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SBMT Estudos Ambientais 3.00
SBMT Estudos Ambientais 3.00
RELATÓRIO 03
Dezembro/2021
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 2
Sumário
Figuras................................................................................................................................................5
Tabelas .............................................................................................................................................12
Quadros ...........................................................................................................................................13
Abreviações......................................................................................................................................15
Objetivos ..........................................................................................................................................21
Introdução........................................................................................................................................22
1 Caracterização do aeroporto .........................................................................................................27
1.1 Localização .................................................................................................................................. 28
1.2 Histórico ..................................................................................................................................... 30
1.3 Características do entorno .......................................................................................................... 34
1.4 Bens protegidos e Comunidades tradicionais .............................................................................. 34
Bens protegidos e tombados ............................................................................................ 35
Bens arqueológicos ou pré-históricos ............................................................................... 41
Comunidades tradicionais................................................................................................. 44
1.5 Vegetação ................................................................................................................................... 47
Floresta Ombrófila Densa ................................................................................................. 47
Campo Antrópico com árvores isoladas ............................................................................ 48
Área Úmida ...................................................................................................................... 49
Áreas sensíveis da Flora .................................................................................................... 49
1.6 Unidades de conservação e Áreas Verdes Urbanas ...................................................................... 51
1.7 Geologia e Geomorfologia........................................................................................................... 56
1.8 Suscetibilidade e Vulnerabilidade dos solos à erosão................................................................... 58
1.9 Potencialidade de ocorrência de cavernas ................................................................................... 60
1.10 Recursos hídricos ...................................................................................................................... 61
2 Análise da Regularidade Ambiental...............................................................................................66
2.1 Regularidade Ambiental do Aeroporto ........................................................................................ 66
Regularidade perante o Órgão Licenciador ....................................................................... 68
Regularidade perante o IBAMA ......................................................................................... 94
Regularidade do uso de recursos hídricos ......................................................................... 97
Regularidade perante a Anvisa ......................................................................................... 97
Regularidade perante a ANAC ......................................................................................... 101
Processos no Ministério Público e na Justiça Federal ...................................................... 104
2.2 Regularidade Ambiental das Concessionárias ............................................................................ 106
3 Diagnóstico Socioambiental e de Sustentabilidade .....................................................................112
3.1 Diagnóstico Socioambiental ...................................................................................................... 112
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 3
Uso do solo, cobertura vegetal e Áreas de Preservação Permanente (APP) ..................... 113
Superficiários e Ocupações irregulares na área patrimonial ............................................ 118
Assentamentos reconhecidos pelo Incra ......................................................................... 120
Direito minerário ............................................................................................................ 121
Risco da Fauna e Biodiversidade ..................................................................................... 124
Ruído .............................................................................................................................. 149
Emissões atmosféricas .................................................................................................... 155
Energia ........................................................................................................................... 159
Saneamento básico ........................................................................................................ 162
Sistemas de drenagem.................................................................................................. 192
Riscos Ambientais e Emergências.................................................................................. 196
Engajamento de stakeholders ....................................................................................... 208
3.2 Sustentabilidade, Sistema de Gestão e Política Ambiental ......................................................... 211
Sustentabilidade ............................................................................................................. 211
Sistema de Gestão e Política Ambiental .......................................................................... 221
4 Levantamento, Avaliação e Precificação de Passivos ..................................................................224
4.1 Metodologia para o levantamento, avaliação e precificação dos passivos ................................. 224
Metodologia para o levantamento dos passivos ............................................................. 226
Metodologia para a avaliação do risco dos passivos ........................................................ 229
Metodologia para a valoração dos passivos .................................................................... 231
4.2 Passivos identificados, classificados e precificados .................................................................... 231
4.3 Avaliação dos passivos .............................................................................................................. 245
5 Compatibilidade atual e futura entre as atividades aeroportuárias e o uso do solo....................249
5.1 Ordenamento urbano no entorno do aeroporto ........................................................................ 251
5.2 Ocupações irregulares e desapropriações no entorno do perímetro aeroportuário ................... 263
5.3 Plano Básico de Zona de Proteção de Aeródromo e de Navegação Aérea .................................. 264
5.4 Zoneamento de Ruído ............................................................................................................... 273
Estimativa de pessoas e residências afetadas pelo ruído aeronáutico ............................. 277
5.5 Área de Segurança Aeroportuária e focos atrativos à fauna....................................................... 281
6 Avaliação dos projetos de desenvolvimento do sítio aeroportuário e soluções de engenharia
propostas .......................................................................................................................................290
6.1 Comparativo de estudos precedentes, estudos analisados pelo órgão ambiental e plano de
desenvolvimento proposto ............................................................................................................. 290
6.2 Critérios e melhores práticas socioambientais incorporados ao projeto e seus respectivos
impactos ......................................................................................................................................... 296
6.3 Análise do plano de desenvolvimento após a incorporação de restrições e critérios
socioambientais .............................................................................................................................. 300
6.4 Riscos socioambientais do projeto e estratégias para minimizá-los ........................................... 307
6.5 Identificação dos impactos socioambientais e proposição de medidas mitigadoras para
viabilização do projeto .................................................................................................................... 308
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 4
Figuras
Figura 1-1: Aspectos socioeconômicos e ambientais. ........................................................................ 27
Figura 1-2: Localização do Aeroporto Campo de Marte. .................................................................... 28
Figura 1-3: Aeroporto Campo de Marte na década de 30 .................................................................. 31
Figura 1-4: Campo de Marte na década de 40 ................................................................................... 32
Figura 1-5: Ada Rogato, aviadora e paraquedista .............................................................................. 33
Figura 1-6: Bens imóveis tombados ou em processo de tombamento pelo IPHAN em São Paulo ....... 35
Figura 1-7: Bens tombados ou em processo de tombamento no entorno do aeroporto Campo de Marte
......................................................................................................................................................... 37
Figura 1-8: Bens tombados ou em processo de tombamento no entorno imediato do aeroporto Campo
de Marte - Conpresp ......................................................................................................................... 39
Figura 1-9: Sítio Santa Luzia............................................................................................................... 40
Figura 1-10: Casa Sede do Sítio dos Morrinhos .................................................................................. 41
Figura 1-11: Sítios arqueológicos no município de São Paulo ............................................................. 42
Figura 1-12: Cadastro Nacional do Sítio dos Morrinhos ..................................................................... 43
Figura 1-13: Sítios e ocorrências arqueológicas no entorno do aeroporto Campo de Marte .............. 44
Figura 1-14: Terras Indígenas ............................................................................................................ 46
Figura 1-15: Trechos de Floresta Ombrófila Densa nos limites aeroportuários................................... 48
Figura 1-16: Campo antrópico registrado nos limites aeroportuários e entorno ................................ 49
Figura 1-17: Espécies sensíveis da flora do aeroporto e entorno ....................................................... 51
Figura 1-18: Localização do Parque da Juventude .............................................................................. 53
Figura 1-19: Vista aérea do Parque da Juventude .............................................................................. 54
Figura 1-20: Vista do Parque da Juventude........................................................................................ 54
Figura 1-21: Unidades de Conservação e Áreas Verdes Urbanas ........................................................ 55
Figura 1-22: Províncias Estruturais do Brasil ...................................................................................... 56
Figura 1-23: Subprovíncias da Província das Coberturas Cenozoicas .................................................. 57
Figura 1-24: Classificação do solo em relação a suscetibilidade, vulnerabilidade e erodibilidade. ...... 59
Figura 1-25: Cavernas e potencialidade de ocorrência de cavernas no entorno do aeroporto............ 61
Figura 1-26: Pontos de alagamento do sítio em julho de 2010 (em vermelho) ................................... 64
Figura 1-27: Vista do alagamento ocorrido em 11/02/2020 ............................................................... 64
Figura 1-28: Peixes encontrados em alagamento no aeroporto, em 11/02/2020 ............................... 64
Figura 1-29: Bacia e sub bacia hidrográfica onde o aeroporto está localizado .................................... 65
Figura 2-1: Órgãos que compõem o Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA ....................... 69
Figura 2-2: Breve histórico do licenciamento ambiental do aeroporto ............................................... 72
Figura 2-3: Croqui da área em que ocorreu a supressão da vegetação no Aeroporto Campo de Marte.
......................................................................................................................................................... 89
Figura 2-4: Área do Centro Comercial em fase final de implantação no Aeroporto Campo de Marte. 92
Figura 2-5: Consulta ao Certificado de Regularidade do aeroporto .................................................... 96
Figura 2-6: Temas fiscalizados pela Anvisa e legislações sanitárias aplicáveis................................... 101
Figura 3-1: Aspectos avaliados no diagnóstico socioambiental. ....................................................... 112
Figura 3-2: Usos do solo, vegetação, hidrografia e APP no interior do aeroporto e entorno............. 115
Figura 3-3: Nascente (1) e APP nas proximidades da SCI do Aeroporto Campo de Marte ................. 116
Figura 3-4: Vista da nascente (1) em frente à SCI ............................................................................. 117
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 6
Figura 3-5: Vista do corpo d´água, dentro da mata, em direção ao Tenente Rocha .......................... 117
Figura 3-6: Nascente (2) e APP na porção noroeste do Aeroporto Campo de Marte ........................ 117
Figura 3-7: Vista da nascente (2) ..................................................................................................... 117
Figura 3-8: Vista da APP da nascente (2) ......................................................................................... 117
Figura 3-9: Vista externa - Córrego Tenente Rocha .......................................................................... 118
Figura 3-10: Vista externa - Córrego Tenente Rocha ........................................................................ 118
Figura 3-11: Superficiários............................................................................................................... 119
Figura 3-12: Capela ......................................................................................................................... 119
Figura 3-13: Área de eventos .......................................................................................................... 119
Figura 3-14: Quadra ........................................................................................................................ 120
Figura 3-15: Área de lazer ............................................................................................................... 120
Figura 3-16: Área de lazer ............................................................................................................... 120
Figura 3-17: Área de lazer ............................................................................................................... 120
Figura 3-18: Títulos minerários no entorno do aeroporto ................................................................ 122
Figura 3-19: Acessórios de captura na SCI ....................................................................................... 127
Figura 3-20: Caixa de transporte e acessórios na SCI ....................................................................... 127
Figura 3-21: Freezer para carcaças na SCI ........................................................................................ 127
Figura 3-22: Carcaças dentro do freezer na SCI................................................................................ 127
Figura 3-23: Controle de pragas ...................................................................................................... 127
Figura 3-24: Tela contra resíduos na cerca operacional ................................................................... 127
Figura 3-25: Pica pau machucado na cabeceira 30 e detalhe de tela fina sobre o alambrado ........... 128
Figura 3-26: Pica pau na lateral cabeceira 30 e aparas não recolhidas ............................................. 128
Figura 3-27: Coruja na área de teste de motores ............................................................................. 128
Figura 3-28: Coruja e toca na área de teste de motores .................................................................. 128
Figura 3-29: Grande concentração de carcarás na lateral da cabeceira 30 (em frente a área militar)
....................................................................................................................................................... 129
Figura 3-30: Grande concentração de maritacas em frente ao TPS .................................................. 129
Figura 3-31: Quero-queros na cabeceira 30 ..................................................................................... 129
Figura 3-32: Gatos no hangar da Marte ........................................................................................... 129
Figura 3-33: Ração para gatos no hangar da Marte ......................................................................... 129
Figura 3-34: Canal obstruído atrás do almoxarifado ........................................................................ 130
Figura 3-35: Canal obstruído atrás do almoxarifado ........................................................................ 130
Figura 3-36: Canal obstruído próximo à SCI ..................................................................................... 131
Figura 3-37: Canal obstruído em frente à SCI ................................................................................... 131
Figura 3-38: Lago atrás do almoxarifado.......................................................................................... 131
Figura 3-39: Canaleta do pátio com água acumulada....................................................................... 131
Figura 3-40: Empoçamento de água no pátio degradado................................................................. 131
Figura 3-41: Empoçamento de água no pátio degradado................................................................. 131
Figura 3-42: Localização da área de deposição de aparas dentro da mata ....................................... 132
Figura 3-43: Aparas de vegetação na faixa de pista – próximas à cabeceira 30 ................................ 132
Figura 3-44: Aparas nas bordas do gramado – próximo à cabeceira 30 ............................................ 132
Figura 3-45: Aparas na área da mata ............................................................................................... 133
Figura 3-46: Aparas na área da mata ............................................................................................... 133
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 7
Tabelas
Tabela 3-1: Detalhamento de títulos minerários no entorno do aeroporto ...................................... 123
Tabela 3-2: Premissas Técnicas do Sistema de Abastecimento de Água ........................................... 169
Tabela 3-3: Comparativo da Nomenclatura de Classificação de Resíduos – Atividade Aeroportuária e
NBR ................................................................................................................................................ 171
Tabela 3-4: Resíduos Perigosos Gerados no Aeroporto Campo de Marte (2015 a 2019) .................. 173
Tabela 3-5: Geradores de resíduos .................................................................................................. 174
Tabela 3-6: Dados de transporte, tratamento e destinação final dos resíduos ................................. 183
Tabela 3-7: Relação de CADRIs ........................................................................................................ 184
Tabela 3-8: Premissas Técnicas do Gerenciamento de Resíduos Sólidos .......................................... 184
Tabela 3-9: Premissas Técnicas do Sistema de Esgotamento Sanitário............................................. 192
Tabela 4-1: Resumo do levantamento e avaliação de passivos ambientais e sociais ........................ 233
Tabela 5-1: Impacto do ruído aeronáutico sobre a população do entorno no cenário atual e futuro280
Tabela 5-2: Restrições que inviabilizam a concessão das licenças ambientais pela CETESB. ............. 284
Tabela 6-1: Quantificação da cobertura vegetal e uso do solo na área de ampliação. ...................... 306
Tabela 6-2: Percentual de APP’s existentes nas áreas de intervenção .............................................. 306
Tabela 9-1: CAPEX Ambiental estimado para o Aeroporto Campo de Marte (em R$) ....................... 412
Tabela 9-2: Taxas de Licenciamento Ambiental (em R$) .................................................................. 413
Tabela 9-3: Implementação do PCA/Equipe de Gestão Ambiental das Obras ................................... 414
Tabela 9-4: Supressão de Vegetação e Compensação Florestal ....................................................... 415
Tabela 9-5: Atividades de gerenciamento dos passivos segundo classe de risco .............................. 416
Tabela 9-6: Descrição das atividades de gerenciamento dos passivos de áreas contaminadas ......... 416
Tabela 9-7: Gerenciamento dos passivos de áreas contaminadas .................................................... 419
Tabela 9-8: Recuperação de Outros Passivos Ambientais ................................................................ 420
Tabela 9-9: Recuperação de Outros Passivos incorporados no OPEX ............................................... 421
Tabela 9-10: Gerenciamento de Áreas Contaminadas sob Responsabilidade de Terceiros ............... 421
Tabela 9-11: OPEX Ambiental estimado para o Aeroporto Campo de Marte .................................... 423
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 13
Quadros
Quadro 1-1: Categorias de classificação de áreas sensíveis a aeroportos regionais ............................ 50
Quadro 1-2: Unidades de conservação no aeroporto e em seu entorno ............................................ 52
Quadro 2-1: Síntese de licenças, autorizações e instrumentos ambientais vigentes ou em renovação
......................................................................................................................................................... 67
Quadro 2-2: Síntese de Supressões Vegetais e as respectivas compensações .................................... 67
Quadro 2-3: Autarquias e órgãos fiscalizadores de aspectos socioambientais do aeroporto .............. 68
Quadro 2-4: Informações sobre a licença de operação ...................................................................... 74
Quadro 2-5: Condicionantes da Licença de Operação ........................................................................ 79
Quadro 2-6: Autorizações de supressão de vegetação e status das medidas de compensação .......... 93
Quadro 2-7: AFE emitidas para subcontratada da Infraero ................................................................ 99
Quadro 2-8: Regularidade de assuntos ambientais perante a ANAC ................................................ 102
Quadro 2-9: Processos da área jurídica da Infraero – causas ANAC.................................................. 103
Quadro 2-10: Anuências para Obras ................................................................................................ 103
Quadro 2-11: Processos judiciais ambientais constantes no Data Room .......................................... 106
Quadro 2-12: Situação ambiental dos concessionários e prestadores de serviço da Infraero ........... 107
Quadro 2-13: Listas dos contratos comerciais vigentes, com atividades passíveis de licenciamento 109
Quadro 3-1: Quantificação dos usos do solo e cobertura vegetal identificados no Aeroporto Campo de
Marte ............................................................................................................................................. 114
Quadro 3-2: Tabela de critérios adaptados da 2ª edição Projeto “Aeródromos Sustentáveis” ......... 213
Quadro 4-1: Etapas do gerenciamento de áreas contaminadas conforme a Resolução CONAMA
nº 420/2009 ................................................................................................................................... 227
Quadro 4-2: Classificação de áreas segundo a Resolução CONAMA nº 420/2009 ............................ 227
Quadro 4-3: Etapas previstas conforme avaliação de risco dos passivos .......................................... 228
Quadro 4-4: Quantitativo de passivos por categoria ........................................................................ 231
Quadro 4-5: Custo de recuperação dos passivos socioambientais levantados.................................. 244
Quadro 5-1: Principais legislações que abordam o tema compatibilidade do uso do solo e atividade
aeroportuária ................................................................................................................................. 249
Quadro 5-2: Diretrizes para o uso do solo em áreas afetadas por Planos de Proteção do aeroporto 259
Quadro 5-3. Alterações operacionais propostas no Plano de Desenvolvimento ............................... 268
Quadro 5-4: Municípios afetados pelas superfícies do PZPA e PZPANA no Cenário Atual e Futuro ... 272
Quadro 5-5. Alturas da Superfície Horizontal Externa do PBZPA do aeroporto................................. 273
Quadro 5-6: Compilação de Usos Compatíveis e Incompatíveis para áreas abrangidas pelo PEZR .... 275
Quadro 5-7: Projeção estimada de movimentos do aeroporto ........................................................ 275
Quadro 5-8: Municípios inseridos na ASA do Aeroporto Campo de Marte ....................................... 283
Quadro 5-9: Atividades atrativas ou potenciais atrativos de fauna na ASA do Aeroporto Campo de
Marte (coordenada em SIRGAS 2000, fuso: 23K) ............................................................................. 288
Quadro 6-1: Comparativo entre PDir (2014) e Plano de Desenvolvimento (2021) ............................ 295
Quadro 6-2: Critérios e restrições ambientais incorporados no Plano de Desenvolvimento do aeroporto
....................................................................................................................................................... 297
Quadro 6-3: Avaliação de Cenários Alternativos para o Plano de Desenvolvimento ......................... 301
Quadro 6-4: Principais implantações previstas no Plano de Desenvolvimento do Aeroporto ........... 303
Quadro 6-5: Riscos e respectivas estratégias para minimizá-los....................................................... 308
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 14
Quadro 6-6: Impactos das atividades das obras de ampliação, medidas mitigadoras e programas
associados ...................................................................................................................................... 309
Quadro 6-7: Impactos das operações do aeroporto, medidas mitigadoras e programas associados 314
Quadro 6-8: Resumo dos potenciais fornecedores de insumos e matérias prima ............................ 326
Quadro 6-9: Potenciais receptores de resíduos ............................................................................... 332
Quadro 7-1: Recomendações para a condução do licenciamento operacional do aeroporto ........... 342
Quadro 7-2: Demais autorizações e procedimentos ambientais necessários para o Aeroporto Campo
de Marte......................................................................................................................................... 345
Quadro 7-3: Níveis de empreendimento segundo a IN IPHAN nº 01/2015 ....................................... 346
Quadro 7-4: Estimativa de prazos para o licenciamento operacional do aeroporto ......................... 349
Quadro 7-5: Estimativa de prazos para outras autorizações, outorgas e licenças ............................. 350
Quadro 7-6: Premissas para o licenciamento das obras de ampliação do Aeroporto Campo de Marte
....................................................................................................................................................... 351
Quadro 7-7: Estimativa de prazos para o licenciamento das obras de médio impacto ambiental ..... 351
Quadro 7-8: Estimativa de prazos para outras autorizações e pareceres ......................................... 352
Quadro 7-9:Subdivisões do cronograma de licenciamento ambiental.............................................. 353
Quadro 8-1: Gerenciamento de resíduos da construção civil ........................................................... 367
Quadro 8-2: Tipos de Plano de Zoneamento de Ruído - PZR ............................................................ 380
Quadro 8-3: Temas de indicadores propostos ................................................................................. 399
Quadro 8-4: Indicadores do tema Regularidade Ambiental ............................................................. 400
Quadro 8-5: Indicadores do tema Água ........................................................................................... 401
Quadro 8-6: Indicadores do tema Biodiversidade ............................................................................ 402
Quadro 8-7: Indicadores do tema Risco da Fauna ............................................................................ 403
Quadro 8-8: Indicadores do tema Ruído .......................................................................................... 404
Quadro 8-9: Indicadores do tema Emissões..................................................................................... 405
Quadro 8-10: Indicadores do tema Energia ..................................................................................... 406
Quadro 8-11: Indicadores do tema Resíduos Sólidos ....................................................................... 407
Quadro 8-12: Indicadores do tema Efluentes .................................................................................. 408
Quadro 8-13: Indicadores do tema Riscos Ambientais ..................................................................... 409
Quadro 8-14: Indicadores do tema Social ........................................................................................ 410
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 15
Abreviações
ACI Airports Council International
GPU Ground power unit - equipamento móvel que fornece energia aos aviões
IBA Áreas Importantes para a Conservação das Aves (Important Bird Area)
IS Instrução Suplementar
LI Licença de Instalação
LO Licença de Operação
LP Licença Prévia
NR Norma regulamentadora
UC Unidade de Conservação
OBJETIVOS
O presente relatório descreve detalhadamente, os Estudos Ambientais elaborados de acordo com os
critérios definidos nos Editais de Chamamento Público de Estudos (CPE) n° 5/2020, nº 6/2020 e
nº 7/2020, todos do Ministério da Infraestrutura.
O objetivo geral é apresentar as principais peculiaridades socioambientais associadas ao Aeroporto
Campo de Marte, visando se tornar um dos instrumentos que irá subsidiar, com informações técnicas,
o processo de concessão do aeroporto.
Para alcançar o objetivo geral, foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos:
• Descrever sobre a regularidade ambiental do aeroporto em relação ao atendimento
das legislações aplicáveis e exigências dos órgãos fiscalizadores;
• Identificar o status dos processos de licenciamento ambiental vigentes e de suas
condicionantes;
• Identificar autos de notificação e de infração, processos judiciais e ações civis públicas
existentes, pontuando as medidas adotadas para a mitigação ou compensação de
eventuais impactos ambientais ocorridos, bem como a recuperação de possíveis danos
gerados;
• Realizar diagnóstico ambiental da situação atual do aeroporto e propor
recomendações para a correção de eventuais pontos de atenção ou não
conformidades;
• Identificar e quantificar os passivos socioambientais existentes, assim como propor
ações de recuperação e/ou mitigação dos impactos associados;
• Analisar a compatibilidade entre as operações aeroportuárias e o uso e ocupação do
solo no entorno;
• Apresentar os critérios e restrições socioambientais do aeroporto que nortearam a
elaboração do Plano de Desenvolvimento proposto;
• Propor diretrizes sustentáveis que guiarão as operações e obras de ampliação e
adequação do aeroporto, alinhadas com as ações que vêm sendo adotadas pelo
Ministério da Infraestrutura;
• Propor diretrizes e um cronograma de atividades para a viabilização do licenciamento
ambiental do empreendimento, considerando eventuais análises prévias já realizadas
pelo órgão ambiental;
• Definir as eventuais medidas mitigadoras e compensatórias necessárias, as quais serão
agrupadas em Programas Ambientais e Sociais, de forma a permitir que a implantação
e a operação previstas no Plano de Desenvolvimento proposto para o aeroporto
ocorram de forma sustentável;
• Criar indicadores para avaliar o desempenho da gestão socioambiental do futuro
operador aeroportuário. Os indicadores devem estar alinhados às diretrizes de
protocolos internacionais de sustentabilidade, como o GRI Standards; os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS); a Agenda 2030 da ICAO; os padrões de
Desempenho IFC; os princípios do Pacto Global; e os Green Bonds;
• Identificar os custos associados à implantação e operacionalização das ações de cunho
socioambiental previstas no Plano de Desenvolvimento.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 22
INTRODUÇÃO
Em 08 de outubro de 2020 foi publicado pelo Ministério da Infraestrutura (MInfra), no Diário Oficial
da União, o Edital de Chamamento Público nº 5/2020 com o objetivo de chamar pessoas e empresas
interessadas na apresentação de projetos, levantamentos, investigações e estudos técnicos para
subsidiar a modelagem das concessões para expansão, exploração e manutenção dos aeroportos de:
• Bloco RJ/MG: Rio de Janeiro (Santos Dumont), Uberlândia, Montes Claros, Uberaba e
Jacarepaguá;
• Bloco Norte II: Belém, Macapá, Santarém, Marabá, Parauapebas e Altamira;
• Bloco SP/MS: São Paulo (Congonhas), Campo Grande, Campo de Marte, Corumbá e Ponta
Porã.
A referida publicação foi retificada pelo Edital de Chamamento Público nº 6/2020, o qual excluiu o
Aeroporto de São José dos Campos/SP do Bloco SP/MS, de modo que este bloco passou a ser composto
pelos cinco aeroportos indicados acima.
Além disso, atendendo à solicitação da SAC feita em 30/07/2021, após a entrega dos estudos, os
Aeroportos de Santarém, Marabá, Parauapebas e Altamira foram remanejados ao Bloco SP/MS que
passa a se chamar Bloco SP/MS/PA, conforme apresentado a seguir:
• Bloco Norte II: Belém, Macapá;
• Bloco SP/MS/PA: São Paulo (Congonhas), Campo Grande, Campo de Marte, Corumbá, Ponta
Porã, Santarém, Marabá, Parauapebas e Altamira.
Atendendo ao chamamento público, as empresas Bacco, CPEA, INFRAWAY, Moysés & Pires e
Terrafirma, especializadas nas diversas áreas dos requisitos técnicos do edital, consolidaram um grupo
de estudos independente, denominado Grupo de Consultores em Aeroportos (GCA), e solicitaram
autorização para subsidiar a Secretaria Nacional de Aviação Civil com estudos de qualidade técnica
compatível com os objetivos do chamamento. A autorização foi dada ao grupo em 04 de janeiro de
2021, por meio do Edital de Chamamento Público de Estudos nº 7/2020, autorizando a elaboração dos
estudos para os aeroportos objeto do Edital de Chamamento Público de Estudos (CPE) nº 5/2020.
O Consórcio GCA desenvolveu os estudos de acordo com as normas vigentes e melhores práticas
aplicáveis ao setor, tendo os resultados e descritivos das metodologias e premissas consolidados em
quatro relatórios para cada aeroporto, conforme a seguinte estrutura:
• Relatório 1: Estudos de Mercado;
• Relatório 2: Estudos de Engenharia e Afins;
• Relatório 3: Estudos Ambientais;
• Relatório 4: Avaliação Econômico-Financeira.
O presente documento, denominado Relatório 3 – Estudos Ambientais, é parte integrante do conjunto
de estudos desenvolvidos pelo Consórcio GCA.
A redação deste relatório foi organizada em capítulos, que são brevemente apresentados nos
parágrafos seguintes.
O Capítulo 1 - Caracterização do aeroporto, apresenta a localização, os principais fatos históricos
relacionados ao aeroporto, as características socioambientais do entorno e outros aspectos sociais e
ambientais da localidade.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 23
banco de dados do IPHAN; ao banco de dados da FUNAI; e a outros bancos de informações disponíveis
online
As solicitações de vistas aos processos de licenciamento ambiental à CETESB (órgão estadual) e à
Secretaria Municipal do Verde e Desenvolvimento Sustentável – SVMA (órgão municipal) foram
realizadas durante o período de dezembro de 2020 e janeiro de 2021. Os processos requisitados não
são digitais e a vista com presença física foi autorizada na SVMA somente em 26 de maio de 2021. Já
na CETESB (Agência Santana) não foi autorizada a vista com presença física, em decorrência das
restrições adotadas em controle à Pandemia do Coronavírus.
A ordem desse planejamento teve foco na obtenção de informações complementares ao Data Room,
possibilitando um melhor direcionamento durante a visita técnica e a apresentação de estudos
ambientais com informações atualizadas a respeito dos pareceres emitidos pelo órgão ambiental.
Além das informações obtidas nos documentos do Data Room e nos órgãos ambientais, para a visita
técnica de campo foi desenvolvido um documento denominado “check list – Auditoria ambiental”, cujo
conteúdo se baseou nas obrigações e práticas de gestão socioambiental.
A visita técnica de campo ao Aeroporto Campo de Marte foi realizada nos dias 12 e 13 de janeiro de
2021, quando foi aplicado o check list supramencionado e obtidas informações com o
acompanhamento do operador aeroportuário.
Durante as vistorias, além da verificação dos itens do check list, realizou-se também o levantamento
de passivos socioambientais do sítio aeroportuário.
As informações obtidas nas vistorias ao sítio aeroportuário e nas vistas dos processos de licenciamento
ambiental permitiram a elaboração de um diagnóstico consistente da situação atual do aeroporto,
cujas restrições e requisitos socioambientais identificados, quando aplicáveis, foram orientadores para
a proposição do Plano de Desenvolvimento do sítio aeroportuário.
Na etapa de elaboração do Plano de Desenvolvimento, proposto no Estudo de Engenharia, ocorreram
interfaces entre as equipes responsáveis pela elaboração de todos os estudos desenvolvidos para o
aeroporto. Nessa fase, foram levantados os custos socioambientais associados ao projeto, impactos e
medidas mitigadoras, estratégias para a viabilização do licenciamento ambiental e respectivo
cronograma de atividades.
Por fim, adentrou-se na etapa de elaboração de um Prognóstico para a Gestão Socioambiental do
empreendimento, com a proposição de um sistema de gestão, composto por planos e programas, e os
respectivos indicadores de avaliação de desempenho. Resume-se a metodologia adotada na figura a
seguir.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 26
•Caracterização socioambiental;
•Análise da regularidade ambiental;
•Levantamento de passivos socioambientais;
Diagnóstico •Identificação de restrições sociais e ambientais.
•Diretrizes ambientais;
•Proposição de um sistema de gestão ambiental;
Prognóstico •Elaboração de Indicadores de desempenho socioambiental.
Ambiental
1 CARACTERIZAÇÃO DO AEROPORTO
Nos itens que compõem este capítulo é apresentada uma caracterização do Aeroporto Campo de
Marte, considerando os aspectos socioeconômicos e ambientais em que ele está inserido, conforme
Figura 1-1.
1.1 Localização
O Aeroporto Campo de Marte está localizado na zona norte do município de São Paulo, no estado do
São Paulo, conforme Figura 1-2.
A cidade de São Paulo constitui o principal centro financeiro, corporativo e mercantil da América do
Sul. É a cidade mais populosa do Brasil, do continente americano, da lusofonia e de todo o hemisfério
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 29
sul. Também é a cidade brasileira mais influente no cenário global, sendo, em 2016, a 11ª cidade mais
globalizada do planeta. A capital do estado de São Paulo é palco de eventos culturais, esportivos e
gastronômicos de expressão nacional e internacional. O turismo de negócios merece destaque especial
e os inúmeros museus, parques, restaurantes e casas de espetáculo são frequentados por visitantes
do mundo todo, o ano inteiro.
O Aeroporto Campo de Marte opera essencialmente com aviação geral, executiva e táxi aéreo e,
embora não possua linhas aéreas regulares, é um dos maiores em movimento operacional no Brasil.
Ali estão localizadas ainda escolas de pilotagem, como o Aeroclube de São Paulo, e o Serviço Aerotático
das Polícias Civil e Militar.
Está localizado na Av. Santos Dumont, 1979, no bairro Santana, zona norte do município. Seu acesso é
através das vias urbanas do município, localizando-se a cerca de 7 km do centro da cidade.
O sistema viário do município de São Paulo é amplo, complexo e heterogêneo. Além das vias de tráfego
do perímetro urbano, conta com diversas rodovias, transporte público (ônibus, metrô, trens), ciclovias
e transporte aéreo.
A cidade é cortada por duas grandes vias que têm papel estruturador, tanto na escala intraurbana
quanto na metropolitana: a Marginal Tietê e a Marginal Pinheiros. As duas são consideradas as
principais "artérias" (ou vias expressas) do município, sendo que a elas chegam diversas rodovias
estaduais e federais.
As principais rodovias de acesso à cidade são:
• BR-116 - Rodovia Presidente Dutra (Guarulhos, São José dos Campos, Rio de Janeiro)
• BR-381 - Rodovia Fernão Dias (Atibaia, Bragança Paulista, Belo Horizonte)
• BR-116 - Rodovia Régis Bittencourt (Registro, Curitiba)
• SP-70 - Rodovia Ayrton Senna (Aeroporto Internacional, Caraguatatuba)
• SP-160 - Rodovia dos Imigrantes (Diadema, São Vicente, Praia Grande)
• SP-150 - Rodovia Anchieta (São Bernardo do Campo, Santos)
• SP-330 - Rodovia Anhanguera (Campinas, Ribeirão Preto, Brasília)
• SP-348 - Rodovia dos Bandeirantes (Campinas, Aeroporto de Viracopos, Piracicaba)
• SP-280 - Rodovia Castelo Branco (Osasco, Barueri, Sorocaba)
• SP-270 - Rodovia Raposo Tavares (Cotia, São Roque, Sorocaba)
• SP-21 - Rodoanel Mário Covas – rodovia em formato circular em torno da Região
Metropolitana de São Paulo com uma extensão de aproximadamente 170 km,
interligando as principais rodovias que dão acesso à metrópole: Régis Bittencourt,
Raposo Tavares, Castello Branco, Anhanguera, Bandeirantes, Fernão Dias, Dutra,
Ayrton Senna, Anchieta e Imigrantes, evitando o tráfego desnecessário no perímetro
urbano, para diminuir os congestionamentos da capital paulista.
Há ainda algumas pequenas estradas, como:
• Rodovia Henrique Eroles (Estrada velha São Paulo-Rio)
• Rodovia Tancredo Neves (Estrada velha de Campinas)
• Estrada dos Romeiros (Estrada velha de Itu)
• Estrada Armando Sales (Estrada de Itapecerica)
• Rodovia José Simões Louro Junior (Estrada de Embu)
• Estrada Sezefredo Fagundes (Estrada velha de Bragança)
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 30
1.2 Histórico
A região do atual Aeroporto Campo de Marte já foi uma várzea alagadiça, que começou a ser utilizada
em 1906 como um espaço para exercícios militares de infantaria e da cavalaria da então Força Pública
do Estado de São Paulo, entidade que mais tarde seria a Polícia Militar.
Para que os integrantes desse pelotão tivessem um treinamento de primeira linha, foram contratados
instrutores do exército francês que, ao chegarem no local e observarem o grande terreno descampado,
apelidaram a região de “Champs de Mars”, em homenagem à região francesa. Essa nomenclatura foi
passada para os militares paulistas que, em uma tradução literal, o chamaram de Campo de Marte.
Na década de 20, o governo do estado de São Paulo, em parceria com o alto comando da Força Pública,
decidiram criar uma escola de aviação militar, modalidade que seria importante para fortalecer as
defesas da cidade e para fornecer soldados preparados para eventuais necessidades do exército
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 31
brasileiro. Após alguns estudos, o local escolhido para a pista de operações das aeronaves foi o próprio
Campo de Marte, afinal, o local já estava à disposição da corporação e ficava próximo quartel da Luz.
Os primeiros alunos que fizeram parte do curso de preparação para pilotagem aérea eram integrantes
da cavalaria e tiveram como professor um piloto americano. Infelizmente, com um ano de vida, a
escola acabou sendo fechada por falta de recursos, mas apesar disso, alguns aviadores se
reorganizaram e conseguiram reabrir a escola em 1925, através de recursos e apoio político. A escola
formou os alunos que constituíram a esquadrilha da aviação da Força Pública do Estado.
A esquadrilha da Força Pública, também conhecida como “Bandeirantes do Ar”, realizava missões de
exploração, estabelecimento de rotas aeronáuticas e acabaram difundindo a aviação e a abertura de
diversos aeródromos e aeroportos pelo interior de São Paulo e em vários estados, como Paraná, Mato
Grosso, Minas Gerais e Goiás.
Ainda na década de 20 foi criada, dentro do Campo de Marte, a Escola de Aviação Ypiranga, de
propriedade de Fritz Roesler e Thereza Di Marzo, uma das primeiras aviadoras brasileiras. Nos
hangares da Força Pública, através do mecânico e aviador americano Orthon W. Hoover, foi fabricado
o primeiro avião paulista, que recebeu o nome de São Paulo e se tornou mascote da esquadrilha.
Em 26 de julho de 1929, o Aeroporto Campo de Marte iniciou suas atividades operacionais com a
implantação da primeira infraestrutura aeroportuária na cidade de São Paulo, ano em que foi
construída uma pista de pouso e decolagem e um hangar no local onde a Força Pública do estado de
São Paulo mantinha sua escola de aviação.
A Empresa de Transportes Aéreos (E.T.A.), o primeiro serviço de transporte postal aéreo entre as
cidades de Rio e São Paulo, dirigido por brasileiros, utilizava o aeroporto Campo de Marte como base
de operações.
Em dia 8 de junho de 1931, o Aeroclube de São Paulo, instalado no Campo de Marte, foi inaugurado.
Durante a Revolução de 1932, o governo federal ordenou às forças armadas o bombardeio aéreo do
Campo de Marte. De um lado estavam as esquadrilhas legalistas, do outro lado, o de São Paulo, alguns
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 32
poucos aviadores se dispuseram a formar o Grupo Misto de Aviação Bandeirante, que incluía, também,
a esquadrilha dos “Gaviões de Penacho”, composto por pilotos de combate. Desta forma, o Campo de
Marte era visto como um quartel general dos aviadores constitucionalistas.
Terminada a contenda, todos os aviões do Campo de Marte foram levados para o Campo dos Afonsos,
no Rio de Janeiro. Entretanto, o potencial estratégico do local não seria desprezado. Novas empresas
ligadas ao setor aeronáutico surgiam, gerando novas oficinas, empregos e desenvolvimento para o
setor aéreo do Brasil. Surgiram escolas particulares de aviação, inclusive nascendo em Campo de Marte
o voo de planador e a primeira escola de paraquedismo do país.
Em 12 de novembro de 1933 houve uma cerimônia, na qual inauguraram-se voos para o interior
paulista com a VASP, com duas rotas; uma para São José do Rio Preto com escala em São Carlos, e
outra para Uberaba com escala em Ribeirão Preto, o que veio implementar em 1934, o Parque
Aeronáutico, que ocupou uma boa parcela da área do Campo de Marte.
Além do peso comercial das viagens feitas a partir do Campo de Marte, o local ainda se destacava pelas
apresentações aéreas, circos voadores e diversos shows aéreos. Multidões de curiosos compareciam
ao local para assistir a ousadia dos pilotos e a sincronia das esquadrilhas.
Em 1934, durante o governo provisório de Vargas (1930 – 1934), a esquadrilha da Força Pública foi
extinta. Todos os hangares, aviões e pertences encontrados no local passaram a fazer parte do exército
brasileiro. Assim, no Campo de Marte, foi criado o Destacamento do 2º Regimento de Aviação do
Exército.
Tendo em vista a interdição do terminal aeroportuário, somado ao histórico de enchentes no local,
foram iniciados estudos técnicos para a escolha de um local alternativo para instalação de um
aeroporto para o município de São Paulo. O local escolhido foi Congonhas, inaugurado em 1936.
Com a criação do Ministério da Aeronáutica em 1941, as instalações militares no Campo de Marte
passaram a constituir parte da Força Aérea Brasileira.
O local faz parte da história de grandes feitos acontecidos em São Paulo. Partiu de lá, por exemplo,
voos de Ada Rogato, a primeira paulistana a se tornar aviadora e paraquedista, conhecida
internacionalmente. Além disso, o aeródromo foi o local de partida e chegada da revoada internacional
do IV Centenário de São Paulo, em 1954, quando se reuniram aviões de vários países da América do
Sul. De lá também partiu a maior revoada de aviões esportivos realizada até hoje na América Latina,
quando 270 aeronaves de pequeno porte, fizeram o percurso de Campo de Marte a Buenos Aires, em
1952, sendo recebidos pelo presidente da Argentina.
No dia 26 de outubro de 1967, um grande incêndio destruiu o hangar Santos Dumont, que pertencia
ao Aeroclube de São Paulo. Cerca de 26 aeronaves “P-56 Paulistinha” foram consumidas pelo fogo. O
Aeroclube estimou o prejuízo em torno de 1 bilhão de cruzeiros velhos, o que nos dias de hoje seria
algo equivalente a pouco mais de 3,2 milhões de reais.
Em fevereiro de 1979, o Aeroporto Campo de Marte foi incorporado à administração da Infraero. Cabe
ressaltar que, como é um aeroporto compartilhado, parte de sua área pertence ao Comando da
Aeronáutica – por meio do Parque de Material da Aeronáutica (PAMA-SP), Prefeitura de Aeronáutica
de São Paulo (PASP), Núcleo do Hospital de Força Aérea de São Paulo (NuHFASP), Centro de Logística
da Aeronáutica (CELOG) e Subdiretoria de Abastecimento (SDAB).
No ano de 2006 o aeroporto passou por importante reforma do pátio de manobras, que organizou as
posições de estacionamento de aeronaves, adequando-as às dimensões oficiais e garantindo maior
segurança.
Em 2013 foi implantada a sinalização vertical nas áreas de movimento (pista e taxiways). Trata-se de
um sistema que contempla informações aeronáuticas e compõe os auxílios visuais à navegação aérea.
É composto por placas ou painéis destinados a fornecer mensagens aos aeronavegantes.
Em 2019, o Aeroporto Campo de Marte movimentou 96.608 passageiros e 63.198 aeronaves.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 34
Nos itens subsequentes são apresentados os levantamentos realizados nos órgãos de preservação do
patrimônio histórico-cultural.
Figura 1-6: Bens imóveis tombados ou em processo de tombamento pelo IPHAN em São Paulo
Nome atribuído Estágio da Arqueol., Histórico Belas Artes
Instrução etnográfico
(Portaria e
11/86) paisagístico
Figura 1-7: Bens tombados ou em processo de tombamento no entorno do aeroporto Campo de Marte
Figura 1-8: Bens tombados ou em processo de tombamento no entorno imediato do aeroporto Campo de
Marte - Conpresp
Finalmente, não foram identificados bens protegidos e tombados no sítio patrimonial, mas existem
alguns em seu entorno imediato.
Entre os bens já tombados localizados na área de influência direta do aeroporto estão:
• Bem Tombado (imóvel): Sítio Santa Luzia
Localização: Rua Sóror Angélica, nº 364 – Santana
Instância Estadual: CONDEPHAAT
Dados do Tombamento: Resolução nº 43 de 12/5/82
Livro do Tombo Histórico: Inscrição nº 195, p. 47, 19/7/1982
Processo: 21185/80 - D.O.: 21/5/82
A residência bandeirista do Sítio Santa Luzia foi construída, provavelmente, no Século
XIX. Constituída por apenas um pavimento, sua estrutura, em taipa de pilão, possui
blocos simétricos na fachada principal com alpendres reentrantes e telhado de duas
águas. Pertenceu a Joaquim Eugênio de Lima e, após várias reformas e o
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 40
O Sítio Morrinhos dos Morrinhos, além de um bem tombado - como indicado no item 1.4.1 - também
é um sítio arqueológico no entorno imediato do aeroporto. Os detalhes do cadastro nacional deste
sítio seguem na Figura 1-12.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 43
Os dados de todos os sítios e ocorrências arqueológicas do município de São Paulo estão disponíveis
na internet no site http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx#, na opção
Legislação Urbana, Patrimônio Cultural - Bens arqueológicos. Na Figura 1-13 é possível verificar os
sítios e ocorrências mais próximas do aeroporto.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 44
Segundo relatado, o aeroporto não possui estudos de prospecção arqueológica desenvolvidos na área
patrimonial nem ações ou estudos prévios referentes a esse tema.
Comunidades tradicionais
De acordo com o Decreto Federal nº 6040/2007, os povos e comunidades tradicionais são definidos
como "grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas
próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para
sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações
e práticas gerados e transmitidos por tradição". Esses povos devem ter seus direitos garantidos por
meio de políticas específicas. Incluem-se nessa categoria, os Povos Indígenas, as Comunidades Negras
– Quilombolas, populações extrativistas, entre outros.
Segundo a Portaria Interministerial nº 60, de 24 de março de 2015, nos processos de licenciamento
ambiental de obras em aeroportos, se existirem comunidades protegidas afetadas diretamente ou
indiretamente pelas obras, os órgãos de proteção de cada comunidade devem ser instados a participar
do processo de licenciamento. Comunidades que podem ser afetadas indiretamente pelas obras,
conforme Anexo I da portaria, são as que estão localizadas a uma distância de até 10 km do aeroporto,
na Amazônia Legal; ou 8 km, nas demais regiões brasileiras (caso aplicável ao Aeroporto Campo de
Marte).
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 45
Dessa forma, realizou-se consulta nos websites da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e da Fundação
Cultural Palmares (FCP) para a identificação de comunidades tradicionais nas áreas de influência direta
do aeroporto. Sempre que for identificada a existência dessas comunidades, é necessário que as
fundações supracitadas sejam instadas a se manifestar durante o procedimento de licenciamento
ambiental do empreendimento.
A seguir estão os resultados das consultas:
• Povos indígenas: Não foram encontrados povos indígenas ou terras indígenas no
entorno do aeroporto (distantes até 10 km do empreendimento). A pesquisa foi
realizada por meio do mapa elaborado pela FUNAI que destaca quais aeroportos estão
localizados nas proximidades de terras indígenas. (Disponível em:
http://www.funai.gov.br/index.php/servicos/geoprocessamento. Acessado em
05/04/2021);
• Comunidades Remanescentes de Quilombos (CRQs): Não constam registros de
Certidão Expedida pela FCP a comunidades remanescentes de quilombos no município
de São Paulo e a 10 km do aeroporto. (Disponível em:
http://www.palmares.gov.br/?page_id=37551, acessado em 05/04/2021).
Dessa forma, segundo dados da FUNAI e FCP, não existem comunidades tradicionais diretamente
afetadas pelo empreendimento. Apesar dessa inexistência, cumpre registrar que existem 02 (duas)
Terras Indígenas, na direção noroeste em relação ao sítio aeroportuário, situadas fora do raio de 10km
a partir do centro do aeroporto. Na Figura 1-14 é possível visualizar a localização dessas terras.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 46
Fonte:
Consórcio GCA
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 47
1.5 Vegetação
A região onde se insere o Aeroporto Campo de Marte, no município de São Paulo, é originalmente
caracterizada pelo Bioma Mata Atlântica (IBGE, 2004). Atualmente encontra-se bastante
descaracterizada pela urbanização, mas há um fragmento, ainda que parcialmente degradado, de
Floresta Ombrófila Densa no interior do limite aeroportuário. Áreas de Campo Antrópico com árvores
isoladas ocorrem no interior e entorno do limite aeroportuário, enquanto Áreas Úmidas ocorrem
apenas no interior.
Borda degradada de trecho de Floresta Ombrófila Borda degradada de trecho de Floresta Ombrófila
Densa. Densa.
Borda degradada de trecho de Floresta Ombrófila Borda degradada de trecho de Floresta Ombrófila
Densa. Densa.
Fonte: Consórcio GCA
Trecho de Campo Antrópico com árvores isoladas. Trecho de Campo Antrópico com árvores isoladas.
Trecho de Campo Antrópico com árvores isoladas. Trecho de Campo Antrópico com árvores isoladas.
Fonte: Consórcio GCA
Área Úmida
As Áreas Úmidas ocorrem em trechos próximos a corpos d’água perenes ou intermitentes, e
geralmente estão cobertas por uma vegetação higrófila predominantemente herbáceo-arbustiva,
embora também possam ocorrer espécies arbóreas capazes de se desenvolver sobre um solo úmido e
por vezes alagado. Podem ser encontradas espécies nativas e também exóticas, sendo que os
indivíduos lenhosos podem estar distribuídos de forma mais esparsa ou formando pequenos
agrupamentos. Essas áreas podem, em alguns casos, estar associadas à degradação por atividades
antrópicas, sobretudo o desmatamento. No interior do limite aeroportuário ocorrem às margens dos
corpos d’água.
precisam de maiores cuidados, pela sua fragilidade e particularidades, e aquelas que podem ser
utilizadas de forma sustentável e conservadas ao mesmo tempo (MMA, 2019).
As áreas verdes urbanas, como as definidas no artigo 8º, § 1º, da Resolução CONAMA nº 369/2006,
também desempenham função ecológica e paisagística, propiciando a melhoria da qualidade estética,
funcional e ambiental das cidades. Essas categorias possuem como foco principal os serviços
ambientais prestados diretos à população, como a recreação. São exemplos dessas áreas: praças,
parques urbanos, parques fluviais, parque balneário e esportivo, jardim botânico, jardim zoológico,
alguns tipos de cemitérios e faixas de ligação entre áreas verdes (MMA, 2019).
Por meio das informações obtidas e disponíveis no Cadastro Nacional de Unidades de Conservação
(https://www.mma.gov.br/areas-protegidas/cadastro-nacional-de-ucs, acessado em 08 de março de
2021), no Aeroporto Campo de Marte e em seu entorno, em uma área com raio de 3km a partir dos
limites patrimoniais do empreendimento, não foram identificadas Unidades de Conservação. No
entanto foram identificados 05 (cinco) Parques Municipais, detalhados no Quadro 1-2.
Somente como registro - uma vez que não existem unidades de conservação no entorno de até 3km a
partir do sítio aeroportuário - fazem parte da área de influência indireta do empreendimento,
conforme EIA-RIMA de 2013, 13 (treze) unidades de conservação, sendo 07 (sete) unidades de
conservação integral e 06 (seis) de conservação de uso sustentável, sendo que delas, apenas o Parque
Estadual da Serra da Cantareira situa-se próximo ao Aeroporto Campo de Marte, sendo um dos
pouquíssimos fragmentos de grandes extensões presente no município e nos arredores do
empreendimento.
Parque da Parque Citado como parque pela Secretaria Municipal São Paulo
Juventude Dom Municipal Coordenadoria de Parques e do verde e do Meio
Paulo Evaristo Arns Parcerias da Secretaria de Ambiente - SVMA
Infraestrutura e Meio Ambiente
do Estado de São Paulo.
Jardim da Luz Parque O parque consta do Quadro 7 – Secretaria Municipal São Paulo
Municipal “Parques Municipais existentes e do verde e do Meio
propostos”, do Plano Diretor Ambiente - SVMA
Estratégico do Município de São
Paulo (Lei Municipal nº
16.050/2014)
Parque do Trote Parque O parque consta do Quadro 7 – Secretaria Municipal São Paulo
Municipal “Parques Municipais existentes e do verde e do Meio
propostos”, do Plano Diretor Ambiente - SVMA
Estratégico do Município de São
Paulo (Lei Municipal nº
16.050/2014 e Resolução
CONPRESP nº 15 de 18 de junho
de 2013 (Tombamento)
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 53
Unidade de
Grupo* Criação (Lei) Responsável Município
Conservação
Parque Buenos Parque O parque consta do Quadro 7 – Secretaria Municipal São Paulo
Aires Municipal “Parques Municipais existentes e do verde e do Meio
propostos”, do Plano Diretor Ambiente - SVMA
Estratégico do Município de São
Paulo (Lei Municipal nº
16.050/2014)
Parque Vila Parque Lei Municipal nº 11.015 de 27 de Secretaria Municipal São Paulo
Guilherme Municipal junho de 1991 do verde e do Meio
Ambiente - SVMA
*
PI: proteção integral
US: uso sustentável
Fonte: Consórcio GCA
Figura 1-19: Vista aérea do Parque da Juventude Figura 1-20: Vista do Parque da Juventude
Fonte: Fonte:
https://br.pinterest.com/pin/174092341824994630/visual-
https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/cpp/parque-
search/?x=15&y=10&w=385&h=288&cropSource=6. da-juventude/. Acesso em 09/04/2021.
Acesso em 09/04/2021.
onde está instalado o aeroporto Campo de Marte (Figura 1-23), correspondente aos Orógenos
Paranapiacaba e Rio Pien, ao conjunto formado pelo Terreno Embu e os Orógenos Rio Negro e
Paranapiacaba e ao Orógeno Ribeira (IBGE, 2020).
Conforme dados da atualização do EIA RIMA (INFRAERO, 2013), o município de São Paulo pode ser
apresentado geologicamente como sendo composto por três conjuntos, sendo o primeiro aquele em
que são agrupadas as rochas mais antigas, de idade pré-cambriana, e que constituem o substrato
geológico. O segundo conjunto é constituído por rochas de idade terciária que foram sedimentadas
acima do substrato mais antigo. O terceiro conjunto a ser considerado, são os sedimentos recentes
depositados ao longo dos principais rios da região.
As rochas mais antigas e que formam o substrato geológico proporcionam formas de relevo mais
salientes (como a Serra da Cantareira) que circundam uma área de relevo mais colinoso e abatido,
culminando em planícies aluviais e terraços dos principais rios (Tietê e Pinheiros) e seus afluentes.
De acordo com o estudo da VPC Brasil (EIA, 2009), o substrato geológico na área do município de São
Paulo é representado por rochas de composição granítica e rochas metamórficas.
As rochas de composição granítica podem ser generalizadamente chamadas de cristalinas, mapeadas
como Suítes Graníticas Indiferenciadas constituídas por granitos, granodioritos, monzogranitos e
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 58
granitóides. Predominam no setor norte do município, onde essas rochas constituem os terrenos mais
elevados (como a Serra da Cantareira). Na parte sul do município ocorrem como corpos isolados.
A área onde se encontra instalado o Aeroporto Campo de Marte, está assentada sobre sedimentos
pertencentes à Formação Itaquaquecetuba. Trata-se de uma sequência onde predominam
conglomerados e areias, mas também ocorrem lamitos e argilitos subordinadamente. Acima dos
sedimentos de idade terciária, assentam sedimentos recentes inconsolidados, de idade holocênica
(Quaternário) que são constituídos por depósitos aluviais dos rios atuais.
O processo erosivo dos rios talhou esses sedimentos criando formas suaves de relevo, onde
predominam interflúvios de topo aplainado e vertentes retilíneas e convexas que terminam em fundo
de vales que foram sendo preenchidos por sedimentos formando as planícies aluvionares ou várzeas.
A aeroporto Campo de Marte está inserido na Planície Aluvial do rio Tietê, tendo, ao fundo de sua
paisagem, as altas colinas da Casa Verde (EIA, 2009). A área do empreendimento está à menos de um
quilômetro do rio Tietê, que mesmo com seu curso canalizado por ações antrópicas, é o responsável
pelas características do terreno em questão, onde predomina uma cobertura sedimentar aluvial e
coluvial quaternária, constituída por uma sequência de conglomerados e areias.
inserido nas Bacias Hidrográficas do Paraná e do Atlântico Sudeste, com 6% das águas superficiais do
Brasil.
Segundo consulta realizada em 08 de abril de 2021 ao endereço eletrônico
http://www.sigrh.sp.gov.br/public/uploads/documents/6962/cap_04_04.pdf, o Estado compartilha
bacias hidrográficas com os Estados do Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rio de Janeiro
e o Distrito Federal, sendo:
• Em relação à Minas Gerais, o Estado de São Paulo compartilha a bacia do rio Grande,
que estabelece a divisa estadual desde o reservatório de Estreito até a confluência
com o rio Paranaíba, onde esses dois rios formam o rio Paraná, e ocupa a porção
jusante das bacias dos rios Sapucaí, Pardo, Mogi-Guaçu e Piracicaba;
• Relativamente ao Estado do Paraná divide a bacia do rio Paranapanema, que
estabelece a divisa entre os dois estados, primeiro através do rio Itararé e, em seguida
pelo próprio rio Paranapanema e compartilha a bacia do rio Ribeira do Iguape, cuja
porção de jusante se situa em terras paulistas;
• Com o Estado do Rio de Janeiro, compartilha a bacia do rio Paraíba do Sul, cujas águas
também banham o Estado de Minas Gerais, correspondendo a porção montante desta
bacia ao Estado de S. Paulo;
• No caso da bacia do rio Paraná, São Paulo compartilha os recursos hídricos desta bacia
situados a montante da Ilha do Óleo Cru com os Estados de Mato Grosso do Sul, Minas
Gerais, Goiás e Distrito Federal.
A Lei nº 7.663/91 instituiu a Política Estadual de Recursos Hídricos no Estado de São Paulo e
determinou que o Plano Estadual de Recursos Hídricos – PERH deveria ser elaborado com base nos
planos das bacias hidrográficas, nas normas relativas à proteção do meio ambiente e nas diretrizes do
planejamento e gerenciamento ambientais. Neste contexto, o Plano Estadual de Recursos Hídricos –
PERH estabelece diretrizes e critérios de gerenciamento em escala estadual, refletindo as necessidades
regionais expressas nos planos de bacia.
O primeiro Plano de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo foi elaborado em 1990. Segundo
consulta ao endereço http://www.sigrh.sp.gov.br//perh20202023, a Secretaria de Infraestrutura e
Meio Ambiente, por intermédio da Coordenadoria de Recursos Hídricos (CRHi) realizou, entre 15 de
outubro e 15 de novembro de 2020, consulta pública da sétima versão do Plano Estadual de Recursos
Hídricos - PERH 2020 - 2023. O planejamento teve duração de aproximadamente 36 meses.
Participaram diretamente deste processo 27 órgãos e instituições, além dos Comitês de Bacias
Hidrográficas do Estado de São Paulo. Durante a consulta pública foram recebidas 154 contribuições.
É importante destacar que a Lei nº 16.337, de 14 de dezembro de 2016, estabeleceu diretrizes e
critérios gerais para a elaboração, implementação e monitoramento do Plano Estadual de Recursos
Hídricos - PERH. A divisão hidrográfica do Estado de São Paulo compreende 22 (vinte e duas) unidades
hidrográficas denominadas Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos – UGRHIs. O município
de São Paulo está inserido na UGRHI 06 – Alto Tietê.
O Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê (CBH-AT) foi criado pela Lei Estadual nº. 7663/1991. A
partir de 1997, foram criados seus cinco subcomitês: Alto Tietê-Cabeceiras; Cotia-Guarapiranga;
Juqueri-Cantareira; Billings-Tamanduateí; Pinheiros-Pirapora. O CBH-AT é um órgão colegiado
vinculado ao estado de São Paulo, de caráter consultivo e deliberativo, de nível regional e estratégico,
que compõe o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos - SIGRH.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 63
Esta bacia tem uma área de drenagem de 5.868km², sendo que os principais rios são o Tietê, Pinheiros,
Tamanduateí, Claro, Paraitinga, Jundiaí, Biritiba-Mirim e Taiaçupeba. Está situada no maior polo
econômico do país, centralizando a sede dos mais importantes complexos industriais, comerciais e
financeiros do país.
O aeroporto situa-se na planície de inundação do rio Tietê, especificamente na microbacia hidrográfica
do Córrego Tenente Rocha, afluente da margem direita do rio Tietê. Inclusive, conforme EIA-RIMA
(INFRAERO, 2013) esta bacia foi considerada como a Área de Influência Direta do empreendimento
por receber toda a contribuição do sistema de drenagem pluvial do Aeroporto. No mesmo estudo
consta que:
Conforme relatos da visita técnica, durante chuvas intensas, as saídas dos canais de drenagem ficam
prejudicadas pelo aumento de nível do rio Tietê, provocando o represamento dessas águas em
diversos pontos do aeroporto.
Apesar de ser um problema crônico e de origem externa, ações internas podem - e devem – ser
adotadas para melhoria da eficiência de captação e escoamento de água do atual sistema de
drenagem. Tais alagamentos causam grandes prejuízos às atividades do aeroporto, ao comprometer a
movimentação regular de aeronaves. Existe um considerável histórico de alagamentos no aeroporto,
sendo o que o maior, e mais recente, ocorreu em 11 de fevereiro de 2020, conforme Figura 1-27 e
Figura 1-28.
Figura 1-27: Vista do alagamento ocorrido em Figura 1-28: Peixes encontrados em alagamento no
11/02/2020 aeroporto, em 11/02/2020
Figura 1-29: Bacia e sub bacia hidrográfica onde o aeroporto está localizado
No Quadro 2-2 estão sintetizadas as informações relativas às Autorizações de Supressão Vegetal (ASV)
e Compensações Florestais (Anexo 1 – Regularidade Ambiental) vinculadas ao aeroporto ainda
vigentes ou pendentes de compensação.
Considerando que a maioria dos aeroportos brasileiros foram construídos em data anterior à vigência
da legislação que obriga o licenciamento ambiental, alguns empreendimentos podem possuir apenas
uma Licença de Operação corretiva, obtida com o intuito de regularizar a infraestrutura existente.
Para a realização de novas obras em aeroportos existentes, é necessária a consulta prévia ao órgão
ambiental licenciador, para a definição do tipo de estudo de avaliação ambiental a ser elaborado com
o intuito de subsidiar o processo de emissão da Licença Prévia e Licença de Instalação para essas obras.
A estrutura das legislações ambientais vigentes permite que o órgão licenciador do empreendimento
defina o tipo do estudo a ser apresentado para a avaliação ambiental, assim como o órgão ambiental
tem atribuição para poder aplicar outros tipos de licenças ambientais ao empreendimento.
Auxiliando na padronização do licenciamento ambiental dos aeroportos regionais, a Resolução
CONAMA nº 470/2015 trouxe algumas diretrizes para os órgãos licenciadores e para os operadores
aeroportuários, incluindo a relação de estudos a serem solicitados para a emissão de licenças. Obras
de ampliação, classificadas com baixo potencial de impacto ambiental conforme critérios definidos no
artigo 6º da Resolução CONAMA nº 470/2015, poderão ser licenciadas através de procedimento
simplificado, com a elaboração de um Relatório Ambiental Simplificado (RAS) e um Plano de Controle
Ambiental (PCA). Para fins de licenciamento, o Aeroporto Campo de Marte é classificado como
aeroporto regional, se beneficiando das diretrizes simplificadas descritas na Resolução CONAMA nº
470/15, caso atenda todos os critérios de aplicabilidade.
Vale destacar que o órgão ambiental licenciador, independente do porte do aeroporto, é o responsável
por definir o estudo aplicável ao empreendimento e tem autonomia para solicitar um estudo mais
complexo, por exemplo um EIA/RIMA, desde que fundamente os motivos que guiam essa decisão.
No presente subcapítulo são descritos os licenciamentos ambientais vigentes no aeroporto, sob
responsabilidade dos órgãos do Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA (Figura 2-1).
Figura 2-1: Órgãos que compõem o Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA
Vale destacar que, além das licenças ambientais de aprovação de empreendimentos, o operador
aeroportuário, em determinadas circunstâncias, deverá solicitar Autorização para Supressão Vegetal
(ASV) ou similar, Outorgas para autorização do Uso e/ou Interferência em Recursos Hídricos,
Autorização para Interferências em Comunidades Tradicionais, manifestação de órgãos municipais,
entre outros. Ou seja, a existência de licenças ambientais emitidas em uma única esfera, não garante
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 70
• No início do ano, SVMA informou que o EIA/RIMA não havia sido analisado ainda
em razão de possível transferência do licenciamento à CETESB.
2016 •Em setembro, a CETESB informou que o licenciamento de Campo de Marte deveria
permanecer com a SVMA.
•Início de obras do Centro Comercial, na av. Braz Leme - área concedida por 25
anos. Emitido auto de multa nº 044392 e termo de embargo da obra, ambos
2019 cancelados, em novembro, pelo Coordenador da Fiscalização Ambiental.
2009-0.089.891-3
SVMA – Secretaria (processo físico)
do Verde e do
LAO 09/SVMA-G/2020 SEI 08/12/2020 4 anos Vigente
Meio Ambiente
de São Paulo 6027.2021/0005090-8
(processo eletrônico)
Fonte: Consórcio GCA
Em complemento ao breve resumo contido na Figura 2-2, será abaixo apresentado um maior
detalhamento da tramitação do processo de licenciamento.
Conforme histórico descrito no EIA RIMA de 2009 - disponibilizado no Data Room - e na atualização do
EIA RIMA de novembro de 2013, analisado na vista do processo, o licenciamento ambiental do
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 75
Aeroporto de Campo de Marte teve início em julho de 2002, quando a Infraero consultou a Secretaria
Estadual de Meio Ambiente - SMA, sobre o procedimento para licenciamento do Aeroporto Campo de
Marte.
A secretaria estadual foi inicialmente consultada em virtude da Resolução CONAMA nº 237, de 19 de
dezembro de 1997, que atribui ao Estado a responsabilidade pelo licenciamento de empreendimentos
onde o impacto ambiental direto ultrapasse mais de um município.
Entretanto, na ocasião, a SMA informou que o trâmite deveria ser realizado no âmbito municipal, por
intermédio da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente – SVMA, considerando o previsto
no artigo 6º da Resolução CONAMA nº 237/97.
Assim, em novembro de 2002, a Infraero solicitou à SVMA orientações para o licenciamento do
aeroporto, além de comunicar que estava elaborando o Plano de Desenvolvimento do Aeroporto. –
PDA. A SVMA, ainda em 2002, solicitou à Infraero a apresentação do PDA, bem como projetos de
intervenção existentes.
Em agosto de 2004 a Infraero encaminhou o Plano de Desenvolvimento do Aeroporto à Secretaria do
Verde e Meio Ambiente.
Já em agosto de 2005 a Secretaria do Verde e Meio Ambiente comunicou a Infraero sobre a
necessidade de apresentação de um Estudo de Impacto Ambiental e seu respectivo Relatório –
EIA/RIMA e requisitou que fosse enviado um Termo de Referência para a contratação do referido
estudo, com base nas diretrizes anexadas ao Ofício da SVMA.
Em 2006, a SVMA solicitou informações a respeito das iniciativas da Infraero com relação à
regularização ambiental do aeroporto. Em resposta, a Infraero entregou, em maio, uma minuta de
Termo de Referência para contratação de EIA/RIMA, submetendo-o a análise da Secretaria. Em
setembro do mesmo ano, a SVMA solicitou adequações no Termo de Referência apresentado pela
Infraero. Após os ajustes e esclarecimentos necessários, a Infraero, em fevereiro de 2007, encaminhou
o Termo de Referência para avaliação final da Secretaria, que foi aprovado sob o código MAR GRL
900.TR-017-R0.
Diante disso a Infraero, conforme consulta ao endereço eletrônico da Infraero -
https://licitacao.infraero.gov.br/portal_licitacao/servlet/DetalheLicitacao?idLicitacao=19569 -
publicou a licitação nº TP 023/ADGR-4/SBMT/2007 para a contratação de serviços técnicos
especializados para a elaboração de estudo de impacto ambiental - "EIA" e respectivo relatório de
impacto ambiental - "RIMA" e assessoria técnica para o processo de obtenção da licença de operação
do aeroporto Campo de Marte. Tal licitação foi aberta em 10 de janeiro de 2008 e sua homologação
ocorreu em 15 de setembro de 2008 por meio da CF Circular 1.898/Comissão de Licitação/2008 tendo
como vencedora a empresa VCP/Brasil Tecnologia Ambiental e Urbanismo Ltda, pelo valor de
R$ 224.240,00.
Desta forma foi assinado o Termo de Contrato nº 0007-ST/2008/0033 e emitida a devida ordem de
serviço e, em março de 2009, o EIA/RIMA do Aeroporto Campo de Marte foi protocolado na SVMA,
visando a obtenção da Licença de Operação do Aeroporto. Este protocolo deu início ao processo
2009- 0.089.891-3 e, em 08 de junho, foi realizada a Audiência Pública para Avaliação do Estudo.
Em 20 de abril de 2010, foi inserido no processo o Ofício nº 091/CONTRU-G/2010, emitido após visita
realizada ao aeroporto pelo Departamento de Controle de Uso de Imóveis da Prefeitura. Na ocasião,
o órgão solicitou à Infraero que adotasse medidas de regularização de segurança do uso de todos os
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 76
visando a obtenção da licença ambiental de operação do aeroporto assim como para a autorização de
supressão da vegetação que encobria a visada da Torre. Em abril do mesmo ano, a SVMA informou
quanto a impossibilidade de emissão da Licença de Operação enquanto existisse a situação de risco
operacional associada à visada da torre obstruída por vegetação e solicitou, por meio do Auto de
Intimação n° 19.001, que tais problemas fossem solucionados e que, em seguida, fosse encaminhada
uma atualização do EIA/RIMA no prazo de 12 meses. A SVMA também emitiu, em 11 de abril de 2012,
a autorização para a supressão das árvores, que será melhor descrita no item 2.1.1.2.
Em novembro de 2012, a Infraero informou que a construção da nova Torre de Controle, prevista
anteriormente, não seria mais realizada.
Em fevereiro de 2013, a Infraero solicitou dilação do prazo - em 90 dias - para atendimento ao Auto de
Intimação nº 19.001, prazo este que foi concedido pela SVMA. No mesmo mês, o Departamento de
fauna renovou a autorização de manejo de fauna in situ nº 16/2013 (em substituição da autorização
nº 74/2012) para o resgate de fauna durante a supressão das árvores nas laterais da PPD. A referida
supressão foi concluída em março de 2013.
Em maio e, novamente, em agosto de 2013, a Infraero solicitou novas dilações de prazo para a entrega
do EIA RIMA, que também foram autorizadas pela Secretaria. Por fim, foi estabelecido como prazo
final, a data de 18 de dezembro de 2013.
Em agosto, a Infraero informou à SVMA que licitaria a ocupação de dois novos lotes comerciais no
aeroporto. Em resposta, a SVMA informou que tais atividades deveriam ser inseridas na atualização
do EIA RIMA e, no mesmo documento, informou que deveria constar do EIA RIMA “o cálculo para
compensação ambiental prevista no Artigo 36 da Lei Federal 9985/2000, Decreto Federal 4.340/2002
e Decreto Federal 6.848/2009.” A Infraero tentou reverter tal compensação, usando como referência
o parecer da CETESB - emitido para processo de licenciamento do aeroporto de São José dos Campos
- que entendeu que a compensação era inexigível, em razão do empreendimento ter sido construído
antes da exigência de licenciamento ambiental. Porém, essa justificativa não foi aceita pela SVMA.
Em 17 de dezembro de 2013, a Infraero encaminhou o Ofício nº 0222/SBMT/2013 contendo a
atualização do EIA RIMA, elaborada pela equipe da Infraero com a empresa Geoflor. Tal envio ocorreu
por meio do Ofício nº 0292/SBMT/2013.
Em 2015, o MPF solicitou ao DECONT (além de outras reiteradas vezes, em todos os anos
subsequentes) informações a respeito do licenciamento ambiental do aeroporto, em razão do
Inquérito Civil Público 1.34.001.005882/2008-11, que será detalhado no item 2.1.6.
Abaixo, seguem registros subsequentes do processo de licenciamento ambiental e também disponíveis
na Avaliação de Conformidade Ambiental – ACA, emitida pela Infraero em outubro de 2018 (Data
Room):
• no início de 2016, a Infraero manteve contato com a SVMA para consulta a respeito
do andamento do processo e obteve informação de que o EIA/RIMA não havia sido
analisado ainda, devido à possibilidade de transferência de competência de
licenciamento à CETESB (Estado), conforme Deliberação CONSEMA nº 01/2014. Esta
indecisão durou de setembro de 2015 a setembro de 2016;
• conforme já citado antes, em setembro de 2016, a CETESB informou que o
licenciamento do aeroporto Campo de Marte deveria permanecer com a SVMA, uma
vez que já estava em andamento naquele órgão desde 2009 (Ofício CETESB nº 346/16/I
e Parecer Técnico 442/16/IE – Anexo 1 – Regularidade Ambiental);
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 78
Por fim, a Licença foi emitida e assinada, em 08 de dezembro de 2020, com base na Resolução
nº 212/CADES/2020, de 14 de setembro de 2020, que aprovou o Parecer técnico nº 14/CADES/2020,
elaborado pelos conselheiros membros da Câmara Técnica de Obras Viárias, Drenagem e Transporte,
durante a 42ª Reunião Plenária Extraordinária do CADES.
Toda essa documentação foi encaminhada à Infraero, em 16 de dezembro de 2020, que, por sua vez,
encaminhou à SVMA, em 07 de janeiro de 2021, cópia da publicação da LAO (feita em 24 de dezembro
de 2020, no Jornal O Estado de São Paulo), assim como o valor atualizado da compensação ambiental,
em atendimento à exigência 24, que foi aprovado pela SVMA conforme Informação Técnica
nº 28/DAIA/GTANI/2021 (Anexo 1 – Regularidade Ambiental). Em 29 de setembro de 2021 a Infraero
realizou o pagamento e apresentou a comprovação do depósito, em cumprimento à exigência 25.
No Quadro 2-5 são apresentadas as condicionantes da LAO nº 09/SVMA-G/2020 e o status de
atendimento de suas condicionantes verificado durante a visita. É importante destacar que, em razão
da recente emissão da licença, muitas condicionantes ainda não foram atendidas.
Nº Condicionante Status
Em atendimento.
Foi apresentado o último
Apresentar, no prazo de 6 (seis) meses, Parecer conclusivo da monitoramento, realizado em
8 fevereiro de 2020 pela
CETESB em relação às Áreas Contaminadas.
FOXX/HAZTEC, indicando a
necessidade de continuidade no
monitoramento.
Não atendido.
A Infraero alega que, segundo o
código brasileiro de aeronáutica,
Apresentar, no prazo de 6 (seis) meses, Alvarás de seção IV, artigo 41, o funcionamento
Aprovação, de Execução e Funcionamento expedidos pelo de estabelecimentos empresariais
Departamento de Controle de Uso de Imóveis - CONTRU e nas áreas aeroportuárias de que
10
Alvarás de Aprovação expedidos pelo Departamento de trata os itens descritos no artigo 39,
Aprovação de Edificações – APROV de todas as edificações IX, depende de autoridade
existentes no Sítio Aeroportuário. aeronáutica, com exclusão de
qualquer outra, entendendo,
portanto, que está isenta de tal
obrigação.
Nº Condicionante Status
Em atendimento.
Há um programa de controle de
Comprovar a implantação do Programa de Solo e Flora, erosão utilizado para
apresentando a relação do manejo arbóreo executado no monitoramento bimestral e existe
17
período e as respectivas autorizações, além da destinação do um acompanhamento das
material lenhoso resultante. autorizações e manejos arbóreos
feito pela representante de meio
ambiente.
Nº Condicionante Status
exigências. Atualizar a empresa responsável pelo controle da vetores no aeroporto (licença de
fauna sinantrópica, apresentando as autorizações legais. funcionamento da vigilância sanitária
355030890-812-000112-5, válida até
março/2020) e AFE conforme
descrito no item 2.1.4.
Parcialmente atendida.
Comprovar, por meio de relatório fotográfico e dos
O aeroporto possui PGRF (mesmo
formulários de atendimento de animal (SBMT), a
não sendo obrigado pela legislação)
implementação do Plano de Gerenciamento do Risco da
que ainda não foi validado pela
Fauna. Comprovar o envio dos dados referentes à fauna
21 ANAC. Não produz relatório
silvestre para Divisão de Fauna Silvestre - DFS/CGPAB para
fotográfico ou formulários que
que eles possam ser integrados no “Programa de
comprovem sua implementação.
Inventariamento da Fauna Silvestre do Município de São
Paulo”. O aeroporto encaminha dados ao
DFS.
Não aplicável.
22 Comprovar a Implantação do Plano de Manejo da Fauna. Não foi, até o momento, constatada
a necessidade de implantação de
PMFA no aeroporto.
Nº Condicionante Status
aproximação, aterrissagem-taxiamento (taxi-in, taxi out),
decolagem- elevação (climb-out), dentro do Município de São
Paulo.
Em atendimento.
Não há um programa implantado,
Apresentar, no prazo de 6 (seis) meses, o Programa de
mas existe um manual de uso dos
Controle e Redução de Consumo de Combustível, com
veículos visando a redução de
cronograma de implantação.
29 consumo.
Apresentar, no prazo de 3 (três) meses, o Auto de Vistoria do
A SCI e o PAAs possuem AVCBs
Corpo de Bombeiros – AVCB para os tanques de combustível
válidos (Anexo 1 – Regularidade
de aviação e de abastecimento de veículos terrestres.
Ambiental).
CLCB nº 581531 de 26/03/2020 (SCI)
Não atendida.
Informar, no prazo 90 (noventa) dias, se existe captação de O aeroporto ainda não tinha
água subterrânea na área do Sítio Aeroportuário, e em caso encaminhado tal informação à
33
positivo, apresentar os documentos de outorga emitidos SVMA. Segundo relatado na visita
pelo DAEE. existe um poço na área atualmente
ocupada pela Manutenção.
Nº Condicionante Status
procedimentos definidos na IAC 162-1001 inspeção
aeroportuária.
Não atendida.
Comprovar a instalação de caixas separadoras de água e óleo
36 nos hangares que ainda não realizaram essas obras, se for o O aeroporto não possui cadastro ou
caso. controle da situação de todos os
hangares.
Nº Condicionante Status
a criação de uma consciência ecológica, envolvendo também
os moradores e comércios do entorno.
Em atendimento.
Apresentar relatórios anuais quanto ao atendimento das O aeroporto providenciará o devido
45
exigências descritas acimas. relatório no vencimento do primeiro
ano da LAO.
Fonte: Consórcio GCA
Consta também na atualização do EIA RIMA (2013) a previsão de realização das seguintes
intervenções:
• 1) Reforma, ampliação, adequação e modernização de módulos de segurança
aeroportuária;
Interligação das vias internas (área militar)
• 2) Reforma, ampliação e adequação do Terminal de Passageiros;
Ampliação da acessibilidade do Terminal de Passageiros para pessoas com deficiência.
• 3) Manutenção de sistemas de operações;
Macrodrenagem no sistema de pistas.
Reforma, ampliação e adequação de pistas e pátios.
Ampliação e adequação do complexo de pistas;
Reforma e adequação do Heliponto 02, via de acesso e via de serviços;
Implantação do Pátio de Aeronaves, entre a entrada do Aeroporto e o TPS;
Recapeamento total do sistema de pista (PPD e TWY).
Como já citado no item 2.1.1.1.1 a SVMA informou que tais obras não eram passíveis
de licenciamento ambiental, no entanto, seus impactos ambientais deveriam ser
indicados na atualização do EIA/RIMA, como ocorreu na atualização de 2013.
A seguir, são listadas obras recentes que não foram licenciadas ou cujas licenças não foram
disponibilizadas durante a visita técnica:
• Estacionamento do concessionário Sales: impermeabilização da área, encobrindo as
raízes das árvores, rente ao tronco. A ausência de área permeável impede a infiltração
da água no solo. A falta de suprimento adequado de água para a planta pode
prejudicar o seu pleno desenvolvimento, impedir que se mantenha em condições
sanitárias adequadas ou até mesmo levar à morte. Segundo a ACA de 2018, o
responsável pela obra informou que fariam a adequação necessária. Mas isso não foi
constatado durante a inspeção;
• Área de eventos: o Aeroporto concedeu área aberta do aeroporto para realização de
eventos. A área, que possui diversos indivíduos arbóreos, recebeu novo piso
articulado, parcialmente permeável. A obra foi realizada sem manejo arbóreo,
entretanto os indivíduos arbóreos ficaram com parte do tronco abaixo do nível do piso;
• Hangar da Anchieta (antigo Força Pública): durante a visita foi constatada a realização
de obras de ampliação do hangar. Mesmo após solicitação, não foi apresentada licença
da referida obra;
Por fim, cumpre registrar que em visita na obra do novo Centro Comercial do aeroporto, na av. Braz
Leme, em construção pela Peloso Empreendimentos Imobiliários Ltda – cessionária da Infraero, foram
suprimidas árvores sem as autorizações necessárias, cujo histórico de ações e penalidades será
detalhado no item 2.1.1.2.
O engenheiro responsável pela obra apresentou, durante a visita, o Ofício nº 103/2020/SEL.G, de 18
de março de 2020, referente ao processo 2019-0.033.183-3, assinado pelo Secretário Municipal de
Licenciamento, informando que o alvará de aprovação e execução não possuía óbice para o seu
deferimento. Esse processo foi iniciado por meio da Licitação nº 014/LALI-2/SBMT/2018, que tratou
da concessão, por 25 anos, de uso de área de 9.382m², com investimento, destinada à implantação e
exploração de centro comercial no aeroporto Campo de Marte.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 88
Por fim, cabe ressaltar que não existem licenças ambientais vigentes para a realização de obras no
aeroporto.
Todas as recomendações para a condução do licenciamento ambiental das obras previstas no Plano
de Desenvolvimento do Relatório de Engenharia e Afins são detalhadas no Capítulo7.1.2.
Autorizações de supressões e respectivas medidas de compensação ambiental
Em consulta realizada em 03 de março de 2021 ao website de licitações da Infraero -
https://licitacao.infraero.gov.br/portal_licitacao/servlet/DetalheLicitacao?idLicitacao=38309, consta
a publicação da TP nº 005/ADSP-4/SRSP/2010, homologada para a empresa Comercial Medeiros de
produtos e serviços de jardinagem Ltda EPP, pelo valor de R$ 97.816,76 que gerou o contrato 0040-
PS/2010/0157 para o fornecimento, plantio e manutenção de 1.000 (mil) mudas de árvores nativas no
Parque Villa-Lobos na cidade de São Paulo, por 26 meses.
Conforme documentos da licitação, tal plantio visava atender ao TCRA nº 057/07, determinado pela
SMA e descrito no Termo de referência código MAR_GRL-900.TR-022-R1. Consta no Termo de
referência publicado que a contratação visava:
Figura 2-3: Croqui da área em que ocorreu a supressão da vegetação no Aeroporto Campo de Marte.
Figura 2-4: Área do Centro Comercial em fase final de implantação no Aeroporto Campo de Marte.
Data da
Data da
Nº da Autorização Descrição Órgão emissor emissão/ Status
validade
Retirada
yucas, 1
mamoeiro, 1
sipreste, 1
pinheiro
Por fim, cabe informar que foram indicadas algumas árvores – a maioria externa ao aeroporto -
classificadas como obstáculos na rampa de aproximação do aeroporto (Anexo 1 – Regularidade
Ambiental). Tais árvores deverão ser podadas ou suprimidas após a devida autorização da Prefeitura.
Conforme demonstrado nos processos anteriores, a Infraero é responsável pelos pedidos de podas e
supressões realizados por seus cessionários no sítio aeroportuário. No entanto, ela não possui
procedimento instituído para fiscalizar a realização dos plantios compensatórios associados a essas
supressões, o que a coloca em risco perante o arcabouço legal, podendo ser responsabilizada por
danos ambientais cometidos por terceiros.
que realizam atividades passíveis de controle ambiental. Enquadram-se nessa categoria as atividades
de administração e de operação aeroportuária.
O Certificado de Regularidade é a certidão pela qual o IBAMA atesta que a pessoa jurídica, com
atividades potencialmente poluidoras, está em conformidade com as obrigações decorrentes do
Cadastro Técnico Federal (CTF).
O Cadastro Técnico Federal e o respectivo Certificado de Regularidade são regidos pela IN IBAMA
nº 6/2013, alterada pela IN IBAMA nº 13/2018 e IN IBAMA nº 17/2018. Segundo as instruções
normativas, a pessoa jurídica deve, entre outras obrigações:
• Emitir o Relatório Anual de suas Atividades;
• Renovar o certificado de regularidade a cada três meses;
• Pagar trimestralmente a Taxa de Controle de Fiscalização Ambiental (TCFA).
Empresas Públicas, como a Infraero, são dispensadas do pagamento da TCFA, no entanto essa isenção
não é aplicável ao administrador aeroportuário privado. Conforme documentos disponíveis no Data
room e consulta pública no website do IBAMA, verificou-se que o aeroporto possui registro sob
nº 5178921 e está com certificado regular (Figura 2-5) e válido para as seguintes categorias de
atividades:
A respeito do pagamento das taxas, o empreendedor efetua o pagamento apenas da TCFA. Uma
porcentagem do valor pago é repassado pelo IBAMA ao órgão ambiental estadual, que corresponde
ao valor da taxa estadual.
Ressalta-se que o registro das atividades no CTF não está vinculado apenas a atividade fim do
empreendimento, as atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras de recursos ambientais
que a organização realiza também devem ser cadastradas.
Nesse contexto, identificou-se que as motosserras utilizadas pela SCI estão cadastradas no CTF/APP,
condição necessária para a emissão da Licença para Porte e Uso de Motosserra (LPU) no IBAMA. A LPU
vem atender à Portaria IBAMA nº 149, de 30 de dezembro de 1992, que estabelece a obrigatoriedade
do registro no IBAMA, aos proprietários desses equipamentos.
Importante ressaltar que, conforme o art. 51 da Lei Federal nº 9.605/1998 e o art. 57 do Decreto
Federal nº 6.514/2008, comete crime ambiental quem comercializar motosserra ou utilizá-la em
florestas e nas demais formas de vegetação, sem licença ou registro da autoridade competente,
estando sujeito às penas de detenção, de três meses a um ano, e multa no valor de R$ 1.000,00 (mil
reais) por unidade.
É fundamental que o operador aeroportuário realize uma avaliação anual das atividades
potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras de recursos ambientais que exercem, para que sejam
adicionadas ou excluídas do CTF/APP.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 97
Embargos Ambientais
Os embargos ambientais do IBAMA representam uma série de penalidades aplicadas para impedir que
uma atividade exploratória continue em andamento.
A aplicação de embargos ambientais ocorre principalmente em casos onde a degradação ou atividade
danosa envolve áreas de preservação permanente, reservas legais e demais áreas protegidas.
Conforme Certidão Negativa nº V6ND4HXNIBSMVRG7 (Anexo 1 – Regularidade Ambiental) , obtida no
(https://servicos.ibama.gov.br/ctf/publico/areasembargadas/ConsultaPublicaAreasEmbargadas.php),
o Aeroporto Campo de Marte não apresenta embargos ambientais.
fiscalização e controle sanitário da autoridade sanitária em aeroportos e aeronaves foi instituído pela
RDC nº 02, de 08 de janeiro de 2003.
A Agência fiscaliza o cumprimento de normas sanitárias e a adoção de medidas preventivas e de
controle de riscos, epidemias e agravos à saúde pública, além de controlar a importação, exportação
e circulação de matérias-primas e mercadorias sujeitas à vigilância sanitária, cumprindo, assim, a
legislação brasileira, o Regulamento Sanitário Internacional e outros atos subscritos pelo Brasil. Para
atingir esses objetivos, são publicadas Resoluções de Diretoria Colegiada (RDC) que definem
obrigações e diretrizes para os operadores e demais empresas atuantes no sítio aeroportuário.
Nesta seção são apresentadas as situações apontadas pela Anvisa local que resultaram em
notificações, autos de infrações ou multas ao administrador atual.
Importante ressaltar que o Aeroporto Campo de Marte não é classificado como de controle sanitário,
ou seja, conforme Anexo VI da RDC Anvisa nº 02 de 2003, não é um aeroporto internacional estratégico
do ponto de vista epidemiológico e geográfico, localizado no território nacional. Dessa forma, não há
agência da Anvisa no aeroporto.
Não foram disponibilizados no Data Room informações a respeito de notificações ou autuações
emitidas pela Anvisa ao empreendimento.
Para o levantamento de notificações, autuações e multas emitidas pela ANVISA, foi realizada pesquisa
com o nº do CNPJ da Infraero/Aeroporto Campo de Marte (00.352.294/0033-06), no website da Anvisa
(https://consultas.anvisa.gov.br/#/documentos/, em 22 de fevereiro de 2021. Não foram identificados
autos de infração sanitária aplicados pela Anvisa ao Aeroporto.
O conhecimento de multas e notificações passadas não implica ao próximo administrador
aeroportuário a responsabilidade de assumir e arcar com essas despesas, no entanto, será sua
atribuição eliminar os fatos causadores delas, bem como dar continuidade às ações mitigadoras ou de
recuperação em andamento.
A Anvisa também é responsável por emitir o Certificado de Autorização de Funcionamento (AFE) para
empresas que realizam atividades específicas no aeroporto, como abastecimento de alimentos e água
potável para o consumo; limpeza e recolhimento de resíduos resultantes do tratamento de águas
servidas e de dejetos em terminais aeroportuários; e armazenamento de medicamentos, cosméticos
e alimentos. Portanto, sugere-se que o novo administrador do aeroporto faça o controle desses
documentos para as empresas subcontratadas e concessionários.
As AFEs para as atividades aplicáveis às empresas que operam em aeroportos são emitidas conforme
preveem as Resoluções RDC Anvisa nº 346/2002, RDC Anvisa nº 61/2004 e RDC Anvisa nº 345/2012,
alterada pela RDC Anvisa nº 374/2020, que apresenta em seu artigo 5º o seguinte:
Data de
Processo ou publicação
Empresa no DOU ou Serviços
Autorização/MS de entrada
na ANVISA
Sistema de coleta, acondicionamento, armazenamento,
Coleta e transporte, tratamento e disposição final de resíduos
Destinação sólidos resultantes de Aeronaves, Veículos Terrestres
de Resíduos em trânsito por estações e passagens de fronteira,
Ltda. Embarcações, terminais portuários e aeroportuários
de cargas e viajantes, terminais alfandegados de uso
público e estações e passagens de fronteira
Buscando facilitar a compreensão a respeito das obrigações sanitárias a serem cumpridas pelo
administrador aeroportuário relacionados à área de meio ambiente, a Figura 2-6 traz os principais
aspectos ambientais fiscalizados pela Anvisa em portos, aeroportos e fronteiras, além de apresentar
as legislações associadas.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 101
Entre as diretrizes e normas definidas pela ANAC que devem ser cumpridas por administradores de
aeroportos, estão as que possuem interface com a temática ambiental, que são apresentadas no
Quadro 2-8 e correlacionadas com o estágio de atendimento no Aeroporto Campo de Marte.
▪ ATENDIDO
O Regulamento Brasileiro da ▪ PEZR aprovado, conforme curvas de ruído
Plano Específico de Aviação Civil (RBAC) n º 161 validadas pela Portaria ANAC 3.781/SIA de
Zoneamento de Ruído estabelece a necessidade de 11/12/2018.(Anexo 1 – regularidade
(PEZR) os operadores de aeródromo ambiental)
elaborarem o PZR ▪ Processo 00058.035244/2018-85 (PEZR)
▪ Processo 00058.046439/2013-46 (TAC)
Por fim, o Quadro 2-10 compila as anuências emitidas pela ANAC para obras ou serviços no Aeroporto
de Campo de Marte.
Contencioso
00065.074328/2014-11 ADR0001830 Plano De Zoneamento De Ruído
Administrativo
Fonte: Infraero/Data Room
O Aeroporto Campo de Marte não possui controle das licenças de seus concessionários. O Quadro 2-12
apresenta as informações obtidas na visita ou em consulta ao website
https://licenciamento.cetesb.sp.gov.br/ a respeito do licenciamento dos concessionários do
aeroporto. As licenças estão disponíveis no Anexo 1 – Regularidade Ambiental.
Combustíveis e
PAA BR
Recife Jet Service lubrificantes para 29/00172/12/
CETESB 04/12/2022 CNPJ
Comercial Ltda veículos; comércio LO 29007857
01.720.723/0002-09
varejista
Atividades
29/00645/17/
administrativas de
Certificado de SETOR B, LOTE 4
Petrobras comércio de
dispensa de CETESB - Cadastro na CETESB
distribuidora S.A combustíveis e
Licença 100-226675-9
lubrificantes de
29002793
aviação
Vencida
CNPJ
Tucson Aviação Manutenção de 29/00201/13/
CETESB 09/12/2018 43.455.005/0001-11
Ltda aeronaves LO 29006396
(TC
02.1998.033.0037)
Certificado de
Laboratório de testes
Aeroteste Oficina dispensa de CNPJ
para peças de CETESB -
de Testes Ltda Licença 44.121.101/0001-96
aeronaves
29000566
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 108
O aeroporto ainda não possui o controle sistemático das licenças de seus concessionários. Após análise
da lista de contratos comerciais firmados verifica-se que é relevante, ao novo administrador, em razão
das características das atividades desenvolvidas, acompanhar o licenciamento (inclusive solicitando o
Certificado de dispensa de licenciamento), no mínimo, das empresas listadas no Quadro 2-13.
Quadro 2-13: Listas dos contratos comerciais vigentes, com atividades passíveis de licenciamento
Aeroclube De
60.524.592/0002-53 Aeroclube – Manutenção De Aeronaves
São Paulo
Centro
Eletrônico
Marte Avionics 53.582.581/0001-83 Hangaragem
(Air Jet Táxi
Aéreo)
Aerotécnica
Paulista 61.137.782/0001-08 Manutenção
(Diamond)
Aerotécnica
Concessão de uso de área destinada à exploração comercial
Paulista Serviços
61.137.782/0001-08 de oficina para reparos e manutenção de aeronaves e
e Comércio de
componentes aviônicos.
Peças Eireli
Aristek
Concessão de uso de área destinada exclusivamente à
Comércio
51.753.887/0001-20 hangaragem e manutenção de aeronaves próprias e de
Aeronáutico
terceiros e outras atividades ligadas à aviação.
Ltda.
Departamento
De Operações Cessão de uso de área, com 4.898,78 m² de área total
Policiais 04.236.548/0002-77 destinadas à hangar para abrigo e manutenção das aeronaves
Estratégicas – da polícia civil do Estado de São Paulo.
Dope
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 111
Polícia Militar
Do Estado De
São Paulo - Cessão de uso de área total de 7.195,90 m² destinada à abrigo
04.198.514.0023-60
Comando De e manutenção de aeronaves e para serviços correlatos.
Aviação Da
Polícia Militar
As demais atividades exercidas no aeroporto por cessionários cujos contratos comerciais foram
disponibilizados no Data Room, devem possuir Alvará de Funcionamento, mas, por não serem
potencialmente poluidoras, estão dispensadas do licenciamento ambiental pela Prefeitura.
Diante do contexto de regularização ambiental, o futuro operador do aeroporto deve realizar ações
de fiscalização, controle e monitoramento das atividades de seus concessionários. Inclusive poderá
responder a eventuais questionamentos de órgãos de fiscalização e do Ministério Público a respeito
da regularidade ambiental de todo o empreendimento (que engloba as atividades dos
concessionários).
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 112
Para a realização deste diagnóstico foram consideradas as situações atuais levantadas durante a visita
ao aeroporto e em seu entorno, bem como a avaliação das informações pertinentes, incluindo aquelas
disponibilizadas pelo Poder Concedente por meio de Data Room, as obtidas junto aos órgãos
fiscalizadores e as informações alcançadas por pesquisas bibliográficas.
Também foram empregadas técnicas de interpretação de imagens de satélite e de geoprocessamento
que permitiram a identificação e delimitação dos componentes e aspectos socioambientais, como
recursos hídricos, cobertura vegetal e Áreas de Preservação Permanente (APP), no interior do sítio
aeroportuário e em seu entorno.
As informações obtidas durante a etapa de avaliação socioambiental foram utilizadas como critérios
que nortearam a elaboração do Plano de Desenvolvimento do Aeroporto, ou seja, aspectos ambientais
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 113
Quadro 3-1: Quantificação dos usos do solo e cobertura vegetal identificados no Aeroporto Campo de Marte
CLASSES USO/CV Área (ha) Área (%)
Figura 3-2: Usos do solo, vegetação, hidrografia e APP no interior do aeroporto e entorno
Figura 3-3: Nascente (1) e APP nas proximidades da SCI do Aeroporto Campo de Marte
Figura 3-4: Vista da nascente (1) em frente à SCI Figura 3-5: Vista do corpo d´água, dentro da mata,
em direção ao Tenente Rocha
Figura 3-6: Nascente (2) e APP na porção noroeste do Aeroporto Campo de Marte
Figura 3-7: Vista da nascente (2) Figura 3-8: Vista da APP da nascente (2)
Figura 3-9: Vista externa - Córrego Tenente Rocha Figura 3-10: Vista externa - Córrego Tenente Rocha
Método e Resultado
Neste estudo, realizou-se o mapeamento de assentamentos existentes no entorno do aeroporto, com
base nos dados públicos disponíveis no acervo fundiário do Incra (2021).
Como resultado do mapeamento, identificou-se que em um raio de 10 km a partir do centro do
Aeroporto Campo de Marte não existem assentamentos reconhecidos pelo Incra.
Direito minerário
Contextualização
A mineração, considerada uma das bases da economia brasileira, gera impactos positivos e negativos
nas áreas afetadas por suas atividades. Sendo fundamental que as etapas inerentes às atividades
minerárias sejam avaliadas para que os impactos negativos – como a degradação da cobertura vegetal;
a alteração da paisagem natural; a geração de poeira e ruído; a vibração do terreno e prejuízos aos
superficiários – sejam minimizados e mitigados. Tais impactos muitas vezes dificultam ou inviabilizam
a utilização dessas áreas para fins diversos.
No Brasil, o Direito Minerário trata de aspectos regulatórios que permitem a transformação do recurso
mineral em benefícios econômicos e sociais, conciliando a atividade de lavra com os direitos do
minerador, do estado, do superficiário e com os princípios de desenvolvimento sustentável. A
Constituição Federal e o Código de Mineração (Decreto-Lei nº 227, de 28 de fevereiro de 1967,
alterado por leis ordinárias, sendo a última a Lei nº 14.066/2020) são os principais instrumentos que
integram o Direito Minerário.
Em geral, a legislação brasileira estabelece que a existência prévia de atividades incompatíveis com a
mineração em determinado local não impede a concessão de títulos minerários e o efetivo exercício
de pesquisa e lavra. Por ser considerada uma atividade de interesse nacional, a mineração prevalece
sobre demais usos e ocupações, ficando garantidos os direitos de indenização do superficiário que
exercia outra atividade no local. Contudo, existem exceções. A regra de prevalência da mineração
sobre outras atividades é afastada quando há interesse público na atividade previamente realizada no
local; ocorrendo, então, a recusa na concessão de títulos minerários. Essa recusa, que não permite o
estudo nem a exploração potencial de jazidas em determinada área, é denominada Bloqueio Minerário
ou Bloqueio de Área para Mineração.
Tanto as atividades aeroportuárias como as atividades de mineração são complexas e raramente
podem ser realizadas na mesma localidade. Uma situação excepcional ocorre, por exemplo, quando o
próprio operador aeroportuário tem necessidade de estudar e explorar jazidas para o fornecimento
de insumos (areia, brita e cascalho) para suas obras.
A existência de títulos minerários no entorno do aeroporto também promove impactos positivos, que
estão associados à diminuição de custos com a aquisição e transporte de insumos necessários para
obras realizadas no empreendimento.
Métodos e Resultados
Conforme pesquisa realizada no Sistema de Informações Geográficas da Mineração – SIGMINE, sob a
administração da Agência Nacional de Mineração (ANM), antigo DNPM, foram identificadas, em um
raio de 10 km a partir do centro do limite aeroportuário, as emissões de títulos minerários ilustradas
na Figura 3-18 e detalhadas na Tabela 3-1.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 122
1 820942/1988 1988 1,25 AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA Antonio Vicente Trapamotto ÁGUA MINERAL Não informado
2 820263/1997 1997 50 AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA Mayte Eco - Águas E Transportes Ltda - Epp ÁGUA MINERAL Não informado
3 820978/1999 1999 24,14 AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA Flavio Godinho ÁGUA MINERAL Não informado
4 821552/1999 1999 49,9 CONCESSÃO DE LAVRA Serra Da Cantareira Águas Minerais Ltda Epp ÁGUA MINERAL Não informado
5 820631/1993 1993 37,57 REQUERIMENTO DE LAVRA Pedreira Anhanguera S/A Empresa de Mineração BRITA DE GRANITO Não informado
6 820649/1993 1993 16,41 CONCESSÃO DE LAVRA Vila Mar Empresa das Águas Minerais e Naturais Ltda ÁGUA MINERAL Não informado
7 820109/2000 2000 50 CONCESSÃO DE LAVRA Mineradora Figueiras da Serra Ltda ÁGUA MINERAL Engarrafamento
8 820293/2002 2002 30 CONCESSÃO DE LAVRA Mineradora Serena Comércio De Águas Minerais Ltda - EPP ÁGUA MINERAL Engarrafamento
9 820865/2003 2003 5,02 REQUERIMENTO DE PESQUISA INDÚSTRIAS GASPARIAN S/A ÁGUA MINERAL Engarrafamento
10 820164/2010 2010 716,85 AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA Pedreira Maria Teresa Ltda. GRANITO Revestimento
11 820411/2011 2011 44,16 REQUERIMENTO DE PESQUISA Elizabeth Madeira Cardoso da Silva ÁGUA POTÁVEL DE MESA Engarrafamento
12 820915/1988 1988 0,72 CONCESSÃO DE LAVRA Indústria Paulista de Águas Minerais Ltda ÁGUA MINERAL Não informado
13 820183/2012 2012 24,96 REQUERIMENTO DE PESQUISA ANTONIO JOAO ABDALLA FILHO GRANITO Brita
14 820177/2013 2013 2,26 REQUERIMENTO DE PESQUISA José Roberto Faria ÁGUA MINERAL Engarrafamento
15 4409/1950 1950 2,72 CONCESSÃO DE LAVRA Empresa De Mineração Águas Fontalis Ltda ÁGUA MINERAL Não informado
16 821089/2015 2015 13,88 AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA Eduardo Storopoli ÁGUA MINERAL Engarrafamento
17 820562/2016 2016 49,52 AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA Eduardo Storopoli ÁGUA MINERAL Engarrafamento
18 820804/2017 2017 15,99 REQUERIMENTO DE PESQUISA Pedreira Maria Teresa Ltda. SAIBRO Construção civil
19 820804/2017 2017 6,19 REQUERIMENTO DE PESQUISA Pedreira Maria Teresa Ltda. SAIBRO Construção civil
20 820010/2020 2020 49,68 AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA Empresa Metropolitana de Águas e Energia S A AREIA Construção civil
21 820048/2020 2020 49,86 REQUERIMENTO DE PESQUISA Luis Fernando Nicolosi Bravin AREIA Construção civil
22 820049/2020 2020 49,44 REQUERIMENTO DE PESQUISA Luis Fernando Nicolosi Bravin AREIA Construção civil
23 820011/2020 2020 49,53 AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA Empresa Metropolitana de Aguas e Energia S A AREIA Construção civil
24 820051/2020 2020 10,42 REQUERIMENTO DE PESQUISA Luis Fernando Nicolosi Bravin AREIA Construção civil
25 820050/2020 2020 5,06 REQUERIMENTO DE PESQUISA Luis Fernando Nicolosi Bravin AREIA Construção civil
26 820649/2009 2009 48,41 DISPONIBILIDADE Pedreira Maria Teresa Ltda. GRANITO Brita
27 820913/1988 1988 0,82 AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA José Tomaselli Neto ÁGUA MINERAL Não informado
Fonte: Consórcio GCA e Adaptado de ANM
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 124
Com base no resultado da pesquisa, identificou-se que não há títulos minerários no interior do
Aeroporto Campo de Marte.
De qualquer forma, sugere-se, preventivamente que o novo concessionário encaminhe um
requerimento à ANM, conforme artigo nº 42 do Código de Mineração, solicitando o bloqueio minerário
da área do aeroporto. Caso sejam identificadas situações de conflito com atividades minerárias, deverá
solicitar o cancelamento dos títulos previamente concedidos.
• Portaria nº 798/GC3 de 28 de julho de 2020, aprova a reedição do PCA 3-3, que dispõe
sobre o Plano Básico de Gerenciamento de Risco de Fauna nos aeródromos brasileiros;
• RBAC 153 de 09 de março de 2021, estabelece regras aos aeródromos sobre operação,
manutenção e resposta à emergência.
Recentemente, o RBAC 164/2014 foi revisto pela ANAC. A proposta aprovada em março de 2021
(Resolução ANAC nº 611/2021) estabeleceu a 6ª emenda do RBAC 153 e três novas Instruções
Suplementares: 153.501-001 – “Procedimentos básicos de gerenciamento do risco da fauna”; 153.503-
001 – “Análise do risco de colisões entre aeronaves e fauna”; e 153.505-001 – “Identificação dos
perigos, monitoramento e implementação de técnicas de manejo de fauna”.
O levantamento e análises do risco da fauna devem ser realizados de acordo com o RBAC 153/2021
(Subparte H) e as supracitadas Instruções Suplementares, que estabelecem os critérios para
elaboração da Identificação do Perigo da Fauna (IPF) e Análise do Risco de Colisão com Fauna (ARF).
Sendo que essas etapas subsidiam a elaboração do Programa de Gerenciamento do Risco da Fauna
(PGRF), procedimento no qual o aeródromo define medidas necessárias para gerenciar
permanentemente o risco identificado. Importante ressaltar que esses documentos também devem
estar de acordo com todas as legislações que regem o tema, isto é, devem ser compatíveis os
normativos de todas as esferas, especialmente ambiental e aeroportuária.
Segundo o novo regulamento, todos os aeródromos devem cumprir com procedimentos básicos de
gerenciamento do risco da fauna definidos no RBAC 153 e Instruções Suplementares (IS), conforme
disposto nos parágrafos 153.501(a) e (b). A IS 153.501-001 descreve em mais detalhes o que é
considerado “procedimentos básicos”. Contudo, houve uma diferenciação da obrigatoriedade na
elaboração e validação pela ANAC da IPF e PGRF de acordo com o porte do aeroporto (153.501(e)).
Para aeroportos classe I-A há a obrigatoriedade de atendimento de requisitos mínimos. Já os
aeródromos Classe I-B e II, ficaram com obrigações práticas de gerenciamento do risco da fauna
associadas ao Sistema de Gerenciamento de Segurança Operacional (SGSO), com necessidade de
adoção de medidas de investigação de focos atrativos de fauna, vulnerabilidades e o levantamento do
perigo da fauna. Esse levantamento deve subsidiar a organização dos procedimentos básicos visando
à mitigação do risco da fauna às operações aéreas no aeródromo e poderá subsidiar a demanda
proativa de elaboração de uma IPF e um PGRF.
Os aeroportos classe III e IV possuem uma obrigação maior e devem assegurar a realização de uma IPF
e de um PGRF (item 153.501(e)). Contudo, a ANAC especifica que as classes I e II também podem
elaborar IPF e PGRF, se for constatada a necessidade pelo próprio operador ou pela agência
reguladora.
No caso do Aeroporto Campo de Marte (classe I-A), considerando os aspectos supramencionados e o
Plano de Desenvolvimento, quando passará a ser classe II, o aeroporto não possui nem possuirá a
obrigatoriedade da elaboração da IPF e do PGRF. Contudo, independentemente das últimas alterações
nos regulamentos da ANAC, para o presente estudo de viabilidade, manteve-se o entendimento de
que todos os aeroportos, independentemente da classe operacional, devem elaborar a IPF e o PGRF.
A premissa se baseou na importância desse tema para a segurança operacional e aplicação dos
Procedimentos básicos de gerenciamento do risco da fauna (IS 153.501-001) exigidos para todos os
aeroportos.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 126
Métodos e Resultados
O gerenciamento do risco da fauna no Aeroporto Campo de Marte é realizado por equipe interna da
Infraero e, conforme documentação disponível no Data Room, a IPF e PGRF estão em processo de
elaboração, ainda que não seja de apresentação obrigatória.
Para tanto, a Infraero contratou a empresa Ambientec Consultoria Ltda, por meio do Termo de
Contrato nº 0040-PS/2020/003, para elaboração da identificação do perigo da fauna (IPF) e do
programa de gerenciamento do risco da fauna (PGRF) do Aeroporto de São Paulo - Campo de Marte.
No PGRF apresentado no Data Room - atualizado em março de 2020 - foi anexado um ato
administrativo nº SBMT-AAD-2020/00015, de 24 de junho de 2020, que designou a CGRFA do
aeroporto. Já a atualização do PGRF, em 2020, foi oficializada por meio do AA nº SBMT-AAD-
2020/00008 de, 17 de março de 2020.
Conforme verificado em visita técnica, a equipe de meio ambiente que gerencia as ações para o
controle do risco da fauna é composta somente por uma profissional, engenheira civil. Ela é
responsável por gerenciar e planejar as ações de mitigação e prevenção do risco constantes no PGRF.
O aeroporto não possui Centro de Manejo de Fauna e, para os animais silvestres capturados que não
podem ser reintroduzidos em fragmentos próximos, o aeroporto faz contato com a Guarda Civil
Metropolitana (GCM) Ambiental. Enquanto aguardam, os bombeiros da SCI devem manter a guarda
do animal, em caixa de transporte, até a chegada da GCM Ambiental para recolhimento do animal que
o encaminhará para o DEPAVE-3, onde será feito o atendimento veterinário e posterior soltura do
animal à natureza.
A SCI é o local onde estão guardados os materiais de captura, freezer para armazenamento de carcaças
e área temporária para guarda de animais silvestres e domésticos. No caso dos animais domésticos,
primeiramente será verificado se o animal doméstico apresenta dono ou responsável e se este pode
ser localizado. Caso isso não seja possível, será feita campanha de adoção, sempre que o Centro de
Controle de Zoonoses (CCZ) da Prefeitura de São Paulo se recusar a recolhê-los. O CCZ será contactado
em casos de ocorrência com filhotes, para verificação do possível recolhimento destes.
Os vigilantes, responsáveis pela segurança do sítio, são também responsáveis por observar eventual
ingresso de animais pelos portões e cancelas que dão acesso ao sítio aeroportuário, atuando no
afugentamento deles, a fim de evitar, sempre que possível, sua entrada.
Foi observada, durante a visita, grande concentração de aves (carcarás) na lateral da pista de pouso e
decolagem próximo à divisa com a Torre de Controle. Naquele momento estava em andamento o corte
dos gramados.
Da Figura 3-19 até a Figura 3-24 são apresentados os registros fotográficos relacionados à gestão do
risco da fauna do aeroporto.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 127
Figura 3-19: Acessórios de captura na SCI Figura 3-20: Caixa de transporte e acessórios na SCI
Figura 3-21: Freezer para carcaças na SCI Figura 3-22: Carcaças dentro do freezer na SCI
Figura 3-23: Controle de pragas Figura 3-24: Tela contra resíduos na cerca operacional
Durante a visita foi possível avistar espécies de fauna que serão apresentadas nas Figura 3-25 à Figura
3-33:
Figura 3-25: Pica pau machucado na cabeceira 30 e Figura 3-26: Pica pau na lateral cabeceira 30 e aparas
detalhe de tela fina sobre o alambrado não recolhidas
Figura 3-27: Coruja na área de teste de motores Figura 3-28: Coruja e toca na área de teste de motores
Figura 3-29: Grande concentração de carcarás na Figura 3-30: Grande concentração de maritacas em
lateral da cabeceira 30 (em frente a área militar) frente ao TPS
Com relação aos focos atrativos de fauna no interior do sítio aeroportuário ou entorno imediato, foram
identificadas algumas situações que devem ser solucionadas pelo operador, sendo que dentre elas
estão:
• Abrigos:
✓ Fragmento de vegetação utilizado como abrigo (mata e demais áreas
arborizadas);
✓ Edificações abandonadas;
• Alimentação:
✓ Aparas de vegetação nas áreas gramadas e na mata;
✓ Árvores e vegetação ornamental em especial em frente ao TPS e áreas
militares;
• Dessedentação
✓ Acúmulos temporários de água por deficiência da drenagem, lago a canais;
• Poleiros
✓ Edificações abandonadas,
✓ Instrumentos de navegação aérea e torres de iluminação,
• Resíduos
✓ Áreas de armazenamento temporário;
✓ Depósito de materiais usados e/ou abandonados em área abertas;
✓ Acondicionamento inadequado pelos concessionários;
• Sistemas de proteção
✓ Deficiências do cercamento, principalmente na divisa com a área militar;
✓ Acessos controlados por cancelas em áreas dos hangares.
Da Figura 3-34 até a Figura 3-41 é demonstrada a situação de pontos onde foram avistados acúmulo
de água ou deficiência do sistema de drenagem, mesmo durante a precipitação ocorrida durante a
inspeção.
Figura 3-34: Canal obstruído atrás do almoxarifado Figura 3-35: Canal obstruído atrás do almoxarifado
Figura 3-36: Canal obstruído próximo à SCI Figura 3-37: Canal obstruído em frente à SCI
Figura 3-38: Lago atrás do almoxarifado Figura 3-39: Canaleta do pátio com água acumulada
Figura 3-40: Empoçamento de água no pátio Figura 3-41: Empoçamento de água no pátio
degradado degradado
Também foi observada a deposição de acúmulo de aparas de vegetação em container aberto, além de
algumas aparas não recolhidas na cabeceira 30. A permanência desse material vegetal é um forte
atrativo à fauna. A Figura 3-42 até a Figura 3-48 ilustram o local e a situação encontrada durante a
visita técnica.
Figura 3-43: Aparas de vegetação na faixa de pista Figura 3-44: Aparas nas bordas do gramado –
– próximas à cabeceira 30 próximo à cabeceira 30
Figura 3-45: Aparas na área da mata Figura 3-46: Aparas na área da mata
Figura 3-47: Aparas na área da mata Figura 3-48: Aparas na área da mata
Outra situação de atração identificada no aeroporto é a presença de áreas arborizadas nas margens
da área operacional. A Figura 3-49 até a Figura 3-56 ilustram a situação descrita.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 134
Figura 3-53: Árvores na lateral da cabeceira 12 – divisa Figura 3-54: Canal encoberto – divisa com córrego
com córrego Tenente Rocha Tenente Rocha
Figura 3-55: Árvores no acesso ao aeroporto – lateral Figura 3-56: Árvores no acesso ao aeroporto – lateral
da cabeceira 30 da cabeceira 30
Por fim, seguem, da Figura 3-57 à Figura 3-68 registros de outros focos atrativos ou pontos de risco para
acesso de fauna identificados no sítio durante a visita técnica.
Figura 3-57: Edificação abandonada próxima a área de Figura 3-58: Materiais abandonados nas proximidades
eventos da capela
Figura 3-59: Área de antigo restaurante usada como Figura 3-60: Área de antigo restaurante usada como
apoio de eventos – sem cobertura ou proteção apoio de eventos – sem cobertura ou proteção
Figura 3-61: Container aberto na área de acesso Figura 3-62: Resíduos ensacados diretamente no chão
público aos hangares na área de acesso público aos hangares
Figura 3-63: Córrego Tenente Rocha na divisa com o Figura 3-64: Contêineres abertos e com resíduos além
aeroporto de sua capacidade no acesso ao TPS
Figura 3-65: Cerca danificada na cabeceira 12 Figura 3-66: Cerca provisória na divisa com área militar
Figura 3-67: Cerca danificada na divisa com área Figura 3-68: Caçamba com resíduos na área de acesso
militar público aos hangares
Vale ressaltar que este levantamento não tem o objetivo de esgotar a identificação e avaliação dos
focos ou potenciais focos atrativos existentes no aeroporto. O novo administrador deve considerar a
continuidade do trabalho da equipe de Gestão de Risco da Fauna, cuja atividade subsidia a elaboração
e revisão de estudos mais longos, como a IPF, PGRF e Plano de Manejo de Fauna.
O acompanhamento de indicadores de gestão para avaliar o risco da fauna também é fundamental
para a compreensão, avaliação temporal e proposição de melhorias e mitigação do risco nos
aeródromos.
O Guia de Boas Práticas para Elaboração de Indicadores de Segurança Operacional do Grupo Brasileiro
de Segurança Operacional de Infraestrutura Aeroportuária (BAIST), publicado em agosto de 2019,
recomenda o uso de seis indicadores que permitem avaliar o desempenho das ações de segurança
operacional, são eles:
• Resultado Ave (ReAvi), considera as colisões validadas dentro do sítio aeroportuário;
• Resultado ASA (ReASA), considera as colisões ocorridas na ASA;
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 138
• Resultado Ave com Dano (ReAviD), considera as colisões com dano dentro do
aeroporto;
• Resultado de Fauna (ReFau), considera as colisões com fauna (exceto aves);
• Precursor Ave (PeAvi), considera o avistamento e quase colisões envolvendo aves no
sítio aeroportuário; e
• Precursor de Fauna (PeFau), que considera a taxa avistamento de animais (exceto
aves).
Os quatro primeiros são classificados como indicadores de resultado (ReAvi, ReASA, REAviD e ReFau),
associados à um objeto de mensuração que descrevem eventos que já ocorreram, são necessários
para medir a eficácia de ações mitigadoras ou ações de gerenciamento da segurança operacional. Os
dois últimos são classificados como indicadores precursores (PeAvi e PeFau), ligados a eventos ou
ocorrências que surgem logo antes de um evento indesejável de segurança operacional, eles possuem
um valor intrínseco em uma análise que poderia antever estaticamente uma ocorrência indesejável e
indicar a necessidade de ações mitigadoras. Segue abaixo a representação do cálculo desses
indicadores:
O Manual do Comando da Aeronáutica - MCA 3-8 (COMAER, 2017) também recomenda o uso de
indicadores que permitem analisar não apenas o número de colisões e sim sua severidade, são eles:
• Proporção de Colisões com Danos (PCD) (similar ao ReAviD do BAIST);
• Proporção de Colisões Múltiplas (PCM); e,
• Massa Média de Colisões (MM).
O último indicador (MM) é recomendado para bancos de dados que possuam mais de 50% das espécies
envolvidas identificadas. Esses indicadores ainda poderão ser associados à quantidade de movimentos
usando o padrão por dez mil (CD10M, CM10M e MM10M), segue abaixo a representação do cálculo desses
índices:
Outro indicador utilizado e recomendado pelo GRI Standards (versão 2016) é o índice de colisão total
calculado para cada dez mil movimentos de aeronaves, IC. Importante ressaltar que esse indicador
vem sendo questionado, pois não permite a avaliação de probabilidade ou severidade das ocorrências,
já que a detecção de todas as colisões é impossível, assim como a identificação da espécie envolvida.
Com isso, o uso da quantidade de eventos inviabiliza as avaliações do gerenciamento do risco da fauna
(MCA 3-8).
O Índice de Colisão (IC) é calculado de acordo com a seguinte fórmula:
𝑵𝑴
𝑰𝑪 = 𝑵𝑪/( )
𝒌
𝑂𝑛𝑑𝑒:
𝐼𝐶 = í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑙𝑖𝑠õ𝑒𝑠
𝑁𝐶 = 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑙𝑖𝑠õ𝑒𝑠
𝑁𝑀 = 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑚𝑜𝑣𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠
𝐾 = 10.000
O reporte de eventos e ocorrências com fauna ocorrido nos aeródromos é realizado por meio do
preenchimento online de fichas do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos
(CENIPA), através do Sistema de Gerenciamento de Risco Aviário (SIGRA). A ANAC, em 31/12/2020,
publicou o Alerta aos Operadores de Aeródromos nº 005/2020 apresentando questões relevantes
sobre o reporte de eventos de interesse que poderá ser consultado pelo operador de aeródromo para
sanar dúvidas sobre a comunicação ao CENIPA.
No Brasil, o reporte de eventos com fauna (colisões, quase colisões e avistamentos) é uma prática que
vem sendo intensificada nos últimos anos, no entanto, estima-se que muitos eventos ainda não sejam
registrados. As principais razões para a falta de registros são: profissionais da aviação que
desconhecem a importância do reporte; ausência de procedimentos internos e incentivos para o
preenchimento das fichas CENIPA; e preocupação em prejudicar a imagem do aeroporto e de seu
operador.
Uma boa cultura de reportes é identificada em aeroportos que apresentam maiores registros de
avistamentos, seguidos de quase colisões e, por fim, um menor número de colisões, conforme
ilustração da Figura 3-69.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 140
Para a realização de uma pré-avaliação do risco da fauna no Aeroporto Campo de Marte, foram
extraídos do banco de dados do SIGRA os registros de ocorrências com fauna desde o início da
operação do aeródromo, de 2014 até 2020. Com base nessas extrações foi possível calcular e avaliar
as seguintes informações e indicadores:
• Registros de colisões, quase colisões e avistamentos, na Figura 3-70;
• Índice de colisões a cada dez mil movimentos de aeronaves (IC), na Figura 3-71;
• Proporção de colisões com danos (PCD), na Figura 3-72;
• Proporção de colisões múltiplas com danos (PCM); na Figura 3-73;
• Registro de colisões por fase de voo, na Figura 3-74;
• Colisões por turno ou período do dia, na Figura 3-75.
Não foi possível calcular o indicador MM, pois há uma dependência na identificação das espécies
envolvidas nas colisões, informação não disponível na maioria dos formulários preenchidos no banco
de dados do CENIPA. Os indicadores recomendados pelo BAIST também não foram considerados nessa
pré-avaliação por exigirem dados de validação do operador aeroportuário, além da localização da
ocorrência e espécie envolvida (avifauna ou outros grupos faunísticos).
Sugere-se que o novo concessionário escolha os melhores indicadores para o seu aeroporto e faça o
acompanhamento/interpretações conforme indicado nos documentos citados e novas referências que
possam ser desenvolvidas.
Quanto aos registros realizados pelo Aeroporto Campo de Marte, conforme informações constantes
nos gráficos a seguir, é possível avaliar que a cultura de reportes de avistamento foi intensificada em
2018, mas vem apresentando um decréscimo nos últimos 02 anos, refletindo a necessidade de realizar
o aumento da conscientização da comunidade aeroportuária para identificar e registrar os eventos de
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 141
avistamento com fauna no aeroporto (Figura 3-70) Já o índice de colisões aumentou a partir de 2017
e vem mantendo resultados similares desde então, em conforme Figura 3-71).
Figura 3-71: Índice de colisões a cada 10 mil movimentos (IC) de 2014 a 2020
Consórcio: GCA
Em relação ao índice de proporção de colisões que resultaram em danos às aeronaves, pode ser
verificado um decréscimo a partir de 2017 (Figura 3-72). Por outro lado, o aeroporto teve registro de
colisões com múltiplos indivíduos em todos os anos, com um aumento significativo em 2020 (Figura
3-73).
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 142
Com base no levantamento de dados realizado no SIGRA, também foi possível identificar que a maioria
das colisões no Aeroporto Campo de Marte foram identificadas por meio de revisão de pista, cuja
classificação utilizada foi como “Fase do voo”. Nota-se que durante os procedimentos de pouso e
decolagem a maioria das colisões ocorreram no período diurno, conforme ilustrado nos gráficos a
seguir (Figura 3-74 e Figura 3-75).
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 143
Biodiversidade
Contextualização
Além da avaliação do risco da fauna à segurança da aviação, é necessário também, sob o aspecto
ecológico, avaliar o impacto das atividades aeroportuárias e prováveis expansões sobre a fauna local.
Nesse contexto, os próximos parágrafos abordam os seguintes aspectos relacionadas à fauna no
aeroporto e em seu entorno:
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 144
• Riqueza da fauna;
• Espécies ameaçadas de extinção;
• Important Bird Areas (IBA) e Endemic Bird Areas (EBA);
• Sensibilidade da fauna às atividades aeroportuárias;
• Rotas migratórias;
• Ruído; e
• Tráfico ilegal de fauna por rotas aéreas.
Métodos e Resultados
O aeroporto não realiza levantamento de fauna e monitoramento contínuo, portanto, não existem
dados gerados e organizados que possam apontar a ocorrência de espécies com algum grau de
ameaça.
Outra fonte de dados a respeito da sensibilidade da fauna, nesse caso em específico, sobre a avifauna,
pode ser obtido por meio dos levantamentos realizados pela parceria global de organizações
conservacionistas, a BirdLife International (BirdLife). A BirdLife possui nove Programas Globais para a
conservação desse grupo faunístico, entre eles de forma consolidada estão: o Programa de Áreas
Importantes para a Conservação das Aves (Important Bird Area - IBA) e de Áreas com Aves Endêmicas
(Endemic Bird Areas - EBA).
O programa do IBAs visa identificar, monitorar e proteger uma rede de áreas críticas para as aves e a
biodiversidade em geral. Sendo que, cerca de 12.000 IBAs já foram identificadas até o momento em
200 países. Em relação as EBAs, foram identificadas 218, sendo que a maioria (77%) estão na região
tropical e subtropical do globo terrestre.
Segundo o documento Áreas Importantes para a Conservação no Brasil (SAVE Brasil, 2006), foram
identificados 15 IBAs no estado de São Paulo, sendo que 1 (uma), a IBA de domínio Bioma Mata
Atlântica – Serra da Cantareira - está localizada no entorno do empreendimento. Em relação às áreas
endêmicas (EBAs) identificadas no Brasil, segundo busca no website da BirdLife (acesso em
01/04/2021), 2 (duas) abrangem o território do estado de São Paulo, e o aeroporto está inserido no
EBA das planícies da Floresta Atlântica do Brasil.
De forma complementar, a seguir, é apresentada a categoria de sensibilidade que a fauna existente no
aeroporto e seu entorno apresentam em decorrência das atividades aeroportuárias. As informações
foram obtidas por meio do Relatório de Áreas Sensíveis de Espécies Ameaçadas de Extinção
Relacionadas a Aeroportos, desenvolvido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBIO, 2016).
Tal documento reuniu informações sobre a ocorrência das espécies ameaçadas da fauna e da flora
brasileira, negativamente afetadas pela implantação e operação dos aeroportos, resultando no
levantamento e classificação de áreas em gradientes de concentração de espécies consideradas
potencialmente mais afetadas pelas atividades do setor de aviação, em especial ameaçadas de
distribuição restrita. A elaboração do estudo se deu por meio de um esforço conjunto e amplo dos
Centros Nacionais de Pesquisa e Conservação do ICMBIo (CEMAVE, CENAP, CECAT, CEPTA, CPB e RAN)
e do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ).
O Aeroporto Campo de Marte e seu entorno, conforme Figura 3-76, está localizado em uma área com
sensibilidade de categoria 3 – muito sensíveis, ou seja, apresenta de 6 (seis) a 12 (doze) espécies
ameaçadas de distribuição restrita (ADR) potencialmente impactadas por aeroportos.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 145
A respeito da ocorrência de rotas migratórias de aves e concentrações dessas espécies, foi consultado
o Relatório Anual de Rotas e Áreas de Concentração de Aves Migratórias no Brasil, atualizado e
publicado pelo ICMBIO em 2019. Na região do Aeroporto Campo de Marte há registro de locais
importantes para a concentração de espécies com hábito migratório.
Considerando a sobreposição de áreas das ASAs dos aeroportos de Congonhas e Campo de Marte,
cabe considerar, como referência que consta na IPF/2015 de Congonhas, que foram identificados
pontos críticos em relação as aves migratórias na ASA do aeroporto, sendo eles:
• Parque Zoológico de São Paulo - as aves irerê (Dendrocygna viduata) e marreca-
caneleira (Dendrocygna bicolor). Ambas são espécies migratórias, que andam em
bandos e chegam a São Paulo entre os meses de julho e setembro, podendo passar
pelo aeroporto em razão da proximidade entre os empreendimentos;
• Parque do Ibirapuera - um dos maiores parques de São Paulo - recebe, todos os anos,
grupos de aves migratórias, como irerê (Dendrocygna viduata) e marrecos. Portanto,
torna-se necessário seu monitoramento periódico a fim de avaliar sua influência sobre
as rotas de voo;
• Represa Guarapiranga: grande extensão de água e pontos de áreas verdes associadas
às suas margens, a represa oferece recursos para diversas espécies de aves aquáticas
e migratórias como frango-d'água-comum (Gallinula chloropus), o irerê (Dendrocygna
viduata), a marreca-caneleira (Dendrocygna bicolor) e o biguá (Phalacrocorax
brasilianus), todas apresentando comportamentos migratórios. Logo, a Represa
Guarapiranga deve ser periodicamente monitorada, a fim de avaliar a influência dos
deslocamentos da avifauna sobre as rotas de voo.
Contudo, considerando que as rotas migratórias poderão ser afetadas por mudanças climáticas e
alterações no uso do solo, recomenda-se que o aeroporto esteja sempre atento a novas publicações
sobre o tema e aos reportes de avistamento de fauna. O Comité Regional de Centro América, el Caribe
y Sudamérica de Prevención del Peligro Aviario y Fauna (CARSAMPAF) está desenvolvendo um
Programa de Alerta Temprana de Migración de Aves para la Aviación que o novo operador poderá
participar e obter dados relevantes sobre a presença de espécies migratórias.
Sobre o ruído, além do bem discutido resultado sob a população humana, ele pode afetar
negativamente a fauna. Por isso e outras consequências, a proximidade do aeroporto a áreas naturais
deve ser considerada nas avaliações de impacto das operações. Entre os efeitos negativos do ruído sob
os animais estão: fuga, alterações comportamentais e comprometimento do sucesso reprodutivo
(Alquezar e Macedo, 2019).
Outro tema relevante em conservação da fauna é o comércio ilegal de animais silvestres e plantas
(vivos, partes ou produtos). Segundo a United for Wildlife, estima-se que esse comércio movimente
entre 50 a 150 bilhões de dólares por ano no mundo, sendo classificado entre os cinco mais lucrativos
crimes globais. Em 2014, foi formada a Transport Taskforce com o objetivo de engajar o setor de
transporte a identificar e desenvolver soluções de combate ao tráfico de animais. A organização é
composta por mais de 100 stakeholders importantes do setor, incluindo aeroportos, companhias
aéreas e associações como a Airports Council International (ACI), que assinaram a Declaração de
Buckingham Palace. O documento é composto por 11 compromissos, incluindo aumento de
conscientização, ações e elaboração de relatórios.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 147
Além dos impactos na biodiversidade, o comércio ilegal de animais silvestres e plantas expõe o setor
da aviação a diversos riscos, como: de reputação e descumprimento da responsabilidade
socioambiental, por meio da exposição negativa da marca; legais, no qual as empresas podem ser
responsáveis por falta de diligência; econômicos, quando questões legais e de segurança resultam em
perdas financeiras; e de segurança, pois animais silvestres podem causar problemas de saúde e
disseminação de doenças (zoonoses).
Segundo a USAID Reducing Opportunities for Unlawful Transport of Endangered Species (ROUTES),
apoiada pela IATA, o Brasil está entre as rotas desse comércio ilegal (Figura 3-77). O despacho de
bagagens é o método mais utilizado para esse transporte ilegal, seguido das roupas dos passageiros,
bagagens de mão e frete aéreo. Apesar das rotas já descritas, os dados são escassos no país e o
comércio é dinâmico, com isso, e considerando a riqueza da biodiversidade brasileira, todos os
aeroportos nacionais devem estar preparados para atuar na prevenção e combate ao tráfico de
animais.
Figura 3-77: Rotas de tráfico aéreo registradas no banco de dados C4ADS Air Seizure
Nota: O mapa de rotas representa os voos usados para tráfego ilegal de fauna. A transparência das linhas indica
o número de vezes que ela foi utilizada. Os círculos representam o número total de voos
Fonte: ROUTES
Conforme dados extraídos do 1º Relatório Nacional sobre o Tráfico de Fauna Silvestre, elaborado pela
Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (RENCTAS), em 2001, uma quantidade
muito grande de animais é contrabandeada do Brasil para países não-signatários da Convenção sobre
o Comércio Internacional das Espécies de Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES), e até
signatários, onde recebem documentações falsas e, em seguida, são exportados. Esse contrabando é
muito comum entre países vizinhos do Brasil, como Argentina, Bolívia, Guiana, Paraguai, Suriname e
Uruguai.
Consta no mesmo relatório da RENCTAS que, segundo a Polícia Federal Brasileira, esse contrabando
provavelmente conta com fiscais e colaboradores posicionados em locais estratégicos como portos,
aeroportos e postos alfandegários nas fronteiras entre os países, para facilitarem esse processo. Há
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 148
também uma participação danosa de alguns pesquisadores que atuam em esquemas internacionais
de tráfico, utilizando-se de credenciais e autorizações oficiais concedidas às instituições para as quais
trabalham.
Conforme Figura 3-78, o Aeroporto Campo de Marte não consta na lista de principais aeroportos
utilizados para o tráfico de animais silvestres no Brasil.
Figura 3-78: Principais aeroportos utilizados para o tráfico de animais silvestres no Brasil
De qualquer forma, considerando que as autoridades ambientais brasileiras têm dificuldade para
exercer os controles do segmento aéreo, é importante que existam equipamentos e agentes
capacitados no aeroporto durante o processamento de embarque e desembarque de passageiros e
bagagens.
O aeroporto poderá incluir nas capacitações dos agentes de proteção de aviação civil (APAC) e nos
cursos de conscientização de segurança da aviação civil contra atos de interferência ilícita (AVSEC),
previstos no RBAC 107, a temática de tráfico de animais/plantas e a comunicação dos procedimentos
de controle estabelecidos. Acordos de cooperação ou parcerias com stakeholders, como a Polícia
Federal, o IBAMA e sua Coordenação de Comércio Exterior (COMEX), e companhias aéreas também
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 149
poderão ser de grande valia para o estabelecimento de ações efetivas de prevenção e combate ao
transporte ilegal da fauna e flora.
Materiais de apoio e orientações poderão ser obtidos com organizações internacionais (com ou sem
fim lucrativo), como: ROUTES, WWF, a ACI e a IATA. Essas instituições disponibilizam em seus websites
uma variedade de fontes e publicações relevantes e direcionadas à aviação.
Ruído
Contextualização
As emissões de ruídos nas atividades de um aeroporto contemplam desde os ruídos oriundos de
máquinas e equipamentos utilizados na operação quanto o ruído oriundo das aeronaves, conhecido
como ruído aeronáutico.
O ruído aeronáutico é um aspecto socioambiental relevante nas atividades aeroportuárias, pois afeta
o entorno do aeródromo, sua população e a fauna.
No Brasil, o RBAC 161 prevê a elaboração do Plano de Zoneamento de Ruído (PZR), documento que
tem como principal objetivo representar geograficamente a área impactada pelo ruído aeronáutico, e,
em decorrência desse impacto, aliado ao ordenamento territorial, preservar o desenvolvimento do
aeródromo em harmonia com o uso e ocupação do solo em seu entorno.
Todo aeródromo civil público deve ter obrigatoriamente um PZR registrado pela ANAC. Após a
efetivação do registro do PZR na ANAC, o operador deve divulgá-lo aos municípios abrangidos pelo
Plano.
A definição do tipo de PZR é dada seguindo os critérios apontados pelo RBAC 161:
161.15 (a) O operador de aeródromo deve utilizar o critério
apresentado a seguir para identificar o Plano de Zoneamento de Ruído
– PZR o qual deverá ser aplicado:
(1) para aeródromos públicos com média anual de movimento de
aeronaves dos últimos 3 (três) anos superior a 7.000 (sete mil), deve
ser aplicado um PEZR para os anos seguintes, ainda que haja redução
da movimentação média.
(2) para os demais aeródromos públicos, é facultado ao operador de
aeródromo escolher o tipo de plano a ser elaborado, Plano Básico de
Zoneamento de Ruído – PBZR ou Plano Específico de Zoneamento de
Ruído – PEZR.
(b) A ANAC poderá solicitar a elaboração de um PEZR a qualquer
aeródromo. (grifo nosso)
Para a avaliação do aspecto e impacto ambiental do ruído aeronáutico devem ser elaboradas curvas
de ruído para o cenário atual e para o cenário futuro conforme descrição abaixo:
• Curvas de ruído atuais: são curvas isofônicas geradas com as informações de rotas e
movimentos atuais do aeródromo;
• Curvas de ruído futuras: são curvas isofônicas geradas com as informações estimadas
de rotas e movimentos futuros, previstos no cenário de máxima capacidade do
aeródromo.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 150
Métodos e Resultados
O Aeroporto Campo de Marte é obrigado a aplicar um Plano Específico de Zoneamento de Ruído (PEZR)
por se enquadrar no item 161.15(a)1 do RBAC, que determina tal documento para aeródromos com
média anual de movimento de aeronaves dos últimos 3 (três) anos superior a 7.000 (sete mil). Cabe
registrar que a média dos últimos 03 anos de movimento de aeronaves do aeroporto foi de 63.726
movimentos.
As curvas futuras de ruído aeronáutico foram elaboradas de acordo com o RBAC 161, para o cenário
de máxima movimentação de aeronaves previsto no PDir (2014). As curvas de ruído foram validadas
pela ANAC por meio da Portaria nº 3.781/SIA, de 11 de dezembro de 2018, estando o aeroporto regular
nesse quesito. O PEZR aprovado foi registrado pela ANAC, conforme Ofício
nº 225/2019/GTDA/GCOP/SAI-ANAC, de 17 de junho de 2019, e está disponível na Figura 3-79.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 151
O Plano Diretor do Aeroporto Campo de Marte, validado pela ANAC por meio do Ofício nº
43/2015/GTCO/GENG/SIA-ANAC, de 11 de maio de 2015, mas ainda não aprovado pela Agência, pois
depende de parecer do Comando da Aeronáutica prevê, entre as diretrizes gerais de planejamento:
aproximação para pouso, considerando que a ADA (área de influência direta) e AID (área diretamente
afetada), identificadas no Estudo, são o próprio sítio aeroportuário. Pela abrangência considerada - e
constatada - dos ruídos emitidos pela operação de Campo de Marte, foi identificada pouquíssima
perturbação sonora nos habitantes do entorno do sítio aeroportuário. Inclusive, conforme o EIA/RIMA,
o aeroporto apresenta baixo nível de reclamações relativas ao ruído produzido pelas aeronaves. Após
as referidas medições, constatou-se também que, mesmo em locais mais ruidosos “extracampo”, a
influência do trânsito de superfície - não relacionado com o aeródromo - foi preponderante.
É importante destacar que a característica operacional do Aeroporto Campo de Marte é de grande
percentual de aeronaves de asa móvel (helicópteros) e o restante, por aeronaves monomotoras e
bimotoras de pequeno porte.
Em continuidade ao atendimento ao RBAC 161, segundo a Subparte F, o operador de aeródromo que
possua um PEZR deve instituir uma Comissão de Gerenciamento de Ruído Aeronáutico (CGRA) que
deve realizar, no mínimo, 1 (uma) reunião a cada período de 6 (seis) meses. A CGRA deve ser composta
por membros do aeródromo e de órgãos externos. Havendo recusa ou ausência de indicação por parte
das Instituições envolvidas, essa informação deverá constar no Relatório Anual de Ruído Aeronáutico.
O Aeroporto Campo de Marte enquadra-se nessa exigência e possui a CGRA instituída, porém sem
participação de membros externos.
As ações adotadas pela CGRA e a divulgação do Relatório Anual de Ruído Aeronáutico devem ser
publicadas por meio de um sítio eletrônico, que também contemple um espaço para o registro de
manifestações, reclamações e elogios.
O aeroporto possui diversos hangares de manutenção e, quase diariamente, são realizados testes de
motores no empreendimento, sem horários preestabelecidos. Para esta finalidade, o aeroporto possui
uma área específica, para minimização dos impactos do ruído no entorno. A Figura 3-80 apresenta a
localização exata da área de testes de motores.
Figura 3-81: Aeronave realizando teste de motor Figura 3-82: Área de teste de motores
Em relação ao ruído ambiental das atividades que não estão vinculadas diretamente com a atividade
aeroportuária, como o ruído gerado durante obras, esse deve atender aos parâmetros de emissões da
Resolução CONAMA nº 01/90, que se baseia nos níveis de ruído descritos na NBR 10.151 (Avaliação do
Ruído em Áreas Habitadas visando o conforto da comunidade, da Associação Brasileira de Normas
Técnicas - ABNT). Durante a visita de campo, constatou-se que o Aeroporto Campo de Marte não
realiza o monitoramento de ruído gerado em suas obras de expansão e outras atividades.
Emissões atmosféricas
Contextualização
O tema Emissões Atmosféricas está relacionado ao gerenciamento de gases e materiais particulados
causadores de degradação da qualidade do ar local, e com o gerenciamento dos gases de efeito estufa,
que contribuem para o aumento da temperatura global.
A Resolução CONAMA nº 491/18 dispõe sobre os padrões de qualidade do ar e estabelece as
concentrações de poluentes atmosféricos que, caso sejam ultrapassadas, poderão afetar a saúde, a
segurança e o bem-estar da população, bem como ocasionar danos à flora e à fauna, aos materiais e
ao meio ambiente em geral.
Os principais poluentes atmosféricos emitidos pelas operações de aeronaves e equipamentos de apoio
às atividades operacionais do aeroporto são: material particulado, monóxido de carbono, compostos
orgânicos voláteis e óxidos de nitrogênio. A exposição humana a esses poluentes acima dos limites de
concentração recomendados eleva o risco de doenças respiratórias, dermatológicas e, em
determinadas condições, favorece o surgimento do câncer.
Com relação ao gerenciamento de Gases de Efeito Estufa, não existem legislações específicas que
obriguem o operador aeroportuário a elaborar inventários e adotar ações para reduzir suas emissões,
no entanto, existem ações voluntárias e acordos internacionais que demonstram a mobilização dos
países e do setor da aviação em atingir metas de redução de gases de efeito estufa. Recentemente, o
governo brasileiro ratificou sua participação no Acordo de Paris, documento desenvolvido na
Conferência do Clima de Paris (COP 21), no qual se compromete a reduzir as emissões de gases de
efeito estufa em 37% até 2025 e 43% até 2030, ambos em comparação com os níveis de 2005.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 156
Já com relação ao setor da aviação civil, que abrange a atividade aeroportuária, o Brasil se voluntariou
para participar do State Action Plan da ICAO (International Civil Aviation Organization), ação em que
os países voluntários reportam suas ações e progressos para reduzir as emissões de gases de efeito
estufa e atingir as metas definidas nas resoluções específicas da organização. Nesse sentido, a ANAC
compilou, em dois relatórios públicos, as principais ações desenvolvidas pelo setor da aviação civil no
Brasil, com o intuito de reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Nesses relatórios, seções
específicas são dedicadas a demonstrar as ações implantadas pelos operadores aeroportuários.
A ANAC publicou o Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas da Aviação Civil em 2014 e em 2019,
o qual fornece dados sobre a evolução das emissões de poluentes atmosféricos e gases de efeito estufa
da aviação civil brasileira e contém uma série histórica de dados desde 2005.
Métodos e Resultados
O Inventário de Emissões Atmosféricas do Aeroporto Campo de Marte, código
MT.01/888.73/000487/00 – disponibilizado no Data Room - foi realizado em junho de 2020, com ano
base de 2017, e contou com o detalhamento das emissões para o Escopo 1 e Escopo 2, definidos na
metodologia do GHG Protocol, conforme Figura 3-83. O programa de acreditação de carbono em
aeroportos (Airport Carbon Accreditation - ACA) do ACI possui três níveis: mapeamento, redução,
otimização e neutralização. O nível de mapeamento tem o objetivo de determinar as fontes de
emissões dentro dos limites operacionais da empresa aeroportuária, calcular as emissões anuais de
carbono e compilar um relatório de pegada de carbono, abrangendo as emissões de Escopo 1 e 2.
Figura 3-84: Vistas dos tanques de diesel (comum e Figura 3-85: Falha na contenção dos tanques
S10) na SCI do aeroporto
Atualmente, não há controle das emissões atmosféricas de máquinas, equipamentos e veículos com
combustão à diesel.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 158
Como ação de uso de fontes alternativas o aeroporto possui sistema fotovoltaico (em uso) com
potência de 2,12 kW instalado na cobertura do TPS (projeto aprovado pela AES e ANEEL), luminárias
LED no estacionamento, vias de serviço e pátio e 10 postes fotovoltaicos autônomos e operacionais
instalados na via de acesso ao pátio do aeroporto.
O aeroporto não dispõe de pontos de fornecimento de energia para GPUs e não há GPUs em operação.
Figura 3-86: Sistema fotovoltaico, cobertura do TPS Figura 3-87: Lâmpadas LED no estacionamento
Figura 3-88: Lâmpadas LED no pátio Figura 3-89: Postes autônomos na via de acesso
Energia
Contextualização
Um dos aspectos ambientais mais significativos em um aeroporto é o consumo de energia elétrica. A
complexidade e extensão da infraestrutura aeroportuária e a diversidade de suas operações são os
grandes responsáveis pelo elevado consumo energético dos empreendimentos.
Corroborando com a importância de ações que visam a redução do consumo de energia elétrica,
destaca-se que esse aspecto ambiental faz parte dos cálculos de Inventários de Gases de Efeito Estufa
dos empreendimentos, sendo considerado como emissões indiretas de gases de efeito estufa,
denominado como Escopo 2.
Métodos e Resultados
O aeroporto possui somente a unidade consumidora UC 1001459 suprida pela concessionária local,
AES ELETROPAULO, com tensão de fornecimento de 13,2 kV.
A estrutura aeroportuária também conta com um sistema de contingência elétrica (Figura 3-90 a Figura
3-94, suprido por 2 grupos geradores:
• um de 237 kVA na SE-SUP (ao lado do TPS), cabinado, e que atende o terminal de
passageiros, e;
• um de 114 kVA na SE-MNT (na antiga oficina de manutenção), que atende ao
balizamento e auxílios visuais e possui um tanque em área contida e coberta.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 160
Figura 3-91: Gerador SE-SUP - TPS Figura 3-92: Gerador SE-MNT- balizamento e auxílios
Figura 3-93: Tanque do gerador SE-MNT Figura 3-94: Vista da contenção do tanque SE-MNT
Do ponto de vista ambiental o aeroporto, além das instalações fotovoltaicas citadas no item 3.1.7,
também fez um considerável investimento ao substituir 55% das lâmpadas instaladas no aeroporto
por LED. No entanto, ainda há possibilidade de substituição de mais 150 lâmpadas fluorescentes.
A Figura 3-95 apresenta o histórico de consumo energia elétrica no aeroporto no período entre março
de 2017 e fevereiro de 2018. Já a figura Figura 3-96 apresenta o consumo entre abril de 2020 e abril
de 2021. É possível notar que, apesar da crise mundial causada pela pandemia mundial do novo
coronavírus, a redução de consumo não foi representativa, já que o movimento da aviação geral- único
tipo de operação do aeroporto - não sofreu tantos impactos como a aviação comercial.
Figura 3-95: Consumo de energia do Aeroporto Campo de Marte entre 2017 e 2018.
Fonte: Infraero
Figura 3-96: Consumo de energia do Aeroporto Campo de Marte entre 2020 e 2021.
Fonte: Infraero
As informações a respeito da infraestrutura existente, como o detalhamento das subestações e grupos
geradores, compõem o Relatório 02 - Estudos de Engenharia e Afins.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 162
Saneamento básico
Neste item é realizada a avaliação dos aspectos ambientais vinculados ao saneamento básico, isto é, o
conjunto de serviços, infraestrutura, instalações operacionais de abastecimento de água, esgotamento
sanitário, limpeza e manejo de resíduos.
Abastecimento de água
Contextualização
O sistema de abastecimento de água potável consiste no conjunto de obras, equipamentos e serviços
com o objetivo de levar água potável para uso no consumo das diversas atividades desenvolvidas no
sítio aeroportuário.
Métodos e Resultados
A avaliação do sistema de água potável exige o detalhamento das unidades que compõem o sistema,
assim como os respectivos aspectos físicos, ambientais e sociais associados. As unidades que compõem
o sistema de água potável do aeroporto são:
• Manancial;
• Captação;
• Adução;
• Tratamento;
• Reservação; e
• Rede de distribuição
As principais informações dos sistemas foram obtidas de documentos disponibilizados no Data Room
e de informações coletadas durante a visita técnica realizada nos dias 12 e 13 de janeiro de 2021. O
aeroporto possui Plano de Gerenciamento de Recursos Hídricos (PGRH), mas o documento
encontrava-se desatualizado na ocasião da visita. Porém, agora há um documento atualizado, de
código MT.01/860.73/000494/00, datado de março de 2021. O PGRH é um documento que compila
informações sobre os sistemas de água potável e que estabelece diretrizes para a gestão sustentável
do consumo de água.
O Aeroporto Campo de Marte está conectado à rede pública de distribuição de água potável do
município, sob gestão da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP, através
do Termo de Contrato nº 0054-SP/2020/0033. Segundo consta no PGRH de 2006, não há poços de
captação de água subterrânea (informação que diverge da prestada durante a visita), estações de
tratamento de água e nem ponto de fornecimento de água potável para abastecimento dos veículos
de apoio às aeronaves (QTA) no sítio aeroportuário.
3.1.9.1.1 Manancial
Segundo informações confirmadas pela SABESP, o aeroporto é abastecido pelo Sistema Cantareira,
maior sistema produtor da Região Metropolitana de São Paulo, composto por 6 (seis) represas –
Jaguari/Jacareí, Cachoeira, Atibainha, Paiva Castro, Águas Claras e Jaguari (Cesp).
3.1.9.1.2 Captação, tratamento e qualidade da água
O abastecimento do Aeroporto Campo de Marte se faz por meio de captação superficial no Sistema
Cantareira, através de uma Estação de Tratamento de Água (ETA) Convencional. Segundo confirmação
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 163
Em caráter de histórico, segundo informações fornecidas pela Infraero, através do Data Room e visitas,
o único PGRH do aeroporto encontrava-se desatualizado, pois foi emitido em junho de 2006, pela
empresa Vitalux Eficiência Energética LTDA, sob o número MAR/GRL/900.RE-074 R0. Em 2010, foram
realizadas visitas para a atualização do PGRH (objeto do Termo de Referência – TR MAR/GRL/900.TR-
025 R0), mas que não foi contratado. Em 2017, houve uma nova tentativa de atualização, mas por
ausência de contratação e implantação do plano de amostragem de água, efluente e água superficial,
o TR não foi finalizado. Por fim, conforme já citado, foi emitido um documento atualizado, de código
MT.01/860.73/000494/00, de março de 2021, não disponibilizado para análise.
Tendo em vista a necessidade de regularização perante a lei vigente, atualmente, está em trâmite a
licitação nº 061/LALI-5/SBMT/2020 para a contratação de empresa que executará o monitoramento
da qualidade de água potável, dos padrões de lançamento de efluentes sanitários e análise de água
superficial. O Termo de Referência (TR) publicado nesta licitação foi elaborado em setembro de 2018
pela equipe da Infraero – MT.01/861.92/000394/00.
Segundo PGRH (de 2006), há 3 (três) hidrômetros principais no sítio aeroportuário que registram o
consumo das áreas sob responsabilidade da Infraero. Há outros hidrômetros internos que registram
os consumos dos concessionários ligados à rede da administradora (Infraero). É através destes, que a
Infraero realiza o rateio da conta entre os concessionários, tomando como base a conta de água gerada
mensalmente pela SABESP. Há ainda outros hidrômetros em área de terceiros, gerenciados
diretamente por eles.
O fornecimento de água potável no sítio aeroportuário é realizado através de 03 (três) pontos:
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 164
• Entrada 1 – RGI 6754627/70 – Hidrômetro D14X002645 – Av. Santos Dumont, 1979 (abastece
manutenção, Assinfra, TPS);
• Entrada 2 – RGI 1010721/55 – Hidrômetro D19B721642 – Av. Olavo Fontoura, 615 (abastece
guarita Infraero, centro de manutenção e SCI);
• Entrada 3 – RGI 1010731/27 – Hidrômetro B18F000158 – Av. Olavo Fontoura, 1078 (abastece
UASP, almoxarifado Infraero e guarita Infraero – entrada 3).
A Figura 3-98 ilustra a localização dos pontos de fornecimento de água.
Não há ponto de fornecimento de água potável para abastecimento dos veículos de apoio às aeronaves
(QTA) no sítio aeroportuário, sendo necessária sua implantação para atendimento aos requisitos da
Resolução RDC nº 91/2016.
A equipe Infraero informou que há perdas de água no sistema de abastecimento, mas que devido à
ausência de cadastro de redes no aeroporto não é possível identificá-las. O trâmite para a elaboração
de projeto e instalação de nova rede já foi solicitado a Sede da Infraero. O consumo médio mensal de
água potável no aeroporto, com base em dados dos anos de 2015 e 2016, é de 1.366 m³, sendo a média
de consumo diário de 45 m³.
É importante citar que durante a visita comentou-se sobre a elaboração de um projeto para coleta e
reaproveitamento de água de chuva no Aeroporto Campo de Marte, datado de dezembro de 2015 –
MAR/GRL/900.MR-003/R0, o qual não foi implantado.
Ainda segundo consta na Avaliação de Conformidade Ambiental – ACA, de outubro de 2018,
disponibilizada no Data Room, há um sistema de coleta de água dos testes de caminhão de combate a
incêndio (CCI), e um sistema de coleta de água de chuva no prédio da UASP, medidas que contribuem
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 165
para a redução do consumo de água potável. Sobre o sistema no prédio da UASP, não foi possível
confirmar a informação em campo.
É importante citar que durante a visita, foi informada a existência de um poço de captação de água -
na área hoje ocupada pela manutenção da Infraero - que, segundo relato, foi ocupada por um
restaurante (Nutribis) que produzia refeições para o presídio do Carandiru. Este local também foi
utilizado pela empresa Bravio (de componentes eletrônicos de aviônicos).
A Figura 3-99 e Figura 3-100 ilustram o suposto poço.
Figura 3-99: Local indicado como sendo o poço do Figura 3-100: Local indicado como sendo o poço do
antigo restaurante antigo restaurante
Cada entrada principal realiza o abastecimento de uma determinada rede, leia-se, portanto:
• Rede 1 (laranja): Abastecida pelo hidrômetro localizado na Av. Santos Dumont, 1979;
• Rede 2 (amarelo): Abastecida pelo hidrômetro localizado na Av. Olavo Fontoura, 615;
• Rede 3 (azul): Abastecida pelo hidrômetro localizado na Av. Olavo Fontoura, 1078.
A Rede 4 (verde) possui interligação direta com a SABESP, sendo seu gerenciamento realizado
diretamente por cada um dos cessionários da Infraero localizados na região.
A Figura 3-102 ilustra a rede de distribuição de cada entrada (hidrômetro) principal.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 169
Sistema Descrição
CLASSE IIA
Resíduos que não apresentam riscos biológicos, químicos ou
GRUPO D GRUPO D E CLASSE
radiativos à saúde pública e ao meio ambiente.
IIB
GRUPO E
Cada grupo de resíduos, listados anteriormente, requer procedimentos diferenciados para a sua
coleta, armazenamento e destinação, os quais serão detalhados nos itens a seguir, especificamente
para os procedimentos adotados no Aeroporto Campo de Marte.
É importante destacar que a Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (AMLURB) é o órgão
regulamentador encarregado pela gestão de resíduos e limpeza urbana do município de São Paulo, e
conforme preconiza a legislação municipal, os Grandes Geradores de Resíduos Sólidos, ou seja,
estabelecimentos que geram mais de 200 litros de resíduos por dia, devem realizar um cadastro no
referido órgão, e contratar uma empresa responsável para execução dos serviços de coleta,
transporte, tratamento e destinação final de seus resíduos.
Segundo informações coletadas na visita técnica, o aeroporto possui este cadastro regularizado, sob o
registro nº GG0532337/2019, válido até 09 de julho de 2021 (Anexo 1 – Regularidade Ambiental).
3.1.9.2.1 Geração de resíduos
Segundo consta no PGRS, no aeroporto concentram-se empresas com diversas atividades geradoras
de resíduos sólidos, como manutenção e hangaragem de aeronaves, restaurantes e lanchonetes, e
serviços administrativos.
No que concerne às responsabilidades e competências pelo sistema de gestão de resíduos, estas são
compartilhadas entre Infraero e concessionários. A Infraero, através de cláusulas contratuais, os
responsabiliza pelas questões ambientais relativas a licenças e demais exigências legais. Já a operadora
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 172
Segundo consta no PGRS é possível ver uma similaridade entre a geração de resíduos e a
movimentação operacional do período em questão, com a exceção do aumento na geração registrado
em 2017.
Com relação à queda brusca entre as gerações dos anos 2017 e 2018, o PGRS a relaciona com os
seguintes aspectos: destinação de resíduos gerados por concessionários diretamente com empresas
particulares; aumento na geração de recicláveis; redução do efetivo de funcionários em empresas
terceirizadas e na Infraero; registro de geração de resíduos sem pesagem.
O PGRS aponta ainda que a geração de resíduos perigosos (Grupo B) no aeroporto é pouco expressiva.
A Tabela 3-4 apresenta os dados compilados no período de 2015 a 2019.
Tabela 3-4: Resíduos Perigosos Gerados no Aeroporto Campo de Marte (2015 a 2019)
Materiais
Óleos lubrificantes contaminados Pilhas e Baterias Lâmpadas
Ano
usados com óleo/graxa baterias automotivas fluorescentes
e solventes
2018 - - - - -
2019 80 kg - 220 kg - -
Fonte: Adaptado de PGRS (2020), Consórcio GCA.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 174
Além disso, o aeroporto registrou também 17,52 toneladas de entulho em 2018, 8,5 toneladas de
entulho em 2019 e 28,77 toneladas de resíduos provenientes de manutenção de áreas verdes em
2019.
A Tabela 3-5 apresenta dados de geradores e tipos de resíduos gerados.
Operação e manutenção
Pátio de Aeronaves Resíduo de bordo, oleosos, F.O.
de aeronaves
3.1.9.2.2 Acondicionamento
Conforme já relatado, resíduos infectantes e perfurocortantes são, em sua maioria, gerenciados
diretamente por concessionários, e muitas vezes, tratados como resíduos comuns e acondicionados
em sacos plásticos pretos.
Durante a visita em campo foi possível observar o acondicionamento de resíduos infectantes no
Hangar da Polícia Militar, o que contradiz as informações contidas no PGRS, uma vez que menciona
que resíduos infectantes são descartados diretamente no hospital onde o paciente é atendido.
Resíduos de carcaças, que podem ser parte delas, ou ainda outros materiais biológicos de animais
resultantes de atropelamento ou colisão com aeronaves nas áreas operacionais do aeroporto (pista
ou pátio), são acondicionados em sacos plásticos brancos e armazenados em freezer específico
localizado na SCI até a coleta.
As Figura 3-104 à Figura 3-107 apresentam fotos do acondicionamento destes resíduos.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 175
Figura 3-104: Freezer onde é acondicionado resíduo Figura 3-105: Acondicionamento de carcaças em
de carcaça freezer localizado na SCI
Os resíduos perigosos são provenientes de atividades de manutenção realizadas pela Infraero, sendo
basicamente óleos inservíveis, materiais contaminados, lâmpadas e baterias, acondicionados em
tambores ou bombonas. Há um local para armazenamento temporário destes resíduos, localizado
próximo à área onde está locada a empresa contratada de manutenção – MPE Engenharia. O
detalhamento desta área será apresentado no item 3.1.9.2.4.
As lâmpadas são acondicionadas em um contêiner específico com capacidade para 500 unidades, e
pilhas e baterias são acondicionadas em um recipiente disponibilizado no TPS.
As Figura 3-108 e Figura 3-109 apresentam fotos do acondicionamento destes resíduos.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 176
Na área externa e restrita do TPS, há coletores para descarte de F.O.D. e resíduos contaminados. O
combustível drenado das aeronaves é despejado em um recipiente, e o outro serve para acondicionar
embalagens contaminadas. Segundo consta no PGRS, o combustível armazenado é reaproveitado em
aeronaves estacionadas.
Na área do pátio também estão dispostos kits com material para contenção emergencial de
vazamentos de combustível.
As Figura 3-110 e Figura 3-111 apresentam fotos do acondicionamento destes resíduos.
Figura 3-110: Contêineres de resíduos oleosos e kit Figura 3-111: Contêineres de resíduos oleosos na
ambiental no pátio área do pátio
No TPS e áreas administrativas, escritórios, há coletores centrais para recicláveis e não recicláveis,
sendo a maioria revestida com sacos plásticos transparentes azuis para o descarte de recicláveis,
considerando que os resíduos gerados são predominantemente passíveis de reciclagem.
Nas áreas de copa dos escritórios, não há um padrão na disponibilização de coletores, e alguns
possuem lixeiras para descarte de recicláveis.
Os sanitários possuem coletores para descarte de resíduos não recicláveis revestidos com sacos
plásticos pretos em cada box e próximos às pias.
As Figura 3-112 à Figura 3-115 apresentam fotos do acondicionamento destes resíduos.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 177
Resíduos comuns proveniente das atividades de manutenção de áreas verdes – resíduos de poda, são
acondicionados em uma caçamba disponibilizada pela Ecotrans na área gramada próxima ao SCI.
A Figura 3-116 apresenta foto da caçamba para acondicionamento de resíduos de poda.
Fonte: PGRS.
Figura 3-117: Disposição de resíduos diretamente Figura 3-118: Disposição de resíduos diretamente
no solo – Hangar Marte no solo – Hangar Marte
Figura 3-119: Disposição inadequada de lâmpadas Figura 3-120: Mistura de resíduos perigosos
em área externa ao almoxarifado disposta de forma inadequada
Figura 3-121: Resíduos abandonados próximos à Figura 3-122: Resíduos de fresa dispostos de forma
manutenção inadequada próximos à SCI
Figura 3-123: Contêineres para descarte de resíduos Figura 3-124: Contêineres para descarte de resíduos
comuns (recicláveis e não recicláveis) comuns (recicláveis e não recicláveis)
Figura 3-125: Contêiner para descarte de resíduos Figura 3-126: Contêineres para descarte de resíduos
não recicláveis (verde) não recicláveis (verde)
3.1.9.2.4 Armazenamento
Não há central de armazenamento temporário de resíduos sólidos no Aeroporto Campo de Marte para
todos os resíduos gerados. Há somente um local próximo à área onde está locada a empresa
contratada de manutenção – MPE Engenharia para o armazenamento de resíduos e produtos
perigosos. Este local não está em conformidade com os requisitos legais, está em terreno gramado, e
apresenta deficiência nos dispositivos de contenção.
As Figura 3-127 à Figura 3-130 apresentam fotos da área de armazenamento.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 181
Figura 3-131: Resíduos de poda depositados em Figura 3-132: Resíduos de poda depositados em
área de mata área de mata
Figura 3-133: Resíduos de poda depositados em Figura 3-134: Resíduos de poda depositados em
área de mata área de mata
Resíduos perfucortantes (Grupo E) são acondicionados em caixas específicas nos sanitários, mas desde
a disponibilização dos recipientes, não houve a necessidade de descarte externo.
Com relação ao tratamento dado às carcaças eventualmente encontradas, coletadas e acondicionadas
em freezer específico na SCI, atualmente, como não há mais convênio com universidades,
periodicamente, o procedimento adotado é enterrá-las na área da mata.
A Tabela 3-6 apresenta a relação de resíduos coletados pela Ecotrans e os respectivos tratamentos e
destinações finais.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 183
Reciclagem – San
Resíduos
Sob demanda Lien Gestão de São Paulo – SP
eletrônicos
Resíduos
Rerrefino – Sistema
Óleos lubrificantes
Sob demanda Nova Ambiental
usados (Grupo B)
LTDA
Materiais
contaminados com Co-processamento –
óleos e graxas e Sob demanda Sistema Nova
solventes (Grupo Ambiental LTDA
B)
Embalagens Co-processamento –
contaminadas Sob demanda Sistema Nova
(Grupo B) Ambiental LTDA
LO a título precário
Co-processamento – nº 32001130
Solo contaminado Itapevi – SP
Sob demanda Sistema Nova (válida até
(Grupo B)
Ambiental LTDA 06/04/2021)
Reciclagem e re-
Pilhas e baterias processamento –
Sob demanda
(Grupo B) Sistema Nova
Ambiental LTDA
Reciclagem e re-
Solventes usados
processamento –
contaminados Sob demanda
Sistema Nova
(Grupo B)
Ambiental LTDA
Cartuchos/toners
Sob demanda Logística Reversa
(Grupo B)
Descontaminação e
Lâmpadas
reciclagem - LO nº 37004111
fluorescentes
Sob demanda Apliquim Industria, Paulínia – SP (válida até
queimadas (Grupo
Comércio e Serviços 24/11/2022)
B)
LTDA
Fonte: Adaptado de PGRS (2020), Consórcio GCA.
* Informação retirada do PGRS (2020), mas reforça-se que em campo foi informado que a retirada pela
Ecotrans é realizada três vezes por semana (segunda, quarta e sexta).
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 184
Apliquim Industria,
Lâmpadas Comércio e Serviços 33006389 07/01/2024
LTDA
Fonte: Adaptado de PGRS (2020), Consórcio GCA.
Em consulta ao órgão ambiental do estado de São Paulo – CETESB, foi possível confirmar que o CADRI
utilizado para descarte de lâmpadas é o mesmo utilizado pelo Aeroporto de Congonhas, inclusive foi
emitido para o Aeroporto de Congonhas. A situação deve ser regularizada.
Por meio da pesquisa foi possível identificar ainda a emissão de CADRI para descarte de óleos à
empresa Lwart Lubrificantes LTDA, válido até 18/10/2022, e descarte de pilhas/baterias e baterias
automotivas para a empresa Suzaquim Indústrias Químicas LTDA, válido até 27/11/2022.
3.1.9.2.6 Avaliação das premissas técnicas
A ausência de locais centralizadores adequados para o armazenamento de resíduos, aliado a ausência
de balança para pesagem são fatores que podem dificultar o correto gerenciamento de resíduos.
O local de armazenamento de resíduos perigosos não possui dispositivos de proteção ambiental
adequados, como canaletas de drenagem oleosa, o que possibilita contaminações de solo e água. Além
disso, o destino dado a carcaças encontra-se irregular, uma vez que são enterradas em área da mata.
A Tabela 3-8 apresenta as premissas técnicas do gerenciamento de resíduos sólidos do aeroporto.
Dos 4 tanques enterrados que compunham o antigo sistema de tratamento, após as obras e instalação
das elevatórias, 2 tanques foram removidos. Os outros 2 tanques permanecem no local, mas
encontram-se desativados.
Em frente à área de lazer dos empregados da Infraero – Assinfra, também há um sistema de fossa
desativado.
A Figura 3-136 indica a localização dos tanques e da fossa da Assinfra.
Figura 3-136: Localização dos tanques do antigo sistema de tratamento e da fossa na Assinfra
O aeroporto não possui área de recebimento de efluentes sanitários provenientes das aeronaves
(cloaca).
Da Figura 3-137 à Figura 3-140 estão apresentadas as estruturas e localizações dos tanques enterrados
que permanecem em área patrimonial, mas desativados, e a fossa desativada na área de lazer dos
empregados da Infraero.
Figura 3-137: Localização de um tanque enterrado Figura 3-138: Localização do segundo tanque
que permanece no terreno (próximo ao TPS) permanece no terreno (próximo à Grampetro)
Figura 3-139: Fossa desativada em frente à área de Figura 3-140: Fossa desativada em frente à área de
lazer (Assinfra) lazer (Assinfra)
Figura 3-142: EEE 01 Infraero, localizada próximo à Figura 3-143: EEE 01 Infraero, localizada próximo à
portaria da Av. Santos Dumont portaria da Av. Santos Dumont
Figura 3-144: EEE 02 Infraero, localizada próximo à Figura 3-145: EEE 02 Infraero, localizada próximo à
SCI SCI
• Cianeto;
• Fenol;
• Ferro solúvel;
• Fluoreto;
• Sulfeto;
• Sulfato
3.1.9.3.4 Destinação de Efluentes
Conforme já citado, em função da conexão da rede coletora interna do aeroporto com a rede coletora
do município, a responsabilidade pelo tratamento e destinação dos efluentes sanitários gerados é da
concessionária SABESP, por meio da estação de tratamento de esgoto – ETE Barueri, conforme
localização indicada na Figura 3-146.
O método empregado nesta estação de tratamento é por lodos ativados, onde há uma fase líquida e
outra sólida, no qual uma massa biológica cresce, forma flocos e é continuamente recirculada e
colocada em contato com a matéria orgânica sempre com a presença de oxigênio (aeróbio).
O processo é estritamente biológico e aeróbio, com mistura do esgoto bruto e do lodo ativado,
agitação e aeração em unidades conhecidas como tanques de aeração. Após este procedimento, o
lodo é enviado para o decantador secundário, onde a parte sólida é separada do esgoto tratado. O
lodo sedimentado retorna ao tanque de aeração ou é retirado para tratamento específico.
3.1.9.3.5 Avaliação das premissas técnicas
Em geral, o sistema de esgotamento sanitário do Aeroporto Campo de Marte apresenta boas
condições operacionais.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 192
É importante salientar que o aeroporto não realiza monitoramento do efluente lançado na rede
pública, o que caracteriza não conformidade por não atender à legislação vigente.
A Tabela 3-9 apresenta as premissas técnicas do sistema de esgotamento sanitário.
Não há Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) em área patrimonial, uma vez que a rede
coletora do aeroporto é interligada à rede pública do município.
Tratamento
Há PGRH atualizado. Não há plano de gestão e amostragem de efluentes implantado no
aeroporto. A licitação em andamento prevê pontos de monitoramento nas duas EEE.
Sistemas de drenagem
Contextualização
No sítio aeroportuário existem dois tipos de sistemas de drenagem: a pluvial e a oleosa.
A eficiência do sistema de drenagem pluvial de um aeroporto é importante para minimizar situações
ambientais adversas tais como erosões, carreamento de solo, assoreamentos na infraestrutura e
recursos hídricos, e alagamentos em áreas vizinhas. Inclusive, em sítios aeroportuários, drenagens
inadequadas e ineficientes podem oferecer áreas de dessedentação e acesso de espécies-problema,
afetando o risco da fauna.
Os sistemas de drenagem oleosa têm por objetivo coletar e segregar as partículas de óleo contidas em
efluentes gerados em oficinas de manutenção, áreas de estacionamento de equipamentos de apoio à
aviação, áreas de abastecimento e pátios de aeronaves.
Métodos e Resultados
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 193
Para a avaliação dos sistemas de drenagem, foram estudados e vistoriados os seguintes aspectos no
aeroporto:
• Existência de corpos receptores de águas pluviais;
• Existência de áreas de reservação (como bolsões) e amortecimento das águas pluviais;
• Condições de infiltração das águas pluviais;
• Condições de limpeza e manutenção das drenagens;
• Existência e condições de canaletas de drenagem oleosa e caixa Separadora de Água
e Óleo.
O Aeroporto Campo de Marte não possui macrodrenagem eficiente implantada, o que intensifica
problemas relacionados a inundações com interferência na operacionalidade da PPD, e tombamento
de cerca de delimitação. Segundo relatado pela equipe Infraero, a água represada na área da cabeceira
12, junto ao córrego Tenente Rocha, costuma transbordar e inundar o aeroporto.
A implantação de macrodrenagem é uma exigência contemplada no processo de licenciamento, e de
acordo com informações do representante da manutenção da Infraero, há projeto para implantação
de novos canais de drenagem, mas sem previsão para execução.
Recentemente, em 26 de outubro de 2020, foi assinado um Acordo de Cooperação (Anexo 1 –
Regularidade Ambiental) entre o Comando do Exército e a Infraero, para execução de melhorias do
canal de drenagem existente na divisa entre a Infraero e a área onde será construído o novo Colégio
Militar de São Paulo (CMSP) - na área militar do sítio aeroportuário, uma vez que o escoamento das
águas pluviais do Colégio será direcionado para o mesmo canal utilizado pela Infraero, já insuficiente
para a adequada vazão.
Segundo dados disponíveis no Data Room, há dois canais de drenagem no interior do aeroporto e um
lago artificial interligado a um destes canais para auxiliar o escoamento pluvial em períodos chuvosos
e evitar inundações.
O canal localizado em frente à SCI, no dia da visita, estava assoreado, e conforme informado pela
equipe Infraero possui características perene, por nunca secar. Anualmente é realizada limpeza deste
canal.
Com base em dados coletados durante a entrevista na visita, o lago, originado a partir de uma cava
que provavelmente foi construída para auxiliar no escoamento e drenagem de água para dentro do
aeroporto sofre influência direta com a vazão do rio Tietê, e devido a isso, a vegetação presente no
entorno da parcela pode ser enquadrada como Área de Preservação Permanente (APP). Já os canais
são artificiais e não se enquadram na exigência de possuir outorga de direitos de uso dos recursos
hídricos, sendo dispensados através do Ofício/SUP/510/2003 e Ofício BAT/N° 57/09, respectivamente.
As Figura 3-147 à Figura 3-153 apresentam as condições dos sistemas de drenagem existentes no
aeroporto.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 194
Figura 3-147: Canal alargado para direcionamento Figura 3-148: Canal de drenagem assoreado em
de água paralelo ao córrego Ten. Rocha frente a SCI
Figura 3-149: Lagoa com influência direta do rio Figura 3-150: Lagoa com resíduos vindos do rio
Tietê Tietê
Figura 3-151: Trecho de cerca que tombou em Figura 3-152: Muro vazado para passagem de água
inundação (cabeceira 12) na divisa com o córrego Ten. Rocha
Cabe destacar que, conforme já relatado nos itens de água potável e esgoto sanitário, está em trâmite
a licitação nº 061/LALI-5/SBMT/2020, para a contratação de empresa que executará o monitoramento
da qualidade de água potável, dos padrões de lançamento de efluentes sanitários e análise de água
superficial, por meio do TR – MT.01/861.92/000394/00.
No TR estão previstas 10 (dez) coletas semestrais para análise dos parâmetros contemplados em
artigos do Decreto Estadual nº 8.468/1976 e na Resolução CONAMA nº 357/2005. Estas coletas devem
abranger os canais de drenagem, córrego Tenente Rocha e as caixas separadoras água-óleo (SAO)
existentes nas áreas de lavagem de aeronaves.
É importante citar que durante a visita técnica no aeroporto foi possível identificar diversos locais onde
são realizadas atividades potencialmente contaminantes, mas que não possuem dispositivos para
contenção ou drenagem oleosa. Estas ocorrências foram apontadas como passivos nos Estudos
Ambientais, e podem ser visualizadas nas Figura 3-154 à Figura 3-159.
Não há caixa separadora água-óleo (SAO) em áreas administradas pela Infraero, somente em alguns
hangares que realizam lavagem de aeronaves.
Figura 3-154: Área do pátio com manchas de óleo e Figura 3-155: Área de manutenção da Infraero não
desprovida de drenagem oleosa possui drenagem oleosa
Figura 3-156: Área de manutenção da Infraero não Figura 3-157: Área de manutenção da Infraero não
possui drenagem oleosa possui drenagem oleosa
Figura 3-158: Área de estacionamento de CCI Figura 3-159: SCI – drenagem pluvial sem
desprovida de drenagem oleosa direcionamento para caixa SAO
Com base nas atividades da FOXX/HAZTEC, bem como na análise dos resultados obtidos no estudo,
pode-se concluir:
• O fluxo da água subterrânea na área varia, na área dos concessionados (hangares), o
fluxo é voltado para sul (sentido ao Rio Tietê). Na área norte e no extremo leste da
cabeceira da pista de pouso/decolagens, o fluxo é no sentido do Córrego Tenente
Rocha;
• Os resultados analíticos das amostras de solo coletadas não detectaram nenhuma SQI
acima dos respectivos valores de intervenção adotados para este estudo;
• Os resultados analíticos das amostras de água subterrânea apresentaram
concentrações acima dos respectivos valores de intervenção para Bário e Estireno nos
poços localizados na Área B (PM-41, PM- 42A, PM-45 e PM-46) onde, também, está
localizado um trecho do Córrego Tenente Rocha. Segundo estudos anteriores, nesta
área (área “B”) há o histórico de disposição de resíduos diversos, assim estas
concentrações anômalas podem estar associadas a estes resíduos;
• O Bário pode ser de origem natural na região visto que sua ocorrência na área é difusa,
sendo que foram observadas concentrações acima do limite de quantificação em 37
das 40 amostras de água subterrânea coletadas na atual campanha e, verificando os
resultados desta SQI em campanhas anteriores, o mesmo comportamento foi
identificado;
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 202
Figura 3-162: Poço de monitoramento na SCI Figura 3-163: Poço de monitoramento na lateral do
Tenente Rocha
Figura 3-164: Poço de monitoramento gerador Figura 3-165: Poço de monitoramento hangar ATB
Também consta registro de um passivo ambiental no aeroporto, que foi também foi indicado no
capítulo 4 deste relatório. De acordo com o Relatório de Avaliação de Conformidade Ambiental, de
outubro de 2018, ocorreu um acidente aéreo no Aeroporto Campo de Marte, em 29 de julho de 2017,
que ocasionou um vazamento de combustível na faixa de pista. O aeroporto foi orientado a retirar e
destinar a camada de solo até a profundidade não atingida pelo combustível, preenchendo o espaço
com porções de solo ou areia limpo, assim como a entrar em contato com a CETESB para informar o
ocorrido. O órgão ambiental solicitou apenas o envio do relatório dos serviços realizados. Porém até o
dia nossa visita, a camada de solo contaminado não havia sido retirada.
Figura 3-166: Local do vazamento causado pelo Figura 3-167: Local do vazamento pós acidente –
acidente - TWY-J TWY-J (grama recuperada)
O Capítulo 4 apresenta o levantamento dos passivos, incluindo as áreas que possuem potencial ou são
suspeitas de contaminação.
Durante a visita técnica, algumas áreas foram classificadas com potencial de contaminação ou de risco,
sendo as principais:
• Ausência de sistema de drenagem oleosa e caixa SAO no pátio e na SCI;
• Áreas de manutenção;
• Área de abrigo de resíduos contaminados;
• Área de resíduos do hangar da Marte;
• Aeronaves abandonadas;
• Área de manutenção do Hangar da Polícia Militar com lateral sem contenção na divisa
com área gramada;
• PAAs.
Outro aspecto relevante no que diz respeito ao tema emergências, diz respeito a ausência de AVCB em
algumas edificações do aeroporto. Consta na ACA de 2018, que foi realizada reunião entre gestores do
Aeroporto para tratar do Ofício nº 12.464/2018 (PR-SP-00098996/2018), referente ao Inquérito Civil
nº 1.34.001.001981/2017-15 (já citado no item 2.1.6 deste relatório), encaminhada pelo Ministério
Público Federal à Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública de São Paulo, por ausência
de AVCB. Durante a visita técnica foram prestadas as seguintes atualizações a respeito do AVCB:
• TPS – obras de adequação concluídas. Aguardando vistoria dos bombeiros;
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 204
Figura 3-168: Manchas no pátio da Infraero – sem Figura 3-169: Manchas no piso da SCI e área de
caixa SAO abastecimento ao fundo – sem caixa SAO
Figura 3-170: Manchas no piso da área de Figura 3-171: Manchas no piso da área de
Manutenção – sem caixa SAO Manutenção – sem caixa SAO
Figura 3-172: Abrigos de resíduos perigosos – sem Figura 3-173: Manchas na área gramada em frente
caixa SAO ou contenção ao abrigo de resíduos perigosos
Figura 3-174: Resíduos perigosos no hangar Marte Figura 3-175: Resíduos perigosos no hangar Marte
Figura 3-176: Aeronave abandonada atrás da SCI Figura 3-177: Aeronave abandonada em frente ao
Hangar da Vortex
Figura 3-180: PAA Shell Figura 3-181: Hangar Polícia Militar – sem contenção
na lateral gramada
Figura 3-184: Produtos químicos no almoxarifado Figura 3-185: Produtos químicos no almoxarifado
Figura 3-186: Produtos químicos no almoxarifado Figura 3-187: Produtos químicos no almoxarifado
Figura 3-188: Produtos químicos na manutenção Figura 3-189: Produtos químicos na manutenção
Figura 3-190: Produtos químicos na manutenção Figura 3-191: Produtos químicos na manutenção
Engajamento de stakeholders
Contextualização
No quesito socioambiental, manter um bom relacionamento e a comunicação constante com os
stakeholders é fundamental para o desenvolvimento estratégico do aeroporto.
O engajamento de stakeholders nos processos de expansão, desenvolvimento e operação do sítio
aeroportuário contribui para a sustentabilidade do empreendimento, estabelecendo benefícios
mútuos para as partes envolvidas. Além disto, quando stakeholders são inseridos nos processos, o
sentimento de pertencimento no projeto, que surge em cada parte interessada, eleva as chances de
resultados positivos e bem-sucedidos. A Figura 3-192 ilustra os principais stakeholders de um
aeroporto.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 209
Risco da Fauna (CGRF) com a participação de representantes de órgãos públicos e demais organizações
da sociedade civil cuja colaboração for pertinente ao gerenciamento de risco da fauna. Contudo, o
operador pode optar pela sua continuidade focando a redução de focos atrativos na ASA. Ainda, pela
proximidade dos Aeroportos Campo de Marte e Congonhas, sugere-se a unificação da CGRF para esses
dois empreendimentos. O aeroporto atualmente mantém uma CGRF instituída por meio do Ato
Administrativo SBMT-ASS-2020/000015 de 24 de junho de 2020.
No que se refere ao ruído aeronáutico, a Subparte F do RBAC 161 dispõe que o aeroporto que possua
um PEZR deve instituir uma Comissão de Gerenciamento de Ruído Aeronáutico (CGRA), com o papel
de estudar, propor e implementar medidas para mitigar o impacto do ruído aeronáutico,
disponibilizando canais de comunicação para recolhimento de informações e recebimento de
reclamações por parte da população. Em relação a esse tema, foi verificado que o aeroporto possui
uma CGRA instituída. Durante a visita técnica, foi informado que não há reclamações de ruídos por
parte da população. No website da Infraero, conforme consulta em 17 de março de 2021 ao link
http://www.infraero.gov.br/fcraweb/, há um canal direto de Comunicação de Ruído Aeronáutico,
onde deve ser preenchido um Formulário de Cadastro de Ruído Aeronáutico.
Para outras questões ambientais, não há legislação que obrigue o aeroporto a manter um canal de
comunicação, mas sua existência é uma excelente ferramenta de negócios, por meio da qual se
procura compreender as necessidades dos clientes, usuários, fornecedores e outros participantes do
grupo.
Para outros assuntos, a Infraero dispõe no seu website (link Fale Conosco): um canal de ouvidoria cujo
atendimento é realizado por meio do website do Fala.BR (plataforma integrada de ouvidoria e acesso
à informação de órgãos e entidades do poder público), pessoalmente na sede da Infraero, por carta,
ou através de ligação telefônica gratuita; Portal de acesso à informação, baseando-se na Lei nº
12.527/2011, com o Serviço de Informações ao Cidadão (SIC); o canal online Simplifique, baseado no
Decreto Federal nº 9.094/2017; e as Redes Sociais da Infraero.
O Relatório Executivo Sintético da Ouvidoria, de 2019, disponível no website do Portal da
Transparência da Infraero, aponta que o principal canal utilizado é o formulário eletrônico, em segundo
lugar estão as manifestações impressas. As maiores demandas estão relacionadas a empregados da
empresa, manutenção, conforto, segurança e limpeza. Na análise comparativa entre os anos de 2018
e 2019, a Infraero apresenta que o Aeroporto Campo de Marte teve um aumento de 40,0% das
reclamações.
Considerando a ascensão das redes sociais nas interações entre as corporações e o público geral, a
Infraero emitiu um relatório, disponível no seu Portal de Transparência, analisando a
representatividade da empresa nos principais canais no período de janeiro a dezembro de 2017. Os
resultados apontaram que os questionamentos mais presentes se referiram às obras, climatização,
serviços, tarifa de embarque e infraestrutura. O Aeroporto Campo de Marte não foi citado pelos
usuários das redes sociais no período da análise.
Outras fontes externas também são importantes na obtenção de informações, como o canal Fale com
ANAC e a Ouvidoria dessa agência.
Em relação à comunidade do entorno, a Infraero relatou que a convivência é relativamente
harmoniosa, exceto durante grandes eventos/shows que ocorrem na avenida Santos Dumont ou até
mesmo dentro da área militar, com shows da Esquadrilha da Fumaça e outros, comprometendo a
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 211
Sustentabilidade
Contextualização
Nos últimos anos, organizações governamentais, empresariais e a sociedade civil têm implementado
em seus níveis de atuação, práticas sustentáveis e de responsabilidade socioambiental. A
sustentabilidade de um negócio não se atém apenas ao seu desempenho ambiental, mas também ao
conjunto de ações que impactam positivamente o seu desempenho econômico, social e ambiental.
É crescente o número de organizações que divulgam, em seus relatórios anuais de sustentabilidade,
seu desempenho organizacional de forma transparente, em busca de confiabilidade perante seus
principais stakeholders (a sociedade, investidores e governos). Atualmente, a maior referência mundial
para a padronização de relatórios de sustentabilidade é a Global Reporting Initiative (GRI), instituição
global independente, responsável pela criação de indicadores empresariais de desempenho
sustentável. É relevante salientar que a GRI possui um suplemento setorial para operadores
aeroportuários, que apresenta indicadores específicos para o setor.
Além da divulgação de relatórios anuais, as organizações têm implementado boas práticas de
Controles Internos e Compliance na Governança Corporativa, em busca de maior transparência e ética
nos processos, que são pilares da sustentabilidade.
Métodos e Resultados
No Portal da Transparência da Infraero é possível identificar Relatórios de Resultados Ambientais entre
os anos de 2003 e 2013. Entre 2004 e 2019, a Infraero publicou Comunicados de Progresso, na forma
de Relatórios Anuais, contendo ações implementadas pela empresa em atendimento aos 10 princípios
do Pacto Global das Nações Unidas, as demonstrações financeiras, o parecer da auditoria
independente, bem como o parecer do Conselho Fiscal. Os documentos combinam diretrizes da GRI e
da International Integrated Reporting Council (IIRC). Contudo, eles trazem um panorama geral da
empresa Infraero, sem detalhar o desempenho específico de cada aeroporto.
Alinhada à tendência mundial, como parte das iniciativas para o desenvolvimento de um setor aéreo
sustentável no Brasil, a ANAC elaborou o projeto “Aeródromos Sustentáveis”, o qual foi lançado em
2019 e a segunda edição foi publicada no Edital de Chamamento Público nº 49/ANAC/2020. O projeto
tem como diretriz ser um instrumento de incentivo não-regulatório visando a disseminação de boas
práticas de gestão ambiental em aeródromos e o reconhecimento de iniciativas proativas ligadas à
sustentabilidade das operações aéreas.
Os critérios globais avaliados no projeto “Aeródromos Sustentáveis” são rotulados em 03 dimensões:
• I – Socioambiental;
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 212
• II – Recursos naturais; e
• III – Externalidades.
Para cada critério global, são atribuídos critérios específicos e pesos de pontuação. A metodologia
utilizada para avaliação dos pesos atribuídos foi a Analytic Hierarchy Process – AHP (Método de análise
hierárquico), desenvolvido para ajudar a tomada de decisão a partir de uma série de fatores, sejam
eles quantitativos ou qualitativos.
O método utilizado para a classificação dos aeródromos é diferente entre as edições (2019 e 2020). A
partir da avaliação dos dados submetidos pelos operadores, os aeródromos foram classificados,
segundo a 1ª edição, em 3 níveis de implementação de ações de sustentabilidade:
• I – Nível Avançado: aeródromos que obtiverem resultado maior ou igual a 75%;
• II – Nível Intermediário: aeródromos que obtiverem resultado maior ou igual a 50% e
menor que 75%;
• III – Nível inicial: aeródromos que obtiverem resultado maior ou igual a 25% e menor
que 50%.
A 2ª edição utiliza o critério de separar os participantes em grupos conforme o que é disposto no RBAC
153, Emenda nº 05, e na Portaria nº 1.540/SIA/2020. Após essa divisão, os aeroportos com pontuação
final inferior a 25% serão excluídos e os outros participantes classificados em dois níveis quanto às
ações de sustentabilidade implementadas, considerando-se o resultado em relação ao seu grupo,
sendo:
• Primeira Classe – Aeroportos que obtiveram pontuação final igual ou maior do que a
média simples do seu grupo; e,
• Classe Executiva – Aeroportos que obtiveram pontuação final menor do que a média
simples do seu grupo.
O edital de 2020 não especificou o cronograma de divulgação dos resultados e até a data final de
elaboração desse relatório, a ANAC não havia publicado a avaliação final. Portanto, não é possível
afirmar a participação e desempenho do Aeroporto Campo de Marte na 2ª edição.
O Aeroporto Campo de Marte não participou dessa iniciativa. Contudo, sugere-se que o novo
administrador considere a inscrição na próxima edição.
No Quadro 3-2 é apresentada uma avaliação para o Aeroporto Campo de Marte, feita exclusivamente
no âmbito deste estudo, para a identificação do status atual de cada critério que compõe a 2ª edição
do Projeto Aeródromos Sustentáveis da ANAC.
A avaliação se baseou nas informações coletadas no Data Room e na visita técnica ao aeroporto e,
portanto, podem diferir das informações repassadas pela Infraero à ANAC.
No Capítulo 8 são propostas ações, boas práticas e recomendações para a gestão socioambiental do
Aeroporto Campo de Marte, com a indicação de programas e planos, assim como são sugeridos
indicadores para a avaliação do desempenho socioambiental do empreendimento.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 213
Fonte: Infraero
Segundo identificado na visita técnica e documentação avaliada, o Aeroporto Campo de Marte possui
uma representante local, responsável pelo meio ambiente, engenheira civil, que atua com o suporte
da Regional.
Por meio da visita técnica no aeroporto, foi possível constatar que a Política Ambiental e Programas
da Infraero não estão devidamente implantados. Há condicionantes das licenças ambientais não
atendidas ou parcialmente atendidas. Além da realidade de campo não refletir, em diversos aspectos,
os estudos e planos avaliados no Data Room, na vista de processo de licenciamento e outras
bibliografias consultadas.
O aeroporto não possui um programa de educação ambiental. Consta no relatório de avaliação de
conformidade ambiental, de outubro de 2018, que a representante de meio ambiente realizou
somente duas palestras - desde 2017 - sendo uma na reunião do CGA, quando foi tratado o tema de
resíduos e outra sobre meio ambiente, na Semana da CIPA, ambas reuniões com baixíssimo quórum.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 223
amigável e intuitiva, permitindo que o usuário possa facilmente analisar e navegar entre o
macrocenário do aeroporto e o microcenário de cada passivo.
Na referida planilha do Excel, para cada situação não conforme levantada, seja por verificação em
campo ou nos estudos avaliados, foi feito o preenchimento na ficha, presente nas abas do arquivo. As
fichas apresentam as informações sobre a descrição da situação identificada e a localização, onde é
detalhada a especificação da região ou o local do aeroporto onde a situação inadequada foi
encontrada, quando não for aplicável, o campo é preenchido com NA.
Para cada passivo socioambiental levantado na situação identificada foi atribuído um código e
classificação conforme sua categoria.
Os passivos identificados também foram classificados quanto à sua origem em:
• Administração Local (AL): Quando o administrador aeroportuário é o provável causador
do passivo, ou quando avaliado que ele é o responsável por realizar a recuperação do
dano;
• Terceiros (T): Quando empresas terceiras são os prováveis causadores do passivo e
responsáveis por sua recuperação.
Com relação à dinâmica do passivo, ele pode ser classificado em:
• Ativo: A situação causadora do passivo ainda está ocorrendo;
• Inativo: A situação causadora do passivo não está mais ocorrendo;
• Não aplicável.
O quantitativo é preenchido por uma estimativa obtida com o auxílio das informações da visita de
campo e imagens de satélite. Quando não for aplicável, o campo também é preenchido com NA.
Nas diretrizes para remediação ou recuperação da área impactada são apresentadas as medidas de
remediação ou recuperação necessárias para controle ou eliminação do passivo.
Para cada passivo socioambiental levantado e classificado foi realizada uma avaliação de Risco,
conforme metodologia detalhada no subitem 4.1.2 Metodologia para a avaliação do risco dos passivos,
com o intuito de identificar a probabilidade e a severidade de danos que o impacto associado ao
passivo ambiental pode causar.
A precificação dos passivos é apresentada em 03 colunas:
• Precificação (R$) exclusiva de passivos: quando os valores são orçados
especificamente para solucionar os passivos, e, estão incorporados exclusivamente no
CAPEX do orçamento socioambiental ou de Engenharia;
• Precificação (R$) integrada a orçamentações: quando os valores levantados estão
integrados à orçamento pré-existentes, por exemplo, associados ao CAPEX de
Engenharia para implementação do Plano de Desenvolvimento, ou, vinculados ao
OPEX do orçamento socioambiental ou de manutenção;
• Precificação de referência (R$), para valores orçados apenas como referência para os
passivos de responsabilidade de Terceiros (T), que não compõem o Orçamento
Socioambiental e de Engenharia.
Por fim, na coluna Observações, são apresentadas as informações sobre as especificidades das
precificações dos passivos de acordo com as premissas supramencionadas.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 226
O orçamento foi realizado baseado na recuperação ou remediação dos passivos identificados como de
responsabilidade do Administrador Local (AL) conforme metodologia detalhada no subitem 4.1.3
Metodologia para a valoração dos passivos. Os passivos de responsabilidade de Terceiros (T) tiveram
seus valores apresentados apenas como referência.
Importante reforçar que todas as informações dos passivos, descritas nos parágrafos anteriores, foram
inseridas em um único arquivo do Excel (.xlsx), que se encontra disponível no Anexo 2- Passivos
Socioambientais e com essa base nesses dados foram gerados gráficos com informações estatísticas
desse levantamento.
Quadro 4-1: Etapas do gerenciamento de áreas contaminadas conforme a Resolução CONAMA nº 420/2009
Etapa Objetivos Estudos
• Projeto de Monitoramento
Executar ações de controle ou de remedição do
Intervenção
dano, considerando o uso atual e futuro. • Projeto de Remediação
(recuperação do dano)
Fonte: Consórcio GCA
Área em Processo de
Área em que o risco for considerado tolerável, após a execução de avaliação de
Monitoramento para
risco.
Reabilitação (AMR)
Área Reabilitada para Após período de monitoramento, definido pelo órgão ambiental competente, que
o Uso Declarado (AR) confirme a eliminação do perigo ou a redução dos riscos a níveis toleráveis.
Para definição das etapas necessárias, foi considerado os resultados provenientes da análise do risco
do passivo, cujo detalhamento é apresentado no item 4.1.2 Metodologia para a avaliação do risco dos
passivos. O Quadro 4-3 apresenta as etapas previstas para atuação, de acordo sua classificação de
risco.
cursos d’água, o assoreamento também contribui para o aumento das inundações e prejuízos à vida
aquática.
A identificação de áreas degradadas nesse estudo foi realizada por meio da observação das condições
do solo durante a visita técnica de campo, por meio de técnicas de interpretação de imagens de satélite
e de geoprocessamento que permitiram a identificação e delimitação das áreas com solo exposto,
avaliação dos documentos disponibilizados no Data Room e análise das informações dos processos
visualizados no órgão ambiental.
Metodologia para o levantamento de Passivos decorrentes de descumprimento de obrigações
legais
As atividades realizadas em um aeroporto afetam diversos aspectos socioambientais, conforme
demonstrado previamente no Capítulo 3 - Diagnóstico Socioambiental e de Sustentabilidade. Essas
atividades, se não forem corretamente gerenciadas, podem resultar em impactos ambientais
mitigáveis e até em degradação ambiental irrecuperável.
Quando ocorre o descumprimento das obrigações previstas nas legislações ambientais, o atendimento
parcial de solicitações feitas por órgãos de fiscalização ou o descumprimento de acordos, como por
exemplo Termos de Compromisso, que resultam em danos ao meio ambiente, o empreendimento é
passível de receber multas, notificações e ser parte em processos judiciais e inquéritos civis.
Nesse cenário, além de recuperar o dano ambiental, o empreendedor deve arcar com os demais custos
associados a multas e processos judiciais, sendo que ambas as despesas são enquadradas como
passivos ambientais.
A identificação dos passivos decorrentes de multas, irregularidades ambientais e/ou sociais devido ao
descumprimento de obrigações legais foi realizada por meio da avaliação dos documentos
disponibilizados no Data Room, pelos documentos dos processos de licenciamento ambiental,
pesquisa bibliográfica e informações obtidas durante a visita técnica de campo realizada no aeroporto.
Metodologia para o levantamento de passivos decorrentes de ocupações irregulares
Estão sendo consideradas passivos decorrentes de ocupações irregulares, as áreas que estão sendo
utilizadas por terceiros no interior do sítio aeroportuário, sem o consentimento ou contrato formal
com a Infraero, e, as áreas que estavam previstas desapropriação e que permanecem no Plano de
Desenvolvimento deste estudo. A identificação desses locais foi realizada durante a visita técnica de
campo e por meio de avaliação documental.
como: muito baixo, baixo, médio, alto ou muito alto. A matriz que sintetiza esta avaliação é
apresentada na Figura 4-1.
Para a avaliação de risco ambiental da área de interesse, os seguintes parâmetros são avaliados para
permitir a sua classificação:
Probabilidade de danos
• Iminente/Praticamente certa: Dano ambiental e dano à imagem da empresa
aparentemente certos, com grande chance de acontecer ou que pode acontecer a
qualquer momento, apesar de não ter ocorrido;
• Provável e mensurável com suficiente segurança: Dano ambiental e dano à imagem
da empresa podem ocorrer ou quando a chance de ocorrer é maior do que não
ocorrer. E quando mensurável com suficiente segurança;
• Provável e NÃO mensurável com suficiente segurança: Dano ambiental e dano à
imagem da empresa podem ocorrer ou quando a chance de ocorrer é maior do que
não ocorrer. Porém quando NÃO mensurável com suficiente segurança;
• Possível: Quando a chance do dano ambiental e dano à imagem da empresa ocorrer
for menor que provável, mas maior que remota;
• Remota: Quando a chance do dano ambiental e dano à imagem da empresa ocorrer é
pequena.
Severidade de danos
• Leve: Impacto ambiental negligenciável;
• Moderada: Impacto ambiental controlável, restrito a área do empreendimento;
• Grave: Dano ambiental restrito a área do empreendimento que exige ações imediatas
de recuperação com duração inferior a 01 (um) ano;
• Crítica: Dano ambiental que pode alcançar áreas externas à instalação que exige ações
imediatas de recuperação com duração superior a 01 (um) ano;
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 231
• Catastrófica: Dano ambiental que alcança áreas externas à instalação e que provoca
graves desequilíbrios ecológicos. Exige ações imediatas.
Classificação de Risco
• Risco muito baixo: Atuação não prioritária;
• Risco baixo: Atuação a médio prazo;
• Risco médio: Atuação a curto prazo;
• Risco alto: Atuação urgente;
• Risco muito alto: Atuação urgente, requerendo medidas imediatas.
1) Correção imediata:
Implantar sistema de 1) Valor da correção
Irregularidades
drenagem oleosa e Risco imediata incluso no
P11 físicas e áreas AL Ativo 1.000 m² 3 3 R$ 252.712,21 R$ 0,00 R$ 0,00
direcionamento para caixa Médio CAPEX Engenharia e
degradadas
SAO nas áreas potenciais de Afins - Fase 1
contaminação.
Área de
recebimento de 1) Correção imediata:
1) Valor da correção
O aeroporto não possui área de recebimento efluentes Irregularidades Implantar área de
Risco imediata incluso no
F07 de efluentes sanitários provenientes das sanitários P14 físicas e áreas AL Ativo 25 m² recebimento de efluentes 2 3 R$ 0,00 R$ 98.028,11 R$ 0,00
Baixo CAPEX Engenharia e
aeronaves (cloaca). provenientes das degradadas sanitários provenientes das
Afins - Fase 1
aeronaves aeronaves.
(cloaca)
1) Correção imediata:
1) Valor da correção
Irregularidades Implantar ponto de
Risco imediata incluso no
P15 físicas e áreas AL Ativo 25 m² fornecimento de água potável 2 3 R$ 3.535,12 R$ 0,00 R$ 0,00
Baixo CAPEX Engenharia e
degradadas de acordo com os requisitos
Afins - Fase 1
da RDC ANVISA nº 91/2016.
1) Valor da correção
imediata está
incluso no OPEX do
1) Correção imediata:
orçamento
Fazer análise de potabilidade
O aeroporto não dispõe de ponto de socioambiental,
Ponto de no Ponto de fornecimento de
fornecimento de água potável para especificamente na
F08 fornecimento de água potável.
abastecimento dos veículos de apoio às composição do SGA
água potável 2) Correção sistêmica:
aeronaves. Descumprimento proposto;
Elaborar e implementar o Risco
P16 de obrigações AL Ativo 01 amostra 2 3 R$ 0,00 R$ 2.328,00 R$ 0,00 2) As ações das
Plano de Gerenciamento de Baixo
legais correções sistêmicas
Recursos Hídricos conforme
têm seus valores
proposição do SGA exposto
inclusos no OPEX do
no Capítulo 8, que prevê o
orçamento
Plano de Gestão e
Socioambiental,
Amostragem de potabilidade.
especificamente na
composição do SGA
proposto (PGRH).
1) Correção imediata:
Implantar sistema de 1) Valor da correção
Irregularidades
drenagem oleosa e Risco imediata incluso no
P17 físicas e áreas AL Ativo 300 m² 3 3 R$ 305.675,22 R$ 0,00 R$ 0,00
direcionamento para caixa Médio CAPEX Engenharia e
degradadas
SAO nas áreas com atividades Afins - Fase 1
Foram visualizadas manchas de óleo no piso potenciais de contaminação.
intertravado da SCI. O local não possui piso 1) Correção imediata:
impermeável, drenagem oleosa e Realizar investigação
F09 SCI
direcionamento para caixa separadora de confirmatória, investigação
água e óleo (SAO). No local são realizadas Áreas 1) Valor da correção
detalhada, análise de risco
pequenas manutenções. contaminadas, imediata incluso no
toxicológico à saúde humana, Risco
P18 suspeitas ou com AL Ativo 300 m² 3 3 R$ 560.285,00 R$ 0,00 R$ 0,00 CAPEX do
modelagem matemática de Médio
potencial de orçamento
fluxo de água subterrânea e
contaminação socioambiental.
transporte de contaminantes
e monitoramento ambiental
por 2 anos.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 237
Precificação Precificação
Código
Diretrizes para (R$) (R$) Precificação de
Ficha Descrição da situação identificada Localização do Categoria Origem Dinâmica Quantitativo Pd Sd Risco Observações
remediação/recuperação exclusiva de integrada a referência (R$)
passivo
passivos orçamentações
Foi identificado o acondicionamento
inadequado, em área permeável, de resíduos 1) Correção imediata:
oleosos e combustíveis no Hangar da Marte. a) Terceiros com atividades
O local dos resíduos não conta com potenciais de contaminação
contenção, drenagem oleosa e caixa deverão implantar sistemas
separadora de água e óleo (SAO). de drenagem oleosa e 1) Valor referencial,
Hangar Marte e Irregularidades
Também se verificou a presença de animais direcionamento para caixa Risco não incluso no
F10 Hangar da Polícia P19 físicas e áreas T Ativo 5.000 m² 3 3 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 218.721,71
domésticos (gatos). SAO; Médio CAPEX por ser área
Militar degradadas
Já no hangar da Polícia Militar, foi b) Terceiros deverão possuir de terceiros.
identificado que uma das canaletas de áreas de armazenamento de
drenagem não está direcionada para a caixa produtos químicos e resíduos
SAO existente no local. A área é utilizada de acordo com os requisitos
para a realização de manutenção das legais.
aeronaves.
Foi identificada que na porção sul do
aeroporto, no antigo Bar da Brahma, há
cerca baixa (vulnerabilidade), aumentando o
1) Valor da correção
risco de entrada de pessoas e fauna, uma vez Irregularidades
1) Correção imediata: Risco imediata incluso no
F11 que o local está "abandonado" e a via é Cercamento P20 físicas e áreas AL Ativo 600 m 3 4 R$ 162.208,11 R$ 0,00 R$ 0,00
Implantar cerca. Médio CAPEX Engenharia e
pública. degradadas
Afins - Fase 1
Também há vulnerabilidade entre as áreas
operacionais e militares, cujos cercamentos
são móveis ou estão avariadas.
Observação: O Passivo 33 (F23) foi excluído do presente levantamento em decorrência da atualização de informação encaminhada pela Infraero na Consulta Pública (Contribuição nº 18.497).
Subtotal
Administrador R$ 8.411.996,70
aeroportuário
Além das diretrizes para remediação/recuperação apresentadas para a resolução de cada passivo
individualmente, para uma gestão socioambiental efetiva e prevenção de passivos, no Capítulo 8 é
proposta a implantação de Diretrizes de Sustentabilidade, de um Sistema de Gestão Ambiental e de
Indicadores de Desempenho.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 245
A estrutura proposta do sistema de gestão se baseou no diagnóstico e avaliação realizada neste estudo
para o aeroporto, contemplando todos os aspectos socioambientais levantados. O detalhamento do
diagnóstico e da avaliação podem ser verificados no Capítulo 3.
Quadro 5-1: Principais legislações que abordam o tema compatibilidade do uso do solo e atividade
aeroportuária
TEMA LEGISLAÇÃO ASSOCIADA
Figura 5-1: Compatibilização entre planos do aeroporto e o uso do solo em seu entorno
Além das restrições impostas pelos planos listados anteriormente, para a segurança de voo é
necessário avaliar os efeitos adversos de Objetos Projetados no Espaço Aéreo (OPEA) de natureza
perigosa dentro dos limites laterais das superfícies de aproximação, decolagem ou transição, mesmo
que esses objetos não ultrapassem os seus limites verticais.
Segundo a Portaria nº 1424/GC3, de 14 de dezembro de 2020, que instituiu a ICA 11-408, são
considerados OPEA de natureza perigosa todo aquele objeto ou atividade que produza ou armazene
material explosivo ou inflamável, que cause perigosos reflexos, irradiações, fumaça ou emanações,
bem como outras que possam proporcionar riscos à segurança de voo.
Para o bom desenvolvimento do aeroporto, é fundamental manter as áreas do entorno compatíveis
com as atividades aeroportuárias e, para que esse objetivo seja alcançado, é necessário que o operador
do aeródromo mantenha seus planos sempre atualizados e aprovados pelas autoridades competentes,
principalmente quando houver alterações significativas na operação e em sua infraestrutura.
Conforme prevê o artigo 30 da Constituição Federal, compete aos municípios promover adequado
ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação
do solo urbano, portanto é responsabilidade dos municípios abrangidos pelos planos de proteção do
aeródromo preservar e adequar o ordenamento do uso do solo nas regiões circunvizinhas ao
aeroporto, incluindo nos instrumentos municipais as necessidades e restrições impostas pelos planos
e áreas de proteção do aeroporto.
Considerando que os planos apresentam, por vezes, conteúdo extremamente técnico, é recomendado
que o administrador aeroportuário celebre acordos de cooperação técnica com os municípios
afetados, com o objetivo de facilitar a inserção dos planos nas legislações municipais.
Para a exposição do conteúdo de compatibilidade entre as atividades aeroportuárias e o uso do solo,
tanto no cenário atual como no cenário futuro de desenvolvimento do aeroporto, o presente capítulo
foi organizado de acordo com seguintes itens:
• Ordenamento urbano no entorno do aeroporto;
• Ocupações irregulares e desapropriações no entorno do perímetro aeroportuário;
• Zonas de Proteção;
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 251
• Zoneamento de ruído;
• Área de Segurança Aeroportuária e focos atrativos à fauna.
Na Figura 5-2 é possível visualizar o macrozoneamento na região norte do município de São Paulo,
onde a cidade faz divisa com os municípios de Osasco, Guarulhos, Caieiras e Mairiporã. Observa-se que
o Aeroporto Campo de Marte, assim como o território ao seu redor, está inserido na Macrozona de
Estruturação e Qualificação Urbana.
Entre os objetivos da Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana estão a compatibilidade do
uso e ocupação do solo com a oferta de transporte coletivo e de infraestrutura para os serviços
públicos, a reestruturação urbana para repovoar os espaços com poucos moradores, a
descentralização das oportunidades de trabalho, beneficiando os bairros periféricos e a manutenção,
proteção e requalificação das zonas exclusivamente residenciais.
Para orientar o desenvolvimento urbano e atingir seus objetivos, ambas macrozonas foram
subdivididas em 04 (quatro) macroáreas.
A Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana, onde o aeroporto está inserido, foi subdividida
nas seguintes macroáreas:
• I - Macroárea de Estruturação Metropolitana;
• II - Macroárea de Urbanização Consolidada;
• III - Macroárea de Qualificação da Urbanização;
• IV - Macroárea de Redução da Vulnerabilidade Urbana.
Como pode ser visto na Figura 5-2, o Aeroporto Campo de Marte está totalmente inserido na
Macroárea de Estruturação Metropolitana, no setor Orla Ferroviária e Fluvial, subsetor Arco Tietê. Na
porção norte do aeroporto, em uma pequena porção no entorno de seu perímetro patrimonial, o
território urbano é categorizado como Macroárea de Qualificação da Urbanização.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 253
padrões de uso e ocupação, com grande potencial de transformação. Essa Macroárea é composta por
três setores, entre eles, o Setor Orla Ferroviária e Fluvial, onde o aeroporto está inserido.
Entre os objetivos do Setor Orla Ferroviária e Fluvial, constam:
• as transformações estruturais para maior aproveitamento territorial com o aumento
nas densidades construtiva e demográfica e implantação de novas atividades
econômicas de abrangência metropolitana;
• a recuperação da qualidade dos sistemas ambientais existentes, rios e áreas
vegetadas;
• manutenção da população moradora, inclusive através da promoção da urbanização e
regularização fundiária de assentamentos precários e irregulares;
• produção de Habitações de Interesse Social (HIS) e Habitações de Mercado Popular
(HMP);
• redefinição dos parâmetros de uso e ocupação do solo para qualificação dos espaços
públicos e da paisagem urbana.
No entanto, a Macroárea de Qualificação da Urbanização é marcada pela existência de usos
residenciais e não residenciais instalados em edificações horizontais e verticais, com um padrão médio
de urbanização e de oferta de serviços e equipamentos.
Além do macrozoneamento, o Plano Diretor Estratégico determinou o zoneamento básico do
território. Criou as Zonas de Ocupação Especial (ZOEs) para diferenciar atividades como aeroportos,
que, segundo ele, requerem disciplina especial de uso e ocupação do solo em razão de suas
características únicas. As Zonas Especiais de Interesse Social (ZEISs), destinadas para habitação
popular, também foram constituídas pelo Plano Diretor.
O zoneamento da cidade foi detalhado pela lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (Lei
nº 16.402/2016), onde foram definidos os índices e parâmetros de parcelamento, uso e ocupação do
solo, como coeficiente de aproveitamento e gabarito máximo de altura das edificações.
A Figura 5-3 apresenta o zoneamento na região do aeroporto, onde é possível observar o predomínio
da Zona Eixo de Estruturação da Transformação Metropolitana (ZEM) no entorno do aeroporto.
Destaca-se que, ao lado da Zona de Ocupação Especial (ZOE), definida para a área patrimonial do
Aeroporto, encontra-se a ZOE marcada para o Pavilhão de Exposições do Anhembi. Em menor
proporção, as áreas adjacentes são reservadas para outros usos e atividades.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 255
Figura 5-4: Localização das Zonas Especiais de Interesse Social no entorno do aeroporto
Fonte: Prefeitura de São Paulo – sistema de consulta do mapa digital da cidade (GeoSampa)
Cabe mencionar que a Lei nº 16.050, de 31 de julho de 2014, também aprovou a Política de
Desenvolvimento Urbano. No Título III, Capítulo I, foram definidos polos e eixos de centralidades como
porções do território do município que concentram atividades terciárias, em especial comércio e
serviços, que devem ser qualificadas e fortalecidas. Entre as áreas compostas dos polos e eixos de
centralidades constam grandes equipamentos urbanos que polarizam atividades econômicas, como
terminais, centros empresariais e aeroportos.
Nesta mesma lei, a atividade aeroportuária também é mencionada no Capítulo V como integrante do
Sistema de Mobilidade Urbana da cidade de São Paulo, apresentando uma seção exclusiva chamada
Sistema de Infraestrutura Aeroviária. A instalação, reforma e ampliação de aeródromos e heliportos é
condicionada à apresentação de Estudo e Relatório de Impacto Ambiental - EIA/RIMA e Estudo e
Relatório de Impacto de Vizinhança - EIV/RIV, no âmbito do processo de licenciamento ambiental.
Nesta mesma seção também estava prevista a elaboração do Plano de Transporte e de Infraestrutura
Aeroviária, no prazo de 1 (um) ano, porém, cabe dizer que esse Plano ainda não foi formatado.
Em relação à incorporação das atividades aeroportuárias nas demais legislações que compõe o marco
regulatório do município de São Paulo, também é importante citar o artigo 6º da lei de zoneamento,
Lei nº16.402/2016, onde as atividades de aeroportos, aeródromos e helipontos são classificadas na
subcategoria de uso INFRA-2, e regras para implantação são definidas.
Além disso, cabe mencionar que o Código de Obras e Edificações (COE), sancionado pela Lei nº 16.642
de 09 de maio de 2017, e regulamentado pelo Decreto nº 57.776, de 07 de julho de 2017, disciplina
regras gerais para projetos, licenciamento, execução, manutenção, utilização de obras, edificações e
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 258
Figura 5-5: Rampas de proteção de aeródromos cadastradas pela prefeitura de São Paulo
Fonte: Prefeitura de São Paulo - Mapa digital da cidade de São Paulo - GeoSampa
Quadro 5-2: Diretrizes para o uso do solo em áreas afetadas por Planos de Proteção do aeroporto
Diretrizes para o uso do solo em
Município Instrumento jurídico áreas afetadas por planos de
proteção do aeroporto
Decreto nº 7.995/2014 –
Regulamenta as disposições da Lei
Não há diretrizes
Complementar nº 314, de 7 de
novembro de 2013, que especifica.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 260
Tendo em vista que os planos de proteção do aeroporto não foram inseridos no arcabouço legal dos
municípios atingidos, caberá ao futuro operador do aeródromo subsidiar os administradores
municipais com informações técnicas para que avaliem a necessidade de reclassificar as áreas
afetadas.
• Implantação de Taxiways;
• Implantação de vias de serviço e;
• Adequação de estruturas de apoio.
Além das obras, como pode ser visto no Quadro 5-3, são propostas alterações operacionais que
mudam a classificação do aeródromo.
O comparativo entre Cenário Atual e Cenário Futuro para o Aeroporto Campo de Marte permite
concluir que, após a implementação das obras e alterações operacionais, novas áreas serão afetadas
nas superfícies que compõem o PZPA e PZPANA.
Nas simulações do PZPA e PZPANA futuros também foram levantados os Objetos Projetados no Espaço
Aéreo (OPEA) que deverão ser registrados nos Planos de Proteção do aeroporto. As listagens dos
obstáculos são apresentadas no Relatório 02 – Estudos de Engenharia e Afins.
Conforme preconiza o art. 30 da Constituição Federal, compete aos municípios o ordenamento
territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano.
Entre os principais instrumentos municipais de planejamento urbano estão o Plano Diretor Urbano e
as Leis de Zoneamento, conforme analisado no subcapítulo 5.1, de forma detalhada para o município
de São Paulo.
A incorporação do PZPA e PZPANA nos instrumentos de planejamento municipal, tanto para o Cenário
Atual quanto para o Cenário Futuro, resulta em impactos socioambientais positivos e negativos aos
municípios afetados. O principal impacto positivo está associado à redução da probabilidade de
ocorrência de acidentes aeronáuticos, posto que com a incorporação do PZPA, espera-se que o
crescimento das cidades seja direcionado respeitando os limites estabelecidos pelas superfícies de
proteção ao voo. Em compensação, o principal impacto negativo da compatibilização do plano com o
zoneamento municipal está relacionado à limitação do desenvolvimento vertical das cidades no
entorno dos aeródromos.
No Quadro 5-4 é possível visualizar as interferências das superfícies do PZPA e PZPANA no cenário atual
e futuro por município.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 272
Quadro 5-4: Municípios afetados pelas superfícies do PZPA e PZPANA no Cenário Atual e Futuro
Santana de Parnaíba
São Caetano do Sul
Franco da Rocha
Taboão da Serra
Santo André
Carapicuíba
Guarulhos
Mairiporã
São Paulo
Diadema
Caieiras
Barueri
Osasco
Mauá
Cotia
Superfície de Proteção
Superfície de Faixa
de Pista
Superfície de
Aproximação
Superfície de
Transição
Superfície
Horizontal Interna
Superfície de
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Horizontal Externa
Superfície de
PZPA
Decolagem
Superfície Cônica
Superfície de
Proteção do Voo
Visual
Superfície de
Aproximação e
Decolagem -
Heliponto
Superfície de Área
de Segurança -
Heliponto
PZPANA
Superfície do
PAPI/APAPI
A Superfície Horizontal Externa do PBZPA tem por finalidade identificar objetos localizados nas
vizinhanças de um aeródromo que possam oferecer perigo às operações sob regras de voo por
instrumentos. Sua altura, em relação à altitude da pista do aeroporto, é estabelecida na Tabela 4-3 da
ICA 11-408 e definida em função do Código de Referência do Aeródromo e tipo de operação. Nota-se
que 16 municípios possuem áreas sob a Superfície Horizontal Externa do PBZPA.
No Quadro 5-5 são apresentadas as alturas dessa superfície limitadora de obstáculos para os dois
cenários estudados.
Altura da Altura da
Código de Tipo de Código de Tipo de
Superfície Superfície
Referência Operação Referência Operação
Horizontal Externa Horizontal Externa
IFR Não
2B VRF - 2C 105 metros
Precisão
Fonte: Tabela 4-3 da ICA 11-408 adaptado
Ressalta-se também a necessidade de autorização e aprovação dos Órgãos Regionais do DECEA para
os objetos caracterizados como de natureza perigosa que pretendam ser instalados dentro dos limites
laterais das superfícies de aproximação, decolagem ou transição, respeitando as exceções de dispensa.
Por vezes, as informações e restrições do PZPA e do PZPANA não são incorporadas no planejamento
urbano por falta de procedimentos específicos nos municípios afetados. Portanto, esforços devem ser
realizados para que as informações técnicas dos planos sejam compreendidas pelos municípios, e estes
devem estar interessados em incorporá-las em seus procedimentos e fluxos de aprovação e
regularização imobiliária. A maximização dos impactos socioeconômicos positivos, anteriormente
citados, deve ser o objetivo de todas as partes afetadas pelas zonas de proteção do aeródromo.
aeródromo em harmonia com o uso e ocupação do solo em seu entorno. Conforme prevê o item
161.11 (c) desse regulamento, todo aeródromo civil público deve ter obrigatoriamente um PZR que
deve ser registrado pela ANAC.
Conforme relatado no3.1.6- Ruído, o Aeroporto Campo de Marte realizou, nos últimos três anos, média
anual de 63.726 pousos e decolagens. Portanto, é obrigado a elaborar e aplicar um PEZR por
enquadrar-se no item 161.15(a)1 do RBAC, que exige esse tipo de PZR para aeródromos públicos com
média anual de movimento de aeronaves dos últimos 3 (três) anos superior a 7.000 (sete mil), ainda
que haja redução da movimentação média.
As curvas futuras de ruído aeronáutico, validadas pela Portaria nº 3.781/SIA, de 11 de dezembro de
2018, foram criadas para o cenário de máxima movimentação de aeronaves previsto no PDir/2014. O
Ofício nº 225/2019/GTDA/GCOP/SIA-ANAC informa o registro do PEZR no órgão regulador.
O RBAC 161 define que todo Plano de Zoneamento de Ruído dever ser composto pelas Curvas de
Ruído, que representam geograficamente a área de impacto do ruído aeronáutico, e pelos usos do solo
compatíveis e incompatíveis para as áreas por ele abrangidas. Ou seja, o PZR deve incluir, além da
representação gráfica das curvas de ruído, o apontamento das atividades (usos) compatíveis e
incompatíveis com os níveis médios de ruído aeronáutico em cada curva. A indicação de residências,
hotéis e creches entre as curvas de 65 e 75 dB, configura-se uma incompatibilidade. No entanto, caso
os órgãos públicos determinem que tais usos sejam permitidos, devem ser adotadas medidas de
isolamento acústico para atingir uma redução de ruído (RR) de pelo menos 25 dB.
Outras circunstâncias em que os níveis de ruído são considerados incômodos (incompatíveis), aplicável
ao PEZR, estão apresentados na Tabela E-2 do RBAC nº161. A compilação das principais informações é
apresentada no Quadro 5-6.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 275
Quadro 5-6: Compilação de Usos Compatíveis e Incompatíveis para áreas abrangidas pelo PEZR
Entre os critérios gerais para elaborar o PEZR, o RBAC 161 prevê que o operador do aeródromo deve
calcular as curvas de ruído para o sistema de pistas existente, considerando os dados operacionais
atuais do aeródromo. Também deve calcular as curvas para o sistema de pistas previsto em projeto de
expansão da infraestrutura aeroportuária, considerando a estimativa do número de movimentos e
tipos de aeronaves ao final do seu horizonte de planejamento.
Para análise dos possíveis impactos provocados pelo ruído aeronáutico no entorno do Aeroporto
Campo de Marte, decorrentes da proposta de expansão apresentada no Plano de Desenvolvimento
deste conjunto de estudos, foram geradas novas curvas de ruído para o cenário atual e futuro de
operações do aeroporto, considerando o período de 30 anos de concessão. A representação gráfica
pode ser visualizada na Figura 5-10. As curvas foram simuladas por meio do software computacional
INM, conforme critérios do RBAC 161 aplicáveis para elaboração de um PEZR, sendo que suas áreas de
abrangência refletem as pequenas variações na movimentação de aeronaves no aeroporto. Para
melhor esclarecimento, o Quadro 5-7 apresenta os dados de movimentação de aeronaves que
subsidiaram a elaboração das curvas de ruído atuais e futuras.
Fonte: Consórcio
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 277
Na Figura 5-10 acima, também é possível avaliar os locais nos quais os usos do solo são incompatíveis
com os níveis de ruído simulados, conforme critérios definidos na RBAC 161. Foram considerados
incompatíveis os usos mistos do solo, ou seja, aqueles que, identificados por meio de técnicas de
geoprocessamento, abrigam simultaneamente o uso residencial e o uso não residencial, englobando
serviços, comércio, institucional e serviços públicos.
Para o Cenário Atual, percebe-se que apenas a curva de ruído de 65 dB extrapola os limites do
aeroporto, impactando usos residenciais nas áreas externas. Entretanto, no Cenário Futuro, os
impactos socioambientais se intensificam, uma vez que curva de 70 dB também ultrapassa o perímetro
patrimonial e a curva de 65 dB passa a afetar novas áreas.
A seguir são apresentadas as estimativas de pessoas e residências afetadas pelas curvas de ruído
estudadas. Também serão analisados os receptores sensíveis, ou seja, os estabelecimentos com maior
sensibilidade ao ruído no interior das curvas.
Segundo o IBGE (2016, p. 4) “as grades estatísticas se constituem em uma forma de disseminação de
dados que permite análises detalhadas e independentes das divisões territoriais [...]”. O formato
padronizado e arbitrário das células, apesar de não ter um significado que possa ser transportado para
o mundo real, como um limite de município ou setor censitário, por exemplo, permite a avaliação de
dados para áreas de pequena extensão, independente das unidades político-administrativas,
permitindo a avaliação dos dados a partir de recortes espaciais.
A fim de se identificar as células atingidas pelas curvas de ruído, procedeu-se, a partir da realização de
fotointerpretação de imagem de satélite, a identificação visual de áreas classificadas como “áreas
ocupadas por uso residencial ou misto”, utilizando-se para tanto o software ArcGis 10.2.2. A partir da
identificação dos polígonos que reuniam, ao mesmo tempo, medidas de ruído e visualmente ocupação
residencial ou mista, cruzaram-se ainda as informações da grade, obtendo-se nesta relação, a
identificação de novos polígonos contendo, além das informações acima, as informações acerca da
população e do número de domicílios para o recorte espacial.
Os valores oriundos dos polígonos resultantes dos cruzamentos informados acima foram tabulados
para a realização de cálculos, por fórmulas previamente adotadas, com vistas à identificação das
seguintes informações:
• Área proporcional da curva de ruído ocupada por residências ou uso misto (%);
• Distribuição do uso residencial ou misto por curva de ruído;
• Número proporcional de pessoas residentes por curva de ruído;
• Número proporcional de residências por curva de ruído;
• Média de pessoas por residência por curva de ruído (valor original do Censo Demográfico,
sem aplicação de fórmulas).
A Figura 5-11, Figura 5-12 e Figura 5-13 ilustram, simplificadamente, os procedimentos adotados.
Figura 5-13: Montagem de Tabela Dinâmica com valores extraídos pela aplicação de fórmulas
Notas: Pop = População; DOM_OCU = Domicílios ocupados; AREAorig = Área original da célula (ha); shp_ha =
Área do shapefile resultante após intersecção da grade estatística x curvas de ruído x áreas de uso misto.
Fonte: Consórcio GCA
Tabela 5-1: Impacto do ruído aeronáutico sobre a população do entorno no cenário atual e futuro
Número de pessoas
Número de residências
que habitam dentro
dentro das curvas
Área entre curvas de ruído das curvas
65 -70dB 19 237 6 80
70 - 75dB 0 9 0 3
75 - 80dB 0 0 0 0
80 - 85dB 0 0 0 0
Fonte: Consórcio GCA
Para a previsão do número de pessoas impactadas no cenário futuro, não foram consideradas
projeções de aumento do adensamento populacional. Ou seja, pressupõe-se que serão adotadas
medidas de planejamento de uso do solo com o intuito de evitar o aumento do número de residências
nas áreas afetadas por ruídos incômodos. Portanto, caso a administração municipal de São Paulo não
faça ajustes no zoneamento urbano, é possível que as estimativas de população futura afetada se
tornem ainda maiores.
Com a análise dos resultados da Tabela 5-1, nota-se que o número de residências e pessoas sujeitas à
níveis de ruído incompatíveis crescem no Cenário Futuro. O número de pessoas expostas ao ruído que
abrange níveis entre 65 e 70 dB aumenta mais de 12 (doze) vezes. Além disso, aproximadamente 3
(três) residências e 9 (nove) pessoas passam a estar sujeitas à níveis de ruído entre 70 e 75 dB, o que
não ocorre no Cenário Atual. Cabe lembrar que, de acordo com a tabela E-2 do RBAC 161, reproduzida
no Quadro 5-6, para esses níveis de ruído, o uso residencial é considerado incompatível. Entretanto,
caso as autoridades governamentais permitam o uso, devem ser adotadas soluções de isolamento
acústico que reduzam o nível de ruído em pelo menos 25 dB. Não há “receptores sensíveis” (escolas,
hospitais e espaços de lazer) afetados por níveis incômodos de ruído.
No Brasil, não há histórico de programas para a implantação de sistemas de mitigação do ruído
aeronáutico em residências e em receptores sensíveis localizados no entorno de aeroportos. Contribui
para a ausência dessas ações, o fato de o arcabouço legal brasileiro não definir quem são os
responsáveis por arcar com os custos da implantação de medidas mitigadoras.
O RBAC nº 161, em seu item 161.53, define que o operador do aeródromo deve estudar, propor e
implementar, no seu âmbito de atuação, medidas para mitigar o impacto do ruído, no entanto, não há
a definição se o âmbito de atuação do operador abrange a implantação de medidas de isolamento
acústico em residências do entorno.
O intuito deste estudo não é indicar o responsável por implantar as medidas mitigadoras, seja o
administrador do aeroporto, companhias aéreas ou vários entes da aviação trabalhando de forma
integrada. Essa definição de responsabilidades exige amplo debate entre as partes interessadas e
sempre deve ter a participação da administração pública municipal, responsável pelo ordenamento
urbano e interessada nos benefícios proporcionados pelo transporte aéreo para a economia local.
Com os dados apresentados neste estudo, pode-se concluir que para o Cenário Atual a curva 65 dB já
abrange usos incompatíveis no entorno do aeroporto. No entanto os impactos socioambientais
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 281
tendem a ser agravar no futuro, quando níveis de ruído incomodativos, entre 65 dB e 75 dB, passarão
a atingir novas regiões, afetando mais pessoas e residências.
Como diagnosticado no subcapítulo 5.1, o ordenamento territorial do município de São Paulo não faz
referências ao Plano Específico de Zoneamento de Ruído do Aeroporto Campo de Marte, não inclui a
representação gráfica das curvas de ruído e, tampouco, a tabela de usos compatíveis e incompatíveis
para áreas abrangidas por elas.
O conjunto de leis que definem o planejamento urbano é ferramenta de gerenciamento de extrema
importância para minimizar a quantidade de pessoas afetadas pelo ruído das aeronaves. Por esse
motivo, é fundamental que o município de São Paulo inclua o PEZR do Aeroporto Campo de Marte nos
estudos que subsidiam as revisões das leis de zoneamento da cidade, passando a adotar as curvas de
ruído e tabelas de usos compatíveis e incompatíveis.
Conforme diagnosticado no item 3.1.6 -Ruído, em 2018, foi fracassada a iniciativa da Infraero de
celebrar um Acordo de Cooperação Técnica com o município de São Paulo para o desenvolvimento de
um Plano de Integração Urbana, visando a harmonia entre o planejamento territorial municipal e o
aeroportuário. O acordo incluía a elaboração conjunta do PEZR do aeroporto. Em 04 de março de 2020,
os envolvidos realizaram nova reunião, cuja pauta incluiu a incorporação do PEZR do aeroporto na
legislação municipal. Na ocasião a Infraero renovou a proposta de celebração de acordo para elaborar
um Plano de Integração Urbana.
Os alinhamentos entre as partes envolvidas configuram como único caminho para mitigar os impactos
negativos aqui apresentados. Segundo a ICAO, a abordagem equilibrada para gerenciamento de ruído
de aeronaves envolve quatro elementos principais:
• Redução do ruído na fonte emissora (avanços tecnológicos no modelo de aeronaves);
• Gerenciamento e Planejamento do Uso do Solo;
• Procedimentos Operacionais de Redução de Ruído, e
• Restrições nas Operações.
Portanto, espera-se ativa participação das Administrações Municipais, não só nos processos de
planejamento urbano, mas também de aprovação de projetos/obras e fiscalização do uso e ocupação
do solo urbano no entorno de aeroportos, de forma a prevenir que as implantações de novas
atividades possibilitem situações de conflito com os usos preexistentes.
É primordial que o futuro administrador se empenhe junto à Prefeitura Municipal de São Paulo, para
que o PZR do aeroporto seja mantido vigente e efetivamente incorporado na legislação e
procedimentos de ordenamento urbano, minimizando assim o número de pessoas que poderão ser
impactadas por níveis de ruído aeronáutico incômodos. O gerenciamento dos usos do território, neste
contexto, garante que os avanços tecnológicos de redução de ruído nos novos modelos de aeronaves
não sejam compensados pelo desenvolvimento residencial no entorno dos aeroportos.
O aumento das frotas de aeronaves e o surgimento de modelos mais velozes, como aeronaves à jato,
tornaram o risco da fauna mais evidente e preocupante. Nesse contexto, existe um vasto arcabouço
legal disciplinando as ações a serem implantadas para se minimizar o risco, focadas principalmente em
diminuir a atração de fauna nas áreas internas do aeroporto e nas áreas de seu entorno.
A respeito do gerenciamento da fauna nas áreas internas do aeroporto, o tema foi abordado no item
3.1.5 deste relatório. No presente item, o enfoque é dado às ações de gerenciamento do risco da fauna
em áreas no entorno do aeroporto (20 km de raio), que são as mesmas para o Cenário Atual e para o
Cenário Futuro proposto para o Aeroporto Campo de Marte.
A Lei Federal nº 12.725, de 16 de outubro de 2012, dispõe sobre o controle da fauna nas imediações
de aeródromos. Em seu artigo 2º, parágrafo V, define que a Área de Segurança Aeroportuária (ASA) é
“a área circular do território de um ou mais municípios, definida a partir do centro geométrico da maior
pista do aeródromo ou do aeródromo militar, com 20 km (vinte quilômetros) de raio, cujos uso e
ocupação estão sujeitos a restrições especiais em função da natureza atrativa de fauna”. Atividades e
usos do solo atrativos de fauna são os que oferecem boas condições para o abrigo, dessedentação,
alimentação ou para a construção de ninhos de espécies-problema para aviação.
O Artigo 7º da referida lei também define que implantar ou operar atividade potencialmente atrativa
de fauna na ASA, sem submetê-la à aprovação da autoridade municipal e ambiental, constitui infração
ao disposto na lei.
Apesar do descrito na legislação federal, os municípios, por muitos anos, não possuíam procedimentos
para avaliar a atração de fauna dos empreendimentos e atividades, a localização dentro da ASA e
identificar a potencial interferência na segurança dos voos. Com isso, atividades atrativas de fauna
foram instaladas e continuam operando no entorno dos aeroportos.
O RBAC 153, de 09 de março de 2021, definiu que o operador de aeródromo que se enquadrasse em
seus critérios de aplicabilidade deveria elaborar o estudo denominado Identificação do Perigo da
Fauna (IPF) e o respectivo Programa de Gerenciamento do Risco Fauna (PGRF).
No escopo da IPF e do PGRF consta, entre outras ações, a necessidade de o operador do aeródromo
identificar os principais focos de atração e as medidas para a redução do risco da fauna dentro e fora
do sítio aeroportuário. No item 153.505(g) do RBAC 153, é descrito que o operador deve desenvolver
procedimento para o monitoramento de fauna no sítio aeroportuário e na ASA.
Em 28 de julho de 2020, o Comando da Aeronáutica (COMAER) publicou a Portaria nº 798/GC3, que
aprovou a reedição do Plano Básico de Gerenciamento do Risco de Fauna (PBGRF), cujos principais
objetivos são estabelecer a estrutura de gestão de dados relativos a avistamentos, quase colisões e
colisões com fauna no Brasil e estabelecer o processo de gerenciamento de risco de fauna nos
aeródromos militares.
Nesta reedição do PBGRF, os protocolos, parâmetros e atribuições referentes à emissão de parecer
aeronáutico para empreendimento ou atividade, a ser instalada ou em operação, na Área de Segurança
(ASA) foram removidos. Essa alteração levou em consideração a emissão da Portaria Normativa nº
54/GM-MD/2019 do Ministério da Defesa, que passou essa atribuição aos órgãos ambientais durante
o processo de licenciamento ambiental.
Com isso, é importante que os órgãos ambientais estabeleçam procedimentos internos que
considerem a necessidade de avaliar a atração de fauna de determinados empreendimentos e se a
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 283
atividade realizada ou a ser instalada é compatível com a segurança da aviação no que tange ao risco
da fauna.
A ASA do Aeroporto Campo de Marte abrange 14 municípios, localizados no estado do São Paulo,
conforme relação do Quadro 5-8 a seguir.
Barueri
Caieiras
Franco da Rocha
Mairiporã
Santana de Parnaíba
Carapicuíba
Diadema
Guarulhos
Osasco
Santo André
São Paulo
Taboão da Serra
Fonte: Consórcio GCA
critérios da tabela Tabela 5-2, possuem restrições que inviabilizam a concessão das licenças ambientais
pela CETESB.
Tabela 5-2: Restrições que inviabilizam a concessão das licenças ambientais pela CETESB.
Tipo de atividade Distância até o aeródromo
Abatedouro 5km
Curtume 5km
entre não eficientes e de média eficiência com a maioria afirmando que tais
medidas se classificam como tendo pouca eficiência. É notória a necessidade
da melhoria da comunicação entre a administradora os demais stakeholders
envolvidos e a sociedade.”
O aeroporto possui uma Comissão de Gerenciamento de Risco da Fauna (CGRF), instituída pelo ato
SBMT-AAS-2020/00015, de 24 de junho de 2020, porém, não existem ações efetivas no âmbito
externo.
Com a realização da visita técnica ao aeroporto, a avaliação de documentações e pesquisa na internet,
foi possível identificar que o Aeroporto Campo de Marte possui pelo menos 17 focos atrativos ou
potenciais atrativos na ASA, conforme descrito no PGRF e apontado na Figura 5-14.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 287
Figura 5-14: Focos atrativos ou potenciais à fauna na ASA relativa ao Aeroporto Campo de Marte
O Quadro 5-9, a seguir, apresenta a lista de focos atrativos ou potenciais atrativos, para cada uma das
atividades identificadas na Figura 5-14, apresentada anteriormente.
Quadro 5-9: Atividades atrativas ou potenciais atrativos de fauna na ASA do Aeroporto Campo de Marte
(coordenada em SIRGAS 2000, fuso: 23K)
FOC
NOME FONTE X (Este) Y (Norte)
O Nº
FOC
NOME FONTE X (Este) Y (Norte)
O Nº
Na questão específica dos resíduos, o governo federal recém lançou o Programa Lixão Zero, que visa
eliminar os lixões existentes e apoiar os munícipios para soluções mais adequadas de destinação final
dos resíduos sólidos.
A situação dos aterros e lixões encontrados é de conhecimento do órgão ambiental do estado,
conforme o Plano de Resíduos Sólidos do Estado de São Paulo, de outubro de 2014, e o Sistema
Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (SINIR), de 2019. Com esses diagnósticos
e ações, o novo administrador aeroportuário pode esperar, em médio prazo, a melhoria do controle
sobre os focos atrativos relacionados à gestão de resíduos sólidos.
Consta no Plano de Resíduos Sólidos do Estado de São Paulo que, em junho de 2013, foi publicada a
16ª edição do Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares, na qual foram classificados como
adequados, em termos de locais de tratamento e disposição final de resíduos sólidos domiciliares, 590
municípios paulistas. Os 54 municípios restantes, classificados como inadequados, foram alvo das
ações de controle da CETESB. Na ocasião, 32 municípios tinham Termos de Compromisso de
Ajustamento de Conduta assinados e vigentes, nos quais foram consignados compromissos das
administrações municipais, visando à regularização ou encerramento de aterros irregulares e lixões e
à adoção de solução técnica definitiva e regularmente implantada, para adequação técnica e ambiental
das instalações, seguida de licenciamento ambiental e remediação de passivos ambientais existentes.
O Plano Estadual de Resíduos Sólidos de São Paulo definiu como meta a eliminação total dos lixões até
2014.
Os outros focos atrativos também devem ser constantemente monitorados e, caso seja detectado
risco às operações, o administrador deve comunicar o problema à ANAC e ao empreendimento que
está promovendo atividades atrativas à fauna.
A paisagem onde o Aeroporto Campo de Marte está inserido é similar a maioria dos aeroportos do
Brasil em contextos predominantemente urbanos. Referenciando-se na Tabela A do PBGRF (PCA 3-3)
e as informações obtidas no Data Room e visita técnica, sugere-se que o novo concessionário deva
estabelecer uma rotina de monitoramento da ASA, especificando no PGRF e dando atenção especial,
mas não se restringindo, aos parques, represas, rios e estações de transbordo de resíduos. Vale
destacar, que o aeroporto deve investir em identificar locais com disposição irregular de resíduos
sólidos, já que esses não são registrados e dependem da dinâmica temporal e espacial das
comunidades.
Portanto, além de reuniões interna da CGRF, é importante que o Aeroporto Campo de Marte
mantenha e intensifique reuniões externas da CGRF, com representantes dos municípios inseridos na
ASA. As ações da CGRF devem buscar o engajamento dos municípios, associações de moradores,
setores do comércio e serviços na adoção de práticas que visem à redução do risco da fauna no
aeroporto.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 290
Na primeira versão do EIA (2009), os dados utilizados para caracterização operacional futura, bem
como para as intervenções previstas, foram baseados no Plano de Desenvolvimento Aeroportuário, de
2004. No entanto, tal PDA não foi aprovado pelos órgãos reguladores e tampouco atualizado. Por esta
razão, na atualização do EIA - em 2013 - foi utilizada como base a Projeção de Demanda por Transporte
Aéreo (PDTA), de abril de 2013, para revisar a projeção da demanda do aeroporto e outras informações
pertinentes ao crescimento do Aeroporto e, para as intervenções futuras previstas, foram
consideradas as obras descritas no Plano de Investimentos da Infraero para o aeroporto, aprovadas
naquela ocasião, pela Sede da Infraero.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 292
Sendo assim, na revisão de 2013, apresentada ao órgão ambiental para o processo de licenciamento
do aeroporto, foi indicado o planejamento das seguintes intervenções futuras:
• Reforma, ampliação, adequação e modernização de módulos de segurança
aeroportuária;
✓ Interligação das vias internas (área militar);
• Reforma, ampliação e adequação do Terminal de Passageiros;
✓ Ampliação da acessibilidade do Terminal de Passageiros para pessoas com
deficiência;
• Manutenção de sistemas de operações;
✓ Macrodrenagem no sistema de pistas.
• Reforma, ampliação e adequação de pistas e pátios.
✓ Ampliação e adequação do complexo de pistas;
✓ Reforma e adequação do Heliponto 02, via de acesso e via de serviços;
✓ Implantação do Pátio de Aeronaves, entre a entrada do Aeroporto e o TPS -
intervenção mais significativa do plano (Figura 6-3).
✓ Recapeamento total do sistema de pista (PPD e TWY).
Em 2014, foi elaborado o Plano Diretor do Aeroporto (PDir). O referido plano foi validado pela ANAC,
porém, ainda aguarda deliberação favorável do COMAER, desde 2015. O plano, que ainda não foi
encaminhado para a avaliação do órgão ambiental, definiu, em seu horizonte final de planejamento, a
capacidade máxima de aproveitamento do sítio aeroportuário. O documento previu intervenções
necessárias para os anos de 2017, 2021 e 2029. Na Figura 6-4 é apresentada a 1ª fase de implantação
do PDir, que previa o início das operações em 2017, já na Figura 6-5 é apresentada a Implantação Final
do aeroporto, projetada para 2029.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 293
Por fim, para a elaboração deste conjunto de estudos de viabilidade, foi desenvolvido no Relatório 02-
Estudos de Engenharia e Afins uma nova proposição de Plano de Desenvolvimento do Aeroporto
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 294
Campo de Marte, que incorporou a demanda de movimentos prevista para o horizonte de 30 anos de
concessão, as necessidades de adequação da infraestrutura e as restrições socioambientais
identificadas. As intervenções e obras previstas para o aeroporto deverão ser realizadas em uma única
fase de operação. Na Figura 6-6 é apresentada a Implantação Final do plano elaborado.
Ressalta-se que a projeção de demanda, de 143.000 movimentos anuais, que subsidiou a elaboração
do Plano de Desenvolvimento (GCA, 2021) é significativamente menor que a demanda projetada pela
Infraero no PDir (2014), de 402.800 movimentos anuais de aeronaves. A maior diferença entre os
planos diz respeito à implantação de uma taxiway paralela à pista do outro lado da PPD, considerada
necessária no PDir (2014), enquanto no Plano de Desenvolvimento (GCA, 2021) foi prevista a
adequação da taxiway A, já existente. Além disso, o PDir limitou a implantação de novos hangares ao
não ocupar a porção do sudoeste do sítio, equivocadamente denominada como APP.
Os estudos de demanda refletiram um crescimento considerável da movimentação de aviões e
helicópteros durante o período concessivo, saltando de aproximadamente 60 mil movimentos em
2022 para 140 mil movimentos nos 30 anos seguintes. Nesse cenário, será necessária a ampliação da
área de terminal de aviação geral – TAG, além da implantação de inúmeras posições de
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 295
Cenário 2 – ALTERNATIVO
▪ Manutenção do heliponto existente;
▪ Implantação de nova taxiway paralela à
PPD;
▪ Ampliação do TAG atual; ▪ Há interferências em Áreas de Preservação
Permanente (APP) ou em recursos hídricos
▪ Ampliação do pátio de aeronaves na
direção norte do pátio atual; ▪ Há necessidade de supressão de vegetação
▪ Implantação de novo pátio de ▪ Não há necessidade de desapropriação;
helicópteros no setor central; e
▪ Implantação de novos hangares no setor
sudoeste.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 302
Cenário 3 – ESCOLHIDO
▪ Manutenção do heliponto existente;
▪ Implantação de nova taxiway paralela à
PPD;
▪ Implantação de um novo TAG no setor ▪ Há interferências em Áreas de Preservação
sudeste; Permanente (APP) ou em recursos hídricos
▪ Ampliação do pátio de aeronaves no setor ▪ Há necessidade de supressão de vegetação
sudeste;
▪ Não há necessidade de desapropriação;
▪ Implantação de dois novos pátios de
helicópteros no setor central; e
▪ Implantação de novos hangares no setor
sudoeste.
Sistema de apoio às
▪ Adequações na SCI
operações
Cercas, Vias e ▪ Isolamento total da área patrimonial e operacional, com implantação de cercas;
Acessos ▪ Implantação de vias de Serviços pavimentada e não pavimentada;
Figura 6-7: Impactos das obras de adequação sobre os usos e coberturas do solo
A partir da figura anterior, foram extraídos os quantitativos de áreas impactadas em cada fase de obras
do Plano de Desenvolvimento, que estão descritos na Tabela 6-1.
Avaliou-se também o impacto das obras sobre Áreas de Preservação Permanente (APP), cujos dados
compilados estão na Tabela 6-2.
As obras do Plano de Desenvolvimento impactarão, em sua única fase, 16,37 ha (53,62%) de campo
Antrópico com árvores isoladas; 5,56 ha (18,22%) de áreas construídas e 0,66 ha (2,17%) de áreas
úmidas e, por fim, ao longo dos 30 anos de concessão, estima-se que 7,93 ha (25,99 %) de floresta
ombrófila densa serão suprimidas.
As intervenções a serem realizadas em vegetação, incluindo APPs - no total de 1,22 ha (3,99%) -
ocorrerão majoritariamente na porção sudoeste, nas proximidades da cabeceira 12 da PPD, para a
implantação da taxiway A, K, L, N, pátio 3, hangares e vias de serviço pavimentadas e não
pavimentadas, conforme Figura 6-8.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 307
A análise dos impactos associados à compatibilização das atividades aeroportuárias com o uso e
ocupação do solo do entorno foi realizada no Capítulo 5, tanto para o cenário atual de movimentação
do aeroporto como para o cenário futuro, previsto no Plano de Desenvolvimento.
Situações de risco
• Ações populares contra a supressão que possam gerar ação civil pública ou
Risco identificado inquéritos policiais.
• Notificações e autos de infração dos órgãos emissores.
Outras fontes de pesquisas foram as publicações da ACI (Airports Council International), da ICAO
(International Civial Aviation Organization), da IATA (International Air Transport Association) e da
ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil).
Dessa forma, recomenda-se que o operador aeroportuário se atualize constantemente com as
publicações das instituições supracitadas, pois, considerando que as publicações citadas são
específicas para o setor aeronáutico e aeroportuário, a implantação de ações e programas ambientais
será facilitada.
Quadro 6-6: Impactos das atividades das obras de ampliação, medidas mitigadoras e programas associados
PROGRAMA
IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS
TEMA MEDIDAS MITIGADORAS AMBIENTAL
ASSOCIADOS
ASSOCIADO
▪ Atendimento à legislação
REGULARIDADE AMBIENTAL
PROGRAMA
IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS
TEMA MEDIDAS MITIGADORAS AMBIENTAL
ASSOCIADOS
ASSOCIADO
Programa de
▪ Carreamento de ▪ Implantação de medidas
Prevenção e Controle
sedimentos. mitigadoras indicadas no projeto
de Processos
de drenagem provisória nas áreas
▪ Erosão e assoreamento. Erosivos
de canteiros de obras, em locais
▪ Supressão de vegetação e de “bota-fora de solo limpo”, E
remoção de cobertura área de empréstimo, e na obra
Programa de
vegetal. propriamente dita.
Supressão de
▪ Desenvolver projetos que Vegetação e
minimizem os impactos na flora Monitoramento de
local. Fauna
▪ Cumprir rigorosamente os
planos de supressão e
compensação das áreas de
vegetação de preservação
permanente.
▪ Durante a supressão de
vegetação realizar o
afugentamento e resgate da
fauna.
▪ Se aplicável, elaborar e solicitar
autorização de manejo da fauna
ao órgão responsável. Plano de Controle
▪ Realizar conscientização com a Ambiental (PCA):
força de trabalho sobre o Programa de
respeito à fauna e flora e suas Supressão de
interferências durante às
FAUNA
Vegetação e
▪ Interferência com a fauna. atividades de obra. Monitoramento de
▪ Considerar alternativas de Fauna
arquitetura predial que não E
sejam atrativas à fauna e não
causem impactos às espécies (Ex. Programa de
Educação Ambiental
colisões em estruturas
espelhadas);
▪ Considerar nos projetos
arquitetônicos alternativas à
utilização de grandes superfícies
espelhadas (vidros e janelas) para
evitar as colisões com fauna, e/ou
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 311
PROGRAMA
IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS
TEMA MEDIDAS MITIGADORAS AMBIENTAL
ASSOCIADOS
ASSOCIADO
a inclusão de anteparos e/ou
alternativas tecnológicas para
evitar esse impacto.
▪ Identificação de receptores
sensíveis próximos às obras de
ampliação/adequação.
▪ Adoção de equipamentos menos
ruidosos.
Plano de Controle
▪ Enclausuramento de
RUÍDO
Ambiental (PCA):
▪ Incômodos à vizinhança. equipamentos.
Programa de
▪ Criar sistemática de manutenção Controle de Ruídos
preventiva dos maquinários
utilizados na obra.
▪ Realizar campanhas periódicas de
monitoramento do ruído
proveniente das obras.
PROGRAMA
IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS
TEMA MEDIDAS MITIGADORAS AMBIENTAL
ASSOCIADOS
ASSOCIADO
resíduos sólidos de acordo com a Programa de
legislação. Gerenciamento de
Resíduos Sólidos
▪ Implantar área de
armazenamento temporário de E
resíduos de forma segregada,
Programa de
para realizar o armazenamento
Educação Ambiental
correto deles.
▪ Nos pontos de coleta, manter os
coletores bem dimensionados,
limpos e vedados.
▪ Para os resíduos de grande
volume, dimensionar
corretamente e manter
caçambas ou áreas apropriadas
para armazenamento até a sua
coleta, transporte e destinação
final.
▪ Realizar treinamento da força de
trabalho sobre Gestão de
Resíduos e Coleta Seletiva.
▪ Cumprir a condicionante 6 da
LAO 09/SVMA-G/2020 em
relação aos resíduos gerados nas
obras.
PROGRAMA
IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS
TEMA MEDIDAS MITIGADORAS AMBIENTAL
ASSOCIADOS
ASSOCIADO
equipamentos e umectação de
vias).
▪ Quando da etapa de
imprimação: inserir proteções
para não carreamento de
produtos químicos para áreas de
drenagens e para os corpos
d´água do sítio e do entorno. Não
realizar imprimação em dias com
previsão de chuva;
▪ Verificar periodicamente as
condições de carreamento de
produtos químicos de
imprimação.
PROGRAMA
IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS
TEMA MEDIDAS MITIGADORAS AMBIENTAL
ASSOCIADOS
ASSOCIADO
Plano de Controle
▪ Desenvolver as ações educativas Ambiental (PCA):
e de comunicação com a
população do entorno do Programa de Gestão
▪ Prejuízos à população do
aeroporto. e Monitoramento de
entorno afetada pelas
Obras
SOCIAL
Quadro 6-7: Impactos das operações do aeroporto, medidas mitigadoras e programas associados
IMPACTOS PROGRAMAS
TEMA SOCIOAMBIENTAIS MEDIDAS MITIGADORAS ASSOCIADOS
ASSOCIADOS (OPERACIONAL)
Plano de Gestão da
RECURSOS
HÍDRICOS
IMPACTOS PROGRAMAS
TEMA SOCIOAMBIENTAIS MEDIDAS MITIGADORAS ASSOCIADOS
ASSOCIADOS (OPERACIONAL)
assoreamento.
taludes. Plano de Gestão da
▪ Carreamento de
▪ Implementar Planos de Operação (PGAO):
sedimento.
recuperação de áreas Programa de
▪ Redução na taxa de
degradadas (PRAD) sempre que Gerenciamento do Solo
infiltração de água no solo.
necessário. e Cobertura Vegetal
▪ Alagamento de área do
▪ Monitorar a relação entre a
entorno.
área permeável e impermeável
do sítio aeroportuário.
▪ Implantar o programa de solo
previsto na condicionante 17
da LAO 09/SVMA-G/2020.
▪ Implementação do IPF;
▪ Elaborar e implementar o PGRF
BIODIVERSIDADE E RISCO DA FAUNA
IMPACTOS PROGRAMAS
TEMA SOCIOAMBIENTAIS MEDIDAS MITIGADORAS ASSOCIADOS
ASSOCIADOS (OPERACIONAL)
provenientes de
aeronaves. solo no entorno. Programa de
▪ Realizar reuniões sistemáticas Gerenciamento do
▪ Incômodo à vizinhança.
da Comissão de gerenciamento Ruído
de ruído aeronáutico do
aeroporto.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 317
IMPACTOS PROGRAMAS
TEMA SOCIOAMBIENTAIS MEDIDAS MITIGADORAS ASSOCIADOS
ASSOCIADOS (OPERACIONAL)
▪ Implantar plano de
monitoramento (condicionante
14 da LAO)
▪ Apresentar relatórios anuais à
SVMA (condicionante 15 da
LAO)
IMPACTOS PROGRAMAS
TEMA SOCIOAMBIENTAIS MEDIDAS MITIGADORAS ASSOCIADOS
ASSOCIADOS (OPERACIONAL)
▪ Realizar o monitoramento do
consumo de energia elétrica e
energia advinda de combustão.
▪ Implementar tecnologias limpas
de consumo de energia, ex.:
iluminação com lâmpadas LED,
implantação de projetos com
energias alternativas etc.
▪ Considerar nos projetos
arquitetônicos o
aproveitamento da luz solar e o Plano de Gestão da
conforto térmico, visando Operação (PGAO):
reduzir o consumo em Programa de
iluminação e refrigeração.
ENERGIA
Gerenciamento de
▪ Redução dos recursos ▪ Para luminosidade natural, Energia
naturais. observar nos projetos E
arquitetônicos alternativas a
utilização de grandes Programa de
superfícies espelhadas (vidros e Gerenciamento de
janelas) para evitar as colisões Emissões Atmosféricas
com fauna, caso seja inserida
nos projetos, prever inclusão de
anteparos ou alternativas
tecnológicas para evitar esse
impacto.
▪ Apresentar Estudo de
Viabilidade de Implantação de
Programa de Energias
Alternativas (condicionante 30
da LAO)
potável em condições de
consumo (quando necessário Programa de
▪ Disseminação de
realizar o reforço na cloração). Gerenciamento de
patógenos e doenças.
Recursos Hídricos e
▪ Realizar ensaios laboratoriais Efluentes
para avaliar a qualidade da
água.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 319
IMPACTOS PROGRAMAS
TEMA SOCIOAMBIENTAIS MEDIDAS MITIGADORAS ASSOCIADOS
ASSOCIADOS (OPERACIONAL)
▪ Realizar a segregação,
armazenamento, transporte,
tratamento e destinação dos
resíduos sólidos de acordo com
legislação vigente.
▪ Nos pontos de coleta, manter
os coletores bem
dimensionados, limpos e
vedados.
▪ Implantar ou reformar área de Plano de Gestão da
armazenamento temporário de Operação (PGAO):
resíduos de forma segregada,
com o intuito de armazenar Programa de
corretamente os resíduos, Gerenciamento de
▪ Alteração da qualidade do controlando os seus riscos. Consumo e Resíduos
Sólidos
RESÍDUOS SÒLIDOS
▪ Cumprir condicionante 4 da
LAO (PGRH).
▪ Alteração da qualidade do Plano de Gestão da
solo e águas superficiais e ▪ Comprovar a instalação de Operação (PGAO):
EFLUENTES
IMPACTOS PROGRAMAS
TEMA SOCIOAMBIENTAIS MEDIDAS MITIGADORAS ASSOCIADOS
ASSOCIADOS (OPERACIONAL)
▪ Cumprir condicionante 5 da
LAO.
▪ Revegetação de áreas com solo
exposto, especialmente das
áreas identificadas com
passivos.
▪ Limpeza sistêmica das canaletas
▪ Solo exposto, erosões e de drenagem. Plano de Gestão da
assoreamento. ▪ Limpeza e manutenção de Operação (PGAO):
IMPACTOS PROGRAMAS
TEMA SOCIOAMBIENTAIS MEDIDAS MITIGADORAS ASSOCIADOS
ASSOCIADOS (OPERACIONAL)
▪ Incorporar os cenários de
emergência ambiental no Plano
de Emergências do Aeroporto
(PLEM).
RISCOS AMBIENTAIS / EMERGÊNCIA
SGA:
▪ Dispor de Kits de atendimento à Requisitos
emergência ambiental em Socioambientais
▪ Alteração da qualidade da locais estratégicos, com exigidos à Terceiros
água e solo. potencial de contaminação.
▪ Contaminação da água e ▪ Realizar treinamento da
solo. comunidade aeroportuária Plano de Gestão da
sobre as formas de Operação (PGAO):
▪ Dano ao meio ambiente e
à saúde pública. atendimento a emergências Programa de
ambiental. Gerenciamento de
▪ Adotar todas as ações Riscos Ambientais
necessárias para cumprir (PGRA)
condicionante 39 da LAO,
objetivando redução dos
riscos.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 322
IMPACTOS PROGRAMAS
TEMA SOCIOAMBIENTAIS MEDIDAS MITIGADORAS ASSOCIADOS
ASSOCIADOS (OPERACIONAL)
▪ Identificar os stakeholders e
avaliar suas expetativas.
▪ Dispor de canal aberto de
comunicação.
▪ Definir calendário e forma de
interação, contato e divulgação
dos assuntos aeroportuários
ENGAJAMENTO COM STAKEHOLDERS
IMPACTOS PROGRAMAS
TEMA SOCIOAMBIENTAIS MEDIDAS MITIGADORAS ASSOCIADOS
ASSOCIADOS (OPERACIONAL)
no órgão ambiental estadual de São Paulo (CETESB) e possuem autorização de lavra emitida pela ANM
e, portanto, tornaram-se opções indicadas para os futuros serviços de obras que venham a ser
realizados no aeroporto.
Potenciais fornecedores de concreto
Para a avaliação dos potenciais fornecedores de concreto, foram realizadas buscas por usinas de
concreto instaladas na região no sistema de licenciamento ambiental da CETESB, complementada por
buscas simples na internet. Foram identificados 2 (dois) potenciais fornecedores de concreto, a Basalto
Pedreira e Pavimentação Ltda. e a Andrade Britta Construtora e Pavimentadora Arusp Ltda, localizadas
respectivamente em São Paulo e Arujá, ambas a menos de 42 km do aeroporto.
A Basalto Pedreira e Pavimentação Ltda é a opção de fornecedor mais próxima do aeroporto, ficando
a cerca de 29 minutos do sítio aeroportuário, correspondendo a 26,9 km, além de possuir Licença de
Operação junto à CETESB (em processo de renovação). Já a Andrade Britta Construtora e
Pavimentadora Arusp Ltda está localizada a uma distância de 41,7 km (aproximadamente 45 minutos)
e está em fase de licença de instalação, não possuindo, até o momento, a licença de operação para
comercialização de concreto.
Potenciais fornecedores de asfalto
Para a avaliação dos potenciais fornecedores de asfalto, em um primeiro momento, foi realizada uma
busca no website da Agência Nacional do Petróleo (ANP) sobre a disponibilidade de Usina de Asfalto
no município do aeroporto e em municípios circunvizinhos. A metodologia de pesquisa precisou ser
alterada em um segundo momento, pois a base de dados da ANP não continha Usinas fabricantes de
asfalto, e sim, distribuidores regularizados. Sendo assim, foi realizada a busca por Usinas através do
sistema de licenciamento ambiental da CETESB e de pesquisas simples na internet.
Foram identificadas 7 (sete) potenciais empresas fornecedoras de concreto asfáltico localizadas no
município de São Paulo/SP e proximidades, situadas entre 17,5 e 36,6 km do aeroporto (27 a 53
minutos). Destas, 5 estão licenciadas junto à CETESB e 2 estão em processo de renovação do
licenciamento ambiental. Entre as licenciadas, a mais próxima do aeroporto é a Usinas SP
Pavimentação e Tecnologia Ltda, localizada a cerca de 29 minutos do sítio aeroportuário.
No Quadro 6-8 são apresentadas informações dos potenciais fornecedores de insumos levantados e,
na Figura 6-11, suas respectivas localizações.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 326
Estrada Da Ponte
Ponte Alta Extração De
Alta, Nº 10000, LO 33007775, emitida 820.455/1986
Areia E Transporte Ltda. (11) 4681-9016 60,8 km
Bairro - Engenheiro em 29/12/2020, válida
EPP Requerimento de Lavra
Marsilac, São não possui site 0h47 até 21/12/2021
67.377.713/0001-40 Paulo/Sp
Avenida Vereador
Almiro Dias De
Itaquareia Ind. Extr. (11) 4646-7000 LO 30011918, emitida
Oliveira, 1112, 37,7 km 820.001/2016
Minérios Ltda http://www.itaquarei em 18/06/2019, válida
Bairro: Jardim Nova 0h34 Requerimento de Lavra
55.023.386/0001-49 a.com.br/ até 18/06/2022
Itaqua,
Areia Itaquaquecetuba/Sp
Rua Hubert
(11) 4526-3970 LO 36010913, emitida
Itabras Mineracao Ltda Schledorn, Bairro - 64,9 km 821.234/2015
https://www.itabras em 27/06/2019, válida
55.785.877/0001-27 Jardim Das Tulipas, 1h06 Requerimento de Lavra
mineracao.com.br/ até 27/06/2024
Jundiaí/Sp
Extração Transporte E
Comércio De Areia E Rua Espanha, 325 (11) 3881-4200 / LO 26006299, emitida
62 km 820.159/2016
Pedregulho Guanabara Bairro: Lambari, 4693-4104 em 06/12/2020, válida
Ltda. Epp Guararema/Sp 2h05 até 06/12/2025 Concessão de Lavra
não possui site
50.689.504/0001-39
(19) 3806.2255
Brita Pedreira Mogiana Ltda Fazenda Boa Vista, 156 km LI 65000555, emitida 820.722/2009
(Basalto) Mogi-Mirim/Sp http://www.grupoqu em 30/06/2020
53.735.536/0001-11 1h56 Requerimento de Lavra
aglio.com.br
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 327
(11) 3702-6600
Basalto Pedreira E Sitio São Sebastião , LO 65003860, emitida
http://www.grupoest 194 km 821.701/1987
Pavimentação Ltda. São Joaquim, em 07/04/2020, válida
Leme/Sp rutural.com.br/basalt 2h20 até 11/04/2024 Concessão de Lavra
48.302.640/0001-82
o/
Otavio Fernandes Pedras Sitio Pedra Preta, (19) 3575-2458 / (19) 820.089/2019
223 km LI 73000330, emitida
Decorativas S/N, Bairro: Itaqueri 9752-9494 Requerimento de
2h39 em 21/01/2021
26.979.455/0001-94 Da Serra, Itirapina/Sp não possui site Licenciamento
Rua Coronel
LO 29008181, emitida 809.765/1970
Pedreira Santana Ltda Sezefredo Fagundes, (11) 2995-2715 22,8 km
em 18/01/2019, válida
60.832.581/0001-50 19500, Cachoeira, não possui site 0h28 Concessão de Lavra
até 18/01/2022
São Paulo/Sp
808.899/1970,
Estrada Renato (11) 4653-9989 808.515/1973,
Pedreira Sargon Ltda 45,7 km LO 57003249, emitida 820.229/2011,
Brita Ourique De Carvalho, http://www.pedreira em 31/08/2020, válida 821.512/1987 e
(Granito) 60.101.300/0001-99 Bairro: Retiro, Santa sargon.com.br/Sargo 0h51 até 07/08/2024 820.230/2011
Isabel/Sp n/index.php
Concessão de Lavra
Andrade Britta
(12) 3608-6000
Construtora E Rodovia Presidente
http://www.andrade 41,7 km LI 15003287, emitda
Pavimentadora Arusp Dutra, Br 116, Bairro: NC
britta.com.br/index.p 0h44 em 20/04/2017
Ltda Cachoeira, Arujá/Sp
hp
16.739.182/0001-57
(11) 3702-6600
Basalto Pedreira E Rua Jandira Castelo LO 32010027, emitida
http://www.grupoest 35,4 km
Pavimentação Ltda. Branco, Jardim em 28/08/2020, válida NC
Itaquiti, Barueri/Sp rutural.com.br/basalt 0h47 até 28/08/2024
48.302.640/0012-35
o/
Avenida Raimundo
Usinas Sp Pavimentação Pereira De LO 29008254, emitida
11 5514-7830 27 km
E Tecnologia Ltda Magalhães, 16850, em 19/03/2019, válida NC
Vila Santa Cruz, São não possui site 0h29 até 19/03/2022
35.523.397/0001-80
Paulo/Sp
Distância do
Potencial Receptor/
Tipo de Resíduo Contato Endereço aeroporto (Km) / Licença Ambiental
Gestor de Resíduos
Tempo aproximado
Distância do
Potencial Receptor/
Tipo de Resíduo Contato Endereço aeroporto (Km) / Licença Ambiental
Gestor de Resíduos
Tempo aproximado
Distância do
Potencial Receptor/
Tipo de Resíduo Contato Endereço aeroporto (Km) / Licença Ambiental
Gestor de Resíduos
Tempo aproximado
https://www.gestaoe
mcooperativas.com.b
r/cooperativa-chico-
mendes
Classe IIA / Grupo Cooperlimpa – Cooperativa De (11) 4049-5330 Av. Pirâmide, 144 - 29,4 km
D (somente Reciclagem Cidade Limpa Jardim Inamar NC
http://www.cooperli 0h37
recicláveis)
03.562.746/0001-87 mpa.org.br/ Diadema/Sp
Rua Josephina Giannini 34,1 km LO 33006891, emitida em
Porto De Areia De Sete Praias Ltda (11) 5674-0833
Classe IIB / RCC Elias, 499 01/11/2017, válida até
57.013.583/0001-02 não possui site 0h49
São Paulo/Sp 01/11/2022
Distância do
Potencial Receptor/
Tipo de Resíduo Contato Endereço aeroporto (Km) / Licença Ambiental
Gestor de Resíduos
Tempo aproximado
LO 29008436, emitido em
21/10/2019, válido até
21/10/2024
Ressalta-se que o levantamento deste estudo é orientativo e não extingue a possibilidade de existirem
outros aterros de resíduos de construção civil devidamente licenciados na região do aeroporto. A
efetiva contratação das empresas receptoras de resíduos ficará a critério do futuro operador
aeroportuário, que também poderá indicar locais no próprio sítio, com a prévia autorização do órgão
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 337
Com o intuito de trazer maior celeridade e padronização para os processos de licenciamento ambiental
dos Aeroportos Regionais, foi promulgada a Resolução CONAMA 470/2015, que estabelece as
diretrizes para que os aeroportos regionais (que atendam os critérios de aplicabilidade) possam ter um
procedimento de licenciamento simplificado, conforme fluxograma da Figura 7-2.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 339
Vale destacar que o órgão ambiental licenciador, independente do porte do aeroporto, é o responsável
por definir o estudo aplicável ao empreendimento e tem autonomia para solicitar um estudo mais
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 340
complexo, por exemplo, um EIA/RIMA, para casos de empreendimentos de alto impacto, desde que
fundamente os motivos que o fizeram optar por essa decisão.
Em determinadas situações, principalmente quando as obras propostas não resultarem em ampliação
da capacidade operacional do aeroporto ou aumento de impactos ambientais, o órgão ambiental pode
dispensar o empreendimento de realizar os tramites de licenciamento ambiental.
Neste capítulo são apresentadas, no item 7.1, as diretrizes específicas para o licenciamento ambiental
do aeroporto, tanto para o licenciamento operacional como para o licenciamento das obras
necessárias para a viabilização do Plano de Desenvolvimento do Aeroporto, proposto nos Estudos de
Engenharia. As diretrizes foram elaboradas após avaliação de análises prévias feitas pelo órgão
ambiental a respeito da operação do aeroporto e de obras de adequação.
No item 7.2 é apresentada uma proposição de cronograma para as ações de licenciamento ambiental
do aeroporto.
Licenciamento operacional
O Aeroporto Campo de Marte está regular em relação ao licenciamento ambiental, possuindo a LAO
nº LAO 09/SVMA-G/2020, válida até 08 de dezembro de 2024. Conforme detalhado no Capítulo
2.1.1.1.1, das 45 condicionantes da LO, 23 não estão atendidas, cabendo destacar que a Licença –
primeira LAO do aeroporto - foi emitida somente um mês antes da visita. Das exigências que ainda não
foram plenamente atendidas, a maioria trata de atualização de cadastro de empresas, instalações e
edificações, gestão de licenças, CADRIs e alvarás, avaliação periódica dos programas e, por fim, de
ações de educação ambiental e comunicação social. Das entregas pendentes que envolvem a
implementação e elaboração de planos, destacam-se:
• Implementação do Programa Emissões, referente à poluição atmosférica;
• Apresentar o Programa de Recursos Hídricos com o detalhamento dos projetos que
serão implantados no Sítio Aeroportuário, em relação à implantação de novas
tecnologias, reuso (efluentes), aproveitamento das águas de chuva visando à eficiência
do consumo de água;
• Comprovar a Implementação do Programa Recursos Hídricos, concluir e implantar o
projeto atualizado de macrodrenagem para mitigar o problema de inundação;
• Apresentar avaliação acerca de procedimentos e restrições operacionais visando
reduzir as emissões sonoras e/ou reduzir o incômodo nas residências vizinhas;
• Implementar e apresentar, plano de monitoramento de ruído;
• Apresentar Estudo que contemple a realização de medições de vibrações, em áreas
afetadas pela atividade aeroportuária, com respectivas análises e relatório de
conclusão;
• Apresentar Plano de Neutralização das emissões inventariadas;
• Comprovar a instalação de caixas separadoras de água e óleo em todos os hangares.
Recomenda-se que, ao assumir a gestão do aeroporto, o novo administrador solicite a transferência
de titularidade da licença operacional para o seu nome.
Para o procedimento de Transferência de Titularidade a Secretaria Municipal do Verde e do Meio
Ambiente (SVMA) deverá ser consultada. O atendimento deverá ser agendado por telefone ou por e-
mail. A Secretaria funciona das 8h às 17h, diariamente, na Rua do Paraíso, 387, telefones (11) 5187-
0100 e 5187-0101. Os agendamentos para assuntos relacionados à Coordenação de Licenciamento
Ambiental (CLA) devem ser feitos pelo e-mail svmacla@prefeitura.sp.gov.br.
Para solicitações de Renovação de Licença de Operação (LO), considerando os atuais procedimentos
estabelecidos pela CETESB, a Concessionária deverá encaminhar uma Ficha Cadastral preenchida para
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 342
Ao iniciar sua gestão no aeroporto, deve solicitar a transferência de titularidade do licenciamento para o seu
nome e CNPJ.
Realizar a transferência de titularidade das Outorgas para Uso de Recurso Hídrico, caso existam.
Durante a operação do aeroporto, deverão ser atendidas todas as condicionantes da Licença de Operação,
bem como devem ser apresentados ao órgão ambiental os relatórios periódicos de acompanhamento de
execução das atividades previstas.
Requerer a renovação da LO com antecedência mínima de 120 dias, contados da data da expiração de seu
prazo de validade, nos termos do parágrafo 4º do artigo 12 da Lei Complementar nº 140, de 8 de dezembro
de 2011.
Ao término de cada fase de obras, se autorizadas por meio de Licença de Instalação, o empreendedor
deverá solicitar a inclusão dessas obras na licença operacional vigente do aeroporto, evitando assim a
existência de inúmeras LO para um mesmo empreendimento aeroportuário.
Fonte: Consórcio GCA
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 343
Já o Plano de Controle Ambiental (PCA) deve ser apresentado para o pedido da Licença de Instalação,
com os impactos previstos para as fases de implantação do empreendimento, as respectivas medidas
mitigadoras, de monitoramento e controle ambiental, e a forma de registro dessas medidas.
Vale destacar, que independente da premissa definida neste estudo e das análises para as obras do
Plano de Desenvolvimento, o órgão ambiental poderá solicitar outros estudos e licenças.
Além dos trâmites supracitados, o administrador aeroportuário também deve analisar a necessidade
de obter outras autorizações, conforme o Quadro 7-2, que apresenta o resumo das autorizações e a
aplicabilidade para a viabilização do Plano de Desenvolvimento.
Quadro 7-2: Demais autorizações e procedimentos ambientais necessários para o Aeroporto Campo de
Marte
Aplicabilidade para o Plano de
Autorização/Procedimento
Desenvolvimento
Dadas as informações do quadro anterior, nos subitens a seguir estão detalhadas as recomendações
para a obtenção das demais autorizações (quando aplicáveis):
1. Manifestação da Prefeitura
Aplicável ao Plano de Desenvolvimento do Aeroporto Campo de Marte
Para viabilizar as obras de adequação, o empreendedor também precisará da Manifestação da
Prefeitura Municipal a respeito da Certidão de Uso e Ocupação do Solo na área do empreendimento,
declarando que o local e o tipo de empreendimento ou atividade estão em conformidade com a
legislação aplicável ao uso e ocupação do solo.
2. Autorização para Supressão de Vegetação (ASV)
Aplicável ao Plano de Desenvolvimento do Aeroporto Campo de Marte
Conforme a Lei Federal Complementar nº 140/2011, os empreendimentos devem ser licenciados
ambientalmente por um único ente federativo, que também é o responsável por emitir a autorização
para a supressão de vegetação vinculada às obras licenciáveis.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 346
Cabe ao IPHAN definir o nível de enquadramento, entre I e II, das obras no aeroporto. Para ambos os
níveis é necessária a elaboração da avaliação de impacto aos bens culturais tombados, valorados e
registrados, conforme especificações do artigo 13 da IN IPHAN nº 01/2015.
Com relação aos impactos em bens arqueológicos, o nível I exige que o empreendedor apenas
apresente um Termo de Compromisso do Empreendedor (TCE), no qual se compromete a suspender
imediatamente as obras caso encontre bens arqueológicos e apenas as reinicie após deliberação do
IPHAN. Já para obras classificadas como nível II, o empreendedor deverá providenciar o
Acompanhamento Arqueológico, com profissional devidamente habilitado, durante a execução das
obras, conforme critérios do artigo 16 da IN IPHAN nº 01/2015.
Portanto, considerando:
• a necessidade de preenchimento da Ficha de Caracterização de Atividade (FCA);
• que as áreas que serão afetadas pelas ampliações ainda não foram objeto de estudos
de prospecção;
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 347
entende-se que o futuro administrador aeroportuário deve realizar consulta ao IPHAN e prever a
necessidade do acompanhamento arqueológico das obras. Conservadoramente, admitiu-se que o
enquadramento será no Nível II.
4. Outorga de uso de recursos hídricos
Aplicável ao Plano de Desenvolvimento do Aeroporto Campo de Marte
O uso de recursos hídricos necessita de outorga, que deve ser solicitada pelo empreendedor
diretamente ao DAEE - Departamento de Águas e Energia Elétrica.
Preventivamente, considerando a intervenção nos canais do aeroporto, prevista no plano de
desenvolvimento para implantação de vias de serviço e do novo pátio, é necessária solicitação de
outorga ao DAEE que defere, entre outras coisas, autorização para “execução de obras ou serviços que
possa alterar o regime, a quantidade e a qualidade desses mesmos recursos”, apesar de tais canais
terem sido classificados como artificiais pelo Ofício/SUP/510/2003, emitido pela DAEE em 22 de maio
de 2003 e pelo Ofício BAT/N° 57/09, também emitido pelo DAEE, em 03 de novembro de 2009
(baseado na informação técnica P.J. nº 115/09, emitida pelo Instituto Geográfico e Cartográfico) –
dados do EIA (2013).
Já o abastecimento de água e o lançamento de efluentes do aeroporto, ambos conectados à
concessionária pública, não dependem de outorga.
5. Direito minerário
Aplicável ao Plano de Desenvolvimento do Aeroporto Campo de Marte
Com o intuito de se evitar potenciais conflitos entre as operações aeroportuárias e atividades de
mineração, o empreendedor deve solicitar o bloqueio minerário das áreas patrimoniais e áreas
adjacentes, eventualmente necessárias para o projeto de ampliação ou adequação do aeroporto. A
ação evita a permanência e a emissão de novas concessões de títulos minerários nas áreas de
interesse.
Conforme já mencionado neste estudo, o Aeroporto Campo de Marte não possui títulos minerários
nas áreas supracitadas. De qualquer forma, deve solicitar o bloqueio minerário do sítio aeroportuário
à Agência Nacional de Mineração (ANM), antigo DNPM.
6. Autorização de Gestores de Unidades de Conservação
Não aplicável ao Plano de Desenvolvimento do Aeroporto Campo de Marte
No processo de licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades que afetem unidade de
conservação ou sua zona de amortecimento2, deverá constar a autorização do órgão responsável por
sua administração. A unidade afetada, mesmo que não pertencente ao Grupo de Proteção Integral,
deverá ser beneficiária da compensação prevista na Lei Federal nº 9985/2000, do Sistema Nacional de
Unidades de Conservação (SNUC).
Durante a avaliação socioambiental do Aeroporto Campo de Marte não foram identificadas Unidades
de Conservação em um raio de 3 km no entorno do aeroporto. Dessa forma, o administrador
aeroportuário estará dispensado de solicitar a autorização para gestores de unidades de conservação.
7. Autorizações para interferência em comunidades tradicionais ou suas zonas envoltórias
Não aplicável ao Plano de Desenvolvimento do Aeroporto Campo de Marte
De acordo com o Decreto Federal nº 6040/2007, os povos e comunidades tradicionais são definidos
como "grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 348
próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para
sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações
e práticas gerados e transmitidos por tradição". Incluem-se nessa categoria, os Povos Indígenas, as
Comunidades Negras – Quilombolas, populações extrativistas, entre outros.
Segundo a Portaria Interministerial nº 60, de 24 de março de 2015, nos processos de licenciamento
ambiental de obras em aeroportos, se existirem comunidades protegidas afetadas diretamente ou
indiretamente pelas obras, os órgãos de proteção de cada comunidade devem ser instados a participar
do processo de licenciamento. Comunidades que podem ser afetadas indiretamente pelas obras,
conforme Anexo I da portaria, são as que estão localizadas a uma distância de até 10 km do aeroporto,
na Amazônia Legal; ou 8 km, nas demais regiões brasileiras (caso aplicável ao Aeroporto Campo de
Marte).
Dessa forma, caso o empreendimento impacte uma comunidade tradicional é necessária a
manifestação de órgãos específicos.
Conforme detalhamento prévio, o Aeroporto Campo de Marte não afeta diretamente comunidades
tradicionais ou zonas envoltórias, estando dispensado de solicitar a manifestação de órgãos
específicos.
8. Obtenção do Laudo de Avaliação do potencial Malarígeno (LAPM) e Atestado de Condição
Sanitária (ATCS)
Aplicável ao Plano de Desenvolvimento do Aeroporto Campo de Marte
Conforme Resolução CONAMA nº 286, de 30 de agosto de 2001, para o licenciamento ambiental, os
empreendimentos nas regiões endêmicas de malária, deverão desenvolver, de acordo com orientação
da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), estudos epidemiológicos e conduzir programas voltados
para o controle da doença e de seus vetores, a serem implementados na única fase de obras do
empreendimento. A lista dos municípios pertencentes às áreas de risco ou endêmicas para malária é
atualizada anualmente e disponibilizada pelo Ministério da Saúde.
As diretrizes, procedimentos, fluxos e competências para obtenção do Laudo de Avaliação do Potencial
Malarígeno (LAPM) e do Atestado de Condição Sanitária (ATCS) são instituídos na Portaria SVS nº 01
de 13 de janeiro de 2014, que estabelece que todo o empreendimento localizado em áreas de risco ou
endêmica para a malária, deve realizar a Avaliação do Potencial Malarígeno (APM) para emissão do
Laudo de Avaliação do Potencial Malarígeno (LAPM). Quando solicitado no LAPM, o empreendedor
deverá desenvolver o Plano de Ação para o Controle de Malária (PACM) e, posteriormente, obter o
Atestado de Condição Sanitária (ATCS).
Ao avaliar o Aeroporto Campo de Marte, verificou-se que o município está localizado em áreas de risco
ou endêmica para a malária, portanto, deverá providenciar o Laudo de Avaliação do Potencial
Malarígeno (LAPM) e o Atestado de Condição Sanitária (ATCS).
operacional do aeroporto, bem como os prazos estimados para a obtenção de validações da ANAC e
DECEA para estudos vinculados a aspectos socioambientais.
O cronograma é um produto estimado, que poderá sofrer alterações durante a sua implantação.
Existem ações que dependem de partes terceiras, não subordinadas ao futuro administrador, o que
dificulta a exatidão na definição de prazos associados a cada fase.
Dessa forma, ao se definir o prazo para a realização de cada etapa, atentou-se para que eles fossem
exequíveis, pois não há valia na proposição de prazos curtos e extremamente otimistas, mas que não
reflitam a realidade dos processos de execução de obras e licenciamento ambiental.
Perante o exposto, após avaliar o período médio de análise e emissão de pareceres do órgão ambiental
local, optou-se por utilizar como premissa os períodos de análise descritos na Resolução CONAMA nº
237/97, com pequenos ajustes de acordo com a complexidade das obras pretendidas.
É importante frisar que dependendo do prazo de atendimento do futuro administrador aeroportuário
às exigências adicionais realizadas pelos órgãos competentes durante o processo, os prazos de análise
poderão ser superiores ao estimado.
Os prazos do cronograma foram definidos de acordo com a avaliação dos documentos já emitidos
pelos órgãos competentes e pela avaliação do potencial poluidor do empreendimento para obras que
exigem licenciamento ambiental, posto que pequenas reformas e obras de manutenção, que não
interferem na qualidade ambiental, fazem parte da rotina do aeroporto e estão dispensadas de
licenciamento.
Por fim, foram definidas premissas para a elaboração do cronograma, que estão detalhadas nos
subitens a seguir.
1. Premissas para o licenciamento operacional e autorizações vinculadas à rotina
operacional do aeroporto
O Quadro 7-4 apresenta os prazos estimados para as atividades vinculadas ao licenciamento
operacional do aeroporto.
Notas:
¹ AA-Administrador aeroportuário
² OC-Órgão Competente
Fonte: Consórcio GCA
Quadro 7-6: Premissas para o licenciamento das obras de ampliação do Aeroporto Campo de Marte
Aspectos avaliados Fase 1
Licenças aplicáveis LP e LI
Após a avaliação do histórico de licenciamento do aeroporto e das legislações ambientais de São Paulo,
este estudo considera que, inicialmente, o empreendedor deverá realizar a Consulta Prévia ao Órgão
Ambiental para a definição do tipo de licenciamento e estudos ambientais que subsidiarão a única fase
de expansão do empreendimento.
As premissas deste estudo indicam que, como resposta à Consulta Prévia, o órgão ambiental exigirá a
realização de um procedimento de licenciamento ordinário (com emissão de LP, LI e LO) para as obras
previstas no Plano de Desenvolvimento do Aeroporto. A emissão das licenças deverá ser precedida da
elaboração do Relatório Ambiental Preliminar (RAP) para a obtenção da LP e do Plano de Controle
Ambiental (PCA) para a obtenção da LI.
Ao término da fase de obras, o empreendedor deverá solicitar a emissão de uma LO para as obras
concluídas ou solicitar a inclusão da infraestrutura construída no escopo da Licença Operacional
vigente do aeroporto.
As premissas de atividades e prazos para o licenciamento ambiental do aeroporto estão no Quadro
7-7.
Quadro 7-7: Estimativa de prazos para o licenciamento das obras de médio impacto ambiental
Descrição Prazo estimado
TOTAL 12 MESES
Notas:
1 AA-Administrador aeroportuário
2 OA-Órgão Ambiental
Fonte: Consórcio GCA.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 352
Durante o licenciamento das obras, será necessária a obtenção de autorizações e licenças de outros
órgãos ou entidades, sendo que estes trâmites ocorrerão uma única vez, paralelamente ao período
em que o órgão ambiental analisará o processo de licenciamento para a emissão da LP.
O Quadro 7-8 apresenta a estimativa de prazos para todos os possíveis processos paralelos necessários
ao licenciamento ambiental das obras de ampliação e adequação.
Solicitação de manifestação da Prefeitura Municipal (AA1) e emissão de parecer pela 1 mês (AA1)
Prefeitura Municipal (OC2) 3 meses (OC2)
Solicitação de outorga de utilização de recursos hídricos (AA1) e emissão de outorga de 1 mês (AA1)
utilização (OC2) 3 meses (OC2)
1 mês (AA1)
Solicitação de intervenção em APP (AA1) e emissão de autorização (OC2)
3 meses (OC2)
TOTAL 05 MESES3
Notas:
1 AA-Administrador aeroportuário
2 OC-Órgão Competente
3– Os prazos estão sendo considerados com a execução simultânea das ações descritas
Baseando-se nas premissas anteriores e na única Fase de Operação do aeroporto ao longo dos anos
de concessão, foi desenvolvido o macrocronograma de atividades para o Aeroporto Campo de Marte,
conforme Figura 7-3.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 353
Por fim, para uma melhor visualização das datas e prazos, as atividades ambientais do
macrocronograma foram inseridas em cronogramas específicos, conforme detalhamento do Quadro
7-9
Cronograma de licenciamento
Ampliação e adequação Figura 7-6
ambiental das obras para a Fase 1
Fonte: Consórcio GCA.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 354
Figura 7-4: Cronograma para o licenciamento ambiental operacional e demais autorizações vinculadas
Figura 8-2: Itens da ISO 14.001:2015 e correlação com o SGA proposto para o Aeroporto
Procedimentos de
Planejamento
Planejamento (item 6) +
Programa de Gerenciamento
do Licenciamento
Indicadores
Indicadores
de de
Avaliação da Performance desempenho
desempenho
(Item 9) socioambiental
socioambiental
Conforme apresentado no item 3.2, a Infraero possui uma Política Ambiental implementada.
Para facilitar o controle do Sistema de Gestão Ambiental, propõe-se que os programas e planos
relativos às operações cotidianas do aeroporto e os relativos às obras de ampliação sejam gerenciados
de forma independente, em virtude de suas características diferenciadas, conforme será apresentado
no subcapítulo 8.3 - Planos e Programas ambientais adiante.
A seguir estão relacionados, de forma sucinta, os procedimentos que deverão ser desenvolvidos na
fase de Planejamento do Sistema da Gestão Ambiental proposto, relativos aos itens 6 do PDCA, que
deverão ser elaborados e implantados.
Manual do Sistema de Gestão Ambiental
O Manual do Sistema de Gestão Ambiental tem o objetivo de descrever de forma sucinta, as Diretrizes
da Gestão Ambiental incorporadas pela organização visando a preservação do meio ambiente. Esse
documento deve compilar e trazer a estrutura do SGA da organização.
Levantamento e Identificação das Partes Interessadas
Esse procedimento visa a definição dos critérios utilizados para identificar as partes interessadas, bem
como classificá-las e definir suas necessidades e expectativas. Tal levantamento está diretamente
relacionado ao atendimento à legislação e outros requisitos, e ao Programa de Comunicação Social.
Levantamento e Identificação dos Aspectos e Impactos Ambientais
Esse procedimento visa a definição dos critérios utilizados para identificar e avaliar os aspectos e
impactos ambientais associados às atividades do aeroporto, bem como definir a sua significância para
propor procedimentos necessários para mitigação e controles necessários.
Levantamento, Controle e Avaliação da Legislação e outros requisitos
Esse procedimento tem como objetivo principal a definição dos critérios utilizados para identificar e
avaliar a legislação ambiental e outros requisitos associados às atividades do aeroporto e será a base
para o empreendimento percorrer a regularidade ambiental, pois eles devem ser considerados no
estabelecimento e manutenção do planejamento e na elaboração de controles necessários.
Importante possuir a sistemática de controle de nº de notificações e autuações/multas por período,
possibilitando assim, um acompanhamento por meio de indicadores.
Requisitos socioambientais exigidos à Terceiros
Esse procedimento tem como objetivo definir as diretrizes que serão disseminadas e exigidas em sua
cadeia de valor. Para tal procedimento se tornar mais eficaz, é necessário que o aeroporto identifique
seus possíveis fornecedores e concessionários críticos e, então, estabeleça seus requisitos e exigências
de maneira direcionada, destacando a importância de se controlar as licenças ambientais dessas
organizações.
• Plano de Gestão Ambiental Operacional (PGAO) → Esse é o Plano que agrupa todos
os Programas Ambientais propostos para a fase de Operação do aeroporto e que
deverão ser executados durante por toda a vida do empreendimento.
Neste relatório, os planos e programas propostos consideraram aspectos socioambientais
relacionados aos impactos da implantação e operação dos aeroportos. Porém, considerando as boas
práticas em sustentabilidade vigentes, o novo administrador deve considerar outros programas
referentes ao bem estar dos seus colaboradores e inclusão social, como: programa de diversidade,
programa de acessibilidade, programa de voluntariado e programas sociais corporativos.
Figura 8-3: Programas ambientais para as obras de ampliação e/ou adequação do aeroporto
Importante lembrar que após a emissão da Licença de Instalação (LI), na etapa de formalização do
contrato entre o empreendedor e a construtora responsável pelas obras, se houverem adequações e
detalhamentos no PCA, essas informações deverão ser apresentadas ao órgão ambiental,
complementando assim o processo de acompanhamento da licença.
A seguir está descrito o conteúdo básico dos programas a serem apresentados na elaboração do Plano
de Controle Ambiental (PCA).
Programa de Gestão e Monitoramento de Obras
É considerado o macroprograma do Plano de Controle Ambiental e que tem a finalidade de apresentar
a forma de controle e organização dos demais programas, além de contemplar diretrizes específicas
para gestão do canteiro de obras, contratação de mão de obra local, estradas de serviços utilizadas na
obra e diretrizes específicas para obras temporárias.
Nos próximos subtítulos são apresentados os principais objetivos, procedimentos e ações que devem
ser abordados no Programa de Gestão e Monitoramento de Obras.
Gestão Ambiental dos Programas
Estabelecer uma estrutura administrativa para a implementação das ações e dos procedimentos
constantes nos Programas Ambientais propostos, garantindo a sua execução correta, por meio da
estruturação de uma equipe capacitada, que deverá coordenar e supervisionar a aplicação dos
programas e subprogramas propostos.
Canteiro de Obras
A seção do Programa específica sobre o canteiro de obras deve detalhar, minimamente, os seguintes
itens:
• Local de implantação do canteiro, apresentando o dimensionamento e layouts de suas
áreas constituintes;
• Informações a respeito das atividades que serão realizadas no canteiro, assim como o
uso de equipamentos, veículos e produtos químicos;
• Estimativa do aumento do fluxo de veículos e caminhões nas vias de acesso à obra,
assim como o detalhamento das atividades que serão realizadas para minimizar o
impacto no tráfego local;
• Número de funcionários e forma de contratação, sempre valorizando a mão de obra
local;
• Consumo estimado e formas de fornecimento de energia e água;
• Técnicas ambientalmente adequadas para o esgotamento sanitário e gerenciamento
de resíduos, assim como a respectiva estimativa de geração;
• Alternativas tecnológicas e sustentáveis para a redução de resíduos e destinação de
menor impacto;
• Formas de sinalização dos canteiros e vias de acesso a serem utilizadas;
• Forma de gerenciamento de eventuais situações de riscos ambientais, como
vazamentos e derramamentos de substâncias químicas, detalhando os procedimentos
a serem adotados, os equipamentos de contenção existentes no canteiro de obras e
os responsáveis pelas ações;
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 364
a realização do monitoramento e registro das emissões sonoras, por meio desse Programa, permite
verificar os níveis emitidos e avaliar possíveis impactos desta geração, além de possibilitar a tomada
de decisão em caso de necessidade de adoção de alguma medida mitigadora ou minimizadora.
O acompanhamento da evolução dos níveis de ruído ao longo do tempo de duração das obras de
ampliação do aeroporto, os quais devem ser mantidos dentro dos padrões legais estabelecidos na NBR
10.151, dispostos na Resolução CONAMA nº 01/1990, permitirá a avaliação sobre a efetividade do
programa, que tem o intuito de atingir e realizar os principais objetivos específicos e ações:
• Garantir o conforto da população afetada pelas obras;
• Prover a cobertura de equipamentos fixos, caso seja constatado ruído excessivo;
• Criar sistemática de manutenção preventiva dos maquinários utilizados na obra;
• Realizar campanhas periódicas de monitoramento do ruído proveniente das obras.
É importante diferenciar o ruído proveniente das obras e o ruído aeronáutico, proveniente dos aviões
e equipamentos de apoio em solo. O ruído aeronáutico é abordado no Programa de Gerenciamento
de Ruído, com foco operacional, que será especificado adiante. As ações de gerenciamento do ruído
aeronáutico são guiadas por legislações aeronáuticas, como o RBAC 161, diferentemente do ruído de
obras, que deve atender a NBR 10.151 e a CONAMA nº 01/90.
Posto isso, a forma de monitorar e relatar esses tipos de ruído são diferenciadas, exigindo
conhecimento específico da empresa responsável por realizar as atividades.
Programa de Educação Ambiental
Na etapa de obras, os envolvidos diretamente nas obras, isto é, a força de trabalho composta por
operários, técnicos, motoristas, supervisores, etc., devem receber um treinamento apropriado,
visando prepará-los e conscientizá-los para reconhecer e atuar de forma adequada diante do
patrimônio existente e de situações de risco ambiental como: vazamentos de óleo e combustíveis,
lavagem de pneus dos veículos usados no canteiro de obras, uso de sanitários, identificação de objetos
de possível interesse arqueológico, disposição adequada de resíduos, proteção da vegetação e dos
cursos d’água, instaurações de processos erosivos e de assoreamento, atratividade de fauna doméstica
e sinantrópica etc.
Portanto, a elaboração do presente Programa se justifica por ser uma contribuição importante para a
capacitação de mão de obra e desenvolvimento de práticas ambientalmente corretas. Além de estar
alinhado a Política Nacional de Educação Ambiental, disposta na Lei Federal nº 9.795/1999. Além disso,
a lei nº 12.780, de 30 de novembro de 2007, instituiu a Política Estadual de Educação Ambiental de
São Paulo, também alinhado ao PNEA.
Por fim, cabe lembrar que a condicionante 42, da LAO vigente, prevê a implementação de um
Programa de Capacitação, Educação e Treinamento, para desenvolver ações complementares às já
implantadas, e/ou campanhas de Educação Ambiental mais constantes, incluindo principalmente a
prática de programas de orientações quanto ao perigo aviário e de coleta seletiva, ampliando o Plano
de Resíduos Sólidos já existente.
Os objetivos específicos e ações do programa são:
• Definição da estratégia de abordagem da problemática ambiental;
• Definição do cronograma de palestras, treinamentos e eventos de cunho
socioambiental;
• Elaboração de materiais de publicidade;
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 367
Figura 8-4: Programas do Plano de Controle Ambiental (PCA) para as obras de adequação.
A seguir está descrito o detalhamento dos 12 Programas Ambientais propostos para a gestão
ambiental operacional do aeroporto. Recomenda-se que o operador, ao assumir a gestão do
aeroporto, contrate a elaboração dos Programas e procedimentos propostos. Adicionalmente, será
necessária a estruturação da equipe que fará a gestão do empreendimento.
Programa de Gerenciamento da Biodiversidade e Risco da Fauna
As atividades aeroportuárias interferem no meio circunvizinho, devido à presença de veículos,
movimentação de pessoas e aeronaves. Esses fatores afugentam diversas espécies da fauna do local,
no entanto, novas espécies surgem, adaptadas à realidade dos ambientes aeroportuários.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 372
Quanto mais diversificado for o ambiente físico do aeroporto, especialmente com relação a gramados,
áreas alagadas e pontos de acesso vulneráveis, maiores serão os atrativos para a existência de fauna
no local.
A existência de espécies de fauna em áreas operacionais do aeroporto e em suas proximidades, pode
resultar em colisões com aeronaves, gerando prejuízos materiais, financeiros e até colocar em risco a
segurança dos usuários da aviação. A esse risco é atribuído o termo risco da fauna para a aviação.
Não só a avifauna é foco do Programa de Gerenciamento da Fauna, mas também o monitoramento e,
se necessário, o manejo da mastofauna e herpetofauna.
O Programa de Gerenciamento da Biodiversidade inclui ações, planos e procedimentos relacionados a
temas como risco da fauna, conservação da biodiversidade e risco à saúde (Figura 8-6). Importante
ressaltar que devido aos riscos operacionais, o Programa de Gerenciamento da Biodiversidade possui
maior quantidade de ações focadas no gerenciamento do risco da fauna à aviação.
responsabilizado por quaisquer problemas/danos gerados pela presença do animal. O aeródromo deve
manter as barreiras adequadas para impedir o acesso desses animais (seguindo o DIVOP 005/2015) e
trabalhar com a CGRF para que haja divulgação e conscientização da posse responsável de animais.
Alguns aeródromos podem enfrentar problemas com o descarte de carcaças desses animais, que
devem ser removidas imediatamente do sítio, conforme procedimento de remoção e destinação
constante no PGRS.
No caso dos animais domésticos, como cães e gatos, além da grande população de animais de rua e
abandonados, existem também os animais da comunidade (com mais de uma pessoa reivindicando a
posse). Para esse grupo de animais, o operador aeroportuário deve dispensar maior esforço no
planejamento das ações e considerar eventuais recursos financeiros para a destinação adequada.
Todas as técnicas devem estar de acordo com a legislação ambiental federal, estadual e municipal,
além de considerar as boas práticas de bem-estar animal.
O Guia de Controle Humanitário da População Canina, o Humane Cat Population Management
Guidance, ambos da International Companion Animal Management Coalition (ICAM), de 2007, e o
documento de Manejo Humanitário de cães da World Animal Protection apresentam diretrizes para
mitigar os problemas associados a presença indevida de animais domésticos. Dentre essas ações, as
aplicáveis à realidade dos aeródromos são:
• Considerando que as ações de controle apropriado da população canina deveriam ser
de responsabilidade do governo nos âmbitos local e federal, a administração
aeroportuária deve buscar parceria com os Centros de Controle de Zoonoses locais a
fim de que a destinação dos animais eventualmente capturados seja feita por essas
instituições;
• As Organizações da Sociedade Civil (OSC) de bem-estar animal têm papel importante
para apoiar estratégias de controle da fauna doméstica. O administrador
aeroportuário poderá buscar parcerias formais com essas instituições, prevendo que
serão necessárias contrapartidas de recursos financeiros ou insumos;
• As Universidades que possuem cursos de Medicina Veterinária e Zootecnia podem ser
mapeadas para parcerias formais;
• Realizar através de parcerias com as instituições supracitadas campanhas que
envolvam conscientização de posse/guarda responsável, leis de crimes ambientais,
registro, identificação (por exemplo microchips), vacinação, castração e impactos na
segurança de voo;
• Realizar campanhas de adoção de animais domésticos, juntamente com educação
ambiental sobre posse/guarda responsável, leis de crimes ambientais e
comprometimento da segurança de voo pela presença desses animais nos aeroportos;
• Estabelecer canais de comunicação e conscientização entre os funcionários do
aeroporto e comunidade aeroportuária para o não provimento de recursos
alimentares e abrigo para esses animais dentro do sítio aeroportuário e entorno
imediato;
• Realizar campanhas internas entre os funcionários e comunidade aeroportuária para
a seleção de voluntários à adoção e estabelecer uma rede de lares temporários.
As ações acima elencadas devem ser estudadas e selecionadas por cada aeródromo considerando a
realidade local e regional. Essas medidas corroboram não apenas com o gerenciamento de risco da
fauna, mas também com a responsabilidade socioambiental do operador aeroportuário.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 376
diretamente nas populações de espécies da fauna, nativa ou exótica, com o objetivo de reduzir o risco
de colisões com aeronaves. As ações de manejo diretas nas populações devem focar as espécies
consideradas problema pela Análise do Risco de Colisão com Fauna em Aeródromos (ARF). As ações
de interferência direta devem ser aplicadas às espécies-problema com risco muito alto ou alto. A
autorização emergencial deverá ser solicitada as espécies-problema classificadas com risco muito alto,
segundo a Resolução CONAMA nº 466/2015.
Plano Específico de
5 Curvas de ruído (85, Curvas com formato específico, obtidas através
Zoneamento de Ruído -
80, 75, 70 e 65) de softwares de simulação de ruído aeronáutico
PEZR
Fonte: Consórcio GCA
Nesse sentindo, é importante que sejam adotadas medidas para proteger o desenvolvimento do
aeroporto e da aviação, assim como evitar que a população seja afetada pelos impactos negativos da
atividade aeroportuária.
Para isso, é essencial que o município incorpore em seu zoneamento os planos de proteção do
aeroporto, como o Plano de Zoneamento de Ruído, o Plano de Zonas de Proteção e a Área de
Segurança Aeroportuária (ASA) para atividades atrativas à fauna.
Dessa forma, esse programa objetiva adotar ações para minimizar os conflitos das atividades
aeroportuárias com o uso e ocupação do solo no entorno.
Dentre seus objetivos específicos estão:
• Elaborar o PBZPA e PZPANA do aeroporto;
• Vistoria periódica na ASA do aeroporto;
• Levantamento de Obstáculos à aviação situados nas zonas de proteção;
• Identificação de usos indevidos das áreas de entorno do aeroporto;
• Estabelecer sistema de comunicação aos órgãos responsáveis para que sejam
adotadas medidas contra os usos inadequados do solo no entorno do aeroporto (por
exemplo, as comissões previstas nos RBAC da ANAC);
• Realização de parcerias técnicas com os órgãos locais, com o intuito de divulgar o
conhecimento sobre os planos de proteção do aeroporto.
Programa de Gerenciamento de Consumo e Resíduos Sólidos
O Programa de Gerenciamento de Consumo e Resíduos Sólidos tem como premissa reduzir o consumo
de materiais e dar o tratamento adequado aos resíduos sólidos gerados no aeroporto, em consonância
com a legislação vigente, de acordo com as melhores práticas para a minimização da geração dos
resíduos e estímulo à reciclagem, visando a prevenção da poluição e redução de custos.
Os principais objetivos e ações são:
• Reduzir o consumo de materiais;
• Orientar a utilização de materiais ecoeficientes e consumíveis sustentáveis;
• Elaborar e manter atualizado o Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos
(PGRS) e o Programa de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde (PGRSS) do
Aeroporto;
• Caracterizar os resíduos gerados, contendo a origem, volume e caracterização;
• Identificar os responsáveis pelo gerenciamento de resíduos;
• Definir os procedimentos operacionais para o correto gerenciamento de resíduos no
que tange ao armazenamento, coleta, transporte, tratamento e destinação;
• Definir metas e procedimentos relacionados à minimização da geração de resíduos
sólidos e estímulo à reciclagem.
Programa de Consumo Consciente
O Programa de Consumo Consciente tem o objetivo de reduzir o consumo de materiais e orientar a
aquisição de equipamentos/materiais ecoeficientes e sustentáveis. As ações devem focar
especialmente o setor de compras, os concessionários, empresas terceirizadas e a comunidade
aeroportuária.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 386
instrumentos para que seja possível implantar e medir os resultados das políticas determinadas, tais
como:
• Inventário de Emissões Antrópicas de GEE Diretos e Indiretos do Estado de São Paulo.
Com metodologia e medições a cargo do PROCLIMA/CETESB/SIMA, esse documento
contém estimativas de emissões de gases de efeito estufa ocorridas no território
paulista. Nele, podem-se encontrar os Inventários Setoriais apresentados e observar
que existem diferentes períodos de atualização; dentre eles, o Inventário de Emissões
e Remoções Antrópicas do Setor Uso da Terra, Mudança do Uso da Terra e Florestas;
• O Plano Participativo de Adaptação aos Efeitos das Mudanças Climáticas, que teve sua
primeira versão publicada em novembro de 2011. Seu objetivo é a adaptação e,
consequentemente, a análise das vulnerabilidades, ou pontos frágeis às complicações
das mudanças climáticas, com foco no Estado de São Paulo;
• O Programa Remanescentes Florestais, que, embora não tenha se constituído como
programa específico na SIMA, tem reconhecimento e está alinhado com todos os
projetos do governo. O objetivo é incentivar o mapeamento, marcação e recuperação
pelo plantio e proteção de matas ciliares, aquelas localizadas ao longo dos rios e outros
tipos de fragmentos florestais, conforme estabelecido no artigo 23 da Lei nº 13.798,
que originou a PEMC;
• O Programa Estadual de Prevenção de Desastres Naturais e de Redução de Riscos
Geológicos (PDB), instituído em 2011, pelo Decreto nº 57.512/201, que identifica e
mapeia as áreas de risco existentes no Estado de São Paulo. Visa reduzir as
vulnerabilidades a desastres, promover uma ocupação adequada do território,
capacitar e treinar agentes, até o nível da administração municipal. Ele promove o
diagnóstico dos perigos e de riscos de escorregamentos, inundações, erosão e colapso
de solo e é atualizado anualmente, restabelecendo prioridades;
• o Zoneamento Ecológico Econômico do Estado de São Paulo – ZEE, tem como
finalidade contribuir para a formulação de políticas públicas em harmonia com
orientações estratégicas de desenvolvimento sustentável, bem como orientar o
licenciamento de atividades produtivas de forma coerente com esses objetivos. Suas
diretrizes são a resiliência às mudanças climáticas, a segurança hídrica, a proteção da
biodiversidade, a economia competitiva e sustentável e a redução de desigualdades
regionais.
Com o intuito de facilitar a visualização do sistema proposto, a Figura 8-7 apresenta um resumo dos
principais planos e ações associados a cada programa ambiental.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 394
Ressalta-se que as metas devem ser propostas sobre valores conhecidos e refletir o envolvimento e a
capacidade que a organização tem de atingir seus objetivos. Dessa forma, propor metas para terceiros,
sem conhecer com exatidão seu banco de dados e suas peculiaridades, não é uma conduta
recomendada. A meta deve ser desafiadora e motivadora, no entanto, se for inatingível, pode resultar
em ceticismo e falso envolvimento.
Também não é possível a proposição de metas sobre indicadores anteriores à data da concessão, uma
vez que o operador atual não possui um banco de dados que atenda às necessidades de informações
dos indicadores propostos neste estudo.
Posto isso, recomenda-se que a implantação dos indicadores, a proposição de metas e a avaliação do
Sistema de Gestão Ambiental seja feita conforme cronograma apresentado na Figura 8-9.
**Estima-se que as ações a partir do 3º ano se repitam até o último ano da concessão.
Por esse motivo o cronograma foi aqui representado até o 4º ano apenas.
Fonte: Consórcio GCA
O cronograma traz uma sugestão para que as ações de implantação do SGA e banco de dados
ambientais se iniciem ao fim do período de transição, cujo foco é a transferência segura e ininterrupta
das operações aeroportuárias. Vale destacar que a quantidade de dias do período de Transferência
Operacional só será de conhecimento público após a assinatura do contrato.
Ao término do período de transição, sugere-se que as equipes executem as etapas de planejamento
do SGA e implantação dos programas ambientais. Vale destacar que os Programas Ambientais
associados à fase de obras terão vigência conforme o cronograma de execução das obras,
diferentemente dos Programas Ambientais Operacionais, que serão contínuos durante todo o período
de concessão.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 397
Alguns dos indicadores propostos exigirão a elaboração de estudos específicos, como por exemplo, o
caso de indicadores de emissões de gases de efeito estufa, que dependerão da elaboração de um
inventário específico, que demandará certo tempo para ser executado. Em outras palavras, a utilização
dos indicadores será feita de forma gradual, dependendo da especificidade do tema, posto que
existem indicadores que poderão ser gerados com informações mensais e outros com informações
anuais.
Dessa forma, estima-se que ao término do 2º ano de concessão, as informações necessárias para
subsidiar todos os indicadores já serão de conhecimento do novo concessionário. Nesse momento,
deverá ser elaborado um relatório denominado por Marco 0 dos indicadores (V0), cujas informações
serão suficientes para que o próprio operador defina suas metas de melhoria. Presume-se que o
operador, para gerar as informações dos indicadores, precisará coletar informações vinculadas às suas
atividades operacionais e às suas obras de ampliação.
Anualmente, a Alta Direção, juntamente com a equipe técnica responsável pelo sistema, deverá revisar
os indicadores existentes, sugerindo a criação de novos ou excluindo os que não sejam mais aplicáveis
ao negócio. Nessa etapa, é importante que seja realizado o acompanhamento das metas propostas e
ajustes necessários, assim como uma análise crítica do Sistema de Gestão Ambiental.
Considerando que os indicadores demonstram a eficiência de seu Sistema de Gestão Ambiental, é
importante que o operador aeroportuário divulgue essas informações aos seus stakeholders (partes
interessadas).
Reportar o desempenho de uma organização por meio de Relatórios de Sustentabilidade, seguindo as
diretrizes do Global Reporting Initiative (GRI), vem se tornando uma tendência mundial de
padronização. Corroborando com essa tendência, o GRI possui um suplemento setorial específico para
operadores aeroportuários, possibilitando um aprimoramento futuro nos aeroportos, com a inserção
de novos indicadores específicos a qualquer tempo.
No âmbito estratégico, seguir a sistemática de reporte com os indicadores do GRI, possibilita à
organização estar em sintonia com as iniciativas do Pacto Global, com os objetivos do Desenvolvimento
Sustentável da Organização das Nações Unidas, com a agenda 2030 da ICAO, com os Princípios do
Equador, e estritamente alinhados aos índices de Sustentabilidade das bolsas de valores mundiais,
como por exemplo: DJSI – Nova Iorque, FTSE4good – Londres, ISE BOVESPA – Brasil. A seguir está uma
breve descrição de algumas das iniciativas:
• Pacto Global da ONU: é uma iniciativa voluntária, em que as empresas signatárias se
comprometem a adotar práticas em consonância com 10 princípios norteadores do
pacto, que abrangem temas vinculados aos direitos humanos, relação de trabalho,
meio ambiente, entre outros;
• Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS): é uma agenda mundial adotada
durante a Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, em
setembro de 2015, composta por 17 objetivos globais para acabar com a pobreza,
promover a prosperidade e o bem-estar para todos, proteger o meio ambiente e
enfrentar as mudanças climáticas.
• Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ICAO: é um compromisso assumido
pelo ICAO em 2015, no qual a organização adotou em seu projeto denominado
“Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável” os 17 objetivos globais das
Nações Unidas. Para a efetividade e cumprimento de sua agenda, os temas permeiam
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 398
REGULARIDADE AMBIENTAL
Nº de fornecedores avaliados
ambientalmente/Total de contratos 308-1
Impactos Ambientais negativos fechados
da cadeia de fornecedores e
medidas tomadas Total de fornecedores
ambientalmente avaliados /Total de 308-2
fornecedores críticos
ÁGUA
BIODIVERSIDADE
RISCO DA FAUNA
•Não aplicável
PRINCÍPIOS DO PACTO GLOBAL
Nota 1: Em complemento ao GRI é recomendado o acompanhamento dos indicadores propostos no Manual do Comando da
Aeronáutica - MCA 3-8 (COMAER 2017), os quais permitem analisar a severidade das colisões
Fonte: Consórcio GCA
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 404
RUÍDO
•Direitos humanos (1 e 2)
PRINCÍPIOS DO PACTO GLOBAL
EMISSÕES
ENERGIA
Consumo de combustível
renovável (J) / Período
RESÍDUOS SÓLIDOS
EFLUENTES
RISCOS AMBIENTAIS
SOCIAL
•Direitos Humano (1 e 2)
PRINCÍPIOS DO PACTO GLOBAL •Trabalho (4 e 6))
Nota 1: Indicadores que podem ser aplicáveis caso ocorra o aproveitamento máximo do sítio aeroportuário. Ressalta-se que
a demanda futura, estimada neste conjunto de estudos, não prevê a necessidade de expansão além dos atuais limites
patrimoniais.
9 ORÇAMENTO SOCIOAMBIENTAL
O orçamento socioambiental teve por base as seguintes premissas:
• Todos os custos se referem à data base outubro/2020;
• Foram utilizados como referenciais para a orçamentação as Tabelas de Engenharia Consultiva
e o Sistema de Custos Rodoviários (SICRO) divulgados pelo DNIT, além de pesquisas de
mercado e levantamentos de custos com base na experiência e acervo técnico da empresa;
• O aeroporto contará com uma equipe própria (não terceirizada) para a implementação e
acompanhamento do Sistema de Gestão Ambiental, dimensionada de acordo com seu porte
e classificação. Essa equipe será responsável por todas as ações de gestão ambiental relativas
à operação do aeroporto, seja atuando diretamente na sua implementação, seja
supervisionando serviços específicos contratados, detalhados neste capítulo;
• Durante a fase de obras, será contratada uma equipe de gestão ambiental e social específica,
que atuará de forma dedicada e em articulação com a equipe interna do SGA;
• Custos relativos à correção ou recuperação dos passivos ambientais são apresentados no
Capítulo 4, sendo aqui apresentados seus respectivos orçamentos, salvo aqueles relacionados
à correção de irregularidades físicas que se encontram orçados no CAPEX de Engenharia e Afins
(Relatório 2);
• Custos associados a desapropriações são orçados exclusivamente no CAPEX de Engenharia
(Relatório 2).
A seguir é apresentada a metodologia adotada no orçamento de cada item do CAPEX e OPEX
Ambiental, sendo o detalhamento de todos os custos socioambientais apresentado no Anexo 3 –
Orçamento Socioambiental. No Anexo 4 – Cotações de Serviços Ambientais são apresentadas as
cotações de serviços de laboratório e sondagens obtidas utilizadas para definir custos unitários.
9.1 CAPEX
Neste estudo foram considerados CAPEX Ambiental os custos ambientais associados a todas as etapas
de obras do Plano de Desenvolvimento do Aeroporto, proposto nos Estudos de Engenharia e Afins
(Relatório 2).
O CAPEX Ambiental envolve o custo relativo ao licenciamento ambiental, incluindo os estudos
ambientais necessários e as taxas de análise e de emissão de licenças definidas pelo órgão ambiental;
a equipe de gestão ambiental responsável pela implementação das ações previstas no Plano de
Controle Ambiental (PCA) das Obras; as ações relativas ao Programa de Supressão de Vegetação e
Monitoramento da Fauna, abrangendo a elaboração do inventário florestal, o acompanhamento da
supressão da vegetação, monitoramento e afugentamento da fauna, e a compensação florestal
correspondente; as ações de gerenciamento de passivos ambientais de áreas contaminadas, suspeitas
ou com potencial contaminação e a recuperação de outros passivos ambientais não solucionados no
conjunto das obras; e, finalmente, a compensação ambiental prevista pelo Sistema Nacional de
Unidades de Conservação (SNUC), quando couber.
Na Tabela 9-1 é apresentado o resumo do CAPEX Ambiental estimado para o Aeroporto Campo de
Marte, cujo detalhamento é apresentado na sequência.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 412
Tabela 9-1: CAPEX Ambiental estimado para o Aeroporto Campo de Marte (em R$)
Atividade Fase 1 Total
Licenciamento Ambiental
O licenciamento ambiental compreende a elaboração dos estudos ambientais necessários à obtenção
das licenças ambientais aplicáveis a cada fase de obras, bem como o pagamento das respectivas taxas
associadas à emissão destas licenças.
Estudos Ambientais
Neste item, são apresentados os Estudos Ambientais necessários à obtenção das Licenças Ambientais
para as obras previstas no Plano de Desenvolvimento proposto.
O escopo dos estudos ambientais é definido conforme a complexidade das intervenções e informações
requeridas pelo órgão ambiental, abrangendo o diagnóstico dos meios físico, biótico e
socioeconômico, a identificação e avaliação dos impactos ambientais potenciais e a indicação de
medidas mitigadoras e programas ambientais. Na elaboração dos estudos também está considerado
o preenchimento da Ficha de Caracterização do Empreendimento para sua classificação junto ao
IPHAN, quando aplicável.
Tendo em vista a Portaria SVS nº 01/2014 e considerando que o Aeroporto Campo de Marte se
encontra em um dos municípios pertencentes às áreas de risco ou endêmicas para malária, também
foi considerada a necessidade de elaboração da Avaliação do Potencial Malarígeno (APM) para
obtenção do Laudo de Avaliação do Potencial Malarígeno (LAPM).
Para o licenciamento ambiental das obras propostas para o Aeroporto Campo de Marte, são
requeridos os seguintes estudos ambientais: Consulta Prévia, Relatório Ambiental Preliminar – RAP,
Avaliação do Potencial Malarígeno – APM e Plano de Controle Ambiental – PCA. Após a conclusão das
obras será necessária a elaboração do relatório de Solicitação da Licença de Operação.
O custo de cada um dos estudos ambientais foi estimado levando em consideração o escopo mínimo
estabelecido em legislação e a experiência da equipe em empreendimentos similares.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 413
A atualização dos valores das licenças foi feita tomando por base o valor da Unidade Fiscal do Estado
de São Paulo – UFESP válido para 2020.
Área de Intervenção em APP sem vegetação nativa (em ha) 0,6835 0,6835
Tabela 9-6: Descrição das atividades de gerenciamento dos passivos de áreas contaminadas
Atividade Descrição
Atividade Descrição
Avaliação de Risco
A ARSH utiliza os dados obtidos nos estudos da IC e da ID para avaliar se há risco
Toxicológico à Saúde
cancerígeno e quais as metas de remediação.
Humana (ARSH)
Modelagem matemática
A modelagem de fluxo e transporte utiliza os dados obtidos nos estudos da IC e
de fluxo da água
da ID e visam demostrar o caminhamento e temporalidade da evolução das
subterrânea e transporte
plumas.
de contaminantes
O custo da Investigação Confirmatória de cada área identificada varia em função dos contaminantes a
serem investigados, da quantidade e profundidade dos poços de monitoramento necessários,
instalação de pontos de amostragem de vapores (conforme DD Cetesb 38/2017), entre outros fatores.
De modo geral, a Investigação Confirmatória compreende a mobilização de equipes de sondagem, a
instalação de poços de monitoramento, coleta de amostras e análises laboratoriais de solo, água
subterrânea e vapores.
Como as sondagens SPT realizadas para subsidiar os estudos de engenharia não identificaram o nível
de água, para determinação da profundidade dos poços de monitoramento foram considerados dados
do SIAGAS/CPRM conforme apresentado na figura a seguir.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 418
Fonte: CPRM
Para o Aeroporto Campo de Marte, o custo total para o gerenciamento de passivos ambientais
relacionados a áreas contaminadas, suspeitas ou com potencial de contaminação é apresentado na
Tabela 9-7, a seguir.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 419
Atividade Passivo 02 Passivo 10 Passivo 12 Passivo 18 Passivo 25 Passivo 26 Passivo 27 Total (R$)
Classe de risco do passivo médio médio alto médio médio alto baixo
Monitoramento ambiental 100.855,93 344.657,04 180.103,18 142.333,78 133.432,28 95.662,88 42.246,43 1.039.291,53
TOTAL 86.207,76
Fonte: Consórcio GCA
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 421
TOTAL 10.146,44
Fonte: Consórcio GCA
No caso do Aeroporto Campo de Marte não foram identificados passivos associados a ocupações
irregulares.
Gerenciamento de Passivos Ambientais em áreas de terceiros
Os passivos em áreas sob responsabilidade de Terceiros foram orçados apenas para conhecimento,
sendo apresentados na Tabela 9-10, relativo ao gerenciamento de áreas contaminadas. Seus valores
não foram adicionados ao CAPEX Ambiental estimado para o período da concessão.
Atividade Passivo 34
Investigação Confirmatória -
Investigação Detalhada -
Modelagem Matemática -
TOTAL 254.596,82
Fonte: Consórcio GCA
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 422
9.2 OPEX
Neste estudo, foram considerados OPEX Ambiental os custos ambientais associados à rotina
operacional do aeroporto. As atividades ambientais de rotina estão descritas nos programas que
compõem o Plano de Gestão Ambiental da Operação (PGAO) do Aeroporto, detalhado previamente
no item 8.3.3 deste relatório.
Para tanto, é prevista uma equipe permanente, própria da administração do aeroporto, dedicada à
gestão ambiental, e que será responsável pela implementação de todas as ações previstas nos
programas do PGAO. Esta equipe contará com o apoio de profissionais especialistas contratados para
elaboração de planos e estudos específicos, citados na sequência.
Na Tabela 9-11 é apresentado o resumo do OPEX Ambiental estimado para o Aeroporto Campo de
Marte, sendo detalhado a seguir.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 423
Renovação de LO 496.980,00
TOTAL 19.167.046,52
Fonte: Consórcio GCA
Licenciamento Ambiental
Na fase de operação será necessária a renovação periódica da Licença de Operação do aeroporto.
Desta forma, considerando a vigência da Licença de Operação atual (LAO 09/SVMA), até 08/12/2024,
e os prazos de validade usualmente adotados pelo órgão ambiental (4 anos), foi prevista a renovação
da LO durante todo o período da concessão.
AEROPORTO CAMPO DE MARTE | Estudos Ambientais 424
Não foi considerada a necessidade de elaboração de estudos ambientais específicos para a renovação
das licenças de operação, cabendo à equipe de gestão ambiental do aeroporto reunir as informações
necessárias para instruir o processo de renovação da licença ambiental de operação.
O valor de renovação de cada Licença de Operação é de R$ 62.122,50, conforme apresentado no item
9.1.1.2.
Foi também considerada a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental (TCFA), recolhida pelo IBAMA
trimestralmente. O valor da TCFA é definido segundo o porte do empreendimento e o potencial de
poluição, sendo o Aeroporto Campo de Marte considerado de grande porte e alto potencial de
poluição.
Na existência de taxas de fiscalização cobradas pelo órgão ambiental estadual ou municipal, o
administrador aeroportuário deve pagar apenas a Guia de Recolhimento Única (GRU) da TCFA do
IBAMA, que fica responsável por redistribuir os valores entre os demais órgãos ambientais.
O valor da TCFA é estabelecido pela Portaria Interministerial 812, de 29/09/2015 (Anexo II), sendo
definido em R$ 5.796,73, a ser recolhido trimestralmente.
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