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São relações nas quais, por regra, frente a frente se deparam um credor, que poderá
exigir da contra-parte, um devedor, uma prestação (que poderá ser de facere - fazer,
de non facere – não fazer, ou de patti - suportar)
Enquanto que diversos ramos do direito, como o da família e das sucessões terão um
carácter ou substrato institucional, já o direito das obrigações, bem como os direitos
reais são alvo dos chamados processos de absorção, atendendo à sua estrutura ou
objeto. Estas perversões, dos processos de absorção, poderão ser de índole diversa,
como a linguística, sistemática, histórica ou doutrinal.
Apesar de o direito das obrigações, fruto do vento dos séculos, ter sofrido alterações, é
uma área jurídica que é caracterizada pela estabilidade e homogeneidade.
- abstração
É importante ainda atender aos projetos europeus de Direito das obrigações, que,
enquanto não adotados pelos Estados, podem ainda ser relevantes:
- Modelos a adotar pelos legisladores nacionais, que os podem tomar como ponto de
partida para regulação;
1) Autonomia privada
2) Boa fé
3) Responsabilidade patrimonial
4) Ressarcimento dos danos
5) Restituição do enriquecimento injustificado
Dentro da autonomia privada, existem duas categorias base que permitem a produção
de efeitos jurídicos – o ato jurídico e o negócio jurídico
Ato Jurídico – desencadeia a produção de efeitos jurídicos, mas há, por parte de uma
parte, tão somente liberdade de celebração, não de estipulação. Será, a título de
exemplo, o ato jurídico da perfilhação
Existem porém, excepções a estas liberdades, que as partes não poderão afastar:
- restrições à liberdade de contratar: por vezes a lei impõe a contratação (ex: serviços
essenciais – água, luz ou gás OU nos agentes económicos que forneçam bens e
serviços, a quem está vedada a liberdade de não contratar se o consumidor atender
aos usos normais da respetiva atividade – não posso recusar contratar com um mal
vestido na bershka, mas posso recusar a entrada de um transeunte no meu hotel de 5
estrelas)
- lealdade
- informação
- segurança
- tutela da confiança
Hoje em dia, para responsabilizar o devedor, nunca se poderá expurgar mais do que o
seu património. Nesse sentido, existe apenas responsabilidade patrimonial, nunca
sendo lícito interferir na esfera individual do sujeito
- causas legítimas de preferência (604/2), dentro das tipificadas por lei, em que
responderá o património do devedor em primeiro em relação a determinado credor,
onde só depois de satisfeita totalmente a dívida perante este, poderão os outros
credores regatear, em pé de igualdade, o património restante do devedor
Face a tudo o que evidenciamos anteriormente, a posição do credor pode ser de três
tipos: 1) diminuída, fruto de uma limitação convencional da responsabilidade – 602; 2)
conservada – em termos coloquiais – “normal”; 3) ou reforçada, fruto de uma causa
legítima de preferência (604/2 – signação de rendimentos, penhor, hipoteca, privilégio,
direito de retenção)
- ocorre quando há um dano causado por outrem que lhe é imputável (pode a pessoa
que estiver com o bem não seja responsável, como é o caso dos comitentes (500/1)), e
que portanto operará uma transferência da suportação do dano.
Mas nem toda a responsabilidade terá de surgir de um ato ilícito-culposo: existem, por
conta da evolução do Direito a responsabilidade pelo risco (carros – 503 pex) ou pelo
sacrifício (339 – estado de necessidade)
O termo obrigação, em linguagem corrente, não se poderá confundir com o seu termo
jurídico, sendo que é utilizado erroneamente tecnicamente falando nos seguintes
casos:
- Poderá ser entendida como simplista, em virtude de atribuir um polo ativo e passivo,
únicos, na relação creditícia, o que não será necessariamente verdade. Veja-se, a título
exemplificativo, que num contrato de compra e venda, ambas as partes serão
simultaneamente credoras e devedoras, visto que do contrato advém um direito a
exigir e uma obrigação de prestar.
1) Santos Júnior
2) A
O Código Civil manda aplicar às obrigações naturais o mesmo regime que das
obrigações civis, aparte daquelas que não o podem ser pela sua própria natureza. Mas
quais são elas?
- Ação de cumprimento (817 ss)
- Prescrição do direito de crédito, visto que, no caso, a dívida teria prescrito e,
portanto, não se retomaria a contagem do prazo (300 ss)
Santos Júnior entende que as obrigações naturais pertencem ao campo jurídico por
duas ordens de razão:
1) Por existir previsão expressa no código civil;
2) Por ela, mesmo não sendo judicialmente exigível, produzir efeitos jurídicos se
cumprida. (E, na expressão de Miguel Teixeira de Sousa, consideram-se atos
jurídicos quaisquer situações da vida a que o direito reconheça relevância)
O que diz, para concluir, é que estamos perante uma categoria de obrigações
enfraquecidas ou rudimentares.
Ao contrário do que acontece com os direitos reais, nos direitos de crédito não são
somente os deveres genéricos de respeito a valer. Muito pelo contrário, só é possível
satisfazer o direito subjetivo mediante a atuação do devedor, pois que a estrutura da
obrigação, que opõe um credor e um devedor, assim o exige.
2.. Relatividade
Os créditos, como indica o artigo 406/2 são, por regra, relativos. Assim sendo, apenas
existirá, por regra, um devedor e um credor, e é dentro desta estrutura que os sujeitos
exercerão a sua liberdade. Só o devedor fica vinculado ao cumprimento da prestação.
Algumas notas antes de expormos a questão anterior: os direitos de crédito, por regra,
não têm a si associados um elemento de publicidade, razão pela qual são por norma
desconhecidos os direitos de crédito, o que leva a que, com frequência, haja uma
interferência num direito de crédito anteriormente constituído.
Para uma primeira corrente, algo radical e perfilhada por Santos Júnior, a partir do
momento em que o terceiro tenha conhecimento do Direito de Crédito, poderá
incorrer em responsabilidade civil aquiliana se constituir com um mesmo devedor uma
obrigação, que, pela natureza das coisas, levará a que o devedor não cumpra o devido
perante uma das partes com a qual havia contratado. A base fundamental encontrar-
se-ia no artigo 483 e na ligação desse artigo com o facto de dever haver alguma
unicidade em torno do tratamento dado aos direitos: se os direitos reais devem ser
liminarmente respeitados, bem como os de personalidade, não faria sentido que
levassem um tratamento diferente os direitos de crédito, quando na fórmula do artigo
é contido um dever geral de respeito, aliás incorporado como tradução da relevância
que foi dada ao princípio romano de naeminem laedere.
Por sua vez, Almeida Costa e Menezes Leitão só perfilham a possibilidade de existir
responsabilidade civil por interferência num direito de crédito alheio quando, para
tanto, tenha existido um abuso da liberdade de contratar e da autonomia privada.
Destarte, consideram que existirá responsabilidade quando, em termos subjetivos, se
exceda um principio fulcral do Direito, o da liberdade de contratar, por o fim da
instituição do princípio não se confundir com a razão que leva a parte a contratar. É na
cláusula do abuso de Direito o ponto central desta doutrina, o que levará a situações
bem díspares das elencadas por Santos Júnior. Para o primeiro, a partir do momento
em que se conhecesse e interferisse, haveria de imediato um preenchimento do
requisito da ilicitude. Para Menezes Leitão e Almeida Costa, teremos de atender à
liberdade de contratar e à responsabilidade que daí advém pelo que só in extremis é
que um terceiro, C, poderia ser responsabilizado. Existiria, isso sempre, era
responsabilidade obrigacional de B para com A quando não lhe satisfazesse o crédito
para cumprir perante C, que se poderia considerar de boa fé, mesmo conhecendo o
direito anterior. Recordemos que no Direito das obrigações, ao contrário do que se
verifica nos direitos reais, a anterioridade da constituição do Direito em nada releva.
3.. Patrimonialidade
Antunes Varela: entende que meros caprichos, bem como obrigações tuteladas por
outras ordens não podem caber no preceito.
Carácter:
Direito reais: imediatidade por conta da inerência do Direito. Isto ocorre por conta da
SEQUELA: a faculdade de acompanhar ou perseguir a coisa onde quer que ela se
encontre.
Prevalência:
Direitos reais: quem constitui um Direito será sobre a coisa o verdadeiro dono, não
sendo a mesma transmissível por constituição de direito posterior.
Oponibilidade a terceiros:
Estrutura:
Santos Júnior perfilha a opinião do Prof. Doutor Menezes Cordeiro, que se explica pelo
seguinte:
A doutrina tende a desconsiderar esta teoria por não haver verdadeiramente uma
obrigação de satisfazer o crédito através de uma prestação, pois que as pessoas são
livres (livre desenvolvimento da personalidade). Apesar de tudo, o Direito associa às
obrigações valor jurídico digno de tutela, pelo que haverá sempre responsabilidade
perante um incumprimento – o que não quer dizer que o sujeito seja obrigado a
adotar a conduta contratada.
Teorias mistas: os direitos de crédito são compostos por dois elementos – dívida e
responsabilidade. Não paga a dívida, parte primeira da obrigação, é o devedor
responsabilizado