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Curitiba
2021
O ponto de partida para a elaboração de um gráfico é a tabela de valores das grandezas físicas a
serem representadas no gráfico. As etapas de construção da figura são as seguintes.
- Definição do espaço para o traçado do gráfico: Escolha a área retangular que será usada para
o desenho. Sugere-se que as dimensões, horizontal e vertical, estejam no intervalo entre 10cm e
20cm, sendo que a menor delas não seja inferior a aproximadamente 2/3 da maior, por razões
tanto estéticas quanto de precisão da representação. É aconselhável deixar uma margem de cerca
de 2 cm de cada lado da figura.
- Construção dos eixos. Os eixos são independentes entre si, portanto podem-se usar escalas
diferentes para cada eixo. Os eixos do gráfico correspondem às retas, orientadas, com marcações
numeradas ao longo de seu comprimento e deve ser desenhado conforme as instruções a seguir.
- Comprimento. O comprimento do eixo é definido pelo espaço reservado para o gráfico. Note
que há bastante flexibilidade e subjetividade nesta escolha, porém deve ser escolhido
considerando a estética e a praticidade.
- Marcas. As marcas são igualmente espaçadas (no caso de gráficos lineares; outros serão
mencionados posteriormente). Deve haver no mínimo duas marcas ao longo do eixo. A distância
no papel entre elas deve ser um número conveniente de se trabalhar, que pode ser representado
de forma exata com poucos algarismos. O leitor deve poder determinar esse valor facilmente
com uma régua.
- Numeração. Cada marca tem um número associado que indica o valor da grandeza naquele
ponto. Como a distância entre as marcas é constante, a diferença entre os valores consecutivos
também é constante. Esses números devem ser convenientes de se trabalhar, com poucos
algarismos, e normalmente são diferentes dos valores da tabela. Os valores, mínimo e máximo,
devem ser escolhidos de modo a que o conjunto de todos os pontos da tabela ocupe pelo menos
75% do comprimento do eixo.
- Marcação dos pontos. Somente após os eixos estarem traçados é que os pontos deverão ser
marcados. Os pontos devem ser pequenos, mas bem visíveis. Cada par de valores da tabela
correspondente a um ponto e todos devem constar do gráfico.
Para ilustrar a aplicação das regras acima apresentamos, na Tabela 1, o resultado de um
experimento para a determinação da densidade de um material. Mediu-se a massa m e o volume
V de diferentes objetos constituídos da mesma substância.
No caso da massa, que será representada no eixo y, os valores extremos da tabela são 10g e 50g,
portanto o eixo do nosso gráfico tem que cobrir esta faixa de valores. O próximo passo é
escolher a origem dos eixos, isto é, o ponto onde ele intercepta o outro eixo do gráfico. É
interessante, na maioria dos casos, escolher a origem como sendo o zero, logo nossa faixa se
estende agora de 0 até 50g. Para um dado conjunto de valores a serem representados em um
gráfico, várias possibilidades de traçado de eixos são possíveis, como se pode observar na Fig. 1.
Note que a escolha da quantidade de marcas está ligada à numeração. Observe também que os
valores representados nos eixos podem não ser, em geral, os valores da tabela. O tamanho
representado na Fig. 1 é o máximo admissível para o papel, a fim de ilustrar a importância das
margens. A Fig. 2 mostra eixos impróprios para os valores das massas apresentadas na Tabela 1.
O primeiro eixo representado é pequeno demais para o tamanho do papel considerado. O
segundo cobre um intervalo de valores que necessitaria de um eixo grande demais, fazendo com
que todos os pontos do gráfico caiam na primeira metade do eixo, o que equivale na prática ao
primeiro caso. O terceiro tem um número excessivo de marcas e números, dificultando a
visualização.
O objetivo dessas normas é evidenciar o máximo possível os pontos para facilitar a identificação
da relação entre as variáveis. É importante observar a distribuição dos pontos no gráfico a fim de
verificar a dependência entre as grandezas, pois esse é um dos objetivos do uso de gráficos. No
nosso exemplo é possível visualizar claramente uma tendência de distribuição segundo uma
linha reta, o que está de acordo com o esperado, já que a relação entre massa e volume é linear.
A partir disso é possível fazer uma análise quantitativa dos dados. Essa técnica de análise é
descrita na seção seguinte.
y = a.x + b (1)
onde “a” é o coeficiente angular e “b” o coeficiente linear. Portanto, determinar uma reta
significa calcular seus coeficientes “a” e “b”. Nosso objetivo é descobrir a reta que melhor
descreve o comportamento dos dados, isto é, a reta que no gráfico melhor representa o conjunto
O método gráfico, ou manual, consiste em traçar uma reta que visualmente esteja mais próxima
possível de todos os pontos representados no gráfico. Os coeficientes da reta, “a” (angular) e “b”
(linear), podem então ser calculados através do procedimento abaixo:
- Seleciona-se dois pontos P1 e P2 sobre a reta de preferência próximos aos extremos opostos da
linha para diminuir o erro de representação gráfica, como mostrados na Fig. 4.
Obs.: Os pontos P1 e P2 são representados por símbolos diferentes porque não são pontos
extraídos da tabela.
- Sejam (x1, y1) e (x2, y2) as coordenadas dos pontos P1 e P2, respectivamente. O coeficiente
angular é calculado por:
∆y y 2 − y1
a= = (2)
∆x x 2 − x1
- Pode-se escolher quaisquer dois pontos sobre a reta. Não há restrições quanto a empregar
algum dos pontos experimentais, desde que a reta desenhada passe sobre o mesmo.
14 = 0,2125 . 76 + b ⇒ b = − 2,15 g
b = y − a.x (4)
Para calcular os coeficientes recomenda-se montar uma tabela como, por exemplo, a tabela 2, a
qual foi preparada para aplicar a primeira opção para o cálculo do coeficiente angular, que ilustra
o processo com os dados de massa e volume da tabela 1.
xi yi δx = x − x δy = y − y δxi 2 δ x .δ y
ponto
(cm3) (g) (cm3) (g) ((cm3)2) (g.cm3)
1 47 10 97,4 21,2 9486,76 2064,88
2 100 22 44,4 9,2 1971,36 408,48
3 145 32 - 0,6 - 0,8 0,36 0,48
4 185 42 - 40,6 - 10,8 1648,36 438,48
5 245 50 - 100,6 - 18,8 10120,36 1891,28
x = 144,4 y = 31,2 Σ 23227,2 4803,6
Na tabela, x e y são as médias aritméticas dos valores x e y da tabela. Com esses dados obtém-
se:
4803,6 𝑔. 𝑐𝑐3
𝑎= = 0,207 𝑔/𝑐𝑐3
23227,2 (𝑐𝑐3 )2
É importante traçar a reta determinada pelo Método dos Mínimos Quadrados no gráfico pois isso
facilita a avaliação da qualidade do ajuste e também permite perceber eventuais erros na
determinação dos coeficientes da reta. Para traçar essa reta é preciso determinar dois pontos a ela
pertencentes. Esses pontos são determinados escolhendo-se duas abscissas, de preferência
próximas dos extremos do intervalo dos dados e, preferencialmente, diferentes de quaisquer xi
obtidos experimentalmente. Substituindo-se as abscissas e os coeficientes obtidos pelo método
de MMQ calculam-se os valores dos yi correspondentes. Usando os valores: x1 = 70 cm3 e x2 =
280 cm3, temos:
P1: 𝑦1 = (70 𝑐𝑐3 ). (0,207𝑔/𝑐𝑐3 ) + 1,34 𝑔 = 15,8 𝑔
P2: 𝑦2 = (280 𝑐𝑐3 ). (0,207𝑔/𝑐𝑐3 ) + 1,34 𝑔 = 59,3 𝑔
Os pontos P1 (x1,y1) e P2 (x2,y2) são então utilizados para traçar a reta que melhor se ajusta ao
conjunto de dados. A Fig.5 mostra a reta obtida pelo método analítico. Uma comparação rápida
entre as figuras 4 e 5 mostra uma diferença visual pequena entre as retas obtidas, porém a
diferença entre os valores dos coeficientes obtidos pelo método analítico como obtido manual
(eqs. (2) e (3)) constata-se uma diferença razoável no coeficiente. Isso mostra a importância de
se usar o método analítico.
REFERÊNCIAS
LISTA DE EXERCÍCIOS
1) Em uma determinada prática foram obtidas as medidas que são apresentadas na tabela abaixo.
Determine a equação que relaciona as grandezas segundo o método dos mínimos quadrados.
y (m) x (s) 𝛿𝑥𝑖 = (𝑥𝑖 − 𝑥̅ ) 𝛿𝑦𝑖 (𝛿𝑥1 )2 𝛿𝑦𝑖 𝛿𝑥𝑖
4,2 1
5,8 2
8,6 3
10,4 4
12,0 5
𝑦� = 𝑥̅ = Σ
Resp.: y = 2,02 x + 2,14
y x 𝑥2 𝑥∙𝑦
∑𝑦 = ∑𝑥 = ∑ 𝑥2 = ∑(𝑥 ∙ 𝑦) =
m (g) y (mm)
12 4
30 10
60 18
80 25
100 30
Tabela 3 – Dados de deformação da mola.
𝑦� = 𝑥̅ = Σ
𝑦� = 𝑥̅ = Σ