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Ciência & Engenharia (Science & Engineering Journal) ISSN 1983-4071

23 (1): 123 – 132, jan. – jun. 2014

MÉTODO MATRICIAL NA TEORIA DA PROPAGAÇÃO DE ONDAS ELÁSTICAS


EM MEIOS POROSOS ESTRATIFICADOS
MATRIX METHOD OF THE PROPAGATION THEORY OF ELASTIC WAVES IN STRATIFIED
POROELASTIC MEDIUM

Márcia Miranda Azeredo1, Viatcheslav Ivanovich Priimenko2


Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro
1
E-mail: marcia578@gmail.com
2
E-mail: slava211054@gmail.com

RESUMO
A teoria clássica da poroelasticidade de Biot, desenvolvida em meados da década de 1950, descreve teoricamente a
propagação de ondas elásticas através de um meio poroso contendo fluido. Esta teoria vem sendo consideravelmente
aplicada em vários campos relacionados com o meio poroso: exploração sísmica, caracterização de reservatórios de óleo
gás, geofísica ambiental, sismologia de terremoto etc. Neste trabalho foi utilizado o formalismo de Ursin com a proposta de
se criar um método efetivo na análise da propagação de ondas elásticas em um meio 3D poroso e estratificado, em que os
parâmetros do meio são caracterizados por funções constantes por partes de uma única variável, a profundidade. A fonte
sísmica e o receptor que foram considerados no estudo podem estar localizados em qualquer ponto do meio. De modo geral,
mostra-se aqui um método capaz de solucionar analiticamente o sistema das equações de Biot e que pode servir como base
para o desenvolvimento de um eficiente algoritmo computacional.
Palavras-chave: meio poroelástico estratificado, teoria de Biot, formalismo de Ursin, modelagem matemática, solução
explícita.

ABSTRACT
The classic poroelastic theory of Biot, developed in the 1950’s, describes the propagation of elastic waves through a porous
media containing a fluid. This theory has been extensively used in many fields dealing with porous media: seismic
exploration, oil gas reservoir characterization, environmental geophysics, earthquake seismology, etc. In this work, it was
used the Ursin formalism to create an effective method for the analysis of propagation of elastic waves through a stratified
3D porous media, where the parameters of the media are characterized by piece-wise constant functions of only one spatial
variable, depth. In addition, it was considered that the source and the receiver could be localized in any point of the
medium. Therefore, it was showed that the method is useful to construct the explicit solution of the Biot’s equations, and
this method can be a base to the development of an efficient computational algorithm.
Keywords: stratified poroelastic medium, Biot’s theory, formalism of Ursin, mathematical modeling, explicit solution.

1 ‒ INTRODUÇÃO série de artigos que fundamentaram tal teoria, atualmente


conhecida como teoria de Biot. Suas publicações mais
Um meio poroso que apresenta a característia de voltar ao famosas podem ser conferidas em Biot (1956a) e Biot
seu estado inicial após sofrer deformação é chamado de (1956b).
meio poroelástico. Os materiais poroelásticos são Como o solo é um material poroelástico, a teoria de
amplamente utilizados na engenharia e geofísica, em Biot é essencial em algumas áreas, tais como, exploração
especial caso quando são preenchidos por fluido. de óleo, detecção de gás-hidrato, monitoramento sísmico
A teoria da poroelasticidade descreve, por meio da de armazenamento de CO2, hidrogeologia, dentre outras.
modelagem matemática, o comportamento mecânico dos O conhecimento dos fenômenos associados à
meios porosos preenchidos por fluido. Este comportamento propagação das ondas sísmicas e suas relações com as
pode ser observado quando o meio é submetido à um propriedades físicas do reservatório é de grande
esforço externo, como por exemplo, o esforço causado pela importância para a interpretação de dados sísmicos
explosão de uma fonte sísmica (dinamite). No momento realizada no estudo de reservatórios. Uma forma de
em que isto acontece, parte da carga aplicada ao meio é analisar os efeitos causados pelas propriedades físicas das
transferida ao fluido existente nos poros, o que resulta num rochas nas seções sísmicas é por meio da modelagem
excesso de pressão e provoca a expulsão de uma porção do numérica.
fluido. Com isto, a pressão em excesso é dissipada A maior diferença entre campos de ondas em meios
transferindo a descarga, em forma de tensões, para a parte poroelásticos e puramente elásticos é a existência da onda
sólida da rocha, resultando então na deformação do meio. compressional do segundo tipo, também chamada de onda
Inicialmente, a teoria da poroelasticidade foi lenta, em adição às ondas convencionais compressional e
desenvolvida pelo engenheiro eletricista e pesquisador cisalhante existentes nos campos elásticos. Como
belga Maurice Biot. Entre 1935 e 1962, ele publicou uma consequência disto, a amplitude do campo de onda sofre

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atenuação devido às perdas da energia na presença de sobreposição no tempo e no espaço de dois meios
fluido viscoso. Tais peculiaridades do processo trazem contínuos: a matriz porosa e a região vazia preenchida por
certas dificuldades na modelagem da propagação de ondas fluido (ver Figura 1).
em meios poroelásticos.
Os trabalhos de Thomson (1950), Haskell (1953), Figura 1 ‒ Sobreposição da fase sólida e da fase fluida de um
Brekhovskih (1960), Kunetz e d'Erceville (1962), Ursin material poroso
(1983), Molotkov (1984), Akkuratov e Dmitriev (1984) e
Fat'yanov (1990) são dedicados ao desenvolvimento e
aplicação de métodos analíticos para análise de propagação
de ondas em meios puramente elásticos estratificados. Por
outro lado, quando se trata de meios poroelásticos, as
soluções analíticas existentes são, em geral, limitadas. Isto
ocorre devido à simplicidade dos modelos geológicos que
são considerados nos estudos, como se pode observar, por
exemplo, em Allard et al. (1989), Baird et al. (1999) e
O modelo geológico considerado para efeito de estudo
Molotkov (2002). Entretanto, estas soluções proporcionam
é formado por camadas horizontais de materiais
maior credibilidade nos resultados das análises de
poroelásticos homogêneos e isotrópicos, como mostrado na
propagação de ondas elásticas em meios porosos quando
Figura 2. De forma geral, os parâmetros físicos do meio
os mesmos são obtidos a partir de métodos numéricos, tais
são caracterizados por funções constantes por partes, já que
como, diferenças finitas, pseudoespectrais e elementos
acordo com a profundidade x  z.
são constantes em cada camada e variam somente de
finitos. Além disso, as soluções existentes são amplamente
utilizadas na elaboração de métodos efetivos capazes de
solucionar problemas inversos associados com o sistema Figura 2 – Seção transversal de um modelo geológico com quatro
de Biot. camadas
O objetivo desta pesquisa é desenvolver um método
matricial capaz obter a solução analítica das equações de
Biot. Este método baseia-se no formalismo apresentado em
Ursin (1983), o qual foi anteriormente utilizado apenas na
construção da solução de problemas relacionados à
propagação de ondas em meios eletromagnéticos (sistema
de Maxwell) ou elásticos puros (sistema de Lamé).
Para o desenvolvimento desta pesquisa, considera-se
um meio geológico 3D estratificado formado por camadas
homogêneas e isotrópicas, o que aumenta a complexidade
do problema apesar de aproximá-lo de situações reais.
Além disso, pode-se observar que a estrutura matricial da
solução e o método da sua construção têm importância 3 ‒ SISTEMA DE BIOT
significativa para a elaboração de um algoritmo
computacional numericamente eficiente. Para cada ponto   x , x , x
∊  , as equações da

temporal ω ∊ são dadas por:


poroelasticidade de Biot no domínio da frequência
2 ‒ O MEIO POROSO E O MODELO GEOLÓGICO

ω ρ  ρ 
  ∙ τ  
κ
O meio poroso natural (rocha reservatório) é composto de
iω  p  ω ρ   ω ρ   

uma fase sólida granular com espaços vazios entre os
η
(3.1)
τ  λ ∙   C ∙ 
!  G  #

grãos, em que estes espaços podem ou não estar

p  C ∙   M ∙ 
preenchidos por fluido e/ou gás.
Neste trabalho foi considerado que os poros do meio
estão interconectados e completamente preenchidos por

equações de Biot por   F , F , F


e   f , f , f
, em
fluido. A influência da fonte no meio material é definida nas
A interação física e química neste caso é mais
complexa do que em um meio monofásico. Desta forma, que estes representam o campo de força imposto na matriz

As variáveis das equações são:   u , u , u


, o
um volume elementar infinitesimal é utilizado para sólida e na fase fluida, respectivamente.

campo de deslocamentos da fase sólida;   w , w , w


,
representar todas as propriedades físicas do meio, que são:

o campo de deslocamentos relativos do fluido; τ, o tensor


porosidade, permeabilidade, saturação, propriedades

de tensões bulk do meio; e ), a função escalar da pressão


elásticas, propriedades elétricas e propriedades térmicas.
Além disso, considera-se que o meio utilizado como objeto
de estudo é formado por três componentes: o esqueleto de poro.

de Biot são: λ e G, os parâmetros de Lamé; C e M, os


sólido (ou matriz porosa), o fluido que preenche os poros e Os parâmetros materiais que aparecem nas equações

módulos de Biot; ρ, a densidade bulk do meio; ρ , a


o material sólido ou grãos que formam o esqueleto. Sendo
assim, o volume elementar pode ser visto como a

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Método matricial na teoria da propagação de ondas elásticas em meios porosos estratificados

densidade do fluido; ρ , a densidade efetiva do fluido; κ, a variável x  z. Para isso, aplica-se a transformada de
permeabilidade; e η, a viscosidade do fluido. Em (3.1), ! é Fourier bidimensional das coordenadas laterais x e x no
a matriz identidade 3 + 3.
Cx , x , z
é dada por:
sistema de Biot (3.1), em que a transformada de um campo
A primeira e segunda equações apresentadas em (3.1)
R R
representam as equações do movimento, as quais podem
Dk , k , z
≡ GHCI  J J eL0MNONPMQOQ
Cx , x , z
dx dx
C
ser obtidas a partir da segunda Lei de Newton para cada
fase separadamente (sólida e fluida). A terceira e quarta
equações mostradas em (3.1) são as equações constitutivas, LR LR (4.3)

Neste caso, k , k


# é o vetor do número de
que relacionam parâmetros poroelásticos do meio com as
grandezas de interesse consideradas (tensão,
deslocamentos e pressão). As equações constitutivas onda horizontal, e:

k
k  Sk  k , γ 
podem ser obtidas a partir da Lei de Hooke para meios
ω
poroelásticos (Carcione, 2007). (4.4)

3.1 Condições de Fronteira


são a magnitude do número de onda horizontal e a
Sejam ,  -. e ,  -., a velocidade da fase
vagarosidade horizontal, respectivamente.


bidimensional de C
Além disso, a transformada inversa de Fourier
sólida e a velocidade relativa do fluido no domínio
espectral, respectivamente. De acordo com Carcione
(2007), na interface entre duas camadas homogêneas do DV
Cx , x , z
≡ G L UC
R R
(4.5)
1
meio geológico que está sendo considerado, as seguintes
Dk , k , z
dk dk
 J J e0MNONPMQOQ
C

variáveis são contínuas:

/, 0 , 1, , 20 , p, i ∈ 41,2,37


LR LR
(3.2)
Aplicando a transformada (4.3) no sistema de Biot

Y, Z, 
Além disso, na superfície livre do meio poroso, não
[, 
[, τ\, p\.
(3.1) obtem-se a representação do sistema em termos de
existem restrições para o deslocamento, isto porque o meio
encontra-se livre para se movimentar. Por esta razão, as Após, observa-se que o sistema pode ser simplificado
componentes de tensão e a pressão de fluido desaparecem. caso seja realizada uma mudança de coordenadas. Sendo
Sendo assim, as condições naturais na superfície livre são
4^ , ^ , ^ 7, considera-se para cada número de onda
assim, ao invés de ser utilizada a base canônica
τ  τ   τ  0, p  0 (3.3) k , k
# uma nova base ortogonal cuja matriz mudança de
base é:
4 ‒ FORMATO URSIN - SISTEMA DE BIOT COMO
k k
b 0e
UM SISTEMA DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
a k k d
ORDINÁRIAS
Ω  a k k
à k 0dd
(4.6)
k
0 0 1c
A partir das ideias apresentadas em (Ursin, 1983), o
sistema de equações diferenciais parciais de Biot (3.1)
pode ser escrito como dois sistemas desacoplados de
equações diferenciais ordinárias lineares, os quais seguem Sendo assim, os termos que aparecem no sistema de
o seguinte formato: Biot (3.1) são escritos na nova base da seguinte forma:

d ;

f  Ω [, 
f  Ω[, τg  Ωτ\Ω#
:  iω< ;
: ;
 = ;
, m  1,2
dz h  ΩY, i  ΩZ, pg  p\
(4.7)
(4.1)

Em que: : ;
é um vetor 2? + 1 formado pelas As variáveis que compõem o vetor : ;
devem ser
variáveis do sistema, = ;
é um vetor 2? + 1 que
representa a fonte e < ;
é uma matriz 2? + 2? definida
escolhidas de forma que as condições de fronteira em uma

: ;
for contínua por meio desta interface. Logo, de
interface entre dois meios heterogêneos sejam satisfeitas se
em blocos dada por:

A < ;

acordo com (3.2), os vetores com as variáveis do sistema 1


< ;
 @ B
e do sistema 2 são, respectivamente:
< ;

A
(4.2)
f,  , τg , ug, , pgV e,
: 
 Uug, , τg , w
Em que: < ;

e < ;

: 
 Hug, , τg  I
são matrizes simétricas. (4.8)

O primeiro passo a ser tomado em direção do

diferenciais de Biot nas variáveis x , x e x por um


formalismo de Ursin, é substituir o sistema de equações Define-se:

sistema de equações diferenciais que dependa apenas da β  HC  Mλ  2G


IL . (4.9)

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Assim, para o sistema 1, as submatrizes são: pode ser decomposta em duas partes: ondas ascendentes e

< 
 aplicar o método de diagonalização de Ursin à matriz <,
ondas descendentes. Para que isto aconteça é preciso

βM βγC  λM
βC
b e
Suponha que < < possui n autovalores não nulos e
iωρ κ iωρ γκ
como será feito adiante.
aβγC  λM
ρ  4βγ GHC  Mλ  G
I 2βγGC  d
a η  iωκρ η  iωκρ d
distintos designados por q; , os quais estão associados aos
a d
à iωρ γκ iωγ κ d

autovetores }; . Assim:
βC 2βγGC  βλ  2G

η  iωκρ η  iωκρ c

ρ γ ρ < < };  q; };


e (4.10)

k γ 0

(5.3)
< 

l r
ρ 0
LmP0nopq
1
(4.11) Define-se:
~;  < }
0no
q; ;
(5.4)

Em que: q;  q; . O valor da raiz quadrada será


E o vetor fonte para este sistema é dado por:

if , if , fi , 0, if u escolhido de forma que Imq;


 0 e, se q; for real,
#
=  s0, Fh 

0npt o 0Mo

q; ‚ 0.
mL0nopq mL0nopq
(4.12)

Enquanto que, para o sistema 2, as submatrizes são Multiplicando (5.4) por < < e utilizando a equação
mais simples, como a seguir: dada em (5.3), obtém-se:

1 < < ~;  q; ~;
< 
 v w
G
(4.13) (5.5)

O que significa que ~; é autovetor de < < associado ao


< 
 sρ  Gγ 
0npt Q o
u autovalor q; .
mL0nopq (4.14)
Da definição dada em (5.4), tem-se que:
Além disso, o vetor fonte neste caso é: < };  q; ~; (5.6)
iωρ κ #
= 
 v0, Fh  if w Além disso, multiplicando (5.4) por < e utilizando
η  iωκρ
(4.15)
(5.3), chega-se a:
As variáveis wf,  , τg e τg dependem apenas da < ~;  q; }; (5.7)

Logo, de (5.6) e (5.7), pode-se dizer que q; é


solução encontrada para o sistema 1 e são dadas por:
κ
f,  
w xipgk  iωρ ug,  if y, autovalor da matriz < dada em (5.2) associado ao
η  iωκρ
autovetor H}; , ~; I # .
(4.16)

τg  βz4γGHC  Mλ  G


Iug,  C  λM
τg  2GCpg{, Seja ƒ uma matriz ? + ? em que sua m-ésima coluna
é formada por }; , e seja ƒ uma matriz ? + ? em que sua
(4.17)

τg  βU2γGC  λM
ug,  C  λM
τg  2GCpgV. (4.18) m-ésima coluna é formada por ~; . É possível verificar
e

f, e τg dependem
que:
Analogamente, as variáveis w
ƒ #
L  ƒ (5.8)
apenas da solução encontrada para o sistema 2. Assim:
Seja „ uma matriz diagonal em que as entradas da
f, 
w ug,  if ,
0nopt o
mL0nopq mL0nopq
e (4.19) diagonal são formadas por q; . Por meio da definição dada

τg  Gγug, .
em (5.4) e da Equação (5.8), tem-se,

<  ƒ „ƒ #
(4.20)
(5.9)
5 ‒ DIAGONALIZAÇÃO DE URSIN
Além disso, a partir das igualdades (5.7) e (5.8), pode-
De acordo com Ursin (1983), a solução analítica do se verificar que:
sistema:
<  ƒ „ƒ #
d
:  iω<:
(5.10)

dz Seja ƒ a matriz 2? + 2? definida em blocos dada por:


(5.1)

1 ƒ ƒ
ƒ v w
Em que:
√2 ƒ ƒ
(5.11
A <
<v w
< A
(5.2)

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Método matricial na teoria da propagação de ondas elásticas em meios porosos estratificados

† a matriz diagonal:
E seja „ 5.2 – Autovalores e autovetores para o sistema 2

†  s„ A u
„
A „
Para o sistema 2 haverá apenas um autovalor
(5.12)
correspondente às ondas cisalhantes horizontais, o qual é
dado por:
matriz < pode ser diagonalizada da seguinte forma:
Assim, de acordo com (5.9) e (5.10), conclui-se que a
1 iρ  κω
q

 γ  ªρ  Œ «
G η  iωρ κ
† ƒL
<  ƒ„
(5.24)
(5.13)

Em que: a partir da Equação (5.8), a matriz ƒL é dada Os autovetores para o sistema 2 são:

} 
 v w, e

por:

1 ƒ ƒ
# # l¬Q

(5.25)
ƒ L
 @ # B
√2 ƒ ƒ #
(5.14)
~ 
 @SGq
B (5.26)
5.1 – Autovalores e autovetores para o sistema 1
6 ‒ SOLUÇÃO SEM A PRESENÇA DE FONTE
Os autovalores distintos para o sistema 1 são dados por:

xq ; 
y  γ  β ‡Cρ  Mρ  λ  2G
ˆ ‰Š
 0 mL0npqo (5.15) Para encontrar a solução do sistema de Biot no meio
on geológico considerado nesta pesquisa, obtém-se

± ⠌Sˆiλ  2G
ˆ ‰  Mρ‰  4 ˆMρ  i ˆ ‰ C‰ Cρ  λ  2G
ρ
 , e
 mL0npq o mL0npq o
on on
inicialmente a solução no interior de uma camada
m  1,2;

homogênea sem a presença de fonte. Em seguida,

1 iρ  κω
verificam-se as condições de salto nas interfaces entre as
q 

 γ  Œρ  
G η  iωρ κ
camadas e, por último, as possibilidades de se obter a
(5.16)
solução no interior de qualquer camada quando há a

Em (5.15), quando   1, considera-se a presença da


presença de uma fonte sísmica.

onda P (sinal positivo) e quando   2 há a presença da vetor = é nulo. Assim, no interior de uma camada, tem-se
Em um meio homogêneo com ausência de fontes o

onda lenta de Biot (sinal negativo). Já a igualdade (5.16), um sistema de equações diferenciais ordinárias conforme o

Escrevendo : com respeito à base de autovetores


refere-se à presença de ondas cisalhantes verticais. mostrado em (5.1).
Os autovetores do sistema 1 são:

1
obtida na seção anterior, tem-se:

};  a‘; ’2γG” , m  1,2 ­  ƒL :, ou seja,




ξ;
(5.17)
(6.1)

:  ƒ­

(6.2)
b e
a‘ a G ˆγ  λ
‰ d


} 



a κω d
q àiγρ ‡
(5.18) Substituindo (6.2) em (5.1) e utilizando a Equação
Šd

η  iωρ κ c
(5.13), é obtido o seguinte sistema de equações diferenciais
ordinárias:

2γ G  ρ  ρ ξ; d
a‘; γ
†­
­ = −iω„
~;  
k r , m  1,2; e (5.19)

dz
(6.3)

q; ρ  i ‡η  iωρ κŠ ξ

κω ;
Cuja solução com condição inicial ­(±A ) é:
2γG
•  a‘ – 1 —

(5.20) ­(z) = eL0n„†(²L²³) ­(z´ ) (6.4)

0
Em que: Esta solução pode ser escrita da seguinte forma:
ξ;  , m  1,2
x˜pL™P l
ypt
µ
šŒ
N

›œ
Q žQ N

L ˜pt P0ˆ™œ P l‰ˆ


 ¡¢£¤q ¥
‰¦
­=s u

(6.5)
ŸN ¥£ (5.21)

Em que: µ e ¶ são vetores de dimensão ? × 1 e são


a‘;  § , m  1,2; e
N

™œ interpretados como ondas ascendentes e ondas


 ¡¢£¤q¥ Q
pP pt ¨œ P0ˆ ‰¨œ
(5.22) descendentes, respectivamente (Ursin, 1983). Assim, a
¥£
Equação (6.4) para um meio homogêneo com ausência de

a‘  S .
™œ
fontes pode ser escrita como:
l™Qœ P ©Q

(5.23)

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eL0n„(²L²³) µ(z´ )
­(z) = @ B
Figura 4 – Meio estratificado com N interfaces
(6.6)
eL0n„(²L²³) ¶(z´ )

A onda, ao atravessar diferentes camadas do meio


geológico, irá se deparar com uma superfície de
descontinuidade z = z‘ entre elas. Assim, é preciso
determinar as condições de salto nesta superfície. Para isto,
denotam-se com o sobrescrito () as quantidades
avaliadas imediatamente abaixo da interface, enquanto que
(−) representa quantidades avaliadas exatamente acima da
interface.
De acordo com as condições de fronteira sabe-se que
: é contínua por meio da interface z‘. Logo:

Φ =Φ
ΦL (6.7) Denota-se, com o subscrito m as soluções avaliadas
entre as interfaces z; e z;P , em que a espessura desta
O que implica, conforme (6.2), em:
camada é dada por:
ƒP ­ P = ƒL ­L (6.8) ∆z; = z;P − z; , m = 1,2, … , N − 1 (6.15)
Seja ¸ a matriz de salto dada por: Assim, ­; L representa a solução imediatamente
acima da interface zm1 enquanto que ­; P representa a
¸ = (ƒP )L¹ ƒL (6.9)
solução imediatamente abaixo de zm (Figura 4). Além
disso, a matriz ¸; representa a matriz de salto na interface
z; .
De acordo com (5.11) e (5.14) tem-se:

¸ ¸» Estabelecidas as notações, observe a última interface


¸=vº w z¾ . Pode-se afirmar que, de acordo com a condição de
¸» ¸º
(6.10)
Em que: salto (6.14):
1
¸º = U(ƒ P )# ƒ L  (ƒ P )# ƒ L V
2 ­¾L L = ¸¾ L ­¾ P (6.16)
1 (6.11)
¸» = U(ƒ P )# ƒ L − (ƒ P )# ƒ L V
2 Sabendo-se que a camada abaixo de z¾ é infinita, não
haverá ondas refletidas nesta camada, o que implica em
Utilizando a Equação (5.8) pode-se verificar que: µ¾ P = 0. Logo, de acordo com (6.10), tem-se:
¸ # −¸» #
¸ L = @ º # B µ¾L L = −¸»,¾ # ¶¾ P , e
−¸» ¸º #
(6.12) (6.17)

¶¾L L = −¸º,¾ # ¶¾ P (6.18)


Assim, as condições de salto numa interface entre
duas camadas homogêneas são: Destas relações chega-se ao seguinte resultado
­ = ¸­ , e
P L
µ¾L L = þ ¶¾L L ,
(6.13)
(6.19)
­ =¸
−1 Em que:
L
­ P
þ = −(¸»,¾ # )(¸º,¾ # )L
(6.14)
(6.20)
E, por meio destas, é possível relacionar as soluções
É a matriz de reflexão na última interface. Sendo
assim, uma vez conhecida a onda incidente na interface z¾
abaixo e acima da interface, conforme mostrado na Figura
3.
é possível encontrar a onda refletida por esta mesma
Figura 3 – Interface entre duas camadas
interface, como pode ser observado na Figura 5.

Figura 5 – Ondas na interface ÄÅ

Para analisar a solução do problema em qualquer


posição do modelo geológico, considera-se um meio
estratificado com N interfaces localizadas nas
profundidades 0 ¼ z ¼ z ¼ ⋯ ¼ z¾ ¼ ∞, como pode
ser observado na Figura 4.

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De acordo com (6.17), (6.19) e (6.20), verifica-se que: É possível observar que :´ satisfaz o sistema (4.1), já
que:
¶¾ P = T¾ ¶¾L L (6.21)
d
: = −iω<:´  (=´ − iωM= )δ(z − zÉ )
Em que:
Ǿ = (¸º,¾ )
# L dz ´
(7.3)
(6.22)

É a matriz de transmissão da interface z¾ , pois Sejam =º e =» vetores ? × 1 definidos por:

=
permite obter a onda transmitida por esta interface quando
v º w = iωM= − =´

a onda incidente na mesma é conhecida. (7.4)
Utilizando as condições de salto (6.13) e (6.14), e
também utilizando a expressão (6.4) para a solução no Uma fonte do tipo dinamite gera uma força na fase
interior de uma camada, serão encontradas as matrizes de
reflexão Ã; e transmissão Ç; em uma interface z;
sólida e fluida dada pela Equação (7.5):
qualquer. (x) = (x) = −h(ω)∇δ(x − xÉ ), (7.5)
Para isto, obtém-se inicialmente o seguinte resultado:
Em que: xÉ = (0,0, zÉ )# corresponde à posição da
µ; L = ¸º,; # e0nȜ∆²œ µ;P L − ¸»,; # eL0nȜ∆²œ ¶;P L fonte e h(ω) é o espectro do momento sísmico H(t), o
¶; L = −¸»,; # e0nȜ∆²œ µ;P L  ¸º,; # eL0nȜ∆²œ ¶;P L qual representa a função matemática da fonte.
(6.23) Aplicando a transformada bidimensional de Fourier
A partir das equações anteriores, chega-se à (4.3) em (7.5) e, em seguida, fazendo a rotação de acordo
com (4.6), obtém-se:
µ;L L = Ã; ¶;L L , (6.24)
Em que:
L
h(k , k , z) = i(k , k , z) = −h(ω)Hikδ(z − zÉ ), 0, δË (Ä − zÉ )I#
Ã; = x¸º,; # Ãh;P − ¸»,; # yx−¸»,; # Ãh;P  ¸º,; # y , (6.25) (7.6)
e
Ãh;P = e0n„œ∆²œ Ã;P e0n„œ∆²œ . (6.26) Ao substituir (7.6) em (4.12) e utilizar a Equação
(7.4) define-se para o sistema 1:
Além disso, tem-se que
=º () = iβ h(ω)Hω(C − M), 2kG(M − C), ω(λ  2G − C)I# , e
¶¾ = Ç; ¶;L ,
P L
(6.27) (7.7)
Em que:
Ç; = Ç;P e0n„œ∆²œ (−¸»,; # Ãh;P  ¸º,; # )L . (6.28) =» () = H0,0,0I# (7.8)

De acordo com (6.24) e (6.27) observa-se que quando Enquanto que, de acordo com (4.15), os vetores da
a onda ¶;L L incidente na interface z; é dada, pode-se fonte para o sistema 2 são:
calcular a onda refletida µ;L L por essa mesma interface e
a onda transmitida ¶¾ P pela última interface por meio das =º ( ) = 0, e (7.9)
matrizes de reflexão e transmissão. Além disso, utilizando
o princípio de indução matemática é possível verificar que =» ( ) = 0 (7.10)
a matriz de reflexão Ã; é simétrica.
A partir das equações (6.20) e (6.22), todas as É preciso analisar as condições de salto no local onde
matrizes de reflexão e de transmissão podem ser se encontra a fonte. Para isto, será considerada uma
computadas por recursão usando (6.25) e (6.28). Estas interface imaginária em zÉ .
matrizes são essenciais para o cálculo da solução do Integrando a equação (7.3) com valores bem
sistema em um meio estratificado. próximos de zÉ obtém-se a seguinte condição de salto para
o local da fonte:
7 ‒ SOLUÇÃO COM A PRESENÇA DE FONTE
=
:(zÉ L ) = :(zÉ P )  v º w

(7.11)
Assume-se que o vetor da fonte, quando esta se encontra
localizada a uma profundidade zÉ , é dado da seguinte
Estabelecida esta condição, busca-se inicialmente
encontrar a solução ­(zÉ P ), ou seja, imediatamente abaixo
forma:

= = =´ δ(z − zÉ )  = δË (z − zÉ ) (7.1) da fonte e, em seguida, encontrar ­(zÉ L ), que é a solução


em um ponto localizado logo acima da posição da fonte.
Em que: =´ e = são independentes de z e δ representa Considere uma interface fictícia logo abaixo do local
onde se encontra a fonte, ou seja, no ponto z = zÉ P . Como
esta interface é fictícia, tem-se que ¸º = ! e ¸» = A.
o Delta de Dirac.
Seja:
:´ = : − = δ(z − zÉ ) Seja:
µ(zÉ P )
(7.2)
µ
­(zÉ P ) = v w = v Éw
¶(zÉ P ) ¶É
(7.12)

Ciência & Engenharia, v. 23, n. 1, p. 123 – 132, jan. – jun. 2014 129
Márcia Miranda Azeredo, Viatcheslav Ivanovich Priimenko

Em que: :Ò é um vetor ? × 1 formado por incógnitas


De acordo com (6.24), pode-se dizer que: em z = 0 e Ѻ e Ñ» são matrizes ? × ?.
ÃÏ ¶É
Assim, considerando os vetores com as variáveis do
­(zÉ P ) = v w
¶É
(7.13) sistema 1 e do sistema 2 dados em (4.8), e também as
condições de fronteira (3.3) para a superfície livre do meio,
Em que: ÃÏ é a matriz de reflexão na interface fictícia
tem-se para o sistema 1:
zÉ P dada por:
f,  , ug, V²Ó´
:Ò () = Uug, , −w
#
ÃÉ = ÃhÉP (7.14) (7.20)

1 0 0
Ѻ () = –0 0 0—
Neste caso, tem-se que:
(7.21)
0 1 0
ÃhÉP = e0n„Ð∆²Ð ÃÉP e0n„Ð∆²Ð (7.15)
e
0 0 0
Em que: ÃÉP é a matriz de reflexão da interface Ñ» () = –0 0 1— (7.22)
localizada logo após a posição da fonte, denotada por zÉP , 0 0 0
„É é a matriz dos autovalores da camada onde se encontra
a fonte e ∆zÉ = zÉP − zÉ P . Enquanto que, para o sistema 2:
Considerando a condição de salto (7.11), a expressão
:Ò ( ) = Uug, V²Ó´
#
(5.4) e a solução (7.13), pode-se dizer que: (7.23)

ö 1 ƒ # =º  ƒ # =» Ѻ ( ) = H1I, e
­(zÉ L ) = v Ï É w  @ # B (7.24)
¶É
(7.16)
√2 ƒ =º − ƒ =»
#

Ñ» ( ) = H0I (7.25)
Logo, as expressões (7.13) e (7.16) fornecem todos os
valores de : justamente abaixo e acima da fonte, De (6.2) pode-se estabelecer que:
respectivamente.
A expressão (7.13) pode ser propagada para baixo de :(0P ) = ƒ­(0P ) (7.26)
zÉ P utilizando (6.4) e respeitando as condições de salto
dadas em (6.13) e (6.14). Substituindo (5.11), (7.18) e (7.19) em (7.26) obtém-
Analogamente, a expressão (7.16) pode ser propagada se:
a partir de zÉ L para cima utilizando a solução no interior de 
cada camada (6.4) e respeitando as condições de salto ƒ # Ѻ :Ò = xe0n„²Ð ÃÏ ¶É  eL0n„²Ð ¶É y
√ (7.27)
1 0n„²
 Ue Ð xƒ
=º  ƒ =» y  e
# # Ð xƒ
=º − ƒ =» yV, e
# #
(6.13) e (6.14). Porém, isto pode ser realizado até que se L0n„²
chegue um pouco abaixo da interface terra/ar, ou seja, em 2
z = 0P , em que, nesta posição, é necessário encontrar a

solução. Para isto, admite-se nesta pesquisa que a fonte ƒ # Ñ» :Ò =
xe0n„²Ð ÃÏ ¶É − eL0n„²Ð ¶É y
√ (7.28)
encontra-se localizada abaixo da interface terra/ar, ou seja, 1 0n„²
0 ¼ zÉ ¼ z .  Ue Ð xƒ
=º  ƒ =» y − e
# # L0n„² Ð xƒ
=º − ƒ =» yV
# #
2
Como z = 0P está na mesma camada de zÉ L e, além
disso, zÉ L está bem próximo de zÉ , de acordo com (6.4) A partir das Equações (7.27) e (7.28), encontra-se as
pode-se estabelecer que: expressões para ¶É e :Ò , as quais são dadas
respectivamente por:
­(0P ) = eL0n„†(L²Ð) ­(zÉ L ) (7.17)
 
¶É = e0n„²Ð xƒ # Ѻ − ƒ # Ñ» y:Ò − xƒ # =º − ƒ # =» y, e
√ √
Assim, substituindo (5.12) e (7.10) em (7.17), obtém-
(7.29)
se:
L
:Ò = Ue0n„²Ð ÃÏ e0n„²Ð xƒ # Ѻ − ƒ # Ñ» y − xƒ # Ѻ  ƒ # Ñ» yV
e0n„²Ð à ¶ 1 e0n„²Ð xƒ # =º  ƒ # =» y
­(0P ) = @ L0n„² Ï É B  @ B . e0n„²Ð UÃÏ xƒ # =º − ƒ # =» y − xƒ # =º  ƒ # =» yV
e ж
É √2 eL0n„²Ð (ƒ # =º − ƒ # =» ) (7.30)
(7.18)
Depois de obter :Ò , é possível determinar todas as
condições iniciais em z = 0. Além disso, determina-se
As condições de fronteira na interface terra/ar serão
utilizadas para encontrar as ? incógnitas de ¶É . Para isto,
também ¶É e µÉ = ÃÏ ¶É , obtendo então a solução
são definidas:
imediatamente abaixo da fonte, de acordo com a expressão
Ѻ :Ò (7.13). Assim, o vetor solução : pode ser teoricamente
:(0P ) = v w
Ñ» :Ò
(7.19) calculado em qualquer outro lugar utilizando a propagação
através das camadas, a partir de (6.4), e respeitando as
condições de salto nas fronteiras entre as camadas de
acordo com (6.13) e (6.14). Por outro lado, a propagação

130 Ciência & Engenharia, v. 23, n. 1, p. 123 – 132, jan. – jun. 2014
Método matricial na teoria da propagação de ondas elásticas em meios porosos estratificados

(cos θ − sen θ)
Θ´, = sen θΒ,´  Β ,
de uma onda ascendente contínua no sentido descendente é
numericamente instável usando (6.4) porque as r
exponenciais complexas crescem ao invés de diminuírem
com a distância. Assim, deve-se obter µ a partir de ¶ Logo, de acordo com (8.2), o vetor que representa a
usando Ã; ou fazendo uso das matrizes de transmissão velocidade da fase sólida , é dado por:
Ç; .
, = xiΒ, Uug, Vy^Þ  xΒ,´ Uug, Vy^± (8.9)
8 ‒ SOLUÇÃO NO ESPAÇO ORIGINAL
Em que: ^Þ e ^± são vetores unitários nas direções
As variáveis de : e : aparecem com ~, ou seja, estas
() ( ) coordenadas ß e Ä, respectivamente. Analogamente,
variáveis foram obtidas após sofrerem a rotação dada por Ω conforme (8.3), tem-se:
em (4.6). Assim, para retorná-las à notação com ^, deve-se
aplicar uma rotação inversa, a qual é calculada pelas f,  Vy^Þ  xΒ,´ Uw
, = xiΒ, Uw f,  Vy^± (8.10)
equações:
A partir de (8.4), as seguintes relações são obtidas
[, = Ω# 
 f, , [, = Ω# 
 f, , τ\ = Ω# τgΩ, p\ = pg. (8.1)
τg τg τg − τg
τ = Θ ,´ v w  Θ´, v w , τ12 = Θ, v w
Os resultados obtidos são: k k k

τg τg τg (8.11)


k k τ = Θ´, v w  Θ ,´ v w , τ = Θ,´ v w,
u\, = ug, , u\, = ug, , u\, = ug, (8.2) k k k
k  k 
τg
k k τ  = Θ´, v w , τ = Θ´,´ Hτg I
[,  =
w f, ,
w [, =
w f, ,
w [,  = w
w f,  k
k  k 
(8.3)
e
k k k k
Em que as igualdades acima podem ser calculadas a
τ\ = τ
g  τg , τ\ = (τg − τg )
k 
k k
partir de (8.8).
k k k (8.4) Por último, tem-se que:
τ\ = τg  τg , τ\  = τg
k k k
k p = Β,´ HpgI (8.12)
τ\ = τg , τ\ = τg
k
Observa-se que, fazendo uso da transformada de
Observa-se que as matrizes dos sistemas 1 e 2 Hankel inversa, é possível obter a solução do problema no
dependem apenas da magnitude k do vetor (k , k )# , e não domínio original sem haver a necessidade de aplicar a
de sua direção. Para qualquer função g\(k), seja: rotação inversa, em que, para isto, são utilizadas as
Equações (8.9) a (8.12).
Θ;N,;Q Hg\(k)I = G L Hk ;N k ;Q g\(k)I Para obter a resposta no domínio do tempo t, é
∂ ;N ∂ ;Q L
(8.5) necessário aplicar às variáveis até agora encontradas, a
= (−i);NP;Q ‡ Š ‡ Š G Hg\(k)I
∂x ∂x
transformada de Fourier inversa simples, a qual é dada por
 PR
f(t) = G L HF(ω)I = á F(ω)e0nâ dω.
√ à LR
A transformada de Hankel inversa é dada por (8.13)
R
1
Β;N,;Q Hg\I = J k ;N J;Q (kr)g\(k)dk (8.6)
CONCLUSÕES

´
Em que: J; é a função de Bessel e m e m são inteiros não
Por meio do método que foi desenvolvido neste trabalho é
possível que seja criado um eficiente algoritmo
negativos.
computacional capaz de encontrar a solução das equações
Fazendo uso das coordenadas cilíndricas estabelecidas
de Biot a partir de fórmulas explícitas.
pelas relações:
O fato de ser este um método matricial o diferencia
x = rcosθ, x = rsenθ, x = z
dos métodos convencionais e o torna mais simples do
(8.7)
ponto de vista da implementação computacional.
Este método pode ser aplicado para investigar as
Pode-se obter correspondências entre a transformada
relações entre a propagação de ondas sísmicas e as
bidimensional de Fourier inversa (4.5) e a transformada de
propriedades físicas do reservatório. Além disso, trata-se
Hankel (8.6), as quais são dadas por
de um método efetivo para encontrar a solução de
Θ´,´ = Β,´ , Θ,´ = icosθΒ , , Θ´, = isenθΒ ,
problemas inversos associados com a caracterização de
parâmetros petrofísicos de reservatórios.
Θ, = senθcosθ sΒ,´ − Β , u
Ý
(cos θ − sen θ)
Θ ,´ = cos θΒ,´ − Β ,
(8.8)

r

Ciência & Engenharia, v. 23, n. 1, p. 123 – 132, jan. – jun. 2014 131
Márcia Miranda Azeredo, Viatcheslav Ivanovich Priimenko

AGRADECIMENTOS

Agradecimento à CAPES, pela bolsa de estudos concedida


durante o período do doutorado e ao Laboratório de
Engenharia e Exploração de Petróleo
(LENEP/CCT/UENF), por ter propiciado as condições
para a realização deste trabalho.

REFERÊNCIAS

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132 Ciência & Engenharia, v. 23, n. 1, p. 123 – 132, jan. – jun. 2014

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