Você está na página 1de 13

Vol. 2 Nº 2 págs. 267-279.

2004
https://doi.org/10.25145/j.pasos.2004.02.021
www.pasosonline.org

Rede de cooperação entre pequenas empresas


do setor turístico

Teodomiro Fernandes da Silva †


Universidade Católica Dom Bosco (Brasil)

Resumo: Este artigo aborda sobre uma proposta de estratégia de administração de pequenas empresas
do setor turístico, como fator de desenvolvimento empresarial, baseada nos princípios do associativismo
também denominada de rede de pequenas empresas. Inicialmente são apresentadas as principais
abordagens sobre cooperação empresarial com enfoque nos pequenos empreendimentos. São
apresentados os principais autores que recentemente tratam sobre o assunto assim como a correlação
existente com desenvolvimento local e a competitividade. Por fim e as metodologias utilizada para
observar principalmente como as pequenas empresas do segmento turístico se manifestam em relação ao
tema cooperação interempresarial.

Palavras-chaves: Cooperação; Pequenas empresas; Turismo.

Abstract: This article deals with a subject related to the new business strategies for small companies,
exalting the cooperation among them and their different ways and arrangement of development. Trying
to get the concept of Companies Cooperation we mentioned some authors who treat this subject and also
present their main reasons that make the small companies cooperate among themselves. The manners,
denominations and the distinct typologies and ways of company grouping are also present as a way of
seeing its characteristic and configurations in the functional and strategic organization. Finally it is
showed a case about a group of enterprising men of touristy segment who search in Companies Coopera-
tion the way out to dare the challenges imposed by the global economic in which the competition is
becoming stronger day by day.

Keywords: Companies Cooperation; Strategies; Small companies; Tourism


• Doutorando em Desenvolvimento Local pela Universidade Complutense de Madrid, professor dos cursos de
Administração da UCDB – Universidade Católica Dom Bosco, atua na área de turismo e é pesquisador do CEPACE
– Coordenação de Estudo, Pesquisa Assessoria e Consultoria Empresariais. E-mail: teodomiro@ucdb.br

© PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. ISSN 1695-7121


268 La cooperación interempresarial: …

Introdução incerteza dos mercados levou as


instituições e as organizações a cooperarem
A globalização da economia traz como e a unirem esforços para reduzirem os
conseqüências uma crescente proliferação riscos e aproveitarem as oportunidades,
de produtos e serviços; cada vez mais a tornando-se assim mais competitivas.
concorrência nacional e internacional O associativismo e as redes entre
aumentam. Os chamados nichos de empresas e organizações territoriais
mercado cada vez mais são atacados pela constituem as formas mais correntes de
concorrência com maiores e melhores colaboração e cooperação. Ele permite
vantagens competitivas, os clientes estão realizar transações entre agentes públicos e
mais exigentes e sofisticados, a pressão por privados com base em acordos formais.
redução dos preços são cada vez mais forte, Pelos estudos realizados, principalmente
a qualidade hoje em dia faz parte de uma nos países mais desenvolvidos, grande
crescente preocupação e necessidade na parte dos organismos de desenvolvimento
condução dos negócios, a consciência utiliza este processo. São organizações
ecológica e de proteção ao meio ambiente assentadas na confiança entre as partes e
são cada vez mais fortes, a tecnologia de orientadas para objetivos muito concretos.
informação, através do uso da comunicação Essas redes complementam as organizações
virtual, internet, reflete impactos nos convencionais e neutraliza os efeitos
pequenos empreendimentos. perversos da burocracia. Permitem
O pequeno empreendimento do setor estabelecer relações informais entre as
turístico deve estar preparado para superar organizações, o que facilita a tomada de
essas pressões e novas estratégias de decisões e a sua execução, afirma Vazquez-
atuação no mercado devem ser colocadas Barquero (1995).
em prática. A necessidade de se praticar a
capacidade inovadora e criativa dos A cooperação como estratégia para o
empreendedores é uma imposição e não fortalecimento do turismo
uma escolha. Principalmente quando se diz
respeito às empresas do setor turístico no Ultimamente os teóricos das ciências
Estado, onde a maioria das empresas é de administrativas, econômico-sociais,
porte micro e pequeno. principalmente, têm realizado estudos
Os custos para manter um pequeno sobre novas estratégias de desenvolvimento
empreendimento e os serviços como econômico e social realçando o papel das
aluguel, tarifas públicas, salários, encargos pequenas empresas e estas configuradas
sociais, que não sofrem concorrência dos sob a ótica da cooperação interempresarial.
importados, aumentaram Não se pode falar em cooperação
consideravelmente. Além disso, o índice interempresarial sem referir-se ao conceito
geral de preços da economia aumentou nos de Eficiência Coletiva. Sobre isto a noção
últimos anos. central defendida por Schimitz (1996), é a
A falta de um planejamento de que competir em mercados globalizados
compartilhado entre as empresas do setor exige cooperação, o que pode ocorrer
turístico tem levado ao enfraquecimento do através da estratégia de Eficiência
poder competitivo com outras empresas Coletiva, que nada mais é que empresas
maiores e com maior poder de penetração, organizadas sob a forma de cooperação, e
localizadas nos grandes centros do país, conseguem obter ganhos que num nível
gerando com isso prejuízos para a economia individual não seriam possíveis alcançar.
local, ocasionando com isto menor volume Conforme estudos desenvolvidos acerca
de arrecadação de divisas dentro do Estado de empresas locais regionalmente situadas,
e conseqüentemente menor movimento verificou-se que as condições para
econômico do segmento turístico. Observa- aumentar ou perder competitividade
se uma falta de sustentabilidade da política empresarial dependem do nível de
de desenvolvimento das atividades de relacionamento com outros agentes sociais.
turismo dentro do Estado. Em contraste ao isolamento da empresa
O aumento da concorrência e da individual, a existência de um sistema de
Teodomiro Fernandes da Silva 269

cooperação interempresarial é um fator que correnteza acima), empresas individuais a


auxilia a superar limitações, a crescer e a especializar-se em uma fase em particular
aumentar a competitividade. do processo produtivo, organizadas juntas,
Tal assunto tem como ponto de partida e se fazem valer das instituições locais,
para discussão o tema relacionado com as através de relacionamento de competição e
economias de aglomeração ou cooperação”.
agrupamentos associando aos efeitos da Para emitir o entendimento conceitual
“proximidade” na organização produtiva, da dinâmica da cooperação
escalas e concentração necessária para a interempresarial, no contexto local e
oferta de serviços e presença de certos territorial, o Instituto de Apoio à Pequena e
fatores. A reemergência das economias de Média Empresa e Investimento – IAPMEI
aglomeração se vincula então às economias (1999), de Portugal, faz referência ao que
de informação e comunicação, à existência chama de “Rede de Competências”,
de trabalho abundante e variado e à caracterizada como rede de suporte e
presença de fornecedores e de mercados; o apresenta as seguintes dimensões:
que permite reduzir o custo de transações. atividade: dinamização da cooperação
Na presença de aglomeração aparecem interempresarial e promoção da criação,
“economias de rede”, vale dizer redução do consolidação e desenvolvimento de redes de
custo quando o número de usuários cresce, cooperação; intervenientes: agentes de
questão da maior importância para a suporte à promoção e dinamização da
prestação de serviços para as empresas, diz cooperação interempresarial, quais sejam
Malecki apud Silva (1993). promotores, facilitadores, agentes
Para compreender o conceito de multiplicadores e consultores ou
Eficiência Coletiva, considerada como conselheiros associados às entidades
vantagem competitiva, é necessário promotoras; recursos: competências e
desagregá-lo em dois componentes: capacidades dos diversos agentes
economias de aglomerações e ações dinamizadores, assim como as respectivas
conjuntas, Schimitz (op. cit.). metodologias e instrumentos de atuação e
As economias de aglomerações envolvente: contexto setorial, local ou
caracterizam-se pela forma passiva de regional em que opera cada “rede de
Eficiência Coletiva. Nesse caso, em razão competências” assim como o contexto global
da concentração de produtores, os de atuação da rede multipolar.
fornecedores investem, sendo que um se A abordagem acima proporciona uma
beneficia do investimento do outro. visão sistêmica do processo de cooperação
Inversamente às economias de entre empresas e sobre este assunto é
aglomeração, a ação conjunta é uma forma pertinente fazer referência como forma de
ativa. organização, muito mais generalizada e
O autor considera que a Eficiência difusa, presente nos municípios ou em
Coletiva, em termos de ação conjunta, é sistemas produtivos locais, onde todo o agir
mais importante entre as empresas que a das empresas se encontra demarcado na
baseada em economia de aglomeração. Por lógica da cooperação e concorrência. Além
sua vez, o conceito de cooperação entre da articulação se estende a outros entes
empresas é de grande amplitude, toma territoriais como organizações financeiras
diversas formas e graus de formalidade e se ou de pesquisa.
torna, mais ou menos, evidente que o A cooperação interempresarial parece
mundo organizacional está impregnado ou desenhar-se especialmente para reduzir
marcado pelo fenômeno da cooperação. incertezas, aumentando flexibilidade e
Pyke (1992), apud Amato Neto (2000), adaptação às mudanças (de velocidade e
apresenta a descrição de sistema de sentido imprevisível) e que parece não se
cooperação entre empresas “...como sendo contradizer com as operações das regras de
composto geralmente de pequenas mercado em um jogo de cooperação-
empresas independentes, organizado em concorrência, alguns autores utilizam o
um local ou região como base, pertencendo termo coopetição. Pode entender-se que os
ao mesmo setor industrial (incluindo todas principais participantes, e em alguns casos
as atividades correntezas abaixo e beneficiários, de acordos de cooperação
270 La cooperación interempresarial: …

sejam as pequenas empresas. de outro modo não poderiam implementar.


Os aglomerados se produzem tanto Salvo certas condições, um conjunto de
entre empresas, cuja atividade é pequenas e médias empresas pode obter as
complementar (relação vertical), como entre mesmas vantagens de uma grande empresa
aquelas de caráter competitivo (relação e ganhar em flexibilidade e eficiência,
horizontal) com o objetivo principal de Silva, (op.cit.).
aumentar as vendas e diminuir os custos. Em sua relação com grandes empresas,
Segundo Silva, (op. cit.) há uma contrapartida da desintegração vertical,
diversidade de formas que responde aos além das dificuldades, que sempre podem
âmbitos em que se desenvolve a cooperação, subsistir, pode encontrar importantes
distinção que marca o objetivo ou o motivo elementos nutritivos como: a assistência
principal, tais como: financeira: quando se técnica, a informação de planos de longo
trata de juntar recursos com fins diversos; prazo, financiamento e garantias que dão
produtiva ou tecnológica: quando o intento segurança, capacitação em gestão etc.
é suprir capacidades ou especialidades (Yioguel y Kantis, apud Silva (op. cit.).
produtivas; comercial-distribuição Entretanto, isto, tem sido parcialmente
(representações): para explorar a entrada acolhido dentro dos instrumentos gerais e
em um mercado, ganhar economias de mais tradicionais de política para a
escala na distribuição, aproveitar marcas, pequena e média empresa, implementados
etc (Hermossilla e Sola op.cit. apud Silva, em vários países, já que os mesmos têm se
op.cit.). orientado basicamente ao desenvolvimento
As pequenas empresas tendem a de informação, financiamento, mercado,
integrar-se em grupos, nas quais se tecnologia e desregulamentação.
desenvolvem em 50% dentro do contexto em Ainda sobre os motivos que levam as
busca de segurança, informação, empresas a cooperarem entre si, para
financiamento e o outro 50% no contexto do Amato Neto (2000), a cooperação
mercado para conhecer as novas interempresarial pode viabilizar o
tecnologias e um maior grau de atendimento de uma série de necessidades
especialização. das empresas, necessidades essas que
Também, é importante citar a presença seriam de difícil satisfação nos casos em
de cooperação segundo as funções nas que as empresas atuam isoladamente.
empresas: pesquisa e desenvolvimento, Entre essas necessidades o autor destaca:
produção, marketing, assistência combinar competências e utilizar know-how
técnica/serviços e distribuição para os quais de outras empresas; dividir o ônus de
se encontram diferenças em modalidade e realizar pesquisas tecnológicas,
grau de formalidade. compartilhando o desenvolvimento e os
Pode-se ainda, considerar a cooperação conhecimentos adquiridos; partilhar riscos
mais generalizada e institucionalizada, e custos de explorar novas oportunidades,
“redes cooperativas”, em que o conjunto de realizando experiências em conjunto;
empresas, de um setor ou assunto oferecer uma linha de produtos de
relacionado, se organiza para enfrentar qualidade superior e mais diversificada;
atividades de interesse comum. Isto ocorre exercer uma pressão maior no mercado,
em muitos casos intermediados por aumentando a força competitiva em
câmaras empresariais e envolve desde a benefício do cliente; compartilhar recursos,
prestação de serviços especializados com especial destaque aos que estão sendo
(capacitação, informação...), organização de sub-utilizados; fortalecer o poder de compra
feiras e desenvolvimento de infra- e obter mais força, para atuar nos mercados
estrutura, até a criação de instituição de internacionais.
apoio à atividade empresarial, (Silva, op. A formação das redes de cooperação
cit.). representa uma nova possibilidade de
Mediante articulações entre as pequenas organização empresarial, superior às
em médias empresas as mesmas podem ter fundamentadas sobre o mercado puro e
acesso a: informação, maior especialização sobre hierarquias verticalizadas das
e economia de escala, mercados complexos e empresas.
assumir desenvolvimento tecnológico que
Teodomiro Fernandes da Silva 271

Características dos pequenos dessas empresas ao invés de relacionar-se


empreendimentos somente ao seu tamanho. Em apoio a esse
argumento, Scholhammer & Kuriloff citam
A seguir serão apresentadas as cinco características qualitativas: escopo de
principais características das pequenas operações: servem predominantemente um
empresas. Casarotto Filho et al (op. cit.), mercado local ou regional, ao invés do
afirmam que pequenas empresas são mais mercado nacional ou internacional; escala
flexíveis e ágeis do que as grandes de operações: tendem a ter uma
empresas nas funções produtivas. Se essas participação muito limitada num dado
pequenas empresas agregar vantagens de mercado, elas são relativamente pequenas
grandes empresas, em funções como em uma dada indústria; independência: são
logística, marca ou tecnologia, elas terão independentes no sentido em que elas não
grandes chances de competição. fazem parte de um sistema de empresa
Segundo SEBRAE/MG, (s.d.), outras complexa, tal como uma pequena divisão de
características básicas das micros e uma grande empresa. Independência
pequenas empresas, muitas das quais também significa que os
ligadas a suas formas de gestão, também proprietários/administradores têm
podem ser realçadas: identidade entre a autoridade máxima e controle total da
propriedade e a gestão cotidiana do empresa, embora sua liberdade possa ser
empreendimento, o que coloca o empresário refreada por obrigações para com
em posição central, como responsável direto instituições financeiras; propriedade: a
pela maior parte das atividades da propriedade das empresas em geral é de
unidade; baixo grau de capacitação de uma pessoa ou poucas pessoas; estilo
grande parte dos empresários para administrativo: são geralmente
gerenciar seu empreendimento; vínculo administradas de forma personalizada. Os
estreito entre a família proprietária e a administradores tendem a conhecer todos
firma; pouca integração com a grande os aspectos da administração da empresa, e
empresa, aspecto que vem mudando como não há participação geral no processo de
os processos de terceirização; baixo nível de tomada de decisão.
disponibilidade de recursos financeiros Como Sueeney, apud Ikeda, (op. cit.)
próprios e dificuldades de acesso a bem definiu, uma empresa não se
financiamentos; elevado grau de caracteriza somente pelo seu tamanho, mas
dependência de fornecedores, concorrentes, por uma série de aspectos que vão desde o
clientes e empregados mais qualificados; tratamento pessoal do criador de empresas
caráter pessoal das relações com os grupos e freqüentemente de seus assalariados, à
antes mencionados; processo intensivo em natureza da empresa, sua organização, sua
mão-de-obra, em especial naqueles localização, passando por diversos
empreendimentos que se inserem na componentes do meio ambiente. Há várias
categoria de sobrevivência; contratação de empresas médias e mesmo grandes
mão-de-obra pouco qualificada, muitas empresas que, por terem conservado suas
vezes sem a formalização legalmente características, deveriam ser consideradas
exigida das relações de trabalho; pequenas. Mesmo que elas tenham crescido
fragilidade, de muitas, das micros e rapidamente, conservaram as
pequenas empresas no mercado, em características essenciais ligadas à sua
decorrência de todos os fatores origem de pequena empresa.
apresentados.
Alguns comentários interessantes, Metodologia da pesquisa de campo
foram feitos por Ikeda, 1995, sobre as
características da Pequena Empresa, Devido às características
dizendo que é largamente aceito que as aparentemente semelhantes das
mesmas possuem características diferentes pequenas empresas do setor turístico,
das empresas de maior porte, mas a independente do seu local de ação, este
diferença mais significativa se relaciona trabalho limitou-se a considerar o
aos objetivos da empresa, ao estilo universo da pesquisa como as empresas
administrativo e à prática de marketing que atuam no segmento turístico do
272 La cooperación interempresarial: …

município de Campo Grande, haja vista Os resultados alcançados estão


que, por ser a capital, é o maior centro relacionados com a aplicação de diagnóstico
dos negócios turísticos, pois concentra o baseado na análise de indicadores
maior número de pequenos apropriados para as empresas prestadoras
empreendimentos desse setor. de serviços, os quais mostrarão como está a
Foram nesses segmentos que se situação da cooperação interempresarial no
procurou levantar informações sobre segmento turístico.
relacionamentos com a concorrência,
predisposições para a cooperação, Análise dos resultados alcançados
relacionamentos com as instituições de
apoio, suas predisposições em realizar A apresentação dos resultados está
trabalho de cooperação entre as mesmas. disposta apresentando os enfoques no
Enfim a situação real da pequena empresa campo das estratégias da administração
face aos aspectos de integração entre as competitiva levadas em consideração como
mesmas, integração entre empresas, indicadores para a análise dos dados
integração entre empresas e estruturas de coletados.
apoio competitivo. As informações levantadas e analisadas
Isto foi feito com uma pesquisa do tipo serão apresentadas por segmento e
descritiva e com a ajuda de instrumento abordarão aspectos, anteriormente já
estruturado não-disfarçado, utilizando-se apresentados, referindo-se aos fatores de
de questionários. Além disso, foram competitividade dos pequenos
levantadas informações através de empreendimentos no mercado de atuação.
pesquisa qualitativa utilizando-se da
observação participante através de Grau de cooperação interempresarial entre
participações do autor em reuniões de as pequenas empresas turísticas
discussões, encontros de pequenos Agências de Viagens e Turismo
empresários do setor, serviços de A pesquisa revelou que entre os
orientação, exposição das idéias pequenos empreendimentos turísticos há
relacionadas com o sistema de uma relação homogênea na intermediação e
cooperação em ambientes acadêmicos e subcontratação de serviços entre os
empresariais. mesmos. Em percentual acima de 83% são
Procurou-se analisar este universo com citados, pelas agências e operadoras de
base em uma amostra aleatória simples, turismo, os relacionamentos comerciais
como é de costume nessas situações. com: operadoras de turismo,
Isto foi feito com uma pesquisa do tipo hotéis/pousadas, empresas aéreas,
descritiva e com a ajuda de instrumento locadoras de veículos, seguradoras,
estruturado não-disfarçado, utilizando-se proprietários de vans (particulares). Esta
de questionários. Além disso, foram situação revela um alto grau de
levantadas informações através de pesquisa interdependência entre os segmentos acima
qualitativa utilizando-se da observação mencionados.
participante através de entrevistas com Em menor volume, 54%, o entrosamento
instituições de apoio e empresários. com os guias de turismo, 46% os
Este tipo de amostra permite que se faça relacionamentos com proprietários de
a inferência para o todo, com uma margem atrativos turísticos, 37% casas de câmbio e
de erro que pode ser especificada, e com um 29% as próprias agências de turismo.
nível de confiança determinado. A pesquisa revelou que o grau de
As análises foram feitas com base em relacionamento entre agências, incluindo as
freqüências absolutas e relativas, e operadoras de turismo, é menor. Já com
conforme a conveniência. relação às casas de câmbio, a situação de
Foram nessas empresas que se inter-relacionamento justifica-se pelo pouca
levantaram as informações e opiniões, representatividade de turistas estrangeiros
atitudes e comportamentos dos que transitam na localidade.
proprietários ou do principal Entre as empresas pesquisadas
administrador, em relação às atividades de constatou-se que 41% responderam que
cooperação interempresarial. já trabalham sob sistema de cooperação
Teodomiro Fernandes da Silva 273

com outras empresas, 38% afirmaram agências produtos que elas representam em
que estão predispostos a realizarem um Mato Grosso do Sul. Comprar receptivo de
trabalho de cooperação com outras agências locais que operam Mato Grosso do
empresas que compõe o chamado “trade” Sul”; “Troca de informações sistemáticas,
do turismo e finalmente 21% afirmaram qualidade no atendimento (opinários),
que não são favoráveis ao sistema de direcionamento do fluxo turístico, melhoria
trabalho em cooperação. nos valores”; “Parceria, divisão de trabalhos
Entre aquelas empresas que estão e lucros minimizando os custos”;
predispostas a realizarem um trabalho de “Otimização de custo para o cliente,
cooperação, 38% das pesquisadas nesse melhoria de benefícios para agência e
segmento, suas justificativas foram: cliente”; “Despertar aos novos no mercado a
“Somando forças, realizando trabalhos de necessidade de parceria para melhor
forma cooperativada, defendendo os credibilidade da área”; “Vendas de
mesmos objetivos e defendendo nossos passagens comissionadas aéreas e
direitos.”; “Para uma melhor integração terrestres e cooperação com outras
como o trade melhoria do próprio trabalho“; agências, na venda de pacotes”; Foi
“Oferta melhor para o mercado“; “Como formado um “pool” de agências par vender
parceiras, operadoras, empresas determinado produto. Todas têm o preço e
rodoviárias, aéreas etc., deveriam sempre forma de pagamento”; “Pool” com várias
que possível organizar workshop, agências (10 a 20), divulgação da folheteria
dinâmicas dentro do trade com alternativas é rateada”; na atuação em eventos toda a
nas baixas temporadas, custos, parte de receptivo (trabalho/city tour) são
parcelamentos etc. (sic)”; “Através de organizadas por outra agência
parcerias para a realização de pacotes a especializadas em receptivo, que também
baixo custo com uma grande quantidade de operam nossas vendas para Bonito e
clientes. Pois, quanto mais pessoas, menor Pantanal”.
o custo das viagens“ ; “Formação de um
“pool”; “Cooperativas“; “Para fortalecimento Estabelecimentos hoteleiros
das agências de turismo“; “Operações Do ponto de vista dos
conjuntas em “pool” ou consórcios“. estabelecimentos hoteleiros o
Entre os pequenos empresários que entrosamento com outros pequenos
responderam que não são favoráveis ao empreendimentos turísticos são mais
trabalho através de um sistema de intensos na seguinte proporção de
cooperação interempresarial, as citações pelos mesmos: 100% com as
dificuldades que os mesmos alegaram agências, 80% com as operadoras de
foram, em termos percentuais: para 29% turismo, 50% com transportadoras de
a alegação foi que os são meus turistas (ônibus, vans, locadoras..), 40%
concorrentes, para outros 29% a com outros hotéis/pousadas, 30% com
afirmação é que o sistema da sua guias de turismo, 20% com seguradoras e
empresa é diferente, 28% acreditam que 10% com casas de câmbio e proprietários
não daria certo e 14% afirma que cada de atrativos turísticos.
empresa deve procurar se manter no Entre as empresas do ramo hoteleiro
mercado. pesquisadas constatou-se que 50%
Às empresas operadoras de turismo e afirmaram que estão predispostos a
agências de viagens, que afirmaram que já realizarem um trabalho de cooperação
desenvolvem suas atividades através de com as demais empresas que compõe o
sistema de cooperação, foram solicitadas segmento do turismo, 40% responderam
para descreverem como vêm sendo que já trabalham sob sistema de
adotados os procedimentos nas parcerias ou cooperação com outras empresas, e
sistemas de cooperação e o tipo de finalmente 10% afirmaram que não são
empresa. Os resultados alcançados foram favoráveis ao sistema de trabalho em
as seguintes afirmativas: “Pool”: contatos cooperação.
diretos com outras agências”; “pool” com Entre aquelas empresas que estão
outras agências para vender um mesmo predispostas a realizarem um trabalho
produto, programa. Comprar com outras de cooperação, 50% das pesquisadas
274 La cooperación interempresarial: …

nesse segmento, suas justificativas Os prestadores de serviços de


foram: “ótimo”; “uma maior união entre transportes turísticos manifestaram-se
as empresas para trabalhar em sobre a possibilidade de fazerem trabalho
conjunto”; “compondo pacotes conjuntos de cooperação com outras empresas que
com tarifário promocional”; “oferecendo compõe o trade do turismo, os resultados
serviços de hospedagem”; “captação de levantados foram: 42% disseram que são
grupos, hóspedes em parcerias”; Das favoráveis, outros 42% disseram que já
empresas que não são favoráveis, ao trabalham com sistema de cooperação e
desenvolvimento das atividades através outros 16% disseram que não são
de sistema de cooperação, a afirmação favoráveis.
geral foi: o sistema da minha empresa e Entre aquelas empresas que estão
diferente; Os estabelecimentos do ramo predispostas a realizarem um trabalho de
da hotelaria afirmaram que os sistemas cooperação, 42% das pesquisadas nesse
de cooperação já existentes com as segmento, suas justificativas foram:
demais empresas do setor turístico estão “Reuniões periódicas para juntos
sendo realizados da seguinte forma; “com divulgarmos mais o Pantanal e assim
referência de uma empresa à outra”; trazer mais turistas para Mato Grosso do
“parceria com a ABIH, Convention Sul”; “Pacotes turísticos”; “Através de troca
Bureau, incentivos para trazer eventos de idéias, fim de incentivarmos o turismo,
internacionais para o Estado, oferecendo proporcionando assim divisas para o nosso
tarifas especiais”; “Convênio com estado”;“Retorno em percentuais”; “Penso
agências de turismo, restaurantes, que pode ser uma forma de agilizar um
empresas de transportes aéreos, trabalho contando com parceiros que
rodoviários de linha, agências de possam oferecer serviços nas mesmas
viagens, locadoras e prefeituras”; condições e qualidade levando a trocas de
“Parceria com a superintendência de experiências e aumentando o giro (lucro) de
Turismo, companhias aéreas e todo o ambos”.
trade, através de tarifas especiais e troca Entre os pequenos empresários que
de materiais de divulgação”. responderam que não são favoráveis ao
trabalho através de um sistema de
Prestadores de serviços de transportes cooperação interempresarial, as
turísticos dificuldades que os mesmos alegaram
As agências de viagens são as que mais foram, em termos percentuais: para 33% a
foram citadas como intermediadas ou alegação foi que os são seus concorrentes,
subcontratadas nas atividades dos para outros 33% a afirmação é que o
prestadores de serviços de transportes sistema da sua empresa é diferente, 33%
turísticos, citadas em percentual de 90%, acreditam que não daria certo e 33%
seguidos pelos hotéis e pousadas 80%, as afirmam há restrições com os sócios.
seguradoras foram mencionadas em 60%, Da mesma forma os prestadores de
as operadoras de turismo em 50%, outras serviços descreverem como vêm sendo
empresas de transportes turísticos 40%. Os adotados os procedimentos nas parcerias ou
menos citados foram os guias de turismo e sistemas de cooperação e o tipo de
proprietários de atrativos turísticos, 10%. empresa. Os resultados alcançados foram
Casas de câmbio não foram mencionados as seguintes afirmativas: “Acordos
por esse tipo de empresa nos nacionais ou regionais”; “Tarifas especiais;
relacionamentos comerciais. sub-locação, em caso de falta de veículo;
Verifica-se que há uma forte apoios culturais”; “Quando não temos carro
interdependência na operacionalização das suficiente para oferecer ao cliente,
atividades turísticas entre os segmentos: entramos em contato com outras empresas
agências e operadoras de turismo com os e solucionamos o problema”; “Locação de
hotéis, essa situação não significa que haja veículo automotor para hóspedes em
cooperação entre si ou atividade integrada diversos hotéis em nossa cidade”; “Eu
haja vista as informações coletadas através presto serviços de transportes para
de grupos de discussão entre empresários turistas, de passeios, de eventos, de
de vários segmentos. negócios e conto com os parceiros para o
Teodomiro Fernandes da Silva 275

fornecimento e veículos em que necessito de serviços bem objetiva e clara para


para atender eventos maiores e vice-versa podermos mostrar as nossas qualidades na
quando meus parceiros precisam. Trabalho área”; Haver uma ligação com as empresas
com tarifas especiais ou diferenciadas em através de acordos beneficiando ambas as
se tratando de clientes “parceiros” partes”; “Ainda está em estudo como fazer,
exemplo: agências, hotéis, operadoras etc.” mas de início pode-se criar um benefício
para ambas as partes, que mantém um
Restaurantes relacionamento empresarial recíproco de
Neste segmento a situação de indicação”; “não tem uma idéia pronta, irá
intermediação e relacionamento normal fazer um estudo de como relacionar com as
para a realização de suas atividades empresas fazendo uma parceria para
revelou uma situação completamente aumentar a sua receita”; “Procurar fazer
diferente das anteriores, pois, esse contato uma programação das agências para ser
comercial com outros segmentos feito um city tour na cidade para que
apresentou-se como que quase nulo. As circule maior número de turistas”; “Está em
agências de viagens e turismo, as mais estudo de viabilidade para propor uma
citadas, não ultrapassam a 22% e os demais divulgação nas empresas que relacionam
a 11%. A afirmação, de que não há contatos com os turistas e guias turísticos”;
com os demais setores que envolvem as “Indicação das empresas que hospedam e
atividades turísticas, é elevada, 67%. as agências que fazem os pacotes com os
Nesta parte, estão apresentadas as turistas”.
informações sobre os procedimentos que são Em relação a uma única empresa, que
adotados pelas empresas desse segmento afirmou já desenvolver atividades em
em situações em que os turistas necessitam sistema de parceria ou cooperação a
de informações turísticas, principalmente afirmativa foi: “as refeições do motorista e
sobre o Pantanal e a cidade de Bonito. Os dos guias são gratuitas e existe um
resultados alcançados revelam que as desconto do valor da refeição ao turista.
reações dos empresários são as mais Existe, também, uma troca de informações
diversas possíveis: 45% afirmaram que tal de serviços.”
situação ainda não ocorreu, 22% indicariam
determinadas agências de viagens e Lojas de artesanato
turismo, 11% indicaria o Centro de Com relação ao relacionamento que as
Informações Turísticas (Pensão Pimentel), lojas de artesanato mantém com outras
11% dariam informações de como se chega empresas ou unidades de negócios, a
a essas localidades e outros 11% dariam pesquisa revelou que 50% das mesmas
informações claras sobre tais roteiros realizam intermediação com outras
turísticos. próprias lojas de artesanato, 29% mantém
Embora os resultados anteriores relacionamento para o desenvolvimento de
mostram que esse segmento esteja suas atividades com os guias de turismo,
realizando poucos relacionamentos com os outros 14% se intermediam com os hotéis e
demais segmentos do turismo, os pousadas e em menor volume, 7%, com as
empresários pesquisados afirmaram, 100%, agências de viagens e turismo e operadoras.
que há predisposição em fazer um trabalho A maior parte desse segmento, 70%, é
de cooperação com outras empresas do favorável a desenvolver um trabalho sob o
trade turístico. As principais razões sistema de cooperação, outros 30%
apresentadas pelos mesmos refletem-se nas afirmaram que já desenvolvem trabalho
seguintes afirmativas: “Criação de uma cooperativo.
associação com pessoas idôneas que Entre as principais idéias de como seria
estejam interessadas em levantar o turismo um trabalho sob o sistema de cooperação as
da cidade, oferecendo serviços de empresas afirmaram que as demais
qualidade”; “É preciso ser feito um estudo empresas do setor turístico deveriam dar
para fazer uma negociação podendo mais apoio ao artesanato através,
verificar as propostas das empresas se principalmente, através de indicação e
condiz com a realidade do negócio” ; divulgação, outras sugestões de trabalho
“Informar as casas existentes na prestação interempresarial foram apresentadas, tais
276 La cooperación interempresarial: …

como: fortalecimento da classe através da Estabelecimentos hoteleiros


associação, apoio por parte dos Citados os diversos órgãos e instituições
governantes, criação de comissão para de apoio disponíveis aos pequenos
estudar o assunto, inclusão do artesanato empreendimentos do ramo hoteleiro, tais
nos pacotes turísticos das agências de como: SEBRAE, SESC, SENAC, ABAV,
viagens. sindicatos, associações, universidades,
Uma das dificuldades para a promoção Superintendência do Turismo, FIEMS, IEL,
de trabalho pelo sistema de cooperação, a pesquisa detectou que 70% possuem
apresentada pelos artesões foi relativa ao relacionamento duas ou mais instituições
volume de produção, consideradas pouca que prestam serviços institucionais, 20%
por ser feita apenas por pessoas da família. utilizam uma instituição que presta
Ainda para verificar junto a esse serviços institucionais e 10% não utilizam
segmento a existência de cooperação ou nenhuma instituição das citadas
trabalho integrado com outras empresas do anteriormente.
segmento turístico, os artesões foram A justificativa principal para o uso das
questionados quanto a situação dos turistas instituições de apoio é que para 90% desse
necessitarem de informações ou serviços segmento de empresários há oferta de
turísticos, os resultados foram: 50% desse serviços de qualidade.
tipo de empreendimentos disseram que
encaminharam os clientes à Morada dos Prestadores de serviços de transportes
Bais (Centro de Informações Turísticas turísticos
administrado pelo SEBRAE/MS), outros Já com relação aos empreendimentos de
20% disseram que tal fato ainda não transportes 50% dos mesmos afirmam que
ocorreu outros informaram a coordenação utilizam duas ou mais instituições que
da Praça dos Imigrantes (local onde se prestam serviços institucionais; 40% dizem
reúnem vários artesões) e agência de que utilizam uma instituição que presta
turismo. serviços institucionais e outros 10% não
utilizam nenhuma instituição os serviços
Integração entre pequenas empresas institucionais.
turísticas e instituições de apoio Da mesma forma como anteriormente foi
competitivo colocado para as agências e operadoras de
Com relação a este item foram turismo, a justificativa é que para 90%
estudados os níveis de interação entre as desse segmento de empresários como
empresas dos diversos elos dos segmentos também para os prestadores de serviços de
do turismo e as estruturas de apoio transportes turísticos, há oferta de serviços
competitivo e tecnológicos locais ou de qualidade.
regionais (elos auxiliares), bem como a
adequação dos produtos ofertados ou Restaurantes
serviços prestados por essas estruturas ao Quando citados o SEBRAE, SENAC,
perfil da cadeia do turismo. Em outras ABAV, SINDICATOS, associações,
palavras, esse critério examina a Universidades, Órgãos oficiais do turismo,
integração do tecido institucional local. FIEMS, IEL, Convention Bureau entre
outros, esse segmento afirmou, em
Operadoras e Agências de Turismo percentual de 55%, que utiliza os serviços
A grande maioria das agências e de duas ou mais dessas instituições. Outros
operadoras de turismo, 92%, afirmam que 45% afirmam que utilizam apenas os
utilizam duas ou mais instituições que serviços de uma dessas instituições.
prestam serviços institucionais, outros 8% Comparativamente este segmento, em
manifestaram que utilizam uma instituição relação aos hotéis e agências de viagens e
que presta serviços institucionais. turismo, está em situação inferior.
A principal justificativa para esse
resultado é que tais instituições oferecem Lojas de artesanato
de serviços de qualidade. Um pouco mais da metade dos
pesquisados, 60%, afirmaram que utiliza
duas ou mais instituições que prestam
Teodomiro Fernandes da Silva 277

serviços institucionais e outros 40% principalmente no caso das agências e


utilizam uma instituição do tipo já referida operadoras de turismo seguido pela
anteriormente. Isto significa um aspecto EMBRATUR. No caso dos hotéis as
positivo para o segmento, pois, reflete empresas promotoras e organizadoras de
integração com os órgãos de apoio eventos são as que representam forte
institucional. integração.
Há nesse contexto a identificação de
Considerações Finais instituições com fraca e inexpressiva
integração com os empreendimentos
As conclusões deste trabalho, apontam turísticos, como é o caso das Organizações
um sentido (de análises) prospectivo com Não-Governamentais relacionadas com o
propostas de estratégias e ações turismo, especialmente com o meio
empresariais competitivas para o ambiente, não deixando de serem
desenvolvimento do turismo de natureza mencionadas as Universidades e a
sustentável e este como parte para a Superintendência do Turismo.
promoção do processo de desenvolvimento Identificada a questão sobre as
local. dificuldades que os pequenos
Como já foi visto, a maioria das empreendimentos, entre si, encontram no
empresas que atuam no segmento do desenvolvimento de suas atividades,
turismo são caracterizadas como micro e embora seja uma questão difícil de ser
pequenas empresas, pois em sua grande levantada, constatou-se a existência de
parte possuem menos de 10 empregados. alguns segmentos empresarias que
O relacionamento, com as instituições de representam grau acentuado, situação essa
apoio, é fator de fundamental importância variando de acordo com o segmento.
no processo de desenvolvimento e Foram detectados os relacionamentos
fortalecimento empresarial, transformando- para fins de intermediação e
o em vantagem competitiva para o subcontratação de serviços turísticos entre
segmento. As agências e operadoras de os diversos empreendimentos. Por parte
turismo foram os segmentos que das agências e operadoras de turismo as
apresentaram maior envolvimento, seguido empresas que possuem um relacionamento
pelo ramo hoteleiro e por último as comercial mais direto, acima de 83% das
locadoras de veículos com relacionamento citações, foram: hotéis, pousadas, empresas
médio com as instituições de apoio. Este aéreas, locadoras de veículos, seguradoras e
fato é um indicador e facilitador no proprietários de “vans”. Já com relação aos
processo de organização e formação de hotéis as empresas mais citadas, entre 80%
parcerias entre as empresas, e 100% foram as agências e operadoras de
principalmente que as empresas afirmam turismo. Por sua vez, as locadoras de
que utilizam esse relacionamento devido à veículos citam como seus principais
qualidade dos serviços prestados. intermediários as agências e as operadoras
Em um estudo mais aprofundado de turismo seguido pelos hotéis.
levantou-se o grau de integração entre os Entretanto, verificou-se a existência de
segmentos pesquisados e as instituições de idéia distorcida a respeito de cooperação
apoio, de forma a identificar os pontos entre as empresas. Pelo fato de
fortes e os pontos frágeis desse determinados segmentos afirmarem que já
relacionamento. Constatou-se que, de um desenvolvem suas atividades em sistema de
modo geral, e não poderia ser diferente, um cooperação não garante que a realidade
maior grau de integração com a própria seja dessa forma. Ao mesmo tempo que
entidade de classe representativa, como é o afirmam que suas atividades são
caso das agências e operadoras de turismo e desenvolvidas de modo cooperativo,
os hotéis. Essa situação não é mesma com igualmente informam que há fraca ou
relação às locadoras de veículos, pois, sua inexpressiva integração com os seus
entidade de classe é nova. Isolando a parceiros.
integração com as referidas instituições de Algumas citações exemplificadas como
classe, foi identificado que o SEBRAE/MS, atividades realizadas sob o sistema de
é representativo nessa avaliação, cooperação interempresarial foram apontas
278 La cooperación interempresarial: …

como sendo aquelas em que um grupo de de apoio e incentivo por parte dos órgãos
agências de viagens, por exemplo, se governamentais.
reúnem para promoverem a divulgação em Maiores estudos devem ser feitos sobre o
conjunto, o que pode refletir uma jogo competitivo, através da cooperação,
predisposição para o desenvolvimento de levantado entre as empresas pesquisadas
redes de cooperação em seu sentido mais de forma a analisar e influenciar as
completo. situações que possam evitar as
Constatou-se, ainda que existe uma desnecessárias retaliações interempresas.
parcela significativa em determinados O diálogo com as organizações turísticas
segmentos quanto a resistência em é essencial para a apreender a realidade do
desenvolver atividades. As alegações território e consolidar as ligações
principais estão relacionadas com as idéias: operacionais indispensáveis à ação política.
“são meus concorrentes” e “o sistema da As organizações representativas das
minha empresa é diferente”. pequenas empresas, do setor, têm um papel
De uma forma geral, a cooperação a desempenhar para melhor orientar os
interempresarial entre as pequenas programas em função da procura das
empresas do setor turístico é frágil, empresas e facilitar o acesso e a
principalmente por ter sido constatada uma participação das PME nos programas de
visão integrada entre os diversos atores que desenvolvimento sócio-econômico local.
atuam nesse segmento. As instituições de políticas
Como forma de fortalecer os aspectos governamentais devem estimular
positivos e aproveitar as oportunidades igualmente uma coordenação mais estreita
oferecidas a médio e longo prazo, minimizar com as organizações representativas das
os aspectos negativos e inibir as ameaças pequenas empresas turísticas através de
identificadas, há necessidade de propor ações harmonizadas com vista a favorecer o
sugestões para a dinamização do turismo intercâmbio e a transferência das melhores
no Estado de Mato Grosso do Sul. práticas em matéria de política de
Sensibilizar os empresários para a cooperação interempresarial. As
necessidade de maior integração entre as metodologias das ações conciliadas podem
empresas participantes do processo de contribuir para melhorar a eficácia e os
desenvolvimento do turismo; os desempenhos das políticas públicas de
mecanismos de integração entre empresas apoio às pequenas empresas turísticas.
devem ser divulgados e implementados; A realização do potencial de emprego, de
rever a atuação e o papel do Estado, crescimento e de competitividade das
através da Superintendência do Turismo, pequenas empresas no Estado, apenas será
como órgão dinamizador de uma política maximizada pela conjunção dos esforços e a
clara e definida junto aos diversos mobilização dos diferentes parceiros
segmentos do turismo. envolvidos no desenvolvimento das
Criação de mecanismos de capacitação pequenas empresas, as instituições, as
dos recursos humanos para alguns autoridades regionais e locais, as
segmentos do turismo que apresentaram organizações profissionais e as próprias
fragilidade nesse aspecto. As universidades empresas.
devem elaborar estudos no sentido de A coordenação do conjunto dos parceiros
provocarem um relacionamento maior com deve ser reforçada com o objetivo de
o mercado e com os pequenos empresários difundir de forma operacional as melhores
do setor turístico. Além de constarem de práticas de inovação empresarial na
seus currículos conhecimentos relativos aos localidade e aplicá-las, concentrando os
mecanismos atuais dos processos de meios nas prioridades detectadas.
desenvolvimento local e sistemas de
cooperação interempresarial. Referências Bibliográficas
Fortalecer a tendência e os sinais de
desenvolvimento de atividades com base em Schmitz, H.
cooperação. Utilizando para isto programas 1996 “Eficiência coletiva: reflexões acerca
de dinamização de cooperação entre das experiências internacionais e do
empresas a ser considerado como política Vale dos Sinos”. Palestra encontro
Teodomiro Fernandes da Silva 279

promovido pelo Programa Calçado do


Brasil. 11.06.96. Org. Elaine Antunes,
UFRGS, Porto Alegre.
Souza, L. E de.
2002 “As lições e os ganhos da união”.São
Paulo. Revista Pequenas Empresas
Grandes Negócios, São Paulo, n. 162,
jul.
Silva, V.
1993 “Cooperación interempresarial: desa-
fío a las políticas regionales”. s.l.
DPPR/ILPES, Set. 1993. mimeo.
Vasquez-Barquero, A.
1995 “A evolução recente da política
regional: a experiência européia”. s.l.
Notas Econômicas. Dez..
IAPMEI.
2000 Programa de dinamização da coopera-
ção interempresarial. Lisboa: IAPMEI.

Recibido: 14 de enero de 2004


Reenviado 21 de junio 2004
Aceptado: 23 de junio de 2004

Você também pode gostar