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nente curricular, embora na área de Linguagens e suas Tecnologias exis-

tam objetivos de aprendizagem contendo objetos de conhecimento de


Língua Portuguesa interdisciplinares com os demais componentes curri-
culares da área.
Para contemplar a formação integral dos estudantes do Ensino Médio, o
Currículo em Movimento vislumbra uma atuação interdisciplinar, integra-
da, coordenada e colaborativa dos seguintes componentes curriculares:

LÍNGUA PORTUGUESA

A estruturação curricular, em particular quanto ao ensino da Língua Por-


tuguesa, implica determinar um conjunto de habilidades que consiste em
objetivos de aprendizagem que procuram proporcionar aos estudantes
uma formação voltada para as interações de conhecimento. Existe a ne-
cessidade de se construir relações de sentidos, seja pela aquisição dos
mecanismos linguísticos, pela leitura e produção textual ou pelo enrique-
cimento cultural contido nas artes literárias e nos mais diversos gêneros
textuais, como: verbetes enciclopédicos, dicionários, textos jurídicos, re-
portagens, notícias, podcasts, documentários.
De acordo com a BNCC, o processo de ensino e aprendizagem em Língua
Portuguesa necessita de práticas de linguagem, ou seja, leitura, produção
de textos, oralidade e análise linguística/semiótica, cuja função é consoli-
dar e complexificar as habilidades oriundas do Ensino Fundamental rela-
tivas à análise, síntese, compreensão dos efeitos de sentido e apreciação
e réplica (BRASIL, 2018a). Dessa forma, a proposta curricular de Língua
Portuguesa no Ensino Médio traz, além da divisão das seis unidades te-
máticas, o enfoque nas práticas de linguagens contidas em todas as uni-
dades, propiciando uma formação integral quanto à educação linguísti-
ca na contemporaneidade como aquela que possa trazer aos estudantes
projetos de futuro em três dimensões: a diversidade produtiva, o pluralis-
mo cívico e as identidades multifacetadas (ROJO, 2013).
Dentro do aspecto linguístico, o ensino de língua “corresponde ao saber in-
tuitivo que todo falante tem de sua própria língua, a qual tem sido chamada
de ‘gramática internalizada’” (ANTUNES, 2007, p. 25). Não se pode, pois, rea-
lizar um encurtamento da língua, desencadeando um preconceito linguístico
ainda tão enraizado na cultura brasileira (FARACO, 2008). A tarefa da escola
encontra-se justamente na facilitação da incorporação do repertório linguísti-
co aos estudantes, a partir de recursos e práticas comunicativas que lhes per-
mitam empregar com segurança os estilos monitorados da língua, que exi-
gem mais atenção e maior grau de planejamento (BORTONI-RICARDO, 2005).
Dessa forma, o ensino das regras gramaticais deve ser voltado também
ao uso, para que os falantes consigam elaborar as construções linguísticas
nas diversas ocasiões em que tal uso é requerido, quer seja oral ou escrito.
A gramática, nesses moldes, deixa de ser estática e passa a ser vista como
funcional, significativa, discursiva e flexível, portanto passível de mudanças e
reconhecimento de falares de quaisquer naturezas, as variações linguísticas.
Cabe ao professor de Língua Portuguesa trabalhar não apenas os dita-

CURRÍCULO EM MOVIMENTO
50 DO NOVO ENSINO MÉDIO
mes gramaticais, mas facilitar a inserção dos estudantes na vivência co-
tidiana dos processos comunicativos, multiculturais e multissemióticos.
Nesse sentido, o emprego dos recursos fonéticos, morfo-lexicais e mor-
fossintáticos encontra-se nas mais diversas formas de interação comuni-
cativa, seja em textos literários ou não literários, tendo como base os dife-
rentes gêneros textuais presentes na atualidade (MARCUSCHI; DIONISIO,
2007).
Em uma sociedade do conhecimento, em que há uma multiplicidade de
informações disponíveis aos leitores, os textos multissemióticos podem ser
representados imageticamente. A informação não está contida apenas no
texto verbal, mas em todos os recursos visuais e sonoros que os auxiliam na
leitura, na compreensão dos gêneros textuais, no planejamento e na poste-
rior produção. Ademais, diante da profusão de plataformas informacionais
contidas na internet, que vão para além da TV e do rádio, faz-se necessário
um aprofundamento do conhecimento crítico acerca dos gêneros multimi-
diáticos, com o objetivo de explorar gêneros discursivos e dimensionar o
ensino dentro de uma variedade de textos contemporâneos.
Sob a perspectiva de uma sociedade heterogênea, os conflitos surgem
devido ao fato de que tanto a escola quanto a sociedade procuram pa-
dronizar a cultura. Assim, a abordagem do multiculturalismo, contido nos
objetivos de aprendizagem deste Currículo, procura dirimir as consequ-
ências negativas dessa padronização e promover as experiências exitosas
da pluralidade cultural.
O ato de ler e escrever está entrelaçado a distintas modalidades de
linguagem além da escrita, como a imagem, a fala e a música. Os mul-
tiletramentos, assim, refletem sobre as mudanças sociais e tecnológicas
verificadas na sociedade atual. A escola deve procurar diversificar os mo-
dos como as informações e os conhecimentos são disponibilizados, além
de incentivar um planejamento para a leitura e produção dentro dessa
perspectiva multiletrada, multissemiótica e multimodal (ROJO; MOURA,
2012). O desenvolvimento de linguagens híbridas envolve, dessa forma,
desafios para os leitores e para os agentes que trabalham com a Língua.
O conhecimento crítico e consciente da língua não é sinônimo de sucesso
educacional. É necessária, também, uma abordagem das habilidades com
foco na educação das emoções, ou seja, a promoção de um pensamento
autônomo dos estudantes e suas potencialidades, no intuito de promover
o desenvolvimento de competências cognitivas e socioemocionais. A aqui-
sição do conhecimento linguístico, sem apontar aonde se quer chegar, não
é suficiente para o estudante atual. Os estudantes possuem biografias dis-
tintas e, além de todas as informações que eles consomem diariamente, os
rumos de suas vidas são cada vez mais variados. Pensar no futuro tornou-se
tão importante quanto pensar no aprendizado diário para uma formação
mais crítica e consciente do indivíduo (BRASIL, 2018a).
Espera-se, assim, que a comunidade escolar envolvida no processo de
ensino e aprendizagem visualize a Língua Portuguesa como um meio para
o ensino e o aperfeiçoamento no uso da língua em âmbitos variados: na
vida cotidiana; no projeto de vida; no protagonismo; nos cenários cultural,
social e ambiental; na arte e literatura; e em e para os Direitos Humanos.
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EDUCAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL 51

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