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(CONTINUAÇÃO)
Dois pontos importantes podem ser destacados no artigo 59: O primeiro ponto é
com relação a duplicidade dos espaços existentes na formação de professores,
considerando locais diferentes para a formação de professores que atuam no mesmo
grau de ensino. A lei oficializa uma abordagem diferenciada e autônoma para o ensino
médio de formação geral e para o ensino técnico, considerando como se eles não
constituíssem o mesmo nível de ensino. Sobre esse assunto, Oliveira (2013, p.85)
comenta:
Pouco a pouco, vai se consagrando a distinção entre os professores das
disciplinas técnicas e os demais e, nesse sentido, apesar de diferenças, todos
os dispositivos legais a este respeito reforçam a suposta legitimidade da
existência de dois percursos distintos de formação docente: o acadêmico e o
técnico, este de menor valia.
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desejava ensinar. Para a formação docente foi definido o mínimo de 720 horas/aula e
200 horas/aula para os instrutores.
No Art.16 deste decreto foi estabelecido que não havendo número suficiente de
professores e especialistas com formação em nível superior, a habilitação para essas
funções poderiam ser conferidas através de exame de suficiência realizado em
instituições oficiais de ensino indicadas pelo Conselho Federal de Educação.
(MACHADO,2008).O Decreto-Lei estabeleceu um prazo de cinco (05) anos para que os
docentes regularizassem tal situação. Entretanto, havia um grande descompasso entre a
realidade da época devido a carência de profissionais com nível superior e as exigências
da lei.
Para alinhar essa situação, foi criado uma fundação, a CENAFOR ou Centro
Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal para Formação Profissional, pelo Decreto-Lei
n.º 616/69, como agência executiva do Departamento de Ensino Secundário do
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Ministério da Educação (MEC). O CENAFOR era responsável pela preparação,
aperfeiçoamento, especialização e qualificação de docentes e demais profissionais da
Educação Profissional.
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A iniciação ao trabalho foi prevista na lei no seu Art. 5o, considerando-se o
primeiro e segundo graus com uma parte de formação especial de currículo que
Em 1972, foi emitido o Parecer n.º 1.073/72 que tratava do currículo mínimo
para a formação de professores. Devido a dúvidas e polêmicas relacionadas ao registro
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de professores para o ensino técnico e complementação de estudos, foram necessários
nove (09) pareceres do CFE para esclarecer e fixar normas.
Em 1982 houve uma maior flexibilização da Resolução CFE n.º 3/77. Os seus
artigos 1º e 2º foram alterados devido a outra Resolução do CFE n.º 7/82 que permitiu
que fosse opcional a formação de professores da Parte de Formação Especial do
Currículo de Ensino de 2º Grau, através dos Esquemas I e II ou pela licenciatura plena.
Com esta medida, foi abolido o prazo de três (03) anos que era previsto para os cursos
emergenciais. Todas as normas sobre a organização e o funcionamento desses cursos
foram então definidas pela Portaria do MEC n.º 299/82 e pelo CFE através da Indicação
n.º 2/82. Ainda no ano de 1982 foi editada a Lei n.º 7.044/82 que efetivou a educação
profissional como facultativa para o ensino de segundo grau. Desta forma, a formação
profissional ficou delimitada às instituições especializadas.
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específicas do 2º grau foi também objeto de um outro grupo de trabalho, a Comissão
Especial Interconselhos que agregava o CFE e o Conselho de Mão de Obra do
Ministério do Trabalho, que elaborou o Parecer n.º 632/89. Em 1991, surgiu o Parecer
n.º 31/91 que teve na sua essência fazer uma revisão da legislação existente, ampliando
a flexibilidade e a conciliabilidade de tudo o que já houvera sido produzido na
jurisprudência relacionada à essa formação de professores. Porém, o resultado desse
trabalho não apresentou nenhuma orientação inédita ao status quo já existente.
Art. 62-A. A formação dos profissionais a que se refere o inciso III do art.
61 far-se-á por meio de cursos de conteúdo técnico-pedagógico, em nível
médio ou superior, incluindo habilitações tecnológicas. (Incluído pela Lei
nº 12.796, de 2013)
Parágrafo único. Garantir-se-á formação continuada para os profissionais
a que se refere o caput, no local de trabalho ou em instituições de educação
básica e superior, incluindo cursos de educação profissional, cursos
superiores de graduação plena ou tecnológicos e de pós-graduação.
(Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
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O Decreto n.º 2.208 de 1997 normalizou a educação profissional, dividindo-a em
três níveis:
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Art. 1o A educação profissional, prevista no art. 39 da Lei no 9.394, de 20 de
dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional),
observadas as diretrizes curriculares nacionais definidas pelo Conselho
Nacional de Educação, será desenvolvida por meio de cursos e programas de:
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Esses cursos proporcionavam à habilitação que o professor pretendia lecionar,
destacando a metodologia de ensino relacionada a ela e fornecia certificado e registro
profissional correspondente à licenciatura plena. O descaso com a formação pedagógica
dos docentes para a educação profissional se destaca ainda mais com relação à carga
horária desses programas: toda a carga horária, incluindo a parte teórica e prática, era de
540 horas, sendo 240 de teoria e 300 horas de prática. A parte teórica também poderia
ser ministrada na modalidade à distância. Isto corrobora o que já havia sido dito
anteriormente sobre o desprestígio da formação teórica e prática dos professores da
educação profissional. A Resolução CNE n.º 2/97 instituiu um prazo de cinco (05) anos
para uma avaliação por parte do CNE sobre essa política educacional.
O CNE não conseguiu atender este prazo e nem fez qualquer avaliação sobre o
assunto. Essa resolução mostra o imediatismo de uma formação de professores em
programas de natureza emergenciais para atender a demanda de um mercado voltado
exclusivamente para a operacionalização de uma mão de obra técnica e desprovida de
qualquer criticidade da sua função social do trabalho.
Devido a Resolução CNE n.º 2/97 não ter sido cumprida. o CNE foi alvo de
vários questionamentos, dentre eles, os do Poder Judiciário. Para responder a estas
indagações do Judiciário e justificar a sua posição, o CNE emitiu alguns pareceres:
CNE/CP n.º108/99; Parecer CNE/CEB n.º 25/00; Parecer CNE/CES n.º364/00; Parecer
CNE/CES n.º1.069/00; Parecer CNE/CES n.º678/01; Parecer CNE/CP n.º 25/01;
Parecer CNE/CP n.º 25/02; e Parecer CNE/CEB n.º 37/02. O Parecer CNE/CEB
n.º37/02 reconheceu a falta de uma regulamentação que atendesse as necessidades
típicas da educação profissional. Outrossim, destacou duas causas que poderiam ser a
espinha dorsal para a não implantação de uma licenciatura voltada exclusivamente para
a educação profissional: o grande número de atividades produtivas relacionadas a
diversos setores da economiacom assuas contínuas mudanças tecnológicase as
dificuldades de se conseguir recursos públicos e privadospara a criação dessa
licenciatura.
A partir de 2003, com a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, houve
uma recuperação dos investimentos e intentos em benefício das instituições federais de
ensino. Em 2004, foi extinto o Decreto n.º 2.208/97 e em 2005foi promulgada a Lei n.º
11.195/05 que foi o marco para a expansão da Rede Federal de Educação Profissional e
Tecnológica do País, que havia passado em governos anteriores por uma paralisação de
recursos e investimentos na educação pública federal devido a visão neoliberal da
privatização do ensino.
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Em decorrência desses ajustes, foram deliberadas novas diretrizes curriculares
nacionais para a educação profissional técnica de nível médio, através da Resolução
CNE/CEB n.º 6/12, com base no Parecer CNE/CEB n.º1/12.
Com relação a formação docente, a Resolução CNE/CEB n.º 6/12, no seu art.
40, determina que:
Art. 40 A formação inicial para a docência na Educação Profissional Técnica de Nível
Médio realiza-se em cursos de graduação e programas de licenciatura ou outras formas,
em consonância com a legislação e com normas específicas definidas pelo Conselho
Nacional de Educação. § 1º Os sistemas de ensino devem viabilizar a formação a que se
refere o caput deste artigo, podendo ser organizada em cooperação com o Ministério da
Educação e instituições de Educação Superior. § 2º Aos professores graduados, não
licenciados, em efetivo exercício na profissão docente ou aprovados em concurso
público, é assegurado o direito de participar ou ter reconhecidos seus saberes
profissionais em processos destinados à formação pedagógica ou à certificação da
experiência docente, podendo ser considerado equivalente às licenciaturas: I -
excepcionalmente, na forma de pós-graduação lato sensu, de caráter pedagógico, sendo
o trabalho de conclusão de curso, preferencialmente, projeto de intervenção relativo à
prática docente; II - excepcionalmente, na forma de reconhecimento total ou parcial dos
saberes profissionais de docentes, com mais de 10 (dez) anos de efetivo exercício como
professores da Educação Profissional, no âmbito da Rede CERTIFIC; III - na forma de
uma segunda licenciatura, diversa da sua graduação original, a qual o habilitará ao
exercício docente. § 3º O prazo para o cumprimento da excepcionalidade prevista nos
incisos I e II do § 2º deste artigo para a formação pedagógica dos docentes em efetivo
exercício da profissão, encerrar-se-á no ano de 2020. § 4º A formação inicial não esgota
as possibilidades de qualificação profissional e desenvolvimento dos professores da
Educação Profissional Técnica de Nível Médio, cabendo aos sistemas e às instituições
de ensino a organização e viabilização de ações destinadas à formação continuada de
professores. (Portal do MEC ,2012)
Em 25 de junho de 2014 foi sancionada a Lei n.º 13.005, que aprovou o novo
Plano Nacional de Educação (PNE) com vinte metas e estratégias de implementação a
cumprircom vigência por dez anos, ou seja, até 2024. Uma das diretrizes desse PNE é a
valorização dos (as) profissionais da educação. Com relação as estratégias, podemos
destacar:
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escolares que organizem, de maneira flexível e diversificada, conteúdos
obrigatórios e eletivos articulados em dimensões como ciência, trabalho,
linguagens, tecnologia, cultura e esporte, garantindo-se a aquisição de
equipamentos e laboratórios, a produção de material didático específico,
a formação continuada de professores e a articulação com instituições
acadêmicas, esportivas e culturais;
desenvolver modelos de formação docente para a educação profissional
que valorizem a experiência prática, por meio da oferta, nas redes federal
e estaduais de educação profissional, de cursos voltados à
complementação e certificação didático-pedagógica de profissionais
experientes., Baseado em tudo o que foi apresentado no arcabouço legal,
entendemos que é primordial que haja uma política do MEC para a
educação profissional e que a formação de docentes seja reconhecida
como um dos objetivos constantes a alcançar para a melhoria da
educação como um todo e não considerando a formação docente para a
educação profissional como algo “especial” que deve ter um prazo
determinado como um curso de extensão de curta duração .É preciso
muito mais do que apenas o domínio dos conteúdos da técnica para que
se consiga exercer o magistério de forma integral voltado para o
desenvolvimento do ensino-aprendizagem.
orientar a expansão da oferta de educação de jovens e adultos articulada
à educação profissional, de modo a atender às pessoas privadas de
liberdade nos estabelecimentos penais, assegurando-se formação
específica dos professores e das professoras e implementação de
diretrizes nacionais em regime de colaboração;
desenvolver modelos de formação docente para a educação profissional
que valorizem a experiência prática, por meio da oferta, nas redes federal
e estaduais de educação profissional, de cursos voltados à
complementação e certificação didático-pedagógica de profissionais
experientes. (BRASIL, 2014).
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Baseado em tudo o que foi apresentado no arcabouço legal, entendemos que é
primordial que haja uma política do MEC para a educação profissional e que a formação
de docentes seja reconhecida como um dos objetivos constantes a alcançar para a
melhoria da educação como um todo e não considerando a formação docente para a
educação profissional como algo “especial” que deve ter um prazo determinado como
um curso de extensão de curta duração .É preciso muito mais do que apenas o domínio
dos conteúdos da técnica para que se consiga exercer o magistério de forma integral
voltado para o desenvolvimento do ensino-aprendizagem.
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