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1-Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Ilha Solteira, São Paulo, Brasil.
2-Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil.
3-Universidade Estadual de Campinas, Campinas, São Paulo, Brasil.
*email: rfgregolin@gmail.com
Resumo - O presente trabalho tem por finalidade estudar as propriedades mecânicas e microestruturais das
ligas de titânio, utilizadas largamente na fabricação de implantes ortopédicos e craniofaciais, com o objetivo de
comparar uma nova tecnologia de fabricação dos implantes, a prototipagem rápida em metais com os processos
convencionais de fabricação. A prototipagem rápida está sendo utilizada em diversas áreas do conhecimento
humano para auxiliar no estudo e muitas vezes na própria fabricação dos componentes para uso. Atualmente
com o avanço de softwares e equipamentos como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética,
conseguimos reproduzir qualquer parte do corpo humano em imagens tridimensionais com grande perfeição e
isso é utilizado na reprodução de implantes, scaffolds, materiais de auxílio e preparação em cirurgias. Esse
trabalho se propõe a fazer: Um comparativo entre a microestrutura da liga nos dois processos de fabricação
(prototipagem e convencional), evidenciando a natureza, a forma, a distribuição dos diversos constituintes ou
de certas inclusões e o estudo de propriedades mecânicas do titânio em ambos os casos.
1. INTRODUÇÃO
Desde os tempos mais remotos a humanidade procura soluções para suas mais
preocupantes enfermidades. No Egito antigo o Papiro de Edwin Smith (1600 a.C.) descreve
em extraordinários detalhes o exame, diagnóstico, tratamento e o prognóstico de numerosas
doenças. Atualmente com o advento da tecnologia e com a rapidez da evolução humana temos
invenções encantadoras que, muito mais do que isso, auxiliam na melhoria de vida de toda a
população.
A Prototipagem Rápida é uma delas, técnica relativamente nova, inventada na década
passada para produzir rapidamente objetos sólidos 3D a partir de dados de computador 3D,
através da adição de camadas de material (KAI, 1997), (JACOBS, 2000). Somente em 1989 o
primeiro sistema de Prototipagem Rápida foi disponibilizado comercialmente (JAMES,
1998), (GOMIDE, 2000). Essas técnicas fornecem o caminho para se construir uma variedade
de peças de formas complexas. A confecção de objetos através dos métodos tradicionais de
remoção de material é onerosa, difícil, por vezes impossível. Entretanto, técnicas de usinagem
ainda são importantes na produção de modelos menos complexo. (GROUP, 1994). (SANTA
BÁRBARA, 2006).
No artigo em questão foi utilizado o processo de prototipagem DMLS (Direct Metal
Laser Sintering), onde se buscou o comparativo entre as propriedades microestruturais e
mecânicas da liga de titânio ASTM F-136, prototipada e trabalhada a frio por laminação.
Abaixo segue a tabela 1 (OLIVEIRA, 2008) com algumas tecnologias de prototipagem que
utilizam pó para fabricação das peças.
O material que será analisado neste trabalho é a liga de titânio Ti-6Al-4V, assim, será
feita uma breve discussão acerca de propriedades mecânicas e microestruturais de sólidos
compostos desta liga. A liga Ti-6Al-4V tem sido muito empregada em implantes devido às
ótimas propriedades de corrosão, que permitem uma biocompatibilidade eficaz, propriedade
esta proporcionada por uma fina camada protetora de óxido formada sobre a superfície do
material. Além disso, a alta resistência mecânica e o baixo módulo de elasticidade também
são propriedades muito importantes apresentadas pelos implantes compostos por esta liga de
titânio (PETERSEN et al., 2005).
Em termos de microestrutura, sólidos obtidos a partir da liga Ti-6Al-4V apresentam
uma composição alfa-beta, de grãos alfa (Ti-α) e fase intergranular beta (Ti-β) (PETERSEN
et al., 2005). A fase Ti- α apresenta uma estrutura cristalina hexagonal compacta, enquanto a
fase Ti- β apresenta uma estrutura cúbica de corpo centrado (AZEVEDO, 2003). Além das
fases Ti-α e Ti-β, a estrutura do sólido também pode apresentar a fase Ti-α’ (agulhas
martensíticas), que surge quando a liga passa por um processo de resfriamento muito rápido.
Esta fase é formada por longas placas martensíticas orientadas ortogonalmente, e também
apresenta estrutura cristalina hexagonal compacta (AHMED e RACK, 1998; AZEVEDO,
2003).
A microestrutura de ligas de titânio α+β é resultante dos tratamentos termomecânicos
aplicados no material. Estes tratamentos podem ser divididos, geralmente, em três etapas:
deformação, solubilização e envelhecimento. Por exemplo, microestruturas equiaxiais to tipo
α+β são obtidas a partir da deformação e recozimento no campo α+β, enquanto microestrutura
aciculares são obtidas através de deformação no campo β, seguido de resfiramento rápido
(AZEVEDO, 2003).
Devido à sua estrutura cristalina cúbica de corpo centrado, a fase Ti- β apresenta melhor
tenacidade à fratura, pode ser processada termomecanicamente a temperaturas mais baixas e é
mais dúctil do que a fase Ti-α, que por sua vez apresenta menor coeficiente de difusão e é
mais resistente à deformação (AZEVEDO, 2003).
Para sólidos fabricados com a liga Ti-6Al-4V através da técnica DMLS, um parâmetro
bastante importante e que influencia as propriedades mecânicas do material é a porosidade. A
dureza, por exemplo, tende a aumentar quanto menor a porosidade do material
(VANDENBROUCKE; KRUTH, 2007).
4. MATERIAIS E MÉTODOS
Neste trabalho foram utilizadas duas amostras obtidas a partir da liga de titânio Ti-6AL-
4V: a primeira delas amostra número 1 (A) o material trabalhado a frio foi obtido
comercialmente e a amostra número 2 (B) o material foi fornecido pelo Instituto de
Biofabricação (INCT-BIOFABRIS), localizado na Faculdade de Engenharia Química da
Unicamp, que utilizou, para a fabricação do material, a máquina de sinterização direta a laser
EOSINT M270 (método DMLS). Os parâmetros utilizados na fabricação do material podem
ser observados na tabela 2.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 3– Comparação entre propriedades Mecânicas da liga Ti6Al4V Trabalhada a Frio e Prototipada por
DMLS.
Amostras Limite de Limite de
Modulo de Alongamento
Ti6Al4V Escoamento Resistência a
Elásticidade (GPa) (%)
(MPa) Tração (Mpa)
Trabalhada a
953 1038 106 14,0
Frio
Prototipada
957 1172 108 11,0
por DMLS
Figura 2 – Micrografias óptica das amostras de Ti-6Al-4V antes do ataque químico: (A)
Trabalhada a Frio (B) sinterizada através do método DMLS.
Os gráficos contendo os 20 valores de dureza coletados para cada amostra podem ser
observados na figura 3.
400
350
300
250
200
150
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Medidas
Microscopia óptica
Figura 5 – Micrografia óptica das amostras de Ti-6Al-4V após o ataque químico. Aumento de
200 vezes (A) Trabalhada a Frio (B) Sinterizada através do método DMLS.
Nas figuras 4(A) e 5(A), as regiões claras representam a fase Ti-α, enquanto as regiões
escuras representam a fase Ti-β. Além das duas fases, pode-se observar, também, os traços de
laminação, provenientes do processo de fabricação do material da amostra A (Trabalhada a
Frio). Estes traços são as regiões nas quais os grãos estão orientados na mesma direção,
tornando o material anisotrópico. Em termos de propriedades mecânicas, esta característica
pode conferir ao material um bom comportamento no caso da aplicação de esforços na mesma
direção de laminação. Já nas situações em que o material for submetido a esforços que não
estejam nesta direção, as propriedades mecânicas podem ser inferiores.
Nas figuras 4(B) e 5(B), observar-se a presença das fases Ti-α e Ti-β representadas
pelas regiões clara e escura, respectivamente. Adicionalmente, nestas microestruturas nota-se
a presença da fase Ti-α’, que consiste nas placas martensíticas de forma acicular e que são
orientadas ortogonalmente umas às outras. Os grãos do material sinterizado através do DMLS
não apresentam ordenação anisotrópica como os grãos do material trabalhado a frio, o que
pode conferir ao material sinterizado propriedades mecânicas mais uniformes.
Figura 6 - Micrografia eletrônica (MEV) das amostras de Ti-6Al-4V após o ataque químico.
(A) Trabalha a Frio (B) Sinterizada através do método DMLS.
6. CONCLUSÕES
7. AGRADECIMENTOS
AZEVEDO, C. R. F. Microestrutura do titânio e suas ligas para implantes cirúrgicos. Metalurgia &
Materiais, v. julho, p. 445-447, 2003.
ESPERTO, L.; OSÓRIO, A. Rapid Tooling, Sinterização Directa Por Laser de Metais. Revista da
Associação Portuguesa de Análise Experimental de Tensões, Lisboa, v. 15, p. 117-124, 2008.
KAI, C.C.; JACOB, G.G.K. MEI, T. (1997). “Interface Between CAD and Rapid Prototyping Systems
Part 1: A study of Existing Interfaces. Internatinal Journal of Advanced Manufacturing Technology(13): 566-
570.
JACOBS, P.F. HILTON, PETER D. (2000). Rapid tooling – Technologies and industrial applications. Basel,
Switzerland, Marcel Dekker, Inc. v270 ISBN 0-8247-8788-9 CenPRA.
JAMES, W.J. et. all. (1998). Correction of congenital malar hypoplasia using stereolithography for
presurgical planning. Journal of Oral and Maxillofacial Surgery v. 56(n. 4): p. 512-517.
GROUP, DANEK. (1994). Fused Deposition Modelling Used to Aid Ind Design Of Spinal Implants. Rapid
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PIEHLER, H. R. The future of medicine: biomaterials – materials challenges for next century. MRS
Bulletin, v. 25, n. 8, p. 67-73, 2000.
SANTA BÁRBARA, Ailton (2006). Processamento de imagens médicas tomográficas para modelagem
virtual e física – o software Invesalius , tese de doutorado, FEM, UNICAMP, Campinas, SP.
VANDENBROUCKE, B.; KRUTH, L. P. Selective laser melting of biocompatible metals for rapid
manufacturing of medical parts. Rapid Prototyping Journal, v. 13, n. 4, p. 196-203, 2007.
VOLPATO, N. Prototipagem Rápida: Tecnologias e Aplicações. São Paulo, Edgard Blücher, 2007