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5.5.2.2 Antimaláricos
Antimaláricos são usados para a profilaxia de malária e tratamento da
doença. No Brasil, o Programa Nacional de Controle de Malária tem um protocolo
clínico, o Manual Terapêutico da Malária .
1

Todos os plasmódios têm complexo ciclo biológico, tanto no hospedeiro


humano quanto no vetor (mosquito anofelídeo) e o esquema terapêutico adequado
deve conter fármacos que atuem em todas as fases do ciclo. É preciso considerar o
tipo de Plasmodium causador da infecção, a classificação clínica do paciente (se tem
malária não complicada ou grave) e se pertence a grupos especiais como crianças,
idosos ou grávidas que devem ter um tratamento diferenciado. Resistência às
espécies de Plasmodium constitui sério problema para o tratamento. Assim,
igualmente importante é o conhecimento das áreas epidemiológicas onde já existe
resistência para diferentes medicamentos Antimaláricos.
Existem opções terapêuticas para tratamento. É consenso que a malária é
uma doença que deve ser tratada por combinação de fármacos . A inexistência de um
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único tratamento igualmente efetivo contra as espécies de plasmódio mais prevalentes


no país e a impossibilidade de distinguir clinicamente a infecção por uma ou outra
espécie ou por ambas simultaneamente, leva à necessidade de estabelecimento de
diagnóstico de laboratório específico para o tratamento adequado dos pacientes, que
indique a terapêutica a ser utilizada em cada caso.
Os casos de malária diagnosticados hoje no Brasil são preponderantes por
Plasmodium vivax e Plasmodium falciparum.
Destaca-se a importância do tratamento de grávidas com malária. Revisão de
16 estudos  mostrou que Antimaláricos dados a elas reduzem parasitemia antenatal,
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anemia antenatal, malária placentária e mortes perinatais.


Arteméter, derivado da artemisinina, tem absorção errática, quando
administrado por via oral, que pode ser parcial . É usado também por via intramuscular
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e avaliado para tratamento de malária grave por P. falciparum. Uma revisão , 7

comparou arteméter intramuscular a quinina no tratamento de malária cerebral em


crianças, encontrando desfechos símiles (mortes, complicações neurológicas, tempo
de inconsciência, desaparecimento de febre e de parasitas) (ver monografia, página
403).
Na malária por P. falciparum complicada ou grave, o esquema preferente de
tratamento é artesunato de sódio (também derivado da artemisinina) por via
parenteral, combinada a clindamicina. Revisões demonstraram redução da
mortalidade com uso de artesunato comparado com quinina intravenosa na malária
grave por P. falciparum . A combinação de artesunato a outros Antimaláricos, em
8,9

especial mefloquina, reduziu de modo marcante a falência de tratamento, a


recrudescência e a carga de gametócitos (ver monografia, página 404).
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A associação artesunato-mefloquina foi comparada a mefloquina isolada,


mostrando-se mais eficaz do que a monoterapia em áreas de baixa transmissão de
malária . A associação entre artesunato e mefloquina parece ser superior, tendo
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demonstrado menor falência parasitológica nos dias 28 e 4212. Os efeitos adversos


não diferiram entre as duas estratégias. Artesunato + mefloquina parece superar
arteméter + lumefantrina na cura de malária não-complicada . Os efeitos adversos
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provocados por artesunato-mefloquina foram leves, incluindo cefaleia, náuseas,


vômitos e tontura  (ver monografia, página 405).
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Clindamicina em combinação com quinina é usada para malária não


complicada por P. falciparum em crianças com menos de 6 meses e mulheres
grávidas. Na malária complicada, os esquemas de primeira escolha incluem arteméter
intramuscular ou artesunato intravenoso associados com clindamicina. A segunda
escolha recai sobre quinina intravenosa com clindamicina intravenosa1. Apesar da
escassez de estudos, há provas de que o esquema com quinina +clindamicina 15-

 possa ser útil entre crianças até 12 anos e na gravidez (ver monografia, página 526).
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Cloroquina é usada no tratamento de malária por P. vivax em associação


com primaquina . A cloroquina é considerada segura para crianças de todas as idades
1

e para grávidas (ver monografia, página 635).


Doxiciclina faz parte de esquemas de combinações de Antimaláricos. É
usada em combinação com quinina e primaquina como tratamento de segunda
escolha para malária não complicada por P. falciparum, sendo considerada
eficaz  (ver monografia, página 543).
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Mefloquina deve ser usada isoladamente apenas como segunda escolha para


quimioprofilaxia em viajantes que visitarão regiões de alto risco de transmissão de
Plasmodium falciparum na Amazônia Legal, que permanecerão na região por tempo
maior que o período de incubação da doença (e com duração inferior a seis meses) e
em locais cujo acesso ao diagnóstico e tratamento de malária estejam a mais de 24
horas . O uso pouco racional da mefloquina para, em esquema com primaquina,
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substituir a doxiciclina e a quinina, trouxe aumento da resistência (ver monografia,


página 570).
Primaquina combate os gametócitos de todas as espécies de malária
humana e as formas hepáticas (hipnozoítas) de P. vivax, causando cura radical. É
contraindicada na gravidez e em menores de seis meses de idade. A atividade
hipnozoiticida está ligada à dose total e não à duração do tratamento. Na prevenção
de recidivas de malária por Plasmodium vivax, primaquina + cloroquina foi mais eficaz
que cloroquina isolada (ver monografia, página 639).
Sulfato de quinina é recomendado como tratamento de segunda linha para
malária não complicada por Plasmodium falciparum, em combinação com doxiciclina e
primaquina. É tratamento de escolha para grávidas e crianças com menos de 6 meses
na malária não complicada ou grave por P. falciparum em associação com
clindamicina1 (ver monografia, página 630).

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