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SINOPSE DO CASE: A saúde nas comunidades indígenas: um grande desafio

para promover a alimentação saudável1


Luciana Silva Alvarez2
Ananda da Silva Araújo Nascimento3
Eduarda Gomes Bogea4
1. DESCRIÇÃO DO CASO

No município de Montes Altos, localizado no Maranhão, existe uma aldeia


chamada de São José. A aldeia é bastante conhecida pela precariedade do
saneamento básico, pela dificuldade ao acesso e disponibilidade de alimentos,
gerando assim, uma insegurança alimentar em toda comunidade. A nutricionista Lívia,
que faz parte da equipe da Estratégia Saúde da Família ESF, foi fazer uma visita
juntamente com sua equipe da ESF a aldeia e se deparou com o caso de Anahi Krikati.
Ela é uma mulher, indígena de apenas 25 anos, que está no final do segundo trimestre
da sua terceira gravidez, mãe de Kauê que tem 2 anos e Kauã de 3 anos.

Ao fazer o atendimento do pré-natal foi identificado um ganho de peso muito


maior que o adequado durante a gravidez, Lívia então pediu para que Anahi relatasse
um pouco sobre sua rotina alimentar, se possui alguma dificuldade de acesso a
alimentos. A paciente relatou que possuía obstáculos com relação a sua alimentação
e de seus filhos pois possui dificuldade em ter acesso a variedade de alimentos
saudáveis no seu cotidiano.

Anahi Krikati, relatou que não possuía acesso com facilidade a alimentos in
natura e com isso o aumento de consumo de produtos industrializados e de fácil
preparo se tornou frequente, informou a nutricionista também que costumava comer
e dar aos filhos miojo no jantar quase todos os dias e que seu almoço quase sempre
é arroz, farinha e peixe frito. Diante dos fatos acima, quais as possíveis estratégias de
saúde, relacionadas diretamente e não relacionadas a nutrição podem ser sugeridas
ao gestor de saúde para melhorar a qualidade da alimentação?

2. IDENTIFICAÇÃO E ÁNALISE DO CASO

1
Case apresentado à disciplina de Programa de Integração Nutrição, Saúde e Comunidade, da Unidade de
Ensino Superior Dom Bosco – UNDB.
2
Aluna do 4º período, do curso de Nutrição, da UNDB.
3
Professora, Mestra, Orientadora.
4
Professora, Mestra, Orientadora.
2.1 Descrição das decisões possíveis

A alimentação expressa as relações sociais, valores e história de um indivíduo


ou grupos populacionais. Além disso, ela é um fator condicionante e determinante da
saúde, as ações de alimentação e nutrição precisam estar em conjunto com ações
relacionadas a saúde. Observando as condições de saúde, acesso a alimentação
adequada e a falta de saneamento básico a implementação do Política Nacional de
Alimentação e Nutrição (PNAN) seria uma estratégia interessante a ser seguida pelo
gestor de saúde, tendo em vista que, o programa tem como propósito a melhoria nas
condições de alimentação, nutrição e saúde. Buscando praticas alimentares
saudáveis e adequadas, a vigilância alimentar e nutricional, a prevenção e o cuidado
em relação a agravos relacionados a alimentação e nutrição.

Uma das diretrizes do PNAN, é o Programa da Alimentação Adequada e


Saudável (PAAS), ele consiste em um programa que busca um conjunto de
estratégias voltadas para práticas alimentares saudáveis levando em consideração
aspectos biológicos e socioculturais, e também o uso sustentável do meio ambiente.
Para que ocorra a implantação desse programa o gestor público precisa focar em
iniciativas como: políticas públicas saudáveis, reorientação de serviços voltados a
promoção da saúde, reforço a ação comunitária, criação de ambientes favoráveis a
saúde nos quais os indivíduos e comunidades possam exercem o comportamento
saudável.

No entanto, para a realização de ações de educação alimentar e nutricional são


necessárias algumas etapas, o primeiro passo trata-se da concepção, ela consiste na
análise dos problemas alimentares da comunidade, também é realizada a
identificação dos fatores causais que serão focados a intervenção nutricional. A partir
desse ponto, serão identificados comportamentos do indivíduo/comunidade que a
intervenção nutricional deve estar direcionada. Na aldeia de Anaki Krikati, os principais
problemas são a falta de saneamento básico e a insegurança alimentar, pois segundo
a mesma, não possui acesso com facilidade há alimentos in natura e por isso, opta
pelo consumo de industrializados. Além disso, percebe-se que as refeições são
podres em nutrientes.

A segunda etapa é a formulação, para essa etapa é necessário que os objetivos


estejam claros, e nessa fase também são formulados os materiais que serão
utilizados, e devem ser observados parâmetros como idade, gênero, origem,
escolaridade, renda, tipo de moradia, necessidades, demanda. O terceiro passo é a
implementação, nessa fase as matérias de apoio feitos na fase anterior serão
implementados, no caso da aldeia podem ser utilizados demonstrações de
procedimentos: podem ser a implementação de hortas, plantio de mudas, lavagem
dos alimentos, oficinas culinárias. E a última fase é a avaliação essa é uma fase muito
importante pois é através dela que será possível analisar se as medidas foram
efetivas, e pode ser feita ouvindo a opinião do público alvo.

A alimentação de Anaki Krikati está muito inadequada, não recebendo os


nutrientes suficientes necessários para ela e para o bebê, ela precisa fazer pelo menos
três refeições diárias (café da manhã, almoço e o jantar) e pelo menos dois lanches
saudáveis. Nas refeições, almoço e jantar, sempre procurar incluir legumes e
verduras. Ela está no final do segundo semestre e indo para o terceiro, nessa fase a
necessidade proteica é aumentada então o consumo de alimentos ricos em proteínas
é importante, como o peixe, feijão, leite.

Em relação aos carboidratos da alimentação tanto da mãe quanto dos filhos


ela pode incluir a macaxeira, o arroz, batata. É importante também, que ela evite o
consumo de miojo e alimentos industrializado pois eles contribuem com o aumento de
peso e colesterol elevado, e no pré-natal Anaki ficou ciente que estava acima do peso
ideal para sua gestação, o consumo de alimentos ricos em ácido fólico também é
importante. A vitamina C é importante então o consumo de limão, caju, acerola podem
ser uma alternativa para a mãe, e ainda, é importante que ela consuma bastante água.
O consumo de ferro pode ser aumentado através de consumo de folhas verdes
escuras, peixes, o feijão.

2.2 Argumentos capazes de fundamentar cada decisão

De acordo com o Ministério da Saúde (2013), a alimentação saudável e


adequada é um direito básico do indivíduo, ela deve ser de acesso regular e
permanente abrangendo não apenas aspectos biológicos, socioeconômicos, mas
também sociais, levar em consideração necessidades alimentares especiais, cultura
alimentar, entre outros. Desse modo, A Política Nacional de Alimentação e Nutrição
(PNAN) possui o propósito de fazer melhorias nas condições de alimentação, saúde
e nutrição da população brasileira por meio da vigilância sanitária, práticas
alimentares adequadas e saudáveis, a prevenção e o cuidado relacionados a
insegurança alimentar e nutricional, participação e controle social.

A alimentação adequada e saudável é um conjunto de ações apropriada a


aspectos socioculturais e biológicos dos seres humanos, tendo isso em vista, o
Programa de Alimentação Adequada e Saudável (PAAS) busca a estratégia de
promoção a saúde através de um conjunto de estratégias que possibilita os indivíduos
ou coletividades a realização de práticas alimentares mais saudáveis e apropriadas a
seus aspectos biológicos e socioculturais. O PAAS tem como seu objetivo principal
melhorar a qualidade de vida da população por meio de ações intersetoriais, voltadas
para o coletivo, o ambiente e os indivíduos. Para que seja realizada sua
implementação são necessárias algumas ações como a de políticas públicas
saudáveis, criação de ambientes favoráveis à saúde nos quais indivíduos e
comunidades possam exercer o comportamento saudável, reforço da ação
comunitária, reorientação de serviços para promoção de saúde. (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2013).

O planejamento de ações de Educação Alimentar e Nutricional é realizado a


partir de algumas etapas que são: concepção, formulação, implementação e
avaliação. Dentro da primeira etapa são identificados os problemas nutricionais, a
determinação das causas, diagnostico educativo. Na segunda fase começa a ser
pensado sobre o que será realizado a ação nutricional e a definição dos objetivos
daquela ação considerando a realidade e interesse do público alvo. A terceira etapa
é a implementação e é nela que será identificado quais meios devem ser utilizados
para atingir a os participantes e trazer reflexão, e por último trata-se da avaliação.
Através dessa última etapa que serão definidas a periodicidade das outras ações, se
será pontual, periódicas, permanentes. (MINISTÉRIO DE DESENVOLVIMENTO
SOCIAL, 2018; ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA AGRICULTURA E
ALIMENTAÇÃO, 1999).

A educação nutricional tem fatores extremamente positivos quando se trata de


fazer escolhas saudáveis, por isso, durante a infância é muito importante que essa
visão seja repassada para as crianças e a mãe tem um papel muito importante nesse
fator, por isso a assistência nutricional se mostra importantes desde as primeiras
etapas da vida. Durante a gestação cuidados com a alimentação devem ser tomados
para prevenir deficiências nutricionais tanto no bebê, ocasionando prejuízos ao seu
desenvolvimento, quanto a mãe. O consumo de boas fontes de proteína é importante,
principalmente nas fases iniciais da gestação, a ingestão de alimentos como o leite,
carnes magras, peixes, grão de bico, feijão são excelentes fontes de proteínas. Os
carboidratos são responsáveis pela energia e fundamenteis para desenvolvimento do
bebê, fontes como cereais e seus derivados, tubérculos, leguminosas são bons
alimentos a serem consumidos diariamente. (NUNES, 2009; TEIXEIRA et.al, 2015)

Alimentos ricos em ácido fólico, que auxilia na diminuição de riscos de má


formações, alguns exemplos são flocos de milho, a beterraba. Aumentar o consumo
de ferro também é de suma importância. Outro ponto importante, é a ingestão de água
que auxilia no trânsito intestinal, no transporte de nutrientes, reduz a retenção de
líquidos. É importante evitar o consumo de ultraprocessados pois auxiliam no ganho
de peso, hipertensão arterial. (TEIXEIRA et.al, 2015)

3. DESCRIÇÃO DE CRITÉRIOS E VALORES


 Foram realizados estudos a respeito de educação nutricional com intuito de
entender quais etapas são necessárias para que um programa de educação
nutricional seja efetivo em uma comunidade.
 Analisou-se cartilhas fornecidas pelo Ministério da Saúde a respeito da
importância da alimentação na infância e na fase gestacional com intuito de
fazer recomendações a Anaki Krikati e seus filhos
Referências

BRASILIA. Ministério de Desenvolvimento Social. Secretaria Nacional de Segurança


Alimentar e Nutricional. Principios e Praticas para Educação Alimentar e
Nutricional. Distrito Federal: Ministério de Desenvolvimento Social, 2018. 50 p.
Disponível em:
https://www.mds.gov.br/webarquivos/arquivo/seguranca_alimentar/caisan/Publicaca
o/Educacao_Alimentar_Nutricional/21_Principios_Praticas_para_EAN.pdf. Acesso
em: 27 mar. 2021.
BRASILIA. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção À Saúde. Política Nacional
de Alimentação e Nutrição. Distrito Federal: Ministério da Saúde, 2013. 48 p.
Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_alimentacao_nutricao.
pdf. Acesso em: 27 mar. 2021.
NUNES, Emília Breda et al. Manual para uma alimentação saudável em jardins de
infância. 2009. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lis-
22101?src=similardocs Acesso em: 28 mar 2021
TEIXEIRA, Diana et.al. Alimentação e Nutrição na Gravidez. Lisboa: Programa
Nacional de Promoção da Alimentação Saudável, 2015. 28 p. Disponível em:
https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/82556/2/116243.pdf. Acesso em: 28
mar. 2021.
Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação. Guia
Metodológico de Comunicação Social em Nutrição. 1999. Disponível em:
http://www.fao.org/3/T0807P/T0807P00.htm#TOC. Acesso em: 27 mar. 2021.

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