Você está na página 1de 12

CAPITULO 1

ASPECTO GERAIS DA TEOLOGIA POLÍTICA

TOPICO 1 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS

INTRODUÇÃO

A relação entre religião e política é um fato que não pode ser ignorado, sobretudo quando afeta
diretamente a vida e os destinos da sociedade. Para exemplificar está assertiva, no Brasil, até o reinado de
D. Pedro II, quando foram instituídos os cartórios, a vida civil era regida pela igreja católica. Assim, da
certidão de nascimento ao atestado de óbito era a igreja que documentava a existência do indivíduo.

Em todo processo histórico, o convenio entre estado e religião tem tido relevante papel na relação das
diversas sociedades deste os primeiros processos civilizatórios aos mais recentes eventos políticos. É quase
impossível dissociar de eventos como o surgimento e desaparecimento dos grandes impérios da
antiguidade, as incursões das cruzadas no oriente, o domínio da igreja nas estruturas feudais da idade
Média, a criação da igreja Anglicana como meio de satisfazer os interesses de Henrique VIII na Inglaterra ou
mesmo os eventos de 11 de setembro de 2001 o convenio entre religião e poder.

No A.T, a estátua de Nabucodonosor é um exemplo clássico do amalgama existente entre religião e poder e
de como a importância do assunto desperta o interesse dos escritor sagrado. As histórias da bíblia estão
carregadas de eventos relacionados com a interatividade entre política e religião. É justamente a presença
do tema nas páginas da bíblia que permite a existência de uma teologia política que, a partir de agora,
passaremos a investigar.

2 CONCEITOS DE POLÍTICA

 DE POLÍTICA.

Etimologicamente o termo é a conjunção das palavras gregas polis (plural, cidade) e technè (conhecimento,
arte e ciência). A ideia presente e a de significar “conhecimento sobre as coisas da cidade”. A palavra
politeia também de origem grega significa todas as atividades referente à polis.

Como conceito podemos adotar a já conhecida definição de “política” como a arte de bem governar a
“polis” (estado), como disciplina e tida como o ramo da filosofia que trata da relação entre poder, e mando,
e obediência, em todas as suas implicações morais.

 DE CIVISMO (CIDADANIA).

Sinônimo de patriotismo ou cidadania trata-se da devoção à causa pública. Refere-se ao conjunto de


atitude e valores patrióticos que se espera encontrar no indivíduo componente da polis (cidade, estado).
Tal valores são tidos como necessários nas lubrificações das relações sociais, no progresso da sociedade e
segurança do estado. A ética e a moral são conceitos estreitamente relacionados com ideia de cidadania.
Neste contexto as leis figuram como agentes da moral e realizadoras de princípios cuja observação realiza
os atos de civismo.

 TEOLOGIA POLÍTICA

É o ramo da filosofia política que investiga a conexão entre política e religião e o resultado desta
interatividade bem como a busca orientação bíblica e espiritual para o exercício da cidadania sob a regência
das escrituras sagradas. Como teologia, busca na revelação (bíblia) a fonte de esclarecimento e
conhecimento. Ocupa-se da questão de como os planos espirituais e físicos podem estabelecer e manter
seus convênios, quando à teologia política informa que “os pensamentos e os discursos teologicos
influenciam a politica, a sociedade, a economia, e a cultura.”

TOPICO 2 – A IMPORTÂNCIA DA TEOLOGIA POLÍTICA

1 INTRODUÇÃO

Tanto a teologia quanto a política são indispensáveis como matérias de analise para o estudante cuja a
vocação é voltada para a liderança espiritual. Estar à frente de um grupo de pessoas já em si, uma atividade
política. E, se este líder é um ministro espiritual então a responsabilidade religiosa o faz dependente da
orientação da divindade. A não ser que o líder identifique a si próprio como à divindade, precisará de todo
conhecimento concernente à religião que confessa e daí, a importância da teologia. A teologia politica deve
remeter o aluno de teologia ou de formação ministerial a pensar uma religião que deve ser politica, porque
envolve pluralidade, moralidade, governo e relações a fins, tanto quanto uma política que deve ser
religiosa, por ter na revelação, uma referência de bem absoluto que deve prescrever todos os princípios
norteadores da moral, Deus.

2 A IMPORTÂNCIA DA TEOLOGIA

A condição de formador de opinião não permite ao líder espiritual ignorar as orientações da bíblia para
vivencia politica e social. A bíblia e farta em preceitos que lubrificam os relacionamentos entre grupos de
indivíduos e seus vizinhos.

A cultura do mundo ocidental se arvora sobre o tripé do direito romano, da política dos gregos e da moral
judaica. Esta última, se arvora sobre os valores da revelação. Nos países mulçumanos, toda cultura se
fundamenta nos agentes morais da revelação. Mesmo em estados onde o ateísmo é preferido, sua ética é
elaborar a partir de princípios estabelecidos e mantidos pela religião uniformizando com outras culturas,
seus sistemas legais. Tanto nas sociedades mais primitivas quanto nas nações mais desenvolvidas pode-se
observar o amalgama entre as leis ou princípios normativos e a religião. É esta conjunção que faz com que
seja indispensáveis o exame de uma teologia política. Se Deus tem algo a nos dizer acerca de política e
nossas responsabilidade cívicas, então temos que ouvi-lo.

3 IMPORTÂNCIA COMO PROPOSTA CÍVICA

Como proposta cívica, encontramos na revelação, o grande interesse de Deus em ser soberano de um
estado teocrático onde a cidadania forneça as bases para uma sociedade de adoradores.

Para os israelitas do A.T, a observação da lei, dada por Deus à Moisés no deserto, era garantia de segurança
e prosperidade. No Antigo Testamento somos exortados a nos sujeitarmos às autoridades por serem estas
enviadas por Deus. Assim observa Pedro. “Sujeitai-vos pois a toda ordenação humano por amor do Senhor:
quer ao rei, como superior; Quer aos governantes como por ele enviados para castigo dos malfeitores, e
para louvor dos que fazem o bem. Porque assim é a vontade de Deus, que, fazendo o bem, tapeis a boca à
ignorância dos homens loucos. (1 Pe 2: 13-15)”

Tomando como base o versículo supracitado podemos concluir que uma cidadania norteada pela moral
bíblica proporciona ao cidadão piedoso segurança contra a ação dos malfeitores, louvores para os
piedosos, satisfação da vontade de Deus e silêncios dos insensatos.

4 IMPORTÂNCIA COMO MENSAGEM EVANGÉLICA

Como mensagem evangélica, a teologia politica propõe uma cidadania que manifeste todo interesse da
comunidade dos crentes em realizar o ideal de Deus para felicidade coletiva de seus filhos. Mediante o bom
testemunho cívico dado pela comunidade de cidadãos crentes, tornar-se-á possível a comunicação de um
evangelho libertador. Da mesma maneira, remete o observador secular ao reconhecimento da soberania
de Deus manifesto nas obras piedosas do crente. “...para que, naquilo em que falam mal de voz, como de
malfeitores, glorifiquem a Deus no dia da visitação, pelas boas obras que em vos observem (1 Pe 2: 12)”.

TOPICO 3 – UM VÍNCULO HISTÓRICO

1 INTRODUÇÃO

A estreita relação entre o poder e a religião tem sido um fato em que se perde os primórdios da civilização.

A divinização da realeza, por exemplo, já era um fato entre os monarcas da Mesopotâmia. O acadiano
Naran-Sin que reinou do século 23 a. C. foi o primeiro governante, de que se tem notícia, a vindicar para si
o status de um deus declarando-se esposo de Ishtar, deusa da terra.

No mundo antigo parece que o casamento entre governo e religião favorecia tanto o estabelecimento
como a manutenção dos sistemas imperiais.

No Egito, os Faraós eram considerados semideuses e seus decretos considerados sagrados, daí, o emprego
do termo “hieróglifo” (escultura sagrada) para designar o sistema egípcio de escrita.

Na Babilônia, reis como Hamurabi também se consideravam divinos, e a Bíblia, nos brinda com a história de
como Nabucodonosor promoveu seu culto cívico prejudicado pela reação de Mesaque, Sadraque e Abde-
Nego.

Os impérios que se sucederam a partir de então, o persa, o grego e o romano também mantiveram estreito
relacionamento com a religião seja por considerar o rei como um deus ou um simples representante deste.

TÓPICO 4 – DEUS E A POLÍTICA

1 INTRODUÇÃO

É no teísmo que repousa a crença de que Deus se interessa pelos homens e por tudo que se relaciona à
vida destes. No interesse de Deus pelos homens reside sua interferência como soberano, diante de quem,
todo ser humano deve obrigações morais. Estas são, por sua vez, são cobradas por representantes da
divindade, que, responsabilizam os indivíduos por seus atos com punição e recompensas, tanto quanto
assumem responsabilidades de salvaguardar seus direitos fundamentais.

Em oposição ao Ateísmo que se nega a existência de Deus, o Teísmo afirma, não que apenas Deus existe
(ou deuses) como se sustenta que se interessa pelos homens exercendo sua influencia sobre eles. Para o
Teísmo, Deus estabeleceu uma relação com os homens, intervindo na história da humanidade castigando
ou responsabilizando-os por seus atos.

2 O GOVERNO UNIVERSAL DE DEUS

Pela bíblia somos ensinados que Deus é o grande agente por detrás do governo humano. Desde os
primórdios da criação, mesmo antes dos eventos narrados no capitulo primeiro de Gênesis, Deus já
governava as hostes celestiais. A bíblia declara que o Senhor, Deus de Israel, esta entronizado acima dos
querubins e, em dialogo com Jô, revelou-se Criador e Governante do universo em que sua maravilhosa obra
tem sido contemplada e admirada pelos anjos mesmo antes da criação do homem.

2.1 EVIDÊNCIAS DA EXISTÊNCIA DE UM GOVERNO ANTERIOR Á CRIAÇÃO DO HOMEM

Os relatos bíblicos da queda de lúcifer e seus seguidores servem como evidencias da existência de um
estado legal, em que, pela sublevação destes, pelo menos três importantes fatores precisam ser
considerados:
Primeiro houve uma tentativa de golpe, uma ação subversiva liderada por satanás para usurpar a glória que
pertence a Deus. Em segundo lugar, houve uma reação deste estado, pois a força legal combateu contra os
sublevados. E finalmente, houve uma sentença judicial em que os sublevados foram condenados.

Satanás quis tomar para si o status de soberano à semelhança de Deus planejando assim, uma incursão
revolucionaria entre os anjos. (Isaias 14: 12-14; Ezequiel 28: 15,16, 18)

Nos textos bíblicos pesquisados fica manifesto a relação dos fatos com a política pela presença de conceitos
como “trono” “rei” “nação”, “reino”, “reino de nosso Deus”, etc., assim como a importância de uma política
assentada na base da justiça e soberania de Deus e na finalidade de seus agentes, única garantia de
estabelecimento e manutenção do bem e da ordem.

2.2 DEUS E SEU DIREITO DE GOVERNAR

O governo soberano de Deus sobre o universo repousa no fato da criação. Fundamentamos esta tese nas
declarações dos escritores da Bíblia entre os quais destacamos a oração de Ezequiel quando afirma “O
Senhor Deus de Israel, que estás entronizado acima dos querubins, tu somente és o Deus de todos os reinos
da terra; Tu fizeste os céus e a terra (2 Rs 19:15)”; e a declaração do Apostolo Paulo quando assevera que
“Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos,
sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por Ele e para Ele (Cl 1:16)”

2.3 O GOVERNO DE DEUS E OS SISTEMAS POLITICOS TERRENOS

O primeiro versículo citado se refere claramente aos “reinos da terra” e a segunda faz menção de
hierarquias visíveis e invisíveis dando evidencias de que o governo de Deus se estende aos domínios das
instituições humanas. Na sessão seguinte veremos a forma como esta intervenção acontece.

2.4 O GOVERNANTE COMO REPRESENTANTE DE DEUS.

O apostolo Paulo recomenda aos crentes de Roma que “toda alma esteja sujeita às autoridades superiores;
porque não há autoridade que não venha de Deus; e as que existem foram ordenadas por Deus Rm 13:1”
Como conhecedor profundo do sistema religioso judaico, pois pertencerá ao grupo de fariseus. Paulo
conforma suas palavras ao sistema teológico judaico que considerava Deus, não apenas como a causa
primaria, mais também, como princípio de toda as coisas. Para Chaplim e Bentes “nele é que todas as
coisas teriam origem e nele todas as coisas encontrariam o seu alvo. Nele, toda as coisas encontrariam seu
plano (causa formal) e através dele toda as coisas são produzidas ou realizadas (causa eficiente)”. E, é este
pensamento que norteia o pensamento por detrás das afirmações de Paulo. Portanto, toda autoridade,
civil, militar, ou política em qualquer esfera de atividade, possui um poder delegado por Deus.

O emprego do termo “ministro” pelo apostolo Paulo como uma designação de autoridade parecer ter a
finalidade de sacramentar o poder politico. A política é de Deus e todos os que a constituem, e, os políticos
são servos de Deus, estabelecido para promover o bem à sociedade mediante a aplicação da lei, sejam eles
temente a Deus ou não.

2.5 A QUESTÃO DISPENSACIONAL

Segundo escreveu Lawrence Olson, “em Apocalipse 21: 27 é revelado o grande proposito de Deus, de ter
um Reino, um universo sobre o qual Ele presidirá e do qual será banido para sempre tudo o que não estiver
em harmonia com ele”. Estabelecer um reino, como qualquer sistema político exige um efetivo, e, este
efetivo formado por pessoas (súditos), uma legislação, um governante (qualquer posto) e um sistema legal
(magistrado, juízes, policia, etc...) que lhe garanta governabilidade. Na questão dispensacional, Olson
afirma que Deus, o soberano absoluto (o governante mor) a fim de definir o efetivo com quem passará a
eternidade em Seu reino eterno, estabeleceu um plano que inclui períodos probatórios em que o homem
seria testado quanto a sua fidelidade a Ele.
O processo se inicia com a criação de Adão e segue após sua queda consistindo da definição de períodos
em que o homem seria responsabilizado por sua conduta em relação às leis oferecidas. Na relação do
homem (dentro da sua época), com a porção revelada da palavra de Deus, seria testada, a sua obediência,
a lealdade, e, confirmada o direito à portabilidade da cidadania celestial.

A estes períodos, em que Deus exerceria Seu governo com base na Sua Palavra revelada. Chamamos
“dispensações”.

As dispensações são sete.

 A DISPENSAÇÃO DA INOCÊNCIA: período que começa com a criação de Adão e vai até a queda
deste. Caracteriza-se pelo contato direto entre Deus e o homem, que, receberá de Deus a ordem
de administrar o jardim e recebera deste as condições de dominar sobre toda natureza criada.
Como não há governo sem lei, Deus lhe impusera leis dando-lhe direitos e fazendo-lhe restrições.

 DISPENSAÇÃO DA CONSCIÊNCIA: período que começa com a queda do homem e se estende até o
diluvio. Agora destituído das regalias do Édem e da comunhão com Deus o homem precisa buscar
orientação em sua própria consciência. O estado é de guerra de todos contra todos não há leis que
normatize as relações sociais e a corrupção logo chega a nausear o Senhor que sentencia a
humanidade à sua quase extinção, preservando apelas Noé e sua família. O homem não conseguiu
ir longe em sua tentativa de vida autônoma. Deus iria cobrar o mau uso da faculdade de escolher
entre o bem e o mal. O diluvio fora anunciado.

 DISPENSAÇÃO DO GOVERNO HUMANO: com o diluvio tem o inicio a dispensação do governo


humano. Neste período começam a se organizar os primeiros aldeamentos. A vida em sociedade
deve ser agora pautada em princípios normativos que se transformarão em leis. No governo
humano Deus delega ao homem a responsabilidade judicial. Nasce à pena capital como meio de
proteger a vida em contraste com a dispensação anterior: “Se alguém derramar o sangue do
homem, pelo homem se derramará o seu Gn 9:6” decreta o Senhor. Segundo Olson, comentando
sobre a responsabilidade do homem em aplicar a pena capital, como meio de conter os maus
acrescenta que “A investidura dessa autoridade e responsabilidade do homem foi uma novidade no
novo pacto de Deus com os homens após o diluvio”

 A DISPENSAÇÃO PATRIARCAL: período que começa com o chamado de Abraão. O mundo já esta
avançado em seu processo civilizatório. O patriarca é retirado de Ur dos Caldeus e peregrina por
civilizações já bem organizadas como o Egito, e chega a Canaã com a promessa de ser pai de uma
nação. Deus esta revelando aos poucos seu projeto de reino. Com promessas sendo dadas ao
descendentes de Abraão. Deus vai fortalecendo Seu ideal de nação que mais tarde passando pela
forja do sofrimento no Egito sairão pronto para receber o mais bem elaborado código de leis com
que irá governa-los.

 A DISPENSAÇÃO DA LEI: período que começou com a entrega da lei a Moises no Sinai e se estendeu
até a crucificação de Cristo. Nos dias de Moises já existiam, entre nações mais antigas e
desenvolvidas, bons sistemas legislativos. O código de Hamurabi, o mais extenso e bem conservado
documento sobre leis, achado em Susã, antecede os registros biblicos. Nele, leis sobre questões
civis, criminais e comercias dão testemunho da bem elaborada legislação babilônica. É nesse
contexto histórico que Deus passa a Moises as tabuas das leis. Inequivocamente, foi o decálogo que
deu a Israel o status moral jamais observado em outras civilizações. O mundo inteiro e até os dias
de hoje, é influenciado pela moralidade na nação hebreia. Como já fora dito anteriormente, toda a
cultura do mundo ocidental esta sustentada no direto romano, na politica dos gregos e na
moralidade judaica. Uma combinação proporcionada pelo cristianismo fator que analisaremos mais
adiante. Os dez mandamentos constituem a base de todo o sistema legislativo da sociedade
israelita e por ela Deus exercera sua soberania, não somente sobre os israelitas, mas, sobre todas
as nações que por intermédio de Israel seriam abençoadas ou amaldiçoadas.

 A DISPENSAÇÃO DA GRAÇA: é a dispensação que estamos vivendo desde a crucificação de Cristo. É


a idade da maturidade do homem caído que viu em Cristo a imagem de Deus invisível e por ele teve
acesso ao reino de Deus. No contexto da dispensação da graça, a igreja desempenha uma função
basilar no processo de consolidação do reino de Deus. Na realidade, ela representa este reino e
tem a responsabilidade de prospera-lo com o objetivo de preparar a instalação definitiva do reino
eterno de Cristo. A igreja não é o reino em si, é, contudo, a agente de sua implantação sendo
portanto, responsável em expressar de forma vigorosa os valores deste reino. Nos ensinos de Cristo
encontramos os ideais políticos que Deus quer que sua igreja proclame pregando e agindo para sua
glória.

 A DISPENSAÇÃO DO MILÊNIO: esta será implantada por ocasião da vinda de Cristo. Será a fase final
do processo de consolidação do reino de Deus projetada desde os primórdios da criação. Neste
tempo Cristo governara pessoalmente o mundo. Estabelecerá sua política como soberano. O
Senhor jamais deixou de governar o mundo. Apenas permitiu que escolhêssemos a quem servir e
com quem nos aliar. No milênio, o usurpador terá sido colocado fora do combate e reinarão com
Cristo aqueles que se uniram a ele pela graça que fora ofertada os homens.

3 A BÍBLIA E A QUESTÃO DA AUTORIDADE

Numa disciplina em que, teologia e politica são combinadas, torna-se absolutamente necessário tratar da
questão da autoridade. É, portanto, indispensável, que tenhamos impressões nítidas de alguns conceitos
relacionados ao tema. “Poder”, “autoridade”, “contrato”, “responsabilidade” e “lei” são conceitos para os
quais a clareza se faz necessária à reflexão no estudo bíblico sobre autoridade. Deste modo, vamos abordar
sucintamente cada um.

 PODER: Do latim “possum, potes, posse” (ser capaz de, ter a possibilidade de) comunica a
capacidade ou a possibilidade de realizar alguma coisa. Este sentido pode permutar com o de
autoridade. Em alguns textos biblicos, ambos os sentidos (de capacidade e de autoridade)
aparecerão intercambiavelmente.

 CONTRATO: o vocábulo nasce do latim “controere de com (junto) e tracto (puxar, arrastar) e
tractum pedaço de couro, pano e papel que, antigamente, mediante um acordo era rasgado
ficando uma parte com cada concordante “. No futuro, o encaixe das partes servia de prova de
que o acordo fora efetivado. A importância de compreendermos este conceito reside no fato de
que o mesmo se encontra nas bases da reflexão sobre política. Os filósofos que teorizam sobre a
política, governo e sociedade, entre os quais destacamos Thomas Hobbes, John Locke, e Jean
Jacques Russeau, criaram o conceito de “contrato social” para designar o acordo estabelecido
entre os membros da sociedade para viverem juntos. Explanaram seus pontos de vista sobre a
necessidade do homem se submeter a um governo com o propósito de usufruir de uma ordem
social oferecida por um sistema político e um governante.

 LEI: da palavra latina “legere” (aquilo que se lê), e o conjunto de regras que emana da autoridade
soberana, esta, pode ser Deus, o governante, ou a sociedade em si.
 RESPONSABILIDADE: Dever de responder as pelas ações pessoais e coletivas, assim como pelas
consequências destas, sob o pressuposto de que as mesmas são produto de nossa capacidade
deliberativa.

 AUTORIDADE: do latim ouctoritas (garantia, prestigio, influencia) designa a condição que dá à


pessoa delegada o direito de se fazer obedecer e de deliberar em nome da sociedade que
representa e conforme o estabelecido na forma da lei. Em resumo, é o direito de se exercer o
poder.

Postas as definições, a questão da autoridade tem nos ensinos da bíblia, fundamental


importância. Todas as promessas feitas por Deus ao homem antes da criação do estado israelita e
depois Israel no antigo testamento, estão condicionadas à disposição de se obedecer aos
preceitos prescritos pelo Senhor. Sendo assim, a manutenção das regalias do Édem estava
condicionada a obediência em não tomarem o fruto da árvore proibida. Todas as promessas dadas
a Josué dependiam, entre outras coisas, de que tivesse “...o cuidado de fazer conforme a toda a lei
que Moisés ordenou”. A sequência do texto é uma exposição de como funciona o mecanismo da
autoridade.
Primeiro, a Lei é dada pela autoridade soberana (DEUS) que exige de seu povo o seu cumprimento
em favor do resultado esperado; a instalação do reino.
Em segundo lugar, existe um agente direto de seu governo (Josué) que ordena a lei aos seus
príncipes que por sua vez, a transmite ao povo.
No novo testamento, o melhor exemplo do dinamismo da autoridade, está na história do
centurião de Cafarnaum. O texto escrito por Lucas narra como o militar romano mostrou-se
convencido da autoridade de Cristo e de como poderia beneficiar-se desta autoridade; “...sou
homem sujeito à autoridade, é tenho soldados sob o meu poder, e digo a este: Vai; e ele vai; e o
outro Vem; e ele vem; e ao meu servo: faze isto; e ele faz (Lc 7:8)”. Declarou.

A força de sua autoridade estava na submissão institucional. Compunha uma organização que lhe
dava direitos e poderes tanto lhe impunha regras de cuja obediência emanava seu direito
institucional. Pela lei podia ser obedecido mediante concessão de autoridade outorgada pela
autoridade suprema, o imperador, chefe dos exércitos de Roma. Ao ouvir falar de Jesus deve ter
tomado conhecimento da perfeita consonância entre Cristo e a lei (dos homens e de Deus), o que
lhe outorgava autoridade, com efeito, tanto no mundo físico, como no Espiritual.

E na submissão os representantes da lei (nossos superiores) que se opera o bem comum e coloca
o indivíduo sob o favor da autoridade suprema. Deus é a autoridade suprema de onde emanam
todos os poderes, “por isso quem resiste à potestade resiste a ordenação de Deus; e os que
resistem trarão sobre si mesmo a condenação (Rm 13:2)”, e, não se trata apenas da autoridade
eclesiástica, mas de todas as potestades.
EXERCICIO DO CAPITULO 1

QUESTÕES
1. DEFINA POLÍTICA E CIVISMO?
R:______________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

2. RESPONDA:

a) O QUE É TEOLOGIA POLÍTICA?


R:______________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

b) QUE IMPORTANCIA TINHA A TEOLOGIA POLITICA NO MUNDO ANTIGO, NA RELAÇÃO ENTRE GOVERNO E
RELIGIÃO?
R:______________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

c) O QUE É AUTORIDADE?
R:______________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

3. ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA:

AS DISPENSAÇÕES

a) ( ) SÃO CONCESSÕES DADAS AO HOMEM PARA GOVERNAR

b) ( ) SÃO PERIODOS PROBATÓRIOS EM QUE DEUS PUNIRIA O HOMEM POR SUAS TRANSGRESSÕES.

c) ( ) SÃO PERIODOS PROBATÓRIOS EM QUE DEUS EXERCERIA SEU GOVERNO COM BASE NA REVELAÇÃO
DADA.

d) ( ) SÃO ELEMENTO PROBATÓRIOS CONSTITUINTES DO DIREITO DISPENSACIONAL.

4. HÁ UMA RELAÇÃO ENTRE POLÍTICA E TEÍSMO? JUSTIFIQUE:

R:______________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
CAPITULO 2
A POLITICA NO ANTIGO TESTAMENTO

1 INTRODUÇÃO

Neste capitulo estudaremos a relação entre os atos de Deus e os eventos políticos narrados no Antigo
Testamento desde a criação, até o período intertestamentário. Nosso proposito será identificar a ação
política de Deus na relação de poder, mando e obediência com as instituições legais existentes tanto nas
esferas espirituais, como na esfera física.

De forma concisa podemos listar alguns exemplos em que poder e religião caminharam com os laços
estreitados no decurso da historia:

 O duplo oficio de Melquisedeque. Este era rei de Salém e sacerdote do Deus altíssimo.
 A disposição de Faraó em sujeitar-se a um estado de dependência em relação à orientação dada
por José em face à revelação de Deus e sua subsequente ascensão, de prisioneiro a governador do
Egito.
 O enfrentamento entre Moisés e faraó marcado por eventos miraculosos.
 A extensa pauta de assuntos rituais e legais tratados por Deus com Moisés no Sinai, dando assim,
base a todo sistema constitucional de Israel como nação independente.

Estes são exemplos do interesse de Deus em interferir diretamente ou por intermédio de seu povo na
politica secular como meio de alcançar seus desígnios eternos. No intuito de refletir mais sobre este
assunto organizamos este capitulo destacando aspectos importantes desde a criação até o período
intertestamentário.

TOPICO 1 – DA CRIAÇÃO ATÉ ABRAÃO

1 INTRODUÇÃO

Os primeiros versículos de Genesis não fornecem informações precisas sobre o universo como fora criado
no principio. O versículo 2 não descreve, por exemplo, aspectos da criação original, mas, a condição caótica
de um palco de guerra deformado pelo primeiro conflito de que se tem noticia, onde seres celestiais
mediram forças num conflito gerado pela tentativa malograda de Lúcifer em ocupar o lugar de Deus.

Quero dizer com isso que a terra não foi criada vazia. Há um lapso no tempo entre o momento da criação
do versículo 1 e o estado da terra no versículo 2. Em Isaias somos informados que a terra foi criada
habitada.

É para este universo habitado antes dos eventos da criação que voltaremos nossas vistas, como o proposito
de identificarmos os elementos de uma política já praticada antes da existência do homem. A este mundo
chamaremos, neste estudo “mundo pré-Adâmico”.

2 A TEOCRACIA PRÉ-ADÂMICA (HIERARQUIA ANGELICAL E ESTRUTURA FUNCIONAL)

A lamentação sobre o rei Tiro no capitulo 28 de Ezequiel descreve, por analogia, a existência de um sistema
político no mundo pré-adâmico. Os elementos que ligam o texto à ideia de governo são suficientes para
concluirmos que se trata de um discurso político. Termos como: príncipe, cadeira de Deus, rei, ungido, te
estabeleci, comercio, etc., dão evidencia de que o oráculo se refere a um estado politico que sofre uma
intervenção de Deus, o soberano.
O texto em si é um julgamento com sentença aplicada de um príncipe que não honrou sua patente. O
príncipe em questão é Lúcifer, cuja as qualidades são destacadas num primeiro momento, em segundo
lugar seu posto, depois sua natureza, seu delito em seguida seguido de sua condenação.

O mesmo evento e narrado por Isaias no capitulo 14. A figura analógica é o rei da Babilônia que,
sentenciado por sua arrogância e sublevação perdeu sua posição. Ao que parece, estes textos tem em
comum tratar-se da mesma pessoa e dos mesmos acontecimentos; a sublevação de um querubim
designado para ser príncipe de um estado de direito formado por seres celestiais, estabelecido na terra
(Éden) e que tentou usurpar o lugar de Deus sendo combatido e derrotado por agentes fiéis ao grande
soberano.

No livro de Jó, Deus nos dá noticias sobre o exercício de sua soberania desde os primórdios do universo,
onde celebrações cósmicas eram levadas a cabo pelos anjos na contemplação da criação, e sobre os
eventos naturais possíveis de serem observados no nosso dia a dia.

João, no livro de apocalipse, nos informa sobre como a rebelião de Lúcifer fora debelada pela resistência
liderada pelo um Arcanjo, Miguel

É logico que todos esses fatos constituem ação e reação dentro de uma estrutura hierárquica que revelam
uma ordem politica inegável. Um passeio panorâmico pela angelologia nos faria perceber que entre os
anjos existe uma estrutura hierárquica composta por querubins, arcanjo, serafins, anjos em si e cujo
organograma somente Deus e os anjos podem esquematizar. É logico que sabemos quem ocupa o lugar
mais alto. É sabido também, que estes seres, invisíveis aos homens, cumprem as ordens de Deus e
desempenham serviços em benefícios dos homens.

3. A TEOCRACIA ADÂMICA

Após o conflito que, aparentemente, deixou a terra em estado caótico, Deus decidiu restaurar aterra e agiu
conforme o relatório de Gn 1:1-31. Ao criar o homem, deu-lhe o poder de dominar sobre toda criação
terrestre. Obviamente, não abriu mão do recurso legal, sem o que, nenhuma sociedade é governável. A
garantia de um governo bem sucedido está na disposição bem equilibrada entre o ato politico e os
preceitos que rege. Assim, o usufruto dos bens do Éden, dependeria da observação da lei dada por Deus;
deste modo, o Senhor ordenou dizendo “da arvore da ciência do bem e do mal, dela não comeras; porque
o dia que dela comeres, certamente morrerás. Gn 2.17”. com um pouco de boa vontade torna-se fácil
perceber a relação entre poder, autoridade, mando e obediência na instalação da primeira sociedade entre
os homens.

Jamais encontraremos qualquer organização, qualquer sociedade, por menor que seja, que não se sirva de
leis como garantia de ordem e paz social, mesmo a micro sociedade formada por Deus, Adão e Eva.

3.1. ESTRUTURAS POLÍTICAS PRÉ- DILUVIANAS

A desobediência do homem no jardim do Éden resultou na total cisão entre ele e Deus. Essa cisão foi total
de forma que todo conhecimento de que se dispunha fora aniquilado.

A partir de então, o homem mergulhou na ignorância, dependendo de si mesmo na busca do


conhecimento, e, carente de ajuda externa (Deus) terá que organizar para sobreviver. É neste contexto que
surgirão as primeiras organizações políticas no cenário humano.

A primeira informação bíblica que recebemos acerca da primeira organização urbana encontra-se em
Genesis 4;17 “E conheceu Caim a sua mulher, e ela concebeu, e deu à luz a Enoque; e ele edificou uma
cidade, e chamou o nome da cidade conforme o nome de seu filho Enoque;”. A primeira cidade surgiu no
período dispensacional chamado de dispensação da consciência, cuja a característica moral consistia na
conduta regida pela consciência de cada um.

Você também pode gostar