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Copyright © 2007 por Rodrigo Cardoso
C986r
Cardoso, Rodrigo
Faça diferente, faça a diferença! / Rodrigo Cardoso.
Rio de Janeiro: 2007.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-6030-378-6
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Faça diferente, faça a diferença!
Sumário
Agradecimentos 9
Prefácio 11
Introdução 15
1. Hoje 19
2. A infância 25
3. A primeira lição 31
4. Um novo começo 37
5. A segunda lição 43
6. A terceira lição 51
8. A felicidade voltou 57
9. Os dez princípios 63
11. Reencontro 85
12. Casamento 91
13. A carta 97
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Faça diferente, faça a diferença!
Agradecimentos
A
gradeço em primeiro lugar a Deus por me possibilitar
tamanha inspiração que, com toda certeza, tem um
único propósito: fazer com que o leitor termine de
ler este livro com energia e esperança, seguro de que
realmente é capaz de realizar todos os seus sonhos.
Agradeço a minha esposa Rosana Braga. Ela faz parte
da minha vida, brilhante escritora, palestrante, jornalista,
psicóloga, parceira e principalmente: o amor que me completa.
Agradeço aos meus filhos Lucas e Nicholas: vocês são parte
desta obra. Quando tiverem maturidade pra ler o que escrevi,
procurem aplicar todos os ensinamentos aqui aprendidos. Estou
certo de que isto fará uma grande diferença em suas vidas.
E aproveito para dizer que tenho muito orgulho do novo
filho que ganhei, o Vinícius, o novo irmão mais velho que
nos dá muita alegria e contagia com sua garra de vencer.
Agradeço especialmente a uma mulher vencedora, de fibra e
com muita garra: Sueli Facciolla Cardoso. Sua contribuição foi
essencial para a conclusão deste livro. Suas sugestões, as noites
mal dormidas, as pesquisas e, principalmente, a sua crença neste
projeto desde o início são algumas das muitas razões para eu
ser-lhe eternamente grato. Acima de tudo, obrigado por ter me
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Um grande abraço
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Prefácio
“S
e você pedir à vida um tostão, ganhará
um tostão. Se pedir um milhão, ganhará
um milhão”. Com frases poderosas como
esta, Rodrigo Cardoso conduz esta
magistral obra que, posta em prática, pode levar o
leitor do tostão o milhão.
Rodrigo colocou neste livro tudo aquilo que ele
vivencia. O que está aqui não é a teoria, mas a prática do
sucesso. O diferencial da obra está no fato de que ele vai
além, não só mostrando os princípios fundamentais do
triunfo, mas também colocando emoção na narrativa,
o que cativa o leitor. Não se trata de mais uma obra de
desenvolvimento pessoal, mas de uma história de vida
que reflete o caminho percorrido pelos vencedores, por
aqueles que foram, literalmente, do tostão ao milhão.
Enquanto lia o livro de Rodrigo, eu pensava em
meu próprio pai. A obra falou direto ao meu coração
e comoveu o mais íntimo de meu ser. Meu pai saiu da
roça, nos arredores de Divinópolis, em Minas Gerais,
aos 13 anos, para ganhar a vida em Belo Horizonte.
Logo após sua partida ficou sabendo que seu pai
tinha morrido.
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Ômar Souki
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Introdução
E
ste livro o fará refletir sobre os seus sonhos
e ambições. Em uma viagem através do
tempo, você será levado a reconsiderar o seu
passado, o seu presente e o que realmente
deseja para o seu futuro.
Com certeza, ao terminar este livro, você estará
fortalecido e pronto para realizar os seus projetos,
tornando-se uma pessoa mais forte, mais empreendedora,
com a autoestima e a dignidade pessoal elevadas.
A leitura destas páginas irá inspirar-lhe confiança
e provocará a empatia de seus semelhantes, de quem
receberá cooperação crescente e um amor irrestrito e
desinteressado.
Ao terminar a leitura, você descobrirá que o mais
importante é abrir o seu coração e que é preciso
aprender a explorar as diferenças, derrubando os
muros do ressentimento e da desconfiança, tornando-
se totalmente aberto ao perdão. Com este livro, você
irá ampliar os seus conhecimentos, assimilando técnicas
práticas de como obter sucesso em sua vida profissional,
nos relacionamentos interpessoais, bem como em sua
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O autor.
*www.ultrapassandolimites.com.br
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Hoje
C
inco horas da manhã. Acordo antes do toque
do despertador, programado para as seis horas.
Sinto frio, aqueço-me sob as cobertas macias,
recusando-me a abrir os olhos como se isso
fosse quebrar o encanto deste momento.
Lá fora, o vento assobia uma música maravilhosa. O
vento é constante nessa região durante o inverno, ao pé
da serra do Japi, próximo de Jundiaí, no estado de São
Paulo, lugar onde fica minha propriedade de 780 alqueires,
uma fazenda-modelo com um belo pomar, uma grande
plantação de algodão que me rende atualmente uns dez
mil fardos do tipo 5 e 5.5 — que exporto anualmente
para o Japão e para a Itália —, e com o mais exuberante
pasto da região, onde crio perto de mil cabeças de gado
nelore, todos PO, ou seja, puros de origem. Imagino-
me caminhando pelo pinheiral, cuja ramaria produz esta
música nas frias noites de inverno.
Costumo caminhar, todas as manhãs, ao longo dos oito
quilômetros de uma alameda reflorestada que leva até a
sede de minha fazenda, uma construção sólida de quase
mil metros quadrados, lugar onde estou nesta madrugada.
O termômetro marca três graus positivos.
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A infância
V
olto no tempo até o ano de 1903, quando eu
tinha apenas sete anos de idade. Lembro-me
do dia em que entrei na mercearia do senhor
Manoel, um homem enorme, gordo, com
um longo bigode preto, de pontas voltadas para cima,
como dois ganchos metálicos. Sempre tivera medo
de ser furado por aqueles ganchos ou fuzilado pela
severidade daquele olhar.
— Ei, garoto — disse-me ele. — Quem vai pagar
pelo pão e pelo leite que você acaba de pegar?
— Ponha na conta, senhor Manoel. No fim do mês
meu pai vem aqui pagar, como sempre fez.
— De jeito nenhum, garoto, todos sabem que o seu pai
está muito doente, morrendo, e que já não possui bens.
Deixe o pão e o leite aí mesmo, entendeu?
Humilhado, devolvi o pão e o leite. Voltei para casa
chorando. Chorava muito, sem conseguir entender
por que a vida era tão dura. Mas foi naquele momento
que decidi que nunca mais iria passar necessidades em
minha vida. Que iria vencer e nunca mais sentiria aquela
dor novamente.
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A primeira lição
S
em deixar de olhar para a fogueira, que começava
a perder o ardor, o homem falou:
— Vamos lá, fogueira, nos dê mais calor, aqueça
os nossos corpos! Aumente o seu fogo! Se você fizer isso,
eu lhe dou mais lenha. Achei aquilo muito estranho e não
pude deixar de dizer:
— Meu senhor, o que é isso? Deve saber que precisa
primeiro acrescentar mais lenha para que, somente depois
disso, o fogo aumente e nos dê mais calor.
— Sim, Pedro, é claro que sei disso. Mas como é possível
que você ainda não saiba?
— Como assim?
— Filho, não podemos esperar que a vida nos dê mais
“fogo” se não acrescentarmos mais “lenha” a ela. Não
deve culpar as circunstâncias, a falta de oportunidades,
a falta de família. Dizer que se tivesse tido mais sorte
poderia estar tendo mais resultados em sua vida é o
mesmo que esperar que a fogueira aumente o seu fogo
sem que se acrescente mais lenha. Em primeiro lugar
você deve saber o que quer realmente. Quais são as suas
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Um novo começo
N
aquela noite, demorei a dormir. Apoiei um
velho caderno de notas na caixa de engraxar e
usei a linda caneta “amiga” para escrever tudo
o que eu gostaria de ser, fazer e ter a curto,
médio e longo prazo. Não pensei em como iria conseguir
realizar os meus sonhos.
Apenas escrevi tudo o que me ocorria, como se ao meu
lado houvesse uma fada capaz de realizar todos os meus
desejos. Finalmente, adormeci.
Na manhã seguinte, acordei muito entusiasmado. Em meus
dezessete anos de vida, nunca me sentira com tanta energia.
Seria aquele senhor um novo amigo, seria um anjo enviado do
céu? Anjo ou não, o fato é que, tão logo acordei, dediquei-me
a ler as minhas metas, como ele havia me dito para fazer.
Aquilo funcionou como mágica. Após a leitura, fiquei
com muita vontade de agir. Sabia que, em curto prazo,
eu precisava encontrar um lugar para morar, aumentar
os meus rendimentos e aprender uma profissão na qual
tivesse uma oportunidade de crescimento. Foi quando
tive uma ideia: “Vou até uma sapataria pedir emprego!”.
Como não havia pensado naquilo antes?
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A segunda lição
N
o final da tarde do dia 5 de junho de 1914, enquanto
baixava sozinho o pesado portão de ferro da loja,
pensava na guerra que eclodira na Europa e na sua
influência em minha vida particular bem como na
economia de meu país. Aquele fora o dia de meu aniversário, e
os meus colegas de trabalho trouxeram um bolinho e cantaram
parabéns comemorando os meus dezoito anos de idade.
Era para eu estar feliz. No último ano, fizera mais
dinheiro do que em toda a minha vida. Meus sonhos
tornaram-se realidade em curto espaço de tempo. Já tinha
um cavalo alazão, batizado de Sol, sonho de infância que
realizei muito antes do que havia previsto, uma vez que
era uma de minhas metas de longo prazo.
Entretanto, sentia um enorme vazio no coração. Já havia
conquistado tudo o que desejava. O meu caderno de
anotações, aquele no qual anotara os sonhos que desejava
realizar, completara o seu ciclo. Eu já não tinha mais objetivos.
Estava com a vida que pedira a Deus, já havia conquistado
tudo o que queria. E agora?
Eu fechava a loja todos os dias e sentia enorme orgulho na
confiança que o senhor Jacó depositava em mim. Daquela
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A terceira lição
M
eu amigo levantou-se e foi até a lareira para
ajeitar as achas de lenha consumidas pelo fogo.
Neste instante, uma porta numa das paredes da
sala chamou a minha atenção. Perguntei-lhe o
que havia por trás daquela porta e ele me respondeu que ali
ficava o seu escritório e biblioteca. Em seguida, convidou-
me para conhecer o outro ambiente.
Quando ele abriu a porta, avistei uma linda escrivaninha
de madeira nobre, uma cadeira de couro e uma enorme
estante contendo centenas e centenas de livros. Antes
que eu perguntasse qualquer coisa, ele disse:
— São cerca de dez mil volumes.
Não entendia como ele fazia aquilo, parecia que lia os
meus pensamentos. Mas eu já estava me acostumando.
Talvez o meu espanto fosse óbvio demais.
— Você já leu todos eles? — perguntei.
— Quase todos. Mas os melhores não estão aí.
— Onde estão?
— Na escrivaninha. No gavetão da esquerda há uma
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— Comigo?
— Sim, você terá uma missão muito importante na
vida. Deverá receber os mesmos ensinamentos que
recebi através dos grandes mestres, autores destes livros.
— Eu? Mas como?
— Lembre-se da terceira lição — disse ele. — Você é
muito mais forte do que imagina ser.
Naquele momento, decidi traçar novas e grandiosas
metas e automaticamente peguei a caneta preta que
trazia comigo desde nosso último encontro, aquela que
tinha gravada a palavra “Amigo”, em dourado brilhante.
Em seguida, peguei o velho caderno. Foi quando ele me
interrompeu, dizendo:
— Para novas metas novas, novos cadernos.
Meu amigo virou a chave do gavetão de sua escrivaninha
e tirou de lá de dentro um caderno de capa dura, marrom,
onde se lia: “Livro dos Sonhos”.
— Este é o seu presente de aniversário — disse ele. —
Recorte figuras de tudo o que quer ser, fazer e ter e cole
neste Livro dos Sonhos. Escreva as datas como já ensinei
e leia-o diariamente.
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A felicidade voltou
A
cordei com a luz do sol que atravessava a janela
do escritório e batia em meu rosto, e logo
percebi que adormecera ali mesmo, escrevendo
meus novos objetivos. A grande cadeira de
couro estava vazia. Em cima da escrivaninha, encontrei um
bilhete que dizia:
“Pedro, meu rapaz, precisei sair cedo. No momento certo, nos
encontraremos novamente. Se precisar, já sabe onde me encontrar.
Um grande abraço.
Seu amigo”.
Antes de sair, olhei para a escrivaninha e senti vontade de
abrir o gavetão misterioso. Mas logo me envergonhei daquele
pensamento, atravessei a sala e saí da mansão. Era um sábado
de muito sol, dia 6 de junho de 1914, meu primeiro dia com a
idade de dezoito anos. Meu cavalo me esperava lá fora, mas a
carruagem já havia partido.
Chegando à cidade, ao passar por uma rua de paralelepípedos
que contornava a praça, vi um homem aparentemente bêbado
jogar um punhado de moedas no rosto de um garoto com
cerca de doze anos de idade e que, aparentemente, havia
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Os dez princípios
Meu amigo começou a falar e imediatamente passei
a registrar, tanto no papel quanto na memória, os
princípios que me eram transmitidos:
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ra véspera de Natal de 1914 e, apesar do início
da Primeira Guerra Mundial, as vendas estavam
aquecidas e as pessoas andavam sorridentes pelas
ruas da cidade, tomadas pelo espírito natalino.
Eu caminhava por uma ladeira de paralelepípedos. Sentia-
me feliz, pois estava procurando viver de acordo com os
dez princípios que havia aprendido. Tinhas novas metas
traçadas em meu Livro dos Sonhos.
Ao me aproximar do porto, pude observar a movimentação
da feira de Natal. Pessoas andavam de um lado a outro,
sorrindo. Havia mães de mãos dadas com seus filhos, casais
abraçados, transeuntes apressados em busca do presente de
última hora. Eu observava tudo aquilo com um sorriso de
satisfação nos lábios, quando o barulho das rodas de uma
carruagem sobre os paralelepípedos me chamou a atenção.
Voltei-me para olhar e, subitamente, senti-me atordoado
pelo olhar profundo e penetrante da mais bela jovem que
já vira em toda a vida. Ficamos a nos olhar por alguns
instantes. Ela sorriu. “Que sorriso lindo!”, pensei. Tinha
o cabelo castanho-claro, levemente ondulado. Trajava
um belo vestido com tons de vermelho. Lembro-me de
ter ficado imóvel durante os segundos em que nossos
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Reencontro
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invenção do tênis provocou uma reviravolta em
minha vida. Como criador do novo calçado, era
convidado para todo tipo de feira e exposição
comercial, tanto no Brasil quanto no exterior. E
foi justamente na Feira do Centenário da Independência
do Brasil, em 1922, no Rio de Janeiro, à qual fui convidado
como expositor para demonstrar o novo e revolucionário
produto que eu havia inventado, que tive uma das maiores
e mais agradáveis surpresas de minha vida.
Eu acabara de fazer uma exposição detalhada de
como a borracha poderia ser utilizada com vantagens
na fabricação de solas de sapatos quando, ao descer do
palco, avistei uma moça de cabelos ondulados que saía
pela porta do auditório lotado. Meu coração bateu mais
rápido. Não podia acreditar! Era ela! Sua imagem estivera
guardada em minha memória naqueles últimos oito anos.
Aproximei-me rapidamente. Meu coração palpitava. Eu
estava ofegante. No momento em que ia chamá-la, a
moça virou-se, como se pressentindo a minha presença.
— Olá! — disse ela. E, com a voz trêmula, acrescentou:
— Você?
— Você me conhece?
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Casamento
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uase exatamente um ano após o nosso
encontro, no dia dos namorados, eu e Isadora
nos casamos em minha fazenda. Lembro-
me bem de que, logo após ter erguido o véu
de meu amor e de tê-la beijado publicamente, selando
assim o compromisso de nosso casamento, abri os olhos
e avistei ao longe, em meio à multidão, um homem
sorridente e muito elegante, batendo palmas e meneando
a cabeça em sinal de aprovação. Respirei fundo, apertei a
mão da minha esposa e disse:
— Não acredito! Ele veio, amor! Ele veio! Quero que
você o conheça! Meu amigo está ali! — E apontei na
direção em que ele estava.
Ansioso, puxei Isadora através da multidão, abrindo
caminho entre as pessoas. Quando estávamos a ponto de
nos livrar daquele mar de gente, minha esposa esbarrou
acidentalmente na bandeja de um garçom, derramando
um copo de vinho branco em seu vestido.
— Pedro, vá falar com ele — disse ela. — Vou me limpar
e já volto. Não quero conhecê-lo neste estado.
Em seguida, deu-me um beijo e se foi.
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A carta
E
nquanto, emocionado, eu folheava o álbum
de retratos, caiu em meu colo um envelope
dentro do qual encontrei a seguinte carta:
Pedro,
Como posso continuar me comunicando com você, meu filho,
como posso me fazer ouvir se a minha voz é um eco distante para
os seus ouvidos? Choro, meu filho, choro a vida que lhe dei e da
qual não farei parte. Mas embora eu tenha lhe dado a vida, você
me deu muito mais. Nos breves momentos em que estivemos juntos,
aprendi muitas coisas.
Para ser filho se faz necessário ser pai. Aprendi a respeitar
o meu pai, a compreender-lhe os sentimentos, a felicidade,
as insuficiências. Você é a prova de que um dia andei sobre
a terra. Você é o mais precioso legado que eu podia deixar
para o mundo. Todos os valores nada são comparados a você.
Porque você é o milagre de minha carne. Você é o elo que me
liga ao amanhã.
O som da minha voz lhe é estranho aos ouvidos e, contudo,
no fundo do seu ser, você sabe quem eu sou. Você me vê no seu
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As três mensagens
E
numeradas ao fim da carta, encontrei as três
mensagens das quais ele sempre me falara e
que tanto desejei conhecer.
Primeira mensagem:
Associe-se a pessoas positivas Filho, os amigos são a
família que nos permitimos escolher. Que essa escolha seja
bem-feita. Os amigos com quem temos afinidades são em
geral um espelho de nossas crenças, valores e identidades. O
ser humano que queira se tornar uma pessoa melhor e mais
feliz deve entender essa simples mensagem. Parafraseando o
antigo ditado: “Diga-me com quem andas, que te direi para
onde vais”.
Segunda mensagem:
Aprenda a usar o poder da palavra. A palavra falada tem
poder, tem o poder de curar, de magoar, de ferir, de resgatar
a felicidade de outro ser humano. Seja específico ao enunciar
aquilo que quer da vida. Ensine as pessoas a falarem apenas
o que desejam, pois assim estarão sempre focando o positivo.
Quando dizem: “Não quero ser pobre”, “Não quero perder
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Terceira mensagem:
Seja um eterno aprendiz. Nunca perca a humildade e
saiba que a vida é um eterno aprendizado.
Pedro, meu rapaz, termino aqui as três mensagens. Você tem
uma missão e sabe disso. Já começou a realizá-la. Agora, você deve
ler os livros que estão no gavetão da escrivaninha e enriquecer o
conteúdo de seus ensinamentos. O seu exemplo fará uma grande
diferença na história da humanidade.
Descubra uma forma de ensinar as três lições, os dez princípios e,
por fim, as três mensagens. Estas ajudarão as pessoas a dirigirem
as suas vidas a um futuro melhor. Não credite este conhecimento a
você, tampouco a mim. Uma inteligência universal, acima de nossa
compreensão racional, que chamamos Deus, é o responsável pelas
ideias que brotam no coração dos homens.
Filho, você tem uma vida pela frente. Viva-a da melhor maneira
possível.
Que Deus o abençoe.
Seu eterno amigo.
Bem, eu finalmente tinha uma missão. Recolhi os
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A missão
A
pós voltar da fazenda arruinada, contei tudo
para Isadora e ela, além de acreditar em mim,
apoiou-me em minha missão dali por diante.
Tomamos a decisão de não comentarmos o
que acontecera e, nos catorze anos que se seguiram, nos
dedicamos a transformar a qualidade de vida das pessoas
através dos ensinamentos que meu pai havia me legado.
As vendas de calçados iam de vento em popa. José, meu
fiel amigo, tornara-se um ótimo gerente e cuidava muito bem
dos nossos negócios. Isso me proporcionou certa liberdade
para que eu e minha esposa pudéssemos cuidar daqueles que
nos procuravam em busca de mudanças em suas vidas.
Em 1939, com a idade de 43 anos, decidi escrever
um livro contendo as lições, princípios e mensagens
aprendidos com meu pai. Um livro que pudesse atravessar
fronteiras e ir muito além do que me permitiam minhas
limitações físicas.
O livro tornou-se um grande sucesso. Eu recebia
cartas de agradecimento de diversos países do mundo.
Graças a este livro, tive oportunidade de viajar e expor
as minhas ideias em muitos lugares.
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Epílogo
A
pós todas as lembranças de minha vida
passarem diante de mim como em um filme
em alta velocidade, volto ao tempo presente.
Tudo o que sinto é o pulsar de meu coração.
Vejo-me numa situação extremamente delicada. Será
que conseguirei chegar à praia apenas planando?
Aparentemente, não. O avião começa a perder altitude
com rapidez, ganhando velocidade na queda. A praia
está ficando cada vez mais distante e o mar se aproxima
rápido demais. Tento controlar o aparelho para fazer um
pouso na água, mas a pressão no manche é gigantesca.
Consigo, mal e mal, recuperar a linha do horizonte,
mas esse breve alívio é bruscamente interrompido pela
quebra do manche, que sai em minha mão. O avião
começa a cair de bico. O mar se aproxima. O barulho é
ensurdecedor. De repente, um impacto violento e tudo
fica branco ao meu redor.
Começo a ouvir uma música suave, sinto-me leve, sem
medo, com uma sensação de paz muito intensa. Então,
vejo uma luz brilhante que emana de uma jovem com um
lindo vestido em tons avermelhados, cabelos ondulados e
os olhos mais belos do mundo. Ela está sorrindo para mim.
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