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ESCOLA DE ENGENHARIA
Belo Horizonte
2015
Israel Rodrigues Teixeira
Belo Horizonte
2015
SUMÁRIO
RESUMO ................................................................................................................................... 4
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 5
Figura 1: Desmonte mecânico por meio da divisão dos maciços rochosos a partir da inserção
de cunhas. ................................................................................................................................... 7
Figura 3: Operário realizando a carga de furos dispostos em linha reta para posterior detonação
e divisão de blocos a partir do plano de carga. A seta na figura, indica a linha sobre cuja a qual
os furos foram dispostos. ............................................................................................................ 9
Figura 7: Bloco separado por utilização de agentes auto expansivos. Percebe-se a presença de
resíduos brancos, formados pela argamassa, nas calhas dos furos. .......................................... 12
Figura 8: Esquema ilustrativo da utilização da técnica de corte por fio helicoidal. ................. 13
Figura 10: Cortadores a corrente, sendo o da esquerda constituído por uma corrente diamantada.
.................................................................................................................................................. 15
Figura 11: Detalhe do trabalho de equipamento composto por fios diamantados em sua
utilização no préacabamento de rochas graníticas. ................................................................... 16
Figura 13: Constituição do fio diamantado com separação à mola e com montagem simétrica.
.................................................................................................................................................. 21
Figura 19: Cabos de revestimento: (A) - por molas; (B) - vulcanizados; (C) - plastificados. .. 26
Figura 22: Esquematização dos componentes do ciclo operacional de corte a fio diamantado.
.................................................................................................................................................. 30
Figura 24: Introdução do fio diamantado com auxílio de um fio de nylon e ar comprimido... 31
Figura 27: Circulação inicial do fio para prevenir rupturas por travamento. ........................... 32
Figura 28: Exemplos esquemático (esquerda) e real (direita) da metodologia aplicada na lavra
de rochas ornamentais (granítica, no exemplo). Nota-se a aplicação do corte a fio diamantado
como método de obtenção primária de blocos rochosos a serem trabalhados. ........................ 33
Figura 36: Esquema ilustrativo de um corte vertical, mostrando o ângulo de abertura α, mantido
desejavelmente elevado com a inserção da polia na parte superior do bloco........................... 40
Figura 40: Diminuição da distância entre as pérolas, provocada pelo superaquecimento do fio.
.................................................................................................................................................. 43
iii
LISTA DE TABELAS
Tabela 4: Frequência de disposição das pérolas ao longo do cabo de aço guia. ...................... 22
4
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
A economia mineral brasileira, assim como a de diversos países, conta com uma robusta
cadeia produtiva de rochas ornamentais. Segundo o Departamento Nacional de Produção
Mineral (DNPM), em sua publicação do Sumário Mineral de 2014, a produção mundial de
rochas ornamentais atingiu, em 2013, um montante de 123,5 Mt. Desse total, o Brasil contribuiu
com uma produção de 8,4%. O crescimento da produção brasileira de rochas ornamentais
aumentou cerca de 400%, em um período de aproximadamente 20 anos, sendo o crescimento
da produção mundial neste mesmo período estipulado em 270%.
Produção (10³ t)
País %
2011 2012 2013
[2014/2013]
Brasil 9.000 9.300 10.500 8,4
China 33.000 36.000 38.000 30,5
Índia 13.250 14.000 17.500 14,0
Turquia 10.000 10.600 11.500 9,2
Irã 8.500 8.500 7.000 5,6
Itália 7.800 7.500 7.250 5,8
Espanha 5.750 5.500 5.250 4,2
Egito 3.500 3.500 3.000 2,4
Portugal 2.750 2.750 2.750 2,2
Outros 18.050 18.650 21.950 17,6
TOTAL 111.600 116.300 124.700 100,0
Tendo em vista a necessidade de produzir cada vez mais, com a maior qualidade
possível, tem-se observado uma melhora progressiva na lavra, em especial nas técnicas de corte.
Dentre as técnicas aprimoradas encontra-se a de corte por fio diamantado (REGADAS, I. C. M.
C, 2006).
Vale a pena ressaltar que, apesar do ganho tecnológico, a qualidade de corte não
melhorou na mesma proporção. Esse fato pode ser relacionado à ineficiência de treinamento de
pessoal, o que, inevitavelmente, influencia tanto na produtividade quanto na qualidade.
Como toda tecnologia existente o emprego do corte nesses moldes tem, também, alguns
aspectos negativos, os quais, por vezes, inviabilizam seu uso ao levarmos em conta as
características inerentes à indústria extrativa brasileira. Os custos dos equipamentos e insumos
para o corte a fio diamantado são elevados para empresas pequenas. Além disso, se observa
muitos problemas advindos da má utilização do equipamento o que acaba por neutralizar os
ganhos em produtividade, os quais, por si só, deixariam o custo marginal de produção menor.
7
Figura 1: Desmonte mecânico por meio da divisão dos maciços rochosos a partir da inserção de cunhas.
Fonte: REGADAS, 2006.
A primeira grande evolução observada foi introduzida com o advento dos explosivos,
os quais eram inseridos nas falhas e fraturas dos maciços rochosos, gerando blocos passíveis de
movimentação após serem detonados.
Com relação ás técnicas de corte de rochas ornamentais, existem dois grandes campos
a serem discriminados: as tecnologias cíclicas e as de corte contínuo. As tecnologias de corte
contínuo são tecnologias de vanguarda, incorporando técnicas modernas e que buscam a
maximização da eficiência das operações.
Como em qualquer método produtivo, por ser uma técnica extremamente flexível e com
baixa padronização, é utilizada em maior escala em pedreiras de porte pequeno a médio.
Figura 3: Operário realizando a carga de furos dispostos em linha reta para posterior detonação e divisão de blocos
a partir do plano de carga. A seta na figura, indica a linha sobre cuja a qual os furos foram dispostos.
Fonte: REGADAS, 2006 – adaptado.
10
A técnica consiste em realizar uma série de furos por perfuração justaposta, de modo a
obter um plano de ruptura consistente com o plano de interseção de tais furos. Um exemplo de
sequenciamento operacional consiste em realizar uma série de furos de 2,5” de diâmetro, com
posterior justaposição de furos de 3,0” de diâmetro. Tais furos secundários são posicionados
nos “vazios” observados entre os furos iniciais.
Após a perfuração, os furos são preenchidos com espécie de argamassa auto expansiva,
a qual, ao aumentar de volume, rompe a compacidade da rocha e a divide. A divisão feita por
esse método, além de ter um menor custo produtivo, permite uma maior recuperação do maciço
rochoso, pois mantém de forma mais desejável as características da rocha no plano de
faturamento.
12
Figura 6: Corte de granito através de argamassa expansiva. Na visão apresentada, observa-se os furos nos quais a
argamassa será inserida.
Fonte: MENEZES, 2005
Figura 7: Bloco separado por utilização de agentes auto expansivos. Percebe-se a presença de resíduos brancos,
formados pela argamassa, nas calhas dos furos.
Fonte: CPRM, 2013.
É classificada como contínua, a técnica de corte cuja qual é executada em uma única
operação. Ou seja, não há o desenvolvimento de técnicas combinadas complementares,
alternadas ou não. (MENEZES, 2005).
13
Em uma definição mais simplista, classifica-se uma operação de corte como contínua
quando não verifica-se o emprego predominante de perfuração e/ou explosivos em suas
operações. (ALENCAR, 1996).
O fio helicoidal utilizado na lavra de rochas ornamentais é composto por três filamentos
de aço, geralmente com diâmetros variando de 3,0 mm a 5,0 mm, entrelaçados de modo a
formar uma espécie de hélice. O mecanismo de corte consiste em tracionar o fio sobre a
superfície da rocha, sendo que junto do fio que se movimenta, uma lama abrasiva é adicionada,
aumentando a efetividade da operação. Todo o processo é executado em circuito fechado, com
acionamento a motor e utilização de um sistema de roldanas.
Por sua inerente limitação, tal técnica está sendo rapidamente substituída pela utilização
de fio diamantado. Hoje em dia sua aplicação é quase que totalmente restrita no corte de
volumes primários de mármores em lavras nordestinas, sendo que, mesmo em tais localidades,
a tendência é que caia em desuso.
2.1.2.2. Jet-Flame
O corte por Jet-Flame é realizado através de uma lança contendo em sua ponta um
maçarico robusto, o qual gera uma chama de temperatura consideravelmente alta. A incidência
da chama sobre a rocha, a qual preferencialmente deve ser homogênea e silicatada, faz com que
os minerais se dilatem de forma diferenciada. Essa dilatação diferencial segrega os minerais,
principalmente o quartzo e demais silicatos, de forma a expulsa-los sob forma de areia. O
método é aplicável pelo fato dos diversos minerais terem diferentes coeficientes de dilatação
térmica.
As dimensões ideais da fenda a ser trabalhada com o maçarico são de 0,10 m a 0,20 m
de largura, com uma profundidade de até 6 m.
Em sua aplicação em rochas menos resistentes a corrente é feita por dentes de uma liga
metálica dura, sendo que a mesma é diamantada com intuito de uso em rochas mais duras. O
método tem uma importante limitação, de característica dimensional: o comprimento do braço,
o qual representa uma limitação da profundidade do corte realizado.
Figura 10: Cortadores a corrente, sendo o da esquerda constituído por uma corrente diamantada.
Fonte: REGADAS, 2006 – adaptado.
Essa técnica consiste em cortar a rocha utilizando-se um ou mais jatos de água à alta
pressão. O corte é realizado pois as partículas encontradas nas imediações das
microdescontinuidades da rocha são segregadas das demais por meio de arraste mecânico.
Como o processo de corte se dá por arraste mecânico seletivo, as superfícies criadas são
rugosas, porém satisfatoriamente regulares. Os parâmetros importantes do equipamento dizem
respeito, principalmente, à pressão e vazão empregadas, além das características geométricas
da haste e bico utilizados. Desta forma, com a adequação dos parâmetros ao tipo de rocha, pode-
se obter uma espessura de corte que varia geralmente de 20 mm a 50 mm.
16
A técnica de corte a fio diamantado, alvo deste trabalho, é a mais utilizada atualmente.
O fio, é composto por um cabo de aço inox flexível, formado por fios torcidos sobre o qual são
acopladas pérolas diamantadas.
O assunto será abordado de forma mais profundo no prosseguir do texto, mas, em caráter
introdutório, pode-se resumir a técnica como versátil, inovadora e promissora. O fio diamantado
pode ser utilizado em cortes verticais e horizontais, em bancadas ou no esquadrejamento após
o desmonte.
Figura 11: Detalhe do trabalho de equipamento composto por fios diamantados em sua utilização no
préacabamento de rochas graníticas.
Fonte: DIAMANT BOART, 2008.
17
A escolha da técnica mais viável de desmonte de rochas a ser escolhida, assim como das
tecnologias de corte que a baliza, deve levar em conta parâmetros morfológicos, geológicos,
geométricos, de disponibilidade de insumos em geral e relacionados aos custos da operação.
Tabela 2: Comparação técnico-econômica entre algumas tecnologias existentes para a lavra de mármore.
Modalidade Operacional e Parâmetros Técnicos
Prestação EXPL FH FD CC PC CMH
Velocidade de Corte (m²/h) - 2-3 10-12 5-7 - -
Largura do Corte (mm) - 9-10 11-12 40-50 - -
Rugosidade (cm) 5-8 1-2 2-4 0-1 2-3 4-8
Espessura da Zona de 10-15 - - - - -
Desperdício (cm)
Dedução Comercial (cm) 15-23 1-2 2-4 0-1 2-3 4-8
Custos de Corte Unitário 20-25 30-40 18-24 23-32 28-38 19-24
(US$/m²)
Valor Perdido de 200 30-46 2-4 4-8 0-2 4-6 8-16
acordo com a 400 60-92 4-8 8-16 0-4 8-12 16-32
qualidade da rocha 800 120-184 8-16 16-32 0-8 16-24 32-64
(US$/m³) [*]
Fonte: REGADAS, 2006.
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Tabela 3: Comparação técnico-econômica entre algumas tecnologias existentes para a lavra de granito.
Modalidade Operacional e Parâmetros Técnicos
Prestação EXPL FH FD CC PC CMH
Velocidade de Corte (m²/h) - 1-2 3-4 1-3 - -
Largura do Corte (mm) - 80-100 11-12 30-50 - -
Rugosidade (cm) 5-8 4-6 2-4 1-2 2-3 4-8
Espessura da Zona de 5-10 10-20 - - - -
Desperdício (cm)
Dedução Comercial (cm) 10-18 14-26 2-4 1-2 2-3 4-8
Custos de Corte Unitário 23-30 75-90 60-90 35-60 35-40 25-31
(US$/m²)
Valor Perdido de 200 20-36 28-52 4-8 2-4 4-6 8-16
acordo com a 400 40-72 52-104 8-16 4-8 8-12 16-32
qualidade da rocha 800 80-144 104-208 16-32 8-16 16-24 32-64
(US$/m³) [*]
Fonte: REGADAS, 2006
A partir de uma análise de parâmetros comparativos tais quais aos apresentados pode-
se gerar bom embasamento teórico à escolha da técnica a ser utilizada na lavra. Vale ressaltar
que a percepção após rápida pesquisa sobre o tema direciona a se pensar que tal análise não é
estática e muito menos uma fórmula mágica. A dinamicidade inerente às operações mineiras
deve ser levada em conta, de modo a adequar a escolha da maneira mais viável possível.
19
Observa-se que o corte produzido por um sistema de desgaste a dois corpos gera
superfícies mais lisas e “controladas”. Em um desgaste a dois corpos, o elemento cortante
encontra-se fixado, o que pode explicar esse maior controle de corte. A diferença entre os
aspectos das superfícies formadas por esses dois tipos de desgaste pode ser avaliada pela
parametrização de suas rugosidades. A rugosidade obtida no desgaste a dois corpos varia de 1/5
a 1/10 da rugosidade relacionada ao desgaste a três corpos.
Uma outra característica passível de categorização para o desgaste abrasivo diz respeito
ao carregamento que o sistema de corte proporciona. A abrasão, nesta ótica, pode ser por
riscamento ou goivamento.
Na abrasão por riscamento a tensão do sistema é baixa. Desta forma não ocorre a
fragmentação do abrasivo, sendo o corte obtido basicamente pela velocidade relativa entre os
20
4.1. Abrasivos
Um abrasivo nada mais é que um material capaz de arrancar partículas de outro material
por atrito, causando um, relativamente, rápido e eficiente desgaste no material alvo da abrasão.
Estrutura do material;
Dureza do material;
Comportamento mecânico;
Forma do grão;
Distribuição granulométrica;
Uma forma de tentar equacionar tais fatores foi introduzida por AGUS et al. (1966):
𝑃𝐴𝑏𝑟 = 𝐻𝑝 . 𝑆. 𝜌𝑝 . 𝑑𝑝 . 𝑚𝐴
onde:
S: Forma da partícula;
Figura 13: Constituição do fio diamantado com separação à mola e com montagem simétrica.
Fonte: DIAMANT-BOART, 2008.
As figuras acima são exemplos dos dois tipos de fios diamantados mencionados, sendo
o da Figura 13 o utilizado em corte de materiais menos resistentes como o mármore, e o da
Figura 14 o utilizado em corte de rochas silicatadas como o granito.
O revestimento do cabo e separação das pérolas pode ser feito conforme dois tipos de
montagem: montagem por mola ou por injeção de polímero. Como já discutido, a diferença
decorre do material no qual de utilizará o abrasivo.
As pérolas são formadas por um anel de aço que suporta uma “pasta” diamantada,
composta por uma liga metálica e por grãos de diamante. As pérolas diamantadas são os
componentes do fio cujas quais tem a capacidade de corte e, portanto, são de extrema
importância a esse sistema de corte.
Durante o trabalho o diâmetro das pérolas diminui, sendo que sua perda de função crítica
acontece quando o anel interno de aço é atingido. Ao atingir tal diâmetro, a troca do fio se faz
necessária, para que custos indesejados e baixa produtividade não sejam verificados.
De acordo com o tipo de rocha a ser cortado, necessita-se de uma pérola de maior ou
menor qualidade e eficiência. Para isso deve-se observar, entre outros, parâmetros tais como a
forma de concreção e o tamanho dos diamantes utilizados. A retenção dos diamantes na pérola
23
é feita pela utilização de ligantes, os quais podem possuir diferentes características, também de
acordo com o material a ser cortado.
A pasta diamantada pode ser depositada nos anéis de suporte de duas formas: por
eletrodeposição ou por sinterização.
A pasta diamantada é depositada nos suportes anelares de aço por meio de eletrólise. O
processo consiste em submeter os suportes a banhos galvânicos, de forma que grãos de
aproximadamente 0,30 a 0,40 quilates depositam-se sobre eles. As características notáveis dos
materiais fabricados dessa maneira são sua alta robustez, sua boa capacidade de corte no
arranque e a possibilidade de operarem em uma alta velocidade de corte.
O cabo formado por pérolas eletrodepositadas é o mais indicado para cortes realizados
em rochas de baixa dureza. Os diamantes se dispõe de forma mais protuberantes, viabilizando
um corte eficaz, mesmo a pérola se desgastando com mais facilidade. A velocidade de corte é
afetada com o tempo, muito devido ao desgaste das protuberâncias dos grãos de diamantes.
Uma vantagem dos fios perolizados por eletrodeposição é a possibilidade de serem acionados
por máquinas de baixas potência e de necessitarem de uma refrigeração reduzida, o que reduz
os custos operacionais e de investimento em equipamentos.
24
O processo de deposição por sinterização foi concebido como uma forma mais
abrangente de agente cortante. Os fios constituídos por pérolas formadas de tal maneira são
utilizados também em rochas mais duras e abrasivas, e são considerados fios de “longa
duração”, a qual, obviamente, depende da forma com que a operação prossegue.
No esquema acima é importante observar que as linhas pontilhadas, nos últimos quadros
relacionados as pérolas eletrodepositadas, indicam a inexistência de diamantes na pérola. Tal
constatação confirma a menor vida útil de formadas por pérolas do tipo.
O tipo de fio diamantado varia com sua aplicação, ou seja, varia de acordo com o
material que se deseja cortar e com a etapa que se encontra no processo de aproveitamento do
bem mineral (por exemplo se é destinado ao uso em pedreiras ou em serrarias). Respeitando
26
tais parâmetros, um fio diamantado pode ser revestido por: molas, plásticos ou materiais
vulcanizados (borracha).
Figura 19: Cabos de revestimento: (A) - por molas; (B) - vulcanizados; (C) - plastificados.
Fonte: DIAMANT-BOART, 2008 – adaptado.
Inicialmente o tipo de fio empregado era apenas o com revestimento por molas. Contudo
esse sistema tinha inerentes problemas, haja vista as características das operações de lavra. Sua
vida útil era diminuída consideravelmente, uma vez que tal revestimento não protegia os cabos
das intempéries. Além disso, no emprego em rochas mais duras, o revestimento não era capaz
de proteger o cabo de maneira satisfatória da abrasão.
Os equipamentos cujos quais eram utilizados na técnica de corte com fio helicoidal
foram a base teórica para a elaboração do maquinário específico para o emprego do fio
diamantado. Atualmente existem equipamentos de grande tecnologia, operados de forma
automática através de regulação eletrônica e acionados por motores de grande potência e
eficiência.
27
De uma forma geral o maquinário conta com uma série de partes funcionais, as quais
são dispostas de maneira a otimizar a operação.
Figura 21: Controle à distância do maquinário de corte pela utilização de um Painel de Comando.
Fonte: MARINI QUARRIES GROUP.
𝑃
∆𝑇 = 𝑘 ×
𝜔
Onde:
k: Constante = 716;
𝜔
𝑉𝑝 = 𝐶𝑐𝑣 ×
𝑘
Onde:
k: Constante = 60.
• Realização de furos coplanares que determinam a superfície a ser cortada, por meio do uso de
perfuratrizaes. Segundo REGADAS, 2006; as perfuratrizes mais utilizadas são as do tipo "down-the-
Perfuração hole"
• As polias guia devem ser instaladas com alinhamento condizente ao corte a ser realizado
Polias Guia
• Usa-se um fio de nylon, transportado por ar comprimido até a saída do furo, como auxiliar para a
instalação do fio diamantado. O fio diamantado é amarrado no cordão, o qual é puxado através dos
Instalação do furos
Fio
• Aplica-se uma torção, que pode variar de 1,5 a 2,0 voltas por metro de fio, de modo a buscar o desgaste
homogêneo das pérolas diamantadas
Torção
• Deve-se fechar o círculo do fio diamantado. Para isso usa-se emendas engastadas em suas extremidades
Emenda
• A circulação inicial do fio pelo sistema maquinário-rocha é feita manualmente e tem como finalidade
Circulação previnir possíveis rupturas em caso do fio estar preso na rocha ou polias
Inicial
• Inicia-se o corte com uma baixa velocidade periférica, aumentando-a gradativamente à medida que se
forma uma calha de corte pelo arredondamento das quinas. Nesta fase inicial o fluxo de água deve ser
Início do maior que o normal
Corte
• Após a fase inicial do corte, a velocidade deve ser ajustada para a velocidade operacional linear do fio
Adequar planejada, de acordo com o tipo de material a ser cortado
Velocidade
• A água é um recurso importatne no corte. É utilizada tanto para a refrigeração do fio quanto para a
expulsão do material já desgastado e seu fornecimento deve ser feito em uma quantidade não mais e
Refrigeração nem menos que a necessária
• Paralisações periódics devem ser realizadas com o intuito de checar todo o sistema, em especial o
diâmetro das pérolas diamantadas, uma vez que esse é um parâmetro crucial para o correto
Paralisações prosseguimento do corte
• Na finalização do corte ocorre a diminuição do raio de curvatura do fio, desta forma as pérolas serão
submetidas a um stress maior o que pode vir a gerar desgastes precoces e indesejáveis. Como ação
preventiva, deve-se diminuir a velocidade de avanço do sistema e substituir o cabo utilizado até então
Finalização por um mais velho e desgastado.
Figura 22: Esquematização dos componentes do ciclo operacional de corte a fio diamantado.
Fonte: REGADAS, 2006 – adaptado.
31
Figura 24: Introdução do fio diamantado com auxílio de um fio de nylon e ar comprimido.
Figura 27: Circulação inicial do fio para prevenir rupturas por travamento.
Figura 28: Exemplos esquemático (esquerda) e real (direita) da metodologia aplicada na lavra de rochas
ornamentais (granítica, no exemplo). Nota-se a aplicação do corte a fio diamantado como método de
obtenção primária de blocos rochosos a serem trabalhados.
Fonte: MARINI QUARRIES GROUP.
34
O corte por fio diamantado consiste basicamente em puxar uma alça formada pelo fio,
que se encontra enlaçada na rocha por dois furos coplanares. Esse enlaçamento forma um
círculo fechado, onde o desenvolvimento do corte acontece. Como já discutido, o corte é
propiciado pelo movimento circular do fio e pela constante tração a que esse é submetido, tração
essa que faz com que o fio fique pressionado na superfície da rocha.
O corte vertical normal é de execução simples e, muito por isso, é largamente utilizado.
Sua aplicação é destacada em cortes laterais, sendo que o espaço requerido para o movimento
do maquinário é considerado grande.
Como observa-se na figura abaixo, é comum utilizar-se, não só neste tipo de corte mas
também nos demais, polias auxiliares. Tais polias auxiliam o corte, direcionando o fio e
mantendo o sistema mais estável e firme.
de espaço operacional ou pela existência de muitas frentes de lavra, não existe a possibilidade
de movimentar-se o maquinário paralelamente ao corte. Desta forma utiliza-se uma torre
formada duas duplas de polia, para de formar um arranjo em “L” do fio e cortar a rocha por
meio do movimento perpendicular do maquinário em relação ao sentido do desgaste e avanço
do fio.
O corte horizontal normal tem procedimento equivalente ao vertical normal. Para que o
corte se dê de forma paralela ao terreno, o volante do equipamento é rotacionado, de modo a
permitir um corte em um plano de planta. O seu desenvolvimento é efetuado por meio de
desgaste na base do maciço, muito por isso, este corte também recebe o nome de corte de
levante.
A figura abaixo representa este tipo de corte. Como mencionado, sua disposição
assemelha-se à do já apresentado para o corte vertical normal, sendo o movimento do
maquinário em sentido paralelo ao do avanço do fio diamantado.
36
O corte cego é notadamente diferente dos demais. Primeiramente, enquanto nas demais
metodologias os furos são realizados de forma a poderem ser dispostos em um mesmo plano,
no corte cego os dois furos realizados não são coplanares.
Nos dois furos verticais realizados, são introduzidas duas torres. Tais torres são
constituídas de um tubo com duas polias, uma de dimensões pequenas e a outra de dimensões
normais, dispostas, respectivamente, dentro do furo e na parte superior da torre.
A justificativa de seu emprego é, mais uma vez, o pequeno espaço de operação existente
em muitas das lavras de rochas ornamentais.
Tendo isto em mente, pode-se citar como maiores vantagens do uso da técnica:
Melhoria das condições de trabalho, haja vista que é uma atividade mais
silenciosa e geradora de menor quantidade de poeira e vibração.
Para que o sistema funcione da forma desejável é necessário tomar diversos cuidados,
considerados muitas das vezes irrisórios, mas que afetam significativamente a qualidade e
produtividade do corte. Procedimentos de fácil execução como a colocação do fio em polias e
controle correto de parâmetros operacionais (como por exemplo a velocidade), são muitas vezes
negligenciados.
O sistema dá alguns “avisos” quando não está operando da forma correta. Uma simples
análise visual de características como: ângulo de abertura entre o fio e a polia da máquina,
ovalização das pérolas, características das emendas executadas, o “efeito cometa” e a
diminuição do espaçamento entre as pérolas; podem indicar a necessidade de se modificar o
modo com que se está operando o sistema de corte.
As figuras abaixo exemplificam alguns desses sinais visuais apresentados pelo sistema
em uso não conforme. Verificando-os é recomendável que se modifique parâmetros
operacionais, para que o ótimo potencial da técnica seja totalmente explorado.
Na Figura 35 observa-se um adensamento das marcas deixadas pelo fio cortante (na
imagem disposta na esquerda). Tal adensamento é proveniente pela retirada precoce da polia
guia disposta na parte superior do bloco. Desta forma o ângulo de abertura diminui, gerando
maior atrito.
40
Figura 36: Esquema ilustrativo de um corte vertical, mostrando o ângulo de abertura α, mantido desejavelmente
elevado com a inserção da polia na parte superior do bloco.
Fonte: REGADAS, 2006.
O efeito cometa é observado quando um desgaste maior que o esperado ocorre nas
pérolas diamantadas, deixando o aspecto de seus diamantes (e imediações) parecido com o da
passagem de um cometa. Sua existência é ligada à operação do sistema em uma faixa de
velocidade abaixo da recomendada, o que faz com que o contato entre as pérolas e a rocha seja
maior (em tempo), gerando o desgaste excessivo.
O baixo fluxo de água no sistema impossibilita que a sua refrigeração seja feita de forma
adequada. Desta forma o fio diamantado se aquece excessivamente, principalmente seu
revestimento. Esse superaquecimento torna o revestimento (principalmente os plásticos) mais
compressível, provocando a diminuição do espaçamento entre as pérolas.
43
Figura 40: Diminuição da distância entre as pérolas, provocada pelo superaquecimento do fio.
Fonte: REGADAS, 2006.
44
5. CONCLUSÃO
A indústria extrativa de rochas ornamentais é hoje uma grande geradora de riquezas para
inúmeros países. A utilização de rochas ornamentais em diversos segmentos da economia tem
forte tendência de crescimento, o que viabiliza a implementação de empreendimentos mineiros
relacionados a sua explotação.
Apesar de suas diversas qualidades a técnica apresenta alguns problemas em seu uso,
principalmente no Brasil. Tais problemas advém de sua má operação, gerando características
não apetecíveis nos blocos obtidos e desgaste precoce dos componentes do fio diamantado.
Além de seus problemas relacionados à má utilização, este tipo de corte apresenta limitações
relacionadas a sua aplicabilidade (não é recomendada sua utilização em materiais muito
fraturados) e operacionalidade de maquinário (a necessidade de maquinário robusto restringe a
localidade de emprego da técnica).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS