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1º Curso de

Antimicrobianos
da AECIHERJ
INTRODUÇÃO A ANTIBIÓTICOS
DRA. DEBORA OTERO
Antimicrobianos

 antimicrobiano (anti+microbiano) Que extermina micróbios ou


impede sua proliferação

 antibiótico (anti+bio+t+ico) 1 Que tende a impedir ou inibir a vida,


ou produzir a morte. 2 Relativo ou pertencente à antibiose. sm
Biol e Farm Substância produzida por célula viva (bactéria, mofo,
levedura e outros vegetais) capaz de impedir a proliferação ou
de causar a morte de germes patogênicos. Algumas dessas
substâncias são também produzidas sinteticamente.

 antifúngico (anti+fúngico) Que, ou o que evita a formação de


fungos.
Qual a importância dos ATB?

 As infecções têm sido uma das principais causas de


doença ao longo da história da humanidade.
 Com a introdução dos antibióticos, este problema
tendeu a desaparecer. No entanto, os microrganismos
têm desenvolvido mecanismos de resistência que têm
contrariado os avanços alcançados no tratamento de
infecções

Tese de Mestrado de Maria Galvão de F. M, Baptista,


"Mecanismos de Resistência aos Antibióticos“, 2013
Qual a importância dos ATB?

 Segundo dados da Organização Mundial de Saúde


(OMS) as infecções são responsáveis por 25% das mortes
em todo o mundo e 45% em países em
desenvolvimento.
 Os antibióticos correspondem a 12% de todas as
prescrições ambulatoriais, sendo considerada a
segunda classe de droga mais utilizada e sendo
responsável por 20 a 50% das despesas hospitalares.

Tese de Mestrado de Maria Galvão de F. M, Baptista,


"Mecanismos de Resistência aos Antibióticos“, 2013
Qual a importância dos ATB?

 São os únicos agentes farmacológicos que não afetam


somente aos pacientes que os utilizam, mas também
interferem de forma significativa no ambiente hospitalar
por alteração da ecologia microbiana.
 O conhecimento dos princípios gerais que norteiam o
uso de antimicrobianos, assim como suas propriedades
e características, são essenciais para uma escolha
terapêutica adequada.

ANVISA, 2007
De onde vêm os ATB?

 Os antibióticos foram inicialmente definidos como


substâncias químicas sintetizadas por várias espécies de
microrganismos, vegetais e animais, que dificultam o
crescimento de outros.
 O advento da indústria farmacêutica facilitou a
produção de antibióticos de origem semi-sintética e
sintética.
 Eles são diferentes um dos outros quanto às
propriedades químicas, seus espectros e mecanismos
de ação

Tese de Mestrado de Maria Galvão de F. M, Baptista,


"Mecanismos de Resistência aos Antibióticos“, 2013
Ação: Bactericida x Bacteriostático

 Para que os antibióticos tenham um efeito eficaz é


importante que a sua concentração, no local da
infecção, seja suficiente.
 Os antibióticos podem apresentar duas funções
distintas: 1) a inibição do crescimento bacteriano
através da ação bacteriostática (mantendo o mesmo
na fase estacionária), e 2) a destruição de uma
população bacteriana, por uma ação bactericida, ao
atuar em processos vitais para a célula levando à
morte celular.

Tese de Mestrado de Maria Galvão de F. M, Baptista,


"Mecanismos de Resistência aos Antibióticos“, 2013
Bactericida x Bacteriostático

Bactericida Bacteriostático

Concentração da droga

Sensibilidade do germe
Qual seria o ATB ideal?

O antibiótico ideal tem que ser:


 Seletivo e bactericida
 Alcançar rapidamente o alvo, com boa distribuição no
local de infecção
 Espectro estreito (para não afetar a flora saprófita)
 Baixo nível tóxico e elevados níveis terapêuticos
 Poucas reações adversas (seja de toxicidade ou alergia), e
 Várias vias de administração (p. ex: oral, IV IM)
 Boa absorção
 Não deve induzir resistências
 Boa relação custo/eficácia.

Tese de Mestrado de Maria Galvão de F. M, Baptista, "Mecanismos de Resistência aos Antibióticos“, 2013
Classificação dos ATB

Classificação segundo sua estrutura química:


 ß-Lactâmicos (Penicilinas,  Lincosaminas (lincomicina e
Cefalosporinas, clindamicina)
Carbapenemas,
 Lipopeptideo (daptomicina)
Monobactans)
 Nitroimidazólicos
 Quinolonas
(metronidazol)
 Glicopeptídeos
 Cloranfenicol
 Oxazolidinonas (linezolida)
 Sulfonamidas
 Aminoglicosídeos
 Tetraciclinas
 Macrolídeos
 Glicilciclinas (tigeciclina)
ANVISA, 2007
Classificação dos ATB

Classificação baseada no seu mecanismo de ação:

 Inibição da síntese da parede celular ;


 Inibição da síntese ou dano da membrana
citoplasmática;
 Inibição da síntese proteica nos ribossomas;
 Alterações na síntese dos ácidos nucleicos;
 Alteração de metabolismos celulares.

Tese de Mestrado de Maria Galvão de F. M, Baptista,


"Mecanismos de Resistência aos Antibióticos“, 2013
Parede Celular
Gram positiva x Gram negativa

Tese de Mestrado de Maria Galvão de F. M, Baptista, "Mecanismos de Resistência aos Antibióticos“, 2013
Parede Celular
Gram positiva x Gram negativa
ATB e sítio de ação

ANVISA, 2007
Tese de Mestrado de Maria Galvão de F. M, Baptista, "Mecanismos de Resistência aos Antibióticos“, 2013
Tese de Mestrado de Maria Galvão de F. M, Baptista, "Mecanismos de Resistência aos Antibióticos“, 2013
Tese de Mestrado de Maria Galvão de F. M, Baptista,
"Mecanismos de Resistência aos Antibióticos“, 2013
Problemas relacionados ao uso de ATB

 Diversos estudos têm demonstrado que aproximadamente


50% das prescrições médicas de antimicrobianos são feitas
de forma inadequada;
 O uso excessivo destes fármacos não apenas está
associado à emergência e seleção de cepas de bactérias
resistentes, mas também a eventos adversos, elevação dos
custos e da morbi-mortalidade.

ANVISA, 2007
Mortalidade
Infecções por MR  Alto Custo em VIDAS!

Antibiotic Resistance Threats, CDC 2013


Novos ATB nas últimas décadas

CID 2009; 48:1–12


Novos ATB x Surgimento de RM

1993 ERC

1991 BGN-NF

1989 VRE

1985 ESBL

1968 MRSA

Finch, JAC (2007) 60, Suppl. 1, i79–i82


Como acontece a Resistência
Microbiana (RM)?

 Os mecanismos de resistência podem ser intrínsecos do


microrganismo ou adquiridos por transmissão de material
genético ou mutação
 No caso dos mecanismos de resistência intrínsecos
temos:
 A ausência de um processo metabólico influenciável pelo
antibiótico
 A existência de enzimas que apresentem a capacidade de
inativar o antibiótico
 Presença de particularidades inerentes à morfologia
bacteriana

Tese de Mestrado de Maria Galvão de F. M, Baptista,


"Mecanismos de Resistência aos Antibióticos“, 2013
Resistência Microbiana (RM)

 A resistência adquirida acontece através de dois


grandes mecanismos: mutação num loci do
cromossoma ou transferência horizontal de genes, isto
é, por aquisição de genes de resistência anteriormente
presentes noutros microrganismos.
 Os genes responsáveis pela resistência contidos em
plasmídeos, normalmente codificam enzimas que
inativam os antibióticos ou reduzem a permeabilidade
das células.
 Em contraste, a resistência conferida por mutações
cromossomais envolve a modificação do alvo.

Tese de Mestrado de Maria Galvão de F. M, Baptista,


"Mecanismos de Resistência aos Antibióticos“, 2013
Transferência de genes de RM

ANVISA, 2007
Mecanismos de RM

ANVISA, 2007
Bactéria Gram Negativa e
mecanismos de resistência

N Engl J Med. 2010 May 13; 362(19): 1804–1813


Então...

 Já sabemos os diferentes mecanismos


de ação, e a existência da resistência
bacteriana a antibióticos

 O que influencia a escolha do ATB e sua


dose?
Escolha de ATB

 Os fatores que influenciam a escolha dos antimicrobianos


são:
1. As características do paciente como: idade, função renal e
hepática, estado imunológico, localização do processo infeccioso,
terapia prévia com antimicrobianos, gravidez/lactação e
sensibilidade do paciente;
2. Os agentes etiológicos que envolvem a análise do antibiograma
e os prováveis mecanismos de resistência;
3. As propriedades dos antimicrobianos como a farmacocinética e
a farmacodinâmica (baseando-se no MIC), mecanismo de ação,
sinergismo ou antagonismo, toxicidade, interação medicamentosa
e custos.
ANVISA, 2007
Testes de Sensibilidade Antimicrobiana (TSA)

CLSI 2012; EUCAST


I.M. Gould/International Journal of Antimicrobial Agents 31 (2008) 1–9
MIC? (Concentração Inibitória Mínima)

 Um microorganismo é definido
como susceptível (S) pelo nível
de atividade antimicrobiana
associada com altas chances
de sucesso terapêutico. Um
microorganismo é categorizado
como susceptível aplicando-se
o correto ponto de corte
detectado por um teste
fenotípico definido. Isso inclui a
avaliação da eficácia em
cenários experimentais e
estudos clínicos

Clin Microbiol Infect 2012; 18: E37–E45


MIC? (Concentração Inibitória Mínima)

 Por outro lado, resistência (R) é


definida como altas chances de
falha terapêutica. Idealmente,
pontos de corte clínicos deveriam
distinguir entre pacientes com
probabilidade ou não de responder
a antibioticoterapia. Porém
determinar pontos de corte envolve
uma série de fatores, incluindo
resultados clínicos de vários tipos de
estudos, distribuições de MIC em
cepas selvagens de várias espécies
de organismos, e aspectos
antimicrobianos de dose, PK e PD.

Clin Microbiol Infect 2012; 18: E37–E45


Mas e só o MIC que influencia a
dose de antimicrobiano?

 Ligação protéica, lipofílica x hidrofílica, ...


Classification of antibiotics in terms of their propensity to
partition into fat or water.

McKenzie C J. Antimicrob. Chemother. 2011;66:ii25-ii31

© The Author 2011. Published by Oxford University Press on behalf of the British Society for
Antimicrobial Chemotherapy. All rights reserved. For Permissions, please e-mail:
journals.permissions@oup.com
E Farmacocinética e
Farmacodinâmica (PK/PD)??

ANVISA, 2007
Voltando a RM....Como lidar?

 Novas drogas / Novas classes


 Inibidores enzimáticos
 Retorno de ATB antigos
 Polimixina/Colistina, Fosfomicina
 Otimização dos ATBs existentes
 Terapias combinadas, ajustes de doses segundo MIC e
parâmetros PK/PD
MIC, categorização (S,R) e
Exemplo de RM
INFECTOLOGISTA - CCIH

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