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Resumos obrigações:

O Direito das obrigações aborda as principais normas, bem como os principais


princípios que regem as obrigações ou relações obrigacionais, também apelidades de
relações creditórias.

São relações nas quais, por regra, frente a frente se deparam um credor, que poderá
exigir da contra-parte, um devedor, uma prestação (que poderá ser de facere - fazer,
de non facere – não fazer, ou de patti - suportar)

Enquanto que diversos ramos do direito, como o da família e das sucessões terão um
carácter ou substrato institucional, já o direito das obrigações, bem como os direitos
reais são alvo dos chamados processos de absorção, atendendo à sua estrutura ou
objeto. Estas perversões, dos processos de absorção, poderão ser de índole diversa,
como a linguística, sistemática, histórica ou doutrinal.

Apesar de o direito das obrigações, fruto do vento dos séculos, ter sofrido alterações, é
uma área jurídica que é caracterizada pela estabilidade e homogeneidade.

O código civil português, Vaz Serra, entenda-se, é uma obra marcadamente de


influência germânica por diversas ordens de razões:

- abstração

- recurso a conceitos indeterminados, a que os legalistas objetaram

- linguagem jurídica preponderantemente técnica, em contraposição com a linguagem


do código civil francês – “cujo propósito era elaborar um código de linguagem fácil e
acessível, disciplinando apenas as questões práticas da vida, de modo que fosse
compreensível mesmo aos não juristas.”

É importante ainda atender aos projetos europeus de Direito das obrigações, que,
enquanto não adotados pelos Estados, podem ainda ser relevantes:

- Modelos de regulação que as partes podem adotar, valendo como cláusulas


contratuais;

- Modelos a adotar pelos legisladores nacionais, que os podem tomar como ponto de
partida para regulação;

- Em relação a convenções internacionais, servindo de normas materiais;


Teremos de entender o Direito das obrigações como um espaço de liberdade e de
igualdade, de resto uma questão geral do Direito Privado, onde, dentro de certos
limites, ter-se-á de reconhecer um espaço de autonomia essencial à própria concepção
ocidental de dignidade humana. “O Direito das obrigações fornece a todos molduras
iguais, cabendo a cada um, dentro da respetiva moldura, pintar livremente o seu
quadro, o quadro da sua vida jurídica.” Neste caso, a moldura será visto como um
espaço de intransigência e de limitação da autonomia, e que tem reflexos no nosso
direito: pense-se no abuso de direito, nos bons costumes, e no respeito da ordem
pública.

(Tripla) Importância dos princípios para o direito das obrigações:

1) Servirão de modelo indisponível de interpretação das leis:


2) Servirão, no labor do jurista, para colmatar as lacunas, axiológicas ou não
3) Indispensáveis à densificação dos conceitos indeterminados

Quais são, então os (cinco princípios) basilares do direito das obrigações?

1) Autonomia privada
2) Boa fé
3) Responsabilidade patrimonial
4) Ressarcimento dos danos
5) Restituição do enriquecimento injustificado

1.. Autonomia Privada

- Autonomia Privada significará, genericamente, que a todos é reconhecido um espaço


de liberdade para produzir os efeitos jurídicos desejados, dentro dos limites da lei, ou
por outras palavras, por ela reconhecidos.

- A Autonomia Privada não é um Direito subjetivo:

1) Direito Subjetivo: permissão normativa específica de aproveitamento de um


bem

2) Autonomia Privada: permissão genérica genérica de produção de efeitos


jurídicos

Dentro da autonomia privada, existem duas categorias base que permitem a produção
de efeitos jurídicos – o ato jurídico e o negócio jurídico
Ato Jurídico – desencadeia a produção de efeitos jurídicos, mas há, por parte de uma
parte, tão somente liberdade de celebração, não de estipulação. Será, a título de
exemplo, o ato jurídico da perfilhação

Negócio Jurídico: desencadeia a produção de efeitos jurídicos e há, entre as partes,


não só liberdade de celebração mas também liberdade de estipulação (que permite,
em suma, conformar os efeitos jurídicos desejados)

A Figura máxima dos negócios jurídicos é claramente os contratos, mas os negócios


jurídicos não se reduzem à figura dos contratos.

Os contratos pressupõem duas ou mais partes, quando é perfeitamente possível uma


só parte ter liberdade de celebração e de estipulação, por exemplo ao desejar um
concurso público ou ao emitir outro ato jurídico unilateral.

Nos contratos, porém, além da liberdade de celebração e de estipulação, haverá ainda


um outro tipo de liberdade: o de escolher a pessoa com a qual se quererá produzir
efeitos jurídicos.

Existem porém, excepções a estas liberdades, que as partes não poderão afastar:

- restrições à liberdade de contratar: por vezes a lei impõe a contratação (ex: serviços
essenciais – água, luz ou gás OU nos agentes económicos que forneçam bens e
serviços, a quem está vedada a liberdade de não contratar se o consumidor atender
aos usos normais da respetiva atividade – não posso recusar contratar com um mal
vestido na bershka, mas posso recusar a entrada de um transeunte no meu hotel de 5
estrelas)

- Restrições à liberdade de forma: o artigo 219 prescreve uma liberdade genérica de


forma, mas a lei pode impor uma outra que, não sendo respeitada, despontará
tipicamente numa nulidade (220). Isto justifica-se por questões de publicidade,
ponderação e solenidade.

- Restrições à liberdade de estipulação: certos negócios jurídicos, tipificados por lei,


têm regras injuntivas, que, como tal, não poderão as partes afastar. Fala-se, então, em
vinculismo. Ex: prorrogação forçada de contratos de arrendamento, ou manutenção de
um vínculo laboral por ele ser indispensável à parte mais fraca para obter meios que
possam satisfazer as suas necessidades.

- cláusulas contratuais gerais, que seguem um regime muito apertado de exoneração


do risco.
2.. Boa Fé

Boa fé: tem uma dimensão objetiva e subjetiva.

Deveres decorrentes da Boa fé em sentido objetivo:

- lealdade

- informação

- segurança

Vetores da boa fé objetiva:

- primazia da materialidade subjacente

- tutela da confiança

3.. Responsabilidade patrimonial

Hoje em dia, para responsabilizar o devedor, nunca se poderá expurgar mais do que o
seu património. Nesse sentido, existe apenas responsabilidade patrimonial, nunca
sendo lícito interferir na esfera individual do sujeito

De acordo com Menezes Cordeiro, existem 3 ilações que poderemos apurar:

- o indíviduo responde apenas com o seu património – execução de bens

- só o indíviduo responde, não sendo lícito executar o património de terceiro

- os credores, face ao património do devedor, são colocados numa posição de


igualdade, salvo quando existem credores especiais face aos credores comuns, tendo
outras regalias. Ex: a garantia do penhor, por ser real, sobrepõe-se às garantias
meramente obrigacionais.

Há que reconhecer, ademais, que existem desvios a esta formulação geral:


- há bens impenhoráveis, e que, como tal, não podem responder perante uma dívida
para com um credor

- quando há separação de patrimónios – ex: perante um património de uma herença


só poderão responder pelas dívidas os bens próprios advenientes da mesma. Não
haverá ou poderá haver, em caso algum, uma confusão de esferas.

- quando um terceiro consente em ser responsabilizado pelas dívidas do devedor, nos


termos da lei: quando aceite ser fiador ou constitua uma hipoteca em nome do
devedor, sendo que, em ambos os casos, só existem interferências no património de
terceiros quando, esgotados os bens penhoráveis do devedor, a dívida ainda não
houver sido saldada.

- causas legítimas de preferência (604/2), dentro das tipificadas por lei, em que
responderá o património do devedor em primeiro em relação a determinado credor,
onde só depois de satisfeita totalmente a dívida perante este, poderão os outros
credores regatear, em pé de igualdade, o património restante do devedor

Quanto à responsabilidade patrimonial: há ainda um esclarecimento a fazer que é o de


que a anterioridade um título creditória não dá prevalência a um credor sobre outros,
ao passo que isso já acontecerá nos direitos reais.

Face a tudo o que evidenciamos anteriormente, a posição do credor pode ser de três
tipos: 1) diminuída, fruto de uma limitação convencional da responsabilidade – 602; 2)
conservada – em termos coloquiais – “normal”; 3) ou reforçada, fruto de uma causa
legítima de preferência (604/2 – signação de rendimentos, penhor, hipoteca, privilégio,
direito de retenção)

4.. Ressarcimento de danos

- ocorre quando há um dano causado por outrem que lhe é imputável (pode a pessoa
que estiver com o bem não seja responsável, como é o caso dos comitentes (500/1)), e
que portanto operará uma transferência da suportação do dano.

- Como pressuposto do princípio do ressarcimento de danos um corolário tem de ser


preenchido: o de haver um acto ou omissão ilícito-culposa

Mas nem toda a responsabilidade terá de surgir de um ato ilícito-culposo: existem, por
conta da evolução do Direito a responsabilidade pelo risco (carros – 503 pex) ou pelo
sacrifício (339 – estado de necessidade)

5.. Restituição do Enriquecimento Injustificado


Por norma, todas as deslocações patrimoniais de uma esfera jurídica para outra
deverão ter uma causa, ou seja, uma justificação devida. Porque esta situação gera
uma situação de desequilíbrio: há alguém que é privado de uma vantagem e alguém
que dela se beneficia sem para isso ter contribuído. A matéria está entre nós prescrita
nos artigos 473 ss.

O termo obrigação, em linguagem corrente, não se poderá confundir com o seu termo
jurídico, sendo que é utilizado erroneamente tecnicamente falando nos seguintes
casos:

1) Onus: “tenho a obrigação de provar que ocorreu X” – mas, na verdade,


estaremos perante uma situação em que somente obterá um benefício se
praticar determinada conduta
2) Poder-dever: “tenho a obrigação de educar os meus filhos” – mas, em boa
verdade, tem um direito a educa-los, sendo que os terá de educar em busca do
próprio benefício do filho.
3) Sujeição: “estou obrigado a deixar o meu vizinho passar pelo meu prédio
porque o dele está encravado”, mas aqui não existe uma conduta obrigatória,
tão somente uma situação de suportação dos efeitos jurídicos produzidos por
uma imposição legal
4) Deveres gerais: “Estou obrigado a não lesar o meu vizinho”, mas a conduta
devida não advém de uma prévia relação jurídica, mas de um dever de respeito
imposto pela ordem jurídica, independentemente da vontade.

Críticas à noção legal de obrigação:

- Poderá ser entendida como simplista, em virtude de atribuir um polo ativo e passivo,
únicos, na relação creditícia, o que não será necessariamente verdade. Veja-se, a título
exemplificativo, que num contrato de compra e venda, ambas as partes serão
simultaneamente credoras e devedoras, visto que do contrato advém um direito a
exigir e uma obrigação de prestar.

- Apenas atenta no núcleo principal da prestação, ignorando os deveres secundários,


necessários à obtenção da prestação principal, e os deveres secundários, extraídos do
princípio da boa fé. Os deveres principais e secundários (deveres de prestação) visam
conferir um bem ou serviço ao credor, conquanto que os deveres acessórios visam o
não surgimento de danos, para qualquer uma das partes.
Duas principais categorias de obrigações no Direito das obrigações:

- obrigações civis (judicialmente exigíveis – logo coercivamente exigíveis)

- obrigações naturais (não judicialmente exigíveis – não exigíveis coercivamente – a


não ser que alguém chegue lá e aponte uma arma para cumprir a obrigação natural
kkk)

Existem duas correntes doutrinárias divergentes quanto à natureza das obrigações


naturais:

1) Santos Júnior
2) A

O Código Civil manda aplicar às obrigações naturais o mesmo regime que das
obrigações civis, aparte daquelas que não o podem ser pela sua própria natureza. Mas
quais são elas?
- Ação de cumprimento (817 ss)
- Prescrição do direito de crédito, visto que, no caso, a dívida teria prescrito e,
portanto, não se retomaria a contagem do prazo (300 ss)

Mas existem situações, como a da dação em cumprimento, que se aplicarão às


obrigações naturais e que, posto isto, extinguirão a obrigação, gerando um efeito em
cascata: o da não possibilidade de repetição do indevido.

Santos Júnior entende que as obrigações naturais pertencem ao campo jurídico por
duas ordens de razão:
1) Por existir previsão expressa no código civil;
2) Por ela, mesmo não sendo judicialmente exigível, produzir efeitos jurídicos se
cumprida. (E, na expressão de Miguel Teixeira de Sousa, consideram-se atos
jurídicos quaisquer situações da vida a que o direito reconheça relevância)

O que diz, para concluir, é que estamos perante uma categoria de obrigações
enfraquecidas ou rudimentares.

- As obrigações naturais não se confundem com deveres morais: as obrigações


naturais, sendo obrigações colocam frente a frente um credor e um devedor e é entre
eles que se estabeleceu a relação jurídica, que teve uma causa ou fonte, que nunca
poderá ser convencional, terá de resultar, explicita ou implicitamente da lei.
Características das obrigações (quatro)

1) Mediação devida do devedor


2) Relatividade
3) Patrimonialidade
4) Autonomia

1.. Mediação devida do devedor

Ao contrário do que acontece com os direitos reais, nos direitos de crédito não são
somente os deveres genéricos de respeito a valer. Muito pelo contrário, só é possível
satisfazer o direito subjetivo mediante a atuação do devedor, pois que a estrutura da
obrigação, que opõe um credor e um devedor, assim o exige.

2.. Relatividade

Os créditos, como indica o artigo 406/2 são, por regra, relativos. Assim sendo, apenas
existirá, por regra, um devedor e um credor, e é dentro desta estrutura que os sujeitos
exercerão a sua liberdade. Só o devedor fica vinculado ao cumprimento da prestação.

Existirão algumas exceções, consoante o entendimento da doutrina, em relação à


eficácia no plano externo das obrigações em situações de concurso de direitos de
crédito.

Algumas notas antes de expormos a questão anterior: os direitos de crédito, por regra,
não têm a si associados um elemento de publicidade, razão pela qual são por norma
desconhecidos os direitos de crédito, o que leva a que, com frequência, haja uma
interferência num direito de crédito anteriormente constituído.

Para uma primeira corrente, algo radical e perfilhada por Santos Júnior, a partir do
momento em que o terceiro tenha conhecimento do Direito de Crédito, poderá
incorrer em responsabilidade civil aquiliana se constituir com um mesmo devedor uma
obrigação, que, pela natureza das coisas, levará a que o devedor não cumpra o devido
perante uma das partes com a qual havia contratado. A base fundamental encontrar-
se-ia no artigo 483 e na ligação desse artigo com o facto de dever haver alguma
unicidade em torno do tratamento dado aos direitos: se os direitos reais devem ser
liminarmente respeitados, bem como os de personalidade, não faria sentido que
levassem um tratamento diferente os direitos de crédito, quando na fórmula do artigo
é contido um dever geral de respeito, aliás incorporado como tradução da relevância
que foi dada ao princípio romano de naeminem laedere.
Por sua vez, Almeida Costa e Menezes Leitão só perfilham a possibilidade de existir
responsabilidade civil por interferência num direito de crédito alheio quando, para
tanto, tenha existido um abuso da liberdade de contratar e da autonomia privada.
Destarte, consideram que existirá responsabilidade quando, em termos subjetivos, se
exceda um principio fulcral do Direito, o da liberdade de contratar, por o fim da
instituição do princípio não se confundir com a razão que leva a parte a contratar. É na
cláusula do abuso de Direito o ponto central desta doutrina, o que levará a situações
bem díspares das elencadas por Santos Júnior. Para o primeiro, a partir do momento
em que se conhecesse e interferisse, haveria de imediato um preenchimento do
requisito da ilicitude. Para Menezes Leitão e Almeida Costa, teremos de atender à
liberdade de contratar e à responsabilidade que daí advém pelo que só in extremis é
que um terceiro, C, poderia ser responsabilizado. Existiria, isso sempre, era
responsabilidade obrigacional de B para com A quando não lhe satisfazesse o crédito
para cumprir perante C, que se poderia considerar de boa fé, mesmo conhecendo o
direito anterior. Recordemos que no Direito das obrigações, ao contrário do que se
verifica nos direitos reais, a anterioridade da constituição do Direito em nada releva.

3.. Patrimonialidade

Esta característica é, verdadeiramente, uma falsa. O que acontece é que as obrigações


têm, na generalidade, carácter patrimonial, mas o Direito não veda obrigações de
outro cariz. Assim o dispõe o artigo 398/2, dizendo “a prestação não necessita de ter
valor pecuniário; mas deve corresponder a um interesse do credor, digno de proteção
legal”

O que é que deve resultar da interpretação do artigo?

Antunes Varela: entende que meros caprichos, bem como obrigações tuteladas por
outras ordens não podem caber no preceito.

Menezes Cordeiro: os meros caprichos, para serem objeto de um negócio jurídico, é


porque relevam para o credor. Subjetivamente, portanto, faz sentido que o Direito o
tutele. Concorda, no entanto, com a não tutela de outras ordens normativas, como a
moral ou a religiosa. Há que enquadrar esta perspetiva com a concepção de Jellinek
que vê o Direito como mínimo ético.

4.. Autonomia das obrigações

Há quem questione se o direito das obrigações têm autonomia dogmática, mas


liminarmente Santos Júnior recusa esta ideia, por existirem outras áreas do Direito em
que são relevantes: direito do trabalho, fiscais, familiares...
Direitos de crédito e direitos reais
Objeto:

Direitos de crédito: prestações

Direitos reais: coisas

Carácter:

Direito de crédito: mediatidade típica (necessidade da colaboração devida)

Direito reais: imediatidade por conta da inerência do Direito. Isto ocorre por conta da
SEQUELA: a faculdade de acompanhar ou perseguir a coisa onde quer que ela se
encontre.

Prevalência:

Direitos de crédito: critério de anterioridade na constituição do Direito não releva,


excepto quando em alguma das situações situadas no artigo 604/2

Direitos reais: quem constitui um Direito será sobre a coisa o verdadeiro dono, não
sendo a mesma transmissível por constituição de direito posterior.

Oponibilidade a terceiros:

- Direitos de crédito: oponíveis para a maior parte da doutrina, com aceitação de


opobilidade a terceiros para parte minoritária (Santos Júnior)

- Direitos reais: sempre oponíveis a terceiros.

Estrutura:

- Direitos de crédito: relatividade estrutural

- Direitos reais: absolutidade estrutural


Qual é a natureza dos direitos pessoais de gozo?

- há quem considere como sendo direitos reais

- há quem considere como sendo direitos de crédito

Santos Júnior perfilha a opinião do Prof. Doutor Menezes Cordeiro, que se explica pelo
seguinte:

1) Elemento histórico: no direito romano eram tratados de forma distinta os


direitos pessoais de gozo com as actiones in personam, conquanto que os
direitos reais eram tratados pelas actiones in rem;
2) Os direitos pessoais do gozo terem uma natureza obrigacional, pela
colaboração devida das partes para poder ter o gozo sobre a coisa.

Teorias sobre a estrutura e natureza das obrigações:

Teorias personalistas (incidem sobre o sujeito da obrigação): para esta teoria as


obrigações são vistas (numa escola savignyana) como um direito sobre a pessoa do
devedor cuja prestação é devida para satisfazer o interesse do credor. Será, assim, um
direito a exigir uma determinada prestação.

A doutrina tende a desconsiderar esta teoria por não haver verdadeiramente uma
obrigação de satisfazer o crédito através de uma prestação, pois que as pessoas são
livres (livre desenvolvimento da personalidade). Apesar de tudo, o Direito associa às
obrigações valor jurídico digno de tutela, pelo que haverá sempre responsabilidade
perante um incumprimento – o que não quer dizer que o sujeito seja obrigado a
adotar a conduta contratada.

Teorias realistas: exacerbam o património do devedor como um ativo patrimonial do


credor em relação ao devedor. Para esta teoria seria sempre sobre o património do
devedor a ser objeto de atuação pelo credor e seria sobre ele que incidiria o direito de
Crédito. Mas, na verdade, o credor só pode executar o crédito para satisfazer o seu
direito – o que não quer dizer, evidentemente, que seja esse o direito “inicial”

Teorias mistas: os direitos de crédito são compostos por dois elementos – dívida e
responsabilidade. Não paga a dívida, parte primeira da obrigação, é o devedor
responsabilizado

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