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Século XIX: Novas Atividades

Produtivas
Publicação: 05 de Maio de 2009 às 00:00
No século XIX, além da predominância da criação de gado, houve também a
expansão das culturas do algodão e da cana-de-açúcar e, ainda, cresceram
as atividades extrativas, sal, marinho e cera de carnaúba.

Na segunda metade desse século, a criação de gado foi prejudicada por


duas secas: a de 1844/45 e 1877/79.

A cana-de-açúcar passou a ser a principal atividade econômica, chegando a


produzir, em 1860, cerca de 4.176.570 quilos. Depois, entretanto, começou
a decadência.

A indústria salineira, que se deu bem no princípio do século. pouco depois


entrou em declínio, porém, posteriormente, conseguiu uma notável
recuperação, nas regiões de Mossoró, Macau e Areia Branca.

No final do século XIX, outro produto atingiu um grande desenvolvimento: a


cera de carnaúba.

A indústria têxtil apresentou, desde o começo, 1870, um lento


desenvolvimento, graças a uma dupla concorrência : a da indústria têxtil do
Sudeste e a do Estado de Pernambuco. Denise Rakeya aponta outro fator,
ou seja, "a estrutura do mercado consumidor. Com exceção daquela parte
da população localizada nos núcleos urbanos, a maior parte não poderia, de
fato, constituir esse mercado".

A indústria têxtil vai se configurar como uma realidade a partir de 1877,


quando "o presidente da província contratou com Amaro Barreto de
Albuquerque Maranhão a instalação de uma fábrica de fios e de tecidos em
Natal, e a inauguração ocorreu no ano de 1888. Em 1904, passou a
funcionar outro estabelecimento industrial, a Fábrica de Óleos e Farelos de
Algodão", já, portanto, no século XX.

Avanços e Recuos no Século XX


Publicação: 05 de Maio de 2009 às 00:00
Devido à importância do algodão, o governo criou o Serviço Estadual do
Algodão e pouco depois (1927), o Serviço de Classificação do Algodão.

A Inspertoria Federal de Obras Contra as Secas, criada em 1909, em


parceria com o governo estadual, construiu "várias estradas no RN - entre as
quais se destacava a que ligava Natal ao Seridó - que posteriormente viriam
completar o quando de integração de Natal com as zonas algodoeiras do
Estado", afirmam Marconi Gomes da Silva, Márcia Maria Bezerra e Geraldo
Gurgel de Azevedo.

A baixa qualidade do algodão potiguar, em algumas regiões, foi combatida


pelo governo através de estações experimentais e de campos de
demonstração, visando uma melhor participação no comércio internacional.
Como resultado, a cotonicultura atingiu uma posição hegemônica no
começo do século XX. Com a concorrência dos paulistas, a situação
começou a mudar. Em 1940, a produção paulista atingiu praticamente o
triplo da produção nacional.

A exportação do sal marinho, contudo, cresceu muito. De 7.115 toneladas,


nos anos de 1851/55, pulou para cerca de 92.902 toneladas no período
1905/1909. Com destaque para Macau e Areia Branca.

O mesmo não ocorreu com a indústria açucareira. A explicação é muito


simples: enquanto a indústria salineira melhorou sua tecnologia de
produção, a do açúcar permaneceu praticamente com os velhos bangüês. A
modernização dessa indústria foi muito lenta. Em 1942, o Rio Grande do
Norte contava apenas com três usinas!

O rebanho potiguar, durante os períodos de 1950/54 e 1975/79, cresceu


265%! Desse rebanho, a criação bovina aumentou de tal maneira que
suplantou, em muito, as criações se suínos, caprinos e ovinos, como
demonstra Dominique Simone Colombert.

No período compreendido entre 1950 a 1970, entretanto, houve, nas


fazendas com menos de cem hectares, uma diminuição do rebanho.

Petróleo e Luta por Uma Refinaria


Publicação: 05 de Maio de 2009 às 00:00

Um fator importante na economia atual do Rio Grande do Norte é o


petróleo, responsável por uma posição de destaque dentro do País. Por essa
razão, as autoridades estaduais, unidas a determinados setores, lançaram
uma campanha pela construção de uma refinaria de petróleo no Estado,
criando o "Movimento S. O. S. Refinaria no Rio Grande do Norte".

A existência do petróleo foi confirmada em 1974, com a abertura do poço


pioneiro. Apesar da importância da Bacia Potiguar, "o Rio Grande do Norte,
na sua condição de exportador de energia primária, é duplamente
penalizado, na medida em que se restringe a oportunidade de potencializar
o seu desenvolvimento, via verticalização industrial da sua produção
mineral e, ao mesmo tempo, vê reduzidas as transferências, constitucionais
de recursos da União, por ter sua renda per capita aumentada pela
agregação do valor do petróleo extraído do seu sub-solo".

"Adicionalmente, por força de um dispositivo constitucional que isenta o


petróleo da cobrança do ICMS nas operações de transferência interestadual,
o Rio Grande do Norte se vê financiando o desenvolvimento de Estados ricos
e industrializados, na medida em que deixa de arrecadar cerca de US$ 65
milhões em impostos, por ano, valor que deve entrar como uma variável de
custo, favorável ao RN, no estudo de viabilidade ora em execução pela
Petrobrás" (Movimento SOS Refinaria no Rio Grande do Norte).

A campanha, infelizmente, não obteve nenhum resultado.

A Zona Homogênia Mossoroense é apontada pelos técnicos, como sendo uma


região privilegiada para se instalar uma refinaria.

O investimento da Petrobrás para o Rio Grande do Norte, em 1996,


incluindo impostos, constou de aproximadamente 500 milhões de dólares.

O Rio Grande do Norte é o maior produtor nacional de petróleo em terra e o


segundo no mar. Produção total diária de 100 mil barris. É o segundo
produtor de gás natural do Nordeste, com 75 milhões de metros
cúbicos/ano.

A Potencialidade do Turismo
Publicação: 05 de Maio de 2009 às 00:00

Outro setor importante na atualidade é o turismo. Apesar da construção de


uma rede de hotéis, inclusive dois de cinco estrelas, na Via Costeira, o
turismo sofre por falta de uma infra-estrutura. Natal ainda não se preparou
adequadamente para receber um grande número de visitantes. Muitos
turistas deixam de conhecer belos recantos, havendo uma concentração nos
passeios de bugres nas duas de Jenipabu e no Carnatal, no final do ano.
Surgem, entretanto, grande esperanças, num futuro próximo.

A Secretaria Estadual de Turismo, no início de 1997, organizou uma grande


festa que abriu a VI BNTM (Brazil National Tourism Mart), na Vila Folia, com
a presença do governador Garibaldi Alves Filho e mais de dois mil
participantes.

No Pavilhão Parque das Dunas do Centro de Convenções foram armados os


estantes do evento. Na oportunidade, foi apresentada a maquete da
ampliação do aeroporto Augusto Severo, com mudanças que vão
transformá-lo num dos mais modernos do País. Também há planos para a
construção de um segundo aeroporto na região da Grande Natal.

Projeto Hídrico e Pólo Industrial


Publicação: 05 de Maio de 2009 às 00:00

O governo Garibaldi Alves Filho está desenvolvendo um projeto hídrico


muito importante para a economia do Rio Grande do Norte.

O objetivo é interligar as principais bacias, numa garantia de distribuição


de água de boa qualidade para consumo da população e, ainda, que seja a
garantia de irrigação para uma vasta região do território potiguar.

O canal do Pataxó promove a transposição das águas da Barragem Armando


Ribeiro Gonçalves para o rio Pataxó, significando 2.500 hectares de área
irrigada, etapa já concluída no final de 1955.

A barragem Gargalheiras ampliará a sua capacidade de armazenamento de


água, sendo esse acontecimento de grande importância para uma região
que está incluída na área mais seca do Nordeste.

Com a construção da adutora do sertão Cabugi, as águas do reservatório


Armando Ribeiro Gonçalves vão abastecer oito cidades (Angicos, Fernando
Pedrosa, Lages, Pedro Avelino, Pedra Preta, Jardim de Angicos, Caiçara do
Rio dos Ventos, Riachuelo) e, ainda, 21 comunidades rurais.

Serão, também, aproveitadas as águas da Lagoa do Bonfim, sendo atendidos


outros municípios: Monte Alegre, Lagoa de Pedra, Lagoa Salgada, até Santa
Cruz.

O sistema conta ainda com as seguintes adutoras: a de Mossoró, Serra do


Mel, Jardim do Seridó, Serra de Sant’ana e Meio Oeste. O programa engloba
670 quilômetros de adutoras e é o maior do Brasil.

Outro grande projeto, que trará grandes investimentos produtivos para o


Estado, é o "Pologás-sal", uma das grandes bandeiras levantadas pelo
governador Garibaldi Alves, que inclusive já assinou um protocolo para a
sua instalação. A obra conta com apoio do governo federal. Segundo o
ministro das Minas e Energia, o "Pologás-sal é irreversível".

Comércio Exterior e Outros


Números
Publicação: 05 de Maio de 2009 às 00:00
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O comércio exterior do Rio Grande do Norte apresentou, um crescimento de
1,84% no primeiro semestre de 1997, em relação ao mesmo período do ano
anterior.

As exportações somaram US$ 45,2 milhões, sendo o maior índice dos dez
últimos anos, liderando o setor de frutas tropicais, com 32,6% de todo o
produto comercializado para o exterior.

O PIB per capita vem evoluindo positivamente no Rio Grande do Norte,


como demonstram os números: em 1980, era de 1.246,06, o Nordeste tinha
1.649,32 e o Brasil 3.553,07. Em 1996, o Rio Grande do Norte apresentava
3.013.60, o Nordeste 2.578 e o Brasil 4.752,08.

Com uma produção de 4 milhões de toneladas/ano, o Rio Grande do Norte é


o maior produtor de sal marinho do País.

No setor de gás natural, a posição do Estado é muito boa: é o segundo, com


uma produção de 75 milhões de metros cúbicos.

Na agricultura, o Rio Grande do Norte ocupa o segundo lugar, como pólo de


fruticultura irrigada do Nordeste.

Os maiores importadores dos produtos potiguares, no primeiro semestre de


1997 foram os seguintes: Estados Unidos (US$ 13.4 milhões), Nigéria (US$
5,2 milhões), Reino Unido (US$ 4,8 milhões).
Da Pré-História ao Final do 2º
Milênio
Publicação: 05 de Maio de 2009 às 00:00

O homem primitivo, nascido em terras potiguares antes da vinda dos


europeus, é bem mais antigo do que se imaginava.

Antes de chegar ao Nordeste, teria vindo possivelmente da Ásia, através do


Estreito de Bering ou por outras vias. O fato é que, com o passar do tempo,
atingiu as terras que formariam, no futuro, o Rio Grande do Norte.

Esses povos desenvolveram culturas, procurando se comunicar, inventaram


um tipo de escrita, conhecida pelo nome de inscrição rupestre, uma
linguagem formada por traços, círculos, pontos e até pinturas.

A coloniza européia, no Nordeste brasileiro, foi conseqüência da expansão


do imperialismo europeu. Nesta região, tentaram se fixar franceses,
espanhóis, holandês e portugueses.

Filipe II, da Espanha, ao anexar Portugal e suas colônias, procurou de


imediato se apossar de todo o Nordeste e da região Norte. Mandou expulsar
os franceses da Capitania do Rio Grande, construir uma fortaleza (a
Fortaleza da Barra do Rio Grande ou, como é mais conhecida, Fortaleza dos
Reis Magos) e fundar uma cidade.

A expedição armada, comandada por Mascarenhas Homem, fracassou,


porém, Jerônimo de Albuquerque, os jesuítas e os líderes nativos
conseguiram, através de navegações, a pacificação da região.

Expulsos os franceses, construída a fortaleza no dia 25 de dezembro de


1599, João Rodrigues Colaço fundou Natal, que deveria funcionar como
núcleo inicial de colonização se desenrolasse de maneira lenta.

Os holandeses tentaram conquistar o Nordeste, primeiro, procurando se


apossar da capital da colônia (1624/1625). Sonhavam com 8.000 florins que
a Bahia arrecadava anualmente. E, a partir daquela capitania, conquistar
todo o País. Foi, contudo, um sonho que se desmoronou, por sinal bem
rápido.

O fracasso foi total, mas a idéia de tomar o Brasil da Espanha continuava,


pois não admitiam a derrota que sofreram para seu grande rival... E fizeram
uma segunda tentativa. Escolheram, agora, a terra do açúcar, Pernambuco!

Conseguem o seu objetivo, se apossando de Pernambuco e, ainda, avançam,


conquistando todo o Nordeste.

O conde de Nassau, figura invulgar, procurou não apenas explorar as terras


sob seu domínio, como desejava a Companhia Privilegiada das Índias
Ocidentais, e sim agir como se fosse um "mecenas". Incentivou a arte, a
ciência e a cultura. Mostrou-se, ao mesmo tempo, hábil político e bom
administrador.

O Rio Grande possuía um vasto rebanho de gado bovino, necessário para


abastecer os invasores. Era urgente, portanto, a sua conquista, após muita
pesquisa - porque a fortaleza da Barra do Rio Grande (Reis Magos) aparecia
como um grande obstáculo. Mas, ao contrário, a tomada da fortaleza foi
bem mais fácil do que eles esperavam. Aqui, os holandeses agiram de uma
maneira bem diferente: nenhuma preocupação pela arte, ciência, cultura.
A capitania foi transformada numa fornecedora de carne bovina para
Pernambuco.

No Rio Grande, o conflito se agravou por causa do fanatismo religioso,


provocando dois grandes massacres: o de Cunhaú e o de Uruaçu.

Apesar da violência, a tradição indicava os holandeses como sendo os


autores de obras importantes, como a fortaleza dos Reis Magos ou, então, a
ponte (antiga) de Igapó, construída muito depois de sua expulsão... Existe
apenas uma explicação para tudo isso: uma resistência, pelo menos a nível
de subconsciente, contra a colonização lusitana.

O último ato dos batavos, no Rio Grande, foi mais violência. Vencidos,
obrigados a deixar a capitania, lançaram fogo, destruindo o que podiam,
inclusive, documentos.

Após os flamengos, a capitania conheceu outro momento de grande


violência: "A Guerra dos Bárbaros". Provocada pelos brancos, que desejavam
tomar a terra dos seus legítimos donos, ou seja, dos nativos. A violência
gerou violência. Bernardo Vieira de Melo, compreendendo essa verdade,
agiu com competência e justiça, conseguindo aplicar a região sob o seu
comando.

Essas duas guerras, contra os holandeses e dos "Bárbaros", foram


responsáveis pelo atraso, ou seja, impediram o desenvolvimento natural do
Rio Grande do Norte.
No século XVIII, a economia tinha por base apenas a agricultura e a
indústria pastoril.

A Revolução de 1817, em Recife, teve reflexos no Estado. José Inácio


Borges, que governava a capitania, procurou reagir, sendo preso por André
de Albuquerque. O movimento não contou com o apoio popular. A reação
monarquista veio logo a seguir, triunfando. André de Albuquerque, ferido,
foi levado preso para a fortaleza, onde faleceu.

A independência do Brasil foi outro acontecimento que não conseguiu


entusiasmar o povo. Houve apenas uma festa para comemorar a
emancipação política do País, no dia 22 de janeiro de 1823.

A Confederação do Equador, no Rio Grande do Norte, se caracterizou pela


atuação de Tomás de Araújo Pereira, para evitar que ocorressem conflitos
armados no Estado. Sofreu, chegando a se humilhar, porém, conseguiu o
seu intento.

A escravidão representava, no final do século XIX, o atraso, identificada


com a decadente monarquia.

O abolicionismo, ao contrário, representava o novo e para muitos fazia


parte dos ideais republicanos. Foi, contudo, a princesa Isabel quem
decretou o fim da escravidão, no dia 13 de maio de 1888.

A grande falha do abolicionismo, no Brasil, foi a de não ter lutado pela


integração do negro na sociedade, após a sua libertação. Como resultado,
os africanos e seus descendentes passaram por grande dificuldades. Alguns
se deslocaram para regiões distantes das cidades, formando comunidades
fechadas, como em Capoeira dos Negros.

A libertação dos escravos, no Rio Grande do Norte, foi defendida por grupos
de jovens e intelectuais, que fundavam, em seus municípios, associações
que batalhavam pela emancipação do negro.

Mossoró foi a primeira cidade que libertou seus escravos, no dia 30 de


setembro de 1883.

A Proclamação da República, a exemplo de outros acontecimentos, não


despertou grande entusiasmo no povo potiguar. Teve caráter meramente
adesista.

No novo regime, predominavam os interesses da oligarquia Albuquerque


Maranhão. Contra ela, se insurgiu José da Penha Alves de Souza,
promovendo a primeira campanha popular do Rio Grande do Norte.
Patrocinou a candidatura do tenente Leônidas Hermes da Fonseca, que não
conhecia e nem desejava governar o Estado... Abandonado pelo seu
candidato, José da Penha voltou para o Ceará, onde chegou a ser eleito
deputado estadual.

Quando o eixo econômico passou do litoral (açúcar-sal) para o sertão


(algodão-pecuária), apareceu uma nova oligarquia, liderada por José
Augusto Bezerra de Medeiros, cujo domínio terminou com a Revolução de
1930.

O regime político, apodrecido pelas fraudes, corrupção, provocou o


descontentamento de grupos militares e civis. Dentro desse contexto, Luís
Carlos Prestes e Miguel Costa percorreram o País com uma tropa, a "Coluna
Prestes", protestando contra o autoritarismo do presidente Artur Bernardes.
A "Coluna Prestes" entrou no Rio Grande do Norte pela Zona Oeste, travando
combates com a polícia, durante o governo de José Augusto Bezerra de
Medeiros.

A ‘Questão de Grossos" começou no século XVIII, quando Rio Grande do


Norte e Ceará não tinham definido suas fronteiras. O Ceará precisava do sal
potiguar para poder fabricar suas carnes de sol. A Câmara de Aracati
(Ceará) pretendeu além das de seu Estado, penetrando em terras do Rio
Grande do Norte. Era a chamada "Questão de Grossos".

Em 1901, a Assembléia Estadual do Ceará elevou Grossos à condição de vila,


incluindo no seu território uma vasta área do Rio Grande do Norte. Alberto
Maranhão, governador do RN, protestou. Era iminente um conflito armado
entre os dois Estados. Para evitar o agravamento da crise, a controvérsia foi
levada para uma decisão, através do arbitramento. Na primeira fase, o
resultado foi favorável ao Ceará. Pedro Velho, então, convidou Rui Barbosa
para defender a causa potiguar. Essa defesa também contou com a
participação de Augusto Tavares de Lyra. Como resultado, o jurista Augusto
Petronio, através de três acórdãos, deu ganho de causa em definitivo ao Rio
Grande do Norte, em 1920. A "Questão de Grossos" estava encerrada.

A República foi ingrata com o sertão, que continuou abandonado, isolado


dos grandes centros urbanos, com a maioria de sua população na ignorância
e na miséria.

No sertão dos coronéis, os mais humildes tinham três opções: viver


eternamente agregado às famílias dos coronéis; integrar-se ao cangaço, ou
penetrar no mundo místico, cujo fiéis terminavam enfrentando os coronéis
e se transformavam em grupos de "fanáticos".
Lampião levou pânico ao interior nordestino, chegando a invadir Mossoró,
sendo derrotado pelo povo daquela cidade, sob a liderança do coronel
Rodolfo Fernandes.

O cangaceiro, no sertão, era um misto de bandido e de justiceiro, único a


fazer frente ao absolutismo dos coronéis.

Jesuíno Brilhante é o representante potiguar típico do cangaço.

Os grandes místicos do Nordeste foram: padre Cícero e Antônio Conselheiro.

Os fanáticos da Serra de João do Vale, liderados por Joaquim Ramalho e


Sabino José de Oliveira, foram os místicos mais conhecidos da história do
Rio Grande do Norte. O fim deles, porém, foi melancólico, derrotados pelo
tenente Francisco de Oliveira Cascudo.

A Revolução de 30 irrompeu no Brasil para modificar a estrutura política


existente no País. Governava o Estado, Juvenal Lamartine, muito
dependente do poder central, e teve, segundo seus adversários, uma
preocupação básica: perseguir seus inimigos... Com a Revolução de 30,
perdeu o governo, caindo sem resistir.

A Revolução de 30, no Rio Grande do Norte, significa, sobretudo, a atuação


de João Café Filho. Foi um lutador, procurando isntalar no seu Estado os
ideais revolucionários. Encontrando sempre a resistência das oligarquias,
lideradas por José Augusto de Medeiros.

A Revolução de 30 enfrentou momentos difíceis, por causa da oposição das


classes conservadoras, representadas pelo Partido Popular. O governo
central orientou Mário Câmara para fazer uma composição de forças, com o
Partido Popular. O interventor, entretanto, não conseguiu efetivar tal
aliança. Em vez de pacificação, cresceu o clima de agitação, fazendo com
que o final da administração se transformasse no período de maior violência
ocorrido até aquele momento.

A classe operária, contudo, começou a se organizar, se unindo em torno dos


sindicatos.

Cinco anos depois de ter ocorrido a Revolução de 30, surgiu outro


movimento armado, a Intentona Comunista. Gerado, em parte, pelo
descontentamento provocado pelo governo de Mário Câmara, e que foi
liderada por um grupo de comunistas. Vitoriosa a rebelião, uma grande
agitação dominou Natal, com estabelecimentos comerciais assaltados e,
ainda, com assassinatos.

A resistência maior foi feita pela polícia, sob o comando do major Luís Júlio
e do coronel Pinto Soares. Surgiu um mito, transformado em herói: o
soldado Luiz Gonzaga.

Foi instalado o "Comitê Popular Revolucionário" no dia 25 de novembro de


1935. Circulou o jornal "Liberdade".

Com o fracasso da Intentona, no Recife e Rio de Janeiro, os rebeldes


abandonaram Natal, seguindo o rumo do Seridó. Na Serra do Doutor houve o
encontro dos fugitivos com forças sertanejas, com a debandada de ambas as
facções... Terminava, assim, a Intertona Comunista. A repressão foi
violenta,

Mas o destino de Natal não seria, apenas, a de ser palco de violência. A sua
localização geográfica fazia com que a cidade fosse predestinada para
ocupar um lugar de destaque na história da aviação, desde os primórdios,
na época dos hidroaviões, quando grandes aeronautas passaram por Natal:
marquês De Pinedo, Paul Vachet, Jean Mermoz, etc.

O primeiro aeroplano que aterrissou no Estado foi um Breguet, pilotado por


Paul Vachet.

Em 1927, o coronel Luís Tavares Guerreiro indicou a Vachet um local


apropriado para construir um aeroporto, que aeroporto, que servisse de
pouso para os aviões da Lignes Latércoère. Aprovado, nasceu assim o
Aeroporto de Parnamirim. Foi inaugurado por um "Numgesser-e-Coli",
pilotado por Dieu Domé Costes e José le Brix, concluindo, com êxito, o
roteiro Saint Louis do Senegal-Natal.

Graças ao empenho de Juvenal Lamartine, no dia 29 de dezembro de 1928


foi fundado o Aéro Clube.

Em 1º de janeiro de 1931, o navio italizano "Lazeroto Malocello",


comandado pelo capitão de fragata Carlo Alberto Coraggio, chegava a
Natal, trazendo a Coluna Capitolina, ofertada pelo chefe do governo
italiano Benito Mussolini, para comemorar o "raid" Roma-Natal, feito pelos
aviadores Del Prete e Ferrarin.

Cinco dias depois, Natal recebeu a visita da esquadrilha da Força Aérea


italiana, comandada pelo general Balbo. Governava o Rio Grande do Norte,
Irineu Joffily.
Natal iria ficar mais famosa ainda durante a Segunda Guerra Mundial. Os
norte-americanos, nesse período, construíram uma megabase, que
desempenhou um papel tão significativo no grande conflito que se tornou
conhecida pelo nome de "O Trampolim da Vitória".

Em Natal, ocorreu a reunião entre o presidente do Brasil, Getúlio Vargas e o


presidente dos Estados Unidos, Franklin D. Roosevelt, na chamada
"Conferência de Natal" (28-1-1943).

A cidade cresceu, multiplicou sua população, foi visitada por personalidades


ilustres de diversos países, e, sobretudo com o progresso, a população
mudou de hábitos.

Para uma maior integração dos militares americanos com os nataleses,


foram realizados, inúmeros bailes. Como conseqüência, houve uma invasão
de ritmos estrangeiros: rumba, conga e boleros.

Natal, assim, perdeu definitivamente seu jeito de cidade provinciana.

O populismo se impôs, no Rio Grande do Norte, durante os anos 60, através


de dois grandes líderes políticos: Aluízio Alves e Djalma Maranhão. O
primeiro, oriundo do Partido Popular, se apresentava como sendo do
Centro, iniciando o processo de modernização do Estado. O segundo
nacionalista radical, homem de esquerda.

O golpe militar de 64 se caracterizou, no Rio Grande do Norte, apenas pelas


perseguições a jovens e intelectuais da terra, como Moacyr de Góes, Djalma
Maranhão, Mailde Pintou e outros. Luís Maranhão, ao que parece, foi morto
pelas forças da repressão. Djalma Maranhão, exilado, com saudade do seu
povo, morreu no Uruguai. Aluízio Alves, Garibaldi Alves e Agnelo Alves
tiveram seus direitos políticos cassados pelo AI5

Na história educacional do Estado, um colégio se destacou: Ateneu, que se


transformou num centro cultural de grande importância.

A "Campanha de Pé no Chão Também se Aprende a Ler" provocou uma


verdadeira revolução no processo educacional do Rio Grande do Norte, nos
anos 60, liderada por Djalma Maranhão, Moacyr de Góes e Margarida de
Jesus Cortez.

O ensino "normal" passou por uma série de vicissitudes até o funcionamento


do Instituto Presidente Kennedy. Inaugurado, por sua vez, com grandes
festas, no governo de Aluízio Alves. Recentemente, foi redimensionado,
ministrando o curso de 3º grau, visando a formação de um novo professor,
cotando com a assessoria do professor Michel Brault.

A cultura no Rio Grande do Norte apresenta páginas brilhantes. Desde a


fundação do seu primeiro jornal, "O Natalense", em 1832, pelo padre
Francisco de Brito Guerra, até o presente momento, a imprensa escrita
ocupou um lugar de destaque.

No século XIX apareceu o primeiro romance, "Mistério de um Homem", de


Luís Carlos Lins Wanderley.

Nomes femininos que brilharam no século XIX e início do século XX: Isabel
Gondim, Auta de Souza e Nísia Floresta.

Ferreira Itajubá é considerado o grande poeta do século XIX. A partir dessa


época, surgiram grandes poetas até os dias atuais.

No dia 29-3-1902 foi fundado o Instituto Histórico e Geográfico do Rio


Grande do Norte. Luís da Câmara Cascudo, no dia 14-11-1936, fundou a
Academia Norte-Rio-Grandense de Letras.

O movimento cultural cresceu muito e jornais se multiplicaram em


praticamente todos os municípios do Estado.

Na atualidade, algumas instituições têm contribuído para o


desenvolvimento cultural do Estado: Fundação José Augusto, "Coleção
Mossoroense" e Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

O estado conta, até o presente momento, com duas antologias, reunindo os


poetas do Rio Grande do Norte: a primeira, organizada por Ezequiel
Wanderley, foi publicada em 1922 sob o título "Poetas do Rio Grande do
Norte" e a segunda, escrita por Romulo Chaves Wanderley, que publicou,
em 1965, o "Panorama da Poesia Norte-Rio-Grandense".

Novas antologias estão sendo preparadas. Uma delas organizada por


Constância Lima Duarte, juntamente com a poetisa Diva Cunha.

A economia do Estado teve um lento caminhar, prejudicada por períodos de


longas estiagens. Teve alguns ciclos: gado, cana-de-açúcar, algodão, sal,
etc.

A partir de 1974, com a abertura do poço pioneiro, o petróleo começou a


crescer na economia estadual. Fala-se, agora, no "Pologás-sal", que caso
venha a se tornar realidade, trará grandes benefícios para o Rio Grande do
Norte.
O turismo é apontado pelos especialistas como um setor que tende a
crescer, pela potencialidade que a terra potiguar possui.

Foi construída uma rede de hotéis na Via Costeira e recentemente a


Secretaria Estadual de Turismo organizou uma grande festa que abriu a VI
BNTM (Brazil National Tourism Mart). Durante o evento, mais de 2.000
participantes freqüentaram os estandes dos nove Estados, armados no
Pavilhão Parque das Dunas, do Centro de Convenções, em Ponta Negra.

O Rio Grande do Norte se encontra incluído no polígono das secas.

O governo Garibaldi Alves elegeu a irrigação como uma das metas


prioritárias de sua administração. O seu projeto é interligar as principais
bacias, como uma maneira de levar água de boa qualidade para a
população, incluída nas comunidades atingidas pela seca, com a irrigação
de uma vasta área do território potiguar.

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