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ATUAÇÃO DO ASSITENTE SOCIAL NAS INSTITUIÇÕES PSIQUIÁTRICAS

Nome do(a) Aluno(a)1 GEICIELE VIEIRA DE SOUZA


Nome do(a) Orientador(a)2

RESUMO

O trabalho em questão, traz para discussão a pratica profissional do


assistente social nas instituições psiquiátrica, usando como base de pesquisa o
documento Parâmetro para a Atuação de Assistentes Sociais na Política de
Saúde (CFESS, 2010). A partir da experiência de estágio, o embasamento
principal é compreender as condições concretas e o papel fundamental da
ação profissional do assistente social na construção de uma rede de cuidados
voltada para a integralidade do atendimento, buscando como compromisso a
autonomia e desenvolvimento da cidadania do usuário da Política de Saúde
Mental, onde o objetivo é apreender o papel desenvolvido por estes
profissionais nesses serviços e identificar as dificuldades na área de atuação.
O trabalho contempla uma reflexão teórica sobre a trajetória histórica da saúde
mental no Brasil acerca do processo de construção da Reforma Psiquiátrica e
da política, e utilizou-se, como metodologia, a pesquisa bibliográfica, usando
livros e artigos disponíveis, e através dos resultados da pesquisa foi
identificada prerrogativas da questão social, na qual evidenciaram-se que as
demandas por serviços psiquiátrico aumentaram e o objetivo e oferecer
atendimento e realizar o acompanhamento clínico para promover a inserção
social dos usuários, visando sempre a qualidade de vida e o convívio social
perante a sociedade, e a reinserção ao mercado de trabalho.

Palavras-chave – Serviço Social. Saúde Mental. Política de Saúde Mental.


CAPS.

1. INTRODUÇÃO

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A escolha desse tema O serviço social nas instituições psiquiátricas,


tem como objetivo destacar que, segundo a Organização Mundial de Saúde
(OMS, 2001), os problemas de saúde mental são caracterizados pelas
alterações do modo de pensar e das emoções, ou por comportamentos
angustiantes e/ou de deterioração no que podem afetar o desenvolvimento da
vida do indivíduo. Os problemas de saúde mental são doenças que interferem
na capacidade de organização social do sujeito,
e com a elaboração deste trabalho acadêmico tem-se a proposta de conhecer
melhor a realidade de atuação dos assistentes sociais inseridos na área de
saúde
mental, e o interesse se deu ainda pela importância da contribuição ao longo
do processo de formação.
O CAPS é uma instituição destinada acolher pacientes com transtornos
mentais, neuroses graves, psicoses demais quadros, onde é realizado um
acompanhamento clínico para apoiá-los em suas iniciativas de busca da
autonomia, oferecer-lhes atendimento médico e psicológico, incluindo usuários
com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas ou outras
situações clínicas que impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar
projetos de vida.
Cabe ressaltar que o profissional de Serviço Social em suas atribuições, tem
atuado na essência de um dos itens preconizado Movimento da Reforma
Psiquiátrica no Brasil, cuja finalidade propõe-se a redução do número de
internações psiquiátricas propiciando aos usuários desse serviço melhores
condições de vida.
De acordo com MUSSE (2008) Código Criminal do Império emergiu na
década de 1830, inaugurando o surgimento do primeiro desenho do
instrumento jurídico no cenário brasileiro com vistas a estabelecer o controle do
comportamento, considerado por esta norma jurídica como desviante. Sendo
assim uma pessoa louca é entendida como um indivíduo que não se pode
conferir uma punição, neste caso é isento de penalidade em virtude da
ausência da razão perante suas ações, prejudicando o discernimento no
momento de decidir entre o certo e o errado. Durante o processo de
levantamento de bibliografias destaca-se A Organização Mundial da Saúde
(OMS), em seu Plano de Ação sobre a Saúde Mental
2013-2020, afirma que pessoas com a saúde mental comprometida, por
exemplo, as que vivem com depressão grave e esquizofrenia, apresentam uma
probabilidade de morte prematura 40% a 60% maior do que o restante da
população mundial.

2. REFERENCIAL TEORICO
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TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA SAÚDE MENTAL NO BRASIL

No cenário mundial, depois da Segunda Grande Guerra, o Estado passa a


ser responsável não somente por garantir o direito à vida, mas também o
direito à saúde, como forma de superação dos horrores da guerra (FEITOSA;
ROSA, 2008). No caso da saúde mental no Brasil, e perceptível de que a
mudança de concepção e de trabalho com o portador de sofrimento psíquico
pode ser considerada recente uma vez que ameaça à paz da sociedade e o
seu tratamento for um mecanismo de exclusão, de segregação, e punição para
os que sofram com esta doença.
O Movimento de Reforma Sanitária buscou por melhorias das condições
de saúde da população e lutou pela reestruturação do sistema de saúde
existente no Brasil, trazendo questionamentos no campo da saúde e por outros
movimentos sociais (OLIVEIRA, 1987).
Seguindo a linha de pensamento de Vital (2007) onde ele relata que, o
Movimento de Reforma Sanitária, reafirma a proposta de um novo sistema para
a saúde e,especialmente para a saúde mental, destaca se o Movimento pela
Reforma Psiquiátrica que tinha o de desconstruir o método de assistência
existente, oferecendo novas formas de atendimento.
A reforma psiquiátrica, no Brasil, deu-se origem na experiência italiana, que
partia do pressuposto de que “quando dizemos não ao manicômio, estamos
dizendo não à miséria do mundo e nos unimos a todas as pessoas que no
mundo lutam por uma situação de emancipação” (BASAGLIA, 1982, p. 29).

Segundo Amarante (2003), o objetivo da Reforma Psiquiátrica é

[...] não só tratar mais adequadamente o indivíduo com transtorno


mental, mas o de construir um novo espaço social para a loucura,
questionando e transformando as práticas da psiquiatria tradicional e
das demais instituições da sociedade (2003, p. 58).

A Reforma Psiquiátrica, além de melhorar a qualidade no atendimento,


criou mecanismos e espaços para tratamento na inclusão e na inserção
comunitária, deixando para traz a ideia de que os “loucos” deveriam ser
isolados para o tratamento (AMARANTE, 2009). Desta forma, originou-se a
possibilidade de um tratamento humanizado, sem a necessidade do isolamento
e distanciamento do paciente de seus familiares ao qual eram submetidos até
este período.
Dando continuidade no processo de transformação política no Brasil que
sucedeu através do surgimento do Movimento dos Trabalhadores em Saúde
Mental (MTSM) e, principalmente, na inspiração da experiência Italiana liderada
por Franco Basaglia (AMARANTE, 1988). O mesmo buscou abolir o modelo
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hospitalocêntrico de tratamento em saúde mental e vindo a instituir outra lógica


de assistência, tais como, mantê-los em suas relações sociais, sem isolá-los
institucionalmente, de forma que alinhe o tratamento, o acompanhamento
assistencial e a recuperação.
Segundo Ferraz e Kraiczyk (2010), as construções de gênero se
manifestam nos diferentes tipos de transtorno, e destaca que a depressão
ocorre duas vezes mais em mulheres do que em homens, Outro ponto
relevante trazido pelas autoras é de que os próprios médicos diagnosticam
mulheres com depressão mais frequentemente do que homens, mesmo que
ambos apresentem Sintomas idênticos.
Para consolidar um modelo de atenção à saúde mental aberto e
comunitário a Política Nacional de Saúde Mental, Lei 10.216/02, busca garantir
a livre circulação das pessoas com transtornos mentais mediante aos serviços
existentes e vindo a oferecer cuidados com base nos recursos e necessidades
de cada individuo, disponibilizando equipamentos variados tais como os
Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), os Serviços Residenciais
Terapêuticos (SRT), os Centros de Convivência e Cultura e os leitos de
atenção integral e o Programa de Volta para Casa.

SERVIÇO SOCIAL

Os fundamentos do Serviço Social, tem como base princípios humanitários


e luta para superar as relações sociais dominantes, desenvolvendo importante
papel na reintegração dos portadores de transtorno mental e nos serviços,
atendendo não somente a eles como também suas famílias.
O Assistente Social começou a desenvolver na área da saúde o
denominado Serviço Social Médico, e ao trabalhar com a prestação dos
serviços sociais, atua com os fragmentos da questão social, que tem como
uma de suas expressões o adoecimento.
A inserção do Assistente Social na saúde se deu também pelos princípios de
atendimento benevolente e filantrópico. Sengundo Montaño (2007), em seus
estudos sobre relacionado a natureza do Serviço Social expõe duas teses
opostas sobre a natureza profissional: perspectiva endógena e perspectiva
histórica e crítica.

ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA SAÚDE MENTAL

O Serviço Social na área de Saúde Mental iniciou-se em 1940 com a


criação de instituições assistenciais onde os profissionais atuava em cuidados
com educação, saúde e higiene. Atendia uma certa porcentagem da população
de forma asilar.O trabalho do assistente social nas instituições consistia em
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fazer estudo de caso, orientar as famílias, ajuda comunitária e entrevistas


terapêuticas, lidando com crianças apontadas pela sociedade como
problemáticas (VASCONCELOS apud ROSA, 2006).
Os assistentes sociais em algumas instituições, faziam campanhas para
arrecadação de recursos financeiros, com a pretencão de adquirir roupas, e
bens de primeiras necessidades dos internos. O seus trabalhos limitava-se a
serviços burocráticos e rotineiros e sem nenhuma intervenção transformadora
no cotidiano de pacientes e familiares.
O Serviço Social na área da psiquiatria brasileira iniciou-se prestando
assistência aos trabalhadores, para amenizar as manifestações sociais entre o
capital e o trabalho, ressalta se que sua atuação em manicômios ocorreu
posteriormente. O espaço de atuação do Serviço Social perante o mercado de
trabalho teve um grande aumento devido à implantação de clínicas e hospitais
psiquiátricos particulares e à privatização ocorrida na saúde. Nos hospitais
psiquiátricos os assistentes sociais eram contratados para cumprir a exigência
do Ministério da Saúde, porem os salários pagos eram péssimos e os
assistentes sociais não tinham função definida (SILVA & SILVA, 2007).
Bisneto (2007, p.120) destaca-se que “algumas variáveis típicas na
caracterização dos usuários de estabelecimentos psiquiátricos que podem
trazer implicação para a prática do Serviço Social”, levantando algumas
questões sobre a predominância de usuários pertencentes a classe dominada:
moradores de rua, sujeitos com baixo nível de escolaridade.
As demandas emergenciais decorrentes de questões implícitas que cabe
ao assistente social desvelá-las, pois neste sentido a Lei n. 10.216 de 6 de abril
de 2001, dispõe em seu Artigo 1º:

Os direitos e a proteção das pessoas acometidas de


transtorno mental, de que trata esta Lei, são assegurados sem
qualquer forma de discriminação quanto à raça, cor, sexo,
orientação sexual, religião, opção política, nacionalidade,
idade, família, recursos econômicos e ao grau de gravidade ou
tempo de evolução de seu transtorno, ou qualquer outra.

O trabalho do assistente social com as famílias dos pacientes de transtorno


mental sempre deve estar voltado ao fortalecimento dos vínculos para com o
membro que necessita de atenção e cuidados especiais, pois muitas vezes
resulta no distanciamento e rejeição, da sociedade prejudicando ambas as
partes.
O profissional se coloca-se a disposição dos familiares para escutá-los,
demonstrando atenção e importância para os problemas que ela apresenta,
buscando algo maior, onde o diferencial está na intencionalidade do assistente
social que busca efetivar mudanças na realidade dessa família vítima da
exclusão social.
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O profissional que presta ajuda à família deve pensar que a


mesma tem de ser respaldada nos conceitos já estabelecidos
no meio familiar e não nos do profissional; quando se passa a
considerar o doente mental nos seus contextos familiar e
social, atribui-se ao seu distúrbio mental um significado cultural,
ou seja, “diferente” para aquela determinada família sustentada
por uma cultura diferenciada (OLIVEIRA & COLVERO, 2001, p.
199).

Para o portador de doenças mentas a família exerce um papel fundamental


proporcionando toda a proteção, acolhimento, e cuidados distintos. Para
reafirma à concepção conceitual do papel da família, Rosa (2003) aponta que
ela deve ser parceira co-responsável nos projetos terapêuticos dos Serviços de
Saúde Mental. Fica sob responsabilidade do profissional superar
determinadas fragilidades ainda existentes no campo de saúde mental:

[...] reconhecer seu próprio valor, saber o que está fazendo,


criar um discurso profissional, publicar idéias, lutar por seus
princípios, fazer alianças, se expor profissionalmente em Saúde
Mental. É claro que o profissional de campo precisa contar com
a colaboração de seus colegas de academia: a universidade
também deve desenvolver esse discurso profissional com
pesquisas, aulas, extensão, publicações, conferências entre
outros recursos (BISNETO, 2007, p. 145).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através da análise de pesquisa, pude compreender as necessidades das


pessoas portadoras de distúrbios mentais e seus familiares são variadas e
divergem em diferentes etapas da doença, a importância do assistente social
nas instituições psiquiátricas a frente da saúde mental, visa à promoção e a
garantia dos direitos sociais das pessoas com transtornos mentais, o que
denota a necessidade de uma gama de serviços e de ações que permitam o
seu atendimento.Portanto, cabe aos profissionais da saúde aumentar a
qualidade do atendimento visando à promoção e a garantia dos direitos sociais
ao portador de distúrbio mental assim como à sua família.

Observamos que os maiores desafios que o assistente social vive na


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atualidade, é trazer propostas de trabalho criativas e capazes de preservar e


efetivar direitos, no qual precisam ser colocados em pauta para viabilizar uma
política de saúde mental eficaz que garanta os direitos dos usuários a partir de
demandas emergentes na sociedade.

Depois de analisar todo o processo histórico da saúde em si, o Serviço


Social no âmbito da saúde mental tem trabalhado de forma a compor equipes
multiprofissionais. Acredito ser através da especificidade da profissão somada
e á junção de diferentes conhecimentos, que a criação de projetos ou
pesquisas, se manterá permanentemente para uma melhor atuação na
identificação de necessidades impostas pelas múltiplas expressões da questão
social e pelas lutas de classes no cenário contemporâneo, quer no capital quer
no trabalho (Bisneto, 2007).

Mediante as reflexões, o processo de discussão e problematização, conforta


saber que o Serviço Social tem adquirido uma formação crítica, dessa maneira
convém situar o tratamento humanizado direcionado aos usuários do serviço de
saúde mental. Contudo, faz-se necessário considerar que a Reforma
Psiquiátrica, trouxe grande ganho em relação às pessoas com transtornos
mentais.

Deve-se pensar a importância da atuação do Assistente Social na saúde


mental, e poir isso destaca-se que a Inserção desses profissionais deve ser
ampliada no espaço sócio-ocupaciona onde aborda os aspectos sociais e
culturais do adoecimento mental.
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REFERENCIAS

AMARANTE, Paulo. Loucos pela vida: a trajetória da reforma psiquiátrica no


Brasil. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 1988.

AMARANTE, Paulo. Saúde mental e atenção psicossocial. 2. ed. Rio de Janeiro,


Ed. Fiocruz, 2008.

AMARANTE, Paulo (Coord.). Saúde mental, políticas e instituições: Programa


de Educação a Distância. Rio de Janeiro. Módulo. 7. Fiotec/Fiocruz, EAD/Fiocruz.
2009.

BISNETO, José Augusto. Serviço Social e Saúde Mental: uma análise


institucional da prática. São Paulo: Cortez, 2007.

SILVA E SILVA, M. O. S. (Coord). O Serviço social e o popular: resgate


teórico-metodológico do projeto profissional de ruptura. 4 eds. São Paulo:
Cortez, 2007.

VITAL, Natália Silva. Atuação do Serviço Social na área de saúde mental


frente ao liberalismo. 2007. 61 f. TCC (Especialização em Serviço Social) –
Escola de Serviço Social, Universidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ.

MUSSE, Luciana Barbosa. Novos sujeitos de direitos: as pessoas com


transtornos mentais na visão da bioética e do biodireito/ Luciana Barbosa
Musse.- Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

FERRAZ, Dulce. KRAICZYK, Juny. Gênero e Políticas Públicas de Saúde:


construindo
respostas para o enfrentamento das desigualdades no âmbito do SUS. In:
Revista de
Psicologia da UNESP. vol. 9, nº1, p. 70-82. São Paulo, 2010.

BASAGLIA, Franco. A psiquiatria alternativa: contra o pessimismo da razão o


otimismo da prática. Conferências no Brasil. São Paulo: Monsanto, 1982.

MONTAÑO, Carlos. A natureza do serviço social: um ensaio sobre sua


gênese, a “especificidade” e sua reprodução. São Paulo: Cortez, 2007.

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