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A Infinidade de Deus

por

Louis Berkhof

Infinidade é a perfeição de Deus pela qual Ele é isento de toda e


qualquer limitação. Ao atribuí-la a Deus, negamos que haja ou que
possa haver quaisquer limitações do Ser divino e dos Seus atributos.
Isto implica que Ele não é limitado de maneira nenhuma pelo
universo, por este mundo caracterizado pela relação tempo-espaço,
e que Ele não fica encerrado no universo. Isto não implica Sua
identidade com a soma total das coisas existentes, nem exclui a
coexistência das coisas finitas e derivadas, comas quais Ele mantém
relação. A infinidade de Deus deve ser concebida como intensiva,
antes que extensiva, e não deve ser confundida com extensão
ilimitada, como se Deus estivesse espalhado pelo universo todo, uma
parte aqui, outra ali, pois Deus não tem corpo e, portanto, não tem
extensão espacial. Tampouco deve ser considerada como um conceito
meramente negativo, embora seja perfeitamente verdadeiro que não
podemos formar uma idéia positiva da infinidade. É uma realidade
em Deus e só por Ele compreendida plenamente. Distinguimos vários
aspectos da infinidade de Deus.

1. SUA PERFEIÇÃO ABSOLUTA. Esta é a infinidade do Ser Divino


considerada em si mesma. Não deve ser considerada num sentido
quantitativo, mas qualitativo; ela qualifica todos os atributos
comunicáveis de Deus. O poder infinito não é um quantum absoluto,
mas sim, uma santidade qualitativamente livre de toda limitação ou
defeito. O mesmo se pode dizer do conhecimento infinito, da
sabedoria infinita, do amor infinito e da justiça infinita. Diz o dr. Orr:
“Talvez possamos dizer que, em última análise a infinidade de Deus
é: (a) interna e qualitativamente, ausência de toda limitação e
defeito;(b) potencialidade ilimitada”. Neste sentido da palavra, a
infinidade de Deus é simplesmente idêntica à perfeição do Seu divino
Ser. A prova bíblica disto acha-se em Jó 11.7-10; Sl 145.3; Mt 5.48.

2. SUA ETERNIDADE. A infinidade de Deus em relação ao tempo é


denominada eternidade – Sua eternidade. A forma em que a Bíblia
apresenta a eternidade de Deus é simplesmente a de duração pelos
séculos sem fim, Sl 90.2; 102.12; Ef 3.21. Devemos lembrar, porém,
que ao falar como fala, a Bíblia emprega linguagem popular, e não a
linguagem da filosofia. Geralmente pensamos na eternidade de Deus
da mesma maneira, a saber, como duração infinitamente prolongada,
para trás e para diante. Mas este é apenas um modo popular e
simbólico de representar aquilo que, na realidade, transcende o
tempo e dele difere essencialmente. A eternidade, no sentido estrito
da palavra, é adstrita àquilo que transcende todas as limitações
temporais. Que o termo se aplica a Deus nesse sentido é ao menos
ensinado em 2 Pe 3.8. “O tempo”, diz o dr. Orr, “estritamente
falando, tem relação com o mundo de objetos existentes em
sucessão. Deus preenche o tempo; Ele está em cada partícula dele;
mas a Sua eternidade , todavia, não é realmente este estar no
tempo. É antes, aquilo com o que o tempo forma um contraste”.
Nossa existência é assinalada por dias, semanas, meses e anos; não é
assim a existência de Deus. A nossa vida se divide em passado,
presente e futuro, mas não há essa divisão na vida de Deus. Ele é o
eterno “Eu Sou”. A sua eternidade pode ser definida como a
perfeição de Deus pela qual Ele é elevado. Acima de todos os limites
temporais e de toda sucessão de momentos, e tem a totalidade da
Sua existência num único presente indivisível. A relação da
eternidade com o tempo constitui um dos mais difíceis problemas da
filosofia e da teologia, talvez de impossível solução em nossa
condição atual.

3. SUA IMENSIDADE. A infinidade de Deus também pode ser vista com


referência ao espaço, sendo, então, denominada imensidade. Esta
pode ser definida como a perfeição do Ser Divino pela qual Ele
transcende todas as limitações espaciais e, contudo, está presente
em todos os pontos do espaço com todo o Seu Ser. Ela tem um lado
negativo e um lado positivo, negando todas as limitações do espaço
ao Ser Divino, e afirmando que Deus está acima do espaço e ocupa
todas as partes deste com todo o Seu Ser. As últimas palavras são
acrescentadas para evitar a idéia de que Deus se difunde pelo
espaço, como se uma parte do Seu Ser estivesse num lugar e outra
parte noutro. Distinguimos três modos de presença no espaço. Os
corpos ocupam o espaço circunscritivamente, porque são limitados
por ele; os espíritos finitos ocupam o espaço definidamente, visto
que não estão em toda parte, mas somente num dado e definido
lugar; e, em distinção de ambos estes modos, Deus ocupa o espaço
repletivamente, porque ele preenche todo o espaço. Ele não está
ausente de nenhuma parte do espaço, nem tampouco está mais
presente numa parte que noutra.

Em certo sentido, os termos “imensidade” e “onipresença”, como são


aplicados a Deus, denotam a mesma coisa e, portanto, podem ser
considerados sinônimos. Todavia, há um ponto de diferença que deve
ser observado cuidadosamente. “Imensidade” aponta para o fato de
que Deus transcende todo o espaço e não está sujeito às suas
limitações, ao passo que “onipresença” denota que, não obstante,
Ele preenche todas as partes do espaço com todo o Seu Ser. O
primeiro salienta a Transcendência, e o último, a imanência de Deus.
Deus é imanente em todas as Suas criaturas, na Sua criação inteira,
mas de modo nenhum é limitado a esta. No que diz respeito à relação
de Deus com o mundo, devemos evitar, por um lado, o erro do
panteísmo, tão característico de grande parte do pensamento atual,
com a sua negação da transcendência de Deus e a sua suposição de
que o Ser de Deus é realmente substância de todas as coisas; e, por
outro lado, o conceito deísta de que Deus está de fato de que Deus
está de fato presente na criação per potentiam (com o Seu poder),
não porém per essentiam et naturam (com a essência e natureza do
Seu Ser), e age sobre o mundo à distância. Apesar do fato de que
Deus é distinto do mundo e não pode ser identificado com ele, não
obstante está presente em cada parte da Sua criação, não
somente per potentiam, mas também per essentiam. Não significa,
porém, que ele está igualmente presente, e presente no mesmo
sentido em todas as Suas criaturas. A natureza da Sua permanência
está em harmonia com a das Suas criaturas. Ele não habita na terra
do mesmo modo como habita no céu, nem nos animais como habita
no homem, nem na criação inorgânica como na orgânica, nem dos
ímpios como nos piedosos, nem na Igreja como em Cristo. Há uma
infinda variedade nas maneiras pelas quais ele é imanente em Suas
criaturas, e na medida em que elas revelam Deus aos que têm olhos
para ver. A onipresença de Deus é revelada claramente na Escritura.
O céu e aterra não podem contê-lo, 1 Rs 8.27; Is 66.1; At 7.48, 49; e
ao mesmo tempo Ele preenche ambos e é Deus acessível, Sl 139.7-10;
Jr 23.23, 24; At 17.27, 28.

Fonte: Extraído da “Teologia Sistemática” do autor, publicada no


Brasil pela Editora Cultura Cristã. 
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