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INTERVENÇÃO DO VOGAL PINA GONÇALVES DA CDU

SESSÃO ORDINÁRIA DA ASSEMBLEIA DE FREGUESIA DE AGUALVA

26-04-2011

Boa noite senhora presidente da Assembleia e senhores secretários da


Assembleia;

Boa noite senhoras e senhores vogais da Assembleia;

Boa noite senhor presidente da Junta de Freguesia e senhores vogais da


Junta de Freguesia;

Boa noite às cidadãs e cidadãos de Agualva presentes;

Boa noite aos profissionais da comunicação social presentes.

Depois de muitas críticas efectuadas quanto à apresentação da


Informação Escrita do Presidente da Junta de Freguesia, eis que surge
um melhoramento da forma que de apresentação dessa informação à
Assembleia de Freguesia de Agualva, e desse facto aqui damos nota.

Não caímos no entanto na distracção de confundir quantidade de


informação com a qualidade dessa mesma informação.

Percebe-se claramente a disponibilidade do executivo PSD/CDS-PP da


Junta de Freguesia de Agualva, para servir de almofada à enorme
pressão social que as políticas desenvolvidas ao nível central vêm
exercendo sobre os cidadãos em geral, os trabalhadores e os pequenos
empresários, em vez de optar por tomadas de posição fundamentadas
na realidade vivida em Agualva e informando e mobilizando os cidadãos,
promover iniciativas concretas junto do poder central, exigindo a
mudança das políticas que estão na origem do desastre económico e
social que estamos a viver.

Tomemos como exemplo a questão do equipamento informático


adquirido para formação, a gestão de recursos humanos e os meios de
comunicação. A Junta de Freguesia de Agualva, na sua política de

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comunicação com os agualvenses, adoptou um horário de
funcionamento até às 17 horas, sabendo perfeitamente que uma parte
significativa dos residentes em Agualva, que têm emprego, trabalham
fora do território da Freguesia, e não tendo essa realidade em conta na
definição do horário de funcionamento da Junta de Freguesia, forçando
as nossas concidadãs e concidadãos a, excepto às quartas-feiras,
tratarem dos seus assuntos com a Junta de Freguesia em horário
laboral normal, num quadro de grandes dificuldades dos trabalhadores
em manterem os seus empregos e à sua sujeição a horários de trabalho
prolongados e contrários à existência de uma saudável vida familiar.

Depois é o site, esse desaparecido, paradigma da noção de comunicação


deste executivo. Se internamente, com cursos de formação ou sem eles,
as coisas se passarem da mesma forma que para o exterior, então muito
há a melhorar efectivamente.

Constatamos ainda a ausência de qualquer informação quando à


audição e negociação com os sindicatos representativos dos
trabalhadores da Junta de Freguesia de Agualva, relativamente às
matérias que são do seu legítimo interesse, dando todo o relatório em
análise um ar a todas as iniciativas descritas, de que tudo é tratado em
“família”.

Seguem-se umas interessantes descrições sintéticas de intervenções em


parques infantis, de permeio com uns não menos interessantes dados
estatísticos das insatisfações dos agualvenses e a quem se dirigem.

Na página n.º 12 no entanto, ficamos sem perceber em que local se


realizou a intervenção para instalar uma nova rede eléctrica.

Em relação às intervenções nos parques infantis, recorrendo ao


exterior, ficamos sem perceber a razão de ser dessa opção, uma vez que
tudo aparenta, pela leitura dessa parte do relatório, que a Junta de
Freguesia possui a capacidade necessária para assegurar todas essas
intervenções.

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Mas passemos agora à estatística.

Em Janeiro deste ano, diz-nos o senhor presidente da Junta de


Freguesia de Agualva, 39% dos agualvenses apresentaram reclamações
cujo destinatário é a Câmara Municipal de Sintra, a que eu acrescento
desde já 2% referentes à Polícia Municipal, que é tutelada pela Câmara
Municipal, e mais 10% referentes à HPEM pela mesma razão. Assim
temos, não 39% de reclamações dirigidas à Câmara Municipal de
Sintra, mas sim, e na realidade 51%. Neste mesmo mês a REFER atinge
os 10% de reclamações e a EDP 15%, ou seja 25% de reclamações
direccionadas a entidades tuteladas pelo governo. Para a Junta de
Freguesia de Agualva foram dirigidos 19% das reclamações, o que não é
pouco.

Estranhamente, conclui-se o mês de Janeiro, informando secamente


que de todas estas reclamações, 65% estão encaminhadas, sem se
explicar o que quer dizer esta linguagem quase em cifra, o mesmo
acontecendo com os 25% que estão em avaliação e os 10% que estão
fechados. Que quer isto dizer? A Junta de Freguesia com a sua acção,
que aliás parece ser bastante mais burocrática do que interventiva do
ponto de vista político e institucional, tem obtido uma boa taxa de êxito
em alcançar a satisfação dos agualvenses através da resolução concreta
dos problemas que apresentam? Ou foram meramente arquivados e
dados como concluídos independentemente da resolução satisfatória
dos problemas apresentados? Trata-se de uma inócua gestão
burocrática de correspondência entre a Junta de Freguesia e outras
entidades? Suspeitamos bem que assim seja, à falta de melhor e maior
explicação.

Em Fevereiro temos uma estranha variação, mas de qualquer modo os


números, tal como devem ser lidos apresentam 79% de reclamações
dirigidas à Câmara Municipal de Sintra se incluirmos aqui a própria
Câmara Municipal, a Polícia Municipal e a HPEM. A Junta de Freguesia
de Agualva vê baixar de 19% para uns escassos 5% o número de
reclamações que lhe são dirigidas, o mesmo acontecendo à EDP, que
baixa de 15% para 5%, e a REFER baixa dos 10% para os 8%, mas aqui
acrescentam-se 3% de reclamações dirigidas à Lisboa Transportes.

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O senhor presidente da Junta de Freguesia conclui, outra vez
secamente, e eu acrescentaria, burocraticamente, que 51% das
reclamações foram encaminhadas, ou por outra, já vai um ofício a
caminho, e 49% foram fechadas. Não creio que, infelizmente, estejam
fechados esses processos com a satisfação dos cidadãos que recorreram
à Junta de Freguesia para agir no sentido da resolução dos problemas
que expuseram.

Chegados ao mês de Março temos então 58% de reclamações dirigidas à


Câmara Municipal de Sintra, se incluirmos, como devemos, a HPEM e
os SMAS. 37% de reclamações sobre matérias da competência da Junta
de Freguesia de Agualva, o que é elucidativo da insatisfação dos
agualvenses quanto à actividade da sua Junta de Freguesia e 5%
dirigidas à EDP.

Com a mesma secura, o senhor presidente da Junta de Freguesia


informa que 51% destes processos foram encaminhados e 49%
fechados. Assim, sem mais nada. Como se tudo estivesse a ser resolvido
satisfatoriamente.

Senhoras e senhores vogais da Assembleia de Freguesia de Agualva.

A CDU reconhece que a apresentação destes dados que vimos


debatendo é um passo importante na direcção certa, mas não podem,
nem estão em condições de disfarçar uma opção burocrática do actual
executivo PSD/CDS-PP da Junta de Freguesia de Agualva, opção que é
reiterada agora no seu segundo mandato à frente dos destinos da nossa
Freguesia, quando se trata da defesa dos legítimos interesses dos
agualvenses. Aí não vemos o combate político e institucional que se
impõe travar em defesa da nossa Freguesia e de todas as cidadãs e
cidadãos que cá vivem e trabalham.

Segue-se neste relatório uma série de pequenas sínteses de actividades,


que não fora a grave e dramática situação para que muitos agualvenses
foram empurrados pelas opções políticas governamentais dos últimos
35 anos, julgaríamos que seriam uma brincadeira. Vai-se ao ponto de
dar cursos às pessoas de economia doméstica para as ensinarem a

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economizarem os miseráveis rendimentos a que foram confinadas pelas
políticas dos sucessivos governos, só faltava que a Junta de Freguesia
tentasse também levar as pessoas a conformarem-se com a sua
situação, convencendo-as de que isso é que é justiça social.

Estamos assim face a um quase regresso ao passado em que o regedor


da Freguesia distribuía prebendas para alívio dos aflitos ou para gáudio
dos fiéis seguidores e os incentivava à conformação com o estado das
coisas, pretendendo que nada mais se poderia fazer.

Nesta linha, verificamos também que a atribuição de subsídios e outros


apoios por parte da Junta de Freguesia de Agualva continua por
regulamentar. Mas não foram suspensos quaisquer processos de
atribuição de apoios. É lamentável que para um exercício mais
transparente do poder, a Junta de Freguesia não tenha encontrado
tempo para avançar com este processo, ainda por cima quando para tal
recebeu o contributo da CDU durante o período de discussão pública do
projecto de regulamento.

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