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na Mineração
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FUNDAÇÃO ESTADUAL
DO MEIO AMBIENTE
Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
Fundação Estadual do Meio Ambiente
Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento
Gerência de Desenvolvimento e Apoio Técnico às Atividades Minerárias
Belo Horizonte
2010
Publicado pela
Fundação Estadual do Meio Ambiente/Minas Gerais
CDU: 622:504.05
Dados do Projeto
Albert Einstein
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
estéril/rejeito ............................................................................................................................................... 15
FIGURA 3 - Pequena serraria localizada na área urbana, sem nenhum controle ambiental .. 17
FIGURA 4 - Uma das principais vias de acesso ao município, com intensa presença de
serrarias........................................................................................................................................................ 18
FIGURA 5 - Depósito de rejeito utilizado pelas serrarias (sem regularização ambiental) ........... 18
FIGURA 6 - Bacia de decantação contendo material fino proveniente das serrarias .............. 19
na região .................................................................................................................................................... 47
FIGURA 40 - Fluxograma das atividades do setor como um todo, inclusive a relação entre
município .................................................................................................................................................... 71
ambientalmente ....................................................................................................................................... 39
de Papagaios ............................................................................................................................................ 40
APRESENTAÇÃO...................................................................................................................................13
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 15
PAPAGAIOS ................................................................................................................................................ 61
7.1 Estimativa da Produção de Ardósia Comercializável (Ano Base 2007 e 2008) ........ 61
9. CONCLUSÕES ..................................................................................................................................... 71
REFERÊNCIAS........................................................................................................................................75
ANEXOS.................................................................................................................................................79
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APRESENTAÇÃO
O Projeto foi realizado pela FEAM – Fundação Estadual do Meio Ambiente, através da sua
Gerência de Desenvolvimento e Apoio Técnico às Atividades Minerárias, tendo como
coordenadora e ordenadora de despesas a Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento –
DPED.
A equipe técnica responsável pela abordagem das ardósias de Papagaios foi integrada
pela bióloga Rosa Carolina Amaral, pela geóloga Daniele Tonidandel Pereira Ribeiro, pelo
engº de minas João Antônio Lisardo Dias e pelos engº civis Eloi Azalini Máximo e Andréia
Cristina Barroso Almeida, analistas ambientais da FEAM, lotados na GEDAM – Gerência de
Desenvolvimento e Apoio Técnico à Atividade Mineraria e pelos geól. Cid Chiodi Filho e
Denize Kistemann Chiodi, consultores externos da Kistemann & Chiodi Assessoria e Projetos,
que passaram a integrar a equipe em fevereiro de 2009.
1. INTRODUÇÃO
Esta região tem uma área de aproximadamente 7.000 km², constituindo a maior reserva
geológica mundial, atualmente conhecida e explorada.
A maior concentração das empresas de mineração está inserida na zona do baixo curso do
Rio Paraopeba, que nasce no município de Cristiano Otoni, situado a mais de 200 km deste
e deságua na represa de Três Marias. Este rio corta diversas áreas de mineração no
Quadrilátero Ferrífero, além de municípios com alta taxa de ocupação urbana, sobretudo
na região metropolitana de Belo Horizonte.
Segundo levantamento realizado pela prefeitura municipal, entre os meses de abril e junho
de 2007, foram identificadas 135 indústrias de beneficiamento de ardósia, divididas entre
pequenas serrarias e empresas de médio porte voltadas à exportação da rocha
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ornamental. Estima-se que são descartados cerca de 60% do material extraído, entre aparas
e peças fraturadas.
O rejeito gerado pelas serrarias vem sendo depositado há mais de 30 anos em depósito que
margeia uma estrada vicinal, distante cerca de 5km da sede do município. O serviço de
transporte é realizado por “caçambeiros” terceirizados (FIG. 5).
FIGURA 3 - Pequena serraria localizada na área urbana, sem nenhum controle ambiental
Fonte: FEAM, 2008.
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FIGURA 4 - Uma das principais vias de acesso ao município, com intensa presença de serrarias
Fonte: FEAM, 2008.
O Projeto procurou estabelecer uma interlocução direta entre os órgãos do poder público
estadual e o local, o setor produtivo e suas entidades representativas.
2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Além destes levantamentos, foram realizadas visitas técnicas aos empreendimentos, para
que fossem observados os aspectos ambientais e a influência da atividade na comunidade.
Além das ações já citadas, o Projeto Associado Ardósia também desenvolveu as seguintes
atividades:
grande depósito clandestino de estéril (FIG. 13), nas indústrias e serrarias (FIG.14), na
área de disposição do lixo urbano (controlada e licenciada) e na estação de
tratamento de esgotos (licenciada);
FIGURA 12 - Frente de lavra com armazenamento de rejeito e água de chuva estocada para
utilização no corte da rocha e taludes da lavra
Fonte: FEAM, 2008.
O acesso por asfalto pode ser feito pela rodovia BR 040, até o trevo de Sete Lagoas,
tomando o sentido de Fortuna de Minas ou pela rodovia BR 262 até Pará de Minas, seguindo
o sentido de Maravilhas (FIG. 16).
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Acesso
Distância rodoviária (km)
Município Distância
Brasília 745
Vitória 690
Fonte: Departamento
de Estradas de
Rodagem do Estado
de Minas Gerais –
DER/MG
Segundo dados do IBGE (2009), o município de Papagaios apresenta uma área de 553 km²
com 15.384 habitantes e renda per capta do PIB de R$ 8.394, destacando que o setor
mineração possui significativa contribuição, pois é a atividade mais desenvolvida.
300
244,7 244,2
250 234,0 232,4
216,8
200
R$ 1.000
150
100
32,0
50
0
2004 2005 2006 2007 2008 2009*
O relevo da região mostra superfícies tabulares e/ou superfícies de aplainamento, que são,
predominantemente, planas ou suavemente onduladas.
Na região onde Papagaios está inserido predominam os solos classificados como latossolos
vermelhos escuros distróficos, com horizonte “A” moderado e textura argilosa.
Secundariamente, aparecem os cambissolos distróficos, de horizonte “A” fraco e textura
argilosa. Estes solos tiveram sua origem principalmente devido ao clima zonal, que provocou
a laterização de rochas pré-existentes do Paleozóico. Localmente, observa-se um solo
textural de rochas do grupo Bambuí, apresentando horizonte “A” com poucos centímetros
de espessura, composição silto-argilosa, praticamente destituído de matéria orgânica e
horizonte “B” estruturalmente acamado (camadas definidas pelos estratos da rocha
alterada “in situ”).
Quanto à hidrografia, o município de Papagaios está inserido nas bacias dos rios Pará e
Paraopeba que são afluentes diretos do Rio São Francisco. Localmente, a área tem como
afluentes locais o Córrego Taquaral ou Capivara e o Ribeirão do Cedro. Esses córregos
deságuam na margem direita do Rio Paraopeba.
De acordo com Souza (1993, apud Lavrar Mineração, 2007) a região apresenta uma boa
disponibilidade hídrica superficial, com “variação intra-anual pouco intensa, com cheias e
recessões pouco pronunciadas”. Esta publicação descreve, ainda, que a pluviosidade varia
de 1000 a 1500 mm/ano e que o rendimento específico médio mensal varia de 5 a 30
l/s*km², correspondentes às contribuições unitárias mínimas e máximas com 10 anos de
recorrência. Dados da estação pluviométrica mais próxima (Santa Cruz, localizada próxima
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Informações extraídas do Projeto Alto São Francisco (CETEC, 1984) demonstram que os
aqüíferos fraturados apresentam níveis d’água geralmente entre 5 a 20 m; capacidade
específica média variando de 0,3 a 1,4 l/s*m para as rochas pelíticas e de 0,047 a 1,3 l/s*m
para as rochas carbonáticas; transmissividade de 3,55 x 10 -5 m²/s nos calcários e 2,7 x 10-5
m²/s nos metapelitos; águas bicarbonatadas cálcicas magnesianas nos calcários, com
dureza média de 250 mg/l de CaCO3, pH de 6,1 a 8,3 e condutividade elétrica variando de
70 a 1.300 μS/cm; águas bicarbonatadas cálcicas nos metapelitos, com salinidade baixa e
pH variando de 5,1 a 8,2.
Localmente, os poços tubulares apresentam vazões que variam de 2.000 l/h a 30.000 l/h e
captam águas, respectivamente, em ardósias e calcários. Nas ardósias, o nível freático
encontra-se em profundidades superiores a 20 m, sendo que nos períodos chuvosos
aparecem pequenas percolações d’água nos contatos solo/ardósia decomposta/ardósia
sã, responsável pelo surgimento de pequenas nascentes intermitentes.
No setor educacional, 60% da população têm ensino fundamental e apenas 1% tem ensino
superior.
A Fazenda Morrinhos foi doada pelo imperador D. Pedro I a um amigo caçador chamado
João Fraga. Posteriormente, essas terras foram ocupadas pelo casal Manuel e Catarina
Gonçalves Fraga, sendo esta, filha do Sr. João.
Após a morte do casal, a fazenda ficou sem donos, pois as terras não foram requisitadas.
Presume-se, portanto, que eles não deixaram descendentes.
A atividade mineraria teve seu inicio no final da década de 70, e de acordo com relatório
da Cooperativa dos Produtores e Beneficiadores da Província de Ardósia - CooperArdósia
(2007):
Nesta operação verificou-se que das 15 (quinze) empresas vistoriadas, apenas 1 (uma) era
licenciada. As demais, portanto, foram convocadas ao licenciamento ambiental. Desde
então, a equipe técnica da FEAM fiscaliza a região periodicamente, resultando num cenário
de empresas devidamente licenciadas.
Segundo dados do SIAM (2009), 16 empresas mineradoras que apresentam processos ativos
junto ao DNPM, possuem licença ambiental ou AAF – Autorização Ambiental de
Funcionamento válidas. Na TAB. 1 a seguir estão listados os principais empreendimentos
minerários da região, em processo de regularização ambiental, com os respectivos prazos
de validade.
Licenças Licenças
Empresas Negadas/Ano de Concedidas/Ano
Formalização de Formalização
Licenças Licenças
Empresas Negadas/Ano de Concedidas/Ano
Formalização de Formalização
6.1 Introdução
Além dos padrões cromáticos variados, proporcionados tanto por faces polidas quanto
naturais, as ardósias se destacam sendo utilizadas em revestimentos internos devido a sua
grande afinidade estética com madeiras, metais e tapeçarias. Somam-se a tais atributos
estéticos, a durabilidade dos revestimentos confeccionados em ardósia, bem como a
facilidade de sua manutenção e limpeza, o que lhes assegura grande confiabilidade no
mercado da construção civil.
Interferência no uso da terra, uma vez que grande parte das terras predomina a
criação de gado passa a ser utilizada pela mineração;
Segundo Grossi-Sad & Quade, 1985; Costa & Grossi-Sad , 1987; Grossi-Sad et al., 1998 apud
APL, 2006, a seqüência estratigráfica referente ao Grupo Bambuí no âmbito da denominada
“Província de Ardósia de Minas Gerais” é representada do topo para a base: Formação Três
Marias; Subgrupo Paraopeba, constituído pelas Formações Lagoa do Jacaré (siltitos-
calcários anquimetamórficos) e Santa Helena (principal responsável pelo fornecimento de
ardósias) e Formação Sete Lagoas, assentada sobre o Complexo Basal (FIG. 22).
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Quanto à tectônica da região em questão, o aspecto mais interessante que afetou o Grupo
Bambuí, no Ciclo Brasiliano é o desenvolvimento da clivagem horizontal/subhorizontal e
subparalela ao acamamento das rochas, na porção não dobrada da bacia sedimentar.
Acredita-se que esforços tangenciais podem ter se propagado através desta zona estável, a
partir das faixas móveis pericratônicas (Faixa Brasília a oeste ou Faixa Espinhaço a leste),
determinando este arranjo peculiar da “clivagem ardosiana” (por cisalhamento ou
deslizamento tangencial). Entretanto, segundo Grossi-Sad et al. (1998), uma explicação mais
plausível para o paralelismo da clivagem com a estratificação parece envolver a perda de
água, a compactação e o soterramento profundo de rochas sedimentares síltico-argilosas,
ao invés de compressão tectônica e forças tangenciais.
Segundo Grossi-Sad et al. (1998 apud APL, 2006) as ardósias do Bambuí são rochas terrígenas
de granulação fina (pelíticas), apresentando-se em cores verdes, roxas, cinza, grafite, negras
e ferrugem. Mais de 50% dos grãos constituintes têm tamanho superior a 0,06 mm, com 30%
a 60% na dimensão de argila, são fracamente metamorfizadas e desenvolvem planos
preferenciais de partição, também conhecida como “clivagem ardosiana”. Devido a esta
última propriedade, blocos/placas de ardósia podem ser “abertos” em leitos muito finos (de
poucos milímetros de espessura), de muitos decímetros quadrados (até metros quadrados) e
com superfície plana contínua (BARBOSA, 1974 apud APL, 2006).
Segundo este mesmo autor, a composição mineralógica modal (% em volume) das ardósias
da Província Ardosiana de Papagaios é descrita na TAB. 3 a seguir:
Quartzo 24 – 26 26 – 30 30 - 32
Mica Branca 31 – 33 32 - 34 34 - 36
Clorita 20 – 23 18 – 20 18 - 20
Feldspato 12 – 15 12 - 15 14 - 15
6.3 Lavra
FIGURA 23 - Região do Córrego das Pedras, maior concentração de mineração de ardósia na região
Fonte: FEAM, 2009.
O método de lavra utilizado é a céu aberto, com bancadas em circuito fechado. O sistema
de drenagem direciona as águas pluviais para o interior da cava, para futura utilização no
corte da rocha. Tal procedimento faz-se necessário uma vez que, segundo medições
realizadas no município de Papagaios, constatou-se que para produzir 1 m3 de ardósia
beneficiada, consome-se 3.800 litros de água.
Para se ter idéia do volume de estéril gerado, recorremos ao exemplo da APL de Ardósia
Papagaios: “Para uma ampliação de 5.000 m2 (100 m x 50 m), com 40 m de capeamento,
deverão ser removidos 200.000 m3 de estéril, com peso correspondente a cerca de 400.000 t
(base duas t/m3)”.
Em resumo, o fluxograma a seguir (FIG. 33), apresenta todo o processo de lavra e transporte
até a etapa de beneficiamento:
Atividade de lavra
6.4 Beneficiamento
Para o atendimento do mercado externo são exigidas estruturas industriais mais complexas,
que proporcionem melhor dimensionamento e acabamento dos produtos. Essas estruturas
envolvem linhas automáticas para preparação de ladrilhos e chapas, incorporando
cortadeiras de chapas do tipo serra - ponte, politrizes multicabeça, içadores de chapas,
calibradoras, fresas para sulcos (“groove”), encabeçadeiras e furadeiras, sempre mais
atualizados tecnologicamente. Essa tecnologia está disponível para as empresas, na forma
de máquinas, equipamentos e materiais de consumo, tanto nacionais quanto, sobretudo,
importados.
Beneficiamento
Produto
Mercado externo, principalmente
EUA, Mercado Comum Europeu
A lei estadual 18.031/2009 que dispõe sobre a Política Estadual de Resíduos Sólidos em Minas
Gerais classifica-os quanto à natureza e à origem, com vistas a atribuir responsabilidades e
dar-lhes a adequada destinação. No artigo 14, a Lei se refere aos geradores de resíduos de
atividades minerarias e industriais, atribuindo a eles (empreendedores), a responsabilidade
pelo seu gerenciamento, desde a sua geração até a destinação final, incluindo:
Atualmente, devido à presença das equipes da Feam na região a partir de 1996, um grande
avanço se observou no que tange a construção e revegetação das pilhas.
Os demais resíduos sólidos e líquidos gerados pelas empresas mineradoras, desde que
devidamente licenciadas, possuem sistemas de coleta e tratamento dos mesmos.
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Segundo o GRAF. 3 (Chiodi Filho, 2007), a produção brasileira de ardósia no ano de 2007 foi
de 900.000 mil toneladas, referente a todo material extraído e encaminhado para o
beneficiamento,enquanto que para 2008, a ABIROCHAS estimou uma produção nacional
de 800 mil toneladas.
Segundo o consultor Cid Chiod, todos os dados disponíveis sobre a produção brasileira e
mineira de ardósias foram estimados, o que também é válido para a geração de rejeitos da
lavra e resíduos do beneficiamento.
De acordo com o APL (2006), o Estado de Minas Gerais é responsável por 94% da produção
nacional de ardósia, sendo que Papagaios produz 80% do total do Estado.
Tomando-se como ponto de partida as 800 mil toneladas produzidas em 2008, que
representem a matéria-prima retirada das pedreiras para beneficiamento, ou seja, a
produção bruta de lavra de ardósia pode-se estimar os seguintes quantitativos:
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O capeamento dos bancos de ardósia comercial, formado por solo e toá (rocha alterada),
pode ser considerado como estéril da lavra. A perda registrada nos próprios bancos de
ardósia fresca ou comercial (cerca de 70%) constitui mais especificamente como rejeito da
lavra.
Assim, as 800 mil t retiradas das pedreiras geraram um rejeito de 1,87 milhões toneladas [(800
mil t ÷ 0,3) – 800 mil t] de ardósia fresca acumulada nas pilhas de bota-fora das pedreiras.
Deve-se ainda considerar que o volume físico de solo e toá retirados para o decapeamento
dos bancos de ardósia comercial equivalem, em média, ao dobro do volume desses
bancos. Assim, mesmo com densidade pouco inferior à das ardósias frescas, pode-se estimar
que em 2008 teriam sido gerados cerca de 5 milhões t de material estéril (toá e solo) nas
pedreiras brasileiras de ardósia [(800 mil t ÷ 0,3) x 2].
Sendo assim, para o ano de 2008, o índice de aproveitamento dos processos de lavra e
beneficiamento de ardósia foi de 13,6%, que representa a relação entre a produção total
após o beneficiamento (800 mil t x 0,4) e o total de rejeitos/resíduos produzidos (1,87 milhões
t + 480 mil t).
Considerando que Minas Gerais é responsável por 94% da produção brasileira de ardósia e
Papagaios por 80% da produção total de Minas Gerais, a geração de rejeitos de lavra e
resíduos de beneficiamento, em Papagaios, teria sido de aproximadamente 1,77 milhões t
{[(1,87 milhões t + 480 mil t) x 0,94] x 0,80} e teriam sido acumulados nos bota-foras das
pedreiras cerca de 3,76 milhões t de solo e toá [(5 milhões x 0,94) x 0,8].
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Dos levantamentos que quantificam os rejeitos gerados nas indústrias e pequenas serrarias,
localizadas na área urbana de Papagaios, podem-se extrair os seguintes dados:
O primeiro remete-se à APL Papagaios “... Apenas na área de acumulação dos rejeitos das
empresas de beneficiamento instaladas na zona urbana de Papagaio, estariam sendo
colocadas 250 mil toneladas/ano de cacos, cavacos, aparas e material fino (este depósito
de rejeitos localiza-se às margens da rodovia que liga Papagaio a Caetanópolis)...”.
O segundo se refere ao levantamento realizado pela Prefeitura local, no ano de 2007, que
apresenta como resultados 264.000 t/ano de rejeitos e 7.128 t/ano de pó de ardósia. A
metodologia empregada pela prefeitura consistiu na aplicação de questionário, respondido
pelos proprietários de cada uma das 135 empresas levantadas, apresentando na Figura 9.
Com base na Fig. 10, a produção total entre os anos de 1994 a 1998 foi de 122.059 t;
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122.059.814
20.527.453
17.592.396
12.684.541
14.699.177
9.793.616
9.736.682
7.835.373
No setor produtivo da ardósia, além da geração de rejeito, ainda são gerados grande
volume de estéril, solo e toá, para os quais não existem estudos sobre seu reaproveitamento.
Uma das propostas apresentada em 2005 pela Prefeitura Municipal de Papagaios, visando o
reaproveitamento dos rejeitos da ardósia, é a iniciativa da implantação do Centro Industrial
para onde será transferida grande parte das serrarias, situadas na área urbana do
município.
Com a concentração das mesmas, teremos também o acúmulo da geração dos rejeitos e
do pó de ardósia.
Quanto ao reaproveitamento dos rejeitos das ardósias, o Anexo I apresenta uma série de
artigos referentes às alternativas de utilização (APL Papagaios, 2006).
Entretanto, apesar das diversas alternativas para a devida utilização do rejeito, atualmente,
sua principal destinação continua sendo os botas-fora, situados próximos a cidade.
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9. CONCLUSÕES
Apesar dos grandes impactos ambientais gerados pelas serrarias como geração de pó de
ardósia e ruídos, há ainda uma tolerância por parte da comunidade com as empresas,
devido principalmente à importância do setor na geração de empregos e renda.
Entretanto, ao longo dos anos, o município vem procurando desenvolver uma melhor
política ambiental, considerando que já se encontram em operação: (1) Estação de
Tratamento de Esgoto – ETE, (2) Aterro sanitário e (3) coleta seletiva do lixo urbano, que teve
início com a implantação de pontos de entrega voluntária de pilhas e baterias (PEV’s) e um
Ecoponto Pneumático, local destinado a recolhimento de pneus.
O município de Papagaios aprovou a lei que proibiu o trânsito de caminhões em sua área
central, carregados de lajões e lajinhas, resultando em uma diminuição de poeira, devido
ao pó proveniente das carrocerias carregadas de lajes de ardósia (FIG. 46).
Com relação às serrarias localizadas na área urbana, estas causam impacto visual e
auditivo, pois algumas foram implantadas sem medidas de controle ambiental relacionado
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Entendemos ainda, que a recuperação dos passivos ambientais gerados pela atividade
mineraria, bem como a mitigação dos impactos que afetam o município de Papagaios, não
serão simplesmente obtidos por ações isoladas de fiscalização nas mineradoras. Para o
melhor ordenamento da atividade mineraria são necessárias ações integradas e articuladas
de diversos órgãos do governo estadual, como o Sisema e a Secretaria de Desenvolvimento
Econômico, visando o crescimento ordenado e sustentável das atividades de lavra e
beneficiamento de ardósia.
Compatível às novas atribuições da FEAM, uma ação/projeto que poderia ser desenvolvida
seria o acompanhamento da transferência das serrarias para o Centro Industrial, visando a
análise comparativa dos valores dos consumos de energia e água antes e após a
implantação do Centro Industrial.
O Seminário seria o ponto de partida para um trabalho mais amplo, que se designa como
“simbiose industrial”, através do qual avalia-se o mercado potencial para as matérias-primas
minerais afins aos rejeitos enfocados, visando promover a aproximação de consumidores e
fornecedores.
REFERÊNCIAS
AMARAL, G.; KAWASHITA, K. Determinação da idade do Grupo Bambuí pelo método Rb/Sr.
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 21, 1967, Curitiba. Anais... Curitiba: Sociedade
Brasileira de Geologia, 1967, p. 214-217 apud ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS – APL.
Detalhamento de arranjos produtivos local de base mineral: APL ardósia papagaio/MG.
Realização MCT; FIEMG/IEL. 2006. 226 p.
DARDENE, M.A. The Brasília Fold Belt. In: CORDANI, U.G; MILANI, E.J.; THOMAZ FILHO,
A.,CAMPOS, D. A. (Ed.). Tectonic Evolution of South America. Rio de Janeiro, 2000, p. 231-263
apud ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS – APL. Detalhamento de arranjos produtivos local de
base mineral: APL ardósia papagaio/MG. Realização MCT; FIEMG/IEL. 2006. 226 p.
GROSSI-SAD, J. H.; CHIODI FILHO, C.; CHIODI. D.K. Panorama do Setor de Ardósias do Estado
de Minas Gerais, Brasil. Belo Horizonte: COMIG, 1998. 2 v. (versão em CD-ROM, 2002) apud
ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS – APL. Detalhamento de arranjos produtivos local de base
mineral: APL ardósia papagaio/MG. Realização MCT; FIEMG/IEL. 2006. 226 p.
LAVRAR MINERAÇÃO. Estudo de Impacto Ambiental – EIA: lavra de ardósia – Fazenda Funil –
Papagaio/MG. 2007. Disponível em:
http://www.siam.mg.gov.br/siam/lc/2007/0335420050012007/3281912007.pdf. Acesso em:
04/03/2010.
SOUZA, Sérgio Menin Teixeira (Coord.) Deflúvios superficiais no Estado de Minas Gerais. Belo
Horizonte: Hidrossistemas, 1993. 264 p. Trabalho executado para a COPASA apud LAVRAR
MINERAÇÃO. Estudo de Impacto Ambiental – EIA: lavra de ardósia – Fazenda Funil –
Papagaio/MG. Disponível em:
http://www.siam.mg.gov.br/siam/lc/2007/0335420050012007/3281912007.pdf. Acesso em:
04/03/2010.
THOMAZ FILHO, A.; KAWASHITA, K.; CORDANI, U. G. A origem do Grupo Bambuí no contexto
da evolução geotectônica e de idades radiométricas. Anais da Academia Brasileira de
Ciências, v. 70, n. 3, p. 527-548, 1998 apud ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS – APL.
Detalhamento de arranjos produtivos local de base mineral: APL ardósia papagaio/MG.
Realização MCT; FIEMG/IEL. 2006. 226 p.
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ANEXOS
ANEXO I – Alternativas para utilização do rejeito de ardósia gerado (APL Papagaios, 2006).
DESA/UFMG – SEBRAE
O estudo pioneiro, sobre o aproveitamento dos rejeitos de ardósia, datam de 1996 e foi
efetuado através de convênio firmado entre o SEBRAE-MG, o Departamento de Engenharia
Sanitária e Ambiental (DESA/UFMG) e Associação Comercial e Industrial de Papagaio –
ACIP. Tal estudo, intitulado Caracterização e Pesquisa de Aplicações de Resíduos e Aparas
de Ardósia, centrou seu enfoque em resíduos sólidos e efluentes líquidos resultantes das
atividades de extração, beneficiamento e industrialização de ardósias. Nessa pesquisa,
coordenada pelo Prof. Wilfrid Keller Schwabe, foram realizadas análises granulométricas,
mineralógicas, químicas, termo-diferenciais, termo-gravimétricas e alguns testes cerâmicos,
analisando-se o pó de ardósia e aparas de tamanho variável. As análises permitiram
caracterizar o pó de ardósia como um material fino, sílico-aluminoso, que tem plasticidade e
alto teor em óxidos de ferro e álcalis (Na2O e K2O). Sua composição é semelhante à de
uma argila utilizada em olaria. O pó pode ser misturado na proporção de até 50% com
argila para cerâmica vermelha. O teor de óxido de ferro aprofunda a cor vermelha e o teor
de álcalis pode baixar o ponto de fusão, facilitando a sinterização e diminuindo o consumo
de energia na queima. A pesquisa concluiu que o rejeito sólido da ardósia, transformado em
pó ou brita, tem alta potencialidade para aplicação em agregados, agregado leve, cargas
(principalmente para massa asfáltica), blendagem com cimento e material cerâmico. A
pesquisa também concluiu que, com trabalhos mais aprofundados, poderia ser
caracterizada a possibilidade de uso dos rejeitos de ardósia na fabricação de telhas e
tijolos, impermeabilização em reservatórios e aterros, corretivo de solos, produção de solo-
cimento, pozolana e na recuperação de áreas degradadas.
Foi utilizada brita de ardósia no asfalto a quente, usinado, realizado com sucesso pela
construtora EGESA na BR-040 num trecho de 10 km que liga os municípios de Pompéu e
Felixlândia, como antes mencionado. Foram consumidas 7.000 toneladas de brita de
ardósia. Um dos engenheiros responsáveis pela obra (engº. José Carlos Ribeiro), referiu que
torna-se necessário dispor de equipamento adequado para atender às normas do DNIT –
Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes, que substituiu o antigo DNER.
Ainda segundo o engenheiro, existem diversas utilizações possíveis dos resíduos da ardósia
no asfaltamento das estradas, além da brita na camada inferior e na pista de rolamento,
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como o pó para a mistura com outro mineral e no concreto (até os cacos podem ser
utilizados). Destaca-se que os rejeitos da ardósia também poderiam ser aproveitados para o
capeamento e asfaltamento de ruas, avenidas e praças, tanto nos municípios produtores
da Província da Ardósia quanto daqueles próximos a eles, observando-se os custos de
transporte e desde que sejam respeitadas as especificações e as condições de sua
utilização.
certamente, contribuirão para a solução de grande parte dos problemas relatados pelas
empresas locais. Algumas dessas vantagens são:
· Intensificação da cor de queima vermelha;
· Diminuição da retração linear, o que acarreta uma redução na quantidade de material
requerida por peça produzida;
· Redução da quantidade de argila, aumentando a permeabilidade do material e
conseqüentemente, facilitando a saída da água de amassamento no momento da
secagem. Ressalta-se, finalmente, que para viabilizar o uso industrial do pó de ardósia em
misturas cerâmicas é fundamental que se proceda à adequação do processo de moagem
em larga escala e também à determinação do percentual de pó a ser adicionado, em
função das características das argilas com as quais o pó de ardósia comporá a mistura
(OLIVEIRA, 2001).