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Resumo
A Síndrome do impacto do Ombro (SIO) é uma das patologias que mais acometem os
trabalhadores que utilizam os membros superiores com muita frequência e é uma das
afecções nas quais os levam a procurar clínicas de fisioterapia para tratamento. O
tratamento para SIO é realizado de acordo com o estado funcional do paciente, sendo que
existem muito métodos de tratamento como a cinesioterapia, eletroterapia, e termoterapia
que são alguns dos que podem ser utilizados durante as sessões. O objetivo deste artigo é
verificar e avaliar a eficácia do tratamento fisioterapêutico disponível para aliviar e/ou
diminuir a dor, dos pacientes com síndrome do impacto no ombro. A metodologia adotada foi
revisão da bibliografia que abordavam os seguintes assuntos: ombro doloroso, dor e
fisioterapia, foram excluídos artigos que tivessem como método de tratamento a cirurgia.
Todos os artigos foram relevantes e chegam à mesma conclusão, de que o tratamento
fisioterapêutico é indispensável e ideal para aliviar e/ou minimizar a dor dos pacientes com
SIO.
Palavras-chave: Ombro; Dor; Fisioterapia.
1. Introdução
O membro superior tornou-se altamente especializado nas suas funções de preensão e
manipulação. Forças evolucionárias produziram um membro extremamente móvel, todavia
sem perder a estabilidade exigida para dar mobilidade, força e precisão adquiridas
(PALESTRANGA, FIELD, SOARES, 2000).
Com relação às demais articulações do corpo humano, a mais complexa é a articulação do
ombro, pois possui grande instabilidade articular por ser a de maior mobilidade na qual é
imputada à grande lassidão capsular.
Além disso, os tendões, músculos, ligamentos e bursas que a cercam e fazem a estabilidade
desta articulação de grande amplitude acabam sendo lesionados com muita facilidade.
Desta forma, patologias são constantemente instaladas a estas articulações, Turtelli (2001)
afirma que as mais comuns são a compressão do manguito rotador e das bursas adjacentes,
não esquecendo as tendinopatias que causam dor ao indivíduo caracterizando a chamada
síndrome do impacto do ombro (SIO).
O uso demasiado dos membros superiores vem acarretando uma grande incidência no ombro,
mas especificamente a SIO, que impossibilita o indivíduo portador dessa lesão a realizar
tarefas relacionadas ao trabalho e as atividades de vida diária, incluindo laser e prática de
desportos. Em muitos casos, os indivíduos se tornam incapacitados e são encaminhados a uma
aposentadoria precoce (SOUZA et al, 2006).
A SIO é a patologia comum tanto em atletas de alto rendimento como nos atletas de fim de
semana que mais utilizam os membros superiores como natação, tênis e o vôlei por exemplo.
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Pós-graduando em Ortopedia e traumatologia com ênfase em terapias manuais
2
Orientadora: Graduada em Fisioterapia; Especialista em Metodologia do Ensino Superior; Mestranda em Bioética e Direito
em saúde.
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2. Componentes anatômicos
2.1Articulações do ombro
Lábio glenoidal
É uma fibrocartilagem anular aplicada à margem glenoidal, que preenche a depressão
anterior, mas, sobretudo, aumenta sua concavidade, dessa forma, restabelece a congruência
das superfícies articulares (KAPANDJI, 2007), gerando 50% da profundidade total da junta
glenoumeral (NORDIN & FRANKEL, 2011).
Cabeça do úmero
A cabeça do úmero representa dois quintos de uma esfera e volta-se superior, medial e
posteriormente (PALESTRANGA, FIELD e SOARES, 2000)
Ligamentos
A parte inferior da cápsula articular é reforçada por três faixas longitudinais e fibras chamadas
ligamentos glenoumerais. Eles raramente são proeminentes e, quando presentes, irradiam da
margem glenóide anterior, estendendo-se para baixo a partir do tubérculo supraglenóideo
(PALENTRANGAQ, FIELD e SOARES, 2000).
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Fonte: http://silsouza.blogspot.com.br/2011/08/lesao-no-ombro-ligada-ao-esporte.html
Figura 1 – Ligamentos do ombro
Fonte: http://physioweb.blogs.sapo.pt/11002.html
Figura 2 – Articulação acromioclavicular
2.2 Bursas
Quatro bursas estão associadas com a articulação do ombro. Elas são a bursa subescapular, a
bursa subdeltóidea, a bursa subacromial e a bursa subcoracóidea (TORTORA &
GRABOWSKI, 2002).
Fonte: http://www.teliga.net/2011/06/as-espetaculares-articulacoes-do-joelho.html
Figura 3 – Bursas, ligamentos e músculos
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Fonte: http://www.teliga.net/2011/06/as-espetaculares-articulacoes-do-joelho.html
Figura 4 – Músculos
3. Síndrome do impacto
Várias são as estruturas anatômicas que compõem o complexo do ombro, entretanto, quando
relacionadas à patologia em questão, algumas delas merecem destaque especial: as
articulações acromioclavicular e escapuloumeral, as bursas subdeltóidea e subacromial, o arco
acromioclavicular, os ligamentos coracoumeral e glenoumerais, os tendões dos músculos do
manguito rotador e do bíceps braquial e o músculo deltoide (METZKER, 2010).
Andrews, Harrelson e Wilk (2000) apud Souza et al (2006), relatam que a SI consiste em um
processo inflamatório que é causado pela abdução excessiva do ombro, maior que 90°, ou por
trauma que leva à degeneração das estruturas que compõem o ombro.
Na SIO, qualquer estrutura pode ser acometida, dentre elas o tendão do supraespinhoso,
cabeça longa do bíceps, bursa subacromial, ou articulação acrômiocravicular. Podendo estes
tecidos estar sujeito a impactos repetitivos entre a tuberosidade maior do úmero e o acrômio,
se o úmero estiver em rotação externa ou neutra. Além disso, o impacto pode ocorrer durante
um movimento de mão acima do ombro no jogo de tênis, no estilo borboleta ou no e stilo
crawl na natação (GOULD III, 1993 apud CONTI, 2009).
Inicialmente descrita por Neer, a SIO apresenta clara relação entre o fenômeno de impacto e a
degeneração do manguito rotador, que durante a elevação do membro superior se choca
contra a porção ântero-inferior do acrômio, ligamento coracoacromial e a articulação
acromioclavicular, podendo lesar também a cabeça longa do bíceps e a bursa subacromial
(NEER, 1972 apud MARCONDES et al,2011).
Segundo Neer, classifica-se a SIO em três fases distintas e evolutivas:
Grau 1: encontra-se edema e hemorragia dos tendões, porem sem lesões anatômicas.
Esse tipo de alteração e encontrado mais comumente em pacientes jovens com
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c
b d
f
e
g h
Fonte: http://www.actafisiatrica.org.br/detalhe_artigo.asp?id=447
Figura 5- Testes ortopédicos: a) Teste de Neer; b) Teste de abdução; c) Teste de Jobe; d) Teste de rotação interna e externa;
e) Teste de apreensão; f-g) Teste de gaveta; h) Teste do sulco
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4. Tratamento fisioterapêutico
Para o tratamento da SIO, se faz necessário identificar o local e origem da dor, conhecer a
biomecânica articular e suas possíveis alterações, entender a sinergia muscular daqueles que
estabilizam toda a articulação do ombro e evitar os traumas de repetição (METZKER, 2010).
Os objetivos do tratamento da SI durante a fase inflamatória aguda consistem em analgesia e
diminuição do quadro inflamatório. Em seguida, restabelecimento da mobilidade articular
com recuperação da ADM normal. Ao final, fortalecimento do Manguito Rotador, dos
flexores e extensores do ombro (FERREIRA et al., 1988 apud SOUZA, OLIVEIRA e
DUMAS, 2009).
A fisioterapia dispõe de recursos eletrotermoterapêuticos e cinesioterapêuticos que
possibilitam a diminuição do processo inflamatório, com consequente diminuição do nível de
dor e aumento da amplitude articular (SOUZA et al, 2006).
De acordo com a revisão da bibliografia os autores propõem as seguintes técnicas como
tratamento fisioterapêutico para SIO:
TENS
De acordo com Guyton & Hall (2006) a dor é um mecanismo de proteção na qual o indivíduo
reage para remover o estímulo doloroso, esta ocorre em qualquer tecido lesionado.
Vários procedimentos clínicos foram desenvolvidos para a suspensão da dor através da
estimulação elétrica. Eletrodos estimuladores são colocados em áreas selecionadas da pele,
ou, ocasionalmente, implantados sobre a medula espinhal, supostamente para estimular as
colunas sensoriais dorsais (GUYTON & HALL, 2006:603).
A TENS é usada extensivamente no atendimento de saúde para manejar condições
dolorosas, pois é barata, segura e pode ser administrada pelos próprios pacientes. O
sucesso com a TENS depende de uma aplicação apropriada e, portanto, pacientes e
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Laser
A dilatação das arteríolas capilares decorrente deste tipo de calor produz um aumento do
fluxo sanguíneo na região tratada, sendo possível um maior aporte sanguíneo e substâncias
nutritivas e levando mais anticorpos e leucócitos (RODRIGUES & GUIMARÃES, 1998).
De acordo com Kitchen (2003), a laserterapia é indicada para a estimulação da regeneração da
ferida em vários tipos de feridas, tratamento de várias condições artríticas, tratamento de
lesões de tecidos moles e alívio de dor.
4. Metodologia
Para a elaboração dessa revisão, foram utilizados artigos, datados de 2001 a 2013, publicados
em revistas científicas nas quais estão indexadas nos seguintes sites: Scielo, PubMed, CAPES
e encontradas também pelo Google Acadêmico no período de maio de 2011 a maio de 2013.
Foram atribuídos os DeCs: Reabilitação, dor, fisioterapia, Síndrome do impacto e ombro.
Como critério, foram excluídos artigos que tivessem como método de tratamento a cirurgia.
5. Resultados e Discussão
Souza et al (2006), realizaram um estudo com 103 indivíduos de ambos os sexos, com idades
entre45 e 65 anos, com diagnóstico médico de SIO, que não estavam fazendo tratamento com
nenhum analgésico ou anti-inflamatórios. Foram excluídos indivíduos com mais de duas
faltas. Os indivíduos realizaram 10 sessões de fisioterapia, sendo que foram divididos em três
grupos, os 35 primeiros para a cinesioterapia, os próximos 35 para a cinesioterapia e o
infravermelho e os outros 35 para a cinesioterapia e ao laser. De acordo com os resultados do
estudo os autores concluíram que nos três grupos, houve eficácia dos tratamentos para a
diminuição da dor.
Lima, Barboza & Alfieri (2007) selecionaram 22 indivíduos com SIO (estágio II), estes
apresentavam a afecção há três meses, sendo confirmado por testes ortopédicos para ombro:
Neer, Jobe, Gerber, Hawkins/Kennedy, Sinal de Ludington, Sinal de Queda de Braço, Arco
Doloroso 70° - 120°. Nove desses indivíduos preencheram os critérios de inclusão, sendo que
destes, dois não tiveram continuidade no estudo resultando em apenas sete, todos do sexo
feminino entre 25 e 77 anos. O programa de fisioterapia foi dividido em duas fases, a
primeira, de oito sessões duas vezes por semana de 60 minutos cada, teve como objetivo de
combater a infamação, a dor, restaurar aplitude de movimento e a força muscular, utilizaram
crioterapia, mobilização passiva e ativa, exercícios pendulares de Codman, alongamento
ativo, exercícios isométricos e isotônicos e exercícios proprioceptivos. A segunda fase do
programa tinha como objetivo fortalecer a musculatura através de halteres, anilha ou
tornozeleira como carga, esses exercícios eram realizados somente após mobilização passiva,
exercícios pendulares de Codman e alongamentos. Este programa de exercícios de
reabilitação foi eficaz na diminuição da dor e houve a intensificação desse resultado na fase
de fortalecimento, pois aumentou a amplitude de movimento no ombro dos indivíduos
estudados.
Oliveira et al (2013) avaliaras 15 atletas amadores com SI, sexo masculino, praticantes de
atividade física e utilizaram o teste slide escapular lateral para avaliação da discinesia
escapular e a escala visual numérica para avaliação da dor no repouso, durante atividades e ao
esforço. Após os testes foi feita a colocação do Kinesio Taping® (KT) e as avaliações foram
realizadas antes e duas semanas após a aplicação do KT. Como resultados, obtiveram a
melhora da discinesia escapular e nos escores de dor após o uso do KT, no entanto não foi
verificada associação entre dor e discinesia.
Neto et al (2013) obtiveram sete voluntários com idade entre 20 e 53 anos, com tendinopatias
do ombro, foram submetidos a um protocolo fisioterapêutico durante 8 semanas, aplicado 3
vezes por semana com duração média de 45 minutos cada. O protocolo estava dividido em 3
fases. Fase I: reduzir o processo inflamatório, a dor, e aumentar a amplitude de movimento.
Fase II: aumentar a flexibilidade e fortalecer os músculos do ombro. Fase III: aprimorar o
desempenho muscular e ganhar propriocepção. Como métodos de avaliação foram utilizados
o Questionário Western Ontario Rotador Cuff Index (WORC), a Escala Visual Análoga
(EVA), o Questionário de dor McGill e mensuração da ADM, todos aplicados no início e no
final do tratamento. A aplicação do protocolo foi eficaz no tratamento dos voluntários,
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6. Conclusão
De acordo com a revisão da literatura, o tratamento fisioterapêutico é fundamental para a
reabilitação da SIO.
Por ser uma patologia adquirida, na maioria das vezes no trabalho por movimentos
repetitivos, fazendo o trabalhador afastar-se por períodos, por muitas vezes longos ou até
incapacitando-o e dificultando o retorno ao trabalho.
Para que este período seja reduzido o fisioterapeuta deve procurar métodos de tratamento que
melhor se adaptem ao paciente e que possa reabilita-lo da melhor forma possível, fortalecendo
a musculatura afetada e orientando para que o mesmo volte a realizar as mesmas funções
sabendo como deve agir.
Este artigo foi elaborado para demonstrar algumas das técnicas utilizadas pelos fisioterapeutas
para diminuir a dor em pacientes com SIO, sendo que o tratamento para esta patologia não se
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baseia apenas em reduzir a dor e sim questionar-se o porquê este paciente a sente e modificar
os hábitos do mesmo para não vir a senti-la com tanta intensidade se houver outros episódios.
Tendo em vista que este artigo aborda principalmente a diminuição da dor e que cada um
possui sua individualidade, faz-se necessária a pesquisas em forma de estudo de caso das
técnicas mais conhecidas como TENS, laser, termoterapia, entre outras técnicas para que
possamos analisar quais são as mais eficazes para SIO, sendo que não podemos esquecer que
o paciente não deve apenas se tratar contra a dor e sim, posteriormente a esse tratamento, deve
ser aplicadas técnicas para reabilitar as estruturas que estão causando este incômodo.
Portanto, de acordo com a revisão da literatura, pode-se concluir que as técnicas
fisioterapêuticas para redução da dor são eficazes, sendo que se utilizadas em conjunto tem
seus efeitos ampliados, tornando o tratamento muito melhor e mais eficiente.
Todos os artigos foram relevantes e chegam à mesma conclusão, de que o tratamento
fisioterapêutico é indispensável e ideal para aliviar e/ou minimizar a dor dos pacientes com
SIO.
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Figura 4 – http://www.teliga.net/2011/06/as-espetaculares-articulacoes-do-joelho.html
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