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CEDERJ – CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA

DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Curso: Engenharia da Produção Disciplina: Engenharia Econômica

Aula 7 – Introdução à Engenharia Econômica e Análise de Investimentos

Meta

Mostrar a importância da aplicação das ferramentas da engenharia econômica nos


processos decisórios que envolvam recursos financeiros.

Objetivos
1. Entender a aplicabilidade da engenharia econômica no cotidiano das
empresas
2. Entender a importância da análise da viabilidade econômica financeira das
decisões antes de serem tomadas.
3. Entender conceitos de Depreciação, Inflação e Taxa Mínima de
Atratividade.

Pré-requisitos: O aluno deve ter entendido os conceitos apresentados nas aulas


anteriores.

Prezado aluno, estudamos nas aulas anteriores conceitos e ferramentas que


nos permitiram entender o valor do dinheiro no tempo. Esse conhecimento é
fundamental para que possamos entender a aplicabilidade das ferramentas da
engenharia econômica que serão apresentadas a partir de agora e que poderão ser
úteis para resolução de problemas na sua vida pessoal e, principalmente, na vida
profissional.
Essa é uma boa hora para revisar os conceitos até aqui apresentados, pois eles
servirão como base para o entendimento da Engenharia Econômica.

1. Introdução

Caros alunos, quando precisamos tomar uma decisão que envolve o desembolso
ou o recebimento de recursos financeiros, sempre devemos analisar quais são os
custos e os benefícios que resultarão dessa decisão.

No caso das pessoas físicas, ou consumidores, por exemplo, estamos sempre tendo
que decidir sobre comprar ou não um bem, poupar ou não, reformar a casa ou guardar
o dinheiro..., ou seja, sempre se apresentam situações em que precisamos pensar e
decidir da maneira mais eficiente possível.

Para as empresas não é diferente. A realização de um investimento, a troca de um


equipamento, o lançamento de um novo produto, são decisões que devem ser
tomadas com base na avaliação dos custos e benefícios que serão consequências das
decisões tomadas.

Boxe 7.1

Escassez, trade-offs e custo de oportunidade

Você já ouviu falar em trade-off? Trata-se de um conceito que se aplica à


discussão que estamos apresentando. Trade-off significa situação conflituosa, em que
a tomada de uma decisão impede a execução da ação alternativa (Vasconcelos, 2004).
Vamos ilustrar, por exemplo, com o caso de um trabalhador que, ao receber seu
pagamento no início do mês, percebe que o dinheiro não será suficiente para pagar as
contas de água e de luz de sua residência, mas apenas servirá para quitar uma das
despesas. Este trabalhador está em uma situação em que precisa se decidir, pois se
pagar a conta de luz não poderá pagar a de água, caso pague a conta de água não
poderá pagar a conta de luz, podendo ter a luz cortada.
Pense do seu caso, você tem no final de semana um período de 5 horas
disponíveis e duas alternativas de atividades: estudar para a prova de engenharia
econômica ou ir a uma festa com os amigos. Caso você vá à festa se divertirá, mas não
conseguirá estudar para a prova e provavelmente não obterá um bom resultado. Caso
decida estudar para a prova não poderá ir à festa, perdendo a diversão daquele dia.

Como podemos observar, sempre que temos alternativas que envolvam


recursos escassos (no primeiro caso o dinheiro e no segundo caso, o tempo) para
possamos obter uma das alternativas devemos abrir mão da outra. Prefiro ter água ou
luz em casa? Prefiro tirar uma boa nota na prova ou me divertir com os amigos?

Daí surge outro conceito importante: o de custo de oportunidade. Esse custo


representa aquilo do qual abrimos mão ao fazer uma escolha (Vasconcelos, 2004). Nos
exemplos anteriores podemos analisar da seguinte forma: caso o indivíduo decida
pagar a conta de água ele abrirá mão de pagar a conta de luz, podendo ter a luz da
casa cortada. No caso do estudante, caso ele decida ir à festa ele deixará de estudar
naquele período, podendo ter um resultado ruim na prova.

Esses conceitos são importantes, pois nos fazem pensar melhor ao tomar uma
decisão. Quando não consideramos a escassez tomamos decisões que não levam em
conta a possível falta de determinado recurso no futuro, o que contribui para que
tomemos decisões pouco eficientes. Fique atento!!!!!

Antes de tomar uma decisão, devemos analisar, planejar e considerar todas as


variáveis envolvidas no processo. Muitos empresários não tomam esses cuidados
antes de realizar seus investimentos e o resultado muitas vezes é o fracasso. Segundo
dados de uma pesquisa do Sebrae (2017) divulgada em julho de 2014 e que teve como
objetivo avaliar as causas do fracasso ou sucesso de empresas nos primeiros 5 anos de
vida, de um total de 1829 entrevistados, descobriu-se que mais da metade não
realizou nenhum tipo de planejamento de itens básicos antes de abrir o negócio.
Segundo o estudo, o planejamento, a gestão empresarial e o comportamento
empreendedor deficientes implicam, em muitos casos, em negócios que não são bem
sucedidos, fazendo com que o investidor perca o recurso investido.

As decisões econômicas devem sempre ser embasadas em avaliações que


considerem a viabilidade econômica das opções envolvidas, estejam considerando a
abertura de uma nova unidade produtiva, a aquisição de uma nova máquina ou a
substituição de um equipamento já existente.

Dessa decisão depende o sucesso da atividade econômica e o retorno financeiro do


capital aplicado pelo investidor, além da manutenção de postos de trabalho e do
abastecimento do mercado pelos produtos fornecidos pela empresa. Devem ser
avaliados os custos da decisão, as receitas geradas, os desperdícios gerados e
reduzidos, entre outras questões.

A avaliação da viabilidade econômica dos projetos é também solicitada por


algumas instituições financeiras nos pedidos de concessão de crédito para
investimentos.

Nessa disciplina vamos aprender alguns métodos de análise de investimentos, que


serão:

a) Método do Valor Presente Líquido

b) Método do Custo Anual

c) Método da Taxa Interna de Retorno

d) Relação Custo Benefício

e) Prazo de Recuperação de Capital

Além do conteúdo apresentado até agora cabe aqui apresentar outros três
importantes conceitos que serão aplicados nas próximas aulas, a saber: inflação,
depreciação e taxa mínima de atratividade (TMA). A consideração dos mesmos no
fluxo de caixa irá influenciar o resultado dos cálculos dos métodos de análise de
investimentos propostos, podendo tornar propostas de investimentos e alocação
de recursos inviáveis.
a) Inflação

A inflação é a alta persistente e generalizada do nível de preços da economia


(Vasconcelos, 2004). Elevações nos preços dos produtos fazem com que os custos
de produção das empresas se alterem, já que as mesmas, em geral, devem pagar
mais pelas matérias-primas adquiridas, elevando suas despesas. Outro aspecto se
refere ao fato de que os preços recebidos por seus produtos também podem ser
elevados, elevando suas receitas. Em períodos de inflação elevada a análise da
viabilidade feita a partir do fluxo de caixa estimado da empresa deverá considerar
a inflação prevista (índice de inflação) para que não sejam feitos cálculos que
subestimem a variação nos preços.

Vale a pena saber:

O cálculo dos índices de preços leva em consideração algumas questões


metodológicas, como o objetivo do índice de preços, a região da coleta de
dados, as fontes e formas de coleta, a periodicidade da coleta, os bens e
serviços que serão inseridos na cesta a ser pesquisada (nesse caso são
selecionados bens e serviços consumidos por famílias de grupos de renda
específicos, conforme cada índice), a metodologia de cálculo (BCB, 2017).

Observem na tabela a seguir alguns índices de preços e suas


características.
Tabela 1. Índices de Preços e características

Fonte: Banco Central do Brasil, 2017.

b) Depreciação

A depreciação é contabilmente definida como “a despesa equivalente à perda


de valor de determinado bem, seja por deterioração ou obsolescência. ” (Casarotto
Filho e Kopittke, 2000). Seria então, a perda (não monetária) que a empresa tem pela
deterioração ou obsolescência do bem, ou seja, o uso e o tempo vão desgastando o
bem que acaba por perder valor.

O cálculo da depreciação dos ativos é importante pois, como a mesma é


lançada no fluxo de caixa inicialmente como despesa, permite que o lucro tributável da
empresa seja reduzido em igual valor, sendo o imposto pago pela empresa no período,
menor.

Como não representa desembolso efetivo para a empresa, a depreciação deve


ser lançada no fluxo de caixa da empresa como despesa que reduz o lucro tributável e,
posteriormente ao cálculo do imposto de renda do período, deve ser somada como
parte do lucro da empresa.

As empresas não podem depreciar o valor total do bem de uma única vez. O
cálculo da depreciação considerada por ano ou por mês deverá considerar os limites
adotados pela Receita Federal do Brasil para vida útil e taxa de depreciação, divulgados
na IN SRF nº 162 de 31 de dezembro de 1998 – disponível em
http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto
=15004 (alterada pela IN SRF nº 130 de 10 de novembro de 1999 – disponível em
http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto
=14884#795010).

Como exemplo, podemos citar:

Bens Prazo de vida útil (em Taxa de depreciação


anos)

Animais vivos da espécie 5 20%


bovina

Galos, Galinhas 2 50%

Tratores (exceto os carros- 4 25%


tratores da posição 8709)

Como podemos observar com esses poucos exemplos o prazo de vida útil e a
taxa de depreciação anual podem variar muito dependendo o bem considerado. Para o
cálculo do valor da depreciação a ser lançado no fluxo de caixa pode ser utilizado o
método linear, que consiste na divisão do valor do bem adquirido pelo prazo de vida
útil do mesmo. Por exemplo, um trator adquirido por $8.000,00 poderá ser depreciado
em $2.000,00 por ano, já que Depreciação=8.000,00/4.

A taxa de depreciação e o prazo de vida útil podem variar ainda dependendo do


regime de trabalho das empresas. Equipamentos utilizados em empresas que
trabalham em turnos de 16 ou 24 horas devem depreciar de maneira mais rápida seus
ativos.

c) Taxa Mínima de Atratividade (TMA)

Quando um investidor vai decidir sobre realizar ou não um investimento ele


deve considerar a taxa mínima de atratividade, que representa o mínimo que o
investidor se propõe a ganhar quando faz um investimento – taxa de retorno
esperada ao se realizar um investimento (ou o máximo que o tomador de recurso
está disposto a pagar pelo mesmo).

Três fatores são considerados para a determinação da TMA: o custo de


oportunidade, o risco e a liquidez. O custo de oportunidade, conforme definido
anteriormente, indica o que o investidor estará deixando de ganhar caso fizesse
uso alternativo do recurso aplicado na alternativa de investimento analisada.
Quanto maior o custo de oportunidade maior deverá ser a TMA que torne o
investimento atraente.

O risco também se apresenta diretamente proporcional à TMA, quanto maior o


risco de se investir em uma opção de investimento, maior deve ser a remuneração
recebida pelo investidor.

A liquidez trata da facilidade com que um ativo pode ser convertido em meio
de troca na economia (Mankiw, 2005). Quanto maior for a liquidez de determinado
negócio mais rápido o investidor tende a conseguir sair do mesmo e assumir outra
posição no mercado, o que permite que se aceite menor TMA para decidir sobre a
viabilidade de tal negócio.

A escolha da TMA é pessoal e depende das características do investidor, que


pode ser conservador ou mais agressivo e estar disposto a receber menos ou mais
para diferentes níveis de risco, de custo de oportunidade e liquidez.
Vamos pensar mais um pouco?

O termo escassez não se aplica apenas a recursos financeiros. Uma das


discussões mais atuais se trata da escassez de água. Vamos ler parte de uma
reportagem publicada no Portal Brasil, intitulada “Lei das Águas assegura a
disponibilidade do recurso no País”:

“O Brasil é privilegiado na disponibilidade de recursos hídricos. O País conta com 12%


de toda a água doce do planeta, tem as bacias São Francisco e Paraná e cerca de 60%
da bacia amazônica.
Enquanto, em todo o mundo, mais de 1 bilhão de pessoas não têm acesso à
água, o volume de água por pessoa no Brasil é 19 vezes superior ao mínimo
estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) – de 1.700 m3/s por
habitante por ano.
Apesar da abundância, os recursos hídricos brasileiros não são inesgotáveis. A
água não chega para todos na mesma quantidade e regularidade. As características
geográficas de cada região e mudanças de vazão dos rios, que ocorrem devido às
variações climáticas ao longo do ano, afetam a distribuição e também o uso
indiscriminado tanto dos mananciais superficiais quanto dos subterrâneos.
As perspectivas de escassez e degradação da qualidade da água colocaram em
discussão a necessidade de adoção do planejamento e do manejo integrado dos
recursos hídricos. [...]
Em 1997, foi sancionada a Lei das Águas (Lei n 9.433) que estabeleceu a Política
Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos (Singreh). Um de seus principais objetivos é assegurar a
disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados, bem como promover
uma utilização racional e integrada dos recursos hídricos.
A lei tem como fundamento a compreensão de que a água é um bem público
(não pode ser privatizada), sendo sua gestão baseada em usos múltiplos
(abastecimento, energia, irrigação, indústria etc.) e descentralizada, com participação
de usuários, da sociedade civil e do governo. O consumo humano e de animais é
prioritário em situações de escassez.
[...] Assegurar o acesso a água conforme previsto na Lei das Águas é um desafio
principalmente por causa da execução e efetividade da gestão. Existem diferentes
capacidades dentro dos estados, com níveis diversos de pessoal qualificado,
investimento, sistema de monitoramento da quantidade e qualidade das águas e
capilaridade na execução.
Fonte: http://www.brasil.gov.br/meio-ambiente/2010/10/lei-das-aguas-assegura-a-
disponibilidade-do-recurso-no-pais

Um dos instrumentos instituídos pela Política Nacional dos Recursos Hídricos é a


Cobrança pelo Uso dos Recursos Hídricos. A cobrança já é adotada em muitas Bacias
Hidrográficas e deve ser considerada um custo de produção pago pelas empresas. Para saber
mais sobre a cobrança e de que forma ela afeta as empresas assista ao vídeo da Agência
Nacional das Águas, disponível em
http://www2.ana.gov.br/Paginas/servicos/cobrancaearrecadacao/cobrancaearrecadac
ao.aspx.

Como podemos observar, a escassez hídrica trouxe a necessidade de


planejamento quanto à utilização dos recursos hídricos, que têm de ser utilizados de
forma eficiente para que não seja desperdiçado e não falte para o atendimento até
mesmo das necessidades básicas.
2. Atividades (Atender aos objetivos 1, 2 e 3)

2.1 Explique porque devemos planejar e avaliar antes de tomarmos uma decisão de
investimento?
Resposta:

Resposta Comentada:
Devemos planejar antes de tomarmos decisões que envolvam recursos
escassos para que possamos antecipar resultados positivos e negativos que
possam vir a ser alcançados, o que permite que seja avaliada a viabilidade e a
atratividade do retorno financeiro auferidos pelo negócio.

2.2 Conceitue:

- Custo de Oportunidade

- Trade-off

- Inflação

- Taxa Mínima de Atratividade

- Depreciação
Resposta:

Resposta Comentada:

- Custo de Oportunidade: representa aquilo do qual abrimos mão ao fazer uma


escolha. É aquilo que deixamos de ter quando optamos pela opção alternativa.

- Trade-off: Significa situação conflituosa, em que a tomada de uma decisão


impede a execução da ação alternativa

- Inflação: É a alta persistente e generalizada do nível de preços da economia.

- Taxa Mínima de Atratividade: representa o mínimo que o investidor se propõe


a ganhar quando faz um investimento – taxa de retorno esperada ao se realizar um
investimento (ou o máximo que o tomador de recurso está disposto a pagar pelo
mesmo).

- Depreciação: A depreciação é contabilmente definida como “a despesa


equivalente à perda de valor de determinado bem, seja por deterioração ou
obsolescência.” (Casarotto Filho e Kopittke, 2000). Seria então a perda (não
monetária) que a empresa tem pela deterioração ou obsolescência do bem, ou seja,
o uso e o tempo vão desgastando o bem que acaba por perder valor.

3. Conclusão

Aprendemos nessa aula que o cálculo de indicadores de viabilidade econômica


é importante para que se tomem decisões e sejam planejadas as atividades
econômicas de maneira eficiente. Fatores como depreciação, inflação e TMA
influenciam no fluxo de caixa e nas decisões das empresas.

Nas próximas aulas apresentaremos esses indicadores e aplicaremos os


conceitos apresentados nessa aula, permitindo seu melhor entendimento.

4. Referências Bibliográficas

Banco Central do Brasil. Índice de Preços no Brasil. Disponível em


http://www.bcb.gov.br/conteudo/home-ptbr/FAQs/FAQ%2002-
%C3%8Dndices%20de%20Pre%C3%A7os%20no%20Brasil.pdf. Acesso em 20 fev 2017.

CASAROTTO FILHO, Nelson e KOPITTKE, Bruno H. Análise de Investimentos. 9o ed.


Atlas, São Paulo, 2000.

MANKIW, N. Gregory. Introdução à Economia. São Paulo: Pioneira Thomson Learning,


2005.

SEBRAE. CAUSA MORTIS: O SUCESSO E O FRACASSO DA EMPRESAS NOS PRIMEIRO 5


ANOS DE VIDA. Disponível em:
https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/UFs/SP/Pesquisas/causa_mortis
_2014.pdf Acesso: em 20 fev 2017.

VASCONCELLOS, M. A. S. Economia Micro e Macro. São Paulo: Atlas, 2004.

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