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A partir de 2002, com a promulgação da Lei n° 10.537, e a alteração do art.

789 da CLT, novas diretrizes estabeleceram que:


§ 1o As custas serão pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado da decisão. No
caso de recurso, as custas serão pagas e comprovado o recolhimento dentro do prazo
recursal. § 2o Não sendo líquida a condenação, o juízo arbitrar-lhe-á o valor e fixará o
montante das custas processuais. § 3o Sempre que houver acordo, se de outra forma
não for convencionado, o pagamento das custas caberá em partes iguais aos litigantes.
§ 4o Nos dissídios coletivos, as partes vencidas responderão solidariamente pelo
pagamento das custas, calculadas sobre o valor arbitrado na decisão, ou pelo
Presidente do Tribunal." (BRASIL, Art. 789, Lei no 10.537/2002).

O acesso à gratuidade de justiça, antes da reforma, era mencionado no


§ 3° do artigo 790 da Consolidação Das Leis Do Trabalho (CLT). A redação
assegurava ao trabalhador esse benefício se o mesmo tivesse rendimento igual
ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos, ou caso não apresentasse condições
financeiras para arcar com as custas processuais, sem que isso representasse
detrimento do seu sustento, como também o de sua família. Com a alteração
do texto da reforma em 2017, o § 3° do artigo 790 foi revogado.
O art. 790 da mesma norma, facultou aos juízes a concessão, a
requerimento ou de ofício, da gratuidade da justiça, incluindo tal benefício a
traslados e instrumentos, às pessoas com rendimento salarial igual ou inferior
ao dobro do mínimo legal, ou que declarassem não possuir condições de pagar
as custas, sem causar prejuízo do sustento próprio ou da família.
O acesso efetivo à justiça vai além da excisão de obstáculos que
impeçam o exercício da jurisdição. Ele está relacionado ao acesso a outros
mecanismos que porventura dificultem a efetividade da tutela jurisdicional, a
exemplo de custos processuais, honorários advocatícios e periciais e outros
itens que impossibilitariam ao cidadão sem recursos financeiros o ingresso na
justiça ou manutenção de um processo já iniciado (GUIMARÃES, 2018).
Com a promulgação da Lei nº 13.467/2017 instalou-se novo regime, no
tocante ao benefício da gratuidade à justiça trabalhista, que passou a utilizar
como regra para estabelecimento da condição de hipossuficiência econômica,
um teto, com salário igual ou inferior a 40% regime geral da previdência social. 
A nova redação trabalhista, a partir do artigo 790-B trouxe também
modificações quanto ao pagamento de honorários advocatícios e periciais.
Segundo a exposição de motivos, essas alterações objetivam a redução do
número de demandas trabalhistas, muitas vezes representadas por ações
manifestadamente infundadas, que acabam por onerar a União com o
pagamento por honorários periciais desnecessários (GAIA, 2019).
Em relação aos honorários periciais, as alterações na CLT regem que a
responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é da parte
sucumbente na pretensão do objeto da perícia, ainda que beneficiária da
justiça gratuita, conforme artigo 790-B:
Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é da parte
sucumbente na pretensão objeto da perícia, ainda que beneficiária da justiça gratuita.
§ 1º. Ao fixar o valor dos honorários periciais, o juízo deverá respeitar o limite máximo
estabelecido pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho.
§ 2º. O juízo poderá deferir parcelamento dos honorários periciais.
§ 3º. O juízo não poderá exigir adiantamento de valores para realizar perícias.
§ 4º. Somente no caso em que o beneficiário da justiça gratuita não tenha obtido em
juízo créditos capazes de suportar a despesa referida no caput, ainda que em outro
processo, a União responderá pelo encargo.

Deste modo, ainda que beneficiado pela Justiça gratuita, a


responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais, caso seja
sucumbente na pretensão objeto da perícia não está extinguida. A União arcará
com o encargo apenas em casos cujo beneficiário da justiça gratuita não tenha
obtido em juízo créditos suficientes para custear a despesa referentes aos
honorários.
No tocante aos honorários advocatícios, o artigo 791-A, § 4º, da CLT,
traz a possibilidade da suspensão da necessidade de remuneração dos
honorários do advogado da parte contrária, caso o sucumbente apresente
hipossuficiência de recursos:
Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em
juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa,
as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição
suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois
anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o
credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de
recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado
esse prazo, tais obrigações do beneficiário. (BRASIL, Art. 791-A, Lei
no 13.467/2017).

Mesmo que a parte vencida, total ou parcialmente tenha o benefício da


gratuidade de justiça, a responsabilidade pelo pagamento dos honorários
advocatícios sucumbenciais persiste. Se a parte não possuir créditos que
suportem esse custo, seja no mesmo processo ou em outro, a obrigatoriedade
do pagamento dos honorários advocatícios será suspensa e somente será
executada se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão,
o credor evidenciar que deixou a condição de hipossuficiência de recursos.
Após dois anos, a obrigatoriedade se extingue (GAIA, 2019).
Tratando da gratuidade de traslados e os instrumentos, a nova CLT
manteve o que já dizia a redação anterior.
O momento da concessão da justiça se dá com base no § 3° do artigo
790:
§ 3° É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de
qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita,
inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou
inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017).

Vale ressaltar que CPC, em seu artigo 98, § 1º, elencam, num sentido
mais amplo outros itens que são aplicáveis ao acesso à justiça e da assistência
jurídica integral, como os honorários do intérprete, às despesas de postagem,
de imprensa, de indenização a testemunhas, as taxas ou custas judiciais,
tradutor e contador, os emolumentos etc. Em resumo, isenta todas as
despesas processuais ou extrajudiciais que se relacionem ao curso da ação
(MOLINA, 2019).

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