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AMAZONIA LEGAL

ECONOMIA – Minerais
 
Abrigo de imensas riquezas minerais                        
 
A partir da década de 70, o Pará descobriu que abrigava, em seu subsolo, a maior
província mineral da Terra, localizada na Serra dos Carajás, explorada pela Companhia
Vale do Rio Doce(CVRD), através do programa Grande Carajás. A descoberta do
imenso potencial mineral do Estado ocorreu após a implantação do Projeto Radambrasil
pelo ministério das Minas e Energia, considerado o maior projeto de levantamento
integrado de recursos naturais do planeta. Através de Radar, aerofotogrametria e outros
recursos, incluindo pesquisas de campo, foi elaborado um perfil geológico, pedológico e
florestal de algumas regiões brasileiras, entre as quais a Amazônia. O conhecimento
detalhado das riquezas minerais visava racionalizar seu aproveitamento econômico.
Antes mesmo da descoberta de minas como Serra pelada, o Pará já produzia ouro de
aluvião, extraído de terrenos sedimentares recentes, formados nas eras terciária e
quaternária, existente nos leitos de alguns de seus principais rios, como Tapajós e Jari.
A extração era feita por habitantes da própria região, e também por moradores das
"Guianas", que entravam em território paraense através do Rio Jari. As maiores
concentrações minerais do Pará estão nas serras dos Carajás e Pelada, e nos vales dos
rios Trombetas, Jari e Tapajós. Os maiores destaques ficam nos municípios de
Parauapebas(jazidas de ferro), Oriximiná(de bauxita) e Itaituba (de ouro e calcário).
Hoje, a produção de apenas três minerais- ferro, alumínio e manganês- é responsável
por 92,4% da arrecadação do Estado no setor mineral. Em janeiro deste ano, a Rio Doce
Geologia e Mineração(DOCEGEO), empresa que realiza pesquisas para a vale do Rio
Doce, anunciou a descoberta, em Serra Leste, município de Curionópolis, de uma
enorme jazida de ouro há mais de 400 m de profundidade. Segundo a empresa, a jazida
tem capacidade para produzir mais de 150 toneladas de ouro. Alvo de conflito entre
garimpeiros(que sustentam estar a jazida em Serra Pelada, e não na Serra Leste) e a
CVRD, que detém o direito de lavra na região, a jazida só entrou em fase de exploração
após 1988, devido à necessidade de continuação das pesquisas, para delimitar com
precisão sua área de ocorrência e implantar a infra- estrutura necessária para a retirada
do minério.
 
 

ECONOMIA – Minerais
 
Valor da Produção Mineral da Amazônia Legal (veja tabela)
 
O estado do Mato Grosso é o terceiro, com 7,6% de participação no VPM da AML.
Mais de 90% de sua produção se concentra em duas substâncias nobres: ouro (61%) e
diamante (31%), produzidos pelos garimpos e por duas principais empresas; na
produção do ouro se destaca a Mineração Santa Elina e na de diamante a Cia.
Administradora Morro Vermelho.
 
O estado do Amapá participa com 7% do VPM da AML, com produção de manganês
(15%) explorado pela Icomi; ouro (20%), proveniente dos garimpos e das empresas
Yoko Yoshidome e Novo Astro e, mais recentemente, de cromita (9%) pela Cia de
Ferro-Ligas do Amapá; além de caulim (56%), pela Cadam.
 
Rondônia participa com 2,7% do VPM da AML, sua produção mineral é representada
pelo estanho (55%) produzido por empresas dos grupos Paranapanema e Best; e do ouro
(44%), originário dos garimpos. O restante é representado por materiais de construção.
 
Até o ano de 1992, o Acre não figurava nas estatísticas minerais do Brasil, entretanto, o
estado apresenta produção de minerais de usos direto na construção civil, além da
produção de ouro, proveniente dos garimpos. Roraima ainda está implantado seu
sistema de controle do setor mineral, através do estabelecimento de um distrito do
DNPM, no estado.
 
A produção dos estados do Tocantins e Maranhão é pouco significativa, chegando a
menos de 1% do VPM da AML. Essa produção, em ambos os estados, é baseada na
exploração de ouro, pelos garimpos; e por materiais de uso direto na construção civil,
por pequena empresas locais. No estado do Maranhão se destaca o grupo João Santos,
com a produção de argila e calcário para a produção de cimento.
 
De forma similar ao estado do Mato Grosso, Roraima, que participa com 1% do VPM
da AML, destaca-se pela produção de ouro (61%) e diamante (38%), cuja produção é
integralmente originária de atividades garimpeira; o restante (1%) por materiais de
construção por pequenas empresas locais.
 
Todos os estados da AML, exceto o Acre, apresentam produção de ouro (Pará e Mato
Grosso respondem por 90% da produção regional), que já corresponde a 48% da
produção nacional. A maior parte da produção de ouro ainda é proveniente dos
incontáveis garimpos existentes na região, não obstante a produção empresarial vir
apresentado forte crescimento.
 
"A exploração garimpeira na região do Tapajós (no Pará) começou em 1958, nesse
tempo todo, o ouro secundário - aquele que fica misturada a sedimentos como areia e
barro na superfície da terra - foi praticamente exaurido. O que resta agora é a exploração
dos filões de ouro- o chamado ouro primário - que demanda muito dinheiro e
tecnologia. No Pará, em 1994, de todo o ouro extraído, 15 toneladas vieram dos
garimpeiros e 7,5 das empresas; em 1995 empresas e garimpos produziram, cada um, 10
toneladas; enquanto a produção empresarial cresceu 56%,a  dos garimpos caiu em
35%". (O Liberal 23/10/97).
 
Conforme podemos constatar através da análises das reservas e produção mineral, a
produção efetiva da AML, está muito aquém do potencial já identificado. Importantes
reservas, como as de níquel (16%), tungstênio (67%), zircônio (57%), fluorita (93%),
gipsita (42%), leucita (84%) e potássio (66%), dentre outros, não estão sendo
exportadas.
 
Sistema deficiente de infra-estrutura regional, escassez de mão-de-obra capacitada,
limitadas externalidades positivas, vastas áreas proibidas à exploração mineral, ausência
de investimentos em ciências e tecnologias, além da falta de uma política articulada para
estimular investimentos na AML são grandes desafios a serem superados para efetiva
utilização dessas reservas na região.
 
2.6 Amazônia, Globalização e atividade Mineral
 
Não se pode faltar de mineração na Amazônia sem mencionar o crescente processo de
globalização que vive a economia mundial - entendido coma a expansão de uma rede
sistemática com forte interdependência nas relações comerciais, financeiras e
tecnológicas entre países - onde a eficiência econômica e a produção especializada são
os critérios básicos para o intercâmbio de bens e serviços no mercado mundial.
 
Compreender o processo de globalização, no contexto da região Amazônica, é
importante, primeiramente, porque por sua natureza e escala, os projetos minerais estão
inseridos desde sua origem, na lógica. Em segundo lugar, porque a região é foco dos
mais divergentes interesses globais, dentre os quais dois merecem destaque: um que vê
a Amazônia, enquanto a "ultima fronteira de exploração de recursos na expansão da
economia mundial"e , portanto, privilegia uma abordagem de ocupação do espaço para
acumulação de capital; e outro que a vê como uma das últimas reservas de
biodiversidades, privilegiando uma visão conservacionista dos recursos naturais. Estas
abordagens têm profundas implicações nas propostas de desenvolvimento regional.
Vejamos a primeira razão: a evolução e dinâmica do crescimento do setor mineral na
Amazônia, historicamente, tem respondido a essa lógica global. Conforme já
destacamos, as principais descobertas minerais da AML ocorreram a partir de pesquisas
de grupos estrangeiros, entretanto, muitos projetos não foram implementados em
virtude de mudanças no mercado mundial de bens minerais; o aproveitamento
econômico das principais jazidas, somente foi viabilizado para as substancias
primordialmente voltadas ao mercado exportador, por joint-ventures ou grupos estatais.
 
Conforme já frisamos anteriormente, os projetos da indústria mineral estão localizados
na AML, pela óbvia razão da rigidez locacional de suas jazidas, porém a grande maioria
destina sua produção exclusivamente ao mercado externo. Eles só estão sendo
explorados porque apresentam vantagens comparativas expressas pela dimensão e
qualidade das jazidas que, numa relação custo/beneficio, tem compensado a falta das
"economias externas" (expressas por infra-estrutura adequada, ambiente empresarial,
mão-de-obra qualificada, facilidades proporcionada pela proximidade dos centros
urbanos, tais, como hospitais, escolas, farmácias, supermercados, atividades culturais e
recreatividades, dentre outros), que são extremamente limitadas na região.
 
 
Empreendimentos da indústria mineral na Amazônia Legal (veja tabela)
 
Em decorrência disso - além do distanciamento dos grandes centros consumidores,d as
grandes distâncias e difícil acessibilidade existente no próprio interior da região -, os
projetos minerais existentes na AML, ou são atividades marginais, como é o caso do
garimpo. Portanto, excluindo-se a mineração dos chamados minerais de classe II,
destinados a construção civil próximo às áreas urbanas, praticamente inexiste pequena e
média empresa de mineração na Amazônia.
 
Esta configuração tem profundas implicações no desenvolvimento do segmento mineral
na Amazônia, a partir da concepção de complexos industriais, uma vez que grande parte
das pré-condições necessárias para o desenvolvimento dos complexos não estão
presentes na região pois esses setores produtivos apresentam reduzidos efeitos
propulsores à montante e à jusante da empresa, o que historicamente tem limitado a
capacidade de dinamização da renda interna.
 
Numa economia global, direcionada pelos interesses da acumulação, não devemos
esquecer também que o mercado é e será, por muito tempo, o elemento determinante
das decisões de investimento. Por exemplo, com a nova abertura da economia nacional,
agora sem as limitação legais, possibilitadas pela reforma constitucional de agosto de
1996 e pelo novo Código de Mineração de novembro de 1996, o capital estrangeiro está
redirecionado seus investimentos para a Amazônia, entretanto, não está interessado nos
minerais tradicionais, para os quais, além de estoque garantido por longo prazo,
as  projeções dos preços refletem queda ou, quando muito, estabilidade, dado as
mudanças estruturais por qual o setor mineral tem passado. Os investimentos
estrangeiros estão voltados para o projeto de rápido retorno e mercado garantido como
os metais nobres, principalmente.
 
A Segunda razão é decorrente da localização espacial dos projetos que, na região
Amazônia, tem sido alvo de especulações globais de dupla origem: a economia, que
ressalta a inquestionável base de recursos de valor econômico, conhecido e
desconhecido; e a ambiental,que privilegia sua preservação. Essa dicotomia revela
apenas os interesses divergentes em torno do desenvolvimento da Amazônia.
 
Nos anos 80, predominaram as teses que indicavam a Amazônia como a última fronteira
de expansão capitalista nacional. Nos anos 90, tem se consolidado a visão de que a
preservação ambiental na Amazônia é uma questão prioritária, especialmente entre os
segmentos formadores da opinião pública global, dentre os quais podemos destacar:
Banco Mundial, organizações ambientalistas não-governamentais e agora a
Comunidade Européia, através do PPG-7- Programa de Proteção das Florestas Tropicais
Subsidiado pelos 7 países mais ricos do mundo (Canadá, EUA, França, Itália, Inglaterra,
Alemanha, Japão).
 
Os argumentos para transformar a Amazônia numa espécie "APA global" (área de
preservação ambiental) partem do pressuposto de que a região constitui um recursos
global que precisa ser preservado, pois acredita-se que nela estão contidos metade das
espécies vegetais e animais globo, e 1/3 das árvores do planeta, além de que, 20% das
águas que deságuam nos mares provém da Amazônia. Portanto, as ações determinadas
para a Amazônia são de vital importância para o status e o futuro da região, uma vez
que 2/3 de suas áreas  estão em território brasileiro.
 
Quer velada, ou abertamente, a região ainda convive com esse impasse
econômico/ecológico. A questão de como as empresas de mineração existentes tem
lidado com essa dicotomia, depende da escala em que atuam. As grandes empresas
exportadoras têm adotado uma política ambiental pró-ativa, do tipo polluter preventer
(Carajás, MRN, etc.). Por seus produtos majoritariamente destinarem-se ao mercado
externo, suas práticas não poderiam deixar de ser aliadas da questão ambiental. Essas
empresas, em especial a indústria extrativa, têm ao seu redor extensas área
ambientalmente protegidas, sob a forma de APA', Flona'S (florestas nacionais), Rebio's
(reservas biológicas), reservas indígenas etc.
 
Esse tipo de atitude é bem distinta da mineração em larga escala das regiões
Sul/Sudeste, onde so conflitos sócio-ambientais são, em geral, os principais problemas
da mineração, não é um problema tão grave nas regiões Sul/Sudeste quanto na
Amazônia. Naquelas regiões, há uma concentração espacial de outras complementares-
complexo industriais - que potencializam a capacidade de dinamização da renda
proveniente da mineração em prol do desenvolvimento regional.
 
No que se refere às conseqüências  dessas abordagens, para se pensar o
desenvolvimento dos complexos industrias na Amazônia, a partir da mineração,
deveremos considerar as atuais tendências:
 
• As empresas instaladas ou a ser "ecologicamente corretas", sob pena de estarem
fadadas ao fracasso. Exemplos: refluxo das guseiras no corredor de Carajás - o projeto
de implantação inicial previa a construção de dezoito usinas, atualmente estas foram
reduzidas para apenas seis (duas no Pará e quatro no Maranhão), em função do descaso
com o meio ambiente;
 
• O mercado global tem direcionado seu interesse para minerais nobres - a exemplo do
ouro -, daí o novo ciclo de projetos a serem instalados na região. É necessário, portanto,
um posicionamento dos tomadores de decisão quanto às novas tendências dos
investimentos estrangeiros, no sentido de agilizar o processo de regulamentação da Lei
Complementar, que limita os prazos para concessão de lavra, e propor critérios
definidos de partilha, como, por exemplo, investimento de parte dos lucros no
desenvolvimento regional para dinamizar outros setores econômicos.
 
• Há resistências ao desenvolvimento de cadeias produtivas integradas que impliquem
na verticalização do complexo mineral; os critérios serão mais seletivos para
implantação de novas indústrias complementares, especialmente, por parte das
instituições financeiras internacionais. A fase de maior agregação de valor é também a
fase de maiores impactos ambientais (daí surgirem as dúvidas a respeito de como se
comportará a correlação de forças). Neste particular a opinião pública internacional não
vê com bons olhos a industrialização da Amazônia.
 
Considerado as variáveis economias e ambientais, ao "Estado Estruturante" cabe a
tarefa fundamental de administração entre interesses potencialmente divergentes -
exploração econômica e preservação ecológica - sem  se esquecer do componente
social. O  Estado deve se posicionar do ponto de vista da população local,
historicamente desconsiderada dos planos de desenvolvimento regionais, uma vez que
já é consensual a idéia de que apenas a força motriz da globalização não é capaz de dar
respostas aos problemas sociais.
 
Conforme destaca um membro da comissão que dirige a União Européia, Ricardo
Petrelle (FSP), "não estamos no início da hegemonia liberal; nossa tarefa é construir
uma sociedade pós-liberal, já que o liberalismo não é um tipo estável de sociedade, mas
um choque, uma transição, uma destruição dos modos não-econômicos de gestão da
economia. Uma vez alcançado seu objetivo, geralmente com uma eficácia brutal, é
preciso reconstruir a sociedade a partir dos conceitos de justiça e integração, sendo este
o principal dever do sistema político".
 

ECONOMIA - Minerais
 
Reservas Minerais da Amazônia Legal (veja tabela)
 
A AML apresenta reservas de 32 substâncias minerais. Dentre os minerais com
expressão internacional, na faixa de 1% a 12% das reservas mundiais, destacam-se 08
substâncias, por ordem decrescente: bauxita metalúrgica (11%), caulim (6%), fluorita
(2.3%), minério de ferro (2,0%), zicôrnio (1,7%) cobre (1,4%) e potássio (1,3%).
Representando mais de 20% das reservas nacionais destacam-se 17 substâncias, por
ordem decrescente: fluorita (bauxita metalúrgica (88%), estanho (86%), leucita (84%),
caulim (80%), zicôrnio (72%), tungstênio (67%), cobre (67%), pirocloro (nióbio)
(51%), manganês (47%), bauxita refratária (46%), ouro (45%), gipsita (42%), columbita
(33%), gás natural (25%) cromo (24%) e ferro (22%).
 
Adicionalmente, a vastidão territorial da AML e a escassez de estudos geológicos com
maior nível de detalhe, de um lado, e a retração dos investimentos em pesquisa mineral,
de outro, tanto por parte do Estado, quanto pela iniciativa privada, indicam que o
verdadeiro potencial mineral da AML é ainda desconhecido e, provavelmente, muito
superior às informação oficiais divulgadas.
 
A necessidade de melhor conhecer esse potencial está manifestada no Plano Plurianual
para o Desenvolvimento da Mineração Brasileira (DNPM, 1994). No plano foram
selecionadas 33 províncias de interesses especial para o programa de pesquisa
geológica, dessas, 50% localizam-se na AML. Das 20 províncias classificadas como de
primeiro prioridade, 8 estão na AML.
 

ECONOMIA - Minerais                       
 
Mineração e Desenvolvimento na Amazônia Legal
 
De forma similar á dinâmica do desenvolvimento da Amazônia, a trajetória do
crescimento da atividade mineral na região tem sido determinada por interesses e fatores
exógenos, resultantes do comportamento do mercado global de commodities minerais
(como demanda derivada, o consumo de minérios depende dos rumos dos setores
industriais demandantes), das políticas industriais e macroeconômicos do Estado para o
setor mineral e do próprio destino do crescimento da economia nacional.
De fato, o interesse econômico pela exploração dos recursos minerais da região
Amazônica, em bases empresarias, é anterior ao seu processo de integração nacional,
ocorrido nos anos 60. Nos anos 40 , o grupo Bethehein Steel descobriu o manganês no
Amapá que passou a ser efetivamente exportado pela Indústria e Comércio de Minérios
S/A - Icomi em 1957. Nos anos 60, houve uma verdadeira corrida de empresas
estrangeiras para a região, estimuladas pelo aumento da demanda e dos preços dos bens
minerais, muitos dos quais considerados "estratégicos", a exemplo de: em 1966, a
bauxita metalúrgica no Trombetas, pela Alcan; o manganês em Carajás, pela Union
Carbide; em 1967 o ferro e o manganês em Carajás, pela United States Steel; em 1969,
o titânio em Maraconaí, pela Codim e em 1970 a bauxita metalúrgica em Paragominas,
pela RTZ.
Embora a vinda desses grupos tenha resultado na descoberta de importantes reservas
minerais, devido às mudanças no cenário internacional, as jazidas só foram aproveitada
economicamente pela ação de grupos estatais, como a CVRD, ou a partir de empresas
joint- ventures, como a Mineração Rio do Norte - MRN.
Nos anos 80, devido aos problemas do balanço de pagamentos, o governo federal criou
uma série de incentivos ao setor exportador. O setor mineral na Amazônia, passou a ser
um potencial gerador de divisas, daí toda uma campanha para criação do famoso e
etéreo Programa Grande Carajás (que não avançou além dos projetos que já estavam
implantados).
Ainda nos anos 80, intensificou-se a mineração sob a forma do garimpo, em função do
elevado preço do ouro, do incentivo governamental (a exemplo de Serra Pelada), do
agravamento da crise social e da falta de oportunidade de trabalho e renda,
principalmente, dos trabalhadores da renda, principalmente, dos trabalhadores da região
nordeste do Brasil que se constituem na maior parcela da população garimpeira da
região.  Dissociada de um modelo endógeno de desenvolvimento, a configuração da
atividade mineral na região está segmentada: garimpo e grande empresa.
A grande empresa veio para a região atraída pelas vantagens comparativas
proporcionadas pela dimensão e qualidade de sua jazidas. O garimpo resultou como
uma atividade econômica alternativa que, embora utilize grande contingente
populacional, a maior parte dos garimpeiros vive em precárias condições.
Essa segmentação deve-se, em grande parte, ao modelo mineral vigente, viabilização
através dos políticas minerais dos anos 70 e 80, desenhadas para apoiar grandes projetos
minerais, que tiveram como objetivo obter divisas para pagar a dívida externa, e
responder aos interesses de segmentos específicos do setor privado. A falta de política
pública de fomento ao pequeno minerador contribuiu para a exclusão do garimpo do
setor mineral formal da região, e para a marginalização de milhares de pequenos
produtores.
Partindo desse referencial, nesse capítulo nosso objetivo é fazer uma breve
caracterização da AML, do ponto de vista: espacial, populacional e socioeconômico,
identificando os principais eventos que contribuíram para o crescimento da mineração,
bem como destacando o potencial mineral da região, me termos de reservas e produção
efetiva.
 

ECONOMIA - Minerais
 
Mapa da Mineração visa atrair capital estrangeiro
 
Ministério coordenará ação de empresas privadas em novo levantamento
aerogeofísico da Amazônia, para montar o maior banco dados do potencial
mineralógico da região
 
Somam US$ 700 milhões por ano os investimentos feitos no circuito mundial da
mineração, dominado por Canadá e Austrália
 
 
O governo brasileiro pretende atrair investimentos de até US$ 200 milhões por ano das
grandes gigantes mundiais do setor mineral. O Ministério das Minas e Energia (MME)
começará a divulgar no mercado internacional, na próxima semana, seu primeiro passo
para atingir essa meta, o Programa de Levantamento Aerogeofísico da Amazônia
(PLAA). O Programa deve servir de base para montagem do maior banco de dados já
conhecido sobre a Amazônia - região rica em ouro, cobre, estanho e outros. O
Programa, a ser apresentando ao mercado investidor em road show no Canadá, de 5 a 10
de março, terá participação de empresas privadas especializadas em levantamento
geofísico. Para isso, a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) - braço
executivo do MME - promoverá 12 licitações até 2003. A primeira delas, realizada em
janeiro, foi vencida pela Geomag, empresa brasileira associada à holandesa Fugro. Na
etapa inicial do mapeamento, a Geormag fará o levantamento da Cabeça do cachorro
um área de 150 mil quilômetros quadrados, no extremo oeste da Amazônia. A próxima
concorrência está prevista para o final de março e início de abril e analisará área na
divisa entre Pará e Amapá. A CPRM prevê gastos do governo federal de R$ 50 milhões
nessas licitações. O secretário de Minas e Metalurgia do MME, Luciano Borges, afirma
que o Programa ajudará a inserir o Brasil no circuito mundial do setor, hoje dominado
por países como Canadá e Austrália. Nesses países a atividade mineradora recebe
investimentos anuais da ordem de US$ 700 milhões. Idealizado pela CPRM, o
Programa fará até 2003 o mapeamento topográfico e geofísico de 700 mil quilômetros
quadrados no chamado escudo Amazônia Legal. O presidente da CPRM, Umberto
Costa, explica a importância do levantamento pela necessidade de redução de riscos
para os investidores privados. "Quanto mais informações de caráter técnico, menor o
risco dos investimentos e maiores as perspectivas de atração de recursos", justifica o
dirigente, lembrando que o último programa de grandes proporções para coleta de dados
no País foi o chamado projeto Radam, no início da década de 80, executado pelo
próprio Ministério. Ao contrário do Radam, no entanto, o novo Programa será realizado
por empresas privadas das nacionais e estrangeiras, contratadas por licitação. Os dados
do primeiro levantamento deverão estar disponíveis para a CPRM entre julho e agosto
próximos. Pelos termos do contrato, as empresas vencedoras terão de se comprometer a
preservar a confidencialidade dos dados. Caberá somente à CPRM divulgar as
informações a companhia mineradoras, mediante contratos de compra. "Esse programa
viabilizará finalmente o aproveitamento econômico da região amazônica, o que não
ocorreu ainda justamente por causa da falta de informações técnicas precisas", comenta
Umberto Costa. Luciano Borges, secretário de Minas e Metalurgia, informa que a
Amazônia representa 62% do território brasileiro, mas apenas 15% de sua área é
conhecida. Mesmo com os poucos dados disponíveis, revela, já foi possível constatar na
região a presença de minerais como ouro, cobre, níquel, diamante, estanho, ferro e
manganês. Ele comenta que, ao ritmo atual, o trabalho de monitoramento da região só
seria concluído em dois séculos. Com o PLAA, estará concluído em apenas meia
década. A respeito da questão ambiental em torno do aproveitamento econômico da
Amazônia, Borges, afirma que o Programa observará o conceito de desenvolvimento
sustentável- pelo qual a exploração do potencial econômico se dá com mínimos
impactos ambientais. Mesmo assim, admite que o Governo está preparado para uma
verdadeira batalha em nome da preservação do santuário amazônico, por esbarrar  o
PLAA em tema caro não só a movimentos ambientalistas, mas também para as Forças
Armadas. Sob o ponto de vista da ideologia da segurança nacional, comenta o
secretário, a região sempre foi tratada como um banco de riquezas minerais e
biológicas, cujas informações não poderiam estar disponíveis a grupos estrangeiros. "
Hoje isso mudou, com a conscientização de que a essência da soberania nacional é a
informação. Pode-se até pode impedir a empresas estrangeiras o conhecimento dos
recursos da região, mas não haverá soberania sem informações precisas sobre o
território. A melhor maneira de proteger seu patrimônio é Ter conhecimento total sobre
ele". Justifica Borges. Ao contrário do garimpo, caracterizado pelo extrativismo
indiscriminado, diz ainda, a mineração empresarial constitui-se em atividade
ambientalmente sustentável com dimensão social, que pode ser comprovada pela
geração de empregos. A expectativa da Secretaria é de que, no segundo trimestre do
ano, já se sintam efeitos da participação brasileira no road show do Canadá, marcado
para próxima semana. A missão brasileira será formada por 35 representantes do
governo e da iniciativa privada. A equipe participará, entre os dias 5 e 8, de encontro do
Prospectors and Developers Association of Canada (PDAA), evento anual que reúne os
principais investidores do setor minerador. As aplicações canadenses em investimentos
de risco na mineração mundial 69% do total. Também está prevista a participação
brasileira no Fórum Mundial de Ministério de Minas, nos dias 9 e 10 de março. 
 
Reformulação tem apoio do Bird
 
O processo de reformulação da estrutura de governo responsável pelo setor mineral já
começou e terá apoio técnico do Banco Mundial (Bird). Nos próximos dias, a
Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) deslanchará o Programa de
Demissão Incentivada (PDI), pelo qual pretende reduzir de 1,7 mil para 1,3 mil o
contigente de funcionário do órgão. Espécie de braço executivo da Secretaria de Minas
e Metalurgia do Ministério das Minas e Energia, a CPRM terá seu nome modificado
para Serviço Geológico do Brasil (SGB) e será convertida em agência executora dos
segmentos de mineração e hidrologia. O planos do MME, que não se limitam à futura
SGB, incluem, ainda, a transferência da empresa para Brasília. A mudança tem por
objetivo permitido o acompanhamento mais detalhado, pelo Ministério, do dia-a-dia da
hoje CPRM. Na capital federal, a empresa estará mais próxima, também, do
Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM) - como ela, órgão vinculado à
Secretaria -,que será transformado em agência reguladora do setor, passado a deter as
mesma atribuições das Agências Nacionais do Petróleo (ANP) e de Energia Elétrica
(Aneel). Fontes ligadas ao Governo explicam que a reformulação tem o claro objetivo
de conferir maior importância ao setor mineral brasileiro, relegado a segundo plano nos
últimos anos até por conta de amarras constitucionais. Até 1995, a Constituição
brasileira limitava o capital estrangeira a participação minoritárias em empreendimentos
capitaneados por companhias nacionais. Definido como prioridade pelo Ministro das
Minas e Energia, Rodolpho Tourinho, o setor minerador deverá receber investimentos
da ordem de US$ 200 milhões por ano, a partir de 2003, caso se confirmem expectativas
de Luciano Borges, secretário de Minas e Metalurgia, Luciano Borges. Tudo dependerá,
segundo o secretário, do sucesso do programa destinado à captação de investimentos
estrangeiros no setor, iniciando com o levantamento geofísico da região amazônica. A
importância conferida pelo Governo federal ao setor minerador é indicada pela análise
da dotação orçamentária de 200. A CPRM terá à disposição, este ano, um total de R$
125 milhões, disponíveis principalmente para o Programa de Levantamento
Aerogeofísico da Amazônia (PLAA) e para financiar o PDI. Tanto o presidente da
CPRM, Umberto Costa, quanto o secretário de Minas e Metalurgia do MME, Luciano
Borges, não quiseram das detalhes do PDI. Sabe-se, no entanto, que o programa será
desenvolvido até o final deste mês.
 

ECONOMIA - Minerais                
 
A mineração e seus impactos
 
O potencial mineral do Brasil, país de grande diversidade geológica e extensão
territorial, está longe de ser avaliado com precisão. Isso acontece mesmo no caso da
província mineral de Carajás, que dispõe  das maiores reservas mundiais de ferro e
importantes concentrações de manganês, cobre, estanho, níquel, bauxita e ouro. Ainda
assim, no período de 1950 a 1989, o valor da produção mineral brasileira passou de
USS 230 milhões para USS 9 bilhões, em valores constantes em dólar de 1989.
As jazidas minerais ocorrem, geralmente, em regiões até enfio  desprovidas de qualquer
infra-estrutura para a operação da mina e o escoamento da produção. A mineração
funciona, portanto, como um fator de deslocamento de investimentos, uma vez que
induz a extensão da rede de transporte e energia elétrica. A atividade de mineração,
quando mal conduzida, pode ser geradora de sérios impactos ambientais.
No caso dos projetos na Amazônia, a fragilidade do ecossistema tropical toma a região
ainda mais vulnerável, exigindo cuidados complementares. Nesse sentido, a
obrigatoriedade de proteção das reservas indígenas deveria condicionar a implantação
da mina, estradas e barragens.
A mineração junto a áreas urbanas, também freqüente no Brasil, traz impactos
decorrentes de poeira, barulho e vibrações. Impõem-se medidas de proteção do meio
ambiente na concepção ou operação de empreendimentos minerais, tais como a
recomposição de área minerada, a eliminação de poluição atmosférica pelo
carregamento de poeiras no transporte de minérios, as barragens de decantação para
armazenamento dos rejeitos de beneficiamento e a substituição de ustulação por
processos mais modernos e limpos.
A mineração no Brasil envolve ainda um amplo segmento informal de garimpo. Trata-
se de atividade intensiva em mão-de-obra e de baixo volume de investimento.
Na primeira metade deste século não houve expansão da atividade garimpeira. Entre as
décadas de 1950 e 1960, porém, desenvolveram-se duas importantes áreas de garimpo:
Rondônia e Tapajós (estado do Pará), que marcaram o início da atividade em larga
escala na região Amazônica.
Até a década de 1960 prevalecia a prática garimpeira semimecanizada. A partir de
então, alteraram-se as características do garimpo devido à descoberta dos mananciais
auríferos na Amazônia e à
incorporação de novos equipamentos, ocasionando mudanças sociais e tecnológicas que
o afastaram de seu sistema tradicional.
A rápida expansão e a acelerada mecanização dos garimpas trouxeram conseqüências
que hoje estigmatizam esta atividade: degradação ambiental, conflitos comas
populações indígenas e a mineração organizada, condições precárias de trabalho,
descaminho do ouro, depredação dos depósitos. Os impactos ambientais da atividade
garimpeira derivam principalmente da lavra desordenada, da falta de prévio
conhecimento da geologia regional, da disposição indiscriminada de rejeitos, do
assoreamento de drenagens naturais, da dispersão do mercúrio metálico usado na
amalgamação e da falta de recuperação de áreas degradadas.
Estima-se, segundo dados oficiais, a existência de 1.854 garimpas de produção de ouro,
pedras preciosas e outros bens minerais, distribuídos em toda a extensão do território
nacional, nos quais trabalha
uma população calculada em 300 mil pessoas.

 
ECONOMIA - Minerais Pará
 
 
 
EXPORTAÇÕES MINERAIS PARAENSES/1997
BEM MINERAL VOLUME (MIL t) VALOR Milhões
- Ferro 40.494,0 727,0
- Ouro         11,6* 124,0
- Alumínio      357,0 553,0
- Bauxita   4.267,0 100,0
- Caulim      755,0   83,0
- Manganês      583,0   30,0
- Silício        26,0   28,0
- Alumina      326,0   64,0
- Outros -   53,0
TOTAL 46.819,6            1.762,0
 
 
O Estado do Pará é o segundo produtor brasileiro de minérios, com francas
possibilidades de atingir, nos próximos anos, o topo da produção nacional, uma das
maiores do Ocidente. Em 1997, o valor de sua produção mineral foi US$ 2,149 bilhões.
E as exportações – a maioria de minério beneficiado – alcançaram US$ 1,762 bilhão, ou
cerca de 80% do total das exportações do Estado.
No território paraense está a maior jazida mundial de ferro, que apresenta alto teor de
Fe203, e responde por 31% das reservas brasileiras, com 17,4 bilhões de toneladas. O
Pará detém a terceira concentração mundial de bauxita, com 2,4 milhões de toneladas,
ou 80% das reservas existentes no país. É o maior produtor nacional de ouro (30%),
com reservas estimadas em 300 toneladas. Possui as maiores reservas nacionais do
cobre (77%), gipsita (43%), caulim (43%) e participação expressiva nas de manganês
(36%), níquel (16%) e tungstênio (33%). Apresenta, ainda, importantes concentrações
de estanho (41,8 milhões de m³) e calcário (1,7 bilhão de toneladas). Seu mapa
gemológico identifica 256 ocorrências – diamante, água marinha, ametista, berilo,
calcedônia, citrino, cristal de rocha, fluorita, granada, malaquita, opala, quartzo, rutilo,
turmalina, topázio, entre outras.
A produção mineral paraense está concentrada em poucas empresas, há intensa
atividade garimpeira e minas que operam sobre depósitos superficiais (fase que
antecede a lavra de jazidas subterrâneas). As cinco áreas de extração garimpeira de ouro
perfazem cerca de 100 mil km². A mais importante é a região do Tapajós, no Oeste do
Estado, explorada desde 1958 e é a maior produtora aurífera do país. Entre 1980 e 1997,
os garimpos tapajônico responderam por 46,8% das 308,9 toneladas de ouro extraídas
do solo paraense. Nesse período, a produção do Pará representou 1/3 da brasileira, que
ficou em 927 toneladas. Ou seja: o Tapajós foi responsável por 15,6% da produção
aurífera nacional. Hoje, seis empresas estrangeiras, algumas delas com larga tradição
em prospecção, lavra e beneficiamento de ouro, efetuam pesquisa geológica no Estado.
Nem só o ouro porém, oferece excelentes oportunidades de investimentos: o Governo
do Estado incentiva, também a exploração de fosfato, calcário, gipsita, pedras
ornamentais, cobre, zinco níquel e Wolfrâmio. A idéia é verticalizar a produção, através
da criação de pólos industriais, para internalizar riqueza, além de articular o setor com o
projeto global de desenvolvimento do Estado. O Pará produz 13 substâncias minerais:
água, areia, argila, bauxita, calcário, caulim, diamante, ferro, gemas (ametista, opala,
topázio, turmalina), manganês, ouro, pedras britadas e ornamentais e quartzo (silício
metálico).
A produção é basicamente alicerçada em sete projetos de extração e beneficiamento,
capitaneados por pessoas da indústria nacional e internacional como, por exemplo, a
Companhia Vale do Rio Doce, Grupo Cadam, Albras/Alunorte e Camargo Corrêa
Metais. Juntos, esses projetos correspondem a investimentos em torno de US$ 6 bilhões.
 
Pólo Joalheiro – Segundo maior produtor nacional de gemas, o Pará prepara-se, agora,
para aproveitar esse imenso potencial, através da criação de três pólos joalheiros, em
Belém, Itaituba (oeste do Estado) e Marabá (no sudeste). O Plano Diretor para a criação
desses pólos é o resultado de uma parceria entre o Governo do Estado – através das
Secretarias de Indústria, Comércio e Mineração (Seicom) e do Trabalho e Promoção
Social (Seteps) – com o Sebrae, Escola Técnica e Universidade Federal do Pará. Já em
implantação, sua primeira fase consistiu no incentivo ao associativismo entre os
joalheiros do Estado, visando a formação de cooperativas. O segundo passo será o
aperfeiçoamento da tecnologia de produção.
“Estamos melhorando o design e o acabamento das pedras, para atender às exigências
do mercado internacional”, informa o diretor de Mineração da Seicom, Alberto Rogério
Benedito da Silva. Com a mesma finalidade, Governo e empresariado apostam
inclusive, na criação de um “apelo amazônico” para incrementar o comércio da
produção local. Esse apelo deverá se traduzir na utilização da pedraria regional para a
confecção de jóias temáticas, a partir das lendas, mitos, flora e fauna da Amazônia.
“Queremos entrar no mercado”, acentua Rogério, “não para disputar com os indianos e
italianos, que dispõem de um know-how de centenas de anos. Mas para correr uma
faixa, com um produto novo”.
A excelente qualidade das gemas produzidas no Pará tem impulsionado os preços no
mercado internacional – a ametista de Pau D’Arco, por exemplo, é considerada a
melhor do mundo. Os empresários que estiverem interessados em participar da criação
dos pólos joalheiros, devem, antes de mais nada, ter experiência no ramo e um certo
domínio do funcionamento do mercado. A partir daí, é procurar a Seicom, que os
encaminhará às associações existentes, para negociações.
ECONOMIA – Minerais
 
 
Participação dos principais minerais da Amazônia no total
do Brasil, em milhões de toneladas
Mineral Amazônia Brasil %
Alumínio 2.011.501 2.442,839 82
Caulim    915,433 1.104,234 83
Cobre 1.219,979 1.355,051 90
Estanho    398,087    403,567 99
Ferro 4.815,801 19.628,716 25
Fert.    990,418  1.514,330 65
Potássicos
Níquel     388,091     427,111 91
Ouro     370,700   1.450,432 26
Prata     161,355      178,279 91
Obs: Dados de 1989, referentes à Amazônia Legal, que incluem os
estados do Acre, Amazonas, Amapá, Goiás, Mato Grosso,
Maranhão, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Os números
exprimem a soma das reservas medidas mais as indicadas (reservas
comprovadas). A prata aparece em associação com outros metais.
Nas reservas medidas, existem 534.409 quilos de ouro.
Fonte: CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais)
JAZIDAS MAIS SIGNIFICATIVAS DA REGIÃO NORTE (EM MILHÕES DE
TONELADAS)
Minerais Amapá Amazonas Pará Rondônia Total
Alumínio   61,775 2.570,092 2.631,867
Calcário 116,694 1.728,381 226,581 2.071,656
Cobre 1.290,033 1.290,033
Caulim 364,800   669,931 1.034,731
Cromo     7,065       7,065
Estanho 123,162   49,207 212,235   384,604
Ferro     5,130    17.667,860    17.672,990
Fert.     1.140,638      1.140,638
Potássicos
Gipsita 570,254   570,254
Manganês   55,015   89,820   144,835
Níquel   80,725     80,725
Ouro     8,745   98,147   38,628   145,520
Sal-gema  481,098   481,098
Tungstênio    2,062       2,062
Obs: As reservas medidas de ouro no Amapá são de 11.558 quilos (teor de 3,27
gramas de metal por tonelada de minério); no Pará, de 21.860 quilos (teor de 0,5
grama por tonelada). A quantidade de ouro extraída nos garimpos é de difícil
avaliação. Fonte: MDRV/ Anuário Mineral Brasileiro. MDN/M, do DNPM
(Departamento Nacional de Produção Mineral). Dados relativos a 1989.
 
 
ECONOMIA – Minerais Pará
 
Proximidade das jazidas de calcário
 
A elevada acidez dos solos de cerrado torna indispensável a aplicação de calcário para
garantir êxito da atividade agrícola. Na pratica tem sido utilizada a aplicação de 5 a 6
toneladas de calcário por hectare.
O Estado do Pará, possui amplas ocorrências de rochas calcárias em todos os seus
quadrantes. Algumas destas, já a nível de depósito, têm características químicas
adequadas para a utilização como corretivo de solo, ou seja, apresentam percentagem de
Cão + Mg de 38%, conforme padrões estabelecidos pelo Ministério da Agricultura.
Suas principais ocorrências segundo pesquisa do IDESP e CVRD em 1976, estão no
município de Monte Alegre, Marabá, Itaituba, Santana do Araguaia e outros.
A existência de jazidas de rochas calcárias adequadas para o uso agrícola, nos
municípios de Marabá, Curionópolis e Santanas do Araguaia, ainda sem exploração, e
das indústrias do norte de Goiás, a 42 km de Conceição do Araguaia, em funcionamento
normal, tranqüiliza a região quanto a abastecimento deste importante insumo, que
deverá ser utilizado em larga escala para correção dos solos ácidos do cerrado.
 
 
RESERVAS MINERAIS DE CALCÁRIO NO ESTADO DO PARÁ
Município Localização Reserva Composição Requerente
dos Depósitos Medida (t) % CaO % MgO
Monte Alegre Mulata   17.639.000 ND ND Caima (J.
Serra   20.000.000 46,47 1,43 Santos)
Itamajuri CAEMI
Capanema Pirabas 152.000.000 ND ND CIBRASA
Itaituba Laranjo   55.000.000 45,4 1,0 J. Santos
Jibóia 600.000.000 49,4 1,5 CICOAL
Capitoã 360.000.000 41,6 5,8 J. Santos
Arixi 360.000.000 40,4 4,6 J. Santos
Marabá Palestina     5.000.000 35,4 12,5 SILICAL
Sta.M. Campo Alegre ND ND ND TRETEX
Barreira
TOTAL                               1.529.639.000
Fonte: Paraminérios                                                        Obs: Volume correspondente à
49,3% da Reserva Nacional
 
 

ECONOMIA Minerais – Pará


 
Crescimento com verticalização
 
No Pará, crescimento econômico virou sinônimo de verticalização e de internalização
de capital. A passos firmes, empreendimentos privados voltados para a transformação e
a diversificação da produção estão chegando ao estado e, com eles, a perspectiva de
redesenho, no médio e longo prazos, da balança comercial paraense, historicamente
sustentada pela exportação de commodities.
A expansão da verticalização das cadeias mineral, da agroindústria e do ecoturismo faz
parte de uma estratégia de crescimento adequada, de um lado, ao comportamento
globalizador dos mercados, que valorizam a agregação de valor como diferencial
indispensável. De outro, encara dois do maiores desafios do estado: elevar o nível de
renda da população e reduzir as profundas desigualdades sociais.
Com uma balança comercial superavitária que só se perde, no País, para Minas Gerais,
na classificação por saldo cambial, o Pará é uma terra de contradições. Em 1998,
exportou mais de US$ 2,2 bilhões e importou US$ 254,2 milhões – um saldo positivo,
portanto, de US$ 1,95  bilhão. Essa riqueza, contudo, é muito pouco distribuída no bolo
social.
O estado, com Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 15 milhões e 6 milhões de habitantes,
ainda registra baixa renda per capita, de apenas R$ 2,5 mil por ano.  A explicação: a
superavitária pauta de exportações restringe-se a pouco mais de 40 itens e
as commodities minerais ainda respondem por 72% dos produtos embarcados.
É por isso que o papel de “almoxerifado” de matérias-primas, no qual tudo se extrai e
pouco se beneficia, estaria próximo do fim. Uma empresa do estado, por exemplo, já
transforma em cabos elétricos parte da produção de alumínio primário da Albrás, quase
toda destinada ao mercado externo.
 

ECONOMIA – Minerais  Pará
 
Quase toda a produção paraense de alumínio primário é exportada
 
Localização estratégica, moderna infra-estrutura e disponibilidade de áreas para
arrendamento têm sido os principais atrativos para a instalação de empresas na região de
influência do porto de Vila do Conde, no município de Barcarena. Nessa área, com
cerca de 360 hectares, estão instalados grandes empreendimentos da cadeia produtiva de
alumínio e, mais recentemente, de caulim.
O complexo Albrás-Alunorte é um dos negócios de maior sucesso no ainda tímido setor
industrial paraense, constituído por apenas 15 empresas de grande porte. No ano
passado, as duas empresas movimentaram, no estado, R$ 510 milhões só em compras,
energia elétrica, salários, despesas portuárias e impostos, sem considerar as exportações.
Perto das fontes – A história do porto de Vila do Conde está diretamente relacionada à
instalação da Alumínio Brasileiro S.A. (Albrás), fabricante de alumínio primário que é
transformado em produtos finais por outras empresas. Na escolha da localização da
fábrica, no distrito de Vila do Conde, pesou, especialmente, a relativa proximidade das
fontes dos principais insumos – bauxita do rio Trombetas e a energia elétrica de
Tucuruí. A bauxita, minério rico em hidróxido de alumínio, é a matéria-prima usada
para extração do alumínio e ficou conhecida popularmente pela referência na música
Bye, Bye Brasil, de Roberto Menescal e Chico Buarque de Holanda, composta em 1979
para o filme homônimo de Cacá Diegues: “Em março vou para o Ceará/Com a benção
do meu orixá/Eu acho bauxita por lá/Meu amor”.
Outro fator importante para a instalação da indústria foi a possibilidade de construção
de um porto que permitisse a atracação de navios de até 40 mil toneladas. Ainda hoje, a
principal atividade do porto é o embarque do alumínio produzido pela Albrás, o
recebimento de insumos e o embarque da produção excedente da refinadora Alumina do
Norte do Brasil S.A. (Alunorte), coligada da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). O
porto atende, além do complexo de produção de alumínio, a outras necessidades de
transporte de cargas da região.
 

ECONOMIA MINERAIS - Literaturas


 
CONSOLIDAÇÃO DA LEGISLAÇÃO MINERAL E AMBIENTAL                 
Vila Reginaldo Pinto               
Fax: (61) 321-3503    
Brasília - D.F               
 

ECONOMIA – Carajás
 
Siderurgia está de volta
Vale vai garantir matéria-prima e facilitar o escoamento
 
Quase duas décadas depois de ter deixado de lado o Programa Grande Carajás (PGC),
que previa, até o ano 2000, produção anual de 3,5 milhões de toneladas de ferro-gusa e
10 milhões de toneladas de aço em siderúrgicas instaladas ao longo da Estrada de Ferro
de Carajás (EFC), a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) voltou a apostar na
expansão do pólo siderúrgico. A exemplo do PGC, a empresa não deve participar de
nenhum empreendimento como sócia, mas com oferta de logística de transportes –
ferrovia e porto – às usinas interessadas em instalar-se no Distrito Industrial de Marabá.
Em pelo menos um episódio, o da Siderúrgica Carajás, a Vale deixou claro que, pelo
menos na Amazônia Ocidental, não deseja ter participação acionária em usinas
siderúrgicas.
Mas, além de garantir o abastecimento de minério de ferro e facilidades e o escoamento
pela EFC e pelo porto de Ponta da Madeira, em São Luís (MA), a Vale lançou edital
para contratação de serviços de consultoria nas áreas do meio ambiente, tecnologia e
aproveitamento econômico de carvão vegetal. E vai usar, junto ao Banco Mundial, um
dos seus maiores capitais – a credibilidade – para trazer recursos para a área de
produção de carvão.
A expansão do pólo de ferrogusa marabaense é um dos compromissos assumidos
durante o fórum de alternativas econômicas para o município, organizado recentemente
pela Prefeitura local e a Vale. É também uma forma de compensação à não-definição do
local onde será instalada a metalúrgica que vai ser abastecida com o cobre da jazida do
Salobo, localizada em Carajás, em subsolo marabaense.
Os diretores da Vale na região temem que a compensação seja interpretada como um
presente de grego. A indústria de ferro-gusa, considerada de baixo valor agregado, é
malvista pelos ambientalistas e entidades de defesa dos direitos da criança. Ciente disso,
a Vale vai ajuda-las a encontrar soluções ao carvoejamento tradicional, feito a partir do
uso de mata nativa e resíduos de serrarias.
A Carajás Metais é a primeira empresa do setor a atender ao chamamento da Vale, que
deseja elevar a produção anual de gusa de Marabá de 250 mil para 1 milhão de
toneladas. Atualmente, as duas siderúrgicas do município, a Simara e a Cosipar, tem
capacidade instalada, respectivamente, de 80 mil e de 170 mil toneladas. O terceiro alto-
forno da Cosipar entrará em operação no segundo semestre, aumentando para 280 mil
toneladas sua capacidade.
Ex-funcionário da Vale, o engenheiro metalúrgico Raul Rolim é um dos sócios da
Carajás Metais. É também o consultor contratado pela Vale para atrair empresas de gusa
ao Pará. Até agora, segundo informa, sete empresas o procuraram. Entre elas, a
Metalúrgica Marabá (Abaram), a Ferro Gusa do Maranhão (Fergumar) e a Siderúrgica
Pará. “Outras quatro empresas estão interessadas em vir, mas ainda não posso divulgar
os nomes”.
A se confirmar o projeto delineado pela CVRD para a expansão do pólo de gusa da
cidade que já é o principal pólo econômico do sul do Pará, Rolim acredita que os
empreendimentos independentes do sistema Norte – siderúrgicos do Pará e do
Maranhão localizadas ao longo da EFC – vão chegar ao ano 2000 exportando mais gusa
do que as independentes do sistema Sul, formado por Minas Gerais e Espírito Santo.
Em 1997, a produção brasileira de gusa foi de 23,7 milhões de toneladas. As usinas
integradas, que também produzem aço, responderam por cerca de 19 milhões de
toneladas. As independentes, não têm aciarias, produziram 4,7 milhões de toneladas, de
acordo com dados do Sindicato da Industria de Ferro de Minas Gerais (Sindiferro).
Desse total das independentes, 2,6 milhões de toneladas foram exportados, participando
o sistema Sul com 1,7 milhão de toneladas. De acordo com o consultor da Vale, a
tendência é de que o sistema Norte mantenha ou aumente a sua participação como
exportação de ferro-gusa, uma vez que não há nenhuma aciaria na Amazônia.
Já as usinas do sistema Sul devem voltar-se mais para o abastecimento de aciarias e
fundições de empresas do Centro-Sul que não produzem todo o gusa de que necessitam.
Isso fica mais visível no caso de Minas Gerais: dos 3,4 milhões de toneladas de gusa
produzidas pelas usinas independentes minerais, quase 60% destinaram-se a aciarias
nacionais. No caso do Pará e Maranhão, nada menos do que 99% da produção foram
para o mercado norte americano.

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