics de modificar toda uma sentença ou palavra, alterando
assim a gramática do inglês. O tradutor aproveitou os recursos da língua portuguesa para
aperfeiçoar o original.
Na cena em que a gangue Free World bate em Rabbit, o mesmo leva um soco e é
derrubado, quando um deles diz:
• Get your faggot ass up and fight!
A palavra aqui destacada é comum no inglês padrão que significa “feixe de
madeira”, já em ebonics o sentido é outro, no caso, “homossexual man” que em português é
“ homossexual”.
Rabbit continua a apanhar e não reage às ofensas até que um dos componentes da
gangue o puxa e diz:
Rabbit entra no The Shelter para participar das batalhas, mas antes de começar pede
desculpas ao seu melhor amigo Future, que responde:
• I didn´t even trip.
A palavra destacada no inglês padrão significa: “voyage”, “journey”, “stumble”,
“fall”, “error”, “blunder” que em português é: “viajar”, “jornada”, “cair”, “tropeçar”,
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“errar”. Mas esta palavra em ebonics significa “to overreact” que em português se traduz:
reagir muito além do normal, ficar nervoso.
Future prossegue com a apresentação quando chama Rabbit para o palco, antes que
este suba diz:
• It´s gonna be blazin´
In this bitch tonight
Na palavra “blazin’”, no ebonics, o “g” é omitido sendo acrescentado o apóstrofo, o
seu significado em português é: “incendiar”, “pegar fogo”.
A palavra “bout” é uma abreviação de “about” que quer dizer nesse caso prestes a. A
segunda palavra no inglês padrão significa “rural country” que em português é cidade do
interior.
Logo após Rabbit dizer a Lotto para escrever uma música que seja boa o suficiente
para enfrentá-lo diz:
• Don´t come back
´til something dope this you
Ambas as palavras em destaque são específicas do ebonics a primeira é uma
adaptação da palavra “until” do inglês padrão, houve uma remoção das duas primeiras
sílabas ficando “‘til” é também uma abreviação da já abreviada palavra “till” que em
português é a preposição “até”. A segunda palavra “dope” significa “awesome”,
“impressionante” em português como já foi dito anteriormente na seção 3.1 neologismo
também significa “tolo” e “cool” em ebonics.
Future pede ao público que escolha o melhor para disputa com Papa Doc e começa
apontando para Lotto e diz:
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o sentido permanece o mesmo. A terceira e última palavra existe tanto no ebonics quanto no
inglês padrão, na primeira língua “crooks” quer dizer “someone who has committed (or
been legally convicted of) a crime”, ou seja, alguém que esteja envolvido em algo errado
que é contra a lei, no inglês padrão o seu significado é bem diferente “bend”, “curve” seu
significado em português é “gancho” algo curvado ou arqueado.
Rabbit entra no The Shelter para participar das batalhas, mas antes de começar pede
desculpas ao seu melhor amigo Future, que responde:
Após a disputa com Lotto o público empolgado começa a gritar pela disputa que está
acontecendo. Neste momento Future olha para o público e diz:
• It´s real as it feels!
A expressão acima é específica do ebonics, no inglês padrão existe uma palavra que
tem o mesmo significado. No português “confusão”, “agitação”.
A batalha vai se iniciar e o primeiro a enfrentar Rabbit será LC, o qual, antes de
começar, vira para o público e diz:
Na primeira parte da cena 16 Rabbit vai buscar sua irmã na casa da vizinha, porque
teve uma briga com sua mãe. Ao sair da casa com sua irmã no colo a gangue Mundo Livre
está chegando para bater nele.
apanhar, amigo” também transmitiria o sentido, porém não retrataria a diferença lingüística
existente.
A próxima cena já acontece dentro do The Shelter onde rappers começarão a disputa.
Antes, Future, que apresenta as batalhas olha para a multidão agitada e diz:
Nessa seção vimos um pouco sobre o uso de gírias como recurso lingüístico na legendagem,
nas análises feitas no decorrer do trabalho notamos que esse recurso é a melhor forma de
retratar a língua de ebonics, pois ambas são faladas por povos que possuem estilo de vida,
costumes e amtes semelhantes, e percebemos que isso facilita o entendimento do espectador,
porque esse assimila a semelhança e entre as culturas envolvidas e captando logo a diferença
lingüística existente.
Através da análise realizada nesse estudo podemos notar que o tradutor não se baseou
apenas nas falas para fazer a tradução, utilizou também o contexto situacional. Se ele
dependesse apenas das falas não conseguiria transmitir a mensagem de forma clara e coerente,
um fato importante que tentamos mostrar com esse estudo é o papel que o aspecto cultural
exerce sobre a tradução principalmente de audiovisual porque o tradutor muitas vezes
recorreu à cultura pertencente a língua de chegada para retratar a situação, pois como é de
nosso conhecimento cada língua tem sua própria cultura e se explica por si só, como por
exemplo, no caso da expressão “lotta of love” o tradutor manteve a estrutura do original
aproveitando o que o português lhe oferece em questão de recursos de linguagem. Por mais
que o tradutor seja fiel à tradução, ao contexto situacional e ao aspecto cultural, nunca irá
transmitir a mensagem que a LP transmite porque cada língua tem características intrínsecas
que são intraduzíveis, por outro lado essas mesmas línguas nos oferecem recursos de
linguagem diversos que podemos utilizar de forma a retratar a realidade, pois como diz
Gorovitz, “a competência lingüística do telespectador contemporâneo é toda assimilada pela
prática, tanto quanto a competência lingüística de qualquer usuário de língua materna
(2007:17), isso ajuda muito o tradutor no processo de tradução mesmo com tantas regras e
ordens estabelecidas pelas empresas de legendagem”.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS:
através da música e do cinema. Com a globalização, não apenas os Estados Unidos entram
em contato com essa variante peculiar, mas todo o mundo.
Constatamos também que a legendagem é um trabalho realizado desde os primórdios
do cinema e que por sua vez tem as suas regras estabelecidas, as quais devem ser seguidas.
O profissional deve estar ciente de que nem tudo pode ser traduzido e que o tempo da
legenda é marcado, dependendo do filme e para qual meio de comunicação audiovisual a
legenda é produzida. Na legendagem o importante não é apenas transmitir o que está sendo
falado e sim o sentido, o aspecto cultural. Ao analisarmos a legendagem do filme 8 Mile
Rua das Ilusões vimos que esse aspecto cultural é influente porque retrata o preconceito
racial e a diferença lingüística, dessa maneira ao tradutor ao fazer a legenda buscou o uso da
gíria para transmitir a diferença lingüística, pois se o ebonics fosse traduzido como
português padrão não teria retratado a realidade do filme e nem a diferença ali presente, pois
como vimos no estudo não existe um equivalente do ebonics para o português, se fosse
traduzido de forma usual o aspecto cultural não faria sentido para o espectador. Como já é
de nosso conhecimento, não temos uma variante lingüística dessa natureza provinda do
português isso não faz parte da nossa realidade. Entretanto um aspecto da nossa cultura que
se encaixa com a mensagem transmitida no filme é a linguagem da periferia e a realidade
que eles vivem que são bem parecidas e muitos dos termos presentes no filme possuem
equivalente nas gírias, embora isso não seja regra geral, conforme mostrado no capítulo 3.
Através da análise realizada neste estudo podemos dizer que muitos recursos foram
usados pelo legendista para transmitir a diferença lingüística presente no audiovisual, como
vimos no capitulo três. Dos recursos lingüísticos utilizados o mais adequado para se
traduzir o ebonics é o uso de gírias, pois este é o único meio de retratar a diferença existente
no audiovisual em nossa realidade lingüística e também a cultura que envolve o filme,
observamos que se a legenda em que se possui a língua de ebonics fosse traduzida para o
português padrão não transmitiria a realidade do filme e isso não influenciaria o espectador
ao assistir ao filme, pois o mesmo tem a função de receber a informação e através dela
conhecer uma determinada cultura que é enfocada e uma linguagem do qual não tinha
conhecimento, se as legendas não fossem traduzidas em formas de gírias não faria sentido o
filme em seu todo.
Concluímos esse estudo através de pesquisa bibliográfica e pesquisas on-line
pudemos identificar que a linguagem de ebonics é uma língua que não é muito difundida em
nosso meio, mas através dela podemos entender que um determinado grupo a utiliza como
meio de comunicação e através dela pode-se conhecer uma nova cultura e expressões que
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não são do nosso entendimento como foi apresentado no filme analisado. Verificamos que
não há expressões em nossa língua que sejam equivalentes a do ebonics, neste caso foi a
legendagem do filme transpassada em forma de gíria, para que o espectador brasileiro
pudesse entender um pouco do que a língua deseja transmitir e se envolver com o mesmo.
Acreditamos que se essa língua tivesse estudos mais aprofundados facilitaria a dificuldade
dos trabalhos realizados na área lingüística, e tanto o tradutor quanto o espectador
conheceria um pouco mais sobre essa forma lingüística tão polêmica e discutida na América
do Norte.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Clichês Produzidas para o Meio Audiovisual? IN 10. ed. São Paulo: Tradução e
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http://www.questia.com> Acesso em 18 março 2007.
Minicurso sobre Legendagem e dublagem ministrado pelo Tradutor Hander Heim/ Bravo
Translations 11 de Setembro de 2007, no Centro Universitário Adventista, Campus 2,
Engenheiro Coelho – SP.
PINK, ROBERTA DA ROSA RIBEIRO. A Língua do Gueto. São Paulo: Ed. Do Autor,
2005.
PORTAL BOCADA FORTE – HIP HOP BRASIL. Disponível em <
http://bocadaforte.uol.com.br/site/?url=girias.php/ > Acesso em 04/11/07