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UNIFEMM

Centro Universitário de Sete Lagoas


Pós-Graduação em Psicanálise: Teoria, Clínica e Extensão

Sidney Stefani Ramos Souza


Liliane Rodrigues de Almeida

Autismos: Pressupostos para diagnóstico e


tratamento

Sete Lagoas
2021
Sidney Stefani Ramos Souza
Liliane Rodrigues de Almeida

História da Perversão: Freud x Lacan

Trabalho de Pós-Graduação apresentado à


Pós-Graduação em Psicanálise: Teoria, Clí-
nica e Extensão, como parte dos requisitos
necessários à obtenção de avaliação da disci-
plina “Autismos: Pressupostos para
diagnóstico e tratamento”.

Orientador: Paula Ramos Pimenta

Sete Lagoas
2021
O Autismo é ver o mundo de um outro
jeito, e cada um de nós temos que
achar um jeito de entender as
diferenças.

Dr. Leonardo Maranhão


Autismos: Pressupostos para diagnóstico e tratamento

A proposta desse trabalho é escolher um dos filmes mencionados nas aulas


ministradas na Pós-Graduação em Psicanálise e correlacionar as características
apresentadas pelo personagem autista com os aspectos teóricos estudados.
Antes dessas aulas o conhecimento sobre o tema era baseado em filmes e
seriados de TV. Começar a aprender sobre esse tem sido desafiador e vemos que
existe um longo caminho pela frente a ser percorrido. Segundo Pimenta, Paula
(2021), o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é identificado por comportar
dificuldades significativas na interação social e na comunicação – verbal e não
verbal – e apresentar comportamentos restritos e repetitivos citado na 5ª Edição
do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, veiculado pela
Associação Americana de Psiquiatria, dos Estados Unidos, todos contantes na
Classificação Estatísticas das doenças, publicadas pela Organização Mundial da
Saúde (OMS). Há várias nomenclaturas psiquíatricas surgidas em 2013 em
embarcam além do TEA, o AH/SD – Altas Habilidades e Superdotação, TEAAF-
Transtorno Espetro Autista de Auto Rendimento, que remete às subcategorias
anteriores da Sindrome de Aspeger (SA).
Estaremos descrevendo cada característica mostrada no filme e fazer sua
leitura teórica, indicando as referências utilizadas.
Dentre os filmes sugeridos escolhemos: “O cérebro de Hugo”: O filme tem
por assunto o Autismo Aspeger-Sindrome de Asperger (SA) que é uma condição
psicológica caracterizada por dificuldades na interação social e comunicação não-
verbal, além de padrões de comportamento repetitivos e interesses restritivos; o
que desencadeia esta síndrome no indíviduo ainda é desconhecida pela ciência,
muito embora acredite-se que sua causa está presente na genética, ou seja,
origem biológica. O documentário, além de esclarecedor, traz muitos pontos de
vistas relatados pelos autistas, pelas mães em suas narrativas misturadas com
ansiedade, incerteza, impotência e muito amor sacrificial. As narrativas sobre o
genese autistica também é muito interessante.
O documentário narra a história de um personagem fictício Hugo, um
menino que logo ao nascer seus pais percebem que ele é diferente, ele possui
dificuldades para interagir com seus pais, chorava sem parar, e possuía
comportamentos estranhos como por exemplo tirar todos os livros da prateleira e
jogá-los no chão da sala. Hugo passa por inúmeras dificuldades na escola, não
possui amigos, as outras crianças o acha estranho por seu modo de falar e andar,
seu aprendizado é diferenciado do das outras crianças sendo um gênio em
matemática e piano, o que faz com que os professores não entendam Hugo pelo
seu jeito diferenciado dos demais. Penso se seria um caso de TEAAF.
Impressionante a genialidade musical ao aprender a tocar piano inicialmente
olhando uma professora dedilhar as teclas. Ele tinha o ouvido absoluto. Durante
o filme são demonstrados vários outros cases de autistas e fica evidenciado a
dificuldade de viverem num padrão de comportamento institucionalizado e como
se sentem menosprezados quando tratados como doentes. Os depoimentos de
outras pessoas que tinha a síndrome de Asperger e de seus familiares, trazendo
a tona as dificuldades das pessoas com esse transtorno para arrumar um trabalho,
viver em sociedade, construir relacionamentos e. além da rejeição expressas
pelos outros eram tidos como retardados, quando na verdade eles eram grandes
gênios com uma forma diferenciada de aprendizagem. O assunto é um alerta para
analisarmos como psicólogos o quanto precisamos saber lidar com as diferenças
sem que venhamos rejeitar o que não pode ser compreendido. O filme ainda
explica que existem várias formas de autismo. Cerca de um terço dos autistas
sofrem de um retardo mental e alguns nunca falaram.
A infância de Hugo representa a infância de muitas outras pessoas, que
pareciam não brincar, falar ou se comunicar com alguém. A estereotipia estava
presente na repetição de gestos, palavras ou comportamentos ou em alinhar
objetos incansavelmente. Algumas vezes a expressão era feita por gestos. Há
rejeição ao contato físico, uma mãe conta que quando tentava pegar sua bebe
autista, a criança esticava os braços para frente estabelecendo um limite de
espaço, rejeitando seu colo. A voz humana também incomoda, pois tais pessoas
possuem muita sensibilidade e quando ansiosos ou angustiados costumam
machucar a si mesmos. Sentem angustia extrema. Devido ao seu comportamento
imaturo, muitas pessoas acreditavam que ele sofria de retardo mental devido ao
comportamento imaturo. Ele apresenta comportamentos excêntricos, leva uma
vida cheia de regras, tem medo de errar ou fracassar, incapacidade de controlar
esse medo e não consegue mentir. É capaz de contar algo em seus mínimos
detalhes e ver todos os detalhes de um aposento por exemplo. Não consegue ver
as coisas como um todo, a visão de mundo e de si é fragmentada. Ao se olhar no
espelho vê seu corpo todo separado, como em um “quebra-cabeça”. Estudos
apontam, no filme, que o cérebro de um autista produz pouca ocitocina, o
chamado hormônio do afeto, e a administração desse hormônio pode melhorar o
comportamento social dos autistas.
O documentário retrata a dificuldade de dignóstico e em algumas vezes a
consolidação de retardo mental e asperger como diagnóstico único. Em 1940 as
crianças eram abandonadas nos consultórios psiquiatricos e frequentemente
maltratadas. A designação de retardo mental para essas crianças do filme foram
imitidos erroneamente, pois muito deles tinham habilidades cognitivas normais e,
alguns, acima da média como a personagem Hugo que aos seis anos de idade
tocava de forma brilhante Chopin em seu piano. Joseph Chavanet – um dos cases
do documentário - foi considerado uma criança retardada, pois até seis anos de
idade não pronunciava uma palavra; quinze anos depois se formou em Ciência
Políticas, mais tarde, doutor em Filosofia e, atualmente, fala sete idiomas,
declarando em entrevista que “... você pode ter um prêmio Nobel, e não saber
dizer bom dia”. O diagóstico precoce assim como demonstrado no documentário
tem trago sérias consequências atualmente. Kanner (1943) vai descobrir que
essas crianças, denominadas por ele como autistas, são muito inteligentes,
possuem facilidades com cálculos, outros tem ótimo vocabulários e todos tem
memória inacreditável. Porém ele vai dizer que possuem biologia inata de
desenvolver contato afetivo. Assim, desde o início, a ideia de uma origem
biológica do autismo estava bem presente. Em 1944, Hans Asperger vai apaixonar
por esses pequenos gênios fechados em si próprios. Daí a origem do nome de
austista Asperger. Em 1967, Betelhein, um psiquiatra americano irá publicar um
livro que irá revolucionar: A fortaleza Vazia. Em resumo, esse livro será lindo pelo
mundo todo, incluindo a França. As mães serão duramente culpabilizadas pelo
nascimento de um Aspeger. A cura prometida teria como consequência retirar
essas crianças do convivio e aparta-las das mães geladeiras. Ele nunca
conseguiu curar uma criança e foi incapaz de assumir esse fracasso.
O filme demonstrou o mito que hoje na cabeça de muitas pessoas: De quem
é a culpa do nascimento de um Aspeger?
L.Kanner: afirma que a culpa é dos pais que frios e calculistas
B.Betelhein: mães geladeiras
R.Lefort: Criança sem lugar no desejo da mãe.
Em 1985, Baumam e Kemper autopsiam o cérebo de um jovem homem
autista de 29 anos. Pela primeira vez, os resultados mostram anomalias
indiscutiveis em relação a um cérebro normal. E eles provam que algumas
anomalias são anteriores ao nascimento. Se nasce autista. Não se torna autista.
Esses estudos avançaram e mostrarão a origem biológica do autismo.
No que tange a conduta de tratamento do autista, o objetivo é que caminhe
para uma interação social, delimitando aquilo que é do interesse dele através de
uma comunicação mais objetiva e de cunho existencial, já que o que lhe afeta e
o que sente é difícil de se expressar e articular na linguagem autistica, salvo em
situações como de urgências ou de contrariedade, em que o autista apresenta
sua enunciação em caráter imperativo com apelo ao Outro. Sendo assim, ao
realizar uma comunicação por via objetiva e factual, é também realizar uma
interação não pelo sentindo do contexto e das emoções, mas sim, pelo racional.
Neste sentindo, o que se pode observar é um corpo fragmentado no
autismo, ou seja, uma ausência de corpo tentando se fazer, que apartir do advir
de sua borda, possibilitaria o cortejo de suas pulsões, bem como, contendo-as de
tal forma que organizaria seu gozo, fazendo minimamente um limite entre o Eu e
o Outro, consentindo assim, a aproximação sem se sentir invadido.
Parece que essas muitas realidades aqui elencadas se distanciou de nós,
que ficou lá para trás, datada em 2012. Mas o que percebemos é que, hoje em
dia, as coisas não são tão diferentes assim. E muito desses equívocos citados a
cima, infelizmente, ocorrem nos dias de hoje.
REFERÊNCIAS

PIMENTA, Paula. Dupla Excepcionalidade e Autismo (2021).

Documentário: O cérebro de hugo.


https://www.youtube.com/watch?v=PKhS4WlG234

https://www.youtube.com/watch?v=t7i5LzSuCCY
Dr. Caio Abujadi – Psiquiatra infantil

KANNER, Leo. (1943). Autistic Disturbances of Affective Contact. Nervous


Child, n. 2, p. 217-250

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